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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LÉIA MENNA BARRETO DE AZEVEDO SILVEIRA DEPRESSÃO: UM ENFOQUE GENÉTICO CAMPINAS 2018 2 LÉIA MENNA BARRETO DE AZEVEDO SILVEIRA DEPRESSÃO: UM ENFOQUE GENÉTICO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas, Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Orientador: Prof. Dr. Edmilson Ricardo Gonçalves. PUC–CAMPINAS 2018 3 4 AGRADECIMENTOS A esta universidade, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sеυ corpo docente, direção е administração pela oportunidade de realizar este curso, com a certeza do mérito е ética aqui presentes. Ao meu orientador, Prof. Dr. Edmilson Ricardo Gonçalves, pela orientação, apoio, confiança. A todos os professores por me proporcionar о conhecimento, não apenas racional, mas também a construção do caráter е afetividade da educação no processo da minha formação profissional. Agradeço pelo tanto que se dedicaram а mim, não somente por terem mе ensinado, mas também por terem mе feito aprender. Aos meus pais, Célia e Abelardo, pelo incentivo incondicional, apoio, amor e dedicação. A todos os meus familiares por sempre estarem comigo. Aos meus amigos, companheiros de trabalhos e irmãos de amizade que fizeram parte da minha formação e que continuarão presentes em minha vida. A todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. 5 RESUMO SILVEIRA, Léia Menna Barreto de Azevedo. Depressão: um enfoque genético. 47 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Ciências Biológicas, Centro de Ciências da Vida, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2018. A depressão é um transtorno de ordem afetiva que atinge mais de 300 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), necessitando de atenção uma vez que, até 2030, os distúrbios depressivos estão projetados para serem os primeiros entre os transtornos que contribuem para o fardo global da doença. O transtorno depressivo maior ou distúrbio depressivo maior é um dos tipos existentes da depressão sendo caracterizado quando o humor deprimido, a perda de interesse ou o prazer nas atividades diárias, está presente por mais de duas semanas, e cinco ou mais sintomas (incluindo baixo humor e perda de interesse) ocorrem quase todos os dias. As causas da depressão são diversas, podendo estar relacionadas com pré-disposição genética, doenças, mudanças hormonais, efeitos colaterais de remédios, fatores estressantes e alteração da microbiota. A depressão pode também ser caracterizada como resultado de alterações bioquímicas do cérebro, causada, principalmente, pelo baixo nível de serotonina, que é o neurotransmissor principal responsável pelo humor equilibrado e pela sensação de bem-estar dos indivíduos. Apesar da evidência convincente de uma contribuição genética para a susceptibilidade ao desenvolvimento da doença, poucas confirmações de fatores genéticos foram publicadas até o momento. Desta forma, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão bibliográfica sobre os aspectos genéticos que estão envolvidos no desenvolvimento da depressão maior. Para tal, foi realizado um levantamento de literatura com base em uma busca de artigos científicos que tenham relação com o assunto a ser descrito, onde as informações encontradas e consideradas pertinentes e importantes foram reunidas compondo o atual projeto. Através da realização deste trabalho foi possível concluir que a depressão, apesar de ser considerada uma doença da atualidade, já teve alguns de seus sintomas característicos descritos desde o século I a.C. Existe uma grande influência da microbiota intestinal sobre o desenvolvimento do quadro depressivo e os neurotransmissores mais influentes relacionados a depressão são a serotonina, noradrenalina e a dopamina, sendo que o polimorfismo no gene transportador de serotonina é o foco principal dos estudos atuais, ofuscando os resultados obtidos em estudos com a noradrenalina e a dopamina. Além disso, as alterações ambientais também estão sendo consideradas como influentes importantes no desenvolvimento do quadro depressivo, uma vez que causam alterações a nível cerebral através de modificações epigenéticas. Palavras-Chave: Epigenética. Transtorno depressivo maior. Polimorfismo. Microbiota. Neurotransmissores. 6 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 7 2. OBJETIVOS .......................................................................... 12 3. METODOLOGIA .................................................................... 14 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................. 16 4.1 Aspectos Gerais da Depressão ......................................................... 17 4.2 Diagnóstico ....................................................................................... 19 4.3 Neurotransmissores .......................................................................... 20 4.4 Associação entre depressão e a microbiota intestinal .......................... 23 4.5 Serotonina ........................................................................................ 24 4.6 Noradrenalina ................................................................................... 27 4.7 Dopamina ......................................................................................... 28 4.8 Depressão e epigenética ................................................................... 29 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 32 6. ANEXOS ............................................................................... 35 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................... 38 7 1. INTRODUÇÃO 8 A depressão é um distúrbio afetivo, reconhecido como uma síndrome clínica há mais de 2 mil anos, que atinge mais de 300 milhões de pessoas do mundo todo e de todas as idades, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Até o ano 2030, os distúrbios depressivos estão projetados para serem os primeiros entre os transtornos que contribuem para o fardo global da doença (HABERSTICK; BOARDMAN; WAGNER et al., 2016). Esta doença constitui um dos mais comuns transtornos mentais conhecidos na atualidade, e é uma das principais causas de mortalidade e morbidade no mundo (SANTOS, 2016). A depressão é uma doença que afeta negativamente a capacidade funcional do doente, sendo que dificilmente o indivíduo consegue recuperar esta capacidade funcional, mesmo após aparentar recuperação clínica, tornando-se, assim, importante a pesquisa de estratégias que tenham como finalidade a melhoria do comportamento psicossocial do doente e, consequentemente, evitar a evolução da doença (BROWN et al., 2007; COWEN & SHERWOOD, 2013; HIRSCHFELD et al., 2002 apud SANTOS, 2016). Ainda que esta síndrome acompanhe a humanidade ao longo da história, até hoje não foi encontrada uma explicação plenamente satisfatória de suas características intrigantes e paradoxais (BECK; ALFRORD, 2011). A primeira descrição clínica da melancolia, condição que hoje é rotulada de depressão, foi feitapor Hipócrates, no século IV a.C que definia um indivíduo melancólico como sendo aquele que apresentava humor perturbado e comportamento autodepreciativo, assemelhando-se com a tristeza. Hoje em dia sabe-se que existe uma grande diferença entre tristeza e depressão. A tristeza pode ser desencadeada por algum fato do cotidiano, onde a pessoa sofre com aquilo até assimilar o que está acontecendo, não durando mais do que quinze a vinte dias. Já a depressão se instala e, se não for tratada, pode piorar e passar por três estágios: leve, moderada e grave. Os sintomas da depressão são definidos como sendo: alteração específica no humor (tristeza, solidão, apatia), autoconceito negativo associado a auto recriminação e autoacusações, desejos regressivos e autopunitivos (fugir, esconder-se ou morrer), alterações vegetativas (anorexia, insônia, perda de libido) e alterações no nível de atividade (retardo psicomotor ou agitações) (BECK; ALFRORD, 2011). Os sintomas característicos deste distúrbio assemelham-se muito com o descrito 9 para a melancolia no século IV a.C sendo poucas as síndromes psiquiátricas que têm descrições clínicas tão constantes ao longo de sucessivas épocas da história. A depressão maior (transtorno depressivo maior) ou Distúrbio Depressivo Maior (DDM) é uma desordem complexa e heterogênea com um curso altamente variável (HABERSTICK; BOARDMAN; WAGNER et al., 2016). Atualmente, o Transtorno Depressivo Maior (TDM) é diagnosticado quando o humor deprimido, a perda de interesse ou o prazer nas atividades diárias, está presente por mais de duas semanas, e cinco ou mais sintomas (incluindo baixo humor e perda de interesse) ocorrem quase todos os dias (FLINT; KENDLER, 2014). O TDM é um dos principais contribuintes para a carga global de doenças (ZHANG; MELLOR; PENG, 2017). Eventos estressantes da vida (Stressing Life Events - SLE) são as exposições documentadas mais consistentes entre aqueles com depressão. Estes eventos estressantes podem incluir, mas não estão limitados a: desemprego, problemas de saúde agudos ou significativos, dificuldades financeiras inesperadas ou persistentes e problemas de relacionamento (HABERSTICK; BOARDMAN; WAGNER et al., 2016) sendo, portanto, fatores externos que contribuem para o desenvolvimento da doença. Embora a natureza, o tipo e o momento dos eventos estressantes da vida sejam implicados como fontes de variabilidade no desenvolvimento da depressão, estão envolvidos também fatores biológicos e genéticos, como a pré-disposições e o funcionamento serotoninérgico (HABERSTICK; BOARDMAN; WAGNER et al., 2016). Sendo assim, fatores genéticos podem estimular ou mesmo causar transtornos do humor, como ansiedade e ou depressão (LACERDA-PINHEIRO; PINHEIRO JUNIOR; DE LIMA et al., 2014). As causas biológicas da depressão incluem mudanças ocorridas no funcionamento cerebral, principalmente no aspecto bioquímico. Em condições normais, o cérebro é responsável pelo comando de todos os nossos movimentos, comportamento, emoções e de funções vitais como respiração, digestão e circulação. As células responsáveis por todas essas ações são denominadas neurônios, que dependem de substâncias específicas, os neurotransmissores. Estas substâncias são responsáveis, portanto, pela transmissão de mensagens 10 entre os neurônios através da fenda sináptica. Estima-se que existam centenas de tipos de neurotransmissores no cérebro humano, e entre esses existem três que apresentam relação com o funcionamento cerebral na depressão: noradrenalina, dopamina e serotonina, sendo que o sistema serotoninérgico é um forte candidato genético para o desenvolvimento da depressão maior e suicídio (GILLESPIE; WHITFIELD; WILLIAMS et al., 2004). O sistema serotoninérgico inclui a síntese da serotonina, através do triptofano, pelas células enterocromafins no trato gastrointestinal e pelos neurônios serotoninérgicos no sistema nervoso central e seu transporte. Neurotransmissores são substâncias produzidas por neurônios, que são liberadas quando o axônio de um neurônio pré-sináptico é excitado. Estas substâncias, então viajam pela sinapse até a célula alvo, inibindo-a ou excitando- a. A disfunção na quantidade produzida e utilizada de neurotransmissores está intimamente ligada à depressão (ANDRADE et al., 2003). O sistema serotoninérgico é o principal alvo dos tratamentos farmacológicos atuais. Pesquisas recentes demonstraram que a serotonina (5-HT) não atua diretamente no humor, mas sim no enviesamento negativo do processamento de informação emocional, que predispõe o indivíduo a sofrer de depressão. Foi descoberta ainda uma associação entre a inflamação periférica e a indução da enzima que metaboliza o precursor da 5-HT e também o envolvimento da amígdala e da microbiota na depressão (SANTOS, 2016). O termo epigenética origina-se do prefixo grego epi, que significa “acima” ou “sobre algo” e estuda as mudanças, herdadas ou não, nas funções dos genes, mas que não alteram as sequências de bases nucleotídicas da molécula de DNA (MULLER; PRADO, 2008). A epigenética desponta como uma nova fronteira a ser alcançada e transposta no cenário médico-científico. A compreensão dos mecanismos envolvidos no silenciamento e ativação de genes, além daqueles conhecidos pela genética molecular, permite a criação de modelos para tratamento de doenças (MULLER; PRADO, 2008). O estresse crônico e o excesso de compostos químicos deletérios acumulados no organismo podem causar alterações na estrutura das histonas associadas ao DNA e, assim, interferir no padrão de expressão dos genes, denominados de efeitos epigenéticos (CONNORS, 2010). Muitas dessas alterações epigenéticas 11 diminuem a produção de proteínas captadoras de serotonina, dessa forma a adrenalina se acumula entre as sinapses, causando os sintomas da depressão. Além disso, para a depressão, a deficiência de vitamina B6 tem sido identificada como um fator importante. Esta vitamina tem um papel importante relacionado com a produção do neurotransmissor serotonina, desta forma, com a deficiência de vitamina B6, haverá baixos níveis de serotonina e, consequentemente, o possível desenvolvimento da depressão (CONNORS, 2010). Apesar da evidência convincente de uma contribuição genética para a susceptibilidade à doença, poucas confirmações de fatores genéticos foram publicadas até o momento. No entanto, existe uma quantidade impressionante de literatura relevante (FLINT; KENDLER, 2014). Uma metanálise de estudos da epidemiologia genética do Transtorno Depressivo Maior (TDM) sugeriu que tanto os genes quanto o ambiente contribuem para a suscetibilidade à doença. Contudo, enquanto a herdabilidade do TDM é de até 37%, seis estudos de genes candidatos falharam em produzir evidências relacionadas a qualquer gene particular. Esse resultado é consistente com a sugestão de que os genes candidatos exercem pequenos efeitos biológicos sobre a suscetibilidade ao TDM; em vez disso, os efeitos conjuntos de numerosos genes podem gerar efeitos relativamente grandes (ZHANG; MELLOR; PENG, 2017). A análise genética permite a identificação de variantes de risco e, assim, aumenta a nossa compreensão de como o Transtorno Depressivo Maior surge, podendo levar a uma melhor prevenção e o desenvolvimento de novas e mais eficazes terapias (FLINT; KENDLER, 2014), porém a análise genética da TDM recentemente foi reconhecida como um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores da saúde (COLLINS et al., 2011). Portanto, diante da importância em aumentar a compreensão sobre a análise genética na identificação do Transtorno Depressivo maior e da dificuldadeencontrada em estabelecer uma relação entre a depressão e a genética por se tratar de um grande desafio para os profissionais da área, justifica-se o presente estudo. 12 2. OBJETIVOS 13 O objetivo do presente estudo foi realizar levantamento bibliográfico sobre os aspectos genéticos envolvidos no desenvolvimento da depressão e de um os seus tipos, o Transtorno Depressivo Maior, assim como seus sintomas. 14 3. METODOLOGIA 15 O presente estudo se trata de uma revisão de literatura, onde foi efetuado levantamento bibliográfico e, com base em dados científicos, foi possível investigar a influência genética envolvida no desenvolvimento da depressão. Além das literaturas disponíveis na biblioteca da PUC-Campinas Campus II, foram utilizadas as bases de dados virtuais SciELo, Pubmed, Capes e Google Acadêmico. Utilizaram-se as palavras-chaves, a seguir, nas buscas dos artigos científicos: epigenética, transtorno depressivo maior, polimorfismo, microbiota e neurotransmissores. Primeiramente realizou-se uma busca de artigos que apresentaram relação com o assunto a ser descrito. Posteriormente, foi feita uma leitura crítica e as informações consideradas mais importantes para o trabalho foram selecionadas e reunidas resultando no atual projeto. Por fim, as considerações finais foram feitas com base no estudo realizado durante o levantamento bibliográfico. 16 4. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO 17 4.1 Aspectos gerais da depressão A depressão constitui um dos mais comuns transtornos mentais conhecidos na atualidade, e é uma das principais causas de mortalidade e morbidade no mundo (SANTOS, 2016). Apesar de o termo depressão estar sendo muito utilizado através dos meios científicos e meios de comunicações leigos como sendo uma doença da atualidade, sabe-se que a partir do século I a.C o quadro depressivo já era descrito num contexto muito similar do que é caracterizado atualmente como doença (RODRIGUES, 2015). A depressão é uma desordem complexa e heterogênea, com um curso altamente variável (HABERSTICK; BOARDMAN; WAGNER et al., 2016), e, segundo a neurociência, pode também ser caracterizada como uma desordem do funcionamento cerebral (RODRIGUES, 2015). Estudos demonstram que 18,4% dos brasileiros apresentam pelo menos um episódio depressivo na vida, fazendo do Brasil o terceiro colocado entre os países com o maior número de pessoas que sofrem com depressão no mundo, ficando atrás da França (21%) e dos Estados Unidos (19,2%) (GUIMARÃES; FALCÃO, 2012 apud MONTEIRO, 2016). Segundo Fennel (1997), a depressão pode também ser caracterizada como resultado de alterações bioquímicas do cérebro, causada, principalmente, pelo baixo nível de serotonina, que é o neurotransmissor principal responsável pelo humor equilibrado e pela sensação de bem-estar dos indivíduos. Os sintomas da depressão são definidos, atualmente, como sendo: alteração específica no humor (tristeza, solidão, apatia), autoconceito negativo associado a auto recriminação e autoacusações, desejos regressivos e autopunitivos (fugir, esconder-se ou morrer), alterações vegetativas (anorexia, insônia, perda de libido) e alterações no nível de atividade (retardo psicomotor ou agitações) (BECK; ALFRORD, 2011). Segundo Stahl (1998), a depressão é uma emoção universal, ou seja, já foi, ou ainda será vivenciada por todas as pessoas em algum período de suas vidas. A desinformação sobre esta doença em nossa cultura nos dias atuais cria conceitos populares equivocados que são disseminados criando a ideia de que uma doença mental, como a depressão, não é doença, mas sim deficiência de caráter que pode ser superada através do esforço. 18 O transtorno depressivo maior (TDM) é um dos tipos de depressão diagnosticado quando o humor deprimido, a perda de interesse ou o prazer nas atividades diárias estão presentes por mais de duas semanas e cinco ou mais sintomas ocorrem quase todos os dias (FLINT; KENDLER, 2014). Além disso, mudanças no apetite ou peso, sono e atividades psicomotoras, diminuição da energia, sentimento de desvalia ou culpa, dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, pensamentos sobre morte e pensamentos suicidas incluindo planos ou tentativas de suicídio, são sintomas adicionais relevantes para caracterizar o transtorno (ALMADA; BORGES; MACHADO, 2014). Atualmente a depressão lidera todas as causas que levam às incapacidades funcionais e sociais em países de renda média e alta (KESSLER et al, 2009; MUNHOZ, 2012 apud RODRIGUES, 2015) e, a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que cerca de 151 milhões de pessoas tenham suas atividades diárias comprometidas, assim como sua saúde geral, em decorrência da depressão (PRINCE et al., 2007). A depressão é um indicador de prognóstico negativo em patologias como AVC, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II. Além disso, quando a depressão está associada a patologias crônicas existe um aumento do risco de suicídio, na medida em que os comportamentos psicossociais característicos da depressão (diminuição da aderência ao tratamento, negligência na alimentação e sono, diminuição da atividade física e comportamentos pouco saudáveis) se manifestam (SANTOS, 2016). Contudo, independentemente da existência ou não de uma doença crônica associada, a depressão está relacionada a vários casos de suicídio, sendo que há registos de cerca de um milhão por ano, ou seja, cerca de 3000 suicídios por dia associados a esta doença (MARCUS et al., 2012). Foi no final da década de 50 que os primeiros fármacos antidepressivos foram descobertos, o que influenciou grandes mudanças em relação ao entendimento da depressão, pois ela passou a ser considerada uma doença passível de tratamento como qualquer outra (SILVA, 2011 apud MONTEIRO, 2016). Embora as causas ainda não estarem completamente conhecidas, muitas teorias têm sido propostas para tentar explicar o 19 desenvolvimento da depressão, incluindo uma interação de diferentes fatores biológicos, sociais e psicológicos (CANALE; FURLAN, 2006). Considerando a base biológica da depressão, as principais teorias situam-se nos estudos sobre neurotransmissores cerebrais, bem como seus receptores (BAHLS, 1999). 4.2 Diagnóstico O diagnóstico da depressão é feito, geralmente, por um médico psiquiatra ou por um psicólogo, sendo que os critérios utilizados para compor este diagnóstico podem variar (MONTEIRO, 2016). Para facilitar a comunicação entre os profissionais envolvidos, a Conferência Internacional de Doenças feita pela Organização Mundial da Saúde, em sua décima versão, (CID-10), elaborou um sistema padrão de diagnóstico (Tabela 1) em caso de pacientes com suspeita de depressão (MONTEIRO, 2016). Este sistema analisa a presença dos sintomas considerados fundamentais e os que são considerados acessórios que, quando em conjunto no indivíduo, determinam o tipo de episódio depressivo que está sendo manifestado (FLECK et al., 2009 apud MONTEIRO, 2016). Tabela 1. Sistema padrão de diagnóstico de quadro depressivo segundo a CID- 10. SintomasFundamentais 1. Humor deprimido 2. Perda de interesse 3. Fatigabilidade Sintomas acessórios 1. Concentração e atenção reduzidas 2. Autoestima e autoconfiança reduzidas 3. Ideias de culpa e inutilidade 4. Visões desoladas e pessimistas do futuro 5. Sono perturbado 6. Apetite diminuído *Episódio leve: 2 fundamentais + 2 sintomas acessórios Episódio moderado: 2 fundamentais + 3 a 4 sintomas acessórios Episódio grave: 3 sintomas fundamentais + >4 acessórios Fonte: Fleck et al. (2009). 20 A Classificação Internacional das Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde, em sua décima revisão, a CID-10, aprovada em maio de 1990, apresenta os transtornos do humor. Os episódios depressivos são classificados de acordo com as regras descritas no subitem F32. O episódio depressivo pode ser classificado, levando em consideração a intensidade, como: leve, moderado ou grave. Os episódios leves e moderados podem ser classificados de acordo com a presença ou ausência de sintomas somáticos. Os episódios depressivos graves são subdivididos de acordo com a presença ou ausência de sintomas psicóticos. Apesar de este sistema padrão criado pela CID-10 ser o utilizado para o diagnóstico da depressão, este não deve ser fechado, ou seja, não deve levar em consideração somente os aspectos listados, sendo que este padrão foi criado apenas a fim de facilitar a comunicação entre os profissionais envolvidos no diagnóstico uma vez que o transtorno depressivo é, geralmente, muito complexo (MONTEIRO, 2016). 4.3 Neurotransmissores: O sistema nervoso, em conjunto com o sistema endócrino, é responsável por controlar a maioria das funções do organismo. As principais células que compõem o sistema nervoso recebem o nome de neurônios. Do corpo de cada neurônio saem diversos prolongamentos que são chamados dendritos e o axônio. Estes prolongamentos funcionam como se fossem fios que carregam os impulsos nervosos captados pela visão, olfato, paladar, audição e tato. Dessa forma, o neurônio, ao receber um determinado impulso, pode transmitir um estimulo excitatório ou inibitório a outro neurônio localizado a distância (Figura 1). Esta comunicação de neurônio a neurônio não ocorre na proporção de 1 para 1, pelo contrário, muitas vezes um único neurônio pode enviar impulsos nervosos a muitos outros, por meio das diversas ramificações finais e de seu axônio (ANDRADE; SILVA; MOREIRA et al., 2003). 21 Figura 1. Estrutura da célula nervosa (neurônio), demonstrando onde ocorre a sinapse sendo possível observar o sentido da propagação do impulso nervoso Fonte: Borges (2015). Os impulsos nervosos passam de um neurônio para outro através do axônio, mas, para isso, devem vencer um espaço existente entre eles denominado de fenda sináptica, sendo que esta função de passar e receber o estímulo recebe o nome de sinapse. Para que os impulsos nervosos possam vencer esse espaço, o primeiro neurônio, através dos impulsos que chegam a sua terminação, liberam sustâncias químicas que estimulam ou inibem o neurônio seguinte. Essas substâncias químicas, sintetizadas e liberadas pelos neurônios, recebem o nome de neurotransmissores, os quais tem um papel fundamental no sistema nervoso (ANDRADE; SILVA; MOREIRA et al., 2003) sendo que a disfunção na quantidade produzida e utilizada de neurotransmissores está intimamente ligada à depressão (ANDRADE; SILVA; MOREIRA et al.,2003). Monoaminas são substâncias bioquímicas derivadas de aminoácidos através do processo de descarboxilação. As monoaminas estão envolvidas na principal hipótese que relaciona os neurotransmissores e a depressão, e subdividem-se em: catecolaminas (dopamina (DA) e noradrenalina (NE)), e indolamina (serotonina (5HT)). A hipótese das monoaminas baseia-se na deficiência das aminas biogênicas (particularmente NE, DA e 5HT) como causa da depressão. A primeira hipótese aminérgica foi proposta por Schildraut (1965) e Bunney e Davis (1965) sendo denominada de hipótese catecolaminérgica uma vez que propunha que a depressão estava associada a um déficit das catecolaminas, principalmente a NE (BAHLS, 1999). Posteriormente, a hipótese serotonérgica surgiu, proposta por Van Praag e Korf (1971), levando a um grande avanço uma vez que proporcionou o desenvolvimento da classe de 22 antidepressivos chamados de Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) (BAHLS, 1999). A hipótese dopaminérgica proposta por Wilnner (1990) trata da implicação da DA nos fenômenos de recompensa cerebral. A hipótese das monoaminas derivou-se inicialmente da compreensão advinda do conhecimento sobre o mecanismo de ação dos primeiros antidepressivos (tricíclicos e inibidores da monoaminoxidase – IMAO) que aumentam as concentrações de monoaminas nas fendas sinápticas cerebrais (GRAEFF; BRANDAO, 1993; LEONARD, 1997; STAHL, 1998). Um cérebro adulto possui um fator de crescimento denominado BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor) que é responsável por controlar a neurogênese e a sobrevivência dos neurônios. A neurogênese (sequência de eventos que leva à formação do sistema nervoso) ocorre no hipocampo através de BDNF dependente de NA (noradrenalina) e 5-HT (serotonina). Desta forma, pessoas que apresentam diminuição nos níveis de NA e de 5-HT apresentam comprometimento na manutenção dos neurônios nessa área do cérebro (GODDARD et al., 2010). GABA e glutamato têm como precursor a glutamina, que é um aminoácido não essencial abundante no corpo, sendo que no cérebro a principal fonte de glutamina são os astrócitos (SUAREZ; BODEGA; FERNANDEZ, 2002 apud MONTEIRO, 2016). O glutamato é um aminoácido que atua como neurotransmissor excitatório no cérebro e não é capaz de ultrapassar barreira hemato-encefálica, portanto, toda a sua produção ocorre nos neurônios e células da glia. Ele pode ser sintetizado no cérebro de três maneiras: por meio da enzima glutaminase, que transforma a glutamina em glutamato; a partir da enzima transaminase, que por meio do ɑ-cetoglutarato pode dar origem ao glutamato e a partir do ácido γ-aminobutírico (GABA), por meio de reação com a enzima glutamato descarboxilase (MITCHELL; BAKER, 2010 apud MONTEIRO, 2016). O neurotransmissor GABA também não é capaz de atravessar a barreira hemato- encefálica sendo, portanto, formado no cérebro a partir do glutamato por ação da enzima glutamato descarboxilase, fazendo da glutamina um precursor indireto desse neurotransmissor (SIGMA, 2016). 23 Sabe-se hoje em dia que costuma-se reportar, na depressão, um distúrbio bioquímico que ocasiona a hipoatividade de alguns neurotransmissores, principalmente serotonina (5-HT), noradrenalina (NA) e dopamina (DA), que pode estar envolvida com a hiperatividade inibitória de outros neurotransmissores, como GABA e glutamato (WERNER; COVEÑAS, 2010 apud MONTEIRO, 2016). 4.4 Associação entre a depressão e a microbiota intestinal: Nos dias atuais, a função do trato gastrointestinal e o efeito das bactérias sobre a microbiota intestinal têm sido muito discutidos (RODRIGUES, 2015). A cultura oriental antiga já tratava o intestino como principal causa da maioria das doenças, e este saber milenar está sendo confirmado, em partes, por estudiosos contemporâneos. Há muito tempo o intestino era visto apenas por sua função básica de absorver nutrientes provenientes dos alimentos da dieta, mas agora é considerado um “segundo cérebro” do corpo humano (POVOA, 2002). Tal consideração se faz por sua função de produzir neurotransmissores assim como o cérebro (RODRIGUES, 2015). Vários estudos sugerem que existem diversosdesequilíbrios das comunidades bacterianas nos quadros depressivos e que estes tendem a se acentuar durante os episódios agudos da doença (TORRES; BARBOSA; GOMES; MIYAJIMA, 2017). Atualmente sabe-se que existe uma relação fundamental entre o intestino e os aspectos envolvidos na saúde, principalmente pela capacidade de permeabilidade intestinal (ALMEIDA et al., 2009). Desde o século XIV a importância do estudo da microbiota intestinal vem aumentando, e determinar a constituição de uma microbiota saudável e a variabilidade encontrada entre as populações é um pré-requisito para avaliar desvios que possam estar relacionados com algumas doenças (CLEMENTE et al., 2012 apud RODRIGUES, 2015). A microbiota intestinal é composta por inúmeras colônias de microrganismos que habitam o trato gastrointestinal de maneira simbiótica, sendo que o equilíbrio nesta relação é fundamental para se ter um corpo saudável (CARRENHO, 2014; RODRIGUES, 2015). A parede intestinal abriga tanto bactérias benéficas quanto patogênicas, sendo que para que haja um funcionamento considerado ótimo, é necessário que exista um equilíbrio entre 24 estas populações (RODRIGUES, 2015). O intestino grosso é responsável por abrigar a maior parte destes microrganismos uma vez que permite uma maior adesão e colonização bacteriana (BOURLIOUX, 2003). O transtorno depressivo caracteriza-se pela hipoatividade (baixa atividade) de monoaminas no SNC (sistema nervoso central) sendo que essa hipoatividade pode acontecer por falha na produção das monoaminas ou defeitos que levam a sua destruição ou impedindo-as de alcançar seu destino final – o neurônio pós-sináptico (GOLAN, 2014 apud MONTEIRO, 2016). Para a síntese da 5-HT é necessário que haja consumo regular do aminoácido essencial triptofano, assim como que para a síntese de DA e NA é necessário a presença dos aminoácidos essenciais tirosina e fenilalanina respectivamente. Dietas pobres em precursores destas monoaminas diminuem a quantidade disponível no cérebro para a posterior produção de neurotransmissores que equilibram o humor (PARKER; BROTCHIE, 2011; RUHE; MASON; SCHENE, 2007 apud MONTEIRO 2016). Entretanto, a relação de deficiência de tirosina e fenilalanina com a depressão não obteve resultados tão claros quanto comparados à deficiência de triptofano (precursor da serotonina) e depressão (MONTEIRO, 2016). A serotonina está associada à saúde física e mental. Diversos estudos já relacionaram o aumento dos níveis séricos de serotonina com a melhora no humor; e a deficiência de serotonina ou receptores de serotonina com problemas de humor, sendo que níveis muito baixos geram comportamento depressivo e até mesmo suicida (MONTEIRO, 2016). 4.5 Serotonina: 4.5.1 Correlação entre microbiota e serotonina A serotonina (5-hidroxitriptamina; 5-HT) é uma monoamina sintetizada a partir do triptofano, sendo que esta molécula está distribuída por todo o corpo, e cerca de 90% é produzida pelas células enterocromafins do trato gastrointestinal (COWEN & BROWNING, 2015; HAASE & BROWN, 2015; O’MAHONY, CLARKE, BORRE, DINAN & CRYAN, 2015; YANO et al., 2015) 25 Segundo Logan e Katzman (2004), alterações na motilidade do intestino e na acidez gástrica podem ser causas do desequilíbrio da microbiota intestinal e isto pode ter efeito direto nos neurotransmissores. Durante a década de 1970, muitos experimentos surgiram, sugerindo que modificações na composição da dieta de um indivíduo poderiam influenciar diretamente na produção dos neurotransmissores, afetando consequentemente, as funções cerebrais (RODRIGUES, 2015). A serotonina, neurotransmissor derivado do triptofano, é importante na regulação de estados de humor e, através de sua ação no sistema nervoso entérico, acaba interferindo na motilidade gastrointestinal (contração e relaxamento do musculo liso), no estímulo ou inibição das secreções intestinais, bem como responde à dor visceral (MCLEAN et al., 2007; GONÇALVES, 2014 apud RODRIGUES, 2015). A serotonina (5HT) é um neurotransmissor da classe indoamina (BAHLS, 1999) que possui papel importante na regulação de funções fisiológicas através da sua ação, tanto como um neurotransmissor como de um hormônio (RIDAURA; BELKAID, 2015 apud RODRIGUES, 2015). Atualmente, várias evidências comprovam que os metabólitos microbianos, no intestino, podem afetar a produção de serotonina impactando, portanto, em suas funções fisiológicas. Sendo assim, o sistema serotoninérgico vem sendo reconhecido como um importante substrato biológico na patogênese de transtornos de caráter afetivo como a depressão (REIF; LESCH, 2003 apud FOSTER; NEUFELD, 2013). Pesquisas recentes demonstram que a serotonina possui uma íntima relação com a digestão e absorção, uma vez que sua síntese depende da boa absorção de alguns nutrientes pelo intestino, que irão garantir a síntese de substâncias precursoras da serotonina (RODRIGUES, 2015). Atualmente acredita-se que a depressão está ligada a deficiências nutricionais que impedem a síntese de neurotransmissores, como, por exemplo, serotonina, noradrenalina e dopamina, que são alguns dos neurotransmissores responsáveis pelo humor (POVOA, 2002 apud RODRIGUES, 2015). Algumas bactérias potencialmente benéficas, quando apresentam suas populações reduzidas através do estresse e de doenças crônicas, podem influenciar no desenvolvimento da depressão por uma série de mecanismos. Desta forma, a terapia com probióticos tem sido 26 utilizada para melhorar a má digestão da lactose, por exemplo, sendo uma descoberta importante quando é considerado que a má absorção da lactose está associada com os primeiros sinais de depressão, uma vez que a má absorção de lactose resulta em concentrações elevadas de lactose no intestino interferindo no metabolismo do triptofano e consequentemente na disponibilidade de serotonina (LOGAN; KATZMAN, 2004). 4.5.2 Correlações genéticas com a serotonina O principal eixo genético ligado à depressão maior relaciona-se com a cascata molecular responsável pela síntese e transporte da serotonina (DIAS, 2009), sendo que o achado mais consistente relaciona-se com a presença de uma ou mais cópias do alelo curto (5-HTTLPR) na região promotora do gene transportador deste neurotransmissor (5HT) (KUMAKIRI, KODAMA, et al., 1999; CASPI, SUGDEN et al., 2003; HOEFGEN, SCHULZE et al., 2005; OLSSON, BYRNES et al., 2005; SERRETI, MANDELLI et al., 2005; LEVINSON, 2006; LAZARY, LAZARY et al., 2008 apud DIAS, 2009). A principal função do transportador da serotonina é remover a serotonina da sinapse devolvendo-a para o neurônio pré-sináptico onde este neurotransmissor poderá ser degradado ou reutilizado. O polimorfismo na região promotora do gene transportador da serotonina (5-HTTLPR) afeta a transcrição deste gene gerando um alelo curto (s) que é menos eficiente do que o alelo longo (l) (KARG et al., 2011). Em 2003, Caspi e seus colegas desenvolveram um projeto para examinar a relação entre o polimorfismo 5-HTTLPR, o estresse e a depressão em um grande grupo de pessoas e encontraram uma interação significativa entre o 5- HTTLPR com eventos estressantes da vida (SLE) e maus-tratos na infância no desenvolvimento de depressão. Nesta coorte, indivíduos portadores do alelo curto, que seria menos funcional (5-HTTLPR) relataram maior sensibilidade aos estresses sendo mais suscetíveis a desenvolverem o transtorno depressivo (KARG et al., 2011). Neste estudo prospectivo-longitudinal de uma coorte representativa de nascimentos, foi testado experiências estressantes que levam à depressão em 27 algumas pessoas, mas não em outras. Um polimorfismofuncional na região promotora do gene transportador de serotonina (5-HT) foi encontrado para moderar a influência de eventos estressantes na depressão. Indivíduos com uma ou duas cópias do alelo curto do polimorfismo do promotor 5-HT exibiram mais sintomas depressivos, depressão diagnosticável e probabilidade de suicídio em relação a eventos de vida estressantes do que indivíduos homozigotos para o alelo longo. Este estudo epidemiológico, portanto, fornece evidências de uma interação gene-ambiente, em que a resposta de um indivíduo aos insultos ambientais é moderada por sua composição genética (CASPI et al., 2003). Os alelos do neurotransmissor 5HT são responsáveis pela síntese da proteína transmembrana, cuja função é ativar a receptação da serotonina na célula pré-sináptica (DIAS, 2009). Desta forma, o polimorfismo 5-HTTLPR relaciona-se com uma menor sensibilidade a antidepressivos inibidores da receptação seletiva de serotonina (ZANARDI, BENEDETTI et al., 2000 apud DIAS, 2009), ou seja, a presença de alelos curtos está associada à diminuição da atividade serotonérgica em humanos (CAROLA, FRAZZETTO et al., 2008). Com isto em mente é possível assumir que a depressão esteja de fato associada a fatores genéticos, tais como o 5-HTTLPR (CHOTAI, SERRETTI et al., 2003 apud DIAS, 2009) tendo em vista que a depressão é relacionada à vulnerabilidade genética e não a um gene determinado (CASPI, SUGDEN et al., 2003; LEVINSON, 2006 apud DIAS, 2009). 4.6 Noradrenalina A noradrenalina é um neurotransmissor da classe das catecolaminas. Possui atuação no sistema nervoso autônomo sendo responsável pelo aumento do estado de vigilância e atenção às informações sensoriais (MONTEIRO, 2016). Desta forma, sua atividade é aumentada em situações de estresse ou em situações que demandam muita atenção e é diminuída durante o sono (MONTEIRO, 2016). Segundo Moret e Briley (2011) os neurônios noradrenérgicos atuam fortemente em regiões cerebrais que são responsáveis pela emoção e cognição com funções variadas que incluem a regulação do apetite, resposta ao prazer, satisfação sexual e comportamentos agressivos. 28 Assim como a serotonina, a noradrenalina também possui um transportador, que é denominado “NET”. Este transportador tem a função de autorrecaptação e é codificado pelo gene SLC6A2, localizado no cromossomo 16, na banda citogenética 16q12.2, sendo que este gene (NET) possui alta homologia com os genes codificadores dos transportadores de serotonina e dopamina (BAFFA et al., 2010). Estudos sobre a relação do polimorfismo no gene NET e a sua associação com a depressão já foram realizados, porém os dados ainda se mostram contraditórios (MORET; BRILEY, 2011). Contudo, já se sabe que a noradrenalina, que atua tanto como neurotransmissor quanto como modulador de outros neurotransmissores no Sistema Nervoso Central, desempenha um papel importante na sintomatologia da depressão, uma vez que uma eficiente neurotransmissão noradrenérgica está relacionada com melhoras cognitivas e mentais. Desta forma, a NA é alvo de antidepressivos tricíclicos e ISNRs (Inibidores Seletivos da Recaptação de Noradrenalina) (INOUE et al., 2007). 4.7 Dopamina A hipótese da dopamina relacionada a esquizofrenia e a ênfase que se dá em outros neurotransmissores, como a noradrenalina, a serotonina e a acetilcolina, na patogênese da depressão, afastaram a atenção de evidências importates que implicam a dopamina em transtornos afetivos como a depressão (BROWN; GERSHON, 1993). A dopamina, uma monoamina da classe das catecolaminas, atua em vias de sinalização que estão relacionadas com a atividade motora, motivação e cognição (DUNLOP; NEMEROFF, 2007). A dopamina também está associada ao sentimento de prazer e à noção de recompensa e motivação, sendo assim, pode inlfuenciar em diversos comportamentos como apetite e o vício (TYE et al., 2013; STEHNO-BITTEL, 2008 apud MONTEIRO, 2016). Este neurotransmissor exerce sua função no neurônio pós-sináptico através de receptores que são dividos em dois grupos: os receptores da família D1 e os receptores da família D2 (MONTEIRO, 2016). Pacientes que sofrem de depressão apresentam maior quantidade de receptores de DA da família D2 quando comparados a pessoas saudáveis (NEWBERG; AMSTERDAM; SHULTS, 29 2007 apud MONTEIRO, 2016). Acredita-se que isto se deve ao fato da existência de uma resposta compensatória de up-regulation com o objetivo de potencializar a atividade dopaminérgica quando existe deficiência de DA no sistema nervoso central (RUHE; MASON; SCHENE, 2007; WERNER; COVEÑAS, 2010). Além disso, existem evidências clínicas que incluem alterações nos sintomas depressivos com o envelhecimento, concomitante com possíveis alterações no metabolismo da dopamina e, há uma quantidade considerável de evidências farmacológicas sobre a eficácia dos antidepressivos com efeitos dopaminérgicos no tratamento da depressão (BROWN; GERSHON, 1993). Um estudo foi realizado em 2005 com pacientes depressivos e pacientes controles, por Tremblay e colegas onde utilizou-se sulfato de dextroanfetamina que, semelhante a cocaína, aumenta a ação dopaminérgica nos neurônios. Como resultado, pacientes depressivos, curiosamente, apresentaram melhor resposta de humor e efeitos relacionados à recompensa do que os pacientes do grupo controle. Através da utilização de imagem por ressonância magnética funcional (IRMf) foi possível observar que, os pacientes deprimidos obtiveram melhores resultados com a droga porque contavam com um número maior de receptores de DA, provenientes do mecanismo compensatório (up- regulation) (TREMBLAY et al., 2005). Quando de trata da depressão, os estudos dopaminérgicos foram intensamente ofuscados por estudos relacionados a circuitos serotonérgicos e noradrenérgicos. Mesmo assim, sabe-se que pacientes tratados com ISRSs (inibidores seletivos de recaptação de serotonina) e ISRNs (inibidores seletivos de recaptação de noradrenalina) não atingem remissão completa e, estes antidepressivos não atuam nos neurônios dopaminérgicos podendo-se concluir, portanto, que existe uma grande e importante participação desta monoamina, a dopamina, na patofisiologia da depressão (DUNLOP; NEMEROFF, 2007). 4.8 Depressão e a epigenética Estudos indicam que a depressão esteja não só relacionada com alterações genéticas, mas também ambientais, na medida em que esta é influenciada por fatores patogênicos ambientais que podem desencadear 30 alterações a nível cerebral, através de modificações epigenéticas (BANSAL et al., 2016; CAI et al., 2013; CÓRDOVA-PALOMERA et al., 2015). Os processos epigenéticos são mecanismos muito complexos sendo que pequenas falhas na manutenção ou estabelecimento destes processos podem acabar alterando a fisiologia normal da célula e, consequentemente, vir a desencadear o desenvolvimento de alguma doença (OLIVEIRA, 2012). O termo epigenética é definido pela alteração na expressão gênica, que em alguns casos pode ser herdável, sem que haja mudança na sequência primária de DNA, sendo que a metilação do DNA e a modificação das histonas são importantes mecanismos envolvidos neste processo de alteração (Figura 2) (OLIVEIRA, 2012). Figura 2. Modelo de fatores epigenéticos. Fonte: Modificado de <http://commonfund.nih.gov/epigenomics/figure.aspx>. Um estudo realizado por Alexandro Ayala, do National Institutes of Health (NIH), nos Estados Unidos, mostrou que macacos criados na ausência das mães respondem com altas elevações de CRH (hormônio liberador de corticotrofina, com importante influência na resposta fisiológica ao estresse) e comisolamento social, quando comparados aos macacos criados em condições normais. É possível fazer uma relação desses eventos à depressão em humanos. Estudos mostram níveis de ACTH (adrenocorticotrofina), em resposta ao estresse, seis vezes maiores em mulheres que sofreram abusos na infância, 31 quando comparadas ao grupo controle (mulheres que não sofreram abusos). Ou seja, experiências traumáticas em etapas iniciais da vida predispõem à maior vulnerabilidade aos efeitos epigenéticos do estresse e à depressão na idade adulta (TEMAS ATUAIS EM BIOLOGIA, 2013). O hormônio liberador de corticotrofina (CRH) é um hormônio sintetizado no hipotálamo, que tem como função a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também denominado corticotrofina, pela adeno- hipófise. O CRH apresenta papel fundamental na fisiopatologia dos distúrbios relacionados ao estresse crônico, tais como depressão e ansiedade. A secreção do ACTH é aumentada em situações de estresse, e a elevação de sua secreção, na presença de endotoxinas, é mediada pelas citocininas sintetizadas perifericamente ou no hipotálamo, que estimula a secreção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH). A inibição da secreção de ACTH depende de retroalimentação dos esteróides da adrenal sobre o hipotálamo (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2006). A concentração aumentada de glicocorticóides reduz a sensibilidade hipofisária ao fator CRH, diminuindo a resposta ao estresse. Além de reduzir o número de receptores para CRH nos corticotrofos, os glicocorticóides também inibem a polimerização do RNAm, diminuindo a expressão da pró- opiomelanocotina (POMC). Esta, por sua vez, é uma grande proteína, normalmente sintetizada na hipófise intermediária, precursora do ACTH (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2006). Associações com a epigenética na depressão já estão sendo estudadas. O interesse no mecanismo epigenético com um distúrbio de humor, parte do princípio de que interações ambientais são capazes de modificar respostas transcricionais sem haver alteração na sequência de DNA, o que explicaria a diferença da incidência da doença em gêmeos monozigóticos, por exemplo. Os mecanismos mais estudados são metilação do DNA, acetilação e metilação de histonas e microRNAs que alteram expressão gênica (KRISHNAN; NESTLER, 2008 apud MONTEIRO, 2016). 32 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 33 A partir da realização deste trabalho pode-se concluir que a depressão, considerada uma doença da atualidade na verdade possui um longo histórico, descrita por pensadores como Hipócrates desde o século I a.C. Os sintomas descritos desde então são mantidos até hoje, com apenas algumas modificações e acréscimos, sendo poucas as doenças psiquiátricas que possuem descrições clínicas tão constantes ao longo da história. A depressão é caracterizada como um transtorno afetivo, que, segundo a Organização Mundial de Saúde, atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo todo atualmente. Desta forma, é possível concluir que existe uma necessidade cada vez maior de atenção para este transtorno, uma vez que doenças de caráter afetivo, como a depressão, estão projetadas a ultrapassarem o número de casos problemáticos de doenças infecciosas e de desnutrição, por exemplo. As causas da depressão dependem de diversos fatores que, isolados ou em conjunto, podem levar um indivíduo a desenvolver a doença. Alguns destes fatores são: pré-disposição genética, doenças, mudanças hormonais, efeitos colaterais de remédios, fatores estressantes e alteração da microbiota. Também foi possível concluir que o intestino e a microbiota intestinal possuem grande influência sobre o desenvolvimento da depressão, uma vez que já se comprovou que o intestino possui a função de produzir neurotransmissores, assim como o cérebro. O desequilíbrio das comunidades bacterianas que compõem a microbiota também tem sido sugerido como influente nos quadros depressivos. O principal eixo genético relacionado à depressão maior se relaciona à cascata molecular responsável pela síntese e transporte da serotonina, que é um neurotransmissor, em relação a presença de uma ou mais cópias do alelo curto na região promotora do gene transportador do neurotransmissor. Sendo assim, estudos revelam o papel importante que o polimorfismo (inserção / deleção) tem na relação entre eventos estressantes da vida e depressão, constatando que os portadores de um ou mais alelos short são mais propensos a desenvolverem depressão quando expostos aos fatores estressantes. Pesquisas recentes demonstraram também que a serotonina (5-HT) não atua diretamente no humor, 34 mas sim no enviesamento negativo do processamento de informação emocional, que predispõe o indivíduo a sofrer de depressão. Em relação ao neurotransmissor noradrenalina estudos vêm sendo realizados para melhor compreensão da relação do polimorfismo do gene transportador deste neurotransmissor com a depressão, porém, os dados obtidos ainda se mostram contraditórios. Foi possível concluir também que a dopamina provavelmente contribui significativamente para a fisiopatologia da depressão. No entanto, o papel da dopamina nesta síndrome deve ser entendido no contexto de teorias existentes envolvendo outros neurotransmissores, como serotonina e noradrenalina, que podem agir de forma independente, e interagir com a dopamina e outros neuroquímicos, para contribuir para a depressão. Além das contribuições genéticas citadas, estudos indicam que a depressão está ligada também com alterações ambientais que podem desencadear alterações a nível cerebral através de modificações epigenéticas. Portanto, foi possível concluir que uma análise genética dos fatores que estão relacionados com a depressão permite a identificação de variantes de risco e, assim, aumenta a compreensão de como o Transtorno Depressivo Maior surge, podendo, consequentemente, levar a uma melhor prevenção e o desenvolvimento de novas e mais eficazes terapias, desta forma, é de extrema relevância que estudos relacionados a esta aera sejam feitos, apesar de, recentemente, a análise genética relacionada com a depressão ter sido reconhecida como um dos maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores da saúde. 35 6. ANEXOS 36 37 38 7. REFERÊNCIAS 39 ALMADA, L. F.; BORGES, M. F.; MACHADO, S. E. C. Considerações neurobiológicas sobre a depressão maior, um histórico neurocientífico. Encontro: Revista de Psicologia [S.I], v. 17, n. 26, p. 111-114, 2014. ANDRADE, R. V.; SILVA, A. F.; MOREIRA, F. N.; SANTOS, H. P. S.; DANTAS, H. F.; ALMEIDA, I. F.; LOBO, L. P. B.; NASCIMENTO, M. A. 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