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Gestão de Carreira W BA 03 27 _V 1. 0 2/206 Gestão de Carreira Autoria: Daniela Miranda Suto Como citar este documento: SUTO, Daniela. Gestão de Carreira. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Carreira Profissional 06 Assista a suas aulas 28 Unidade 2: Trajetória Profissional 41 Assista a suas aulas 62 Unidade 3: Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional 70 Assista a suas aulas 87 Unidade 4: Competências para o Sucesso na Carreira Profissional 96 Assista a suas aulas 114 2/206 3/2063 Unidade 5: Visão de Futuro 122 Assista a suas aulas 135 Unidade 6: Planejamento de Carreira 142 Assista a suas aulas 157 Unidade 7: Empregabilidade: Crescer na Empresa 165 Assista a suas aulas 177 Unidade 8: Empregabilidade: Crescer no Mercado 185 Assista a suas aulas 198 Sumário Gestão de Carreira Autoria: Daniela Miranda Suto Como citar este documento: SUTO, Daniela. Gestão de Carreira. Valinhos: 2016. 4/206 Apresentação da Disciplina Desde muito pequenos somos confrontados com a seguinte questão: “O que você quer ser quando crescer?” Esta pergunta nos inquieta desde a mais tenra idade, momento fundamental no processo de estruturação da personalidade. Com o passar dos anos, esta pergunta, por vezes tão incômoda, muda de roupagem e passa a ter versões mais elaboradas: Quais fatores são determinantes para a escolha de uma carreira? O que garante que estou realizando as melhores escolhas? O que devo priorizar: sucesso financeiro ou realização pessoal? Como saber quais competências possuo? Quais são os potenciais e pontos fortes que possuo e como utilizar isso a meu favor na escolha de uma carreira? Quais as tendências de mercado? E muitas outras questões. Todas essas reflexões são extremamente importantes, porque, para a maioria das pessoas, a carreira é o que dá maior significado à vida, o que lhe atribui identidade (“sou engenheiro, sou médica”) e acaba sendo responsável por boa parte da satisfação e realização que experimentam na vida. O tema “carreira” vem sendo estudado ao longo dos anos, por muitas instituições, com um grande e desafiador objetivo de desmistificar a relação entre as pessoas e o trabalho, tentando trazer luz sobre os determinantes das escolhas profissionais. Afinal, como explicar tantas inquietações, 5/206 frustrações e ansiedades quanto à escolha e à gestão da carreira? Atualmente temos clareza de que as carreiras são muito imprevisíveis, principalmente no mundo globalizado em que estamos inseridos, o que contribui para o desafio pessoal que envolve esta gestão. Quem é, em última instância, o responsável pela gestão da carreira? O indivíduo ou a instituição que o emprega? Uma das propostas dessa disciplina é, justamente, trazer respostas a estas questões, apresentar discussões, conteúdos complementares e ainda adicionar maiores questionamentos, que nos façam crescer, em direção a uma gestão de carreira ainda mais efetiva. 6/206 Unidade 1 Carreira Profissional Objetivos 1. Apresentar os principais conceitos relacionados à carreira profissional; 2. Contextualizar a evolução do conceito de carreira, apresentando as mudanças sociais, econômicas e comportamentais ocorridas nas últimas décadas e seus impactos na natureza do trabalho e na gestão da carreira; 3. Apresentar os papéis e responsabilidades de indivíduos e organizações no que tange à gestão de carreira, no cenário atual. Unidade 1 • Carreira Profissional7/206 1. Introdução Segundo Wilkoszynski e Vieira (2013), estamos vivenciando um turbilhão de mudanças jamais visto anteriormente na história. Em termos econômicos e sociais, observam-se ganhos com relação a bens materiais, saúde, conforto, aumento de expectativa de vida, participação na vida política. Entretanto, concomitantemente, podem ser observados efeitos nocivos, como desemprego, crise de identidade, fragilização do ser humano, exclusão, aumento do estresse, danos ao meio ambiente. De acordo com Sennett (2006, apud WILKOSZYNSKI e VIEIRA, 2013), o contexto profissional sofreu profundas transformações nas últimas décadas, marcado pelo assistencialismo, inicialmente, logo após a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente houve o nascimento das relações formais de trabalho, o surgimento dos sindicatos fortes, a possibilidade da estabilidade, o enriquecimento e a melhoria da qualidade de vida, o que mudou a natureza do trabalho. Com a transformação do mundo em um ambiente mais complexo, mais global e mais diversificado, tornou-se muito mais difícil para as organizações realizarem o controle e o gerenciamento da carreira de seus membros (SCHEIN, 2007). Podemos observar, neste contexto, um cenário econômico e social que propicia o aparecimento de carreiras vinculadas, em Unidade 1 • Carreira Profissional8/206 parte, às oportunidades oferecidas pelas organizações e pelo mercado em geral, mas predominantemente relacionadas às necessidades pessoais e familiares dos trabalhadores. A gestão da carreira, responsabilidade anteriormente atribuída à organização, atualmente recai, cada vez com maior frequência e intensidade, sobre o indivíduo, como ator do seu processo de construção e evolução profissional. (ARTHUR; INKSON; PRINGLE, 1999). Do indivíduo exige-se um conjunto muito mais amplo de competências, chamado de empregabilidade, que o capacite a enfrentar as rápidas mudanças do cenário ocupacional. (HEIJDEN; LANGE; DEMEROUTI; HEJDE, 2009). Para saber mais As primeiras utilizações do termo empregabilidade datam do início de 1900, na Grã-Bretanha, para separar os empregáveis dos não empregáveis. Nos Estados Unidos o termo começou a ser utilizado em 1929, com o mesmo sentido. Basicamente, a palavra empregabilidade era utilizada para identificar aqueles que podiam ser considerados válidos e imediatamente disponíveis para o mercado de trabalho, ou seja, economicamente produtivos. <http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index. php/trabedu/article/viewFile/1012/874> Unidade 1 • Carreira Profissional9/206 Estas mudanças no mundo e na natureza do trabalho trouxeram ganhos, entre outras coisas, como o aumento das possibilidades de mobilidade no mercado de trabalho. Contudo, se faz necessário, por parte dos trabalhadores, na maioria dos casos, a adaptação e flexibilização de seu planejamento inicial de carreira, uma vez que atualmente as empresas não oferecem segurança de emprego, tampouco a estabilidade de carreira (DUTRA, 2010). Segundo Wilkoszynski e Vieira (2013), neste novo contexto há um incentivo para que as pessoas construam sua empregabilidade e sua evolução profissional, como um esforço autônomo, independente de um vínculo estável com uma organização. As pessoas, conhecedoras da fragilidade atual dos vínculos com as organizações e do acirramento das exigências para se manter em um emprego, veem-se diante de uma nova demanda: sair de uma postura passiva com relação à carreira, para uma atitude ativa, tornando-se responsáveis pela gestão das suas escolhas profissionais e conquista do seu espaço e sucesso. Em sua obra, Wilkoszynski e Vieira (2013, p. 41) perguntam-se: “qual é o impacto dessas transformações na estruturação das carreiras na atualidade e como os indivíduos e organizações percebem e reagem às mudanças observadas?” Unidade 1 • Carreira Profissional10/206 1.1 Carreira profissional De acordo com Greenhaus, Callanan e Dodshalk (2009), a carreira pode ser entendida pela perspectiva da propriedade: se da organização ou do indivíduo. Por um lado, como um conjunto de ocupações, propriedade de uma organização, ou por outro, como umahistória de diferentes Link Carreiras contemporâneas: desafios e contradições frente às mudanças do mundo do trabalho. Disponível em: <http://www.revistas. unilasalle.edu.br/index.php/desenvolve/ article/view/1045/783>. Acesso em: 02/08/2016. posições de trabalho, atividades e responsabilidades, de propriedade do indivíduo. Os autores ainda ampliam a definição de carreira como: (a) um conjunto de eventos ou situações, composto por posições de trabalho, responsabilidades ou atividades, e decisões relacionadas ao trabalho e (b) as interpretações subjetivas dessas situações relacionadas ao trabalho, como aspirações, expectativas, valores, necessidades e sentimentos a respeito dessas experiências laborais. Explicam que o conceito de carreira não pode ser entendido separadamente, (a) ou (b), somente os fatos e ordem cronológica dos acontecimentos profissionais ou somente a interpretação desses acontecimentos Unidade 1 • Carreira Profissional11/206 e expectativas subjetivas, pois isso empobreceria o entendimento desse conceito complexo. A carreira tem que ser compreendida como sua história concreta e como a interpretação subjetiva do indivíduo sobre esta história, com suas aspirações, sonhos, expectativas e valores. (GREENHAUS; CALLANAN; DODSHALK, 2009) Para saber mais O termo Carreira vem do latim “Carraria”, que significa caminho para carros. Em torno de 1530, a palavra carreira era utilizada para identificar um caminho, ou o percurso do Sol até o céu. Por volta de 1590, nas disputas de Justa, um esporte medieval, em que dois cavaleiros competiam entre si, utilizando diversas armas, a palavra carreira era utilizada quando um cavalo tinha um desempenho melhor, quando se dizia que o cavalo passou uma carreira em seu oponente. <http://www.scielo.br/pdf/rae/v36n1/ a03v36n1.pdf > Unidade 1 • Carreira Profissional12/206 Para Schein (2007), o mundo organizacional está em processo de franca metamorfose. Ninguém pode negar o fato de que inúmeras transformações vêm ocorrendo globalmente, sob várias denominações, por exemplo: downsizing, reengenharia e organização que aprende. Estas mudanças no ambiente ocupacional têm profundas implicações no desenvolvimento das carreiras no futuro. O autor questiona o quanto, diante de um cenário de profundas transformações, o conceito de carreira organizacional ou carreira externa ainda encontra espaço de prevalência. Considera que a tendência será o que ele denomina de carreira interna, um conceito que pode ser entendido como: a interpretação subjetiva de para onde se está direcionando a própria carreira. Em contraste com a carreira externa, que seria entendida como os estágios formais e os papéis que são definidos pela organização, através dos quais o indivíduo desenvolve expectativas de carreira dentro de uma estrutura ocupacional. Detalhando ainda mais os conceitos propostos por Schein (2007), a carreira interna é a representação e/ou interpretação interna que o indivíduo tem sobre sua atividade profissional e a importância desta função em sua vida. Por outro lado, a carreira externa diz respeito aos eventos concretos de uma vida profissional, como emprego, promoções, para que se alcance sucesso. Unidade 1 • Carreira Profissional13/206 Para Kannan (2007), construir uma carreira não diz respeito mais a encontrar o emprego certo e mantê-lo, mas está relacionado a fazer constantes escolhas profissionais em resposta a um mercado de trabalho em constante mudança. Clarke (2008) ressalta que o foco do indivíduo não deve ser mais na segurança do trabalho, mas sim nas suas competências de empregabilidade, que devem estar em constante renovação. Os profissionais devem adotar o autogerenciamento da carreira e mensurar o sucesso através de indicadores subjetivos de sucesso, como realização, felicidade, bem-estar (indicadores psicológicos), ao invés de medidas objetivas, como promoções ou outros indicadores relacionados ao status. Para Clarke (2008), a questão que deve ser refletida é: qual o espaço que a carreira tradicional ocupa no cenário ocupacional atual? Muitos consideram que ainda há bastante espaço para a carreira tradicional, uma vez que as carreiras organizacionais ainda se constituem como uma boa opção para os que buscam segurança, maior estruturação e certa estabilidade. Link Como as relações de trabalho estão mudando? Breve reflexão apontando as tendências de mudanças das relações trabalhistas no Brasil. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=kKJhfXce0Jk>. Acesso em: 19/08/2016. Unidade 1 • Carreira Profissional14/206 1.2 Conceituação e Contextualização da carreira profissional De acordo com Chanlat (1995), o conceito de carreira aparece durante o século XIX, podendo então ser considerado uma abordagem recente. Segundo o autor, o conceito de carreira nasce marcado pelas seguintes características: divisão social e sexual; estabilidade; progressão linear vertical e enriquecimento. Num período em que as relações laborais se embasavam na continuidade por longo prazo e na lealdade entre empregado e empregador, o entendimento do que era carreira estava relacionado às ocupações e cargos dentro das organizações. Mais especificamente, o termo gestão de carreira origina-se nas últimas décadas do século XX, com a premissa de que as organizações devem se preocupar com o gerenciamento da carreira de seus funcionários (CHANLAT, 1995). Segundo Chanlat (1995), a palavra gestão torna-se o termo da moda. Caberia à gestão de carreira fazer o alinhamento entre os interesses das organizações e das pessoas, trazendo à tona o melhor de cada parte. Chanlat (1995) ainda reforça que diferentemente da sociedade feudal, onde a divisão de classes era rígida e inflexivelmente estabelecida em: Clero, Nobreza e Terceiro Estado, composto pelos artesãos, camponeses e mercadores, Unidade 1 • Carreira Profissional15/206 a sociedade capitalista industrial está fundamentada nos ideais de igualdade e liberdade, no êxito individual e no progresso socioeconômico. Afirma que, dentro deste cenário, construir uma carreira é possível para todos, mesmo que isso, na prática, não seja o que de fato ocorre. “A ideologia individual de êxito, a despeito de seus limites, está no centro da ordem social moderna. É neste momento que a carreira, no sentido moderno, nasce (CHANLAT, 1995, p. 69).” Para Sullivan e Baruch (2009), a partir dessas mudanças quanto ao cenário profissional, os indivíduos também estão mudando seus comportamentos e atitudes com relação à carreira, levando em consideração: aumento da longevidade com consequência de prolongamento da vida ativa profissional; mudança das organizações familiares, muitas vezes compostas por variadas configurações, incluindo casais com jornadas e carreiras duplas; assim como a busca pessoal pela autorrealização, pelo crescimento, desenvolvimento e aprendizado pessoal contínuo. Magalhães (2011, apud ZARDO, 2016) ressalta que a permanência no mesmo trabalho, durante longo período de tempo, não se configura mais como modelo de carreira de sucesso. Para o autor, a gestão da carreira está sendo transferida, cada vez mais, das mãos da organização para a responsabilidade do trabalhador. Unidade 1 • Carreira Profissional16/206 Greenhaus, Callanan e Dodshalk (2009, p.12) definem gestão de carreira como: “um processo pelo qual os indivíduos desenvolvem, implementam e monitoram objetivos e estratégias de carreira”. Acrescentam que a gestão de carreira pode ser descrita como um processo dinâmico em que o indivíduo: • Coleta informações relevantes sobre si mesmoe sobre o mundo do trabalho; • Identifica seus talentos, interesses, valores, estilo preferido de vida, bem como, possibilidades de atividades profissionais correlatas; • Estabelece objetivos de carreira realistas, com base no autoconhecimento e nas informações do mercado; • Elabora e implementa um plano de ação para atingir seus objetivos de carreira; • Obtém feedback sobre a efetividade de suas ações. Unidade 1 • Carreira Profissional17/206 1.3 Papel da empresa e papel dos colaboradores na carreira profissional (a gestão de carreira e a gestão da carreira) Para que possamos entender o papel da empresa e dos indivíduos na gestão da carreira, precisamos compreender profundamente as mudanças na natureza do trabalho e os impactos na carreira. Segundo Greenhaus, Callanan e Godshalk (2009), houve mudanças fundamentais na natureza do trabalho: • Maior descentralização – hierarquias cada vez mais achatadas, com cada vez menos níveis de gerenciamento; • Aumento da flexibilidade – jornadas Para saber mais A opção da escolha de carreira/escolha de uma profissão é relativamente recente, datando do período pós-Revolução Industrial. Antes disso, as profissões, ou ocupações, eram definidas de acordo com habilidade, local de habitação, atividade da família, casta, tradição. Por exemplo, na Idade Média, uma criança nascida em uma família de ferreiros não precisaria se preocupar com sua futura ocupação, pois seria, inevitavelmente, um ferreiro. <http://pepsic.bvsalud. org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1679-33902011000200008> Unidade 1 • Carreira Profissional18/206 de trabalho flexíveis (meio período, horário flexível), contratos de trabalho flexíveis (prestação de serviços); • Alta competitividade – exigências técnicas cada vez maiores, alta especialização e acesso à tecnologia; • Globalização – abertura das fronteiras para realização de negócios com o mundo todo; • Projetos conduzidos dentro de estruturas de times autogerenciáveis – foco no trabalho em equipe e na liderança por influência; • Busca por equilíbrio entre vida profissional e pessoal, qualidade de vida, bem-estar. Os autores ainda ressaltam outro aspecto extremamente importante para o entendimento desses papéis e responsabilidades, que foi a mudança do contrato psicológico de trabalho, entendendo-se por contrato psicológico de trabalho o acordo verbal, subjetivo e cultural, que é transmitido do empregador a empregado, sem registro formal. O que esse novo contrato psicológico de trabalho propõe é que, ao invés de trocar desempenho e lealdade por estabilidade e segurança no trabalho, os profissionais têm que ser flexíveis quanto a aceitar novos desafios e responsabilidades, bem como estarem dispostos a desenvolver novos conhecimentos e habilidades, para atender às necessidades das organizações. Unidade 1 • Carreira Profissional19/206 Em contrapartida, a organização já não oferece mais a promessa do emprego eterno, estável e seguro, mas de empregabilidade, através da disponibilização de oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento contínuos. Assim, a responsabilidade da organização, que anteriormente era entendida como sendo o emprego, passa a ser o oferecimento de condições para que o trabalhador mantenha e desenvolva sua empregabilidade. (GREENHAUS; CALLANAN; GODSHALK; 2009). O gerenciamento da carreira, para Kannan (2007), deveria envolver um alinhamento entre as expectativas de progressão da força de trabalho e as necessidades da organização. Para o autor, o desafio seria justamente encontrar um equilíbrio entre estas duas forças. Considera ainda que é nesse contexto que se faz necessária a implantação de sistemas de carreiras efetivos. Kannan (2007) acrescenta que o novo paradigma de gerenciamento de carreira reconhece que o desenvolvimento da carreira é um processo a longo prazo, que é construído através de aprendizado contínuo, desenvolvimento e domínio de uma atividade. Este processo permite que as pessoas estejam no controle das suas próprias carreiras, conseguindo determinar se terão foco e direcionamento para a estabilidade ou para a flexibilidade, realizando as mudanças e adaptações necessárias ao longo do caminho. Unidade 1 • Carreira Profissional20/206 Se, por um lado, a responsabilidade pela gestão da própria carreira, pelo indivíduo é grande, Kannan (2007) ressalta mais uma vez a importância da responsabilidade da organização, apontando que a criação de um ambiente que privilegiasse o desenvolvimento contínuo, como constantes avaliações, análises e acompanhamentos das expectativas e necessidades da força de trabalho, deveria ser o objetivo principal de todas as iniciativas de gerenciamento de carreira. Essa responsabilidade da organização, em prover um ambiente propício ao desenvolvimento da empregabilidade, auxilia na retenção de talentos, nesse cenário de intensa competitividade pelo capital intelectual. (KANNAN; 2007) Link Qual o meu papel e o da empresa na gestão de carreira? Qual é a responsabilidade da empresa e do funcionário quando o assunto é gestão de carreira? Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=M9SLxxwtCDE>. Acesso em: 19/08/2016. Unidade 1 • Carreira Profissional21/206 Glossário Dowsizing: termo em inglês que significa enxugamento ou otimização da burocracia corporativa. Trata-se de uma técnica de reestruturação organizacional com o objetivo de eliminar processos desnecessários, tornando a empresa mais rápida e objetiva. Progressão Linear Vertical: promoções que ocorrem com certa previsibilidade, verticalmente, ou seja, hierarquicamente. Exemplo: Analista financeiro para supervisor financeiro. Progressão Horizontal: promoções que ocorrem horizontalmente, ou seja, através do desmembramento dos cargos por níveis de especialização. Exemplo: Analista de RH para Business Partner (Consultor Interno de RH). Reengenharia: sistema de administração que leva as organizações a se manterem competitivas no mercado e atingirem suas metas, através da reformulação de processos e atividades. O dowsizing faz parte da reengenharia. Questão reflexão ? para 22/206 Você aprendeu neste tema o que é carreira, entendeu como a concepção de carreira foi se modificando através dos tempos e pôde compreender os papéis e as responsabilidades dos indivíduos e das organizações no que se refere à gestão da carreira. Para reflexão, escreva um texto com suas próprias palavras (no mínimo 300 palavras), com base na sua própria opinião, respondendo à pergunta: De quem é a responsabilidade pela gestão da carreira – do indivíduo ou da organização? Explique. 23/206 Considerações Finais (1/2) • O termo carreira pode ser definido de diversas formas, sendo as mais comuns: conjunto de cargos ou posições dentro de uma estrutura organizacional, ou trajetória profissional de um indivíduo, através de vários cargos e atividades profissionais. • Estamos vivenciando mudanças sociais, econômicas, políticas e comportamentais, sem precedentes. Estas mudanças impactaram profundamente a natureza do trabalho e, consequentemente, a forma de gestão da carreira. • A gestão da carreira, no passado, era delegada às organizações, que adotavam uma postura paternalista, administrando a progressão de seus funcionários, marcada por promoções verticais, previsibilidade e estabilidade. 24/206 • Atualmente, há um foco intenso em se atribuir 100% da responsabilidade da gestão da carreira ao próprio indivíduo, porém não se pode desconsiderar o papel da organização em promover um ambiente que propicie crescimento, desafio e aprendizado contínuos, de forma a auxiliar o indivíduo a mantere aumentar sua empregabilidade. Considerações Finais (2/2) Unidade 1 • Carreira Profissional25/206 Referências ARTHUR, M. B.; INKSON, K.; PRINGLE, J. K. The new careers: individual action and economic change. London: Sage Publications, 1999. BENDASSOLLI P. F. Recomposição da relação sujeito-trabalho nos modelos emergentes de carreira. 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Greenhaus, Callanan e Dodshalk (2009) ampliam a definição de carreira, como: (a) um conjunto de eventos ou situações, composto por posições de trabalho, responsabilidades ou atividades, e decisões relacionadas ao trabalho e (b) as interpretações subjetivas dessas situações relacionadas ao trabalho, como aspirações, expectativas, valores, necessidades e sentimentos a respeito dessas experiências laborais. Explicam que o conceito de carreira não pode ser entendido separadamente – só (a) ou só (b). Por quê? a) Porque somente com o alinhamento das definições (a) e (b) é que teremos um claro entendimento do conceito de empregabilidade. b) Porque (a) não existe concretamente sem (b). c) Pois isso empobreceria o entendimento desse conceito complexo. A carreira tem que ser compreendida como sua história concreta (a) e como a interpretação subjetiva do indivíduo sobre esta história (b). Questão 1 30/206 Questão 1 d) Porque na verdade (b) não existe. Devemos levar em consideração a história concreta do indivíduo, ou seja (a). e) Na verdade pode ser explicado separadamente sim. 31/206 2. Para Schein (2007), o mundo organizacional está em processo de franca metamorfose. O autor questiona o quanto, diante de um cenário de profundas transformações, o conceito de carreira organizacional ou carreira externa ainda encontra espaço de prevalência. A partir desta perspectiva, carreira externa ou carreira organizacional pode ser entendida como: a) Estágios formais e papéis que são definidos pela organização, através dos quais o indivíduo desenvolve expectativas de carreira dentro de uma estrutura ocupacional. Eventos concretos de uma vida profissional, como emprego e promoções, para que se alcance sucesso. b) Os três primeiros empregos remunerados da vida de uma pessoa. c) A escolha vocacional de um indivíduo, desde sua opção escolar por um colégio técnico, depois por uma formação específica no estudo superior. Questão 2 32/206 Questão 2 d) A interpretação subjetiva de para onde se está direcionando a própria carreira e/ou a representação interna que o indivíduo tem sobre sua atividade profissional e a importância desta função em sua vida. e) A carreira de uma terceira pessoa na organização, externa ao indivíduo, como um chefe, ou um colega de departamento. 33/206 3. Schein (2007) questiona se, em um cenário de profundas transformações, o modelo de carreira externa ou organizacional ainda persiste. Considera que a tendência será o que ele denomina de carreira interna, um conceito que pode ser entendido como: a) Estágios formais e papéis que são definidos pela organização, através dos quais o indivíduo desenvolve expectativas de carreira dentro de uma estrutura ocupacional. Eventos concretos de uma vida profissional, como emprego e promoções, para que se alcance sucesso. b) O planejamento de carreira que alguém faz desde o momento em que decide o que vai fazer profissionalmente. c) A carreira que alguém escolhe seguir, mas que guarda para si, internamente, até que chegue o momento de compartilhar com outras pessoas. Questão 3 34/206 Questão 3 d) A interpretação subjetiva de para onde se está direcionando a própria carreira e/ou a representação interna que o indivíduo tem sobre sua atividade profissional e a importância desta função em sua vida. e) A experiência profissional de alguém, associado aos seus conhecimentos, habilidades e atitudes. 35/206 4. Dutra (1996) divide os modelos de carreira em: tradicional e moderno. Para o autor, quais são as características do modelo tradicional e do modelo moderno? a) Tradicional – previsibilidade, progressão linear vertical e instabilidade no emprego. Moderno – imprevisibilidade, progressão horizontaldescontinuada e estabilidade no emprego. b) Tradicional - previsibilidade, progressão linear vertical e estabilidade no emprego. Moderno – imprevisibilidade, progressão horizontal descontinuada e instabilidade no emprego. c) Tradicional – imprevisibilidade, progressão horizontal descontinuada, instabilidade no emprego. Moderno – previsibilidade, progressão vertical linear e estabilidade no emprego. Questão 4 36/206 Questão 4 d) Tradicional - imprevisibilidade, progressão linear vertical, instabilidade no emprego. Moderno – previsibilidade, progressão horizontal descontinuada e estabilidade no emprego. e) Tradicional – previsibilidade, progressão vertical descontinuada e emprego flexível. Moderna – imprevisibilidade, progressão horizontal linear, emprego público. 37/206 5. O gerenciamento da carreira, para Kannan (2007), deveria envolver um alinhamento entre as expectativas de progressão da força de trabalho e as necessidades da organização. Para o autor, o desafio seria justamente encontrar um equilíbrio entre estas duas forças. A partir desta perspectiva: I – Toda responsabilidade pelo gerenciamento da carreira é do indivíduo. II – Toda responsabilidade pelo gerenciamento da carreira do indivíduo é da organização. III – Cabe ao indivíduo assumir o gerenciamento da sua carreira, traçando para si metas e objetivos profissionais, assumindo responsabilidade pelo seu desenvolvimento e sucesso profissional. IV - Cabe à organização implantar planos efetivos de carreira, programas de compensação atrativos, de forma a reter os talentos e a criar um ambiente que propicie ao indivíduo o desenvolvimento contínuo de sua empregabilidade. Questão 5 38/206 Questão 5 Quais afirmações são corretas? a) Todas as afirmações são corretas. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. e) Nenhuma das afirmações é correta. 39/206 Gabarito 1. Resposta: C. Pois isso empobreceria o entendimento desse conceito complexo. A carreira tem que ser compreendida como sua história concreta (a) e como a interpretação subjetiva do indivíduo sobre esta história, com suas aspirações, sonhos, expectativas e valores (b). 2. Resposta: A. Estágios formais e papéis que são definidos pela organização, através dos quais o indivíduo desenvolve expectativas de carreira dentro de uma estrutura ocupacional. Eventos concretos de uma vida profissional, como emprego e promoções, para que se alcance sucesso. 3. Resposta: D. A interpretação subjetiva de para onde se está direcionando a própria carreira e/ou a representação interna que o indivíduo tem sobre sua atividade profissional e a importância desta função em sua vida. 4. Resposta: B. Tradicional - previsibilidade, progressão vertical linear e estabilidade no emprego. Moderno – imprevisibilidade, progressão horizontal descontinuada e instabilidade no emprego. 40/206 Gabarito 5. Resposta: D. III e IV. No cenário atual, tanto o indivíduo quanto a organização possuem responsabilidade no que tange ao gerenciamento de carreira. Ao indivíduo cabe a responsabilidade pelo direcionamento e gestão da sua própria carreira e à organização a responsabilidade por manter um ambiente atrativo, desafiador, capaz de reter talentos, onde o aprendizado e crescimento sejam contínuos. 41/206 Unidade 2 Trajetória Profissional Objetivos 1. Apresentar os principais conceitos relacionados à história de vida, trajetória profissional, realizações e sucesso profissional; 2. Apresentar diversas interpretações de sucesso e seu significado subjetivo; 3. Apresentar as definições de competências e o conceito e competências envolvidas na Carreira Inteligente. Unidade 2 • Trajetória Profissional42/206 1. Introdução A trajetória profissional faz parte de algo maior e mais complexo, que denominamos história de vida. Não é possível fazer a análise da trajetória profissional sem levar em consideração a história de vida do indivíduo. A história de vida pode ser chamada de biografia. Para Moggi e Burkhard (2003, p. 5), “nossa história de vida ou a nossa biografia individual é um filme único, raro, pessoal e exclusivo”. Para os autores, a soma de experiências que vivemos ao longo da vida compõe nossa biografia individual, que deve ser encarada como patrimônio existencial e administrada com responsabilidade intransferível. Moggi e Burkhard (2003) afirmam que biografia e carreira são dois fundamentos das nossas vidas e que um não pode ser elaborado sem o outro. São conceitos interdependentes. “Da qualidade do nosso trabalho, das oportunidades para aprender, do grau de realização profissional e da satisfação pessoal que o trabalho nos oferece depende em grande parte a qualidade de nossas vidas (MOGGI; BURKHARD, 2003, p. 9)”. Ao entender que história de vida e trajetória profissional estão estritamente interligadas, necessário se faz compreender o significado da realização profissional e sucesso. Para Costa (2013), a realização profissional está ligada à avaliação subjetiva da Unidade 2 • Trajetória Profissional43/206 trajetória profissional, relacionada ao sentimento de felicidade e satisfação com a carreira. O sucesso, na literatura especializada, confunde-se com realização profissional e pode ter inúmeras interpretações, por se tratar de um evento subjetivo. Baruch (2004, apud ROCHA, 2013) considera que o sucesso na carreira é advindo da realização interna proveniente do equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e entre a liberdade e a autonomia. Nesse sentido, para se alcançar o sucesso, em qualquer uma de suas interpretações, é imperativo o desenvolvimento de competências. Chiavenato (2002), utiliza além do conceito de competências, o termo competências básicas, que define como: “Competências básicas – na forma de conhecimentos, habilidades, atitudes, interesses, traços, valor ou outra característica pessoal – são aquelas características pessoais essenciais para o desempenho da atividade e que diferenciam o desempenho das pessoas (CHIAVENATO, 2002, p. 520)”. Unidade 2 • Trajetória Profissional44/206 As carreiras inteligentes introduzem novas dimensões de competências, que cabe ao profissional contemporâneo cultivar e desenvolver: saber porquê, saber como e saber com quem (ARTHUR et al., 1995, apud DUTRA et al., 2009). 1.1. História de Vida e Trajetória Profissional Atkinson (1998) afirma que a vida individual e como esta desempenha seus papéis inserida em uma comunidade pode ser plenamente entendida através de uma história, o que pode ser denominada de história de vida. Considera que a maneira mais eficaz de nos tornarmos totalmente conscientes de nossas próprias vidas é descrever todos os acontecimentos ocorridos conosco em forma de história. É através da nossa história de vida que entendemos o contexto das coisas e ganhamos significado. Para o autor, contar nossa história de vida nos permite ser ouvidos e reconhecidos pelos outros. Uma vez que a história de vida pode ser entendida, de maneira geral, como as experiências vividas (MOGGI; BURKHARD, 2003), a trajetória profissional é um termo utilizado para definir o conjunto de experiências profissionais, vividas no decorrer da história de vida. Inkson et al. (2012, apud CLOSS; ROCHA- DE-OLIVEIRA, 2015) consideram importante a análise do processo de escolha da trajetória profissional de um Unidade 2 • Trajetória Profissional45/206 indivíduo, ou seja, o que o leva a optar por um caminho e não por outro, ao longo de sua história de vida. Para os autores, cada indivíduo tem muitas possibilidades de carreira, o que representa várias trajetórias profissionais possíveis. De acordo com Closs e Rocha-de-Oliveira(2015), a história de vida pode influenciar na trajetória profissional, impactando as escolhas de carreira, mediante: as relações com a família e com a comunidade; o grau de escolaridade; as primeiras experiências profissionais e a configuração familiar. Para Closs e Rocha-de-Oliveira (2015), os fatores, presentes nas histórias de vida que representam marcos da trajetória profissional, são: aprovação no vestibular, primeiras experiências profissionais e constituição familiar. Ainda apresentam as relações familiares como fortes influenciadores nas decisões relativas à trajetória profissional. Para saber mais Rorion Grace conta nesse vídeo sua trajetória profissional, mostrando como a história de vida impacta nas decisões e escolhas profissionais. Rorion é o responsável pela enorme explosão do Jiu-Jítsu Brasileiro em todo o mundo. Interessante notar que neste curto relato biográfico ele aponta situações de vida, que impactaram os rumos de sua trajetória profissional. <https://www.youtube.com/ watch?v=P6t8AfzUD18> Unidade 2 • Trajetória Profissional46/206 A trajetória profissional pode ser expressa através de uma história, formalmente documentada no que denominamos de Curriculum Vitae. Link 5 atitudes que podem definir sua trajetória profissional. Confira cinco atitudes que os especialistas consideram ser importantes para se ter uma carreira de sucesso. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/ noticias/5-atitudes-que-podem-definir- sua-trajetoria-profissional>. Acesso em: 28/08/2016. 1.1.1 Curriculum Vitae De acordo com o artigo Organização do Currículo – Plataforma Lattes (2003), a expressão latina, Curriculum Vitae, significa: curso de vida, trata-se de um documento formal, no qual descrevemos a nossa trajetória profissional. Link Conheça a Plataforma Lattes, acessando o LINK: <http://lattes.cnpq.br/> De maneira geral, um currículo deve conter as seguintes informações: identificação pessoal, objetivo, resumo de qualificações, experiência profissional, formação acadêmica, idiomas, conhecimentos Unidade 2 • Trajetória Profissional47/206 técnicos, cursos extracurriculares e outras informações, descritos a seguir: 1. Identificação pessoal: nome, endereço, telefones atualizados, endereço de e-mail, Skype, link do perfil no Linkedin, estado civil, nacionalidade e idade. 2. Objetivo: ou cargo pretendido. Neste campo não devem ser utilizadas frases como: Estar à disposição dessa renomada organização; ou, Realizar prontamente todo o trabalho que me for atribuído. O objetivo deve ser claro, específico e sucinto, por exemplo: Analista Financeiro; Supervisor de TI; ou ainda, Engenheiro de Produção. 3. Resumo de Qualificações: neste campo devem estar, de forma resumida, todos os conhecimentos e experiências adquiridos pelo profissional em sua trajetória profissional. Neste campo, o profissional deve realizar seu marketing pessoal, ou seja, vender sua imagem. Exemplo de algumas qualificações que podem estar neste campo: • Profissional com mais de oito anos de experiência na área de Recursos Humanos, em empresas nacionais e multinacionais, de pequeno e médio porte. • Sólida experiência desenvolvida com processos seletivos, desde o levantamento do perfil da vaga, junto ao requisitante, triagem dos currículos, realização de entrevistas e dinâmicas, elaboração de laudos. Unidade 2 • Trajetória Profissional48/206 4. Experiência Profissional: neste campo devem ser relacionadas as empresas em que atuou, da mais recente para a mais antiga. Devem ser mencionados: 1) o período de trabalho na referida empresa; 2) o nome da empresa, ramo de atuação e 3) os cargos ocupados, do mais recente para o mais antigo. Exemplo: De Jan/2001 a Ago/2012 Google Internacional (Empresa do ramo de tecnologia da informação) Gerente de Recursos Humanos Analista de Recursos Humanos 5. Formação Acadêmica: refere-se à escolaridade formal, ou seja, cursos técnicos, de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. Não se deve colocar na formação a escolaridade referente ao Ensino Médio, se não for relevante ao objetivo profissional, por exemplo, Ensino Médio regular. 6. Idiomas: apresentar neste campo os idiomas em que se tem proficiência a partir do nível intermediário. Não se deve colocar o idioma nativo como fluente, a não ser que o currículo seja para alguma vaga internacional. 7. Conhecimentos Técnicos: neste campo podem ser relacionados os conhecimentos técnicos relativos à informática, bem como outros softwares ou conhecimentos técnicos específicos da área de atuação. Unidade 2 • Trajetória Profissional49/206 8. Cursos Extracurriculares: aqui devem ser relacionados os cursos relevantes e relacionados ao objetivo profissional. Palestras e workshops com duração curta não devem ser incluídos. 9. Outras Informações: neste campo podem ser relacionados trabalhos voluntários e experiências internacionais. 1.2. Realização e Sucesso profissional Para Costa (2013), a realização profissional está ligada à avaliação subjetiva da trajetória profissional, relacionada ao sentimento de felicidade e satisfação com a carreira. Judge et al. (1995, apud COSTA, 2013, p. 100) “afirmam que o sucesso na carreira pode ser definido como as realizações percebidas ou reais que os indivíduos têm acumulado como resultado de suas experiências de trabalho”. Para os autores, sucesso é igual a realização. As realizações profissionais podem se confundir com trajetória profissional. Porém, cabe aqui fazer uma importante diferenciação, onde a trajetória profissional Link 12 modelos de currículo para baixar e preencher. Para ajudar profissionais, foram selecionados modelos de currículos para diferentes perfis e fases de carreira. Disponível em: <http://exame. abril.com.br/carreira/noticias/12-modelos- de-curriculo-para-baixar-e-preencher>. Acesso em: 28/08/2016. Unidade 2 • Trajetória Profissional50/206 pode ser entendida como o conjunto das experiências profissionais de um indivíduo e as realizações profissionais, como sucesso (JUDGE et al., 1995, apud COSTA, 2013). Segundo Costa (2013), o sucesso de uma carreira pode ser mensurado a partir de dois fatores: extrínsecos e intrínsecos. Os fatores extrínsecos seriam os dados observáveis, como pagamento e promoções. Os fatores intrínsecos dependem da avaliação subjetiva do indivíduo sobre o próprio sucesso e envolvem três componentes: emprego atual, carreira (trajetória profissional) e satisfação com a vida. Costa (2013) considera que para se realizar uma análise do sucesso de uma carreira, é necessário levar em consideração as dimensões de compensação (fator extrínseco), realização (fator intrínseco), e acrescenta uma terceira dimensão, que é o desenvolvimento. Para Dutra (2002, apud COSTA, 2013), a carreira está incluída nesta dimensão – desenvolvimento, refletindo em termos práticos a capacidade do indivíduo de entregar resultados, ainda que com aumento dos níveis de complexidade, na execução do trabalho. Segundo Evans (1996), os indivíduos se desenvolvem e aprendem através de desafios, de tarefas que apresentem maior complexidade. Isso gera no profissional interesse e engajamento pelo aprendizado, além de lhe proporcionar oportunidades. Unidade 2 • Trajetória Profissional51/206 Para saber mais Em estudos realizados com o objetivo de identificar os determinantes para o sucesso, uma característica que se destacou, em todos os diferentes contextos pesquisados, foi a Determinação. A Determinação tem se mostrado relevante para o sucesso, porque é paixão e perseverança porobjetivos de longo prazo. Determinação envolve ter resistência e abraçar o futuro, de forma a trabalhar com muito esforço para que este futuro se transforme em realidade. 1.3. Competências Nas últimas décadas, o termo competência passou a ser utilizado para identificar o indivíduo capaz de realizar determinada atividade profissional. (ISAMBERT-JAMATI, 1997, apud PIRES et al., 2005). Segundo Perrenoud (1999, apud MOTTA e AGUIAR, 2007), o conceito de competência tem caráter multifacetado, podendo ser apresentado como: Unidade 2 • Trajetória Profissional52/206 “capacidade para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes; habilidade de utilizar o conhecimento a fim de chegar a um propósito; capacidade de utilizar conhecimentos e habilidades adquiridos para o exercício profissional; capacidade de mobilizar saberes — saber- fazer, saber-ser, saber-agir; capacidade para resolução de um problema (PERRENOUD 1999, apud MOTTA e AGUIAR, 2007, p. 368)”. Dias (2002) reforça a importância do balanço de competências pessoal e profissional como um processo dinâmico que possibilita ao indivíduo o autoconhecimento, a identificação de seus potenciais, bem como fornece informações para a construção de um projeto de vida. Para a autora, a competência pode ser desmembrada em: conhecimentos, habilidades, atitudes, autodesenvolvimento, sociabilidade, habilidade de relacionamento e saberes. Para Le Boterf (1994, apud PERRENOUD, 1999), somente a posse de conhecimentos ou capacidades, por si só, não significa competência. Exemplifica dizendo que é possível ser conhecedor técnico de regras de contabilidade, porém não saber aplicar estas mesmas regras, quando necessário. Unidade 2 • Trajetória Profissional53/206 Para o autor, é fácil observar, através das experiências diárias, que as pessoas que possuem conhecimentos ou capacidades, nem sempre sabem utilizá-los de modo efetivo quando a situação exige, em determinada atividade de trabalho. Le Boterf (1999, apud PIRES et al., 2005) ainda explica que a competência é uma somatória da aplicação de: conhecimentos, habilidades e atitudes, que podem ser consideradas as três dimensões da competência. 1.3.1 Competências e Carreiras Inteligentes De acordo com Guns, Evans e Jalland (2000, apud DUTRA et al., 2009), as mudanças econômicas, como as reduções Link Competências comportamentais mais valorizadas pelas empresas. O artigo apresenta uma relação de 15 competências, descritas em comportamentos, que são altamente reconhecidas no mercado. Disponível em: <http://www.rh.com.br/Portal/ Desempenho/Dicas/6117/competencias- comportamentais-mais-valorizadas-pelas- empresas.html>. Acesso em: 28/08/2016. Unidade 2 • Trajetória Profissional54/206 dos processos, com consequente impacto nas funções dentro das organizações, causaram insegurança entre os profissionais, ao mesmo tempo em que estimularam o surgimento de ideias que permitissem não somente explicar, mas dar um direcionamento neste cenário conturbado. Portanto, a partir deste cenário, surge o conceito das carreiras inteligentes, modelo fundamentalmente baseado em competências, buscando adequação à gestão do conhecimento. A partir da proposta de carreira inteligente, Arthur et al. (1995, apud DUTRA et al., 2009) propõem que as competências desenvolvidas pelo indivíduo devem ser similares às exigidas pelas organizações, porém não devem possuir nenhum tipo de relação de subordinação com nenhum empregador. Para os autores, as competências das carreiras inteligentes seriam: Sabendo porquê (Knowing why) – Motivação individual, significado e identificação com a atividade profissional; Sabendo como (Knowing how) – Habilidades e especialidades individuais fundamentais para o desempenho da atividade profissional; Sabendo com quem (Knowing whom) – Relações interpessoais e network (redes de relacionamento) relevantes para o exercício da atividade profissional. Para Arthur et al. (1999, apud DUTRA et al., 2009), a aquisição dessas competências Unidade 2 • Trajetória Profissional55/206 depende da história de vida do indivíduo, englobando educação, trabalho e experiência profissional, se transformando em um capital de carreira. Para saber mais Larry Smith, professor de economia na Universidade Waterloo do Canadá, fala nesta palestra, para o canal TED, sobre o porquê falhamos ao buscar carreiras brilhantes, inteligentes. Explica que a principal falha consiste em racionalmente saber que devemos buscar desenvolver uma atividade profissional que esteja alinhada às nossas paixões e missão de vida, mas, frequentemente, escolhemos deliberadamente não fazer isso. Possuir uma carreira inteligente envolve buscar suas paixões, sonhos, aspirações e missão de vida. Unidade 2 • Trajetória Profissional56/206 Glossário Biografia individual: história de vida de um indivíduo, que pode ser contada através de relato verbal ou escrito. Conjunto de experiências vividas por alguém, ao longo da vida. Extrínseco: algo que não faz parte do conteúdo essencial de alguma coisa; que está relacionado a fatores externos. Intrínseco: algo que faz parte do que é essencial; que está relacionado a fatores internos. Questão reflexão ? para 57/206 Neste tema você teve contato com os conceitos de história de vida e trajetória profissional, bem como de realização e sucesso profissional. Você aprendeu que a história de vida também pode ser chamada de biografia. Para reflexão, escreva sua autobiografia profissional (no mínimo 300 palavras), descrevendo com suas próprias palavras, em forma de redação: momento da escolha do curso superior (fatores decisivos); primeiras experiências de estágio e/ou profissionais, principais realizações profissionais e perspectivas para os próximos cinco anos. 58/206 Considerações Finais • História de vida pode também ser chamada de biografia e é composta pelo conjunto de experiências vividas por um indivíduo, bem como sua interpretação subjetiva dessas experiências; • Trajetória profissional é o conjunto de experiências profissionais vividas por um indivíduo, em sua história de vida; • Realizações profissionais e sucesso se confundem na literatura. O sucesso é um conceito de difícil e ao mesmo tempo ampla definição, pois depende da interpretação subjetiva do indivíduo; • Competências podem ser definidas como a qualidade de ser capaz de executar determinada atividade ou tarefa, ou de ter domínio sobre algum assunto. As dimensões das competências podem ser resumidas em: conhecimentos (saber), habilidades (querer) e atitudes (fazer), embora as carreiras inteligentes proponham um certo ajuste nestas dimensões: saber porquê, saber como e saber com quem. Unidade 2 • Trajetória Profissional59/206 Referências ______. Organização do currículo–plataforma Lattes Curriculum vitae organization–the Lattes software platform. Pesqui Odontol Bras 17.Supl 1 (2003): 18-22. Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/pob/v17s1/a04v17s1.pdf>. Acesso em: 25/08/2016 ATKINSON, R. The Life Story Interview. Vol. 44, London: SAGE Publications, 1998. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos. Ed. Compacta, 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. CLOSS, L. Q.; ROCHA-DE-OLIVEIRA, S. História de Vida e Trajetórias Profissionais: Estudo com Executivos Brasileiros. RAC, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, art. 6, pp. 525-543, jul./ago. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v19n4/1415-6555-rac-19-04-00525.pdf>. Acesso em 20/08/2016. COSTA, L. V. Sucesso na carreira profissional. Desafios da Gestão de Carreira. São Paulo: Atlas, 2013. DIAS, M. F. P. B. Construção e validação de um inventário de competências: contributos para a definição de um perfilde competências do enfermeiro com o grau de licenciado. Porto, 2002. Disponível em: <file:///C:/Users/Daniela/Downloads/90187_W_4_DIA_001_01_P%20(1).pdf>. Acesso em: 27/08/2016. Unidade 2 • Trajetória Profissional60/206 DUTRA, J. S.; VELOSO, E. F. R.; FISCHER, A. L.; NAKATA, L. E. As carreiras inteligentes e sua percepção pelo clima organizacional. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2009, 10(1), pp. 55-70. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbop/v10n1/v10n1a08.pdf>. Acesso em: 25/08/2016. EVANS, P. Carreira, sucesso e qualidade de vida. Revista de Administração de empresas 36.3 (1996): 14-22. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v36n3/a03v36n3.pdf>. Acesso em: 25/08/2016. GOMES, A. A. A construção da identidade profissional do professor: uma análise de egressos do curso de Pedagogia. Mundos sociais: saberes e práticas. 2008. Disponível em: <http://www.aps. pt/vicongresso/pdfs/590.pdf>. Acesso em: 23/08/2016. MOGGI, J.; BURKHARD, D. Assuma a direção de sua carreira: os ciclos que definem o seu futuro profissional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. MOTTA, L. B.; AGUIAR, A. C. Novas competências profissionais em saúde e o envelhecimento populacional brasileiro: integralidade, interdisciplinaridade e intersetorialidade. Ciênc. Saúde Coletiva 12.2 (2007): 363-72. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a12v12n2>. Acesso em: 27/08/2016. Unidade 2 • Trajetória Profissional61/206 PERRENOUD, P. Construir competências é virar as costas aos saberes. Pátio. Revista Pedagógica 11 (1999): 15-19. Disponível em: <http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/29108- 29126-1-PB.pdf>. Acesso em: 27/08/2016. PIRES, A. K., et al. Gestão por competências em organizações de governo. Brasília: ENAP, 2005. Disponível em: <http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/383/livro_gestao_ competencias.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 27/08/2016. ROCHA, J. B. Percepção de sucesso na carreira da mulher executiva brasileira. São Caetano, 2013. Disponível em: <http://repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/328/2/ Dissertacao%20Mestrado%20-%20Jane%20B%20Rocha%20-%20Fev2013.pdf>. Acesso em: 25/08/2016. 62/206 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Trajetória profissional - Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/f98d- 7d122e9f16816ec68dd413b00afe>. Aula 2 - Tema: Trajetória profissional - Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/47211c- fe16b0b88794273ecf7f34c85a>. 63/206 1. Closs e Rocha-de-Oliveira (2015) apontam como a história de vida pode influenciar na trajetória profissional, impactando as escolhas de carreira, através de várias situações e experiências. Seriam elas: a) As relações com a família e com a comunidade em que se está inserido desde a infância; o grau de escolaridade; as primeiras experiências profissionais; a configuração familiar. b) Raça; religião; grau de escolaridade; opção sexual. c) O grau de escolaridade; relações com a família; opção sexual; primeiras experiências profissionais. d) As primeiras experiências profissionais; raça; aptidão para as ciências humanas; configuração familiar. e) Aptidão para as ciências humanas ou para exatas; configuração familiar; religião; sexo. Questão 1 64/206 2. De maneira geral, um currículo deve conter as seguintes informações: Questão 2 I. Identificação pessoal; II. Número dos documentos pessoais; III. Objetivo; IV. Resumo de Qualificações; V. Raça e opção sexual; VI. Experiência Profissional; VII. Formação acadêmica; VIII. Hobbies e lazer; IX. Idiomas; X. Conhecimentos técnicos; XI. Cursos Extracurriculares; XII. Outras informações. A alternativa correta seria: a) I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII e XII; b) I, II, III, V, VI, VII, VIII, IX e X; c) I, III, IV, VI, VII, IX, X, XI e XII; d) II, IV, VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII; e) I, II, IV, V, VI, VII, VIII, IX e X. 65/206 3. Sobre o assunto Realização e Sucesso Profissional, atribua F (falso) ou V (verdadeiro), para cada afirmação abaixo: Questão 3 ( ) A realização profissional está ligada à avaliação subjetiva da trajetória profissional. ( ) O sucesso de uma carreira pode ser mensurado a partir de dois fatores: extrínsecos e intrínsecos. ( ) Na análise do sucesso de uma carreira, é necessário se levar em consideração também a dimensão do desenvolvimento. Indique a sequência correta: a) V, F, V b) F, V, F c) V, V, V d) F, F, F e) V, F, F. 66/206 4. Segundo Perrenoud (1999, apud MOTTA e AGUIAR, 2007), o conceito de competência tem caráter multifacetado, podendo ser apresentado como: Questão 4 a) Capacidade para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes; b) Domínio técnico de um idioma; c) Comportamento ético; d) Capacidade de influência e persuasão; e) Definição detalhada de um plano de carreira. 67/206 5. A partir da proposta de carreira inteligente, Arthur et al. (1995, apud DUTRA et al., 2009) propõem que as competências desenvolvidas pelo indivíduo devem ser similares às exigidas pelas da organização, porém não devem possuir nenhum tipo de relação de subordinação com nenhum empregador. Para os autores, as competências das carreiras inteligentes seriam: Questão 5 a) Sabendo porquê, sabendo onde buscar a informação, sabendo o que fazer; b) Sabendo fazer, sabendo se relacionar, sabendo se gerenciar; c) Sabendo administrar a própria carreira, sabendo liderar equipes, sabendo agir; d) Sabendo fazer, sabendo trazer resultados, sabendo se relacionar; e) Sabendo porquê, sabendo como, sabendo com quem. 68/206 Gabarito 1. Resposta: A. As relações com a família e com a comunidade em que se está inserido desde a infância; o grau de escolaridade; as primeiras experiências profissionais; a configuração familiar. Essas são as experiências de vida que podem impactar a trajetória profissional, segundo os autores. 2. Resposta: C. I, III, IV, VI, VII, IX, X, XI e XII. As informações que devem contar no currículo são: identificação pessoal, objetivo, resumo de qualificações, experiência profissional, formação acadêmica, idiomas, conhecimentos técnicos, cursos extracurriculares e outras Informações. 3. Resposta: C. V, V, V 4. Resposta: A. Capacidade para aplicar habilidades, conhecimentos e atitudes. Para o autor, o conceito de competência pode ser observado na prática, através da aplicação dos conhecimentos, habilidades e atitudes. 5. Resposta: E. Sabendo porquê, sabendo como, sabendo com quem. Para os autores, as competências das carreiras inteligentes centram-se em saber o porquê de realizar as atividades, saber como fazer o trabalho e 69/206 Gabarito saber com quem, ou seja, estabelecer uma rede de relacionamentos efetiva. 70/206 Unidade 3 Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional Objetivos 1. Apresentar os principais conceitos relacionados ao perfil pessoal e profissional, objetivos de carreira e aspectos comportamentais atrelados à carreira; 2. Apresentar importantes aspectos da personalidade e como estes influenciam as escolhas profissionais; 3. Discutir os comportamentos relacionados à Inteligência Emocional, que propiciam ao indivíduo maior probabilidade de sucesso. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional71/206 1. Introdução Segundo Soares (2002), vários fatores influenciam na escolha profissional e, consequentemente, na definição dos objetivos de carreira. Seriam eles: 1. Fatores Políticos – como o país entende, valoriza e faz políticas para a educação; 2. Fatores Econômicos – relacionados ao mercado, às oportunidadesde emprego, à globalização, às dificuldades de ser empregável; 3. Fatores Sociais – existência e predominância de estruturas sociais, divisão de classes, busca de progresso social através da escolarização; 4. Fatores Familiares – busca de atender às expectativas da família, ao invés das próprias. 5. Fatores Psicológicos – compostos pelas motivações, interesses, habilidades e competências pessoais. Neste tema focaremos, principalmente, nos fatores psicológicos e como estes impactam a trajetória profissional, ou seja, as escolhas de carreira. 1.1 Perfil pessoal e profissional Vamos encontrar mais comumente na literatura científica o termo Personalidade. Aqui consideraremos perfil pessoal ou psicológico como sinônimo de personalidade, ou perfil de personalidade. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional72/206 Segundo Davidoff (1993, apud MELO, 2008, p. 48), a personalidade é constituída por padrões constantes e duradouros de: “perceber, pensar, sentir e comportar- se, os quais parecem dar às pessoas identidades separadas”. Link Personalidade. Quando tentamos descrever a personalidade de alguém, utilizamos vários adjetivos na nossa língua que descrevem as pessoas. Esses adjetivos ajudam os psicólogos a entender a estrutura da personalidade humana. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=ZVSTxSnKUzU>. Acesso em: 03/09/2016. Estendendo o conceito de perfil pessoal para perfil profissional, este pode ser entendido como o conjunto de características relacionadas à carreira profissional, como modo de pensar, de sentir, de agir, os comportamentos em geral que fazem com que o indivíduo seja único profissionalmente. Personalidade e carreira caminham sempre juntas. Segundo Swanson e D’Achiardi (2004, apud OURIQUE, 2010), a personalidade desempenha um papel muito importante nas escolhas e na trajetória profissional, uma vez que o perfil pessoal influencia a maneira como o indivíduo administra os diversos acontecimentos ao longo da sua vida. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional73/206 1.1.1 Investigando a Personalidade Nesta disciplina utilizaremos o enfoque da Psicologia Positiva, para servir de embasamento para o aumento do autoconhecimento. A Psicologia Positiva é um campo de estudos da Psicologia, fundada em 1997, por Martin Selligman e Mihaly Csikszentmihalyi, com o propósito de estudar cientificamente os aspectos positivos da vida das pessoas. A Psicologia Positiva nasce com as missões de: trazer cura para as doenças psíquicas, proporcionar uma maior satisfação de vida, identificar e nutrir talentos mais excelentes. A Psicologia Positiva tem a proposta de estudar as qualidades e virtudes, cultivando o que o ser humano tem de melhor (KAMEI, 2014). Para saber mais Flávio Gikovate apresenta de uma forma simples e esclarecedora o que é Psicologia Positiva. Traça um histórico do nascimento da psicologia e da psiquiatria, por necessidade de se compreender a natureza da doença psiquiátrica, o que classifica como psicologia e psiquiatria negativa. Já a Psicologia Positiva nasce da preocupação com a saúde, aprimoramento da qualidade de vida, melhoria dos relacionamentos, felicidade, florescimento. <https://www.youtube.com/ watch?v=bSVKXrWHAK4> Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional74/206 Através de um inventário de Forças e Virtudes – VIA (Virtues in Action), é possível a identificação das forças de assinatura. As forças de assinatura variam de pessoa para pessoa e são compostas pelas primeiras cinco forças que aparecem no resultado do inventário. Essas cinco forças, se utilizadas com frequência na atividade profissional, irão proporcionar emoções positivas, engajamento, sentido, sucesso, felicidade e bem-estar. Link Preencha o inventário – VIA. Responda as 120 afirmações da forma mais sincera possível e não interrompa o preenchimento do inventário. Disponível em: <www.viame.org>. 1.2 Objetivos de Carreira Segundo Greenhaus, Callanan e Godshalk (2009), os objetivos de carreira, ou objetivos profissionais, são definidos a partir de um cenário futuro, que se deseja alcançar. São os objetivos profissionais que nortearão as ações que serão incluídas no planejamento de carreira. Para os autores, os objetivos de carreira têm maior sentido se fizerem parte de um plano de carreira, caso contrário não terão força suficiente para inspirar e motivar o indivíduo. Cabe ao indivíduo o estabelecimento de metas de carreira e o desenvolvimento de um plano efetivo para alcançá-las. (OURIQUE, 2010) Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional75/206 1.3 Aspectos comportamentais atrelados à carreira Marko e Savickas (1998, apud OURIQUE, 2010) afirmam que o planejamento de carreira pode ser entendido como uma jornada que estimule o indivíduo a buscar Link Seis objetivos de carreira para ser bem-sucedido. O texto apresenta seis objetivos, com o propósito de melhorar a imagem, relacionamentos e performance do profissional. Disponível em: <http://noticias.universia.com.br/destaque/ noticia/2012/12/19/989770/6-objetivos- carreira-ser-bem-sucedido-em-2013. html#>. Acesso em: 03/09/2016. um maior autoconhecimento. É relevante que a importância do autoconhecimento seja entendida como uma mudança nos aspectos comportamentais atrelados à carreira. Para Sarriera, Rocha e Pizzinato (2004, apud OURIQUE, 2010), o mercado de trabalho está demandando profissionais que busquem constantemente o autodesenvolvimento técnico, bem como o relacionado às competências comportamentais. Os autores ressaltam que os comportamentos ou competências muito valorizadas e priorizadas pelo mercado de trabalho são: flexibilidade e autonomia. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional76/206 Quando se fala em aspectos comportamentais atrelados à carreira, se faz necessário trazer à discussão o conceito de Inteligência Emocional – EI, largamente divulgado por Daniel Goleman. Goleman (2012, p. 9) utiliza o conceito de Inteligência Emocional para “sintetizar uma ampla gama de descobertas científicas, unindo ramos diferentes de pesquisa (...), que explora como as emoções são reguladas pelo cérebro”. Goleman (2012) ainda esclarece que a Inteligência Emocional se sobrepõe ao QI (Quociente Intelectual), em áreas profissionais em que a capacidade intelectual é menos significativa para o sucesso. Para saber mais Cada vez mais o comportamento é fundamental no ambiente de trabalho. Os profissionais são contratados por suas competências técnicas, porém são demitidos pelos seus comportamentos. É muito importante o autoconhecimento, para poder identificar como você está se comportando no ambiente profissional, bem como escuta atenta a feedbacks em geral. <https://www.youtube.com/watch?v=s_ cs9exRuxI> <http://www.jrmcoaching.com.br/blog/ postura-e-comportamento-empresarial/> Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional77/206 Para Goleman (2012), “as habilidades do QE (Quociente Emocional) – e não o QI ou aptidões técnicas – emergem como a competência discriminatória, que prevê da melhor forma quem dentre um grupo de pessoas muito inteligentes será o líder mais hábil”. (p. 14) Segundo Silva (2011), a Inteligência Emocional reúne diversas competências que permitem ao indivíduo lidar de maneira efetiva com a realidade que se apresenta, de modo a emitir respostas ajustadas às situações. Para o autor, o uso dessas habilidades também melhora a autoestima e a segurança do indivíduo. Salovey e Mayer (1990, apud GOLEMAN, 2012) expandemas aptidões ou a Inteligência Emocional, em cinco dimensões: 1. Conhecimento das próprias emoções ou autoconsciência – habilidade de identificar um sentimento, no momento em que ele ocorre. É uma habilidade fundamental para a compreensão emocional e, consequentemente, para o autoentendimento. 2. Administração dos sentimentos – esta habilidade é desenvolvida a partir da autoconsciência. Trata da capacidade de confortar-se, diminuir a própria ansiedade, tristeza ou irritabilidade. 3. Automotivação – colocar as próprias emoções para trabalhar a favor de um objetivo. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional78/206 4. Reconhecimento das emoções nas outras pessoas – fundamentada no comportamento empático, que possibilita a criação da sintonia com outras pessoas. 5. Administração de relacionamentos – está vinculada à habilidade anterior, de reconhecer a emoção nos outros. Esta competência leva o indivíduo a ser bem-sucedido em qualquer atividade que envolva a interação com outros. Bar-On (2006) complementa dizendo que ser emocional e socialmente inteligente significa entender a si mesmo e conseguir se expressar efetivamente, compreender e se relacionar bem com outras pessoas, e conseguir dar conta das demandas, pressões e desafios do dia a dia, com sucesso. Para Bar-On (2006), em última instância, desenvolver as competências emocionais e sociais possibilita ao indivíduo uma forma efetiva de gerenciar sua própria vida, bem como outras pessoas e o ambiente. Para saber mais Inteligência, além da lógica, é emoção. A boa notícia é que o QE (quociente emocional) pode ser desenvolvido. O fascinante e convincente livro ‘Inteligência Emocional’, de Daniel Goleman, revela que a nossa visão sobre este assunto ainda é muito estreita. <https://www.youtube.com/ watch?v=gBETozHqeEs> Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional79/206 Glossário Processo Diretivo: processo que dirige uma atividade, que dá orientação para a realização de uma tarefa. Diagnóstico: conhecimento sobre algo, a partir de um exame; descrição minuciosa de algum evento. Prognóstico: previsão de como determinada situação, característica, perfil, vai se comportar no futuro. Provável desenvolvimento futuro de um processo. Provas Psicométricas: podem ser chamados também de Testes Psicométricos. São instrumentos validados cientificamente e que são utilizados para mensuração de algo, relativo à personalidade ou à QI. Mensuração de uma característica ou fator, utilizando métodos quantitativos, matemáticos e estatísticos. Autoconsciência: habilidade de reflexão sobre si mesmo, sobre sua condição e seus processos. Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional80/206 Glossário Quociente Intelectual (QI): fator que mede a inteligência das pessoas com base nos resultados de testes específicos. O QI mede o desempenho cognitivo de um indivíduo comparando a pessoas do mesmo grupo etário. Questão reflexão ? para 81/206 Neste tema você pôde entender um pouco mais sobre perfil pessoal, ou seja, personalidade. Pelo prisma da Psicologia Positiva, vamos refletir sobre suas forças pessoais. Complete o inventário VIA (www. viame.org) e, em uma folha de papel, escreva suas cinco primeiras forças (forças de assinatura). Depois, escreva uma situação em que você tenha se sentido engajado, motivado, realizado, e identifique quais das forças de assinatura foram utilizadas nesta situação específica. Pode ser uma situação em que você tenha utilizado uma ou mais das suas forças de assinatura. Questão reflexão ? para 82/206 Finalmente, elabore um plano de ação prático, considerando ações possíveis de serem realizadas, para cada força, que permitirão que você as utilize mais frequentemente no seu dia a dia. 83/206 Considerações Finais (1/2) • Os fatores psicológicos influenciam muito os rumos da carreira: escolhas, trajetória, projetos desenvolvidos; • Perfil psicológico pode ser traduzido por personalidade. Na Psicologia existem várias linhas que explicam o desenvolvimento e o funcionamento da personalidade. • A Psicologia Positiva é um dos campos de estudo da Psicologia, que busca estudar cientificamente os potenciais e forças do ser humano, bem como os fatores de felicidade, bem-estar e florescimento. • Os aspectos comportamentais atrelados à carreira são fundamentais e predizem o sucesso do indivíduo em sua trajetória profissional. 84/206 • A Inteligência Emocional é um conceito que vem despontando como indicativo de sucesso na carreira profissional. A Inteligência Emocional reúne várias competências, que são traduzidas em comportamentos: autoconsciência; administração de sentimentos; automotivação; reconhecimento das emoções nas outras pessoas; administração de relacionamentos. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Fatores Psicológicos e a Trajetória Profissional85/206 Referências _____. Infopédia. Dicionários Porto Editora. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/ dicionarios/lingua-portuguesa/perfil>. Acesso em: 01/09/2016. _____. O que é Perfil? O que é? Disponível em: <http://oquee.com/perfil/>. Acesso em: 01/09/2016. _____. Significado de Objetivo - O que é, Conceito e Definição. Disponível em: <www. significados.com.br/objetivo/>. Acesso em: 31/08/2016. _____. Significado de Perfil. Dicionário Online de Português. Disponível em: http://www.dicio. com.br/perfil/. Acesso em: 01/09/2016. BAR-ON, R. The Bar-On model of emotional-social intelligence (ESI) 1. Psicothema 18.Suplemento (2006): 13-25. 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Autoeficácia e personalidade no planejamento de carreira de universitários. Porto Alegre: 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/27840/000766543.pdf?sequence=1>. Acesso em: 01/09/2016. SILVA, C. A. da. Estudo de competências emocionais e sua correlação com o auto-conceito. Diss. [sn], Porto: 2011. Disponível em: <http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2410/3/DM_6118.pdf>. Acesso em: 03/09/2016. SOARES, D. H. P. A escolha profissional. Grupo Editorial Summus, 2002. SPARTA, M. O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 2003, 4 (1/2), pp. 1-11. 87/206 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Fatores psicológicos e a trajetória profissional - Bloco I Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/ embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/09ca1e- 0960dc8cbe744db7bfdeb2400a>. Aula 3 - Tema: Fatores psicológicos e a trajetória profissional - Bloco II Disponível em: <fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/7be49319c2cd91877743d8bd172993c1>. 88/206 1. Segundo Soares (2002), vários fatores influenciam na escolha profissional