Prévia do material em texto
TÓPICO 03: ESTUDOS CULTURAIS Vimos como a complexidade da pós-modernidade influenciou o modo de ver a História e, consequentemente, outros aspectos da relação sociedade e a Arte. A literatura e outras manifestações artísticas passam a questionar as certezas ou definições fechadas acerca da sociedade, da história, da crítica e da cultura. As "verdades" postas pelo poder dominante até então aceitas como inquestionáveis são reavaliadas. Nesse novo contexto, a problemática das fronteiras torna-se fundamental, visto que a tecnologia diminuiu as distâncias e propiciou o contato entre as diversas culturas existentes. Fato que desencadeou a aspiração, em muitos, da livre circulação das pessoas com a extinção de barreiras e fronteiras, bem como de paradigmas, estereótipos e preconceitos. Embora esse desejo pareça bom em todos os aspectos, a possibilidade de transpor fronteiras e distâncias proporcionadas pela tecnologia, traz em seu bojo diferentes consequências. Se por um lado favorece contato e intercâmbio entre diferentes culturas, possibilitando a busca de entendimento entre os diversos modos de ver a realidade, por outro, pode ocasionar o choque cultural entre os diferentes mundos. Outro aspecto importante é apontado por Benjamin Abdala Júnior (2002), na obra Fronteiras múltiplas, identidades plurais, ao observar as fronteiras não podem mais ser definidas apenas pelo critério geográfico, pois, apesar de esses critérios permanecerem como importante limite para inverter ou se contrapor a fluxos em massa, não bastam, porque "cada vez mais o mundo torna-se uma realidade de fronteiras múltiplas, internas ou externas. São fronteiras que podem se abrir ou fechar, conforme a natureza da conexão desejada, caso tenhamos a base necessária para impor fluxos" (ABDALA JÚNIOR, 2002. p.125). Os processos migratórios juntamente com o contato entre culturas diversas acarreta uma fragmentação do sujeito que deixa de ter uma identidade absoluta e única. Na obra Identidade cultural na pós- modernidade, Stuart Hall trata desta questão: VERSÃO TEXTUAL O próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático. Esse processo produz o sujeito pós-moderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma 'celebração móvel' [...]. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um 'eu' coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas. [...] A identidade plenamente TEORIA DA LITERATURA II AULA 05: AS TENDÊNCIAS PÓS-MODERNAS NA LITERATURA 56 Combinarenumerar.pdf TeoriadaLiteraturaII_aula_05.pdf 03.pdf