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Livro Digital Aula 07 Histologia Animal FUVEST Professora Bruna Klassa Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 2 77 SUMÁRIO Apresentação ........................................................................................................................................ 3 1. Tipos de tecidos ................................................................................................................................ 5 2. Tecido Epitelial .................................................................................................................................. 6 3. Tecido Conjuntivo ........................................................................................................................... 18 4. Tecido Nervoso ............................................................................................................................... 35 5. Tecido Muscular .............................................................................................................................. 41 6. Lista de questões ............................................................................................................................ 48 7. Gabarito .......................................................................................................................................... 58 8. Lista de questões comentadas ........................................................................................................ 59 Considerações finais ........................................................................................................................... 75 Referências .......................................................................................................................................... 76 Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 3 77 APRESENTAÇÃO Olá, querido aluno! Tudo bem com você? Na última aula estudamos o desenvolvimento embrionário de um novo indivíduo, desde a fecundação até o momento em que seus órgãos e sistemas são formados, processo chamado de organogênese, focando esforços no entendimento da embriogênese humana. Vamos relembrar os principais tópicos? ➢ A fecundação ou fertilização compreende uma sequência de eventos coordenados que começa com o contato entre o espermatozoide e o ovócito secundário. A partir da união dos dois gametas haploides forma-se um zigoto diploide, a primeira célula de um novo organismo, capaz de se diferenciar em qualquer tipo de célula especializada do corpo. ➢ Os eventos que levam à fecundação se iniciam com o reconhecimento e ligação da cabeça do espermatozoide às camadas foliculares do ovócito. As enzimas hidrolíticas do acrossomo são liberadas e “cavam” o ovócito até que o espermatozoide alcance a membrana plasmática. A seguir, ele introduz seu núcleo no citoplasma do ovócito e sua cauda degenera. Por fim, os núcleos (do ovócito e do espermatozoide) se unem, em um processo chamado de cariogamia, formando o zigoto diploide. ➢ Segmentação (ou clivagens) é o próximo passo no desenvolvimento do embrião. Diversas mitoses se sucedem até que a célula-ovo inicial se divida em 12 a 30 novas células, chamadas blastômeros. Nesse momento, o zigoto atinge o estado de mórula. ➢ Blástula é a fase seguinte, na qual uma cavidade preenchida por líquido (blastocele) se forma no interior da mórula. Além disso, é na fase de blástula que o embrião é implantado no útero. Segue- se então a gástrula, momento em que ocorre a diferenciação de dois folhetos embrionários (ectoderme e endoderme), formação do arquêntero e do blastóporo, e formação dos eixos corporais. ➢ A fase seguinte é a nêurula, momento em que ocorre a formação das primeiras estruturas do sistema nervoso: tubo neural, notocorda, aparecimento do terceiro folheto embrionário (mesoderme) e do celoma. Por fim, segue-se a organogênese, isto é, a formação de todos os órgãos do corpo no novo indivíduo. O desenvolvimento da multicelularidade foi essencial para a diversificação das formas de vida na Terra, já que as várias especializações de células atuam de modo integrado na realização das diferentes funções que nos mantêm vivos. Quando células semelhantes e que executam atividades específicas no organismo se agrupam, elas formam tecidos. Sendo assim, organismos unicelulares não podem apresentar tecidos, já que eles são formados por apenas uma célula, a qual desempenha todas as funções. Mas nem todos os animais multicelulares são formados por tecidos. Multicelularidade não é sinônimo de desenvolvimento de tecidos. Veremos que os poríferos, apesar de serem multicelulares e apresentam células Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 4 77 especializadas em realizar determinadas funções, não possuem células semelhantes agrupadas e desempenhando funções semelhantes. Eles, portanto, não apresentam tecidos. Nós vimos na aula passada que a diferenciação celular que ocorre durante o desenvolvimento embrionário dos organismos multicelulares dá origem aos tecidos que compõem o corpo dos organismos através de um processo chamado organogênese. Os tecidos são formados não só por células especializadas, mas também por uma matriz extracelular, composta por células e moléculas variadas. Figura 1. As células-tronco embrionárias desenvolvem-se em todos os tecidos do indivíduo. No corpo humano temos quatro tecidos básicos (da esquerda para a direita): tecido epitelial, tecido conjuntivo (formando a estrutura óssea e o sistema circulatório, por exemplo), tecido nervoso e tecido muscular. Fonte: shutterstock (modificada). Nesta aula, iremos estudar todas as especializações teciduais presentes em um organismo animal, em particular no organismo humano. Vem comigo! Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 5 77 1.TIPOS DE TECIDOS Vimos que, após a fertilização, o zigoto passa por uma série de divisões mitóticas até atingir o estado de blástula, formado pelo embrioblasto, que dá origem aos tecidos do embrião propriamente dito, e pelo trofoblasto, que contribui para a formação dos anexos embrionários. Essas células embrionárias continuam se multiplicando progressivamente e levam o embrião ao estabelecimento de três folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme. As células de cada folheto se dividem, migram, se agregam e se diferenciam em padrões precisos à medida que as células constituem os vários sistemas orgânicos. A partir da ectoderme se originam os epitélios de revestimento da superfície externa do corpo, da cavidade oral, retal e as glândulas associadas, bem como o tecido nervoso. Da mesoderme originam-se tecidos epiteliais (endotélio, rins e vias urinárias, gônadas), tecidos conjuntivos, comuns e especializados, e tecidos musculares. A endoderme origina os epitélios de revestimento de órgãos internos e suas glândulas. Esses vários tecidos nada mais são que agregados de células organizados para realizar uma ou mais funções específicas. Histologia é a ciência que estuda a correlação entre estrutura e função celular ou, de maneira mais clara, estuda os vários tecidos que compõem os órgãos. Além das células, os tecidos também são constituídos pela matriz extracelular (MEC). A MEC é composta por muitos tipos de moléculas, que formam estruturas complexas como por exemplo as fibras de colágeno e as membranas basais. Essas estruturas têm função de apoio e transporte de nutrientes para as células, e delas para fora do corpo (seja por secreção ou por excreção). Nos animais vertebrados, é possível distinguir quatro tecidos básicos: 1)Tecido epitelial: é o tecido de revestimento das superfíciese cavidades do corpo, além de formar as glândulas. As células do tecido epitelial são muito unidas e há pouca MEC entre elas. 2)Tecido conjuntivo: é o tecido que protege e sustenta o corpo, preenchendo espaços e mantendo os órgãos unidos, além de participar na nutrição de outros tecidos e no processo imunológico. O tecido conjuntivo compreende o tecido ósseo, o tecido cartilaginoso, o tecido adiposo e o tecido sanguíneo, e todos apresentam matriz extracelular abundante. 3)Tecido nervoso: é o tecido especializado na geração e transmissão de impulsos nervosos, coordenando as atividades corporais, e na conversão em impulso nervoso das informações recebidas tanto do meio interno quanto do meio externo. 4)Tecido muscular: é o tecido formado por células altamente especializadas em converter energia química em energia mecânica através de contração. A partir de agora, vamos ver cada um deles detalhadamente. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 6 77 2. TECIDO EPITELIAL O tecido epitelial, ou simplesmente epitélio, é derivado dos 3 folhetos embrionários: Quanto à organização, o tecido epitelial é constituído por células poliédricas justapostas com pouca matriz extracelular. As células epiteliais se aderem firmemente umas às outras por meio de das especializações da membrana chamadas junções intercelulares (vimos lá na aula 1 cada especialização em detalhe). Essa organização celular proporciona ao tecido o revestimento de superfícies externas e das cavidades do corpo. Ainda, os tecidos epiteliais apresentam suas células envoltas por uma camada de glicocálice, que também contribui para a união entre elas. Além de revestir superfícies externas e internas, muitos epitélios apresentam outras funções associadas, como proteção, absorção (de íons e moléculas), excreção de substâncias, secreção, percepção de estímulos e contração. Todos os epitélios encontram-se sob uma camada de tecido conjuntivo. Entre esses dois tecidos existe um acúmulo de fibras proteicas, colágeno e glicoproteínas que formam uma estrutura acelular chamada de membrana basal. Como o tecido epitelial é avascular, sua nutrição acontece Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 7 77 por difusão dos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo. Esses vasos atravessam a membrana basal (que é permeável) até atingir os epitélios. Nos vertebrados, a associação entre o epitélio e o tecido conjuntivo que lhe dá suporte, revestindo as superfícies externas do organismo, constitui a pele. Quando essa associação reveste as cavidades que se comunicam com o meio exterior, temos as membranas mucosas (por exemplo, a mucosa bucal, gástrica, nasal etc.). Agora quando a associação reveste externamente os órgãos internos, temos as membranas serosas (como a pleura que reveste os pulmões, o pericárdio que reveste o coração e o peritônio que reveste os órgãos do sistema digestório). Os epitélios apresentam alta capacidade regenerativa (alta taxa de divisão mitótica) e, como geralmente não se distingue os limites entre as células, a forma dos seus núcleos dá, indiretamente, uma ideia do formato celular e orientam a sua classificação morfológica. Didaticamente, o tecido epitelial pode ser dividido em epitélios de revestimento e epitélios glandulares. Porém, essa divisão é arbitrária, pois há epitélios de revestimento nos quais todas as células secretam (como, por exemplo, o estômago), ou epitélios com células glandulares espalhadas entre as células de revestimento (como as células mucosas no intestino e traqueia). Mas, para fins de estudo, podemos e iremos dividi-los dessa maneira! As principais funções do tecido epitelial são revestimento, absorção, excreção e secreção. 2.1 EPITÉLIO DE REVESTIMENTO Os epitélios de revestimentos são classificados de acordo com o número de camadas de células que o constituem e a forma dessas células. A membrana basal se dispõe como um “tapete molecular” entre as células do epitélio e os elementos do tecido conjuntivo. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 8 77 2.1.1 Epitélio simples pavimentoso Epitélio caracterizado por uma única camada de células achatadas, com núcleos celulares alongados e de forma irregular, que constitui uma superfície contínua. Localiza-se revestindo superfícies envolvidas no transporte passivo de gases e líquidos, como a superfície pulmonar (pleura), os capilares sanguíneos e linfáticos (endotélio), o coração (pericárdio) e os órgãos do sistema digestório (peritônio). Figura 2A. Epitélio simples pavimentoso. Fonte: Shutterstock. 2.1.2 Epitélio simples cúbico O epitélio simples cúbico apresenta uma única camada de células que apresentam altura e largura semelhantes (parecem quadradas). Os núcleos celulares, normalmente, são esféricos. Esse tecido apresenta funções excretoras, secretoras e absorvente, e é encontrado no revestimento externo do ovário, nos túbulos renais, nos ductos secretores (das glândulas salivares e do pâncreas) e nos folículos tireoidianos. Figura 2B. Epitélio simples cúbico. Fonte: Shutterstock. 2.1.3 Epitélio simples cilíndrico ou colunar Encontra-se, geralmente, em superfícies de órgãos intensamente absorventes (intestino delgado e vesícula biliar) e superfícies secretoras (estômago). Além dessas funções, atua fazendo proteção e lubrificação nesses órgãos em que está presente. Figura 2C. Epitélio simples cilíndrico. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 9 77 Em alguns órgãos, as células do epitélio simples cilíndrico ou colunar apresentam especializações como cílios, que auxiliam no transporte dos ovócitos até o útero (tuba uterina), e microvilosidades, que aumentam a superfície celular para absorção de nutrientes (intestino delgado). Nesses epitélios é comum a presença de células secretoras (células caliciformes, que ocorrem no intestino, e células mucíparas ou intercalares, que ocorrem na tuba uterina e secretam muco). 2.1.4 Epitélio pluriestratificado pavimentoso Esse epitélio apresenta número variável de camadas celulares em transição morfológica e funcional, ou seja, tem desde células cúbicas na base até células achatadas no ápice. Está presente revestindo a cavidade oral, faringe, esôfago, canal anal e vaginal (superfícies úmidas), especialmente porque adapta-se bem à abrasão moderada. Figura 2D. Epitélio pluriestratificado pavimentoso. Fonte: Shutterstock. As células basais (próximas à membrana basal) desse tecido são indiferenciadas e apresentam o núcleo arredondado e central. Elas sofrem várias divisões mitóticas, dando origem a uma sucessão de células que são progressivamente empurradas para a superfície livre. Durante essa migração, as células sofrem degeneração, morrem, descamam e são substituídas pelas camadas mais profundas. As células mais intermediárias são células poliédricas com o núcleo arredondado e de localização central. Já as células nas camadas superiores são mais achatadas e têm o núcleo oval. Por fim, as células da camada superficial são altamente diferenciadas, pavimentosas e possuem o núcleo achatado e central. Elas estão dispostas paralelamente à superfície livre do epitélio. Assim como os demais epitélios estratificados, esse epitélio apresenta função protetora, sendo que o grau e a natureza da estratificação se relacionam com os tipos de desgastes físicos aos quais a superfície se expõe. Em geral, esses tecidos são desprovidos de função de absorção e secreção devido à sua espessura. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 10 77 PeleA pele é um órgão composto por três camadas distintas: a epiderme, mais superficial, a derme e a hipoderme, mais interna. As duas últimas são formadas pelo tecido conjuntivo, objeto de estudo do nosso próximo capítulo. A epiderme é um exemplo de epitélio pluriestratificado pavimentoso queratinizado. Esse epitélio é formado por um número variável de camadas celulares cuja espessura é variável (chegando a 1,5 cm em algumas regiões do corpo), sendo mais espessa e complexa nas palmas, plantas e em algumas articulações - locais nos quais é denominada “pele grossa”. As células mais abundantes nesse epitélio são as células de queratina, os queratinócitos, que se organizam em cinco camadas: basal, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea – cada uma com características próprias: Na pele, as células da camada basal sofrem divisões mitóticas regulares dando origem a uma sucessão de células que vão se diferenciando e migrando para as camadas superiores, até atingir a camada córnea, quando sofrem degeneração, morrem e descamam. Durante a migração para o ápice, as células sofrem o processo de queratinização. Assim, a camada córnea acelular é constituída da proteína queratina, que evita a perda de água e a penetração de materiais químicos e físicos nocivos, e restos de células epiteliais degeneradas que não possuem núcleo. A queratina não é um produto de secreção celular, pois ela é produzida nos polirribossomos livres e fica acumulada no citoplasma da célula. A presença dessas particularidades, garante que o epitélio seja adaptado à abrasão e à dessecação constantes. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 11 77 2.1.5 Epitélio “pseudoestratificado” cilíndrico ciliado Este epitélio apresenta uma única camada de células, porém, a localização dos seus núcleos está em diferentes alturas no epitélio – o que dá a impressão de haver mais de uma camada. Por isso, o epitélio é chamado pseudoestratificado, mas, na verdade, ele é um epitélio simples e todas as células repousam sobre a membrana basal, embora algumas sejam mais curtas. Figura 2E. Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado. Fonte: Shutterstock. O epitélio pseudoestratificado localiza-se no revestimento da traqueia, brônquios e cavidade nasal, e o epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado é quase exclusivamente confinado às vias aéreas do sistema respiratório de mamíferos. A composição do epitélio pseudoestratificado consiste em células chamadas de: ✓ Principais: com núcleo alongado e localização basal, são células cilíndricas altas com cílios. ✓ Basais: com núcleo arredondado e central, são células curtas cuja altura não alcança a superfície do epitélio. Elas atuam na renovação celular. ✓ Caliciformes: com núcleo arredondado basal, são células célula cilíndricas com formato de cálice, que secretam muco com função lubrificante. Esse muco, carregado de dejetos, é propulsionado com o auxílio dos cílios para a nasofaringe, onde pode ser engolido ou expectorado. 2.1.6 Epitélio de transição O epitélio de transição reveste a bexiga urinária, o ureter e a parte superior da uretra, e é um epitélio estratificado cuja camada mais superficial é formada por células globosas. A forma dessas células muda de acordo com o grau de distensão da bexiga. Quando a bexiga está vazia, as células da camada superficial são grandes, arredondadas, em forma de cúpula e podem apresentar um ou dois núcleos esféricos. Já quando a bexiga está distendida, a espessura do epitélio diminui e as células se tornam achatadas, de formato quase pavimentoso. Esse epitélio é especializado na distensão e na resistência à toxicidade da urina. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 12 77 Figura 2F. Epitélio de transição. As células epiteliais mais próximas à membrana basal são pequenas e, à medida que originam outras células, aumentam de tamanho conforme migram para a superfície. Nestas células, a membrana plasmática em contato com a urina é especializada, apresentando placas espessas separadas por faixas de membrana mais delgada. Quando a bexiga se esvazia, a membrana se dobra nas regiões delgadas e as placas espessas se invaginam e se enrolam, formando vesículas fusiformes, que permanecem próximas à superfície celular. Ao se encher novamente, sua parede se distende e inicia-se um processo inverso, com a transformação das vesículas citoplasmáticas fusiformes em placas que se inserem na membrana, aumentando a superfície das células. 2.2 EPITÉLIOS GLANDULARES Os epitélios glandulares são constituídos por células especializadas na atividade de secreção, formando glândulas. As glândulas podem ser unicelulares (consistem em células isoladas) ou multicelulares (compostas de agrupamentos de células secretoras). A glândula caliciforme, que ocorre no epitélio da traqueia, é um exemplo de glândula unicelular. Essa glândula consiste em uma célula cilíndrica que sintetiza e secreta o muco lubrificante. Geralmente, elas se localizam entre outras células, principalmente, no revestimento do trato respiratório e digestório. O epitélio glandular do intestino grosso, por exemplo, é constituído de células caliciformes em abundância, intercaladas com células absortivas, cujas microvilosidades participam do processo de absorção de água. Figura 3. Célula caliciforme. Fonte: Shutterstock Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 13 77 O núcleo da célula caliciforme, e grande parte das organelas citoplasmáticas, apresenta posição basal. Essa base da célula é mais estreita que o ápice, contêm mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso em abundância, e apresenta um complexo de Golgi bem desenvolvido. A região apical é mais dilatada e rica em vesículas contendo glicoproteínas (e denominadas mucina). Essas mucinas são produzidas no retículo endoplasmático rugoso e modificadas no complexo de Golgi, onde são liberadas por exocitose para recobrir os epitélios. No intestino, têm também a função de proteção do revestimento intestinal. As demais glândulas presentes no corpo são multicelulares. As glândulas multicelulares são formadas a partir de invaginações dos epitélios de revestimento, cujas células proliferaram e invadiram o tecido conjuntivo subjacente, sofrendo diferenciação adicional. Elas podem ser divididas conforme o local onde a secreção produzida é liberada. De acordo com essa destinação, podemos classificar as glândulas multicelulares da seguinte maneira: Glândulas exócrinas: apresentam a porção de células secretoras associada a ductos, que transportam e lançam suas secreções para fora do corpo ou para o interior de outras cavidades corporais. Essas secreções podem ser muco, suor, óleo, cera, saliva ou enzimas. Exemplos de glândulas que lançam secreção para o interior do corpo são as glândulas mamárias, sudoríparas, lacrimais e sebáceas. Já exemplos de glândulas que lançam secreção em outras cavidades são as glândulas salivares. As glândulas exócrinas são classificadas de acordo com o método pelo qual suas células componentes liberam os produtos de secreção. Elas podem ser: ✓ Glândulas merócrinas ou écrinas, a secreção é liberada por meio de exocitose, sem perda de material celular. Ex.: glândulas lacrimais, salivares e sudoríparas. Figura 4. As glândulas multicelulares exócrinas são formadas a partir da invaginação dos epitélios de revestimento, e apresentam uma porção secretora, constituída pelas células responsáveis pelo processo secretório, e ductos, que transportam a secreção. Fonte: Shutterstock. A porção secretora da glândula sudorípara, chamada glomérulo, é composta por um tipo de epitélio simples cúbico circundado por células mioepiteliais. Os prolongamentos citoplasmáticosdessas células mioepiteliais envolvem o túbulo secretor e auxiliam na espremedura do fluído para dentro dos ductos. O ducto glandular é formado por um epitélio estratificado cúbico, cujas células são menores do que as unidades secretoras. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 14 77 ✓ Glândulas holócrinas, o produto de secreção é eliminado juntamente com toda a célula, processo que envolve a destruição de células repletas de secreção. Ex.: glândula sebácea. ✓ Glândulas apócrinas, o produto de secreção é descarregado junto com porções do citoplasma. Ex.: glândulas mamárias. Glândulas endócrinas: não apresentam ductos associados à porção secretora, ou seja, não mantêm uma conexão com o meio externo. As secreções dessas glândulas entram no sistema vascular para serem lançadas diretamente nos vasos sanguíneos e linfáticos e distribuídas por todo o corpo. Exemplos de glândulas endócrinas são a hipófise, a glândula da tireoide, as glândulas paratireoides e as glândulas adrenais. Figura 5. As glândulas multicelulares endócrinas são formadas a partir da invaginação dos epitélios de revestimento, mas não mantêm uma conexão com o meio externo, lançando as secreções diretamente nos vasos sanguíneos e linfáticos. Fonte: Shutterstock (modificada). As glândulas sebáceas são sáculos em formato de pera com curtos ductos e circundados por cápsulas de tecido conjuntivo. Cada sáculo é preenchido por grandes células amorfas com núcleos em vários estágios de degeneração. A periferia dos sáculos é composta de pequenas células basais cuboides, com função regenerativa. À medida que as células se movem da periferia do sáculo, se tornam maiores e aumentam o seu conteúdo de gordura no citoplasma. Próximo do ducto a célula inteira degenera e se torna a secreção. Ainda, essas glândulas estão, normalmente, associadas a folículos pilosos e descarregam sua secreção sebácea dentro dos folículos. Associados a esse tipo glandular, estão feixes de músculo liso e os músculos eretores do pelo. A glândula mamária é uma glândula exócrina túbulo- alveolar, do tipo apócrina, ou seja, junto a secreção produzida nas células epiteliais glandulares, uma parte do citoplasma é liberada também. Ela é formada pelo parênquima, a parte secretora, e pelo estroma, constituído de tecido conjuntivo e tecido adiposo, responsável por sua sustentação. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 15 77 Glândulas mistas: apresentam funções endócrinas e exócrinas. O principal exemplo é o pâncreas, um órgão que possui algumas células especializadas em secreção exócrina (células acinosas) e outras especializadas em secreção endócrina (células das ilhotas de Langerhans). A porção exócrina secreta enzimas digestivas que são lançadas no duodeno, enquanto a porção endócrina é responsável pela secreção dos hormônios insulina e glucagon, que atuam na redução e aumento dos níveis de glicose no sangue. Figura 6. O pâncreas é uma glândula mista. As células acinosas são as células exócrinas do pâncreas que produzem e transportam enzimas que passam para o duodeno, onde ajudam na digestão dos alimentos. As ilhotas de Langerhans são as células endócrinas, que produzem e secretam hormônios na corrente sanguínea. Fonte: Shutterstock. Formação das espinhas A acne é uma doença causada pela inflamação dos folículos pilo-sebáceos. Folículo piloso é o local onde nascem os pelos. Associados a ele existe uma glândula sebácea responsável pela produção de sebo (substância gordurosa que hidrata a pele). Quando ocorre alguma obstrução do canal do folículo, o sebo é impedido de fluir para a pele. Normalmente isso ocorre pelo acúmulo de células mortas na superfície da pele, impedindo que o sebo extravase. O confinamento do sebo no folículo chama-se comedão, que nada mais é que a substância branca com pontinha preta que sai quando esprememos um cravo. Quando uma gama de bactérias que costumam ficar na superfície da pele passa a viver e se alimentar da gordura de sebo acumulada no folículo, ele inflama e, a partir daí, temos uma espinha (um comedão rodeado por pus). Figura 7. Processo de formação os cravos e espinhas. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 16 77 (UEPG PR/2015 - modificada) Na figura abaixo são mostrados quatro tipos diferentes de epitélios. Associe o tipo de epitélio à sua estrutura e localização em humanos. Assinale o que for incorreto. Adaptado de: Lopes, S; Rosso, S. Bio. Volume 2. 2ª ed. Editora Saraiva: São Paulo, 2010. a) Em I tem-se o epitélio simples cúbico. Esse epitélio é formado por uma só camada de células cúbicas. Entre outros locais, ocorre nos túbulos renais, tendo a função básica de absorção de substâncias úteis presentes na urina, devolvendo-as para o sangue. b) Na imagem II tem-se o epitélio simples pavimentoso. Formado por células achatadas e dispostas em uma única camada. É um epitélio que permite passagem de substâncias, sendo encontrado nos alvéolos pulmonares, revestindo vasos sanguíneos e linfáticos. c) Em III é mostrado o epitélio pseudoestratificado. Esse epitélio é formado por mais de uma camada de células, com núcleos de tamanhos diferentes. Ocorre na cavidade nasal, na traqueia e nos brônquios, onde possui cílios e glândulas mucosas. Auxilia na remoção de partículas estranhas das vias aéreas. d) Na imagem IV é mostrado o epitélio simples prismático. É formado por uma camada de células altas, prismáticas. Ocorre revestindo o estômago e os intestinos. Comentários As alternativas A, B e D estão certas. Todo epitélio simples possui apena uma camada de células. Além disso, as afirmativas estão corretas nos exemplos citados. A afirmativa C está errada, e é o nosso gabarito. O epitélio pseudoestratificado também é composto por uma única camada de células. Mas como os núcleos dessas células ocorrerem em posições variadas, ora mais superior, ora mais inferior, o epitélio dá a impressão de ser formado por mais de uma camada. Gabarito: C. (FCM MG/2018) Representação esquemática da localização e da estrutura de uma célula secretora: Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 17 77 O número que NÃO corresponde à estrutura indicada é: a) 1 = Vesícula de Pinocitose b) 2 = Complexo Golgiense c) 3 = Retículo Endoplasmático d) 4 = Célula Acinosa Comentários A ordem de leitura da ilustração segue uma sequência decrescente de números. À esquerda temos o pâncreas demonstrado em detalhes. O número 4 aponta para uma célula exócrina, e sabemos disso porque a figura ilustra uma invaginação de células formando um ducto. No pâncreas, a porção exócrina é composta por células acinosas que secretam enzimas digestivas. À direita, temos uma dessas células acinosas demonstradas em corte transversal. Debaixo para cima, temos o número 3 indicando o retículo endoplasmático (organela membranosa responsável pela síntese de proteínas e, portanto, enzimas); a seguir, temos o número 2 indicando o complexo de Golgi (organela membranosa responsável pelo armazenamento e modificação das proteínas secretadas); do complexo de Golgi partem diversas vesículas, que foram liberadas em direção à membrana da célula; por fim, temos o número 1, que corresponde a uma dessas vesícula já integradas à membrana celular, liberando as enzimas secretadas. Assim, o número que não corresponde à estrutura indicada é o número 1, porque não se trata de uma vesícula pinocítica. As vesículas de pinocitose são formadas em um processo de endocitose, no qual a célula ingere líquidos ou pequenas partículasinespecíficas em solução aquosa, através da invaginação da membrana plasmática. Gabarito: A. ] Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 18 77 3. TECIDO CONJUNTIVO Tecido conjuntivo é a denominação comum para designar um grupo diversificado de tecidos com funções variadas e que, de forma geral, estão relacionadas com o estabelecimento e manutenção da forma do corpo. Eles têm origem mesodérmica e são os tecidos que possuem maior distribuição no corpo humano. Diferentemente dos tecidos epiteliais, os tecidos conjuntivos apresentam MEC abundante e viscosa, produzida por suas próprias células, com composição variada (pode ser desde fluida até calcificada). Essa MEC funciona como estrutura de sustentação e é responsável pela nutrição do epitélio de localização superficial a ele, uma vez que possuem grande quantidade de vasos e nervos que suprem as necessidades do tecido epitelial. Na pele, por exemplo, a epiderme (tecido epitelial) apoia-se e é nutrida pela derme (tecido conjuntivo). O tecido conjuntivo abrange: o tecido conjuntivo propriamente dito, o tecido adiposo, o tecido cartilaginoso, o tecido ósseo e o tecido sanguíneo. A variedade de funções dos tecidos conjuntivos depende da composição e da abundância de seus componentes (celulares e intercelulares) nos vários locais do organismo. Por exemplo, tecidos especializados em resistir a forças de tração, como os que formam os tendões, são ricos em fibras colágenas. Membranas serosas, como o peritônio que reveste estruturas que sofrem alteração de forma e volume, são ricas em elastina. Tecidos capazes de absorver forças compressivas, como a cartilagem, são ricos em glicosaminoglicanos e proteoglicanos. Células do tecido conjuntivo De maneira geral, o tecido conjuntivo é vascularizado e inervado (exceto as cartilagens), e as células encontradas são os fibroblastos, macrófagos, mastócitos, plasmócitos, leucócitos, adipócitos, entre outras. Elas variam conforme o tipo de tecido conjuntivo, como veremos a seguir, contudo, os fibroblastos são as células mais comuns e podem modular a capacidade metabólica do tecido. Figura 8. Células do tecido conjuntivo: 1) Linfócito, 2) melanócito, 3) Mastócito, 4) Capilar sanguíneo, 5) Macrófago, 6) Fibroblasto e 7) Adipócito. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 19 77 FIBROBLASTOS São as células mais comuns do tecido conjuntivo e podem modular sua capacidade metabólica. Eles sintetizam colágeno, elastina, glicosaminoglicanos, proteoglicanos e glicoproteínas adesivas que formam a matriz extracelular. Estão envolvidos na síntese de fatores de crescimento (substâncias que controlam a proliferação e a diferenciação celular) e são particularmente ativos durante o reparo de feridas no corpo, causadas por lesão ou inflamação, quando há perda de tecido por morte celular. MACRÓFAGOS São células que derivam de células precursoras da medula óssea, os monócitos (que circulam no sangue). Após penetrar no tecido conjuntivo, os monócitos amadurecem e adquirem as características dos macrófagos. Os macrófagos formam o sistema fagocitário e estão distribuídos em vários órgãos, atuando na defesa imunológica do organismo. MASTÓCITOS São células globosas, grandes, que atuam em reações imunes e têm papel fundamental na inflamação, em reações alérgicas e na eliminação de parasitas. Uma das reações que podem ser provocadas pelos mediadores dos mastócitos é o choque anafilático, uma reação de hipersensibilidade potencialmente fatal. PLASMÓCITOS São células abundantes quando há inflamações crônicas ou penetração de bactérias e proteínas estranhas no tecido da região, pois são responsáveis pela produção de anticorpos, mas, de modo geral, estão em pequeno número no tecido conjuntivo. LEUCÓCITOS (GLÓBULOS BRANCOS) São elementos normais dos tecidos conjuntivos e que, quando estão no sangue, têm forma esférica. São produzidos na medula óssea vermelha ou em tecidos linfoides e protegem o organismo contra infecções. Os leucócitos alcançam o tecido conjuntivo ao migrar (diapedese) através da parede dos capilares e das vênulas. Quando há processos inflamatórios, a diapedese torna-se acentuada e aumenta o número de leucócitos no tecido conjuntivo. ADIPÓCITOS São numerosos no tecido adiposo, uma vez que se tornaram especializadas em armazenar gorduras na forma de triglicerídeos. Os adipócitos podem ocorrer, isoladamente ou em grupos, em muitos tecidos, mas não em todos. CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS São células derivadas da mesoderme embrionária, capazes de se diferenciar em células maduras do tecido conjuntivo durante o crescimento e desenvolvimento normais por toda a vida e, mais notavelmente, na reparação de tecidos danificados, na cura de feridas. Matriz extracelular A matriz extracelular (MEC) no tecido conjuntivo é abundante pois suporta outros tecidos e fornece o ambiente estrutural para as células nela imersas. Assim, forma o arcabouço no qual as células aderem e sobre o qual elas podem se mover. A MEC é composta por macromoléculas amorfas e hidrofílicas que formam a substância fundamental e por proteínas fibrosas. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 20 77 A substância fundamental da MEC preenche os espaços entre as células e fibras, unindo-as, proporcionando suporte e atuando como meio para a troca de substâncias. Ainda, a viscosidade da substância fundamental forma uma barreira à penetração de microrganismos invasores que provocam doenças. Já as fibras garantem a força e sustentação dos tecidos, podendo ser fibras colágenas, elásticas e reticulares. FIBRAS COLÁGENAS Constituem cerca de 30% de todas as proteínas do corpo e existem em grande variedade e com várias funções na organização e propriedades dos tecidos conjuntivos. Essas fibras são duras, inelásticas e resistentes à tração. O colágeno está presente principalmente na derme, ossos, tendões, ligamentos e cartilagens. FIBRAS RETICULARES São estruturas finas e ramificadas, formadas por um tipo específico de colágeno (colágeno III) associado a glicoproteínas e proteoglicanas. São produzidas pelos fibroblastos e formam redes que sustentam as células. Estão presentes em órgãos hematopoiéticos como os linfonodos, baço e medula óssea vermelha, no músculo liso e nas células que envolvem as células nervosas. FIBRAS ELÁSTICAS Consistem em fibras ricas em elastina, capazes de se distender facilmente quando submetidas à tração. Abundantes em órgãos que podem sofrer estiramento, como os vasos sanguíneos, a pele e os pulmões. Tipos de tecido conjuntivo A classificação do tecido conjuntivo pode ser feita de acordo com os tipos de células e características da matriz extracelular que o formam. Assim, pode-se definir uma classificação inicial, na qual destacam-se as seguintes categorias: 3.1 TECIDO CONJUNTIVO FROUXO O tecido conjuntivo frouxo contém grupos de fibras colágenas e elásticas frouxamente entrelaçadas, e grande quantidade de fibroblastos e macrófagos, não havendo predominância de um elemento estrutural em relação a outro. Há também neste tecido as células migratórias – que participam de mecanismos de defesa e migram dos vasos sanguíneos locais, em resposta a determinados estímulos. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 21 77 O tecido conjuntivo frouxo é flexível, bem vascularizado e resiste pouco a trações. Por isso, suporta estruturas que sofrem pequenos atritos ou pressão. Este tipo de tecido conjuntivo pode ser encontrado entre grupos de células musculares, atuando como suporte para as células epiteliais, derme, hipoderme, membranas serosas e glândulas,e formando as camadas em torno de vasos sanguíneos. Funções básicas: preenchimento dos espaços entre os órgãos viscerais, suporte e nutrição dos epitélios, envolvimento dos nervos e vasos sanguíneos e linfáticos e cicatrização de tecidos lesados. 3.2 TECIDO CONJUNTIVO DENSO O tecido conjuntivo denso é formado pelos mesmos elementos encontrados no tecido conjuntivo frouxo, porém tem fibras mais espessas (com mais colágeno) e mais numerosas, além de menor quantidade de células. Este tecido conjuntivo é menos flexível e mais resistente à tensão em relação ao tecido conjuntivo frouxo. O tipo celular deste tecido é o fibroblasto, célula que produz e mantém as fibras do tecido conjuntivo denso. A orientação das fibras colágenas determina se o tecido conjuntivo denso é modelado ou não modelado. O tecido conjuntivo não modelado constitui a derme, camada intermediária da pele. No tecido conjuntivo denso modelado, as fibras são organizadas paralelas umas às outras e alinhadas com os fibroblastos. Esse tipo de tecido é encontrado nos tendões (estruturas que fazem a ligação dos músculos com os ossos) e ligamentos (estruturas presentes nas articulações, responsáveis por manter os ossos unidos. Figura 9. Estrutura da pele. A epiderme é formada por várias camadas de células, sendo a camada superficial a mais queratinizada. Note que as glândulas sebácea e sudorípara, assim como o folículo piloso são estruturas da epiderme. A derme é a camada intermediária da pele, formada por tecido conjuntivo vascularizado e inervado. A hipoderme é a camada mais interna da pele, constituída por adipócitos. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 22 77 3.3 TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO O tecido adiposo é um dos tecidos conjuntivos especializados, no qual predominam os adipócitos, células que armazenam gordura (principalmente triglicérides). Quando os adipócitos formam grandes agregados, constituem o tecido adiposo, que é distribuído em várias regiões do corpo. A gordura é uma forma eficaz de armazenamento, já que tem cerca do dobro da densidade calórica de carboidratos e proteínas. Enquanto os triglicerídeos fornecem 9,3 kcal/g, o glicogênio (armazenado em células musculares e hepáticas) fornece apenas 4,1 kcal/g. Funções básicas: modelar a superfície do corpo, proteger contra choques mecânicos, contribuir para isolamento térmico do organismo, preencher espaço entre tecidos, auxiliar a manter certos órgãos em posição normal e secretar diversas moléculas. A camada de tecido adiposo é a camada mais interna da pele chamada de hipoderme, e pode ser mais ou menos desenvolvida conforme a região do corpo e o estado nutricional do indivíduo. Em geral, a hipoderme é bem desenvolvida na coxa, na parede inferior do abdômen e nas regiões glútea e lombar. A diferença de contorno do corpo em homens e mulheres, uma das características sexuais secundárias, é resultado de diferentes espessuras da camada de tecido adiposo nas diferentes regiões do corpo. Em algumas regiões, o tecido adiposo tem função de diminuir impactos, é o caso do que está localizado na palma da mão, na planta do pé e do corpo adiposo da órbita (em torno do bulbo do olho). O tecido adiposo localizado nestes locais não diminui mesmo em períodos nos quais há redução da ingestão de calorias. Há dois tipos de tecido adiposo: tecido adiposo marrom e o tecido adiposo branco. 3.3.1 Tecido adiposo marrom (ou multilocular) O tecido adiposo marrom é encontrado nos neonatos de todos os mamíferos, mantendo-se presente em quantidades consideráveis apenas em indivíduos adultos das espécies hibernantes. Os depósitos de tecido adiposo marrom estão praticamente ausentes em humanos adultos, mas são encontrados em fetos e recém-nascidos. Ele recebe esse nome devido à sua cor, decorrente da vascularização abundante e da presença de mitocôndrias (que são ricas em citocromos que lhes confere cor avermelhada). Os adipócitos marrons contêm várias gotículas de gordura de tamanho variado na célula. O núcleo está localizado na periferia e não é achatado. O citoplasma tem um pequeno aparelho de Golgi, pequena quantidade de retículo endoplasmático rugoso e liso e numerosas mitocôndrias. Essas mitocôndrias possuem termogenina, uma proteína presente na membrana interna que faz com que a célula gere calor sem sintetizar ATP. Isso acontece porque a termogenina interrompe o fluxo de elétrons da cadeia respiratória (na respiração celular) e utiliza a energia liberada pela oxidação de metabólitos, principalmente ácidos graxos, para gerar calor. Função básica: produção de calor (termogênese) e regulação da temperatura corporal. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 23 77 Em animais que hibernam, o tecido adiposo marrom é abundante e inapropriadamente denominado glândula hibernante. Este tecido serve como fonte imediata de energia utilizada pelo animal quando acorda da hibernação. Recém-nascidos humanos possuem tecido adiposo marrom em grande quantidade, com ampla distribuição nos dez primeiros anos de vida, porém sua quantidade diminui gradualmente com o desenvolvimento e desaparece na maior parte das regiões do corpo, permanecendo em torno dos rins, aorta, regiões do pescoço e no mediastino (região do tórax localizada entre os pulmões). Figura 10. Urso pardo hibernando. Fonte: Shutterstock. 3.3.2 Tecido adiposo branco (amarelo, comum ou unilocular) O tecido adiposo branco tem coloração que pode variar entre o branco e o amarelo, dependendo da quantidade de pigmentos carotenoides dissolvidos nas gotas lipídicas. Esse é o tecido adiposo predominante em adultos. Os adipócitos são grandes e esféricos, mas a presença de uma única grande gota de lipídio confere aspecto achatado e deslocado do núcleo, além de uma fina camada de citoplasma entre a membrana plasmática e a gota lipídica. A vascularização deste tecido é muito abundante e ele apresenta nervos inseridos em septos de tecido conjuntivo. Desses septos partem fibras reticulares de colágeno que sustentam as células adiposas. Figura 11. Adipócito. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 24 77 3.4 TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO O tecido cartilaginoso (ou somente cartilagem) é um dos tecidos conjuntivos especiais, de consistência rígida, no qual as células e a matriz extracelular são altamente especializadas. Ele é avascular, o que limita a espessura das cartilagens, e não possui nervos e terminações nervosas. O tecido cartilaginoso forma o esqueleto de alguns animais vertebrados, como os cações, tubarões e raias, que são, por isso, chamados de peixes cartilaginosos. Existem dois tipos de células nas cartilagens, sendo que um deriva do outro: os condroblastos produzem fibras colágenas, fibras reticulares e a substância fundamental. Esses componentes tornam a matriz extracelular flexível, porém é sólida e firme., com aspecto de borracha. Isso possibilita que as cartilagens se adaptem bem à sustentação de peso, particularmente nas articulações. Após a formação da cartilagem, os condroblastos diminuem seu metabolismo e sofrem uma retração de volume, tornando-se condrócitos. Os condrócitos são as principais células das cartilagens e secretam colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas, portanto, possuem o complexo de Golgi bastante desenvolvido. Funções básicas: são essenciais para a formação e crescimento de ossos longos, dão suporte às estruturas moles e revestem superfícies articulares para absorver choques e facilitar o deslizamento de ossos nas articulações. As cartilagens são classificadas em elástica, hialina e fibrosa, de acordo com as características da matriz extracelular. Figura 12. Tipos de cartilagem. Fonte:Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 25 77 ✓ Cartilagem elástica: a característica da cartilagem elástica é a matriz rica em fibras elásticas, além de fibrilas de colágeno e da substância fundamental. A maior parte das estruturas que têm cartilagem elástica têm funções de vibração, como é o caso da laringe para a formação de som ou da orelha externa que capta as ondas sonoras. ✓ Cartilagem hialina: é o tipo de cartilagem encontrada com maior frequência no corpo humano. Esta cartilagem forma o esqueleto inicial do feto e é a precursora dos ossos que formarão o esqueleto ósseo. Em adultos, ela está presente na articulação dos ossos, nas cavidades nasais, na traqueia, na laringe, nos brônquios e nas cartilagens costais. Nas vias aéreas, como a traqueia, brônquios e laringe, a cartilagem hialina forma um arcabouço estrutural que mantém esses órgãos abertos. O pericôndrio, tecido conjuntivo que serve como fonte para novas células cartilaginosas, geralmente circunda a cartilagem hialina. Ele é importante para que ocorram nutrição, oxigenação e eliminação de restos metabólicos, já que ele é vascularizado e a cartilagem, não. ✓ Cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem: é um tecido fibroso e denso, resistente à alteração degenerativa, que contém fibroblastos e pequenos grupos de condrócitos. Suas células são ovoides e a matriz contém feixes grandes de fibras colágenas espessas. A fibrocartilagem ocorre, geralmente, em locais nos quais o tecido precisa resistir à compressão e ao desgaste, por exemplo, nos discos intervertebrais, nos discos articulares, nos meniscos da articulação do joelho e em lugares onde os tendões se ligam aos ossos. 3.5 TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO O tecido ósseo se diferencia dos demais tecidos conjuntivos por ter a matriz extracelular mineralizada por cálcio, o que torna este tecido extremamente duro. Por isso ele é o principal constituinte do esqueleto. Funções básicas: proteção dos órgãos e sustentação do corpo. Os ossos do esqueleto servem de suporte aos tecidos moles e protegem órgãos vitais localizados na cavidade torácica, no canal vertebral, na pelve e na caixa craniana. Atuam também como alavancas para os músculos estriados esqueléticos neles fixados e produzem movimentos pela contração muscular. Os ossos possuem ainda a função de depósito de certos minerais, como o cálcio, o fósforo e alguns íons. ......... O esqueleto tem, aproximadamente, 99% do cálcio do organismo, que pode ser mobilizado para manter a calcemia (concentração de cálcio no sangue) constante e, consequentemente, garantir o funcionamento normal do organismo. Para que os níveis necessários sejam mantidos, há uma troca constante entre o cálcio dos ossos e do plasma do sangue que, uma vez aumentado após a alimentação, é rapidamente depositado nos ossos. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 26 77 O interior dos ossos contém a medula óssea, que se apresenta em dois tipos: medula óssea amarela, constituída por tecido adiposo, e medula óssea vermelha, constituída por células do sangue. Em recém-nascidos, a medula óssea em todos os ossos é vermelha. Com o avançar da idade, ela é substituída pela medula óssea amarela, de modo que no indivíduo adulto a medula óssea vermelha é encontrada apenas nas epífises dos ossos longos (fêmur e úmero), no osso esterno, nas vértebras, nas costelas, nos ossos do crânio e na parte ilíaca do osso do quadril. Uma membrana de tecido conjuntivo fibroso chamada periósteo reveste exteriormente os ossos, exceto nas cartilagens. Além de envolver e nutrir as faces externas dos ossos, o periósteo também deposita tecido ósseo durante consolidações de fraturas formando uma ótima estrutura para fixação de tendões e ligamentos. Figura 13. Estrutura de um osso longo. Fonte: Shutterstock. Os ossos são compostos por uma matriz extracelular composta por fibras colágenas dispostas paralelamente entre si ou em conjuntos concêntricos em torno de um canal central (canal de Havers), por onde passam nervos e vasos sanguíneos. Do canal de Havers se ramificam canais transversais que realizam a comunicação entre as fibras colágenas, a medula e o periósteo. Assim, os ossos constituem estruturas com alta sensibilidade, metabolismo elevado e capacidade de regeneração, e são tidos como estruturas “vivas”. Figura 14. À esquerda, seção transversal de um osso, evidenciando as células do tecido ósseo. À direita, um osteócito. Fonte: Shutterstock. Os tipos celulares do tecido ósseo são: os osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. Os osteoblastos produzem a MEC, os osteócitos possuem baixa atividade metabólica e os osteoclastos participam da reabsorção óssea. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 27 77 As células de revestimento ósseo são as células osteoprogenitoras, localizadas na superfície interna dos ossos. Estas células podem permanecem em repouso ou entrar em atividade quando há produção de osso, desenvolvendo-se em osteoblastos. Assim que o processo de formação óssea é concluído, o osteoblasto torna-se um osteócito. Portanto, células osteoprogenitoras, osteoblastos e osteócitos podem ser consideradas formas moduladas do mesmo tipo celular, já que cada uma sofre transformação de uma forma para outra em relação à atividade funcional. Já os osteoclastos têm origem a partir de uma linhagem celular diferente. Matriz óssea A matriz óssea é formada por elementos orgânicos (fibras colágenas, proteoglicanos e glicoproteínas) e elementos inorgânicos (íons fosfato, cálcio, bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato). As fibras colágenas são os elementos mais abundantes da parte orgânica da matriz e responsáveis pela dureza e resistência do tecido ósseo. Quando os ossos perdem cálcio, eles mantêm sua forma, porém, tornam-se muito flexíveis. Já quando perdem colágeno, o osso torna-se quebradiço. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 28 77 Osteoporose O tecido ósseo pode ser classificado em compacto e esponjoso (ou trabecular) quando se faz a observação macroscópica em ossos seccionados. O tecido ósseo compacto tem aparência mais sólida, sem espaços ou cavidades visíveis, enquanto no esponjoso há numerosas cavidades. Em ossos longos, o corpo do osso ou diáfise (parte tubular entre as extremidades do osso) é quase que completamente formado por tecido ósseo compacto, com pequena quantidade de osso esponjoso internamente delimitando o canal medular. Nas extremidades dos ossos longos (epífises), há predomínio de tecido esponjoso revestido por fina camada de osso compacto. Figura 15. Os quatro estágios da osteoporose. Fonte: shutterstock. Com o tempo, a absorção das células velhas aumenta e a formação de novas células ósseas diminui. O resultado é que os ossos se tornam mais porosos, perdem resistência. A osteoporose é uma condição metabólica assintomática que se caracteriza pela diminuição progressiva da densidade óssea e aumento do risco de fraturas. Perdas mais leves de massa óssea caracterizam a osteopenia. Perdas maiores são próprias da osteoporose e podem ser responsáveis por fraturas espontâneas ou causadas por pequenos impactos, como um simples espirro ou uma crise de tosse, por exemplo. Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/osteoporose/ 3.6 TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO O sangue é um dos tecidos conjuntivos especiais. O corpo de uma pessoa adulta tem, em média, cinco litros de sangue circulando e o volume que esse sangue representa é de aproximadamente 7% da massa corporal. Os constituintes do sangue são os elementos figurados e o plasma que contribuem com,aproximadamente, 45% e 55% do volume do sangue, respectivamente. Os elementos figurados do sangue formam a camada celular do tecido e dividem- se em hemácias (eritrócitos ou glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas, todos suspensos no plasma. O plasma é o líquido intercelular que dá as propriedades líquidas ao sangue. Funções básicas: termorregulação, regulação do equilíbrio ácido-básico do meio e do equilíbrio osmótico dos tecidos, transporte (de nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono, metabólitos e nutrientes), combate a infecções e condução de substâncias reguladoras de muitas atividades do organismo, tais como os hormônios. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/osteoporose/ Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 29 77 3.6.1 Plasma O plasma é constituído em sua maior parte por água (91 – 92%), mas também por sais minerais, proteínas, aminoácidos, vitaminas, carboidratos, ácidos graxos, hormônios e lipoproteínas. Ele é solvente para vários solutos, tais como proteínas, gases, eletrólitos, nutrientes, materiais residuais e substâncias reguladoras. As proteínas do plasma são as globulinas, albuminas, lipoproteínas, fibrinogênio e protrombina. O fibrinogênio é sintetizado no fígado e atua na coagulação do sangue. Albuminas são as menores proteínas, também sintetizadas pelo fígado e relacionadas à pressão osmótica exercida sobre a parede dos vasos sanguíneos – por isso, sua deficiência causa edema1. As globulinas têm como seu maior componente as imunoglobulinas, que são anticorpos (moléculas funcionais do sistema imune). 3.6.2 Hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos) Conhecidas por sua cor vermelho brilhante, as células vermelhas são o tipo celular mais abundante no sangue, correspondendo a cerca de 45% de seu volume. A forma de um glóbulo vermelho é um disco bicôncavo com um centro achatado. Ao contrário de muitas outras células, os glóbulos vermelhos não têm núcleo e podem facilmente mudar de forma, o que facilita a sua adaptação aos vários vasos sanguíneos do corpo. No entanto, enquanto a falta de um núcleo torna um glóbulo vermelho mais flexível, ele também limita a vida da célula à medida que viaja através dos menores vasos sanguíneos, danificando as membranas da célula e esgotando seu suprimento de energia. O glóbulo vermelho sobrevive em média apenas 120 dias. Os glóbulos vermelhos contêm uma proteína especial chamada hemoglobina, que ajuda a transportar oxigênio dos pulmões para o resto do corpo e, em seguida, retorna o dióxido de carbono do corpo para os pulmões, para que ele possa ser exalado. O sangue é vermelho por causa do grande número de glóbulos vermelhos, que obtêm sua cor da hemoglobina. 3.6.3 Leucócitos (ou glóbulos brancos) Os glóbulos brancos protegem o corpo contra infecções. Eles são muito menos numerosos que os glóbulos vermelhos, representando cerca de 1% do seu sangue, e podem ser divididos em granulócitos (apresentam grânulos no citoplasma) e agrunolócitos. Outra característica marcante entre os tipos de leucócitos é a variação que apresentam no formato do núcleo. 1 O inchaço causado por excesso de líquido retido nos tecidos do corpo. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 30 77 O tipo mais comum de glóbulos brancos é o neutrófilo, que é a célula de resposta imediata e representa 55 a 70% da total de glóbulos brancos. Cada neutrófilo vive menos de um dia, portanto, sua medula óssea deve constantemente fabricar novos neutrófilos para manter a proteção contra infecções. Os neutrófilos possuem núcleo triblobado. Outro tipo de leucócitos são os eosinófilos. Eles são responsáveis por fagocitar apenas determinados elementos, e desempenham papel importante na resposta do organismo a reações alérgicas. Constituem cerca de 7% dos glóbulos brancos circulante, mas comumente aumentam em número na ocorrência de infecções parasitárias, bacterianas ou fúngicas, doenças inflamatórias da pele ou ainda outras doenças inflamatórias. Apresentam núcleo bilobado. O terceiro tipo de leucócito granular é o basófilo, que apresenta grânulos muito grandes que podem mascarar o núcleo. Os basófilos também se relacionam com os casos de alergia e inflamação (asma, rinite, urticária) e são responsáveis pela liberação de heparina (um anticoagulante do sangue) e histamina (um vaso dilatador). Em processos alérgicos, a combinação dessas susbtâncias permite que o sangue flua sem entraves e em maior quantidade para combater o agente invasor. Figura 16. Leucócitos granulócitos: neutrófilo, eosinófilo e basófilo respectivamente. Fonte: Shutterstock. Dentre os leucócitos agranulócitos, temos o monócito. Os monócitos possuem um núcleo característico em forma de rim, e fagocitam bactérias, vírus, fungos e restos de células mortas. O outro tipo principal de glóbulos agranulócitos é o linfócito. Os linfócitos possuem um núcleo bastante condensado, que ocupa quase todo o citoplasma celular e estão ligados aos mecanismos de defesa do corpo. Existem duas populações principais dessas células. Os linfócitos T ajudam a regular a função de outras células do sistema imunológico e atacam diretamente várias células e tumores infectados. Os linfócitos B produzem anticorpos, proteínas que visam eliminar especificamente bactérias, vírus e outros materiais estranhos. Figura 17. Leucócitos agranulócitos: monócito, linfócito T e linfócito B respectivamente. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 31 77 3.6.4 Plaquetas (Trombócitos) Ao contrário dos glóbulos vermelhos e brancos, as plaquetas não são células, mas sim pequenos fragmentos de células, anucleados. As plaquetas ajudam o processo de coagulação do sangue. Quando um ferimento ocorre, os vasos sanguíneos diminuem de calibre (para evitar a perda de sangue) e a ação das plaquetas resulta na formação de um coágulo de fibrina, que cobre a ferida e impede que o sangue vaze. A fibrina também forma o “piso” inicial sobre o qual novas camadas de tecido irão crescer, promovendo assim a cicatrização. Passo a passo da coagulação sanguínea As plaquetas correspondem a menos de 1% do volume do sangue. Um número de plaquetas acima do normal pode causar coágulos desnecessários, acarretando derrames e ataques cardíacos; no entanto, graças aos avanços feitos nas terapias antiplaquetárias, existem tratamentos disponíveis para ajudar a prevenir esses eventos potencialmente fatais. Por outro lado, as contagens inferiores às normais podem levar a hemorragias extensas. 3.6.5 Hematopoiese Hematopoiese é o processo de produção de células sanguíneas, no qual ocorre a renovação, proliferação, diferenciação e maturação celular. Ele ocorre na medula óssea vermelha e, em menor grau, nos tecidos linfoides (baço e gânglios linfáticos). A medula óssea amarela contém principalmente adipócitos e conserva o potencial hematopoiético em situações de hemorragia, alguns tipos de intoxicação e irradiação. Nesses casos, a medula amarela pode voltar a ser medula óssea vermelha para que ocorra a produção de novas células sanguíneas. Ocorre que, dentro da medula óssea, todas as células sanguíneas se originam das células- tronco hematopoiéticas. Estas originam duas células precursoras chamadas mieloide progenitor e linfoide progenitor. A célula mieloide dá origem às hemácias, às plaquetas e a uma célula diferenciada chamada mieloblasto, que por sua vez origina os glóbulos brancos (basófilos, neutrófilos, eosinófilos e monócitos). Já o linfoide origina o linfoblasto, que dá origem aos linfócitos T e B. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 32 77 Figura18. Hematopoiese. Fonte: Shutterstock. (OBB/2015) Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 33 77 Embora os tecidos representados na figura tenham diversas diferenças, pode-se afirmar que todos são tecidos conjuntivos uma vez que: a) sua origem é mesodérmica e possuem muita substância intercelular b) sua origem é ectodérmica e possuem muita substância intercelular c) sua origem é mesodérmica e possuem pouca substância intercelular d) sua origem é ectodérmica e possuem pouca substância intercelular e) sua origem é endodérmica e possuem muita substância intercelular Comentários Tecido conjuntivo é a denominação comum para designar um grupo diversificado de tecidos com funções variadas e que, de forma geral, estão relacionadas com o estabelecimento e manutenção da forma do corpo. Eles têm origem mesodérmica, ampla distribuição no corpo humano e apresentam abundante matriz extracelular entre suas células, variando sua composição e consistência (que pode ser desde fluida a calcificada, conforme o tecido em que ocorrem). Fazem parte do tecido conjuntivo: o tecido conjuntivo propriamente dito (frouxo e denso), o tecido adiposo, o tecido cartilaginoso, o tecido ósseo e o tecido sanguíneo. Gabarito: A. (UFJF MG/2015) Mamíferos aquáticos, como os cetáceos, possuem um revestimento de tecido adiposo que serve, principalmente, para evitar a perda de calor. Em humanos, o corpo é mais ou menos envolvido por uma camada de gordura que se localiza abaixo da pele. Marque a afirmativa CORRETA, a qual mostra o nome das células desse tecido em I, a(s) substância(s) que armazena(m) em II e um exemplo de suas funções em III. a) I – adiposas; II - hemoglobina; III - isolante térmico. b) I – condroblastos; II - triglicerídeos; III - evita choques mecânicos. c) I – fibroblastos; II - colágeno; III - preenchimento de espaços. d) I – adiposas; II - gorduras ou lipídeos; III - reserva de energia. e) I – osteoblastos; II – minerais; III - formação dos ossos. Comentários O tecido conjuntivo adiposo possui a função principal de reserva de energia, através do armazenamento de lipídios, especialmente triglicérides. A alternativa A está errada, porque a hemoglobina é a proteína que carrega o sangue nas hemácias (células sanguíneas vermelhas). A alternativa B está errada, porque os condroblastos são células que compões o tecido cartilaginoso, não o adiposo. Os condroblastos são as células que formam a matriz da cartilagem e estão presentes no tecido conjuntivo que a nutre (chamado pericôndrio). A alternativa C está errada, porque, apesar de os fibroblastos de fato sintetizarem colágeno, uma das substâncias que preenche os espaços entre as células (matriz extracelular), ele não é o tipo celular do tecido adiposo, que é tecido tratado no enunciado. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 34 77 A alternativa D está certa. A alternativa E está errada, porque os osteoblastos são um dos tipos de célula do tecido ósseo, responsáveis pela mineralização das células e formação dos ossos. Assim como a letra C, não têm nada a ver com o pedido no enunciado. Gabarito: D. (UNISC RS/2015) Os aparelhos ortodônticos exercem forças diferentes daquelas a que os dentes estão naturalmente submetidos. Nos pontos em que há pressão ocorre reabsorção óssea, enquanto no lado oposto há deposição. Desse modo, o dente é deslocado na arcada dentária, à medida que o osso alveolar é remodelado. Este é um exemplo da plasticidade do tecido ósseo, apesar das características de rigidez deste tecido. O processo de reabsorção acima descrito ocorre através da atividade dos a) fibroblastos. b) condroblastos. c) osteoblastos. d) osteócitos. e) osteoclastos. Comentários A reabsorção óssea é a função desempenhada pelos osteoclastos. Os osteoblastos participam da mineralização do tecido ósseo e os osteócitos são as células maduras do tecido ósseo, que sintetizam e reabsorvem componentes da matriz extracelular, entre eles o cálcio. Assim, a alternativa E está certa e é o nosso gabarito. Os fibroblastos são células constituintes da matriz extracelular dos tecidos conjuntivos, responsáveis, entre outras coisas, pela síntese de colágeno. Já os condroblastos são células do tecido cartilaginoso. Gabarito: E. (UECE/2015) Todas as células do sangue são originadas na medula óssea vermelha a partir das células indiferenciadas, mas ao final do processo de diferenciação celular, assumem formas e funções especializadas. Dentre as células sanguíneas listadas abaixo, as que possuem a função de defesa, de coagulação e de transporte de oxigênio, respectivamente, são: a) trombócitos, neutrófilos, hemácias. b) plaquetas, eritrócitos, leucócitos. c) leucócitos, trombócitos, eritrócitos. d) eosinófilos, leucócitos, hemácias. Comentários Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 35 77 Os glóbulos brancos ou leucócitos são as células sanguíneas responsáveis pela defesa do organismo. As plaquetas (ou trombócitos) são os fragmentos celulares responsáveis por realizar a coagulação do sangue e permitir a cicatrização do tecido. E as hemácias (glóbulos vermelhos ou eritrócitos) são as células sanguíneas responsáveis pelo transporte de oxigênio para todo o corpo. Neutrófilos e eosinófilos são subtipos de leucócitos. Gabarito: C. 4. TECIDO NERVOSO O tecido nervoso é sensível a vários tipos de estímulos, tanto internos quanto externos ao organismo, e por isso é um dos tecidos mais especializados. Ele inicia seu desenvolvimento no embrião com aproximadamente 14 - 16 dias, a partir de um espessamento da ectoderme chamado de placa neural. A placa neural sofre profundas modificações e, aos 24 dias, forma o tubo neural e a crista neural, como vimos na aula passada. O tubo neural dará origem ao sistema nervoso central constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal. Enquanto a crista neural origina o sistema nervoso periférico, composto pelos gânglios, nervos periféricos, além de algumas células da medula da glândula suprarrenal. Funções básicas: receber e transmitir impulsos elétricos. No tecido nervoso, a matriz extracelular praticamente não existe, e os componentes celulares constituem neurônios e células da glia. Os neurônios têm, de fato, a função de receber e transmitir os estímulos nervosos, permitindo ao organismo responder às alterações do meio. Já as células da glia, também chamadas de neuróglia, são, na verdade, vários tipos celulares que possuem função de nutrição e sustentação das células nervosas, além da produção de mielina (envoltório característico que envolve algumas células do sistema nervoso). 4.1 Neurônios Os neurônios (ou células nervosas) têm a função de receber e transmitir os estímulos nervosos, permitindo ao organismo responder às alterações do meio. Eles são compostos por três partes: corpo celular (soma ou pericário), dendritos e axônios. A condução do impulso nervoso se dá sempre na direção dendrito → corpo celular → axônio. No corpo celular encontra-se um núcleo grande e arredondado, com um nucléolo bem visível, e as organelas citoplasmáticas. Dentre elas, destaca-se a grande quantidade de mitocôndrias e o retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido. Isso porque esta célula altamente especializada necessita de energia para realizar a transmissão do impulso nervoso. Do corpo celular partem prolongamentos ramificados chamados dendritos. São eles que realizam as conexões nervosas e recebem a maioria dos estímulos nervosos. O prolongamento celular único, delgado e alongado, de espessura constante, que parte do corpo celular e apresenta ramificações em sua porção terminal é chamado de axônio. O axônio pode Professora Bruna Klassa Aula 07:FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 36 77 medir desde frações de milímetros até quase um metro de comprimento, e é responsável pela condução do impulso nervoso para outros neurônios ou tipos celulares. As ramificações finais do axônio possuem uma dilatação com pequenas microvesículas portadoras de neurotransmissores. Figura 19. Estrutura do neurônio. Fonte: Shutterstock. Em relação aos seus prolongamentos, os neurônios podem se dividir em: neurônios multipolares, neurônios bipolares, neurônios pseudo-unipolares e neurônios unipolares. Os neurônios multipolares possuem vários dendritos e um axônio, e constituem a maioria dos neurônios do tecido nervoso. Os neurônios bipolares possuem apenas dois prolongamentos partindo do corpo celular, um dendrito e um axônio. Os neurônios pseudo-unipolares possuem apenas um prolongamento deixando o copo celular. E os neurônios unipolares apesentam os dendritos partindo do mesmo prolongamento que forma o axônio, ambos de mesmo lado. Figura 20. Tipos de neurônios. Fonte: Shutterstock. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 37 77 4.2 Células da glia As células da glia desempenham as funções de nutrição, sustentação e defesa do tecido nervoso. Elas são: os oligodendrócitos, as células de Schwann, os astrócitos, as células ependimárias e a micróglia. O conjunto formado por axônio e o envoltório de células gliais que o revestem é chamado de fibra nervosa. Figura 21. Células da glia. Fonte: Shutterstock. Os oligodendrócitos são as células da glia responsáveis pela formação e manutenção da bainha de mielina dos axônios no sistema nervoso central (SNC). Em suas características físicas, os oligodendrócitos possuem um corpo celular arredondado e pequeno, com alguns prolongamentos curtos, finos e pouco ramificados. Esses prolongamentos têm a função de envolver os axônios do neurônio, formando uma bainha de mielina. A bainha funciona como isolante térmico, propagando o impulso nervoso ao longo do axônio mais rapidamente. Quando o axônio é recoberto por várias camadas (dobras) de mielina, dizemos que ele é uma fibra nervosa mieliníca. Já quando apenas uma camada o reveste, ele constitui uma fibra nervosa amielínica. A condução do impulso nervoso é, portanto, mais rápida nas fibras mielínicas. Contudo, nas fibras mielínicas existem descontinuidades entre as regiões mielinizadas, nas quais o axônio fica exposto, chamadas de nó de Ranvier. O impulso nervoso é conduzido “saltando” de uma bainha para a próxima. Um único oligodendrócito forma a bainha de mielina de mais de um neurônio. As células de Schwann possuem a mesma função que os oligodendrócitos, porém formam a bainha de mielina do sistema nervoso periférico, e, diferentemente dos oligodendrócitos, não são capazes de formar a bainha de várias fibras, apenas de uma. https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia https://pt.wikipedia.org/wiki/Bainha_de_mielina https://pt.wikipedia.org/wiki/Ax%C3%B4nio https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 38 77 Figura 22. Formação da bainha de mielina. Os oligodendrócitos (ou as células de Schwann) envolvem o axônio (1) e começam a se enrolar em torno dele de forma a construir camadas de células (2). A bainha de mielina se forma, constituída por várias camadas de oligodndrócitos (3). Fonte: Shutterstock. VOCÊ SABIA? Na doença degenerativa conhecida como esclerose múltipla ocorre uma deterioração gradual da bainha de mielina, resultando na perda progressiva da coordenação nervosa. Essa doença inflamatória é crônica, e por motivos ainda desconhecidos (talvez genéticos ou ambientais), o sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina comprometendo a função de todo o sistema nervoso. A característica mais importante da esclerose múltipla é a imprevisibilidade dos surtos. Em geral, a doença acomete pessoas jovens, entre 20 e 30 anos, preferencialmente mulheres, e provoca dificuldades motoras e sensitivas. Os astrócitos são células em formato de estrela responsáveis, principalmente, por sustentar e nutrir os neurônios. Eles ligam os neurônios aos capilares e à meninge (membrana protetora do encéfalo) e retiram do sangue íons e moléculas que serão utilizadas pelo neurônio. As células ependimárias são células epiteliais que revestem partes do SNC e, em alguns locais, atuam na movimentação do líquido cefalorraquidiano (fluído corporal incolor encontrado no cérebro e na medula espinhal). As micróglias atuam como macrófagos, sendo responsáveis pela defesa do tecido nervoso. São as menores células da glia e apresentam-se alongadas e com prolongamentos irregulares. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 39 77 Nervos e gânglios Fazem parte ainda do tecido nervoso os nervos e gânglios. Os nervos são um conjunto de fibras nervosas organizadas em feixes e unidas por tecido conjuntivo. Neles podem ocorrer combinações de fibras motoras e sensitivas, que podem ser mielínicas ou não. Os nervos e as fibras nervosas são revestidos por tecido conjuntivo formando várias camadas. São elas epineuro, perineuro e endoneuro. O epineuro é a camada mais externa, que envolve todo o nervo. O perineuro reveste cada feixe nervoso e é derivado de invaginações do epineuro. É formado por camadas concêntricas de fibroblastos envolvidos por lâmina basal e unidos por junções de oclusão. O endoneuro rodeia cada fibra nervosa. É constituído por tecido conjuntivo frouxo, produzido pelas células de Schwann, e capilares. Os nervos podem ser divididos dependendo de sua origem: os que se conectam diretamente ao encéfalo são chamados de nervos cranianos; já os que se conectam à medula espinal são chamados de nervos espinhais. Doze pares de nervos cranianos emergem de regiões do encéfalo e, funcionalmente, podem ser sensitivos, motores ou mistos. Trinta e um pares de nervos espinhais mistos que se conectam à medula espinhal, sendo uma parte composta por axônios sensitivos (conectados dorsalmente à medula), e uma parte composta por axônios motores (conectados ventralmente à medula). Figura 23. Estrutura de um nervo. Fonte: shutterstock. Os gânglios são agregados de corpos celulares de neurônios localizados fora do sistema nervoso central e diferenciam-se em dois tipos de gânglios: sensitivos e autônomos. Professora Bruna Klassa Aula 07: FUVEST Aula 07 – Histologia Animal www.estrategiavestibulares.com.br 40 77 O gânglio sensitivo possui uma cápsula de tecido conjuntivo que representa a continuação do epineuro, e cada corpo celular é envolvido por células satélites semelhantes às células de Schwann, com a função de sustentação. O gânglio autônomo possui corpo celular volumoso, citoplasma com granulações basófilas e nucléolo proeminente. Cada neurônio é circundado por células satélites (em menor quantidade em relação aos gânglios sensitivos) e por tecido conjuntivo. Veremos detalhadamente o funcionamento do sistema nervoso periférico na aula de Fisiologia Humana. (FCM MG/2015) Tendo como pista o fato de que uma das estruturas indicadas é um tipo de oligodendrócito, podemos afirmar que a parte destacada pelas setas no desenho apresentado é um(a): a) Retículo endoplasmático secretor. b) Complexo lameloso de Golgi. c) Sinapse neuro-muscular. d) Fibra nervosa mielínica. Comentários Os oligodendócitos são as células da glia com poucos prolongamentos curtos que envolvem mais de um axônio para formar a bainha de mielina. O conjunto formado por axônio e o envoltório de células gliais que o revestem é chamado de fibra nervosa. Como na ilustração é possível ver nitidamente uma bainha de mielina,