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■ ■ ■ ■ ■ O autor deste livro e a editora empenharam seus melhores esforços para assegurar que as informações e os procedimentos apresentados no texto estejam em acordo com os padrões aceitos à época da publicação, e todos os dados foram atualizados pelo autor até a data de fechamento do livro. Entretanto, tendo em conta a evolução das ciências, as atualizações legislativas, as mudanças regulamentares governamentais e o constante fluxo de novas informações sobre os temas que constam do livro, recomendamos enfaticamente que os leitores consultem sempre outras fontes fidedignas, de modo a se certificarem de que as informações contidas no texto estão corretas e de que não houve alterações nas recomendações ou na legislação regulamentadora. Fechamento desta edição: 02.02.2023 O Autor e a editora se empenharam para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores de direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos posteriores caso, inadvertida e involuntariamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. Atendimento ao cliente: (11) 5080-0751 | faleconosco@grupogen.com.br Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2023 by Editora Atlas Ltda. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Travessa do Ouvidor, 11 – Térreo e 6º andar Rio de Janeiro – RJ – 20040-040 www.grupogen.com.br ■ ■ ■ Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, em quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição pela Internet ou outros), sem permissão, por escrito, da Editora Forense Ltda. Capa: Aurélio Corrêa CIP – BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE. SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. M818d Moraes, Alexandre de Direito constitucional / Alexandre de Moraes. – 39. ed. – Barueri [SP]: Atlas, 2023. Inclui bibliografia e índice “Atualizado até a EC 115, de 10.02.2022” ISBN 978-65-5977-494-4 1. Direito constitucional – Brasil. I. Título. 23-82205 CDU: 342(81) Meri Gleice Rodrigues de Souza – Bibliotecária – CRB-7/6439 1 1 1.1 2 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 DIREITO CONSTITUCIONAL Constitucionalismo Estado Constitucional: Estado de Direito e Estado Democrático Conceito de Constituição Classificação das constituições Quadro geral Quanto ao conteúdo: constituições materiais, ou substanciais, e formais Quanto à forma: constituições escritas e não escritas Quanto ao modo de elaboração: constituições dogmáticas e históricas Quanto à origem: constituições promulgadas (democráticas, populares) e outorgadas Quanto à estabilidade: constituições imutáveis, rígidas, flexíveis e semirrígidas Quanto à sua extensão e finalidade: constituições analíticas (dirigentes) e sintéticas (negativas, garantias) Constituição Federal de 1988 Outras classificações 4 4.1 4.2 4.3 5 5.1 6 7 8 9 9.1 2 1 2 3 4 4.1 4.2 4.3 5 Aplicabilidade das normas constitucionais Normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada Normas constitucionais com eficácia absoluta, plena, relativa restringível e relativa complementável ou dependentes de complementação Normas programáticas Interpretação das normas constitucionais Interpretação conforme a Constituição – Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto – A interpretação constitucional e o ativismo judicial (Neoconstitucionalismo e Positivismo) Preâmbulo constitucional Fundamentos da República Federativa do Brasil Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil Princípios de regência das relações internacionais da República Federativa do Brasil Asilo político PODER CONSTITUINTE Conceito e finalidade Titularidade do Poder Constituinte Espécies de Poder Constituinte Poder Constituinte originário Conceito Formas de expressão do Poder Constituinte originário Características do Poder Constituinte originário Poder Constituinte derivado 5.1 5.2 3 1 1.1 2 2.1 3 3.1 3.2 3.3 4 5 6 6.1 6.2 6.2.1 6.2.2 6.3 6.4 6.4.1 Conceito e características Espécies de Poder Constituinte derivado DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS Origem, desenvolvimento e finalidade. Direitos fundamentais como direitos de defesa Classificação dos direitos fundamentais Natureza jurídica e eficácia das normas que disciplinam os direitos e garantias fundamentais Relatividade e conflito entre direitos e garantias individuais e coletivos Direitos e garantias individuais Diferenciação entre direitos e garantias individuais Direitos fundamentais e garantias institucionais Direitos fundamentais – classificação Destinatários da proteção – titulares dos direitos e garantias Direito à vida Princípio da igualdade Princípio da igualdade e limitação de idade em concurso público Tratamento isonômico entre homens e mulheres (art. 5º, I) Critérios de admissão para concurso público Critérios para admissão de emprego Princípio da igualdade em relação homoafetiva e entidade familiar Princípio da igualdade e ações afirmativas Princípio da igualdade e financiamento isonômico às candidaturas de pessoas negras 6.5 7 7.1 8 9 9.1 10 10.1 10.2 10.3 10.4 10.5 10.6 11 11.1 12 13 14 14.1 como instrumento de efetividade da plena cidadania e combate à discriminação Princípio da igualdade e combate ao racismo Princípio da legalidade Princípios da legalidade e da reserva legal Tratamento constitucional da tortura (art. 5º, III e XLIII) Liberdade de expressão. Binômio constitucional: liberdade e responsabilidade Liberdade de pensamento, direito de resposta e responsabilidade por dano material, moral ou à imagem (art. 5º, IV e V) Liberdade de consciência, crença religiosa, convicção filosófica ou política e escusa de consciência (art. 5º, VI e VIII) Liberdade religiosa e Estado laico ou leigo Escusa de consciência e serviço militar obrigatório Limitações ao livre exercício da crença e do culto religioso Religião e cultura Assistência religiosa Ensino religioso de matrícula facultativa Indenização por dano material, moral ou à imagem Direito de resposta ou de réplica Expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação (art. 5º, IX) Inviolabilidade à intimidade, vida privada, honra e imagem Inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI) Questão do dia e da noite 14.2 14.3 15 15.1 15.2 15.3 15.4 16 16.1 16.2 16.3 16.4 16.5 16.6 17 17.1 Violação de domicílio por decisão administrativa ou parlamentar. Impossibilidade – cláusula de reserva jurisdicional Inviolabilidade domiciliar e fisco Sigilo de correspondência e de comunicação (art. 5º, XII) Possibilidade de interceptação telefônica Lei nº 9.296, de 24-7-1996 – Interceptações telefônicas Gravação clandestina Excepcionalidade na utilização dos dados obtidos mediante interceptação telefônica fora das hipóteses restritas de sua decretação: limitação subjetiva (descoberta de novos partícipes), limitações objetivas (“crime-achado” e investigações diversas) e prova emprestada Inviolabilidade de dados (art. 5º, X e XII): sigilos bancário e fiscal Inviolabilidade constitucional da privacidade e do sigilo de dados Características básicas das garantias dos sigilos bancário e fiscal Possibilidade de quebra do sigilo por parte do Ministério Público Supremo Tribunal Federal: sigilo/Ministério Público Inviolabilidade à intimidade e sigilo de dados como cláusulas pétreas da Constituição Federal Comissão Parlamentar de Inquérito e sigilo Direito de reunião (art. 5º, XVI) Desnecessidade de autorização da autoridade pública e interferência da polícia 17.2 18 18.1 18.2 18.3 18.4 18.5 18.6 19 19.1 19.2 19.3 20 21 21.1 21.2 22 22.1 22.2 22.3 22.4 22.5 Tutela do direito de reunião Direito de associação (art. 5º, XVII, XVIII, XIX, XX e XXI) Finalidade lícita Caráter paramilitar Vedação de interferência estatal Conteúdo do direito de associação Dissolução das associações Representação dos associados Apreciação de lesão ou ameaça de direito pelo Poder Judiciário (art. 5º, XXXV) Inexistênciada jurisdição condicionada ou instância administrativa de curso forçado Acesso ao Judiciário e à justiça desportiva Inexistência da obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição Direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada (art. 5º, XXXVI) Princípio do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII) Justiças especializadas e tribunais de exceção Tribunais de ética e tribunais de exceção Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII) Plenitude de defesa Sigilo de votações Soberania dos veredictos e possibilidade de apelação Competência constitucional do Tribunal do Júri Constitucionalidade do recurso de apelação, previsto no art. 593, III, d, do Código de Processo Penal, quando a 23 23.1 23.2 23.3 23.4 23.5 23.6 23.7 23.8 23.9 23.9-A 23.10 23.11 24 24.1 24.2 24.3 24.4 25 25.1 decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos Extradição (art. 5º, LI e LII) Hipóteses constitucionais para a extradição Requisitos infraconstitucionais para a extradição (Lei de Migração – Lei nº 13.445/2017) Procedimento e decisão Prisão cautelar por extradição Atuação do Judiciário na extradição Extradição, princípio da especialidade e pedido de extensão (extradição supletiva) Extradição e expulsão Possibilidade de extradição ou expulsão de pessoa casada com brasileiros ou com filhos brasileiros Extradição e deportação Extradição e entrega (surrender) Expulsão e deportação de brasileiros Necessidade de comutação da pena de prisão perpétua em pena privativa de liberdade com prazo máximo Devido processo legal, contraditório, ampla defesa e celeridade processual (art. 5º, LIV, LV e LXXVIII, e Lei nº 11.419/2006) Inquérito policial e contraditório Celeridade processual e informatização do processo judicial (Lei nº 11.419/2006) Enunciação constitucional dos direitos dos presos Ampla defesa, direito ao silêncio e o privilégio à não autoincriminação Provas ilícitas (art. 5º, LVI) Provas derivadas das provas ilícitas 25.2 25.3 26 26.1 27 28 29 30 31 4 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.7.1 1.7.2 1.7.3 1.8 1.9 Convalidação de provas obtidas por meios ilícitos com a finalidade de defesa das liberdades públicas fundamentais (legítima defesa) Princípios da publicidade e moralidade administrativa e provas ilícitas Princípio da presunção de inocência (art. 5º, LVII) Execução da pena após decisão de 2ª instância Ação penal privada subsidiária (art. 5º, LIX) Prisão civil Rol exemplificativo Direitos fundamentais, tratados internacionais e novos instrumentos de efetivação dos direitos humanos fundamentais Conflito entre as fontes dos direitos humanos fundamentais TUTELA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES Habeas corpus Origem Conceito e finalidade Natureza jurídica Garantia constitucional da liberdade de locomoção Legitimidade ativa Legitimidade passiva Hipóteses e espécies Habeas corpus preventivo (salvo-conduto) Habeas corpus liberatório ou repressivo Liminar em habeas corpus Possibilidade de supressão Habeas corpus e assistente 1.10 1.11 1.12 1.13 1.14 1.15 1.16 1.17 1.18 1.19 1.20 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 Excesso de prazo Habeas corpus impetrado contra coação ilegal atribuída à Turma do Supremo Tribunal Federal Habeas corpus contra ato único ou colegiado de tribunais regionais federais ou estaduais Habeas corpus contra ato ilegal imputado a promotor de justiça Habeas corpus contra ato da Turma Recursal nos Juizados Especiais Criminais Habeas corpus contra ato do juiz especial nos Juizados Especiais Criminais Habeas corpus e recursos ordinários – concomitância Habeas corpus – substituição de recurso ordinário constitucional prevista para denegação da ordem – viabilidade Habeas corpus e punições disciplinares militares Empate no habeas corpus Tutela da liberdade de locomoção – habeas corpus – recurso ordinário constitucional STJ Habeas data Conceito Natureza jurídica Finalidade Cabimento Legitimação ativa Legitimação passiva Procedimento (Lei nº 9.507/97) Direito ao conhecimento e à retificação Competência 2.10 3 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 3.8 3.9 3.10 3.11 3.12 4 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 5 5.1 5.2 5.3 5.4 Habeas data e dados sigilosos Mandado de segurança Conceito e finalidade Espécies Natureza jurídica Cabimento do mandado de segurança Conceito de direito líquido e certo Legitimação ativa – impetrante Legitimação passiva – impetrado Prazo para impetração do mandado de segurança Competência Competência do mandado de segurança contra atos e omissões de tribunais Mandado de segurança individual e coletivo e liminares Tutela dos direitos líquidos e certos – mandado de segurança – recurso ordinário constitucional STJ Mandado de segurança coletivo Conceito Finalidade Objeto Legitimação ativa e passiva Beneficiários Mandado de segurança coletivo e individual Mandado de injunção (Lei nº 13.300/2016) Histórico Conceito Objeto do mandado de injunção Requisitos 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 6 7 7.1 7.2 7.3 7.4 8 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.6 8.7 8.8 8.9 9 5 1 2 3 Legitimidade ativa Legitimidade passiva Procedimento Competência Decisão e efeitos do mandado de injunção Direito de certidão Direito de petição Histórico e conceito Natureza Legitimidade ativa e passiva Finalidade Ação popular Conceito Finalidade Requisitos Objeto Legitimação ativa Legitimação passiva Natureza da decisão Competência Sentença e coisa julgada Texto integral dos direitos e garantias individuais da Constituição Federal de 1988 DIREITOS SOCIAIS Conceito e abrangência Direito à segurança no emprego Rol dos direitos sociais 3.1 4 4.1 4.2 4.3 5 6 1 2 3 4 4.1 5 5.1 5.2 5.3 5.4 Proteção à maternidade. Direito à segurança no emprego e proteção contra trabalho insalubre Liberdade de associação profissional ou sindical Conceituação Classificação dos direitos sindicais Contribuições confederativa e sindical – diferenças e exigibilidade Direito de greve DIREITO DE NACIONALIDADE Conceito Definições relacionadas à matéria Espécies de nacionalidade Brasileiros natos Critérios de atribuição de nacionalidade originária Hipóteses de aquisição originária Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil Nacionalidade potestativa: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade (EC nº 54/07), pela nacionalidade brasileira Opção 5.5 6 6.1 6.1.1 6.1.2 6.2 7 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 8 8.1 8.2 8.2.1 8.2.2 7 1 2 3 3.1 3.2 Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente (ius sanguinis + registro – EC nº 54/07) Brasileiro naturalizado Espécies de naturalização Naturalização tácita ou grande naturalização Naturalização expressa Radicação precoce e curso superior Tratamento diferenciado entre brasileiro nato e naturalizado Brasileiro nato e naturalizado – diferenças Cargos Função Extradição Direito de propriedade/manifestação de pensamento/informação Perda do direito de nacionalidade Ação de cancelamento de naturalização Naturalização voluntária Regra constitucional Exceções constitucionais DIREITOS POLÍTICOS Conceito Direitos políticos Núcleo dos direitos políticos – direito de sufrágio Conceituação Classificação 4 5 5.1 5.2 6 7 7.1 7.2 8 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 8.5.1 8.5.2 8.5.2.1 8.5.3 8.5.4 9 9.1 9.1.1 9.1.2 9.1.3 Capacidade eleitoral ativa Direito de voto Natureza do voto Caracteres do voto Plebiscito e referendo: exercício do direito de voto Elegibilidade Conceito Condições Direitos políticos negativos Conceito Inelegibilidades Quadro de inelegibilidades Inelegibilidade absoluta Inelegibilidade relativa Por motivos funcionais Por motivos de casamento, parentesco ou afinidade Inelegibilidade reflexa e renúncia do detentor de mandato executivo MilitarPrevisões de ordem legal Privação dos direitos políticos Perda Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional (CF, art. 12, § 4º) Escusa de consciência Outros casos de perda 9.2 9.2.1 9.2.2 9.2.3 10 10.1 11 8 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.5.1 1.5.2 1.6 1.6.1 1.6.2 1.6.3 1.7 1.8 1.9 1.9.1 1.9.2 Suspensão Incapacidade civil absoluta Condenação criminal com trânsito em julgado enquanto durarem seus efeitos Improbidade administrativa Partidos políticos Princípio da anualidade eleitoral e fim da verticalização Língua e símbolos oficiais ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA Regras de organização Adoção da federação Princípio da indissolubilidade do vínculo federativo Capital Federal União Estados-membros Autonomia estadual Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões Municípios Lei orgânica municipal Prefeito municipal – responsabilidade criminal e política Vereadores – imunidade material Distrito Federal Territórios Formação dos Estados Fusão (incorporação entre si) Subdivisão 1.9.3 1.10 1.11 2 2.1 2.2 2.3 2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 2.3.6 2.4 2.4.1 3 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.3 9 1 Desmembramento Formação de municípios Vedações constitucionais de natureza federativa Repartição de competências Conceito Princípio básico para a distribuição de competências – predominância do interesse Repartição em matéria administrativa Quadro geral Competências administrativas da União Competências administrativas dos Estados- membros Competências administrativas dos municípios Competências administrativas do Distrito Federal Competência administrativa comum Repartição em matéria legislativa Quadro geral de repartição de competência legislativa Intervenção Parte geral Intervenção federal Quadro geral Hipóteses Procedimento de intervenção federal Intervenção estadual nos municípios ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Conceito 2 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.5.1 2.5.2 2.5.3 2.5.4 2.5.5 3 3.1 3.2 4 5 6 7 8 8.1 8.2 8.3 8.4 8.5 Princípios constitucionais da administração pública Princípio da legalidade Princípio da impessoalidade Princípio da moralidade Princípio da publicidade Princípio da eficiência Introdução Princípio da eficiência e direito comparado Conceito Características do princípio da eficiência Aplicabilidade e fiscalização Preceitos de observância obrigatória à administração pública da União, Estados, Distrito Federal e Municípios Fixação do teto salarial do funcionalismo Aplicação do teto remuneratório constitucional e do subsídio mensal dos membros e servidores do Poder Judiciário Concurso público Direitos sociais dos servidores públicos civis (livre associação sindical e greve) Servidor público e data-base – princípio da periodicidade Cumulação de vencimentos no setor público Licitação: interpretação de acordo com a finalidade constitucional Da necessidade da licitação Das hipóteses excepcionais de ausência de licitação Da dispensa da licitação Da inexigibilidade da licitação Conclusão 9 10 10.1 11 12 12.1 13 14 15 15.1 15.2 15.3 15.4 15.5 15.6 15.7 Publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos Improbidade administrativa Alterações importantes no combate à improbidade administrativa trazidas pela Lei 14.230/2021 Ação civil pública por ato de improbidade Responsabilidade civil objetiva do Poder Público Responsabilidade civil do Poder Público por danos causados a alunos no recinto de estabelecimento oficial de ensino e em relação aos profissionais de imprensa Servidor público e mandato eletivo Sistema remuneratório do servidor público Regra geral de aposentadoria do servidor público civil Regra geral temporária de aposentadoria do servidor público civil da União (“ingresso pós-EC 103/19”) Primeira regra de transição para a aposentadoria de servidor público federal que tenha ingressado no serviço público até a entrada em vigor da EC nº 103/19 Segunda regra de transição para aposentadoria de servidor público federal que tenha ingressado no serviço público até a entrada em vigor da EC nº 103/19 Aposentadoria especial para os titulares do cargo de professor Aposentadoria especial para os titulares de cargos ligados à segurança pública e à atividade socioeducativa Pensão por morte de servidor público Regime de previdência complementar no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 15.8 15.9 16 17 18 18.1 18.2 19 20 10 1 1.1 1.2 1.3 1.4 2 2.1 2.2 2.3 2.3.1 2.4 Servidores públicos e contribuição previdenciária Previdência Social, Emenda Constitucional nº 103/19 e o respeito aos direitos adquiridos Estabilidade do servidor público civil Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios e cargo público civil Cargo público civil permanente Cargo, emprego ou função pública temporária Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios e Direitos Sociais Emendas Constitucionais n 19/98, 41/03 e 47/05, teto salarial e respeito aos direitos adquiridos ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DO MINISTÉRIO PÚBLICO Separação das funções estatais – limitação do poder e garantia dos direitos fundamentais Introdução Funções estatais, imunidades e garantias em face do princípio da igualdade Funções estatais: Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário e Ministério Público Conclusão inicial Poder Legislativo Funções Congresso Nacional Câmara dos Deputados Suplência e permanência no partido Senado Federal os 2.4.1 2.5 2.5.1 2.6 2.6.1 2.6.2 2.6.3 2.6.4 2.7 2.7.1 2.7.2 2.7.3 2.7.4 2.7.5 2.7.6 2.7.7 2.7.8 2.7.9 2.7.10 2.7.11 Suplência e permanência no partido Função típica – fiscalização. Comissões Parlamentares de Inquérito Limitações constitucionais às Comissões Parlamentares de Inquérito Tribunal de Contas Conceito, funções e finalidades Tribunal de Contas – escolha pelo Presidente da República (1/3) Tribunais de Contas estaduais, distrital e municipais Tribunal de Contas e rejeição de contas do Chefe do Poder Executivo Estatuto dos congressistas Introdução Finalidade democrática Histórico Conceito de imunidades Imunidades materiais Imunidade formal – definição histórica Imunidade formal em relação à prisão e à imposição das medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal Imunidade formal em relação ao processo nos crimes praticados após a diplomação Prerrogativa de foro em razão da função Vencimentos dos parlamentares Deputados Federais/Senadores da República e Forças Armadas 2.7.12 2.7.13 2.7.14 2.7.15 2.7.16 2.7.17 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.1.3 3.1.4 3.1.4.1 3.1.5 3.1.6 3.2 3.2.1 3.2.2 4 4.1 4.2 Parlamentar e obrigação de testemunhar Irrenunciabilidade das imunidades Imunidades e parlamentar licenciado para exercício de cargo executivo (Ministro de Estado, Secretário de Estado) Incompatibilidades Perda do mandato Conclusão Poder Executivo Estrutura do Poder Executivo Chefe de Estado e Chefe de Governo Modo de investidura e posse no cargo de Presidente da República Vacância da Presidência da República Atribuições do Presidente da República Presidente da República e atos de clemência constitucional (graça, indulto e comutação de pena) Vice-Presidente da República Órgãos auxiliares do Presidente da República. Ministros. Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional Responsabilidade do Presidente da República: prerrogativas e imunidades do Presidente da República Crimes de responsabilidade Crimes comuns Poder Judiciário Conceito Quadro de organização estrutural 4.3 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.4.4 4.4.5 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 4.6 4.6.1 4.6.2 4.6.3 4.6.4 4.6.5 Funções típicas e atípicas Garantias do Poder Judiciário Garantias institucionais Garantias aos membros Independência do Poder Judiciário e controle externo Supremo Tribunal Federal e controle externo do Poder Judiciário Conselho Nacional de Justiça Organização do Poder Judiciário Fixação de subsídios do Poder Judiciário Requisitospara ingresso na carreira da magistratura Aferição do merecimento para promoção de magistrados e acesso aos Tribunais de 2º grau Órgão especial dos tribunais – competências e critérios para a composição e eleição Vedação constitucional às férias coletivas nos juízos e Tribunais de 2º grau e regulamentação do expediente forense no período natalino e na prestação jurisdicional ininterrupta, por meio de plantão permanente Escolha dos membros dos Tribunais Superiores Supremo Tribunal Federal (art. 101 da CF) Superior Tribunal de Justiça (art. 104 da CF) Tribunal Superior Eleitoral (art. 118 da CF) Tribunal Superior do Trabalho (art. 111-A da CF) Superior Tribunal Militar (art. 123 da CF) 4.7 4.7.1 4.7.2 4.7.3 4.7.4 4.7.5 4.7.6 4.7.7 4.7.8 4.8 4.9 4.9.1 4.9.2 4.9.3 4.9.4 4.9.5 Distribuição de competências jurisdicionais Supremo Tribunal Federal Superior Tribunal de Justiça Justiça do Trabalho Justiça Eleitoral Justiça Militar Justiça Federal Justiça Estadual Composição dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho, dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios: regra do “quinto constitucional” Quadro de competência para julgamento de autoridades da República (os artigos referem-se à Constituição Federal) Recurso extraordinário e repercussão geral das questões constitucionais (Lei nº 11.418, de 19 de dezembro de 2006) do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015 e Lei nº 13.256, de 2016) Recurso extraordinário Requisitos constitucionais para o recurso extraordinário Emenda Constitucional nº 45/04 e repercussão geral Recurso extraordinário e repercussão geral (Lei nº 11.418/2006) Repercussão geral e Regimento do STF 4.9.6 5 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.5.1 5.5.2 5.5.3 5.5.4 5.6 5.7 5.8 5.9 5.9.1 5.9.2 5.10 5.11 5.12 5.13 5.14 Repercussão geral e multiplicidade de recursos extraordinários Ministério Público Histórico Origem e desenvolvimento no Brasil Posicionamento constitucional Conceito Princípios do Ministério Público Unidade Indivisibilidade Princípio da independência ou autonomia funcional Princípio do promotor natural Funções Ministério Público e poder de investigação Ministério Público e legitimidade para defesa do patrimônio público e zelo dos direitos constitucionais do cidadão Garantias do Ministério Público Garantias da instituição Garantias dos membros Vedação ao exercício da política partidária Vedação ao exercício de qualquer outra função pública, salvo uma de magistério Da impossibilidade de supressão ou alteração das funções, garantias e prerrogativas constitucionais do Ministério Público EC nº 45/04 e Conselho Nacional do Ministério Público Ministério Público junto aos Tribunais de Contas 6 7 7.1 7.2 8 11 1 2 2.1 2.2 2.2.1 2.2.2 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.1.3 3.1.4 3.1.5 3.1.6 3.1.7 Advocacia Pública Advocacia Indispensabilidade do advogado Imunidade do advogado Defensoria Pública PROCESSO LEGISLATIVO Conceito Noções gerais Conceitos iniciais Processos legislativos Classificação em relação às formas de organização política Classificação em relação à sequência das fases procedimentais Processo legislativo ordinário Fase introdutória Iniciativa de lei do Poder Judiciário Iniciativa privativa do Presidente da República – art. 61 Emenda que aumenta a despesa em projeto de iniciativa exclusiva do chefe do Poder Executivo ou que desnature o projeto original Vício de iniciativa e sanção Iniciativa de lei do Ministério Público Iniciativa popular de lei Iniciativa de lei para fixação de subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (teto salarial) 3.2 3.2.1 3.2.2 3.3 3.3.1 3.3.2 4 4.1 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.3.4 4.3.5 Fase constitutiva Deliberação parlamentar Deliberação executiva Fase complementar Promulgação Publicação Espécies normativas Emendas constitucionais Quadro geral sobre limitações ao poder reformador Limitações expressas Limitações implícitas Lei complementar Lei complementar e lei ordinária – diferenças Processo legislativo especial da lei complementar Hierarquia – lei complementar e lei ordinária Medidas provisórias Procedimento da medida provisória – aprovação integral Aprovação da medida provisória pelo Congresso Nacional com alterações Rejeição expressa da medida provisória pelo Congresso Nacional Rejeição tácita da medida provisória não deliberada no prazo de 60 dias pelo Congresso Nacional Impossibilidade de o Presidente da República retirar da apreciação do Congresso Nacional 4.3.6 4.3.7 4.3.8 4.3.9 4.3.10 4.3.11 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.6 4.6.1 4.6.2 medida provisória já editada Medida provisória e lei anterior que trate do mesmo assunto Efeitos e disciplina no caso de rejeição da medida provisória Medidas provisórias e controle de constitucionalidade Estados-membros e municípios – possibilidade de edição de medidas provisórias Medida provisória e decreto-lei Limites materiais à edição de medidas provisórias Lei delegada Natureza jurídica Processo legislativo especial da lei delegada O poder do Congresso Nacional de sustar a lei delegada Decreto legislativo Conceito Processo legislativo especial previsto para a elaboração do decreto legislativo Tratados e atos internacionais e incorporação com status ordinário ou constitucional (direitos humanos) Resolução Conceito Espécies 4.6.3 4.7 4.7.1 4.7.2 4.7.3 12 1 2 3 3.1 3.1.1 3.1.2 3.2 4 5 5.1 5.2 5.2.1 5.2.2 Processo legislativo especial para a elaboração das resoluções Leis orçamentárias Processo legislativo especial para as leis relativas ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais Possibilidade de apresentação de emendas aos projetos de leis orçamentárias Rejeição do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e do projeto de lei orçamentária CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Ideia central Conceito Pressupostos ou requisitos de constitucionalidade das espécies normativas Requisitos formais Subjetivos Objetivos Requisitos substanciais ou materiais O descumprimento da lei ou do ato normativo inconstitucional pelo Poder Executivo Espécies de controle de constitucionalidade Em relação ao momento de realização Controle repressivo em relação ao órgão controlador Político Judiciário ou jurídico 5.2.3 5.3 5.4 6 6.1 6.2 7 8 8.1 8.2 9 9.1 9.1.1 9.1.2 9.1.3 9.1.4 9.1.5 9.1.6 9.1.7 9.2 Misto Modelos clássicos de controle de constitucionalidade Controle de constitucionalidade no Brasil Controle preventivo Comissões de constituição e justiça Veto jurídico Controle repressivo de constitucionalidade Controle repressivo realizado pelo Poder Legislativo Art. 49, V, da Constituição Federal Art. 62 da Constituição Federal Controle repressivo realizado pelo Poder Judiciário Difuso ou aberto Questão do art. 97 – cláusula de reserva de plenário Controle difuso e Senado Federal (art. 52, X, CF) Efeitos da declaração de inconstitucionalidade – controle difuso Controle difuso de constitucionalidade em sede de ação civil pública Controle difuso de constitucionalidade durante o processo legislativo Supremo Tribunal Federal e controle difuso de constitucionalidade durante o processo legislativo Controle difuso no recurso extraordinário e repercussão geral das questões constitucionais Controle concentrado ou via de ação direta 10 10.1 10.2 10.2.1 10.2.2 10.2.3 10.2.4 10.2.5 10.2.6 10.2.7 10.2.8 10.2.9 10.3 10.3.1 10.3.2 10.3.3 10.3.4 10.4 Ação direta de inconstitucionalidade genérica Competência Objeto Conceito de leis e atos normativos Impossibilidade do controle de constitucionalidade das normas originárias Controle concentrado de lei ou ato normativo municipal ou estadual em face das Constituições Estaduais Controle concentrado de lei ou ato normativo municipal em face da Constituição Federal Controle concentrado de lei ou ato normativo distrital em face da Constituição Federal Controle concentrado de lei ou ato normativo anterior à Constituição Federal Controle concentradoe respeito à legalidade Tratados internacionais e controle de constitucionalidade Controle de constitucionalidade e decretos Legitimação ADIn e pertinência temática ADIn e entidades de classe ou confederações sindicais Partidos políticos com representação no Congresso Nacional Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal Finalidade da ação direta de inconstitucionalidade 10.5 10.6 10.7 10.8 10.8-A 10.8-B 10.9 10.9-A 10.9-B 10.9-B.1 10.9-B.2 10.9-B.3 10.9-B.4 11 12 12.1 12.2 12.3 12.3.1 12.4 Pedido de cautelar nas ações diretas de inconstitucionalidade Ação direta de inconstitucionalidade e prazo decadencial Advogado-Geral da União Procedimento e decisão Amicus curiae e democratização do controle concentrado de constitucionalidade Julgamento e decisão Efeitos da declaração de inconstitucionalidade – controle concentrado Modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade Efeitos repristinatórios Interpretação conforme a Constituição Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto A interpretação constitucional e o ativismo judicial Reclamações e garantia da eficácia das decisões do STF em sede de ação direta de inconstitucionalidade Ação direta de inconstitucionalidade interventiva Ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO) Finalidade Objeto Inconstitucionalidade por omissão Legitimidade e procedimento Decisão do Supremo Tribunal Federal 12.5 13 13.1 13.2 13.3 13.4 13.5 13.6 14 14.1 14.2 15 13 1 1.1 2 3 3.1 3.2 14 1 2 ADI por omissão (ADO) e medida liminar Ação declaratória de constitucionalidade Previsão Finalidade Legitimidade Objeto Procedimento e julgamento Efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal Arguição de descumprimento de preceito fundamental Arguição de descumprimento de preceito fundamental preventiva e repressiva Arguição de descumprimento de preceito fundamental por equiparação Súmulas vinculantes (Lei nº 11.417/2006) DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS Estado de defesa e estado de sítio Quadro comparativo: Estado de defesa e Estado de sítio Forças Armadas Segurança pública Vedação absoluta ao exercício do direito de greve aos servidores públicos integrantes das carreiras de segurança pública Segurança pública e combate à criminalidade organizada ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA Dos princípios gerais da atividade econômica Intervenção do Estado no domínio econômico 2.1 3 3.1 3.2 4 4.1 4.2 4.3 4.4 5 5.1 5.2 15 1 1.1 1.1.1 1.1.2 1.2 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4 Utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais Da política urbana Competência para estabelecimento de políticas de desenvolvimento urbano Usucapião constitucional de área urbana Da política agrícola e fundiária e da reforma agrária Preceitos da política agrícola Destinação das terras públicas e devolutas Reforma agrária Usucapião constitucional de área rural Do sistema financeiro nacional Emenda Constitucional nº 40/03 Regulamentação por leis complementares e revogação da previsão da taxa anual de juros de 12% ORDEM SOCIAL Seguridade social Parte geral Conceito Objetivos Saúde Conceito Diretrizes e preceitos constitucionais relacionados à saúde Atribuições constitucionais do Sistema Único de Saúde Promoção da saúde pública e combate a endemias 1.2.5 1.3 1.3.1 1.3.2 1.3.3 1.3.4 1.3.5 1.3.6 Promoção da saúde pública e combate a pandemias Previdência social Plano de previdência social Regras sobre aposentadoria Regra de transição de aposentadoria voluntária ao segurado filiado ao Regime Geral da Previdência após a entrada em vigor da EC nº 103/19 (“filiados pós-EC nº 103/19”) Primeira regra de transição de aposentadoria voluntária ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data da promulgação da EC nº 103/19 (“filiados pré- EC nº 103/19”) – Critérios de tempo de contribuição e somatório da idade e do tempo de contribuição Segunda regra de transição de aposentadoria voluntária ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data da promulgação da EC nº 103/19 (“filiados pré- EC nº 103/19”) – Critérios do tempo de contribuição e idade Terceira regra de transição de aposentadoria voluntária ao segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data da promulgação da EC nº 103/19 (“filiados pré- EC nº 103/19”) – Critérios do tempo de contribuição existente até a entrada em vigor 1.3.7 1.3.8 1.3.9 1.3.10 1.4 2 2.1 2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.2 2.3 2.3.1 da EC nº 103/19, tempo total de contribuição e período adicional (“pedágio”) Regra de transição de aposentadoria voluntária ao segurado de que trata o inciso I do § 7º do artigo 201 da Constituição Federal (“filiados pré-EC nº 103/19”) Regra de transição para aposentadoria voluntária para o segurado ou o servidor público federal que tenha se filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em vigor da EC nº 103/19 Regime de previdência privada de caráter complementar Pensão por morte concedida a dependente de segurado Assistência social Educação, cultura e desporto Educação Conceito Princípios constitucionais do ensino Objetivos constitucionais da educação (art. 214 da CF) Universidades Preceitos constitucionais sobre a educação Organização dos sistemas de ensino Aplicação obrigatória de recursos à educação Cultura Desporto Preceitos constitucionais 2.3.2 3 4 4.1 4.2 5 5.1 5.2 6 6.1 6.2 6.2.1 6.3 6.4 6.4.1 6.4.2 6.4.3 6.4.4 7 16 1 2 3 3.1 Justiça desportiva Ciência, tecnologia e inovação Comunicação social Comunicação social e liberdade de informação Garantia constitucional do sigilo da fonte Meio ambiente Constituição e proteção ao meio ambiente Regras constitucionais específicas sobre meio ambiente Família, criança, adolescente, jovem e idoso Conceituação Regras de regência das relações familiares Princípio da paternidade responsável e exame do DNA Tutela das crianças e dos adolescentes Tutela aos idosos Constituição Federal e Estatuto da Pessoa Idosa Saúde do idoso e cidadania Estatuto da Pessoa Idosa e fiscalização às entidades de atendimento aos idosos Idoso e transporte público Índios SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Conceito Competências tributárias Espécies de tributos Impostos 3.2 3.3 3.4 3.5 4 5 6 7 8 9 9.1 9.2 9.3 9.4 9.5 9.6 9.7 9.8 9.9 9.10 10 11 Taxas Contribuições de melhoria Contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas Empréstimo compulsório Competência residual tributária Imposto extraordinário Divisão dos tributos em espécie pelos entes federativos Repartição das receitas tributárias pelos entes federativos Regras constitucionais para repartição das receitas tributárias Limitações do poder de tributar Princípio da reserva legal tributária ou da legalidade estrita Princípio da igualdade tributária Princípio da irretroatividade da lei tributária Princípio da anterioridade tributária Princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal Princípio da vedação ao confisco Princípio da ilimitabilidade do tráfego de pessoas ou de bens Princípio da capacidade contributiva Princípio da razoabilidade Princípio da uniformidade Imunidades tributárias e limitações do poder de tributar Isenções tributárias BIBLIOGRAFIA 1 CONSTITUCIONALISMO A origem formal do constitucionalismo está ligada às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, após a Independência das 13 Colônias, e da França, em 1791, a partir da Revolução Francesa, apresentando dois traços marcantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais. Como ressaltado por Jorge Miranda, porém, “o Direito Constitucional norte-americano não começa apenas nesse ano. Sem esquecer os textos da época colonial (antes de mais, as Fundamental orders of Connecticut de 1639), integram-no, desde logo, no nível de princípios e valores ou de símbolos a Declaração de Independência, a Declaração de Virgíniae outras Declarações de Direitos dos primeiros Estados”. O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, destacado por ser fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários dele e ao estabelecimento das bases da estrutura política. Tem, pois, por objeto a constituição política do Estado, no sentido amplo de estabelecer sua estrutura, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e limitação do poder, por meio, inclusive, da previsão de diversos direitos e garantias fundamentais. 1 1.1 Jorge Miranda define o Direito Constitucional como “a parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado, enquanto comunidade e enquanto poder. É o conjunto de normas (disposições e princípios) que recordam o contexto jurídico correspondente à comunidade política como um todo e aí situam os indivíduos e os grupos uns em face dos outros e frente ao Estado-poder e que, ao mesmo tempo, definem a titularidade do poder, os modos de formação e manifestação da vontade política, os órgãos de que esta carece e os actos em que se concretiza”. Como produto legislativo máximo do Direito Constitucional encontramos a própria Constituição, elaborada para exercer dupla função: garantia do existente e programa ou linha de direção para o futuro. Estado Constitucional: Estado de Direito e Estado Democrático O conceito, a origem e a evolução do Estado podem ser apontados histórica e sistematicamente, abstraindo-se da sua formação. Mas a verdadeira extração científica daquele conceito e a definição do caráter do Estado não podem prescindir dos dados históricos e das investigações técnicas que conseguiram situar o Estado na sistemática jurídica. A pesquisa histórica aponta que as organizações humanas surgem e se sucedem no sentido de círculos cada vez mais largos e da cada vez maior integração dos grupos sociais, sendo, portanto, o Estado o resultado de lenta e gradual evolução organizacional de poder, que não se confunde com as formas de agrupamentos antigas. Apesar de importantes semelhanças político-sociais, não se pode considerar os assim denominados Estado escravista, Estado antigo, Estado egípcio, Estado medieval, Estado feudal como verdadeiramente Estados, no 2 3 sentido hoje empregado, pois, conforme salienta Pablo Lucas Verdú, “aqueles que agora a sustentam usam o velho procedimento de dar nova roupagem a coisas antigas, tentando aproveitar as vantagens apresentadas pela tradição”. Essas formas constitucionais históricas, pois, conforme salientado por Sérgio Resende de Barros, foram “necessárias para compor as diversas estruturas feudais em um só mercado nacional sob um só poder político. Aí principiou o monopólio pelo Estado da força institucional, antes dispersa por entre várias entidades legais e clericais, monopólio, inclusive das forças armadas”, uma vez que “o desenvolvimento do mercantilismo integrou a poliarquia feudal nesse monopólio soberano, o que definiu a organização política por essa nova forma: o Estado, que assim nasceu como Estado nacional, Estado-nação, no contexto de uma nova idade histórica, que foi à sua época chamada moderna”. As lições de Pontes de Miranda apontam o surgimento do Estado, tal qual conhecemos hoje, somente no século XV, em virtude de sua estruturação e define Estado como “o conjunto de todas as relações entre os poderes públicos e os indivíduos, ou daqueles entre si”, pois salienta que “desde que cesse qualquer possibilidade de relações de tal espécie, o Estado desaparece. Desde que surja, o Estado nasce”; enquanto Jorge Miranda aponta o século XVI como o marco inicial do Estado. O Estado, na tradicional obra de Jellinek, necessita de três elementos fundamentais: poder/soberania, população e território. O Estado, portanto, é forma histórica de organização jurídica limitado a um determinado território e com população definida e dotado de soberania, que em termos gerais e no sentido moderno configura-se em um poder supremo no plano interno e em um poder independente no plano internacional. São várias as teorias que justificam sua existência, explicando-o pela legitimidade da criação do mais forte (teoria do poder de Hobbes), dos laços jurídico-sociológicos (Pacto social de Rousseau e Kant), da vontade divina 4 5 6 7 (Santo Agostinho) ou, ainda, da necessidade moral (Platão, Aristóteles, e, mais recentemente, Hegel). Igualmente, outras tantas teorias pretendem justificar os fins do Estado, apontando-o como necessário à conservação das instituições (Stahl), à realização e aperfeiçoamento moral (Hegel), à realização do direito (Locke, Kant), à criação e asseguração da felicidade (Cristiano Wolff e Bentham) ou, ainda, como aponta a teoria do materialismo histórico estatalista, para a realização da igualdade econômica. Kelsen, dentro do estrito formalismo, justifica o Estado como o “fim em si-mesmo”. As teorias são complementares, pois o Estado sempre almeja fins, ainda que difusos, definíveis e mutáveis e para o pensamento político- constitucional trata-se de uma categoria estruturante. Nesse contexto histórico, o constitucionalismo escrito surge com o Estado, também com a função de racionalização e humanização, trazendo consigo a necessidade da proclamação de declarações de direitos. Surgem as novas declarações de Direitos, com a Declaração de Direitos da Virgínia, de 16 de junho de 1776, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, de 4 de julho de 1776, e a Constituição dos Estados Unidos, de 17 de setembro de 1787, com suas dez primeiras emendas aprovadas em 25 de setembro de 1789 e ratificadas em 15 de dezembro de 1791. O Estado de Direito é consagrado com o constitucionalismo liberal do século XIX, destacando-se a Constituição de Cádis, de 19 de março de 1812, a 1ª Constituição Portuguesa, de 23 de setembro de 1822, a 1ª Constituição Brasileira, de 25 de março de 1824 e a Constituição Belga, de 7 de fevereiro de 1831. A necessidade de racionalização e humanização faz com que os textos escritos exijam que todo o âmbito estatal esteja presidido por normas jurídicas, que o poder estatal e a atividade por ele desenvolvida se ajustem ao que é determinado pelas previsões legais, ou seja, a submissão de todos ao Estado de Direito, como salientado por Maurice Hariou. Nesse mesmo sentido, Leon Duguit salienta que “a partir do momento em que se compreendeu o significado da expressão Estado de direito, emergiu a vigorosa necessidade de edificar a construção jurídica do Estado”. A Declaração de Direitos da Constituição Francesa de 4 de novembro de 1848, dando sequência a essa série de documentos escritos caracterizadores do constitucionalismo moderno, foi um texto precursor do século XX, pois previa em seu texto que a República Francesa tinha por princípios a liberdade, a igualdade e a fraternidade, tendo por base a família, o trabalho, a propriedade e a ordem pública e estabelecendo competir à República a proteção do cidadão, inclusive no tocante a seu trabalho. Igualmente, no século XIX, o manifesto comunista de Karl Marx passou a embasar teoricamente o movimento dos trabalhadores, e, juntamente com os reflexos do cartismo na Inglaterra e da Comuna de 1871, na França, passam a minar as até então sólidas bases do Estado Liberal. A partir da Constituição de Weimar (1919), que serviu de modelo para inúmeras outras constituições do primeiro pós-guerra, e apesar de ser tecnicamente uma constituição consagradora de uma democracia liberal – houve a crescente constitucionalização do Estado Social de Direito, com a consagração em seu texto dos direitos sociais e a previsão de aplicação e realização por parte das instituições encarregadas dessa missão. A constitucionalização do Estado Social consubstanciou-se na importante intenção de converter em direito positivo várias aspirações sociais, elevadas à categoria de princípios constitucionais protegidos pelas garantias do Estado de Direito. Verifica-se a inclusão de conteúdos predominantemente programáticos nos textos constitucionais,complementando o constitucionalismo nascido 8 com o Estado Liberal de Direito com normas relativas aos direitos sociais e econômicos, passando a existir expressamente normas programáticas político-sociais, além do tradicional estatuto político, contendo os princípios e normas sobre a ordenação social, os fundamentos das relações entre pessoas e grupos e as formas de participação da comunidade, inclusive no processo produtivo. O Estado de Direito, já com a constitucionalização dos direitos sociais e econômicos, no período anterior à 2ª Grande Guerra foi criticado por autores nacional-socialistas (Reinhard Hohn) e definido como a antítese do Estado bolchevique (Koellreutter), mas também já foi denominado Estado Ético, no constitucionalismo italiano, imediatamente ao pós-guerra (1947 – Felice Battaglia). A evolução do Estado consagrou a necessidade da fórmula Estado de Direito, que, conforme salientado por Pablo Lucas Verdú, “ainda exerce particular fascinação sobre os juristas”. Essa fórmula aponta a necessidade do Direito ser respeitoso com as liberdades individuais tuteladas pelo Poder Público. Essa evolução foi acompanhada pela consagração de novas formas de exercício da democracia representativa, em especial, com a tendência de universalização do voto e constante legitimação dos detentores do Poder, fazendo surgir a ideia de Estado Democrático. Importante, portanto, ressaltar a importância dada por Canotilho (“Qualquer que seja o conceito e a justificação do Estado – e existem vários conceitos e várias justificações – o Estado só se concebe hoje como Estado constitucional”) ao Estado Constitucional (Estado com qualidades), que em seu conceito é “um tecnologia política de equilíbrio político-social através da qual se combateram dois arbítrios ligados a modelos anteriores, a saber: a autocracia absolutista do poder e os privilégios orgânico-corporativo medievais”.9 O Estado Constitucional configura-se, portanto, como uma das grandes conquistas da humanidade, que, para ser um verdadeiro Estado de qualidades no constitucionalismo moderno, deve ser um Estado democrático de direito. Dessa forma, são duas as “grandes qualidades” do Estado Constitucional: Estado de direito e Estado democrático. O Estado de Direito caracteriza-se por apresentar as seguintes premissas: (1) primazia da lei, (2) sistema hierárquico de normas que preserva a segurança jurídica e que se concretiza na diferente natureza das distintas normas e em seu correspondente âmbito de validade; (3) observância obrigatória da legalidade pela administração pública; (4) separação de poderes como garantia da liberdade ou controle de possíveis abusos; (5) reconhecimento da personalidade jurídica do Estado, que mantém relações jurídicas com os cidadãos; (6) reconhecimento e garantia dos direitos fundamentais incorporados à ordem constitucional; (7) em alguns casos, a existência de controle de constitucionalidade das leis como garantia ante o despotismo do Legislativo. Assim, existirá o Estado de Direito onde houver a supremacia da legalidade, ou para o direito inglês a The Rule of Law, para o direito francês o État Legal, para o direito alemão o Rechtsstaat, ou ainda, a always under law do direito norte-americano. A interpretação da The Rule of Law, apesar de sua evolução e variações históricas, pode ser apontada em suas quatro dimensões: (1) observância do devido processo legal (Magna Charta de 1215); (2) predominância das leis e dos costumes do “país” perante a discricionariedade do poder real; (3) sujeição de todos os atos do executivo à soberania do Parlamento; (4) igualdade de acesso aos tribunais para defesa dos direitos consagrados. L’État legal consagrou-se no constitucionalismo francês com a construção de hierarquia na ordem jurídica, prevendo no vértice da pirâmide as declarações de direitos e, posteriormente, o texto constitucional. O Rechtsstaat, surgido no início do século XIX na Alemanha, pretendeu substituir a ideia de Estado de Polícia, onde tudo é regulamentado e controlado pelo Estado, pela ideia de Estado de Direito, no sentido de proteção a ordem e segurança pública, porém com liberdade ao particular nos campos econômicos e sociais, e garantindo-se um amplo modelo protetivo de jurisdição ordinária. Nos Estados Unidos da América, a consagração do Estado de Direito deu-se com a aplicação prática da ampla revisão judicial, no célebre caso Marbury v. Madison (1803), quando a Corte Suprema, conduzida pelo Juiz- Presidente Marshal, proclamou a superioridade das normas constitucionais sobre todo o restante do ordenamento jurídico, inclusive sobre os atos do Poder Legislativo, corroborando, dessa forma, as afirmações anteriores de Hamilton, que apontou sobre o tema: “Esta conclusão não supõe de modo algum uma superioridade do poder judiciário sobre o legislativo. Supõe apenas que o poder do povo é superior a ambos, e que, quando a vontade do legislativo, expressa em suas leis, entre em oposição com a do povo, expressa na Constituição, os juízes devem ser governados por esta última e não pelas primeiras. Devem regular suas decisões pelas leis fundamentais, não pelas que não são fundamentais.” Por outro lado, e de maneira complementar, a defesa de um Estado Democrático pretende, precipuamente, afastar a tendência humana ao autoritarismo e à concentração de poder. Como ensina Giuseppe de Vergottini, o estado autoritário, em breve síntese, caracteriza-se pela concentração no exercício do poder, prescindindo do consenso dos governados e repudiando o sistema de organização liberal, principalmente a separação das funções do poder e as garantias individuais. Maurice Duverger, ao analisar a complexidade da conceituação da Democracia, aponta “a definição mais simples e mais realista de 10 11 2 Democracia: regime em que os governantes são escolhidos pelos governados; por intermédio de eleições honestas e livres”. O Estado Democrático de Direito, caracterizador do Estado Constitucional, significa que o Estado se rege por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades públicas aos direitos e às garantias fundamentais que é proclamado, por exemplo, no caput do art. 1º da Constituição da República Federativa do Brasil, que adotou, igualmente, em seu parágrafo único, o denominado princípio democrático ao afirmar que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, para mais adiante, em seu art. 14, proclamar que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular”. Assim, o princípio democrático exprime fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e de cada uma das pessoas na vida política do país, a fim de garantir o respeito à soberania popular. O Estado Constitucional, portanto, é mais do que o Estado de Direito, é também o Estado Democrático, introduzido no constitucionalismo como garantia de legitimação e limitação do poder. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO Constituição, lato sensu, é o ato de constituir, de estabelecer, de firmar; ou, ainda, o modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas; organização, formação. Juridicamente, porém, Constituição deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Além disso, é a 12 13 14 Constituição que individualiza os órgãos competentes para a edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. Analisando a área de abrangência da Constituição, Virgílio de Jesus Miranda Carvalho entende “que melhor se definirá a Constituição como o estatuto jurídico fundamental da comunidade, isto é, abrangendo, mas não se restringindoestritamente ao político e porque suposto este, não obstante a sua hoje reconhecida aptidão potencial para uma tendencial totalização, como tendo, apesar de tudo, uma especificidade e conteúdo material próprios, o que não autoriza a que por ele (ou exclusivamente por ele) se defina toda a vida de relação e todas as áreas de convivência humana em sociedade e levará à autonomização do normativo-jurídico específico (neste sentido, total – e não apenas tendencialmente – é o Direito), bem como à distinção, no seio da própria Constituição, entre a sua intenção ideológica-política e a intenção jurídica stricto sensu. Com este sentido também poderemos, então, definir a Constituição como a lei fundamental da sociedade”. Importante destacar o chamado conceito ideal de constituição, imposto a partir do triunfo do movimento constitucional no início do século XIX. Como ensina Canotilho, “este conceito ideal identifica-se fundamentalmente com os postulados políticos-liberais, considerando-os como elementos materiais caracterizadores e distintivos os seguintes: (a) a constituição deve consagrar um sistema de garantias da liberdade (esta essencialmente concebida no sentido do reconhecimento de direitos individuais e da participação dos cidadãos nos actos do poder legislativo através do parlamento); 15 16 3 3.1 3.2 (b) a constituição contém o princípio da divisão de poderes, no sentido de garantia orgânica contra os abusos dos poderes estatais; (c) a constituição deve ser escrita (documento escrito)”. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Quadro geral Quanto ao conteúdo: constituições materiais, ou substanciais, e formais Constituição material consiste no conjunto de regras materialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em um único documento; enquanto a Constituição formal é aquela consubstanciada de forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder constituinte originário. 17 3.3 Quanto à forma: constituições escritas e não escritas Constituição escrita é o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento, para fixar-se a organização fundamental. Canotilho denomina-a de constituição instrumental, apontando seu efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica e de calculabilidade e publicidade. A Constituição escrita, portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade. A isso corresponde o conceito de constituição legal, como resultado da elaboração de uma Carta escrita fundamental, colocada no ápice da pirâmide normativa e dotada de coercibilidade. Como salienta Canotilho, “A garantia da força normativa da constituição não é tarefa fácil, mas se o direito constitucional é direito positivo, se a constituição vale como lei, então as regras e princípios constitucionais devem obter normatividade regulando jurídica e efetivamente as relações da vida, dirigindo as condutas e dando segurança a expectativas de comportamento.” Constituição não escrita é o conjunto de regras não aglutinado em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções (exemplo: Constituição inglesa). Salienta Jorge Miranda: “Diz-se muitas vezes que a Constituição inglesa é uma Constituição não escrita (unwritten Constitution). Só em certo sentido este asserto se afigura verdadeiro: no sentido de que uma grande parte das regras sobre organização do poder político é consuetudinária; e, sobretudo, no sentido de que a unidade fundamental da Constituição não repousa em nenhum texto ou 18 19 20 3.4 3.5 3.6 documento, mas em princípios não escritos assentes na organização social e política dos Britânicos.” Quanto ao modo de elaboração: constituições dogmáticas e históricas Enquanto a constituição dogmática se apresenta como produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito dominante, a constituição histórica é fruto da lenta e contínua síntese da História e tradições de um determinado povo (exemplo: Constituição inglesa). Quanto à origem: constituições promulgadas (democráticas, populares) e outorgadas São promulgadas, também denominadas democráticas ou populares, as Constituições que derivam do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte composta de representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração (exemplo: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988) e constituições outorgadas as elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do poder da época (exemplo: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC nº 01/1969). Existem, ainda, as chamadas constituições cesaristas, que são aquelas que, não obstante outorgadas, dependem da ratificação popular por meio de referendo. Quanto à estabilidade: constituições imutáveis, rígidas, flexíveis e semirrígidas 21 São imutáveis as constituições em que se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias históricas. Em algumas constituições, a imutabilidade poderá ser relativa, quando se preveem as chamadas limitações temporais, ou seja, um prazo em que não se admitirá a atuação do legislador constituinte reformador. Assim, a Constituição de 1824, em seu art. 174, determinava: “Se passados quatro annos, depois de jurada a Constituição do Brazil, se conhecer, que algum dos seus artigos merece reforma, se fará a proposição por escripto, a qual deve ter origem na Câmara dos Deputados, e ser apoiada por terça parte delles.” Saliente-se que, apesar dessa previsão, a Constituição de 1824 era semiflexível, como se nota por seu art. 178, que afirmava: “É só Constitucional o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinarias.” Rígidas são as constituições escritas que poderão ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas (por exemplo: CF/88 – art. 60); por sua vez, as constituições flexíveis, em regra não escritas, excepcionalmente escritas, poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário. Como um meio-termo entre as duas anteriores, surge a constituição semiflexível ou semirrígida, na qual algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente por um processo legislativo especial e mais dificultoso. 3.7 Ressalte-se que a Constituição Federal de 1988 pode ser considerada como super-rígida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, § 4º – cláusulas pétreas). Quanto à sua extensão e finalidade: constituições analíticas (dirigentes) e sintéticas (negativas, garantias) As constituições sintéticas preveem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais (por exemplo: Constituição norte-americana); diferentemente das constituições analíticas, que examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à formação, à destinação e ao funcionamento do Estado (por exemplo: Constituição brasileira de 1988). Como afirmado por José Afonso da Silva, o Constituinte “rejeitou a constituição sintética, que é constituição negativa, porque construtora apenas de liberdade-negativa ou liberdade- impedimento, oposta à autoridade, modelo de constituição que, às vezes, se chama de constituição garantia. (...) Assumiu o novo texto a característica de constituição-dirigente, enquanto define fins e programa de ação futura, menos no sentimento socialista do que no de uma orientação social-democrática imperfeita, reconheça-se”. Em obra clássica sobre o assunto, Canotilho aponta a grande problemática em se definirem os limites de umaconstituição-dirigente, sendo núcleo principal de estudo “o que deve (e pode) uma constituição ordenar aos órgãos legiferantes e o que deve (como e quando deve) fazer o 22 3.8 3.9 4 legislador para cumprir, de forma regular, adequada e oportuna, as imposições constitucionais”, implantando os planos traçados pelo legislador constituinte originário, em inter-relação com a realidade social. Constituição Federal de 1988 Nossa atual Constituição Federal apresenta a seguinte classificação: formal, escrita, legal, dogmática, promulgada (democrática, popular), rígida, analítica. Outras classificações Doutrinariamente, podemos apontar outras classificações de constituições. Assim, as constituições dualistas ou pactuadas são aquelas em que se efetiva um compromisso entre o rei e o Poder Legislativo, sujeitando-se o monarca aos esquemas constitucionais, e resultando a constituição de dois princípios: o monárquico e o democrático. Por sua vez, constituição nominalista é aquela cujo texto da Carta Constitucional já contém verdadeiros direcionamentos para os problemas concretos, a serem resolvidos mediante aplicação pura e simples das normas constitucionais. Ao intérprete caberia tão somente interpretá-la de forma gramatical-literal. Por outro lado, constituição semântica é aquela cuja interpretação de suas normas depende da averiguação de seu conteúdo significativo, da análise de seu conteúdo sociológico, ideológico, metodológico, possibilitando uma maior aplicabilidade político-normativa- social do texto constitucional. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 23 4.1 Normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada Tradicional a classificação das normas constitucionais, dada por José Afonso da Silva em relação a sua aplicabilidade em normas de eficácia plena, contida e limitada. São normas constitucionais de eficácia plena “aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular” (por exemplo: os “remédios constitucionais”). Normas constitucionais de eficácia contida são aquelas em “que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados” (por exemplo: art. 5º, XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer). Por fim, normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam “aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a aplicabilidade” (por exemplo: CF, art. 37, VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Essa previsão condiciona o exercício do direito de greve, no serviço público, à regulamentação legal. Ainda, podemos citar como exemplo o art. 7º, XI, da Constituição Federal, que prevê a participação dos empregados nos lucros, ou resultados da empresa, conforme definido em lei). 24 25 26 4.2 Normas constitucionais com eficácia absoluta, plena, relativa restringível e relativa complementável ou dependentes de complementação Maria Helena Diniz propõe uma nova espécie de classificação das normas constitucionais, tendo por critério a intangibilidade e a produção dos efeitos concretos. Assim, propõe e explica a referida autora que são normas constitucionais de eficácia absoluta “as intangíveis; contra elas nem mesmo há o poder de emendar. Daí conterem uma força paralisante total de toda a legislação que, explícita ou implicitamente, vier a contrariá-las. Distinguem-se, portanto, das normas constitucionais de eficácia plena, que, apesar de incidirem imediatamente sem necessidade de legislação complementar posterior, são emendáveis. Por exemplo, os textos constitucionais que ampararam a federação (art. 1º), o voto direto, secreto, universal e periódico (art. 14), a separação de poderes (art. 2º) e os direitos e garantias individuais (art. 5º, I a LXXVII), por serem insuscetíveis de emenda são intangíveis, por força dos arts. 60, § 4º, e 34, VII, a e b”. As normas com eficácia plena 27 “são plenamente eficazes..., desde sua entrada em vigor, para disciplinarem as relações jurídicas ou o processo de sua efetivação, por conterem todos os elementos imprescindíveis para que haja a possibilidade da produção imediata dos efeitos previstos, já que, apesar de suscetíveis de emenda, não requerem normação subconstitucional subsequente. Podem ser imediatamente aplicadas”. Por sua vez, as normas com eficácia relativa restringível correspondem “às de eficácia contida de José Afonso da Silva, mas, aceitando a lição de Michel Temer, preferimos denominá-la normas constitucionais de eficácia redutível ou restringível, por serem de aplicabilidade imediata ou plena, embora sua eficácia possa ser reduzida, restringida nos casos e na forma que a lei estabelecer; têm, portanto, seu alcance reduzido pela atividade legislativa. São preceitos constitucionais que receberam do constituinte normatividade capaz de reger os interesses, mas contêm, em seu bojo, a prescrição de meios normativos ou de conceitos que restringem a produção de seus efeitos. São normas passíveis de restrição”. Finalmente, “há preceitos constitucionais que têm aplicação mediata, por dependerem de norma posterior, ou seja, de lei complementar ou ordinária, que lhes desenvolva a eficácia, permitindo o exercício do direito ou do benefício consagrado. Sua possibilidade de produzir efeitos é mediata, pois, enquanto não for promulgada aquela lei complementar ou ordinária, não produzirão efeitos positivos, mas terão eficácia paralisante de efeitos de normas 4.3 precedentes incompatíveis e impeditiva de qualquer conduta contrária ao que estabelecerem. Não recebem, portanto, do constituinte normatividade suficiente para sua aplicação imediata, porque ele deixou ao Legislativo a tarefa de regulamentar a matéria, logo, por esta razão, não poderão produzir todos os seus efeitos de imediato, porém têm aplicabilidade mediata, já que incidirão totalmente sobre os interesses tutelados, após o regramento infraconstitucional. Por esse motivo, preferimos denominá-las normas com eficácia relativa dependente de complementação legislativa”. Normas programáticas As normas programáticas, conforme salienta Jorge Miranda, “são de aplicação diferida, e não de aplicação ou execução imediata; mais do que comandos-regras, explicitam comandos- valores; conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatário primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), pedindo aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem afirme que os direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, têm mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjectivos; aparecem, muitas vezes, acompanhadas de conceitos indeterminados ou parcialmente indeterminados”.28 5 Portanto, o juízo de oportunidade e a avaliação da extensão do programa incumbem ao Poder Legislativo, no exercício de sua função legiferante e, como salientado por Tercio Sampaio Ferraz Jr., “a eficácia técnica, neste caso, é limitada. E a eficácia social depende da própria evolução das situações de fato. Daí resulta uma aplicabilidade dependente”. Maria Helena Diniz cita os arts. 21, IX, 23, 170, 205, 211, 215, 218, 226, § 2º, da Constituição Federal de 1988 como exemplos de normas programáticas, por não regularem diretamenteinteresses ou direitos nelas consagrados, mas limitarem-se a traçar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder Público, como “programas das respectivas atividades, pretendendo unicamente a consecução dos fins sociais pelo Estado”. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS O conflito entre direitos e bens constitucionalmente protegidos resulta do fato de a Constituição proteger certos bens jurídicos (saúde pública, segurança, liberdade de imprensa, integridade territorial, defesa nacional, família, idosos, índios etc.), que podem vir a envolver-se numa relação do conflito ou colisão. Para solucionar-se esse conflito, compatibilizando-se as normas constitucionais, a fim de que todas tenham aplicabilidade, a doutrina aponta diversas regras de hermenêutica constitucional em auxílio ao intérprete. Como definido por Vicente Ráo, “a hermenêutica tem por objeto investigar e coordenar por modo sistemático os princípios científicos e leis decorrentes, que disciplinam a apuração do conteúdo, do sentido e dos fins das normas jurídicas e a restauração do conceito orgânico do direito, 29 30 para efeito de sua aplicação e interpretação; por meio de regras e processos especiais procura realizar, praticamente, estes princípios e estas leis científicas; a aplicação das normas jurídicas consiste na técnica de adaptação dos preceitos nelas contidos assim interpretados, às situações de fato que se lhes subordinam”. A palavra intérprete, adverte Fernando Coelho, “tem origem latina – interpres – que designava aquele que descobria o futuro nas entranhas das vítimas. Tirar das entranhas ou desentranhar era, portanto, o atributo do interpres, de que deriva para a palavra interpretar com o significado específico de desentranhar o próprio sentido das palavras da lei, deixando implícito que a tradução do verdadeiro sentido da lei é algo bem guardado, entranhado, portanto, em sua própria essência”. Analisando a Constituição Federal, Raul Machado Horta aponta a precedência, em termos interpretativos, dos Princípios Fundamentais da República Federativa e da enunciação dos Direitos e Garantias Fundamentais, dizendo que “é evidente que essa colocação não envolve o estabelecimento de hierarquia entre as normas constitucionais, de modo a classificá- la em normas superiores e normas secundárias. Todas são normas fundamentais. A precedência serve à interpretação da Constituição, para extrair dessa nova disposição formal a impregnação valorativa dos Princípios Fundamentais, sempre que eles forem confrontados com atos do legislador, do administrador e do julgador”, motivo pelo qual classifica-a de Constituição plástica. A Constituição Federal há de sempre ser interpretada, pois somente por meio da conjugação da letra do texto com as características históricas, 31 32 33 • • • • • • políticas e ideológicas do momento se encontrará o melhor sentido da norma jurídica, em confronto com a realidade sociopolítico-econômica e almejando sua plena eficácia. Canotilho enumera diversos princípios e regras interpretativas das normas constitucionais: da unidade da constituição: a interpretação constitucional dever ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas; do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídico- constitucionais, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração política e social, bem como ao reforço da unidade política; da máxima efetividade ou da eficiência: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe conceda; da justeza ou da conformidade funcional: os órgãos encarregados da interpretação da norma constitucional não poderão chegar a uma posição que subverta, altere ou perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originário; da concordância prática ou da harmonização: exige-se a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros; da força normativa da constituição: entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais. Aponta, igualmente, com Vital Moreira, a necessidade de delimitação do âmbito normativo de cada norma constitucional, vislumbrando-se sua razão de existência, finalidade e extensão. 34 35 • • • Esses princípios são perfeitamente completados por algumas regras propostas por Jorge Miranda: a contradição dos princípios deve ser superada, ou por meio da redução proporcional do âmbito de alcance de cada um deles, ou, em alguns casos, mediante a preferência ou a prioridade de certos princípios; deve ser fixada a premissa de que todas as normas constitucionais desempenham uma função útil no ordenamento, sendo vedada a interpretação que lhe suprima ou diminua a finalidade; os preceitos constitucionais deverão ser interpretados tanto explicitamente quanto implicitamente, a fim de colher-se seu verdadeiro significado. A aplicação dessas regras de interpretação deverá, em síntese, buscar a harmonia do texto constitucional com suas finalidades precípuas, adequando-as à realidade e pleiteando a maior aplicabilidade dos direitos, garantias e liberdades públicas. Ressalte-se, contudo, que a supremacia absoluta das normas constitucionais e a prevalência do princípio da dignidade da pessoa humana como fundamento basilar da República obrigam o intérprete, em especial o Poder Judiciário, no exercício de sua função interpretativa, a aplicar não só a norma mais favorável à proteção aos Direitos Humanos, mas, também, eleger em seu processo hermenêutico a interpretação que lhe garanta a maior e mais ampla proteção. 36 37 38 5.1 6 Interpretação conforme a Constituição – Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto – A interpretação constitucional e o ativismo judicial (Neoconstitucionalismo e Positivismo) Conferir amplo estudo sobre a interpretação conforme à constituição, a declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto e a interpretação constitucional e o ativismo judicial (Neoconstitucionalismo e Positivismo), nos itens 10.9.1, 10.9.2 e 10.9.3, no Capítulo 12 (Controle de Constitucionalidade). PREÂMBULO CONSTITUCIONAL Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como documento de intenções do diploma e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado. É de tradição em nosso Direito Constitucional e nele devem constar os antecedentes e o enquadramento histórico da Constituição, bem como suas justificativas e seus grandes objetivos e finalidades. Jorge Miranda aponta a existência de preâmbulos em alguns dos mais importantes textos constitucionais estrangeiros: Estados Unidos (1787), Suíça (1874), Alemanha de Weimar (1919), Irlanda (1937), França (1946 e 1958), Japão (1946), Grécia (1975), Espanha (1978). Podemos acrescentar as constituições do Peru (1979), da antiga Alemanha Ocidental (1949) e da Alemanha Oriental (1968, com as emendas de 7 de outubro de 1974), da Polônia (1952), da Bulgária (1971), da Romênia (1975), de Cuba (1976), da Nicarágua (1987), de Moçambique (1978), de São Tomé e Príncipe (1975) e de Cabo Verde (1981). Apesar de não fazer parte do texto constitucional propriamente dito e, consequentemente, não conter