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GESTÃO DE PROCESSOS PRISCILA NESELLO 2GESTÃO DE PROCESSOS SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Jaqueline Boeira Revisora Luana dos Reis INTRODUÇÃO 3 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS DE PROCESSOS 5 A visão por processos na organização 6 Definições, tipos e hierarquia de processos 10 Resumo da unidade 14 Exercícios propostos - Capítulo 01 15 O SURGIMENTO DE UMA DISCIPLINA E DA PRO- FISSÃO EM GERENCIAMENTO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS 16 A disciplina de gestão de processos de negócios 17 A profissão em gerenciamento de processos de negócios 23 Resumo da unidade 29 Exercícios propostos - Capítulo 02 30 APRESENTANDO O BPM CBOK 31 Estrutura do Guia BPM CBOK 32 Perspectiva organizacional 33 Perspectiva de processos 36 Resumo da unidade 51 Exercícios propostos - Capítulo 03 53 MODELOS DE MATURIDADE E GERENCIAMENTO DA MUDANÇA 55 Modelos de maturidade aplicados aos processos de negó- cios 56 Gerenciamento da mudança em BPM 60 Resumo da unidade 63 Exercícios propostos - Capítulo 04 65 GABARITO 66 REFERÊNCIAS 71 INTRODUÇÃO Olá aluno! Os seres humanos fazem parte da natureza, porém, a grande maioria das suas atividades interferem negativamente no equilíbrio dos ecossistemas. Para controlar as atividades humanas com interferências negativas sobre as condições ambientais é que existe o licenciamento ambiental, sendo este um importante instrumento. Neste Ebook será apresentado a definição e contextualização de licenciamento ambiental, o seu histórico, as principais leis vinculadas a ele, alguns termos utilizados no licenciamento ambiental, os tipos de licenças e procedimento para obtenção de licença ambiental. Você encontrará aqui também algumas atividades que auxiliarão na fixação e aplicação do que foi estudado, por isso, é muito importante realizá-las. O material aqui apresentado serve como base, para que futura- mente, você que será um Técnico em Meio Ambiente, possa guiar-se ao realizar procedimentos de licenciamento ambiental. Ótimos estudos! INTRODUÇÃO Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à disciplina de Gestão de Processos. Você conhece o conceito de Gestão de Processos de Negócios (em inglês, Business Pro- cess Management – BPM)? Quando você tem uma ideia para o desenvolvimento de um novo produto ou serviço, por exemplo, terá que organizar um conjunto de atividades, pessoas, regras de negócio, sistemas, até obter o resultado desejado certo? Da mesma forma as empresas precisam realizar o gerenciamento de seus processos de negócios. Você conhece a importância do ciclo de vida de um pro- cesso? Sabe quais são suas etapas? Ao aumentar o valor criado para os clientes, os f luxos de processos cruzam as fronteiras funcionais da organização, ou seja, seus departamentos. Na visão da BPM, o trabalho ponta a ponta e a orquestração das atividades ao longo das funções de negócio são determinantes para que sejam atingidos os objetivos orga- nizacionais. Além disso, as pessoas devem compreender quais são as representações necessárias para atender o negócio, em termos do desenvolvimento e manutenção da definição de processos. A Associação de Profissionais de Processos de Negócios (em inglês, Association of Business Process Professionals – ABPM) é uma organização internacional, sem fins lucrativos, dedicada à promoção dos conceitos e práticas de BPM. O BPM INTRODUÇÃO Olá aluno! Os seres humanos fazem parte da natureza, porém, a grande maioria das suas atividades interferem negativamente no equilíbrio dos ecossistemas. Para controlar as atividades humanas com interferências negativas sobre as condições ambientais é que existe o licenciamento ambiental, sendo este um importante instrumento. Neste Ebook será apresentado a definição e contextualização de licenciamento ambiental, o seu histórico, as principais leis vinculadas a ele, alguns termos utilizados no licenciamento ambiental, os tipos de licenças e procedimento para obtenção de licença ambiental. Você encontrará aqui também algumas atividades que auxiliarão na fixação e aplicação do que foi estudado, por isso, é muito importante realizá-las. O material aqui apresentado serve como base, para que futura- mente, você que será um Técnico em Meio Ambiente, possa guiar-se ao realizar procedimentos de licenciamento ambiental. Ótimos estudos! CBOK (2013) é corpo comum de conhecimento, feito com o apoio dos membros da ABPMP. Este guia organiza as áreas de conhecimento da BPM, criando uma visão abrangente e possível de ser implementada. Ao concluir esta disciplina, você terá condições de analisar os diferentes con- ceitos relacionados ao gerenciamento de processos de negócios, podendo desenvolver um plano de gestão por processos na sua organização. Este e-book é dividido em quatro unidades, que irão detalhar os principais aspectos relacionados gestão de processos de negócios. A Unidade 1 irá tratar dos temas visão por processos na organização e defi- nições, tipos e hierarquia de processos. Na Unidade 2 iremos ver a disciplina de gestão de processos de negócios e a profissão em gerenciamento de processos de negócios. Na unidade 2 falaremos sobre o CBOK, sua estrutura e perspectivas organizacional e de processos. Por fim, a Unidade 4 irá tratar dos modelos de maturidade em gestão de processos de negócios e gestão da mudança. Espero que estes conceitos, teorias e práticas relacionados aos processos de negócios possam ser de grande utilidade, para que, ao final da disciplina, você visualize formas práticas de implementar a BPM, aplicando os conhecimentos adquiridos. Abraços e bons estudos! 5GESTÃO DE PROCESSOS CONCEITOS IN- TRODUTÓRIOS DE PROCESSOS Definições, tipos, hierarquia de processos Neste capítulo você estudará o tema processos de negó- cio: quais conceitos fornecem a estrutura adequada para que a empresa melhore seu desempenho e resultados por meio da geração de valor para os clientes. Além disso, serão abordadas as diferentes visões acerca dos processos nas organizações, visão departamental e visão por processos e sobre os processos e os projetos. Para começar este estudo você fará algumas ref lexões im- portantes para que possa integrar a teoria apresentada com os desafios cotidianos. Como podemos definir um processo de negócio? Quais os elementos que compõe um processo de 6GESTÃO DE PROCESSOS negócio? Os departamentos deixam de existir com a visão por processos? A partir destas ref lexões, neste capítulo você estudará os processos de negócio, seus diferentes tipos e níveis de detalha- mento na hierarquia de processos e a aplicação correta destes conceitos no sentido de gerir como uma empresa executa o trabalho para atender as necessidades dos seus clientes. Boa leitura! A visão por processos na organização A palavra processo aparece em várias situações do nosso cotiano. Ela é utilizada em várias situações para designar uma sequência de atividades: processos jurídicos, processos quími- cos, processos e produção siderúrgica, etc. (BALDAM ET AL., 2007). Contudo, nosso foco de estudo será os processos de negócios (business process). Todos os negócios são sistemas que existem para gerar resultados de valor (JESUS & MACIEIRA, 2014). São exem- plos de resultados de valor: produtos e serviços para clientes e lucro para os acionistas. São partes interessadas (stakeholders) no resultado de valor de um negócio: governo, fornecedores, funcionários, sociedade e outros. Um negócio é, portanto, composto de insumos, produtos e processos internos que transformam estes insumos em pro- dutos e serviços com algum resultado de valor.Mas com isso funciona na prática, no dia a dia de um negócio? O processo se inicia quando são recebidos os insumos/demandas de clientes e partes interessadas externas ao processo, ou de outro processo de negócio. O processo termina quando as necessidades desses atores são alcançadas, ou o estímulo para alcançar o resultado é retirado (BURLTON, 2011). Desta forma podemos dizer que um processo é a forma como um negócio consome recursos para gerar produtos e serviços 7GESTÃO DE PROCESSOS os quais tem seu valor percebido por seus clientes (JESUS & MACIEIRA, 2014). Entender um negócio a partir de seus processos é entender como esse negócio utiliza seus recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos para criar valor para seus clientes e outras partes interessadas. Podemos pensar uma organização como um conjunto de como máquinas, organismos, cérebros, culturas, sistemas políti- cos, entre outras. Conforme a visão de processos torna-se mais conhecida, passamos a ver a organização como um conjunto de processos. Alguns deles pertencem a um departamento ou setor: podemos chamá-los de intrafuncionais. Outros são transfuncionais pois atravessam departamentos. É importante, desde já, aprendermos a identificar as dife- renças entre as visões departamentais e por processos. A Figura 1 apresenta uma companhia no contexto da visão departamental e em seguida, da perspectiva de processos: Fonte: Baldam et al. (2007, pp. 25 A visão de processos apresentada na Figura 1 mostra um processo cruzando departamentos e solicitando serviços de cada um deles, dependendo da atividade a ser executada. Esta visão procura entender “o que precisa ser feito e como fazê-lo”. Isto é feito tendo em mente as atividades que agregarão valor para a organização, sem se preocupar inicialmente em saber qual departamento irá executar. Para reforçar esta ideia, vamos analisar a Tabela 1, que faz um comparativo entre a organi- zação centrada em processos e a organização não centrada em processos: 8GESTÃO DE PROCESSOS Organização centrada em processos Organização não centrada em processos Entende que processos agregam significativo valor para a organização e facilitam à organização atingir seus objetivos estratégicos. Não está completamente convencida da contribuição que a visão e estudos de processos podem trazer para a organização e para a estratégia Incorpora BPM (Business process management) como parte da prática gerencial Gerenciamento de processos não é o foco primário Envolve o BPM na estratégia Apoia várias iniciativas isoladas de BPM Os executivos seniores possuem foco em processos, especialmente o presidente, pois os demais tendem a seguir o líder Entende que processo é importante pelos problemas que causa (qualidade, lista de reclamações, etc) Possui clara visão de seus processos e como se relacionam Pode possuir cadeia de valor bem definida, lista de processos e subprocessos. Talvez até possua alguns processos modelados A estrutura da organização reflete seus processos A estrutura da organização reflete seus departamentos Entende que podem surgir tensões entre os processos e departamentos e possui meios de sanar tais situações Pode tornar uma tensão em frustração e criar mentalidade de punição Possui um executivo sênior destacado para área de processos e integração deles dentro da organização Funcionalidades baseadas em responsabilidades que não cruzam departamentos Recompensas e prêmios baseados em metas de processos Recompensas e prêmios baseados em metas de departamentos Fonte: Baldam et al. ( 2007). Na prática as empresas apenas tendem a ser centrada em processos, caminhando para uma maior maturidade em proces- sos, mas com departamentos e com uma certa visão funcional coexistindo com a visão de processos. A gestão orientada por processos não possui a intenção de eliminar os organogramas funcionais. Ela é um instrumento complementar de gestão que habilita os negócios a lidarem com problemas e desafios que envolvem múltiplas unidades funcionais a partir do entendimento do que o cliente realmente necessita. Poderia haver uma empresa totalmente centrada em processos? 9GESTÃO DE PROCESSOS A teoria da gestão por processos coloca que, para criar e sustentar bons produtos e serviços, os negócios devem ter como objeto central de gestão a visão de processos “ponta a ponta” a partir do foco com o cliente. Neste contexto, um processo torna-se o modo como uma empresa distribui e executa o trabalho, ao longo de suas diversas unidades funcionais para gerar produtos e serviços para seus clientes e partes interessadas (JESUS & MACIEIRA, 2014). Outra perspectiva a ser analisada no contexto da gestão de processos são os projetos. Frequentemente processos e projetos podem ser confundidos na organização. Projetos são defini- dos como sendo esforços temporários e exclusivos que geram produtos, serviços ou resultados exclusivos (PMI, 2017). Em contrapartida, os processos podem ocorrer em qualquer tempo, bastando que um gatilho o dispare. Por exemplo, um processo de auditoria pode ocorrer por período de tempo, frequência de tempo, denúncia, entre outros. Um processo de atendimento de call center pode ocorrer em qualquer horário do dia ou da noite e em qualquer dia do ano. A Tabela 2 faz um comparativo entre projetos e processos: Projetos Processos Projetos envolvem o desenvolvimento de algo que nunca foi feito antes, e que é, portanto, único. Um produto ou serviço pode ser único, mesmo considerando que já tenha sido desenvolvida uma infinidade de produtos/serviços em sua categoria Podem produzir milhares de produtos, serviços ou resultados similares. Caracteriza-se pela repetibilidade de ocorrência, podendo coexistir várias instancias de processo simultaneamente. Por exemplo: processo de pagamento, concessão, empréstimos, entre outros A elaboração progressiva é a característica que integra os conceitos de temporário e único. Como o produto de cada projeto é único, as características peculiares que o distinguem devem ser progressivamente elaboradas Execução simultânea de várias etapas e vários resultados similares 10GESTÃO DE PROCESSOS Por ser executado usualmente de vários dias a anos, um projeto precisa ser documentado em vários aspectos: atas, planos de comunicação, gestão de pessoas, gestão de riscos, cronogramas físicos e financeiros, relatórios, entre outros Por usualmente possuir menor duração e pela automação empregada, a maior parte da documentação é reduzida ou eliminada e concentrada em sistemas de informação. Alguns documentos não possuem sentido prático. Exemplo: não há por que criar um plano de comunicação, cronograma ou modelar riscos para cada cheque que fosse compensado num processo de compensação de cheques. Exemplos típicos: - Desenvolver um novo produto ou serviço; - Implementar uma mudança organizacional; - Planejar novo veículo de transporte; - Desenvolver ou adquirir um sistema de informação; - Construir um prédio ou instalações; - Levar a cabo uma campanha política; - Implementar um novo processo ou procedimento organizacional. Exemplos típicos: - Preparar estudo de mercado detalhado; - Programar produção; - Gerenciar pedidos/perguntas do cliente; - Determinar custos de RH; - Definir necessidades de acesso à informação; - Preparar orçamentos e planos periódicos; - Pagar faturas. Como podemos observar, são diferenças sutis que separam projetos de processos. O implementar de um processo também pode gerar alguma confusão, pois ele é executado com menos frequência e/ou possui longo tempo de execução. Neste caso, pode ser vantajoso executá-lo de maneira não automatizada e utilizando técnicas de gerenciamento de projetos. Definições, tipos e hierarquia de processos O primeiro passo para compreendermos um processo é identificando seu escopo, ou seja, onde ele começa e onde termina. Todo processo pode ser definido em funçãode seus limites inicial e final (“de – “até) (JESUS & MACIEIRA, 2014). Esses limites deixam claro que o processo se encerra somente quando realmente entrega um resultado de valor para seus clientes e/ou partes interessadas. Vamos ver alguns exemplos: • Do atendimento até a resolução (de um problema); Fonte: Baldam et al. (2007). 11GESTÃO DE PROCESSOS • Da solicitação até o pagamento (de um bem ou serviço); • Da ideia até o lançamento (de um produto). Nesta visão, um processo não deve ser considerado apenas um f luxo de atividades ou manual de atribuições com obje- tivo de padronizar as rotinas de negócios. A orientação por processos discute qual a melhor forma possível para utilizar e combinar recursos para gerar um determinado produto/ser- viço valorizado pelo cliente e partes interessadas (JESUS & MACIEIRA, 2014). Quase todas as defini- ções de processos mencio- nam um fluxo de entradas e de saídas (CAPOTE, 2011). Com isso fica cla- ro que o propósito de um processo é transformar os recursos que entram: materiais, formas de energia, informações ou os próprios clientes; em recursos com valor adicionado, a serem disponibilizados para clientes internos ou externos: aço, energia aproveitável, dados relevantes, pacientes curados; bem como recursos com valor público adicionado: empregos, impostos, benefícios à vizinhança, etc.). Outros dois tipos de saídas também são gerados pelos pro- cessos: recursos sem valor imediato: resíduos sólidos, emissão de gases e ef luentes líquidos, a serem reaproveitados, tratados ou dispostos; e, informações que realimentarão o sistema or- ganizacional, propiciando melhorias e indicações quanto ao seu desempenho (CAPOTE, 2011). A transformação dos recursos entrantes em saídas é feita por meio dos recursos de transformação: máquinas e equipamentos manuais, força de trabalho organizada, softwares, repositórios de informação, etc. A Figura 3 apresenta estes componentes de processos e suas relações. Fonte: Capote (2011, pp. 21). 12GESTÃO DE PROCESSOS A agregação de valor a partir de etapas sequenciais que resultam em um produto para clientes é muito comum para os processos de manufatura (JESUS & MACIEIRA, 2014). Contudo, se formos aplicar estes conceitos aos serviços, por exemplo, onde há uma integração forte com clientes e outras partes interessadas, podemos ver o processo de uma maneira mais ampla, onde o valor nem sempre é criado com passos lineares e sequenciais, mas numa visão coprodutiva, na qual o valor é cocriado interativamente pela empresa com seus clientes e outras partes interessadas. A organização lógica dos diversos processos de um ne- gócio, em uma visão integrada é chamada de “arquitetura de processo”. Em uma arquitetura de processos, os processos de negócios são agrupados em três tipos: processos primários (core process), processos de suporte ou apoio e processos de gestão ou gerenciais (CAPOTE, 2011). Os processos primários têm relação direta com o cliente. Eles são também conhecidos como core process ou processos essenciais. Quando agrupados aos outros processos primários tendem a traduzir a cadeia de valor das organizações. O que significa cadeia de valor? Fonte: adaptado de Porter (1985). Michael Porter foi o primeiro autor a enfatizar o papel dos processos para alcançar vantagens competitivas, ao introduzir o conceito de Cadeia de Valor. Porter (1985) definiu Cadeia de Valor como sendo o conjunto de atividades interconectadas por um negócio para entregar valor aos seus clientes. Neste contexto, toda a empresa tem atividades primárias, que agre- gam valor diretamente aos clientes; e, atividades de suporte, que sustentam a execução das atividades primárias. Para Porter 13GESTÃO DE PROCESSOS (1985) a capacidade da empresa em gerenciar ligações entre as atividades representa uma fonte de vantagem competitiva. Isto porque, a empresa oferece aos clientes um nível de valor que excede os custos das atividades, resultando em uma margem de lucro. Veja a Figura 4. Nesta linha, os processos de suporte ou apoio colaboram com a realização dos processos primários. Eles possuem carac- terísticas marcantes, como a ausência de relacionamento direto com os clientes e forte e evidente vínculo à visão funcional tra- dicional (hierarquia organizacional) (CAPOTE, 2011). Estes são processos que possuem impacto direto na capacidade de realização e entrega dos processos primários, portanto devem ser alvo de avaliação conjunta com os processos primários. Já os processos de gestão ou gerenciais são estabelecidos formalmente e com o intuito de coordenar as atividades dos processos de apoio e dos processos primários (CAPOTE, 2011). Eles buscam garantir que os processos por ele gerenciados atin- jam suas metas operacionais, financeiras, regulatórias e legais. Em relação ao seu agru- pamento, ou refinamento os processos são representados por meio de uma hierarquia formal. A hierarquia está re- lacionada como refinamento sucessivo ou drill down de processos. Ela parte de um contexto mais abstrato, ou ma- croprocesso, detalhando sucessivamente, ou diminuindo sua granularidade até sua parte mais rica em descrição, tarefa. Ainda estudando a hierarquia de processos, vamos agora falar um pouco das atividades. As atividades são trabalhos humanos ou sistêmicos realizados por recursos específicos e dentro de um processo ou subprocesso. As atividades podem ser documentadas na forma de instrução de trabalho ou pro- cedimentos, sendo que uma instrução de trabalho define as Fonte: adaptado de Capote (2011). 14GESTÃO DE PROCESSOS tarefas necessárias para conclusão de determinada atividade. Veja o exemplo: Fonte: adaptado de Capote (2011). Normalmente as atividades são realizadas por unidades (uma pessoa, um sistema, etc) e são repetitivas, podendo em- pregar insumos, recursos humanos e tecnologia. Elas produzem como resultados valor e informação. Resumo da unidade Você concluiu os estudos sobre os conceitos introdutórios de processos. Com essa discussão esperamos que você tenha adquirido as competências necessárias para identificar os pro- cessos que fazem parte das organizações, por meio da visão orientada a processos e, ainda classificá-los em relação aos seus diferentes tipos e níveis na hierarquia de processos. Nesse capítulo você teve a oportunidade de: • Definir processo de negócio, sua amplitude, elementos, tipos e níveis; • Compreender as diferenças entre a visão departamental e a visão de processos e, entre processos e projetos; • Relacionar a realização dos processos de negócio com a entrega de valor para o cliente. Exercícios propostos - Capítulo 01 Questão 1: Conforme vimos neste capítulo, a hierarquia de processos é uma representação do agrupamento de processos e seu refinamento, com o objetivo de possibilitar a adequada definição de granularidade, ou riqueza de detalhes, na qual o processo será descrito ou representado. Com base nesta definição, relacione da maneira correta as colunas a seguir: Questão 2: Quais são as características de uma empresa centrada em processos em relação a sua estratégia organizacional? Questão 3: Quais as diferenças básicas entre projeto e processo? Questão 4: Qual é o propósito de um processo de negócio? Questão 5: Quais são os três tipos de processos que compõe a arquitetura de processos de uma organização? Hierarquia de processos Conceito Exemplo 1 Macro processo Trabalho realizado de ponta-a-ponta, que ultrapassa as fronteiras funcionais e entrega valor ao cliente Seleção de candidatos para vaga interna 2 Processo É o desdobramento de algum processo principal, estando diretamente relacionado a ele Gestão de pessoas 3 Subprocesso Contexto mais abstrato Recrutamento e seleção 4 Atividade Parte mais rica em descrição Gerar material informativo de vaga interna 5 Tarefa Trabalhos humanos ou sistêmicos que são realizados por recursos específicos Divulgar internamente vagas disponíveis16GESTÃO DE PROCESSOS O SURGIMENTO DE UMA DISCIPLI- NA E DA PROFIS- SÃO EM GEREN- CIAMENTO DE PROCESSOS DE NEGÓCIOS Os processos de negócios como ativos corporativos. 17GESTÃO DE PROCESSOS Neste capítulo você estudará o BPM como uma disciplina gerencial: qual a relação do BPM com as teorias clássicas e contemporâneas da administração, a gestão do ciclo de vida de um processo e a profissão em gerenciamento de processos de negócios. Além disso, serão abordados os diferentes tipos de projetos de processos e as posições essenciais para um pro- grama de BPM. Para que você possa integrar a teoria apresentada com os desafios do dia a dia é importante que façamos algumas ref lexões. Como o BPM se integra a estrutura funcional? Quais os elementos que compõe o ciclo de vida de um projeto de processos? Quais é a estrutura necessária para suportar o BPM em uma organização? A partir destas ref lexões, neste capítulo você estudará a origem do BPM como disciplina, as etapas do ciclo de vida de um processo, os diferentes tipos de projetos que podem ser desenvolvidos em termos de processos e os papeis essenciais que dão suporte ao BPM. Bons estudos! A disciplina de gestão de processos de negócios A geração de crescimento e lucro para um negócio, a partir da entrega de melhores produtos e serviços os clientes é o foco da gestão orientada por processos (JESUS & MACIEIRA, 2014). Mas você pode estar se perguntando: se os processos têm toda esta importância para o negócio, porque não se fa- lava tanto do assunto há 20 anos como hoje? A resposta para este questionamento remete ao ambiente competitivo em que estamos inseridos. Vamos então voltar um pouco no tempo, para entender- mos melhor como a gestão de processos têm evoluído, desde a racionalização do trabalho. Vamos iniciar com os clássicos da Gestão da Produção: Taylor, Ford e Fayol. Na virada do século XIX para o XX, Taylor passou a pregar a “gestão cien- 18GESTÃO DE PROCESSOS tífica da produção”, com base em cinco princípios: análise e posterior padronização das tarefas a serem executadas; seleção de trabalhadores aptos a realizar as tarefas, como elas haviam sido desenhadas; treinamento dos trabalhadores selecionados; motivação salarial dos trabalhadores; cooperação entre traba- lhadores e direção da empresa. Posteriormente, Ford introduziu a decomposição do trabalho em frações tão pequenas quanto possível, para com isso ganhar mais velocidade. Isso trouxe o pro- blema da velocidade no encadeamento das tarefas, ou seja, no processo. Para resolver, Ford então lançou o conceito de linha de montagem. Ford foi original ao associar a produção em massa e consumo em massa. Vou explicar como isso aconteceu: Nos primeiros anos de produção do modelo Ford T, os carros não eram disponi- bilizados na cor preta. Aos poucos, as opções de cores foram eliminadas de forma a ganhar escala e reduzir os custos de produção. Então, a cor preta foi escolhida devido à sua dura- bilidade e baixo custo. Nestas circunstâncias, temos um único produto na ponta final. Isso faz com que o f luxo de atividades que temos que percorrer seja sempre o mesmo. Além disso, os o ciclo de vida deste produto era mais longo e mais estável, fazendo com que a coordenação do processo ocorresse de forma satisfatória pelas estruturas funcionais (A estrutura funcional reúne num departamento todas as pessoas envolvidas em uma atividade ou em várias atividades relacionadas. Por exemplo numa orga- nização dividida por função pode ter departamentos separados de fabricação, marketing e vendas (STONER & FREEMAN, 1999).) ! Após a Segunda Guerra Mundial os sindicatos ganharam 19GESTÃO DE PROCESSOS poder nas negociações coletivas das indústrias (BALDAM ET AL., 2007). Foi então constatado que os trabalhadores estavam sendo completamente excluídos da tomada de decisão gerencial, além do trabalho ser excessivamente rotineiro. Estudos em ergonomia foram conduzidos pelo psicólogo americano Elton Mayo e deram origem à Escola das Relações Humanas. Sob a inf luência do behaviorismo, Mayo sugeriu que os gerentes modernos abandonassem o autoritarismo e passassem a con- siderar a situação social do trabalho em nome do aumento de produtividade. Posteriormente, os fatores humanos se conso- lidaram como preocupações cotidianas das organizações, sob a inf luência da Teoria Comportamental – Simon, Argyris, McGregor e Likert, e técnicas da Sociologia das Organizações. Com o passar do tempo, a busca por eficiência nas funções cedeu lugar à busca pela f lexibilidade por meio da gestão dos processos. Fatores que contribuíram para isto: explosão da inovação tecnológica, a saturação de mercados e a demanda por produtos diversificados e por mais qualidade, somadas a uma menor regulação dos mercados pelo Estado. As abordagens mais contemporâneas de gestão passaram a ter a gestão de processos como pilar. O que hoje de determi- namos como a disciplina de BPM (Business Process Manage- ment), abarca em si as contribuições de: Controle e Gestão da Qualidade Total (TQC / TQM), Sistema Toyota de Produção (STP), Reengenharia, Seis Sigma, Balanced Scorecard (BSC) e avanços na aplicação da Tecnologia da informação (TI) (JE- SUS & MACIEIRA, 2014). Vamos conhecer melhor cada uma destas abordagens! Controle e Gestão da Qualidade Total (TQC/TQM) Originado no Pós 2ª Guerra, o TQC vem representado por autores como Juran, Stewhart e Deming. O TQC é uma filosofia que busca aprimorar continuamente a qualidade de produtos e processos, enfatizando o uso de técnicas estatísticas As linhas de produção tradicionais não suportavam essas contínuas mudanças nos processos. 20GESTÃO DE PROCESSOS para isolar as causas-raiz dos problemas de desempenho. Nesta visão a qualidade é uma responsabilidade de todos, por isso a delegação de responsabilidades gera um maior engajamento dos colaboradores nas ações de melhoria. Esta é a base para os atuais programas de certificação de processos e de gestão, como a ISO 9000. Sistema Toyota de Produção (STP) Originado no mesmo período do TQC, o STP surgiu no Japão, e tem como autores Taichi Ohno e Shingeo Shingo. Oposto a lógica de produção em massa, proposta pela Ad- ministração científica, o STP foca no aumento da eficiência a partir da eliminação de perdas e desperdícios no processo. São entendidas como perdas tudo o que não agrega valor di- retamente para o cliente: superprodução, transporte, proces- samento, movimentação, estoque, defeitos, espera. O STP traz um conjunto de ferramentas para pensar como otimizar um processo em função das necessidades dos clientes. Ele é a origem da filosofia Lean, que é uma versão “americanizada” dos conceitos originais do STP. Reengenharia Este conceito foi popularizado na década de 1990, por Michael Hammer e James Champy. Ele propõe um repensar radical do processo, em oposição à melhoria continua, defen- dida pelo controle e gestão da qualidade. A reengenharia dá ênfase nos processos de ponta a ponta. Ela traz a visão de que é necessário discutir os impactos da readequação de processos em relação a estratégia, as estruturas organizacionais, aos sistemas de informação e aos valores do negócio. Equivocadamente, a reengenharia passou a ser associada aos movimentos de down- sizing (redução de pessoal e redução de custos) e à implantação de sistemas ERP (Enterprise Resources Planning), tendo com isso seu impacto limitado na gestão. 21GESTÃO DE PROCESSOS Seis sigma Abordagem derivada do controle da qualidade, criada pela Motorola e popularizada pela GE, na década de 1990. O Seis Sigma dá ênfase em reduzir a variabilidade dos resultados de um processo, utilizando para isto técnicas estatísticas. Possui um amplo programa de formação de profissionais vinculado a lógica de recompensa pelo alcance de resultados em melhoria de processos. Na última década, o Seis Sigma foi associado a abordagem Lean. No mercado ficou denominado de Lean Six Sigma e passoua buscar também um aprimoramento da eficiência dos processos e eliminação de desperdícios. Balanced Scorecard (BSC) Surgiu no final da década de 1990, tendo sido proposto pelos autores Kaplan e Norton. O BSC reforça a visão de que os esforços nos processos internos contribuem diretamente para o alcance de uma determinada estratégia de negócio. Isto ocorre em função do impacto positivo na proposição de valor para os clientes/mercado e sua perspectiva financeira. Tecnologia da informação Na década de 1990, como alternativa para aumentar e integrar as funções de trabalho, se iniciou um movimento intenso de adoção de sistemas ERP. A implantação dos ERP evolui para o uso de tecnologias de workflow, ferramentas de integração de aplicativos e arquiteturas orientadas a serviços (SOA – Service Oriented Architecture). Atualmente, o uso da TI é representado por meio de sistemas ou suítes de apoio ao BPM (BPMS – Business Process Management Sytems), que buscam suportar todo o ciclo de vida da gestão de processos. A atual disciplina de BPM integra elementos de todas estas linhas de pensamento. A definição de BPM do BPM CBOK (2013, pp. 52) é: “BPM é uma disciplina gerencial que integra estratégias e objetivos de uma organização com expectativas e 22GESTÃO DE PROCESSOS necessidades de clientes, por meio do foco em processos ponta a ponta”. As principais características de BPM são (JESUS & MACIEIRA, 2014): • Busca por um maior alinhamento e integração entre as prioridades estratégicas, esforços de melhoria de processos no nível tático e implantação de tecnologias de apoio para os processos no nível operacional; • Enfoque sistêmico para uma gestão orientada pela visão de processos, integrada e articulada com outros elemen- tos de um sistema de gestão empresarial (estratégia, estrutura, sistemas, avaliação de desempenho, etc); • Pensamento “de fora para dentro”, com foco nas prio- ridades para os clientes e, consequentemente, no que é visto por eles como agregação de valor; • Maior foco tecnológico, com a evolução das ferramentas de BPMS, que apoiam o projeto, execução e monitora- mento dos processos. Gerenciar um processo de negócio como um ativo da or- ganização, requer mais do que ver o processo de forma isola- da, como funções de trabalho. Como fazer para garantir que produtos e serviços sejam excepcionais para os clientes e partes interessadas? Gerenciando o seu ciclo de vida! Ou seja, gerindo o modo como a organização entende e soluciona diversas ne- cessidades de seus clientes a partir de suas unidades funcionais. O ciclo de vida de um processo envolve o estabelecimento de objetivos e métricas, projeto, implantação, monitoramento e refinamento do processo frente aos objetivos e métricas es- tabelecidos (BPM CBOK, 2013). 23GESTÃO DE PROCESSOS Fonte: Adaptado de Baldam et al. (2007). O desdobramento do planejamento estratégico para as ne- cessidades dos processos é a etapa inicial do ciclo de vida. As etapas seguem com o entendimento e a análise dos processos atuais, o desenho dos processos futuros e a execução de novos processos. Após a implementação, iniciamos o monitoramento e controle dos processos estabelecidos, e a partir disso, a melho- ria contínua ou refinamento (JESUS & MACIEIRA, 2014). A profissão em gerenciamento de processos de negócios BPM pode ser definido como uma disciplina gerencial e um conjunto de tecnologias que fornece suporte ao gerencia- mento por processos (BPM CBOK, 2013). Uma organização é um conjunto de processos que deve ter um nível adequado de sincronismo, para que os resultados sejam gerados. São os processos e não as áreas funcionais que produzem os verda- deiros resultados. À medida que as organizações tomam consciência desta realidade, surgem novas estruturas e papeis organizacionais para suportar o gerenciamento de processos de negócios. Usu- almente, as empresas iniciam seus esforços em BPM a partir de projetos de processos. Estes projetos podem ser classificados como (JESUS & MACIEIRA, 2014): 1. Projetos de documentação de processos: envolvem 24GESTÃO DE PROCESSOS representar o funcionamento e um negócio em f lu- xogramas e manuais de processos. Estes projetos são feitos quando há um baixo conhecimento sobre como o negócio realmente funcionada. O objetivo é explicitar o conhecimento tácito que está na cabeça de alguns colaboradores, de forma a reter o conhecimento sob a forma de processos documentados. 2. Projetos de diagnóstico de processos: estes projetos não se limitam a entender a realidade atual de seus processos, mas procuram desenhar como tais processos deveriam funcionar. Estruturamos processos de diag- nóstico para ajudar o negócio a pensar fora da caixa e quebrar paradigmas sobre a melhor forma possível de atender as necessidades dos clientes. 3. Projetos de mudança de processos: nestes projetos há uma forte integração entre as competências de proces- sos, tecnologia da informação e gestão da mudança. É fundamental integrar os conhecimentos de TI e do negócio para traduzir como tais melhorias podem ser operacionalizadas. Além disso, sem a preocupação efe- tiva com as pessoas que trabalham na execução do pro- cesso, muitas melhorias falham em ser implementadas. 4. Projetos de transformação do negócio: estes projetos se caracterizam por inverter a lógica do pensamento sobre a mudança de processos. Estes projetos têm como característica a busca pela inovação. Alguns exemplos de transformações envolvem: mudanças nas regras de negócio, na divisão do trabalho, na interação com o cliente, no produto ou serviço gerado. Com estes diferentes tipos de projetos, surgem diferentes papeis e responsabilidades, com títulos e alinhamentos de responsabilidades variados, todos com foco no gerenciamento de processos. A forma de compor uma equipe de BPM irá depender das políticas de cada empresa. Contudo, algumas 25GESTÃO DE PROCESSOS atividades irão ocorrer de forma pontual e outras serão estru- turas permanentes. Por exemplo, quando for feito um projeto de modelagem e otimização de processos teremos uma equipe temporária. Em contrapartida, a equipe permanente será aquela que estará executando o processo no dia a dia, estando dis- tribuída nos diferentes departamentos ou setores (BALDAM ET AL., 2007). A equipe permanente é denominada equipe de BPM. Esta equipe será encarregada de coordenar ações de BPM na empresa. Compõe esta equipe os seguintes papeis: • Gerente de BPM: pode ser chamado em inglês de CPO (Chief of Process Office). Este é o maior cargo em BPM na organização, podendo ser atribuído a uma função de diretor, por exemplo. • Líderes de Processo: atuam na modelagem e redese- nho de processos. Também se envolvem em cadastros e controle de revisões de padrões de documentação. Na execução fazem o autodiagnostico de conformidade de processos. • Auditor de Processos: garantem o alinhamento do processo à gestão e vice-versa. Também avalia eventuais desvios que possam ocorrer. Profissionais que tenham experiência em programas ISO 9000 podem ser muito úteis nesta função. A equipe temporária atua especificamente em um determi- nado processo, sendo chamada de equipe de processo. Quando o processo é implantado e passa a funcionar ele é repassado aos usuá- rios finais. Vamos ver quais são os papéis em uma equipe temporária: 26GESTÃO DE PROCESSOS • Dono do processo: geralmente é um membro da alta direção. Ele é responsável pelo alinhamento do pro- cesso à estratégia organizacional, estabelecendo metas e avaliando riscos. • Gestor do processo: responsável pela implementação e melhoria contínua do processo. Este profissional realiza o desdobramento das metas estabelecidas em ações, definindo pontos de melhoria. • Líder do processo: auxilia a equipe do processo em trabalhos específicos de análise. • Gerentes de departamento: coordenam os recursos e comunicam o progresso do projeto ao dono do processo. São os principais responsáveis pelosucesso do projeto. • Especialistas no tema: possuem o conhecimento sobre o processo e percepções de novas maneiras de atingir as metas desejadas em termos de eficiência e eficácia operacional. • Equipe de tecnologia da informação: responsáveis em disponibilizar a infraestrutura adequada para os processos vigentes e melhorados. A evolução ou a maturidade das organizações que imple- mentam BPM é a existência de um grupo especializado de especialistas de processos. O escritório de processos é uma opção para que a organização possa ter acesso a conhecimento especializado, métodos, técnicas, ferramentas e padrões, atu- ando como uma consultoria interna. Um escritório de processos deve ser capaz de manter os ganhos gerados com as melhorias nos processos. Ele é um motor que aumenta a capacidade do negócio em promover transformações, criando uma cultura de inovação e melhoria O escritório de processos é um prestador de serviços interno que suporta os gestores. 27GESTÃO DE PROCESSOS contínua onde colaboradores e partes interessadas estão sem- pre buscando formas de entregar melhores resultados. Como unidade de apoio à Gestão, o Escritório de Processos possui três grandes atribuições (JESUS & MACIEIRA, 2014): • Provedor de metodologia e padrões: constrói a metodo- logia e os padrões para a gestão dos diversos processos e assegura sua utilização por todo o negócio; • Disseminador de conhecimentos: garante a dissemi- nação de conhecimentos e melhores práticas, capacita e fornece coaching para os colaboradores, reforçando a cultura e prática do BPM no negócio; • Consultoria interna: executa projetos de melhoria, bem como suporta atividades de monitoramento e melhoria contínua de processos do negócio no dia a dia. Você sabia que pesquisas no exterior evidenciaram que, entre as grandes empresas internacionais, apenas uma peque- na parcela não possui um escritório de processos? A criação destas unidades é uma tendência. Além disso, a maior parte das empresas que mantém um escritório de processos possui melhores resultados com seus investimentos em projetos e conseguem, gerar e demonstrar maior valor com a prática de BPM (JESUS & MACIEIRA, 2014). Também é importante ressaltar que, na jornada de processos de uma organização, irão surgir questões como: a identificação e resolução de problemas de integração interfuncional, con- f litos entre processos e propriedade de processos, alocação e recursos e outros. Neste sentido, a adoção de um conselho de BPM é uma prática para tratar do gerenciamento corporativo de processos e questões de desempenho. O conselho de BPM pode ser composto de uma combinação de líderes executivos, líderes funcionais e donos de processos. Sua missão pode incluir (BPM CBOK, 2013). 28GESTÃO DE PROCESSOS Fonte: BPM CBOK (2013). Com isso podemos perceber que o trabalho que o profis- sional de processos de negócio realiza é fundamental para o futuro das organizações. Mesmo não havendo um modelo único que possa ser seguido, organizações de sucesso estão cons- truindo seus próprios currículos e programas de treinamento, incorporando pessoas iniciantes para trabalhar junto com os profissionais de BPM que possuem. Outras empresas estão enviando gestores e profissionais para adquirir conhecimentos e habilidades externamente (BPM CBOK, 2013). No sentido de promover os conceitos e práticas de BPM surge a ABPMP – Association of Business Process Management Professionals. A ABPM é uma associação internacional de profissionais de BPM. Ela é orientada e conduzida por pro- fissionais de BPM (BPM CBOK, 2013). O escopo de atuação da ABPMP está definido como: • Atuação neutra, independente e não comercial de BPM; • Desenvolvimento, consolidação e padronização de tó- picos relevantes de BPM; • Gerenciamento e disseminação de conhecimentos em BPM; • Desenvolvimento profissional de alto nível; • Certificação profissional em BPM. 29GESTÃO DE PROCESSOS A ABPMP Brasil é uma referência mundial em BPM. Ela oferece diversas oportunidades de desenvolvimento profissional e construção de carreira em BPM por meio de programas de capacitação e certificação internacional. Além disso, a ABPM desenvolveu e mantém o código de ética e declaração de con- duta profissional que constituem os padrões de comportamento dos profissionais de gerenciamento de processos no exercício da profissão. Resumo da unidade Você concluiu os estudos sobre a disciplina e profissão em gerenciamento de processos de negócios. Com os temas que vimos nesta unidade você adquiriu competências para reconhe- cer as origens do BPM, desde os grandes clássicos da gestão da produção até os dias atuais e, situar o BPM no contexto organizacional e como uma profissão. Nesse capítulo você teve a oportunidade de: • Definir a disciplina de BPM, suas características e ciclo de vida; • Analisar como BPM se relaciona em termos da estrutura funcional da organização; • Estimar como você pode se desenvolver no sentido de tornar-se um profissional de BPM. Exercícios propostos - Capítulo 02 Questão 1: Conforme vimos neste capítulo, uma empresa inicia seus esforços de BPM a partir de projetos de processos. Estes projetos podem ser classificados como: documentação de processos, diagnóstico de processos, mudança de processos e transformação do negócio. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir e marque V para as verdadeiras e F para as falsas: I. Os projetos de documentação de processos procuram desenhar como tais processos deveriam funcionar. II. Os projetos de diagnóstico de processos são realizados para explicitar o conhecimento tácito presente na cabeça das pessoas. III. Os projetos de mudança de processos possuem uma forte inte- gração entre as competências de processos, TI e gestão da mudança. IV. Os projetos de mudança de processos geralmente falham em ser implementados em função de não estarem integrados com a TI. V. Os projetos de transformação do negócio têm como característica a busca pela inovação. Agora, assinale a alternativa que representa a sequência correta: (_) V, V, V, V, F (_) V, V, F, V, F (_) F, F, F, V, F ( ) F, F, V, F, V (_) V, V, F, F, V Questão 2: Quais abordagens contemporâneas da administração contribuíram para a consolidação da disciplina de BPM? Questão 3: Quais são as principais características da BPM? Questão 4: Quais são as etapas do ciclo de vida de um processo? Questão 5: Qual a diferença entre a equipe permanente e tempo- rária de BPM? 31GESTÃO DE PROCESSOS APRESENTANDO O BPM CBOK Guia de referência básica para profissionais de BPM. Neste capítulo você estudará o Guia CBOK V3.0. Este guia foi desenvolvido pela ABPMP com o objetivo de auxi- liar profissionais de BPM em termos de conceitos, melhores práticas e lições aprendidas. Vamos entender como funciona a estrutura deste guia em termos dos processos que o compõe e como podemos utilizar seus conhecimentos para gerenciar melhor nossos processos. Para começar este estudo você fará algumas ref lexões im- portantes para que possa integrar a teoria apresentada com a sua realidade profissional. Como o guia CBOK se integra às práticas dos processos organizacionais? Qual o papel da tecno- logia da informação na visão do CBOK? Como está organizada 32GESTÃO DE PROCESSOS a estrutura do CBOK? A partir destas reflexões, neste capítulo você estudará o guia CBOK e seus principais conceitos. Iremos analisar o CBOK em uma perspectiva organizacional, falando do gerenciamento corporativo de processos e da organização do gerenciamento de processos. Em uma perspectiva de processos, iremos conhe- cer: o gerenciamento de processos de negócio, a modelagem de processos, a análise de processos, o desenho de processos, a transformação de processos e as tecnologias de BPM. Bom estudo! Estrutura do Guia BPM CBOK Em 2003 era fundada na cidade de Chicago, EUA, a ABPMP International. Com o passar dos anos, associação foi crescendo e com isso autores e praticantesde BPM iniciaram o importante trabalho de reunir e padronizar termos e princípios da disciplina (CAPOTE, 2011). Com isso foi criada a primeira versão do BPM CBOK. Em 2010 o guia foi traduzido para o português e, atualmente encontra-se em sua versão 3.0. O guia BPM CBOK é composto de nove áreas de conhe- cimento, inter-relacionadas e complementares. Estas áreas ref letem as capacidades que a organização deve desenvolver para a implementação da BPM. Fonte: adaptado de BPM CBOK (2013). Nesta estrutura, estão relacionados a perspectiva organi- zacional os processos orientados à organização, de forma mais ampla. A perspectiva de processos dá o suporte a execução 33GESTÃO DE PROCESSOS ciclo de vida de processos de negócio, onde o gerenciamento de processos de negócio irá fornecer uma visão geral das demais áreas de conhecimento. Estas correspondem às atividades- -chave e conjuntos de habilidades para BPM. Todas as áreas de conhecimento estão suportadas pelas tecnologias de BPM. Perspectiva organizacional Na perspectiva organizacional, vamos conhecer melhor os processos de gerenciamento corporativo de processos e orga- nização do gerenciamento de processos. Gerenciamento corporativo de processos Ao considerar o BPM como um sistema holístico de ini- ciativas e resultados de projetos, temos o Gerenciamento Cor- porativo de Processos (em inglês EPM – Enterprise Process Management). O gerenciamento corporativo de processos vai contemplar a definição dos processos ponta a ponta da orga- nização, a análise do desempenho, definição de indicadores, tecnologias e pessoas. Periodicamente o nível de maturidade em processos pode ser mensurado com fins de avaliar o progresso alcançado pela empresa (BPM CBOK, 2013). O foco do EPM sempre será em relação do cliente e os pro- cessos interfuncionais da organização. Quais são os benefícios em adotar a EPM na organização? Além do gerenciamento da cadeia de valor, podemos citar três benefícios básicos: engaja- mento, liderança e crescimento. É comum entre os colabora- dores da empresa o desconhecimento sobre o negócio e a forma como os processos se cruzam entre os setores e departamentos (fronteiras funcionais). Este fato ocasiona uma diminuição no valor criado para os clientes. Neste ponto, o gerenciamento de processos de negócio contribui ao exigir o envolvimento de todos em relação ao entendimento do trabalho executado em cada processo. Vamos conhecer agora algumas melhores práticas em EPM (BPM CBOK, 2013): 34GESTÃO DE PROCESSOS • Ver de fora para dentro: entender o negócio da pers- pectiva do cliente ajudará a identificar os processos primários e indicadores de desempenho que ref litam as particularidades dos clientes; • Atribuir corretamente nomes aos processos: devemos chamar os processos ponta a ponta com nomes diferentes das áreas funcionais. Isso ajuda a criar uma mentali- dade de visão orientada a processo. Por exemplo: DA Orçamento ATÉ Entrega; • Descrever os processos com clareza: consiste em ter clareza de onde o processo inicia, suas funções, entregas, medições e outros. Um grupo de especialistas na empresa pode esboçar um rascunho dos principais processos para posterior aprovação da equipe de alto nível. • Fazer rápido: poucas semanas de coleta e alguns workshops são suficientes para desenvolver um modelo viável de base para as próximas etapas. Não se deve tentar chegar a perfeição! A ideia é ter um entendimento dos processos da organização em um nível corporativo, para depois avaliar o seu desempenho. • Analisar o desempenho: envolve obter dados reais sobre tempo, custos, capacidade e qualidade para os entre- gáveis dos processos. A amostragem pode ser uma boa opção para este levantamento, pois os dados podem não estar disponíveis a partir de sistemas dos sistemas de informação existentes. • Construir um plano: a construção de um plano para melhorar e gerenciar os processos interfuncionais irá emergir da compreensão compartilhada da definição dos processos corporativos e seu desenho atual. A partir disso serão respondidas as seguintes questões: Quais processos devem ser transformados para atingir os ob- jetivos estratégicos? Quem será indicado para conduzir 35GESTÃO DE PROCESSOS esta transformação? Organização do gerenciamento de processos Este processo irá tratar da transição da organização para uma estrutura orientada por processos. As organizações têm sido construídas em torno de estruturas funcionais, geográficas ou por produto. No entanto, conforme o nível de maturidade em processos aumenta, podem ser implementadas novas com- petências, estruturas de gerenciamento e formas para antecipar, planejar, preparar e conduzir o negócio numa visão orientada por processos (BPM CBOK, 2013). Vamos ver alguns fatores motivadores da transição da empresa para uma estrutura vol- tada para processo: • À medida que o negócio amadurece a disciplina de BPM surge a hipótese de a organização modificar sua abordagem organizacional para processos; • Muitas vezes, a implementação de sistemas ERP (En- terprise Resource Planning) faz com que as empresas tenham que se tornar orientadas por processos; • Necessidade de rever papéis e responsabilidades com foco em processos de negócio; • Implementação bem-sucedida da transformação em processos, por meio de organismos específicos de go- vernança em processos; • Criação de um escritório de processos ou centro de excelência em BPM. Ao buscar a orientação por processos, a organização deve considerar mudar fortemente a forma como gerencia e executa o trabalho. Para isso, deve ser considerada a introdução de novos papeis e responsabilidades partindo de uma estrutura tradicional centrada em funções ou recursos de negócio para 36GESTÃO DE PROCESSOS uma de desempenho interfuncional de processos ponta a ponta com foco na entrega de valor aos clientes. Daí surgem os papeis como o dono de processos, por exemplo. No entanto, ao estar orientada a processos a organização não considera o processo sua única dimensão de gerenciamento. O desempenho financeiro, de mercado e outros devem conti- nuar sendo realizados. O ideal é que se tenha uma abordagem integrada para melhoria de desempenho levando em conta a organização como um todo (BPM CBOK, 2013). Desta for- ma, as preocupações por nível organizacional se apresentam da seguinte forma: Fonte: BPM CBOK (2013, pp. 299). A efetividade da transição de uma organização tradicional para uma organização por processos depende da criação de uma cultura voltada para processos. São aspectos importantes a considerar, em relação a for- mação de uma cultura voltada para processos: trabalho em equipe; gestores dão autonomia às pessoas; os colaboradores são livres para gerar novas ideias e melhorar seus processos; o desempenho é transparente; há meritocracia e recompensas, não necessariamente financeiras. Perspectiva de processos Na perspectiva organizacional, vamos conhecer melhor os processos de: gerenciamento de processos de negócio, modela- gem de processos, análise de processos, desenho de processos, gerenciamento de desempenho de processos, transformação de processos e tecnologias de BPM. Nível da organização Preocupações organizacionais Corporativo Organização como um todo Processo Processos específicos que a organização emprega para realizar o trabalho Trabalho ou executor do trabalho Atividades concretas que pessoas e sistemas realizam A cultura irá fazer com que as pessoas se insiram no processo de forma uniforma e consistente. 37GESTÃO DE PROCESSOS Gerenciamento de processos de negócio As organizações bem-sucedidas na implementação da BPM terão a capacidade de gerenciar seus processos de negócio de forma eficiente e eficaz (BPM CBOK, 2013). Desta forma, para ter a capacidade de BPM a organização deve desenvolver alguns processos que apoiem esta atividade. São eles: a defi- nição e desenho dos processos de negócio, a implementação de processos de negócio, o monitoramentoe controle de sua execução e a transformação contínua de processos ao longo do tempo. A empresa também deve pensar nos papéis e tecnologias que forneçam suporte ao BPM. No contexto de BPM, o principal objetivo da orga- nização é gerar valor para os clientes, por meio dos seus produtos e serviços (BPM CBOK, 2013). Outra premissa da BPM é que o gerenciamento centrado em processos de negócio fará com que os objetivos organizacionais sejam mais facilmente atingidos. Desta forma, deve haver uma orquestração entre o conjunto de atividades que transformam entradas em saídas de valor aos clientes e as múltiplas funções de negócios. Esta orquestração será atingida por meio da BPM que irá abordar: o que, onde, quando, porque e como o trabalho é feito e quem é o responsável por realizá-lo. Para ser considerado bem elaborado um modelo de processo de negócios deverá apresentar: • As atividades que compõe o processo; • Os entregáveis e artefatos produzidos por cada atividade; • As organizações, funções e papéis que participam do processo; 38GESTÃO DE PROCESSOS • Os sistemas de informação necessários para apoiar a execução; • A localização de onde as atividades são executadas e onde os entregáveis e artefatos são armazenados; • Os eventos que levam a execução do processo; • As regras de negócio inerentes a cada processo; • As métricas de desempenho e pontos de verificação do processo. Assim, a estrutura irá prover a quantidade certa de recursos que deve ser destinado a tal processo, bem como poderá estabe- lecer formas de controle e indicadores efetivos para gerenciá-lo. Modelagem de processos O conjunto de atividades envolvidas na criação de repre- sentações de processos de negócios consiste na modelagem de processos (BPM CBOK, 2013). O nível de detalhamento e o tipo de modelo a ser utilizado irá depender do objetivo esperado para a modelagem. O modelo de processos irá incluir ícones que representarão atividades, eventos, decisões, condições e outros elementos. Em termos de sua representação gráfica, a modelagem de processos pode ser feita por meio de diagramas, mapas ou modelos. Os diagramas irão representar os principais elementos do f luxo de processo, sem apresentar deta- lhes menores de entendimento dos f luxos de trabalho. No caso da necessidade de um maior ní- vel de detalhamento, os mapas irão fornecer uma visão mais abrangente dos principais componentes do processo. Ele irá 39GESTÃO DE PROCESSOS apresentar os atores, eventos e resultados. Já o modelo irá re- presentar um determinado estado atual ou futuro do negócio, bem como os respectivos recursos envolvidos, como pessoas, instalações e insumos. O modelo irá apresentar o maior nível de detalhamento acerca do processo. Outro ponto a ser considerado em termos da modelagem de processos é a notação a ser utilizada. A notação é um conjunto de símbolos e regras, padronizado de acordo com regras que determinam seu significado (BPM CBOK, 2013). A notação de modelagem de processos irá incluir ícones e conectores que irão demonstrar o relacionamento entre os componentes do processo. Algumas das notações mais utilizadas são: BPMN (Business Process Model and Notation), f luxograma, EPC (Event-dri- ven Process Chain), UML (Unified Modeling Language), IDEF (Integrated Definition Language), Value Stream Mapping. Entre estas notações, a BPMN pode ser considerada uma das principais ferramentas de modelagem. Ela é um padrão desen- volvido pela Business Process Management Initiative (BPMI) e apresenta um conjunto robusto de símbolos para modelagem de diferentes aspectos de processos de negócio. O BPMN, pressupõe a divisão do modelo em linhas pa- ralelas. Cada linha irá corresponder a um ator na realização do trabalho. Assim, o trabalho irá passando de atividade para atividade, seguindo uma lógica de linha do tempo entre cada um dos atores que compõe o processo. As principais caracte- rísticas da BPMN são: ícones organizados em conjuntos des- critivos e analíticos; e, notação com indicação de eventos de início, intermediários e fim, f luxo de atividades e mensagens e comunicação intra e internegócio. A modelagem de processos também irá contemplar algu- mas abordagens especialistas como: Cadeia de valor, SIPOC (Supplier, Input, Process, Output and Customer), Dinâmica de sistemas (System Dynamics). Vamos ver em mais detalhes a estrutura do SIPOC, pois ela permite desenvolver de forma rápida e simples um arranjo simplificado de processo, em uma 40GESTÃO DE PROCESSOS tabela: Fonte: BPM CBOK (2013, pp. 96). O SIPOC é um estilo de documentação utilizado em Lean Six Sigma que dá ênfase nas fontes de entradas e alvo das saídas do processo. Ele pode ser utilizado em iniciativas de melhoria de processos, para acelerar a modelagem detalhada em outra ferramenta, para obtenção de consenso inicial sobre o escopo do projeto ou quando for preciso analisar o volume de entradas no processo e os produtos que ele entrega, visuali- zando possíveis gargalos e valor agregado ao próximo processo (BPM CBOK, 2013). Análise de processos O primeiro passo a ser conduzido em termos de análise é entender o estado atual (“AS-IS”) do processo, que representa o entendimento comum de como o trabalho é feito. Esta análise pode ajudar na transformação de processos para melhor en- tender os objetivos de negócio. Esta análise pode ser realizada como resposta para desvios de desempenho de processos ou acionada por eventos externos. Supplier Input Process Output Customer Setor de coleta Setor de triagem Manual coletado na rua e doações Mão de obra Triagem Material separado Setor de pesagem Setor de triagem Setor de pesagem Material separado Mão de obra Balança Pesagem Material pesado Setor de prensagem e enfardamento Setor de pesagem Setor de prensagem Material pesado Mão de obra Prensa Prensamento e enfardamento Material enfardado Setor de expedição Setor de prensagem e enfardamento Setor de expedição Material enfardado Mão de obra Caminhão Expedição Material enfardado no caminhão Cliente final 41GESTÃO DE PROCESSOS A análise de processos bem-sucedida irá envolver uma variedade de indivíduos na organização e, por isso, devem ser atribuídos diferentes tipos de papéis e responsabilidades para a equipe de análise. Vamos ver alguns exemplos destas definições: Fonte: BPM CBOK (2013, pp. 115). A partir da definição de papéis é necessário reunir o má- ximo de informações relevantes sobre o processo e o ambiente de negócios (BPM CBOK, 2013). Estas informações irão incluir: informações estratégicas da organização, desempenho da organização, justificativa para análise do processo, pessoas que deveriam estar envolvidas na análise. Então, devemos nos perguntar: Porque o processo foi criado? Onde ele se encaixa na cadeia de valor? O processo apoia os objetivos estratégicos da organização? O processo provê valor para a organização? Quais são os sistemas necessários para apoiar ou habilitar o processo? Após serem respondidas estas questões, diferentes técnicas podem ser utilizadas para o levantamento de informações: modelagem, entrevistas, simulações e outros. As entrevistas representam um método bastante utilizado na coleta de infor- mações e preparação para análise de processos. São entrevistadas as pessoas que trabalham no processo e aquelas que fornecem entradas ou recebem saídas dele. As entrevistas podem ser feitas presencialmente, por telefone, conference call ou e-mail. Destes, o formato presencial é o mais efetivo, pois permite que Papel Responsabilidade Gerente do projeto de análise • Decide com as partes interessadas a profundidade e o escopo da análise e como o processo será analisado • Gerencia o projeto de análise e facilita o avanço dos trabalhos • Ajuda o grupo na aplicação das técnicas analíticas escolhidas Analista de processos • Coleta informações, elabora modelos e realiza análise • Providencia documentaçãoe reportes para partes interessadas Especialista • Provê insights nos processos de negócio • Provê insights na infraestrutura técnica e de negócio que provê suporte ao processo 42GESTÃO DE PROCESSOS haja uma interação entre as partes. Já a simulação das atividades é indicada quando é necessá- rio percorrer cuidadosamente cada atividade observando suas entradas, saídas e regras de negócios. Neste caso, cada ator participante do processo representa sua etapa do processo e discute em detalhes o que será feito, como as tarefas vão ser executadas, quais passos serão seguidos e qual é o tempo ne- cessário para executar cada etapa analisada. A simulação pode ser gravada para que seja possível analisar mais cuidadosamente cada passo. Um processo pode ser analisado por vários motivos, entre eles problemas de desempenho, falha de interações com o clien- te e handoffs que criam desconexões, variações no processo e gargalos. Por exemplo, os handoffs são pontos no processo onde o trabalho ou a informação passa de uma função para outra. Quanto menor o número de handoffs, menor será a vulnerabili- dade e as desconexões no processo. Já os gargalos atuam como uma restrição de capacidade que cria uma fila. Em relação aos gargalos, é importante nos perguntarmos: Quais são os fatores que contribuem para o gargalo (pessoas, sistemas e outros)? O gargalo ocorre em torno de handoffs? O gargalo é resultado de uma restrição? A análise do layout do local de trabalho também pode au- xiliar na identificação de gargalos relacionados a movimentos desnecessários de material, desconexões e esforços redundantes à medida que o trabalho é executado. Esta é uma atividade física do f luxo de trabalho, movimento de materiais e recursos, que é executada nas estações de trabalho, linha de montagem ou chão de fábrica (BPM CBOK, 2013). As oportunidades de melhoria surgem a partir do momento que estas informações são revisadas. Desta análise decorrem melhorias imediatas, chamadas de quick wins ou melhorias mais profundas, de longa duração e custo mais alto. Entre os fatores-chave para sucesso da análise, podemos destacar: lide- 43GESTÃO DE PROCESSOS rança executiva, maturidade me processos de negócio, evitar o desenho de soluções durante a análise, paralisia por análise, alocação apropriada de recursos e tempo, foco do cliente e entendimento da cultura organizacional. Desenho de processos O desenho de processos ocorre com a definição formal de objetivos e entregáveis para cada atividade do processo, organi- zação destas atividades e definição das regras necessárias para produzir os resultados desejados (BPM CBOK, 2013). Para realizar o desenho do processo, a equipe irá tomar como base o processo de ponta a ponta, considerando envolver as áreas funcionais como forma de entender as atividades realizadas por elas. Quando é realizado o agrupamento das atividades em um processo, é possível identificar o trabalho desnecessário que pode ser eliminado, bem como o trabalho necessário que deve ser incluído no processo. Questões relacionadas a eficiência ou capacidade de entregar um resultado também devem ser consideradas. O desenho de processo deve considerar o nível de f luxo de processo (interfuncional) e o nível de f luxo de trabalho (intrafuncional), para ser efetivo. O modelamento poderá ser realizado em vários níveis. O primeiro irá fornecer uma visão do processo de ponta a ponta. O segundo nível é o dos subprocessos decompostos por afinidade, objetivo ou resultado desejado. O terceiro nível ocorre com a análise do inter-relacionamento com as áreas funcionais. O quarto nível descreve os subprocessos conectados às atividades que são executadas. E, no quinto nível as atividades são de- compostas em tarefas para gerar a saída ou resultado desejado. O desenho do processo irá começar com o entendimento do estado atual (“AS-IS”). Esta é a base para qualquer novo desenho. Neste momento devemos buscar entender os fatores culturais, as atitudes das pessoas frente ao processo que está 44GESTÃO DE PROCESSOS sendo analisado e também possíveis restrições que a empresa possua em termos de tecnologia, custos e/ou requisitos espe- cíficos de clientes. Fonte: BPM CBOK (2013, pp. 152). A realidade do estado atual e os problemas e oportunidades que existirem devem ser a base para o desenho do estado futuro do processo (“TO-BE”). Nesta etapa, o estado atual deve ser desafiado e o processo precisa ser melhorado. O novo desenho deve considerar os problemas identificados durante a análise, com vistas a eliminá-los ou mitigá-los. Nesta fase, é indicado envolver o número máximo de executores de diferentes fun- ções para que estes possam contribuir com sua experiência e conhecimento para o processo futuro. As pessoas devem ser criativas e devem estar abertas a ideias e novas formas de como o negócio pode operar. A definição de regras de negócio é fundamental para defi- nir o que será feito, quando será feito, onde será feito, porque será feito, como será feito e como será feito o gerenciamento do processo. A qualidade na definição das regras de negócio irá definir a eficácia do processo. A primeira abordagem do novo desenho será criar um estado futuro que deverá ser implementado de uma só vez. Este é o estado futuro possível. Outra forma é criar um es- tado futuro ideal, que talvez não seja possível de atingir num primeiro momento. Este desenho talvez seja oneroso ou tec- nologicamente inviável no momento, mas no futuro poderá ser uma base para mudança. A simulação do novo processo pode Descoberta da operação de negócio Modelo “AS-IS” Desenho do negócio Modelo “TO-BE” Simulação e otimização operacional Geração de aplicação BPMS Interface com sistemas legados 45GESTÃO DE PROCESSOS ser executada com forma de avaliar se os níveis desejados de desempenho serão obtidos. Nesta etapa os volumes, tempos e quantidade de transações que cada pessoa terá condições de realizar deverão ser entendidos. A simulação será a base para que seja implementado um BPMS (Business Process Management Suíte), que irá oferecer funcionalidades como gerenciamento de regras, f luxo de trabalho, medição de desempenho, geração de aplicações e manipulação de dados. A empresa pode criar interfaces com sistemas legados, aplicações web para interagir com clientes, entre outros. Gerenciamento de desempenho de processos O desempenho de processos pode ser avaliado pelo rendi- mento de um processo em termos de tempo, custo, capacidade e qualidade. O primeiro passo recomendado para a realização desta etapa é um workshop para avaliar e definir o que deve ser medido (BPM CBOK, 2013). É importante que os gestores participem deste processo para que a iniciativa de desempenho tenha êxito. Termos como medição, medida, métrica e indicador são utilizados com o propósito de se avaliar o desempenho de pro- cessos. A medição de desempenho refere-se as dimensões de tempo, custo, capacidade e qualidade. O tempo é a duração do processo e o tempo de ciclo mede o tempo que leva do início do processo até o seu término para a geração das entregas. O custo é o valor, geralmente monetário, associado ao processo. A capacidade é o montante ou volume de saídas geradas pelo processo. A qualidade é o percentual do realizado pelo processo em relação ao que foi previsto para ele. As métricas representam a informação. São exemplos de métricas, o número de defeitos de um produto pelo número total de produtos produzidos, ou os erros cometidos na execução do processo nos primeiros 12 meses de atividade. Os indicadores representam a informação de uma métrica ou medida de for- ma simples e intuitiva para facilitar sua interpretação frente a 46GESTÃO DE PROCESSOS um determinado público. Existem indicadores direcionadores (drivers) e indicadores de resultados (outcome). Uma estrutura balanceada de indicadores deve ter os dois tipos. O processo será efetivo quando atingir ou excederas metas monitoradas pelos in- dicadores de desempenho de processos (PPI – Process Perfor- mance Indicators). O desenvolvi- mento das metas envolve a descoberta de padrões de referência com os quais a medição deve ser comparada. Uma medição realizada sem um contexto não passara de uma sequência de números. O contexto destas medições deve ser ajustado ao longo do tempo, de forma a representar especificações e limites cada vez mais precisos. Uma vez que as métricas iniciais foram definias e as in- formações foram coletadas, a organização deve monitorar e controlar os processos de forma contínua para alcançar os re- sultados desejados. Isto pode ser feito com o apoio de painéis de monitoramento, onde as informações são reportadas de forma detalhada ou sumarizada, de acordo com os parâmetros definidos pelo processo. Como abordagens especializadas par ao gerenciamento do desempenho de processos temos: o custeio baseado em atividade (ABC – Activity Based Costing) e o con- trole estatístico de processo (SPC – Statistical Process Control). O custeio baseado na atividade considera tudo que é consu- mido pela organização como um gasto. Os gastos representam os custos e despesas consumidas pelas atividades e pelos mo- tivadores de custos. O controle estatístico de processos ocorre com a coleção, classificação, análise e interpretação numérica de fatos e dados. Esta abordagem reduz a instabilidade do processo por meio de seu entendimento, redução ou elimina- ção da variabilidade que é gerada pela incidência de erros e/ ou ineficiência. 47GESTÃO DE PROCESSOS Transformação de processos A transformação de processos inclui o redesenho, reenge- nharia e mudança de paradigma, sendo mais abrangente que a melhoria de processos ou de f luxos de trabalho em áreas funcionais (BPM, CBOK, 2013). Existem alguns motivos para a transformação de processos: • Construir processos com foco no cliente; • Aumentar a produtividade; • Reduzir defeitos e desperdícios; • Melhorar a qualidade; • Aumentar a capacidade; • Inovar; e outros. O objetivo da transformação de processos é encontrar a melhor maneira para que o processo seja executado. Esta transformação pode ocorrer de forma incremental ou radical. A forma incremental consiste na realização progressiva de pe- quenas modificações em partes da organização ou nas relações externas, mantendo a forma de como a organização se adapta e transaciona com o ambiente. A forma radical consiste em promover mudanças rompendo as práticas organizacionais tra- dicionais. Este processo é feito de forma estruturada por meio da BPM, assim os resultados podem ser previstos à medida que o processo é transformado. Em termos da melhoria de processos, são abordagens ado- tadas: Lean, Six Sigma e TQM – Total Quality Management. São abordagens direcionadas para transformar radicalmente o processo: redesenho e reengenharia de processos e mudança de paradigma. O Lean é uma filosofia que elimina fontes de perdas por 48GESTÃO DE PROCESSOS meio do encurtamento do tempo entre o pedido do cliente, a produção e o envio do produto (BPM CBOK, 2013). A redução das perdas está relaciona com os sete desperdícios básicos do lean: excesso de produção, movimentação, espera, transporte, defeitos, inventário/estoque e processamento sem valor. O lean é uma abordagem muito útil na análise de processos. O Six Sigma é uma abordagem que elimina defeitos com base em fatos e dados estatísticos. Ao atingir seis sigmas, o processo obtém a capacidade de apresentar não mais que 3,4 defeitos por milhão, sendo considerado defeito qualquer item fora das especificações do cliente. O TQM é o conjunto de práticas utilizadas para assegurar que a organização satisfaça ou exceda os requisitos do cliente. Esta abordagem tem ênfase na medição e controle de processos, com a aplicação de técnicas estatísticas que identifica defeitos e oportunidades de melhoria. O redesenho de processos é diferente das abordagens de melhoria, pois atua na organização como um todo, promo- vendo mudanças radicais para o processo. A reengenharia de processos foi introduzida com o objetivo da aplicação criativa de novas abordagens de negócio, modelos de gestão técnicas e tecnologias. Esta abordagem tem como premissa tornar os processos enxutos e eficientes ao máximo, nem que para isso seja necessário eliminar tudo o que já existe e começar do zero. A mudança de paradigma indica que é preciso tentar coisas que a maioria das pessoas não tentaria. Esta abordagem impõe riscos, contudo é uma das formas para geração de riqueza e sobrevivência de longo prazo. Tecnologias de BPM O tipo de tecnologia necessária para traduzir a visão es- tratégica da organização em operações de negócio deve ser determinado pela estratégia do negócio (BPM CBOK, 2013). A tecnologia irá fornecer a infraestrutura necessária para que 49GESTÃO DE PROCESSOS o processo seja suportado. As principais tecnologias da infor- mação para uso em BPM são: • Business Process Analysis • Entreprise Architecture (EA) • Business Rules Management Systems (BRMS) • Business Process Management Suite (BPMS) • Business Activity Monitoring (BAM) • Service Oriented Architecture e Enterprise Application Integration (SOA/EAI) • Enterprise Repository Vamos ver de forma sintetizada cada uma destas tecnologias relacionadas ao seu uso: Principais usos BPA EA BRMS BPMS BAM SOA EAI Repository Análise de processo (tempo, custo, capacidade, qualidade) X X X X Modelagem de processos X X X X Arquitetura de processos X X X X Simulação X X X Gerenciamento de dados X X X Desenho de arquitetura de informações, hardware e aplicações X Monitoramento e gerenciamento de arquitetura de informações, hardware e aplicações X 50GESTÃO DE PROCESSOS O BPA é uma ferramenta de modelagem que permite diagramar e detalhar informações sobre operações, problemas, volume e oportunidades associados às atividades. A EA tem sua origem nas capacidades das ferramentas técnicas, contudo tem se direcionado também para análise do negócio. A maioria das aplicações de EA oferecem as seguintes funcionalidades: definição e gerenciamento de requisitos, capacidade de iden- tificar requisitos ao longo do ciclo de vida do gerenciamento de sistemas, gerar aplicações em uma ou mais linguagens de programação, fazer engenharia reversa de sistemas legados, fazer modelagem de bancos de dados, eliminar erros de apli- cações e processamento colaborativo com controle de acesso e mudança (BPM CBOK, 2013). O BRMS é um motor de regras de negócio que provê suporte à identificação, definição, racionalização e qualida- de de regras de negócio e regras técnicas. Eles oferecem um repositório que permite que as regras sejam analisadas para a identificação de problemas, redundâncias ou em relação a qualidade do que foi definido. Monitoramento e gerenciamento de arquitetura de informações, hardware e aplicações X Desenho e armazenamento de regras de negócios X X Execução de regras de negócio X X Interface para aplicação X X X Geração de aplicação X X Execução de processo X Medição de processo X X O BPMS integra o negócio e a tecnologia da informação. 51GESTÃO DE PROCESSOS A operação em BPMS é contextualizada por meio de modelos de negócios que, por sua vez, levam a definição de requisitos para a utilização de dados e sistemas legados. Pontos de integração e requisitos de dados são fornecidos por meio de interfaces e regras são definidas e adicionadas ao desenho. Estas regras fornecem a lógica para a execução das operações. O objetivo do BAM é fornecer uma visão de como o negócio está desempenhando suas operações. O BAM permite a análise de dados em tempo real, monitoramento online e medição de atividades para subsidiar o gerenciamento do desempenho. A SOA fornece uma visão técnica da infraestrutura de tecnologia da informação para prover suporte a ferramentas de BPMS. A SOA é então um conjunto f lexível
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