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SÍNDROMES NEUROLÓGICAS Estímulo motor no córtex cerebral frontal ou parietal ou pré-frontal, segue por esse neurônio, converge em direção a cápsula interna, cruza na pirâmide bulbar (degussar), trato corticoespinhal (piramidal) lateral maioria e resto cruza na própria medula. Até o corno anterior, onde há a sinapse com o 2º neurônio, dá origem às raízes nervosas, formam plexos e nervos periféricos que se encaminham até as placas motoras (sinapse do 2º neurônio motor e o músculo), contração muscular. Existem outros sistemas, que modulam o movimento acima, como por exemplo as vias cerebelares (coordenação, equilíbrio, postura) e as vias extrapiramidais (tipos específicos de movimento e a relação antagonista e agonista dos músculos). Assim, podem existir lesões em quaisquer dessas estruturas que vão gerar alterações do movimento - qualquer ponto dessa via. ➔ 1º neurônio ➔ 2º neurônio na medula ➔ Placa e músculo - síndrome miastênica ➔ Alteração do próprio músculo - síndromes miopáticas SÍNDROME DO 1º NEURÔNIO MOTOR OU PIRAMIDAL CC: Paciente masculino, 55 anos, apresenta hemiparesia esquerda (redução de força na metade esquerda, dimídio), marcha ceifante, hipertonia espástica com sinal do canivete, desvio contralateral da comissura labial para a direita, iniciados há 2 meses após AVE isquêmico. Portador de fibrilação atrial (átrio perde a capacidade de contração, formação de trombos, saem do coração e vão para o cérebro). Caracterizada por dois tipos de sintomas - deficitários (ausência da ativação do sistema piramidal - paresia ou paralisia ou plegia e atrofia muscular por desuso) e de liberação piramidal (ausência da modulação do sistema piramidal das outras vias que este modula): ➔ Paresia / paralisia; ➔ Hiperreflexia - ausência da modulação da via piramidal. Nos reflexos normais, o estiramento de reflexo não chega ao córtex, mas os interneurônios inibitórios presentes na medula sobem e avisam ao córtex que há movimento, fazendo que haja certo “controle”. Assim, na ausência desse controle, os reflexos ficam mais exacerbados; ➔ Hipertonia espástica (sinal do “canivete”); ➔ Marcha ceifante - membro superior com rigidez em flexão, membro inferior com rigidez em extensão. Não consegue fletir membro inferior. Movimento fazendo um “C” com o pé no chão; ➔ Clônus - contração rítmica repetida quando um estiramento de tendão é realizado. Contração brusca do tendão o que gera contrações rítmicas da musculatura. ➔ Sinal de Babinski - reflexo cutâneo-plantar em extensão ou dorso-flexão do hálux e abertura em leque dos outros dedos; ➔ Atrofia muscular tardia por desuso; Na fase aguda, os hipos são mais comuns, os deficitários ocorrem mais. As vias antagonistas ainda não estão livres da influência do sistema piramidal, leva um certo tempo para que ocorra um desequilíbrio. Algumas causas são: AVE, hematoma subdural, neoplasias que acometem essa região do cérebro, abscessos cerebrais, esclerose múltipla (desmielinizantes). A lesão da via do 1º neurônio que gera essa síndrome pode ocorrer nas seguintes topografias: ➔ Córtex e Cápsula Interna - afasia, anartria hiperreflexia, alteração de sensibilidade e alteração de coordenação, hemiparesia ou hemiplegia; ➔ Tronco Encefálico; ➔ Medula Espinhal - paraparesia e paraplegia do nível lesado para baixo, também há alteração de sensibilidade e coordenação; SÍNDROME DO 2º NEURÔNIO MOTOR CC: Paciente masculino, 35 anos, apresenta paralisia flácida e arreflexia no MSD com atrofia muscular iniciada após acidente de moto, com lesão do plexo braquial. Raízes nervosas saem através do corno anterior, se juntam nos plexos e formam os nervos periféricos. Ainda que o córtex dê o comando para o movimento, o estímulo é interrompido no segundo neurônio. Características clínicas: ➔ Fraqueza; ➔ Hiporreflexia ou arreflexia - neurônio eferente que está doente, comprometimento do arco reflexo; ➔ Hipotonia - flacidez; ➔ Atrofia muscular precoce; ➔ Miofasciculação - estímulo a contração das miofibrilas vem do 2º neurônio, fibras se contraem não simultaneamente; ➔ Marcha escarvante de MMI - paciente com o pé caído, arrasta a ponta do pé no chão, levanta bastante o joelho (comprometimento de nervo fibular); Topografias do 2º neurônio motor que quando lesadas podem gerar alterações: ➔ Ponta / corno anterior da medula; ➔ Raiz ventral - alteração em faixas; ➔ Plexo; ➔ Nervo periférico - mãos e pés seguindo a inervação; Etiologias: ➔ Trauma - exemplo do CC; ➔ Compressão - hérnia de disco, tumoral, por exemplo; ➔ Neuropatia periférica - diabetes, hanseníase ➔ ELA - esclerose lateral amiotrófica (degeneração de tanto o 1º quanto quanto do 2º neurônio); SÍNDROMES MIASTÊNICAS / PLACA MOTORA CC: Mulher, 45 anos, apresenta ptose palpebral bilateral flutuante (varia ao longo do dia), pior ao final do dia, quando também apresenta fraqueza muscular proximal (cintura escapular e pélvica). Descrição característica da Miastenia Gravis, auto-anticorpos contra o receptor de Ach presente nessa placa motora (neurotransmissor da placa motora que se liga na membrana pós-sináptica ) que ajuda na contração muscular. Quanto mais esse músculo é utilizado, menos Ach se liga, mais receptores são ocupados por auto-anticorpos, por isso durante o dia esse quadro piora. Características principais: ➔ Fatigabilidade e flutuação motora - piora ao final do dia; ➔ Fraqueza proximal simétrica (ocular, fonação e deglutição); ➔ Reflexos profundos normoativos; ➔ Sensibilidade normal; ➔ Ptose palpebral, oftalmoparesia (musculatura do movimento extrínseco), disparesia facial (mímica facial), disartria, disfonia, disfagia e cervicoparesia; ➔ Fáscie miastênica - fenda ocular pequena por conta da ptose palpebral; Também existe a LEMS, onde os auto-anticorpos são contra os canais de cálcio na membrana pré-sináptica - não permitem a entrada de cálcio, não permitindo a liberação da Ach presente nas vesículas para a fenda sináptica e membrana pós-sináptica, assim não há contração. Só que, nesse caso, a movimentação melhora com o esforço, pois essa repetição faz com que haja aumento de cálcio e mais Ach consiga ser liberada. Síndrome paraneoplásica principalmente de neoplasias de pulmão. SÍNDROMES MIOPÁTICAS Problema no músculo, sem afetar todas as outras estruturas nervosas que vimos anteriormente. As principais características são: ➔ Fraqueza proximal simétrica sem flutuação - músculo direto em todos os momentos; ➔ Reflexos profundos normoativos; ➔ Sensibilidade normal; ➔ Coordenação normal; ➔ Ptose palpebral, oftalmoparesia, diparesia facial, disartria, disfonia, disfagia e cervicoparesia (cintura escapular e pélvica) ; ➔ Marcha anserina (“pato”) - fraqueza da musculatura proximal, joga as pernas; ➔ Hipertrofia das panturrilhas - infiltração tecido adiposo no tecido muscular, pseudo-hipertrofia; ➔ Sinal de Gowers - criança se escala para conseguir levantar, levantar do miopata; SÍNDROMES EXTRAPIRAMIDAIS O sistema extrapiramidal tem por objetivo: execução de movimentos automáticos (caminhar, andar de bicicleta) e faz o controle de movimentos aprendidos (inclusive, a mímica facial). Estruturas da substância branca: tálamo, substância nigra, putâmen e pálido, corpo estriado, engloba os gânglios da base e alguns núcleos no tronco cerebral… funcionam de forma integrada com o sistema piramidal. Quando existe lesão desse sistema, normalmente existem 3 tipos de sintomas: ➔ Bradicinesia: lentidão dos movimentos voluntários e sem redução de força; ➔ Rigidez: anormalidade do tônus muscular, plástica ou em roda denteada; ➔ Movimentos involuntários: tremor, balismo, coréia e atetose (serpentiosos); Dois grupos principais: aqueles com maior intensidade da rigidez e da bradicinesia (parkinsonismo) e aqueles que predominam os movimentos involuntários (coréias, balismo, distonias/atetose e tremores). Isso acontece pois a via extrapiramidal ela funciona modulando o tálamo, existem duas vias que funcionam nesse momento - uma via direta que estimula e uma indireta que inibe. Se há uma lesão da via direta,há um predomínio da inibição, aparecem mais os sintomas de rigidez e bradicinesia. Já na lesão da via indireta, a estimulação fica mais forte, assim os movimentos mais bruscos e involuntários vão ficar mais exacerbados. PARKINSONISMO ➔ Principal etiologia: doença de parkinson (sendo que outras doenças causam quadro similar; ➔ Tremor de repouso e de pequena amplitude (melhora com movimento e desaparece durante o sono); ➔ Rigidez muscular (hipertonia plástica em roda denteada); ➔ Bradicinesia (movimentos lentos); ➔ Distúrbios da marcha (muito risco de queda) - marcha parkinsoniana ou de pequenos passos; ➔ Doença de Parkinson - paralisia agitante: segunda doença neurodegenerativa mais comum, acompanha fatores genéticas; ➔ Instabilidade postural; ➔ Micrografia - alteração da letra; ➔ Disfagia; ➔ Freezing; ➔ Perda da mímica facial - fáscie inexpressiva; DOENÇA DE PARKINSON = degeneração dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância negra levando a uma redução da dopamina estriatal (via nigro-estriatal). Isso acontece por inclusões citoplasmáticas proteináceas eosinofílicas, os corpos de Lewy, que levam a essa degeneração. Os corpúsculos de Lewy também podem se encontrar em outros locais: ➔ Núcleo basal de Meynert - núcleo colinérgico relacionado a atenção e vigília; ➔ Locus coeruleus - núcleo produtor de noradrenalina, controle do sono REM; ➔ Núcleos da rafe - neurônios serotoninérgicos, liberação de serotonina, alterações comportamentais; ➔ Sistema olfativo - usam a dopamina; ➔ Sistema nervoso autônomo; ➔ Medula espinhal, periférica… DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: doença de Wilson (doença neurodegenerativa - sinal do “panda”), AVE (doença vascular), paralisia supranuclear progressiva, medicamentos e demência frontotemporal. SÍNDROMES CEREBELARES E ATAXIAS Cerebelo é um órgão muito antigo, primordial. Pode ser classificado em arquicerebelo (lobo floculonodular - equilíbrio do corpo e movimentação dos olhos), paleocerebelo (pirâmide, úvula e porção anterior do vérmis - coordenação de tronco, marcha e tônus) e o neocerebelo (porção média do vérmis, lobo direito e lobo esquerdo - coordenação de membros, movimentos finos e planejados). ➔ Lesão do arquicerebelo - alteração de equilíbrio e nistagmo; ➔ Lesão do paleocerebelo - alteração de tÔnus, coordenação do tronco e marcha (ataxia e hipotonia); ➔ Lesão do neocerebelo - alteração do planejamento e coordenação dos movimentos finos - tremor de intenção, dismetria, disdiadococinesia, alteração da fala, fala escandida (decomposta, medida); Quadro de lesões cerebelares: ➔ Nistagmo; ➔ Assinergia de tronco; ➔ Alteração de marcha - marcha atáxica ou ebriosa (similar a de um paciente bêbado - álcool atua no cerebelo); ➔ Tremor de intenção ou movimento; ➔ Incoordenação; ➔ Alteração de fala - fala escandida; ➔ Dismetria - prova dedo-nariz com dedo tremendo, grande amplitude, erra a ponta do nariz; Outra formas de ataxia = ataxia vestibular (nervo vestibulococlear). Os sinais e sintomas podem estar relacionados com uma lesão completa do cerebelo, ou podem ser mais focais, região mais específica do cerebelo. Podem se apresentar de forma aguda (álcool), subaguda ou crônica. Outras etiologias: esclerose múltipla, malformações congênitas, hematoma subdural na região cerebelar…