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NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 16 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia CAPÍTULO 3: ESTRUTURA E FUNÇÃO DOS ÁCIDOS NUCLÉICOS I 1) COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ESTRUTURA DOS ÁCIDOS NUCLÉICOS O conhecimento das moléculas constituintes dos ácidos nucléicos e as ligações entre elas, em consequência das suas propriedades são fundamentais para enten- dermos as estruturas do DNA e do RNA. Essas estruturas são responsáveis pelas funções desses ácidos e nos ajudam a compreendê-los como as moléculas respon- sáveis pela vida. DNA é a sigla para ácido desoxirribonucléico, uma molécula construída a partir de quatro diferentes unidades estruturais básicas, os monômeros chamados nucleotídeos. Cada nucleotídeo contém um ácido fosfórico, um açúcar de cinco carbonos – desoxirribose e quatro bases nitrogenadas (adenina, guanina, timina e citosina). Ao analisar o DNA, os cientistas James Watson e Francis Crick perceberam que a estrutura dele é formada por duas fitas enroladas para a direita, formando uma dupla hélice. Assim, a informação genética encontra-se codificada em uma sequên- cia de nucleotídeos que compõem os filamentos de DNA, complementares entre si. O fato de o DNA ter uma forma de dupla hélice é fundamental para sua replicação durante a divisão celular, já que cada hélice funciona como uma espécie de molde para a outra nova célula. Ao longo da estrutura do DNA temos ligações repetitivas de açúcar-fosfato. Es- sa ligação ocorre de tal modo que a posição 3’ da molécula de açúcar liga-se ao grupamento fosfato, que por sua vez, liga-se à posição 5’ da molécula de açúcar subsequente, assim podemos concluir que elas são sintetizadas na direção de 5’ para 3’. Além disso, as duas cadeias ocorrem em direções opostas, isto é, enquanto uma é 5’ → 3’ a outra é 3’ → 5’, e por esse motivo elas são ditas complementares. É importante lembrar que as bases nitrogenadas adenina (A) e guanina (G) AULA 3 https://www.stoodi.com.br/blog/2018/06/20/tipos-de-celulas/ NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 17 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia pertencem ao grupo chamado de purinas e as bases timina (T) e citosina (C) perten- cem ao grupo das pirimidinas. Além de que a quantidade de A é igual à quantidade de T e a quantidade de G é igual à de C, independente da espécie. Essas bases são ligadas por ligações chamadas de ponte de hidrogênio. Duas pontes de hidrogênio são responsáveis pelo pareamento exclusivo de A e T e três pontes de hidrogênio que ligam C com G. A diversidade da informação é determinada pela sequência de bases nitroge- nadas, e essa pode ocorrer em qualquer ordem linear em uma das cadeias. Assim, durante o exemplo de transcrição, quando uma célula usa as informa- ções contidas em um gene, a sequência do DNA é copiada para uma sequência de RNA complementar, que pode ser utilizada depois para compor outra sequência pro- téica no processo conhecido como tradução. Além dos processos de transcrição e tradução, o DNA é responsável pela manutenção das características e informações básicas sobre o organismo na divisão celular, possibilitando a replicação da estrutu- ra. A molécula de RNA é bastante similar ao DNA, porém difere em três pontos principais: o açúcar é a ribose, em vez de timina temos a uracila (U) e apresenta uma única cadeia, de modo que as razões A/U e G/C geralmente diferem de um. Enquanto o DNA possui as informações fundamentais para se processar uma nova proteína, ele ainda necessita do auxílio de moléculas intermediárias. E uma delas é o RNA, ou ácido ribonucléico. O DNA é a estrutura responsável pela transmissão de to- das as características genéticas — como cor dos olhos, da pele e do cabelo, fisionomia, entre outras — no processo de repro- dução dos seres vivos. Dessa maneira, a principal função do DNA é transportar informações contidas em suas sequên- cias, chamadas de genes. A molécula do RNA nada mais é do que uma estrutura complementar de certa região do DNA. A principal função do RNA é permitir que toda a informação contida no DNA possa ser copiada e transportada até as estruturas res- ponsáveis pela elaboração de proteínas. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 18 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia Entretanto, o processo se ramifica, sendo que existem três tipos diferentes de RNA para realizar funções específicas, como é citado abaixo: ● RNA Ribossômico (rRNA): este RNA é o principal elemento que constitui os ribossomos, tendo o maior peso e sendo um dos principais responsáveis pela criação de novas proteínas; ● RNA Mensageiro (mRNA): junto com o RNA ribossômico, o RNA mensageiro também fornece auxílio na síntese protéica, com a orientação da ordem de aminoácidos para a formação das proteínas. Também é o responsável por transportar as informações genéticas provenientes do DNA do núcleo da célu- la até o citoplasma. Tem peso menor que o RNA ribossômico; ● RNA Transportador (tRNA): Como o próprio nome já explicita, o RNA trans- portador é o responsável pela função de transporte das moléculas de amino- ácidos que farão parte da síntese protéica. O tRNA transporta os aminoácidos até os ribossomos, organelas responsáveis por uni-los, formando, assim, as proteínas. Em comparação com os outros, possui menor peso. Como é possível perceber ao se analisar as características e funções, tanto do DNA quanto do RNA, é fácil entender que essas estruturas são fundamentais para a existência da vida como a conhecemos. Elas coordenam o desenvolvimento e até o funcionamento de todas as estruturas de um organismo. Assim, é por meio dessas moléculas que os seres vivos transmitem suas informações, das mais básicas às mais importantes para a manutenção da própria vida. No processo reprodutivo, in- clusive, a mistura de características tem como principal agente o DNA, uma vez que os gametas carregam informações de ambos os pais, resultando em um indivíduo único. 2) FUNÇÕES DO MATERIAL GENÉTICO As principais funções do material genético podem ser visualizadas no seguinte diagrama, o que corresponde às funções fundamentais da biologia e da vida. https://www.stoodi.com.br/blog/2018/07/11/sintese-proteica/ https://www.stoodi.com.br/blog/2018/08/06/citoplasma/ NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 19 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia 2.1. Replicação do DNA A estrutura do DNA proposta por Watson e Crick oferece a vantagem de expli- car como novas moléculas de DNA podem ser exatamente copiadas da molécula pré-existente. Antes de se dividir, a célula duplica o DNA por um processo chamado duplicação semiconservativa, pelo fato de que cada DNA novo possui uma das ca- deias de nucleotídeos da molécula-mãe e a outra fita nova, garantindo que as célu- las resultantes do processo recebam o mesmo material genético. Na duplicação do DNA há participação de várias enzimas. Primeiramente a enzima helicase faz a a- bertura das pontes de hidrogênio, para que a DNA polimerase faça a síntese do DNA no sentido 5’ - 3’. No entanto, a DNA polimerase não consegue iniciar a produ- ção de uma nova fita dessa molécula usando apenas o molde de DNA (uma das fi- tas abertas).Nesse caso, também é necessário que, aderido a esse molde, exista um pequeno segmento de RNA de cerca de 10 bases, chamado primer ou iniciador, sintetizado por uma RNA polimerase (também chamada primase) e que oferece uma extremidade 3´- OH livre para que a DNA polimerase continue o processo de dupli- cação dessa nova fita. Posteriormente, esse primer é retirado e substituído pelo DNA por meio de uma enzima chamada polimerase I. Como cada fita da molécula de DNA corre em sentido inverso, a sua duplicação ocorre em direções opostas. Du- rante a abertura da forquilha de replicação, um dos filamentos apresenta-se no sen- tido 5' - 3' e o outro no sentido 3' - 5'. Assim, embora a progressão da síntese dessas NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 20 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia duas fitas aconteça simultaneamente, à medida que essa forquilha é estendida, em uma delas a DNA polimerase sempre terá uma extremidade 3´- OH livre para colocar o próximo nucleotídeo. Na outra, de tempos em tempos, será necessária a síntese de um novo primer, para que ela possa continuar esse processo. Um dos novos fi- lamentos de DNA é sintetizado continuamente pela DNA polimerase III e o outro, precisa ser sintetizado em partes, formando assim os Fragmentos de Okazaki. Estes são justamente os trechos curtos de DNA produzidos temporariamente na fita de replicação descontínua. Em seguida, os primers de RNA são removidos de ambas as fitas pela DNA polimerase I que, ao mesmo tempo, vai completando a síntese da fita de DNA no trecho liberado. Por fim, os filamentos adjacentes de DNA são unidos pela DNA ligase. 2.2. Transcrição – Síntese de RNA A função de todo gene – DNA – é produzir uma cadeia polipeptídica, isto é, uma proteína. No entanto, sabemos que em eucariotos o DNA se encontra no nú- cleo das células, enquanto a síntese protéica se dá no citoplasma. Evidentemente o DNA não pode sair do núcleo para o citoplasma. Assim, o DNA transfere suas infor- mações para moléculas de RNA, as quais atravessam a membrana nuclear para comandar a síntese protéica no citoplasma. Esse processo de transferência de in- formações do DNA para o RNA é denominado transcrição. O trecho da molécula de DNA que contém um gene a ser transcrito abre-se, e nesse ponto inicia-se o emparelhamento de nucleotídeos do RNA por ação da enzi- ma RNA-polimerase. Para isso existe o sítio promotor, que é a região da molécula de DNA que informa o local em que um determinado gene se origina. O sítio promo- tor é composto por sequências específicas de nucleotídeos que são reconhecidas pelas enzimas responsáveis pela síntese de RNA. É depois dessa sequência que uma molécula de RNA começa a ser sintetizada. Por outro lado, a região finalizadora contém uma sequência nucleotídica também específica, que indica onde a transcri- ção da molécula de RNA deverá ser encerrada. Completado o emparelhamento, o RNA se solta. Na formação do RNA, o emparelhamento de nucleotídeos ocorre de forma definida, pois as bases nitrogenadas são complementares. Assim, se um tre- cho do DNA tiver a sequência ATCG, o RNA que se formará terá a sequência U- NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 21 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia AGC, por exemplo. Em procariotos, a molécula de RNA transcrita a partir de um gene se constitui no mRNA propriamente dito, sendo, em seguida utilizada na síntese de proteínas e, posteriormente degradada. Já em eucariotos o processo é muito mais complexo, ocorrendo uma série de modificações do RNA antes que ele seja utilizado na síntese protéica. Isso se deve ao fato de que a maioria dos genes de organismos eucariotos é interrompida, isto é, o DNA possui segmentos que codificam aminoácidos chama- dos éxons, separados por regiões que não os codificam, os íntrons. Assim, os DNA são transcritos em uma longa molécula de RNA com tamanhos variáveis, chamada RNA nuclear heterogêneo (hnRNA ou pré-mRNA), que por sua vez, são processa- das para produzir um mRNA contendo apenas éxons. Os segmentos que não codifi- cam aminoácidos, os íntrons, são cortados por enzimas específicas chamadas en- donucleases. Após os cortes os éxons são religados para formar a molécula de m RNA completa que codifica as mensagens na sua sequência de bases. 2.3. Tradução – Biossíntese da cadeia polipeptídica A tradução é mais facilmente entendida se a dividirmos em três etapas suces- sivas: o início, a elongação e o término da cadeia polipeptídica. Na etapa de inicia- ção, a porção menor do ribossomo associa-se ao tRNA da metionina e juntos pas- sam a percorrer a molécula de mRNA até encontrar o códon de iniciação: AUG. Quando encontram a subunidade maior do ribossomo une-se à subunidade menor. Para isso, existem no ribossomo três sítios: sítio A (de aminoacil) onde ocorre a en- trada do aminoácido, sítio P (de peptil) onde fica o polipeptídeo em formação e o sítio E (de exit ou saída), por onde sai o tRNA descarregado. O tRNA da metionina fica associado ao sítio P do ribossomo, e os sítios A e P permanecem, nesse mo- mento, vazios. Portanto, a metionina sempre é o primeiro aminoácido da cadeia po- lipeptídica. A etapa de elongação da cadeia polipeptídica ocorre a partir da formação do complexo de iniciação. Um tRNA do aminoácido que corresponde ao códon seguinte do mRNA, encaixa-se no sítio A. Uma ligação peptídica é estabelecida entre os dois aminoácidos e o tRNA da metionina é liberado pelo sítio E. O ribossomo desloca-se no RNAm e os dois aminoácidos unidos passam a ocupar o sítio P, deixando o sítio NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 22 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia A vazio. Então, outro tRNA, com um terceiro aminoácido que seja reconhecido pelo terceiro códon do mRNA, entra no sítio A e ocorre a formação de outra ligação pep- tídica entre o segundo e o terceiro aminoácidos. O tRNA do segundo aminoácido é liberado e o ribossomo se desloca até o próximo códon. A cadeia formada por três aminoácidos passa a ocupar o sítio P, deixando novamente o sítio A vazio. Essa se- quência de eventos se repete e o polipeptídeo vai sendo formado. Na fase de terminação, o sítio A é ocupado por proteínas citoplasmáticas que se ligam diretamente ao códon de terminação do mRNA, cessando a síntese daque- la molécula de polipeptídeo. Ela é liberada do ribossomo, as subunidades maior e menor do ribossomo dissociam-se e o mRNA fica livre no citoplasma. A metionina do início da cadeia pode ser removida ou fazer parte do polipeptídeo. Vá ao tópico, ATIVIDADE COMPLEMENTAR em sua sala virtual e RESPONDA o estudo dirigido referente à Aula 3 para fixar melhor os seus conhecimen- tos. NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA - NEAD Página | 23 Professor: Geisa Paes – geisapaes@gmail.com GRADUAÇÃO UNEC / EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA DISCIPLINA: Biotecnologia REFERÊNCIAS GRIFFITHS AJF, MILLER JH, SUZUKI DT, LEWONTIN RC, GELBART WM. 2009. Introdução à Genética. 8 ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 794p KARP, Gerald. Biologia celular e molecular. Editora Manole Ltda, 2005. LOPES, Sônia; ROSSO, Sergio. Biologia: volume único. São Paulo: Saraiva, v. 1, 2005. NELSON, David L.; COX, Michael M. Leninger princípios de bioquímica. In: Leninger princípios de bioquímica.2002. p. 975-975. 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