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P O R T F Ó L I O L U Í S V I C T O R S . R I B E I R O O D O N T O L O G I A E M S A Ú D E C O L E T I V A I I Olá, querido leitor! Seja bem-vindo ao meu manual de conhecimento, o meu nome é Luís Victor e eu sou estudante do 5º semestre de Odontologia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Este será o meu espaço para registrar um pouco do meu aprendizado a respeito dos conteúdos ministrados pelas docentes Patrícia Matos e Selma Nunes da disciplina de Odontologia em Saúde Coletiva II. Este material didático é baseado em um diário, onde contarei minhas experiências com a disciplina e tudo que aprendi no decorrer do semestre de forma simples e educativa. Espero que você, caro leitor, possa compreender de forma interativa e fácil cada um dos temas que serão abordados ao decorrer deste portfólio. Faça uma boa leitura! P R E F Á C I O S U M Á R I O Capítulo 1 Metodologia de Ensino-Aprendizagem Capítulo 2 Importância da Análise Crítica. Capítulo 3 Avanços e Desafios do SUS. Capítulo 4 Atenção Primária. Capítulo 5 A saúde enquanto dever do Estado. Capítulo 6 Estratégia de Saúde da Família. Capítulo 7 O Agente Comunitário de Saúde. Capítulo 8 O papel da APS no contexto da pandemia do COVID - 19. 4 8 12 16 22 26 30 33 C A P Í T U L O 1 M e t o d o l o g i a s A t i v a s d e E n s i n o - A p r e n d i z a g e m Roman et al. (2017) afirma que o ensino tradicional consiste num modelo clássico em que o professor expõe suas opiniões, ensinando como fazer, como resolver um dado problema, sem a participação direta do aluno. Nos dias atuais, busca-se compreender melhores condições para o ensino/aprendizagem, pois, é sabido que para o processo da construção do conhecimento a participação do estudante é de fundamental importância (PAIVA et al., 2016). É através da participação e por meio da relação interpessoal que se tem acesso a experiências coletivas que levam a reorganização e reformulação do próprio conhecimento (MELLO et al., 2014). Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PNC – Brasil, 1997), consta que uma educação de qualidade deve desenvolver as capacidades interrelacionais, cognitivas, afetivas, éticas e estéticas, visando a construção do cidadão em todos os seus direitos e deveres. A lei nº 9.394/ 96 da LDB (Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional), trata a escola e o aluno com uma ênfase que não havia sido ainda dada pelas leis que antecederam. A nova LDB apresenta varias possibilidades para a organização de educação, dando sugestões para que as instituições adotem alternativas, currículos que atendam as diferenças regionais, privilegiando os interesses no processo da aprendizagem. Na área da saúde, seus conhecimentos devem ser aprimorados e comprometidos com o desenvolvimento das competências e habilidades que permeiam ao individuo intervir na realidade para transformá-lo em profissional competente e preparado para transmitir experiências coletadas com a aprendizagem (ROMAN et al., 2017). C A P Í T U L O 1 Desta forma, surge as metodologias ativas, que, como afirmado por Valente et al. (2017), são estratégias pedagógicas criadas com o intuito de transferir o foco de ensino e aprendizagem para o aprendiz com o objetivo de engajar o aluno a desenvolver atividades práticas e de classe, garantindo melhores experiências para o desenvolvimento de habilidades profissionais (MELLO et al., 2014). Ainda segundo Mello et al. (2014) essas habilidades são adquiridas através do processo de participação do discente, fazendo destes instituidores do próprio conhecimento e não somente receptores de informações. As metodologias envolvidas no processo de formação de profissionais da área da saúde precisaram serem reavaliadas (ROMAN et al., 2017), a fim de tornar os estudantes em futuros profissionais capacitados para atuar na resolução de problemas da população (MELLO et al., 2014). Segundo Frota et al. (2013), uma estratégia pedagógica adotada por algumas instituições de nível superior é o Portfólio, estimulando o discente a desenvolver seu próprio conhecimento através da escrita e criatividade. Em um estudo realizado por Frota em 2013, foi possível analisar o desempenho dos alunos entrevistados com relação a esta estratégia aplicada. Em seu estudo, Frota e alguns outros pesquisadores coletaram informações de 60 alunos matriculados no curso de Odontologia em uma faculdade no Ceará. A pesquisa apontou que a maior parte dos alunos tiveram dificuldade para confeccionar o portfólio, mas preferem realiza-lo do que fazer provas tradicionais. Estes alunos (100%) avaliaram o portfólio como excelente para método de avaliação (FROTA et al., 2013). Assim, entende-se que o portfólio faz parte de uma nova estratégia pedagógica avaliada de forma positiva para a promoção de um pensamento reflexivo entre os estudantes da área de saúde, contribuindo para o conhecimento próprio e desenvolvimento de novas habilidades. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, DF, 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http//WWW.mec.gov.br. FROTA, M. M. A.; MENEZES, L. M. B. de; ALENCAR, C. H.; JORGE, L. da S.; ALMEIDA, M. E. L. de. O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem. Revista da ABENO, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 23–28, 2013. DOI: 10.30979/rev.abeno.v11i1.34. Disponível em: https://revabeno.emnuvens.com.br/revabeno/article/view/34. Acesso em: 14 set. 2021. MELO, Myllena Cândida de; QUELUCI, Gisella de Carvalho e; GOUVÊA, Mônica Villela. Problematizando a residência multiprofissional em oncologia: protocolo de ensino prático na perspectiva de residentes de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2014, v. 48, n. 04. MELLO, Carolina de Castro Barbosa; ALVES, Renato Oliveira; LEMOS, Stela Maris Aguiar. Metodologias de ensino e formação na área da saúde: revisão de literatura. Rev. CEFAC, [S. l.], v. 16, n. 6, p. 2015-2028, 14 dez. 2014. DOI https://doi.org/10.1590/1982-0216201416012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1982-0216201416012. Acesso em: 5 ago. 2021. PAIVA, Marlla Rúbya Ferreira et al. METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINOAPRENDIZAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA. Rev. de políticas Públicas Sanare, [S. l.], v. 15, n. 02, p. 145-153, 6 dez. 2016. ROMAN, Cassiela et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem no processo de ensino em saúde no Brasil: uma revisão narrativa. Clinical and biomedical research, Porto Alegre, v. 37, n. 4, p. 349-357, 28 nov. 2017. DOI http://dx.doi.org/10.4322/2357-9730.73911. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/2357-9730.73911. Acesso em: 4 ago. 2021. VALENTE, V. A.; ALMEIDA, M. E. B.; GERALDINI, A. F. S. Metodologias ativas: das concepções às práticas em distintos níveis de ensino. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 17, n. 52, p. 455-478, abr./jun. 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.7213/1981-416X.17.052.DS07. DOI: http://dx.doi.org/10.7213/1981-416X.17.052.DS07. R E F E R Ê N C I A S http://dx.doi.org/10.7213/1981-416X.17.052.DS07 http://dx.doi.org/10.7213/1981-416X.17.052.DS07 I m p o r t â n c i a d a A n á l i s e C r í t i c a C A P Í T U L O 2 A filosofia antiga aponta, certamente, para a necessidade de um pensamento crítico, onde diversos filósofos, por exemplo, Sócrates cita a importância de explorar a própria mente a fim de conhecer a si próprio e ao próprio mundo que estamos inseridos. Mas nem sempre isso foi assim. Durante a Idade Média o pensamento teológico pairava sobre todas as civilizações feudais, se opondo ao saber científico e condenando todos que "conspirassem" contra a Igreja através de qualquer pensamento que não viesse das Escrituras Bíblicas (ZILLES, 2013). Contudo, durante esse período, um forte influenciadordos mosteiros – Santo Augostinho – influenciou junto com alguns filósofos a Reforma Protestante e a Reforma Científica, derrubando o teocentrismo através da junção entre a fé e a razão (VILELA et al., 2013). Assim surge René Descartes, o qual escreve em seu Discurso do Método a necessidade constante de conhecer a verdade através das pluralidades das correntes filosóficas, recusando seguir pensamentos, julgados por ele como céticos, que moldavam a sociedade em seus tempos (VILELA et al., 2013). Descarte então gerou através das suas indagações o pensamento crítico. Segundo Farias et al. (2016), o pensamento crítico se forma através de processos de orientação da mente, podendo ser classificado como habilidade mental que deve ser utilizada para a tomada de decisões. Isso se torna essencial para diversas áreas de atuação, a fim de formar profissionais críticos e competentes que sabem o que estão fazendo (SORDI et al., 1998). Desta forma, formar profissionais com habilidade de desenvolver o pensamento crítico tornou-se um desafio mediante as metodologias de ensino tradicionais de educação, fazendo necessária a implantação de estratégias de ensino que promova a indagação dos alunos diante de problemas do cotidiano (CHIESA et al., 2007). C A P Í T U L O 2 Como citado no capítulo anterior, as metodologias ativas contribuem positivamente para o desenvolvimento do pensamento reflexivo dos estudantes, permitindo que os mesmos não fiquem presos ao método de memorização, mas que desenvolva habilidades capazes de influenciar na sua atuação quando profissional formado. Uma maneira de induzir os estudantes a desenvolver essa habilidade mental é através da criação de programas nas universidades que influenciem os discentes a buscar esse conhecimento. Rodrigues et al. (2017), cita a importância da pesquisa durante a graduação para melhorar as habilidades profissionais durante a prática. Isso se aplica muito aos estudantes dos cursos da área de saúde, pois estes futuros profissionais precisam conhecer as necessidades sociais que serão palco para a sua atuação (SORDI et al., 1998). CHIESA, A.M; NASCIMENTO, D.D.G do; BRACCIALLI, L.A.D. A d formação de profissionais da saúde: aprendizagem significativa à luz da promoção da saúde. Cogitare Enferm. 12(2):236-40. 2007 Abr/Jun. RODRIGUES, Juliane et al. Pesquisa na Graduação para a prática profissional. Rev. Uningá. Vol.51(2),pp.11-14. 2016. Online ISSN: 2318-0579 PEINADO, Maria Rita Sefrian de Souza. Santo Agostinho, o teórico da Igreja na Idade Média. NPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009. SORDI, M.R.L.de; BAGNATO, M.H.S. Subsídios para uma formação profissional crítico- reflexiva na área da saúde: o desafio da virada do século. Rev.latino-am.enfermagem, Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, p. 83-88, abril 1998. VILELA, Augusto Nilo de Oliveira; IZIDORO, José Luís. Os fundamentos da verdade no pensamento de René Descartes: uma relação à sua época, uma proposta à nossa época. CES Revista. Juiz de Fora. v.7 n.1. p. 53-71. 2013. R E F E R Ê N C I A S A v a n ç o s e D e s a f i o s d o S U S C A P Í T U L O 3 Sabe-se que o SUS foi implementado no ano de 1988 através da Constituição Cidadã tornando o Estado como o maior responsável pela garantia da saúde pública para os brasileiros. Nos últimos anos, o Sistema Único de Saúde tem sofrido impactos na sua organização, principalmente no que diz respeito às alterações de suas diretrizes (MOROSINI et al., 2018). Entretanto, as políticas e estratégia de saúde pública têm contribuído para o avanço do SUS no Brasil (PAIM, 2018). Ainda segundo Paim (2018), o SUS tem sido ameaçado constantemente, principalmente nos últimos anos devido à falta de prioridade por parte dos governantes. A Emenda Constitucional 95 de 2016 congela o orçamento na saúde por um período de 20 anos. Além disso, o Plano Nacional de Atenção Básica sofreu uma série de alterações na portaria nº 2436 de 2017, promovendo uma política regressa ao sistema de saúde nacional (MOROSINI et al., 2018). Além disso, podemos citar problemas como a falta de apoio dos sindicatos e partido, a falta de infraestrutura e de planejamento, falha na profissionalização e grande precarização do trabalho, e, limitação dos recursos essenciais para realizar atendimento em diferentes níveis de atenção. Contudo, mesmo diante de um cenário ameaçador, o SUS contribuiu de forma positiva para o controle de doenças através de ações preventivas, como imunização, e paliativa através da assistência médica-farmacêutica (LIMA et al., 2018). A formulação dos Programas de Saúde da Família (ESF) contribuiu para a diminuição dos casos de mobi-mortalidade através do pré-natal realizado pelas gestantes com o médico inserido na equipe profissional da Unidade Básica de Saúde. C A P Í T U L O 3 Segundo Sanches (2010), uma das grandes contribuições do SUS foi a implementação da vacinação contra o Papiloma Vírus Humano (HPV). O HPV constitui parte das doenças sexualmente transmissíveis capaz de gerar câncer de colo de útero, podendo ser fatal para algumas mulheres. Em 2006, a Agência de Vigilância Sanitária aprovou a vacinação do público alvo no Brasil, porém estas vacinas estvam disponíveis somente em clínicas particulares, sendo disponibilizada pelo SUS somente no ano de 2014 (MOURA, 2019). Além disso, podemos citar o controle do tabagismo, a criação da lei 8.080/90 que assegura o direito social a saúde garantindo o funcionamento do Sistema Nacional de Transplantes de tecidos e órgãos, e o tratamento gratuito de pacientes com HIV (LIMA et al., 2018). LIMA, Luciana Dias de; CARVALHO, Marilia Sá; COELI, Cláudia Medina. Sistema Único de Saúde: 30 anos de avanços e desafios. Cadernos de Saúde Pública. 2018, v. 34, n. 7. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00117118>. Epub 06 Ago 2018. ISSN 1678-4464. https://doi.org/10.1590/0102-311X00117118. MOROSINI, Márcia Valéria Guimarães Cardoso; FONSECA, Angélica Ferreira; LIMA, Luciana Dias de. Política Nacional de Atenção Básica 2017: retrocessos e riscos para o Sistema Único de Saúde. Saúde em Debate [online]. 2018, v. 42, n. 116, pp. 11-24. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-1104201811601>. ISSN 2358-2898. https://doi.org/10.1590/0103- 1104201811601. MOURA, Lívia de Lima. Cobertura vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV) em meninas e adolescentes no Brasil: análise por coortes de nascimentos. 2019. 91 f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2019. PAIM, Jairnilson Silva. Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos. Ciência & Saúde Coletiva. 2018, v. 23, n. 6, pp. 1723-1728. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413- 81232018236.09172018>. ISSN 1678-4561. SANCHES, Eliete Batista. Prevenção do HPV: A Utilização da Vacina nos Serviços de Saúde. Revista Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 2, p. 255-261, maio/ago. 2010 - ISSN 1983-1870. Disponível em: https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/1257/1082. R E F E R Ê N C I A S A t e n ç ã o P r i m á r i a C A P Í T U L O 4 C A P Í T U L O 4 A Constituição Federal de 1988 no artigo 198 caracteriza as ações e serviços de saúde como uma rede regionalizada e hierarquizada, formando assim redes de atenção em diferentes níveis (BRASIL, 1990). Desta forma, surge à Atenção Primária em Saúde (APS), responsável por promover atendimento assistencial através de serviços ambulatoriais não especializados, a fim de suprir as necessidades básicas de saúde da população. É sabido que a APS corresponde ao primeiro nível de atenção dentro de um sistema de saúde (PORTELA, 2016; LAVRAS 2011). A Portaria 2.488 de 21 de outubro de 2011 define a Atenção Primária em Saúde como: [...] um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos,o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes econdicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, [...] (BRASIL, 2011). Segundo Lavras (2011) o conceito de Atenção Primária a Saúde foi introduzindo em 1920 através do Relatório de Dawson, um documento escrito pelo Ministério da Saúde da Inglaterra que posteriormente viria a contribuir para a criação de um sistema de saúde público no país. Este documento tinha como principal objetivo propor uma reorganização do sistema de saúde britânico através da criação de níveis de atendimento, os quais se diferenciavam segundo a sua complexidade e custo de tratamento (PORTELA, 2016). Lavras (2011) também aponta outro momento histórico que contribuiu para a configuração da APS foi a Declaração da Alma-Ata em 1978 através da Conferência Internacional sobre cuidados primários de saúde. Tal Declaração colocava a Atenção Primária como o primeiro contato de um indivíduo e comunidade dentro do sistema de saúde para que estes pudessem receber um atendimento de qualidade. Porém, somente em 1990 a União Europeia promoveu uma reestruturação da Atenção Primaria que consistia em transferência dos cuidados hospitalares para o nível ambulatorial (LAVRAS, 2011). ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE NO BRASIL Desde a criação dos Centros de Saúde Escola, o Brasil tem tentado implementar diferentes tipos modelos de assistência individual e coletiva na APS (LAVRAS, 2011). Ainda segundo Lavras (2011) podemos citar uma série de eventos que aconteceram no Brasil até a implementação da atua organização da APS. Durante esse período houve a criação da Fundação Serviço Especial de Escola Pública (SESP) que tinha como objetivo organizar e operar as ações de serviços em saúde principalmente nas regiões norte, nordeste e centro- oeste. Em 1970, com o apoio das universidades brasileiras e com o movimento da reforma sanitária houve as primeiras experiências da medicina comunitária com a participação dos municípios. Em 1980, durante o processo de redemocratização do país houve a criação de Ações Integrativas de Saúde (AIS) e do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) que posteriormente se tornaria o Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988. Nos anos de 1994 houve a criação dos Programas de Saúde da Família e do Programa de Agente Comunitário em Saúde (PACS) como políticas estrategistas de organização da atenção primária (LAVRAS, 2011). Segundo Mendes (2010), para se aderir um modelo adequado que vise organizar a atenção primária, deve-se fazer uma análise sobre as necessidades da população, observando os dados epidemiológicos e demográficos do país. Assim, é possível observar que a sobrevida da população brasileira tem aumentado juntamente com o desenvolvimento de algumas doenças crônicas. Desta forma, implica dizer que o Brasil precisa promover uma assistência capaz de suprir as necessidades individuais e coletivas da população (MENDES, 2010). Devido a isso, a criação das Redes Regionalizadas de Atenção a Saúde (RAS) foram criadas para garantir a integralidade e continuidade assistencial ao usuário (LAVRAS, 2011). Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), rede de atenção à saúde é considerada: [...] uma rede de organizações que presta, ou faz esforços para prestar, serviços de saúde equitativos e integrais a uma população definida, e que está disposta a prestar contas por seus resultados clínicos e econômicos e pelo estado de saúde da população a que serve (OPAS, 2010 apud OPAS, 2011). Além disso, Portela (2016) aponta quatro atributos que são essenciais da APS, sendo eles: o primeiro contato / o acesso, a longitudinalidade, a coordenação e a integralidade. 1) O Acesso: é a porta de entrada do usuário ao sistema através da formulação de políticas publicas que facilitem essa entrada para tentar solucionar os problemas mais comuns da população. Nesse atributo, o profissional da APS irá identificar o problema do paciente e tentar solucionar, diminuindo assim os custos para o sistema e para o próprio usuário. 2) Longitudinalidade: esse atributo defende o vinculo entre o usuário e o profissional da APS, a fim de manter um acompanhamento duradouro, evitando internações hospitalares. 3) Coordenação do Cuidado: visa trabalhar com a disponibilidade de informações sobre os serviços prestados pela atenção primária, facilitando o fluxo de informações entre os profissionais de diferentes níveis a respeito do paciente, pois, quanto maior a transferência e reconhecimento de informações por esses profissionais, maiores serão as chances deste paciente obter um bom tratamento. 4) Integralidade: a unidades de saúde envolvidas na atenção primária precisa garantir acesso integral aos usuários, permitindo que os indivíduos recebam todos os serviços ofertados pela APS, além de realizar transferências quando necessário para outros níveis de atenção. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. LAVRAS, Cramen. Atenção Primária à Saúde e a Organização de Redes Regionais de Atenção à Saúde no Brasil. Rev Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.4, p.867-874, 2011 MENDES. Eugênio Vilaça. As redes de atenção à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 15(5):2297- 2305, 2010. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE - OPAS. A atenção à saúde coordenada pela APS: construindo as redes de atenção no SUS - Contribuições para o debate. Brasília: OPAS, 2011. PORTELA, Gustavo Zoio. Atenção Primária à Saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados aos estudos nacionais. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 27 [ 2 ]: 255-276, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312017000200005 R E F E R Ê N C I A S “ A s a ú d e p ú b l i c a e n q u a n t o d e v e r d o E s t a d o ” C A P Í T U L O 5 De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Estado tem um papel fundamental na promoção e prevenção da saúde pública para os cidadãos brasileiros, mais especificamente no artigo 196: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (BRASIL, 1988). Contudo, é possível observar uma série de problemas que o sistema de saúde nacional enfrenta para garantir o acesso à saúde aos brasileiros. Entretanto, mesmo com tais adversidades, o Sistema Único de Saúde ocupa um lugar de destaque quando comparado com o sistema de saúde de outros países. Para uma breve comparação, é possível encontrar uma vasta literatura científica apontando às contribuições do SUS e o modelo de assistência à saúde adotado por outros países. Além disso, as Constituições Federais refletem diretamente no papel do Estado como responsabilidade diante desta temática. O Brasil possui a palavra saúde citada 188 vezes na CF, enquanto na Constituição Americana, a mesma palavra só é mencionada uma única vez, sem se referir como um como saúde pública, mas como saúde individual. O filme Sicko – SOS Saúde (2008) traz uma crítica ao sistema de saúde americano apontando um mercantilismo a vida e uma medicina capitalista, sem o investimento de verbas públicas para o financiamento da saúde dos americanos. Além disso, filme compara com o modelo de assistência dos países europeus, os quais possuem uma medicina social empenhada em promover uma assistência de qualidade para os europeus (SICKO, 2007). C A P Í T U L O 5 Após a Guerra Fria, o socialismo passou a ser conhecido de forma maisacentuada pela população mundial, o que motivou os Estados Unidos a bloquear qualquer tipo de interesse não liberal, implicando até mesmo na não formulação de uma Medicina Social. Contudo, a medicina social não está ligada com o socialismo e capitalismo, mas os Americanos criaram uma conexão que poderia dificultar o avanço do liberalismo na América, não aderindo a um sistema de saúde soci al, que garantisse a assistência médica para população de forma gratuita (GARCIA et al., 2015). No Brasil foi diferente, a luta social pela democracia ainda na Ditadura Militar, contribuiu para a unificação de forças democráticas que garantisse os direitos sociais da população brasileira (SILVEIRA et al., 2015). Segundo Michel Foucault (1982), o conceito da medicina social surgiu no século XIX quando a população mais pobre se tornou uma força política ameaçadora capaz de se revoltar e participar de revoltas. Foi assim que a medicina social ganhou destaque para promover o controle de doenças entre os mais pobres, garantindo a sua participação no mercado de trabalho. No Brasil a medicina social começou a ganhar visibilidade após os movimentos operários, os quais eram chefiados por trabalhadores que buscavam melhores condições de higiene e segurança nas indústrias (LACAZ, 2007). Sendo assim, no governo Vargas, houve a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas, um documento criado para assegurar os direitos sociais no que compete a segurança e saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1943), iniciando assim, a participação direta do Estado como dever em promoção, prevenção, e reabilitação em saúde para os cidadão. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho.. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm FOUCAULT, M. (1982). O nascimento da medicina social. In R. Machado (Org.), Microfísica do poder (pp. 79-88). Rio de Janeiro: Graal. GARCIA, M.P. et al; SiCKO – SOS Saúde e a mercantilização da vida. RECIIS – Rev Eletron de Comun Inf Inov Saúde. 2015 jul.-set.; 9(3). Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/999/1974 LACAZ, F. A. de C. Conhecimentos, práticas em Trabalho-Saúde e as abordagens da medicina social e da medicina do trabalho no Brasil: final do século XIX até os anos 1950-60. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, [S. l.], v. 10, n. 1, p. 93-103, 2007. DOI: 10.11606/issn.1981- 0490.v10i1p93-103. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/cpst/article/view/25811. SICKO - SOS Saúde. Direção de Michel Moore. Estados Unidos, 2007. 1 Documentário (123 min.). R E F E R Ê N C I A S E s t r a t é g i a S a ú d e d a F a m í l i a C A P Í T U L O 6 Nos primeiros anos do século XX, Abraham Flexner, um educador médico, reformou as escolas médicas através de um estudo conhecido como Relatório de Flexner (PAGLIOSA; DA ROS, 2008). Ainda segundo Pagliosa e Da Ros (2008), este relatório foi escrito após Flexner visitar 155 escolas médicas dos Estados Unidos e do Canadá e perceber que a prática médica nessas instituições eram caóticas, com diferentes abordagens terapêutica e até mesmo sem equipamentos. Sendo assim, segundo Bessen (2007), Flexner propôs uma série de mudança no estudo e prática da medicina, incluindo a criação de Programas Educacionais com embasamento científico. Contudo, o Modelo Flexneriano colaborou para formação de profissionais de saúde hospitalocêntricos, biologicistas e fragmentados, contribuindo para uma medicina curativa ao invés de preventiva, além do crescimento da indústria farmacêutica. Assim, foi necessário o desenvolvimento de novos modelos de educação em saúde para formar profissionais que entendesse a importância da medicina preventiva e humanizada, surgindo assim políticas públicas como a Estratégia da Saúde da Família em 1994 (BESEN et al., 2007). Ainda segundo Basen et al. (2007), o Programa de Estratégia de Saúde da Família tem como objetivo principal implementar um novo modelo de Atenção Primária a saúde visando promover solucionar a maior parte dos problemas da população, reduzindo o surgimento de doenças através de políticas públicas preventivas. Para isso, a criação do programa pretendia inserir novas práticas educativas para garantir a integralidade e assistência os usuários do SUS. C A P Í T U L O 6 O Ministério da Saúde estabelece um padrão para a composição de profissionais da área saúde que deve atuar no programa. Para isso a equipe multidisciplinar precisa ser composta por um médico generalista ou especializado em medicina da família, um enfermeiro generalista ou também especializado em medicina da família, além de um técnico em enfermagem e agentes comunitários. Contudo, a equipe também pode conter a presença de um cirurgião-dentista e técnico e/ou em saúde bucal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). O Ministério da Saúde lançou em 2012 um livro chamado “Política Nacional de Atenção Básica” o qual possui uma série de normativas e especificações que devem ser seguidas para o funcionamento do ESF, uma delas é que cada equipe de profissionais só podem cobrir 4.000 pessoas, porém é necessário analisar o critério de equidade para identificar o grau de vulnerabilidade das famílias de determinado local (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Na Política Nacional de Atenção Básica de 2017 esse número passa a ser de 2000 a 3500 pessoas por equipe de saúde (MELO et al., 2018). Além disso, cada profissional de saúde pode ser cadastrado em somente uma equipe, mas o médico foi estar inscrito em duas equipes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). De tal modo, entende-se que a ESF fez parte da reorganização da Atenção Primária do SUS, servindo como um programa de expansão na promoção e prevenção de doenças, contribuindo positivamente para a assistência integral aos usuários do Sistema Único de Saúde (ARANTES et al., 2016). Fonte: Google Imagens. ARANTES, Luciano José; SCHIMIZU, Helena Eri; MERCHÁN-HAMANN, EdgarContribuições e desafios da Estratégia Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde no Brasil: revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva. 2016, v. 21, n. 5, pp. 1499-1510. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232015215.19602015>. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde); DA ROS, M. A. Estilos de pensamento em saúde pública: um estudo de produção FSP – USP e ENSP – Fiocruz entre 1948 e 1994, a partir da epistemologia de Ludwick Fleck. 2000. Tese (Doutorado em Educação e Ciência) - CED, UFSC, Florianópolis, 2000. MELO, Eduardo Alves et al. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desafios. Saúde em Debate. 2018, v. 42, n. spe1, pp. 38-51. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-11042018S103>. PAGLIOSA, Fernando Luiz; DA ROS, Marco Aurélio. O relatório Flexner: para o bem e para o mal. Revista Brasileira de Educação Médica, [S. l.], v. 32, n. 4, p. 492-499, 13 fev. 2008. DOI doi.org/10.1590/S0100-55022008000400012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100- 55022008000400012. VERDI, M.I.M; DA ROS, M.A.; CUTOLO, L.R.A.; SOUZA, T.T. de; Saúde e Sociedade Modelos Conceituais em Saúde. Universidade Federal de Santa Catarina, 2018. Disponível em: <https://unasus2.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/33307/mod_resource/content/1/Unidade%201/to p1_1.html>. R E F E R Ê N C I A S O p a p e l d o A g e n t e C o m u n i t á r i o e m S a ú d e ( A C S ) C A P Í T U L O 7 Em 1991, após a redemocratização do Brasil e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) na tentativa de promover melhores condições de saúde para a população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001; FARIA et al., 2020). Sendoassim, o programa surge como uma estratégia de saúde pública através de ações de prevenção e promoção a saúde. O PACS é constituído por agentes escolhidos dentro da própria comunidade para atuar junto com a população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Estes agentes tornaram-se então grandes atores no processo de fortalecimento do SUS (FARIA et al., 2020). Segundo Assis e Castro-Silva (2018), o ACSs são responsáveis por mediar a população e a unidade de saúde, os cada agente é responsável por cobrir até 750 pessoas de uma determinada localidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Esse vínculo social entre os ACSs e a população contribui para o melhor desenvolvimento de políticas públicas preventivas através das atividades educativas no âmbito individual e coletivo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). O Plano Nacional de Atenção Básica (2011) afirma que os ACSs têm o papel de realizar visitar domiciliares junto com as equipes de saúde da família priorizando as famílias de maiores vulnerabilidade; orientar as famílias a respeitos dos serviços de saúde disponíveis; desenvolver atividade de promoção a saúde e prevenção de doenças; além disso, o ACSs deve incentivar o aleitamento materno; orientar a respeito de doenças infectocontagiosas; entre outras. C A P Í T U L O 7 Fonte: Google Imagens. ASSIS, Audrey Silva de e CASTRO-SILVA, Carlos Roberto de. Agente comunitário de saúde e o idoso: visita domiciliar e práticas de cuidado. Revista de Saúde Coletiva. 2018, v. 28, n. 03. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-73312018280308>. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Série E. Legislação em Saúde); BRASIL. Ministério da Saúde. Agentes Comunitários de Saúde - PACS. Brasília. Ministério da Saúde, 2001. CAÇADOR, B. S. et al. O papel do agente comunitário de saúde: percepção de gestores municipais de saúde. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 8, p. e8580, 21 ago. 2021. Disponível em: <https://doi.org/10.25248/reas.e8580.2021>. FARIA, C.C.M da Veiga; PAIVA, C.H.A. O trabalho do agente comunitário de saúde e as diferenças sociais no território. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, 2020; Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1981-7746-sol00251>. R E F E R Ê N C I A S https://doi.org/10.25248/reas.e8580.2021 O p a p e l d a A P S n o c o n t e x t o d a p a n d e m i a d o C O V I D - 1 9 C A P Í T U L O 8 A COVID – 19 é uma doença viral causada pelo coronavírus. Identificada pela primeira vez em 2019 na China, esta doença se espalhou pelo mundo através do seu alto grau de contágio, apresentando sintomas similares aos da gripe, mas com um potencial de letalidade 14 vezes maior que a Influenza. (DAUMAS et al., 2020). Desta forma, ainda segundo Daumas (et al., 2020) a Organização Mundial de Saúde (OMS) precisou adotar medidas intervencionista para conter o avanço da doença, formulando protocolos de segurança e educação em saúde para controlar a nova crise sanitária provocada pela pandemia do coronavírus. Uma dessas recomendações foi o aumento de números de leitos e a criação de um sistema de telecomunicação para facilitar a comunicação entre os profissionais de saúde e a população a fim de reduzir a busca por um de atendimento presencial por parte dos indivíduos nos hospitais, Unidades de Pronto Atendimento e Unidades Básicas de Saúde. Sendo assim, houve, no Brasil, a necessidade de reestruturar a Atenção Primária em Saúde (APS) para que a população recebesse o atendimento necessário diante do novo cenário pandêmico (RIBEIRO et al., 2020). Vale ressaltar que a APS compreende parte de uma estratégia em saúde que visa garantir a promoção, prevenção, proteção e reabilitação de pacientes, reduzindo agravos no âmbito individual e coletivo através de uma atenção integral e universal para a população (CABRAL et al., 2020). Contudo, mesmo diante de uma crise sanitária, os serviços de atendimento voltado à atenção básica da população não pode ser interrompido, sendo necessária uma reformulação estrutural em todos os setores de assistência a saúde. C A P Í T U L O 8 Segundo Medina (et al., 2020), o enfrentamento da COVID pela APS precisa de um plano de gerenciamento que vise a proteção do profissional de saúde e da população a ser acompanhada, além de realizar um mapeamento territorial para identificar as potencialidades e dificuldades de cada território. Para isso, a APS precisa ser dividida em quatro eixos, sendo ele: i)Vigilância em saúde nos territórios: a vigilância em saúde atua impedindo o avanço da COVID através de um sistema que visa identificar, notificar, e acompanhar os casos. Além disso, o Agente Comunitário em Saúde (ACS) pode contribuir para conscientizar a população a respeito do isolamento social e combater as Fake News. ii)Atenção aos usuários com COVID-19: para fazer o controle de forma organizada e adequada, os pacientes precisam ser identificados quanto ao seu grau de sintomatologia, pois em caso de suspeita de quadros graves o paciente precisa ser orientado corretamente e encaminhado para outros níveis de atenção caso haja necessidade. Nessa modalidade surge os canais de atendimento online como o teleantedimento para facilitar a comunicação entre os pacientes e os profissionais de saúde. iii)Suporte social a grupos vulneráveis: as Estratégias de Saúde da Família (ESF) tem como objetivo suprir as necessidades dos grupos de riscos e das populações socialmente vulneráveis, promovendo apoio sanitário, financeira e social, além de garantir a proteção social a estes grupos. A APS busca solucionar problemas graves e diversos, desde doações de cestas básicas, até combate da violência física contra as mulheres. iv)Continuidade das ações próprias da APS: entende-se que mesmo diante de um novo cenário, as atividades da APS precisam ser preservadas, promovendo atendimento nas UBS para pacientes com necessidade de diferentes procedimentos. CABRAL, E. R. DE M.; BONFADA, D.; MELO, M. C. DE; CESAR, I. D.; OLIVEIRA, R. E. M. DE; BASTOS, T. F.; BONFADA, D.; MACHADO, L. O.; ROLIM, A. C. A.; ZAGO, A. C. W. Contributions and challenges of the Primary Health Care across the pandemic COVID-19. InterAmerican Journal of Medicine and Health, v. 3, p. 1 - 12, 11 Apr. 2020. DAUMAS, Regina Paiva et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possibilidades no enfrentamento da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública. v. 36, n. 6 . Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00104120>. MEDINA, Maria Guadalupe et al. Atenção primária à saúde em tempos de COVID-19: o que fazer?. Cadernos de Saúde Pública. v. 36, n. 8. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102- 311X00149720>. RIBEIRO, M.; JÚNIOR, D. G. A.; CAVALCANTE, A. S. P.; MARTINS, A.; DE SOUSA, L.; CARVALHO, R.; CUNHA, I. C. K. O. (RE)Organização da Atenção Primária à Saúde para o enfrentamento da COVID-19: Experiência de Sobral-CE. APS EM REVISTA, v. 2, n. 2, p. 177-188, 8 jun. 2020. SARTI, Thiago Dias et al. Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela COVID-19?. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v. 29, n. 2. Disponível em: <https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200024>. TEIXEIRA, Maria Glória et al. Reorganização da atenção primária à saúde para vigilância universal e contenção da COVID-19. Epidemiologia e Serviços de Saúde. v. 29, n. 4. Disponível em: <https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000400015>. R E F E R Ê N C I A S E S T E L I V R O F A L A S O B R E O S P R I N C I P A I S C O N C E I T O S D E S A Ú D E C O L E T I V A E A T U A Ç Ã O D O C I R U R G I Ã O D E N T I S T A F R E N T E A O S D E S A F I O S E N F R E N T A D O S P E L O S I S T E M A D E S A Ú D E P Ú B L I C O D O B R A S I L . U M A M I S T U R A D E C I Ê N C I A , S A Ú D E , F I L O S O F I A E H U M A N I Z A Ç Ã O , A P A R T I R D A S A N Á L I S E S F E I TA S E M A R T I G O S E A U L A S M I N I S T R A D A S . A V O C Ê Q U E L E U A T É A Q U I , O M E U Muito Obrigado