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Avaliação Laboratorial da Função Renal ● Anatomia e Fisiologia renal Hilo renal: local onde artérias entram e veias saem. Cálice ou Pélvis renal: recebe a urina dos néfrons; é ligada aos ureteres. E geralmente é onde se encontra os cálculos renais. O rim esquerdo é um pouco superior. O sistema urinário é composto pelos: - Rins, ureteres, bexiga e uretra. Em homens, algum problema na próstata causa diminuição na micção. A glicose na urina NÃO é normal. Os vasos sanguíneos podem ser: - Aferentes (entram nos néfrons); - Eferentes (saem dos néfrons). ❖ FUNÇÃO - Sistema urinário: - Manutenção da homeostase. - Fluxo sanguíneo e glândulas. - Filtração, reabsorção e secreção. OBS: tudo é filtrado, mas nem tudo é reabsorvido. ❖ Sist. Renina-Angiotensina-Aldosterona: Tem como função principal a regulação da pressão arterial (PA). O rim participa com a secreção de Renina para formar a Angiotensina I, e posteriormente é excitada pela angiotensina II fazendo o córtex das supra renais secretarem aldosterona que ajuda na reabsorção de íons (Na e Cl), excreção de K e retenção de H2O. ❖ NÉFRON - Unidade funcional do rim. - Fica entre a medula e o córtex. - É basicamente um sistema de tubos associados com vasos sanguíneos que tem função de filtração, reabsorção e excreção. Com o tempo, o néfron vai perdendo sua função e pode gerar (com a morte de vários néfrons): - Insuficiência renal - AGUDA: Pode ser revertida retirando a sua causa. -CRÔNICA: Não é reversível pois ocorre a morte da grande maioria dos néfrons, ou seja, o rim não consegue mais exercer sua função, e os pacientes entram na fila de transplantes, e geralmente possuem anemias por causa da Avaliação Laboratorial da Função Renal hemodiálise (perda da capacidade de filtração do sangue). - Estrutura do néfron: - Glomérulo renal(cortex): Envolvido pela cápsula de Bowman (cápsula de tecido conjuntivo associado a capilares). Só acontece filtração do sangue para o endotélio. - Tubo Proximal: Inicia a reabsorção(cerca de 70% - principal local) e secreção. - Alça de Henle: Só reabsorção (H2O e eletrólitos). - Túbulo Distal: Reabsorção e secreção (macromoléculas). - Ducto Coletor: reabsorção e secreção (H2O e eletrólitos). Aqui há a regulação do teor de água. Efeito do álcool: inibição do ADH (age no Ducto coletor), água não é reabsorvida e há aumento de micção. Glomerulonefrite. Apenas a presença de células epiteliais é “comum” na urina, se for outro tipo, existe algum problema. Proteínas (transposons): auxilia na formação de cilindros (quando há lesão nas paredes dos tubos). Raras hemácias na urina é o normal, se for encontrada em grande quantidades pode haver algum problema. Paciente com insuficiência renal crônica geralmente tem anemia pois é o rim que secreta a eritropoetina, hormônio sinalizador para a produção de hemácias. ● Formação da urina O mecanismo de reabsorção é dividido em: - Passivo - Por Difusão: É a favor do gradiente de concentração (do meio + conc. para o - con. através da membrana, SEM GASTO DE ATP). - Ativo - Pela Bomba de sódio e potássio: É contra o gradiente de concentração (HÁ GASTO DE ATP). ❖ Processo de reabsorção da glicose: - A glicose deve ser TOTALMENTE reabsorvida. - Ela se liga ao sódio no túbulo proximal e realiza transporte ativo por ser uma macromolécula. - Se houver problemas (lesões) no endotélio ou nas células, isso implica diretamente com problemas na reabsorção; e haverá glicose na urina. Obs: Na diabetes também pode haver glicose(soluto) na urina, pois a falta de insulina, aumenta a quantidade de glicose no sangue (glicosúria), assim ultrapassa o limiar renal e não há proteína suficiente para absorvê-la e ela aparece na urina. Alça de Henle: troca em contracorrente de H2O e água. Depende da pressão osmótica (osmolaridade Avaliação Laboratorial da Função Renal intersticial). Determina a absorção de água decorrente os níveis de concentração de NaCl. Tubo proximal: Sódio, cloreto, bicarbonato e potássio. E glicose e aminoácidos também. Obs: o sangue tem o ph de 7,4*, ou seja, é levemente básico. E quem regula a homeostase sanguínea são os tampões, sistema urinário e pulmonar. O sistema renal produz bicarbonato (HCO3) para regular o equilíbrio ácido-básico; pode ser reabsorvido para aumentar o pH ou eliminado para diminuí-lo. Secreção: íons, ácidos, bases orgânicas, sais biliares, urato, toxinas, fármacos (ex:penicilina), oxalato e entre outros. HORMÔNIOS SÍTIO DE AÇÃO EFEITO Aldosterona Tubo distal / Ducto coletor ↑ Reabsorção de NaCl. ↑ Secreção de K+ Angiotensina II Tubo proximal ↑ Reab. de NaCl, H2O. ↑ Secreç. de H+ ADH Tubo distal/ Ducto coletor ↑ Reabsorção de H2O. Natriurético Atrial Tubo distal/ Ducto coletor ↓ Reabsorção de NaCl F - R + S = E. ❖ Débito urinário: (volume urinário em 24h) - Normal: 600 a 2000 mL/24h. - Poliúria: >2500 mL/24h. - Oligúria: <500 mL/24h (atenção). - Anúria: <100 mL/24h (Dano renal grave). ❖ Componentes da Urina: - Creatinina, amônia, magnésio, cálcio, cloreto, potássio, sódio, ácido úrico, fosfato e água. Obs: para saber se uma subst. é urina, basta dosar a creatinina. ● Diversidade de sintomas e sinais Existem etiologias distintas de disfunção renal. Importância do laboratório Clínico: identificação de causas reversíveis. Estudos de laboratórios incluem: - Exame de urina (tipo I); - Dosagem de eletrólitos(Na+, K+, Mg2+, Cl-, Ca2+ e fosfato); - Dosagem de compostos nitrogenados: Ureia, creatinina e ácido úrico; - Taxa de filtração glomerular (TFG) - depuração de creatinina; - Proteinuria, microalbuminúria, hematúrina, hemoglobinúria. ❖ Injúria renal: - Diminuição no volume sanguíneo; - Inflamação e vasculites; - Medicamentos e subst. neurotóxicas; - Falências cardíacas. ❖ Principais patologias: 1. Vasculopatia renal 2. Glomerulopatia - Glomerulonefrite. - Síndrome nefrótica. - Síndrome nefrítica. 3. Distúrbios tubulares - IRA - IRC 1. Oclusão arterial renal (trombose/embolia), decorrente de hipertensão ou diabetes. Há o monitoramento por TFG, creatinina sérica e microalbuminúria (relação creatina (muita)/ albumina (pouca) na urina). 2. As Glomerulophatias afetam a barreira de filtração glomerular, podendo gerar ou não um processo inflamatório, impedindo o fluxo sanguíneo. Avaliação Laboratorial da Função Renal Possuem etiologias diversas (ambientais ou hereditárias). Podem ser agudas ou crônicas e levarem a uma insuficiência renal. - Glomerulonefrite: condição inflamatória estéril, não tem bactéria. Exames: Proteinúria, hematúria, piúria (pus - neutrófilos) e cilindrúria. - Síndrome nefrótica: pode ser consequência da glomerulonefrite. 3. Doenças Tubulares: - Necrose tubular aguda; - Síndrome de Fanconi; - Pielonefritis aguda (sítio primeira ou segunda) -- Inflamação no trato urinário superior; - Síndrome Hepatorrenal (hepatite fulminante ou cirrose com acúmulo de líquido asciítico. - Insuficiência Renal Aguda (IRA): REVERSÍVEL. De início súbito, diminui homeostase renal, alterações eletrolíticas (↑Ca, ↑Fosfato, ↑Mg), ácido-básico e débito urinário (oligúria ou anúria), azotemia - Aumento de produtos nitrogenados no sangue - (↑Creatina e ureia). OBS: o ideal é ter pouca creatina no sangue e muita na ureia. Causas da IRA: - Pré-renal(Antes de chegar no rim): ICC (insuficiência cardíaca congestiva), hemorragia, reversível, azotemia, SU (sumário de urina) normal, filtração comprometida. - Renal (no rim/néfron): Intrínsecas, hematúria, cilindrúria, proteinúria e sódio urinário aumentado. - Pós-renal (ureteres, bexiga, uretra, próstata): Obstrução, do TU superior (hipertrofia prostática) e inferior, diminuição da proteinúria. Ex: Pedra nos rins. - Insuficiência Renal Crônica (IRC): Apresenta uremia (aumento de ureia e creatinina), rins diminuídos pq vai atrofiando (imagem), anemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia. Prejudica, também as suprarrenais, que interrompe a produção de eritropoetina causando anemia. ● Produtos Nitrogenados não protéicos - “Status” renal do paciente; - Formados por compostos nitrogenados,exceto proteínas; - Originados do catabolismo das proteínas e ácidos nucleicos; - O rim exerce papel fundamental na excreção destes compostos. ● Ureia - A ureia é obtida através da conversão de amônia produzida a partir do catabolismo proteico. - Cerca de 45% do nitrogênio não protéico no sangue, filtrada pelos glomérulos, ocorrendo absorção de cerca de 40-70% desse composto, sendo convertido novamente em NH no intestino. - É afetado pela função renal, conteúdo protéico da dieta e catabolismo proteico, estado de hidratação do paciente e presença de sangramento intestinal. 1. Transaminações: todos os aminoácidos doam seu grupamento amino para o alpha-cetoglutarato, produzindo glutamato e os alpha-cetoácidos correspondentes. 2. Desaminação oxidativa: O glutamato é desaminado no interior da mitocôndria produzindo amônia e regenerando alpha-cetoglutarato. 3. Síntese de carbamoil fosfato:processo dependente de energia, o carbamoil fosfato é sintetizado a partir de bicarbonato de amônia ATP. 4. Síntese da ureia. ❖ Hiperuremia: aumento da concentração de ureia na corrente sanguínea. -Pré renal -Renal -Pós-renal Avaliação Laboratorial da Função Renal ❖ Hipouremia: diminuição da concentração de ureia na corrente sanguínea. - Insuficiência hepática, incapaz de sintetizar a ureia; - Dieta pobre em proteínas; - Desnutrição; - Hiper-hidratação; - Síndrome da secreção inadequada do hormônio antidiurético (SSIHAD). ❖ Dosagem de ureia: - Não são exigidos cuidados especiais com o paciente; - Amostra: Soro ou plasma heparinizado, isento de hemólise; - Tubos: Vermelho, amarelo ou verde. - Método: enzimático/colorimétrico - urease; - Valor de referência: 15-40 mg/dL. ● Creatinina - É derivada da creatina, proveniente do metabolismo muscular. - NÃO é reabsorvida. - Sofre menos interferência interna, ao contrário da ureia, por isso é a melhor para fazer reavaliação renal. - Em acompanhamento pós transplante de rim, em que o paciente passa a fazer uso de imunossupressores para diminuir as chances de rejeição, ele precisa fazer dosagens periódicas de creatina. - A quantidade de creatinina excretada é proporcional à massa muscular. - Não é afetada pela dieta, idade, sexo ou exercício. - Velocidade de excreção constante e produção não influenciada pelo metabolismo proteico ou fatores externos --- excelente medida para avaliar a função renal. ❖ Hipercreatinemia: Deterioração da função renal, os níveis de creatina, muitas vezes, não ultrapassam os limites de referência até que 50-70% da função renal esteja comprometida. -Pré-renal: Danos musculares, fome, ICC, diurético, depleção de sats, hipertireoidismo e puerpério. -Renal: Lesão do glomérulo, túbulos e vasos sanguíneos. -Pós-renal: Hipertrofia prostática, Cálculos e bloqueio dos ureteres. A concentração de creatinina sérica é monitorada no pós-transplante renal, pois o aumento pode indicar rejeição. Teores diminuídos não apresentam significado clínico importante. ❖ Dosagem da creatinina: - Evitar exercícios excessivos. - Amostra: soro ou plasma isento de hemólise, lipemia e icterícia. - Tubos: vermelho ou amarelo. - Método:Jaffé/Enzimático. - Valor de referencia: H: 0,6 - 1,2 mg/dL / M:0,6 - 1,0 mg/dL ● Taxa de filtração glomerular (TFG) - É quanto de plasma o néfron filtra por unidade de tempo; - Uma das medidas mais importantes para definir se o paciente vai ter restrição alimentar, fazer diálise ou necessitar de transplante; - TFG estimulada (sTFG): ureia e creatina. - Estimativa por idade e peso ❖ Depuração/ Clearance da creatinina: - Medida de velocidade de remoção de uma substância do sangue durante a sua passagem pelos rins; - Avaliar a filtração glomerular; - Volume mínimo de plasma sanguíneo que contém a quantidade total de determinada substância excretada na urina em um minuto. - A unidade da depuração corrigida é mL/min/1,73 m²; - Referencia: 90ml/min/1,73m² - 120 mL/min/1,73m²; - < 20 mL/min/1,73m² --- transplante. Avaliação Laboratorial da Função Renal - 15mL/min/1,73m² --- Doença renal crônica terminal. - <60mL/min/1,73 m² < Doença renal cronica (após 2° repetição). ● Relação ureia/creatina: Relação Ur/Cr Ureia Alta Ureia baixa Ureia normal Creatina normal Excesso proteico/De sidratação Fome/Des nutrição Normal Creatina baixa Insuficiênci a renal Hipercatab olismo Insuficiênci a renal em desnutrido ● Novos Marcadores da fução renal - Lipocalina associada a gelatinose de neutrófilos (NGALI); - Cistatina C; - Molécula-1 de lesão renal (KM-1); - Interleucina-18 (IL-18); - Enzimas urinárias tubulares e proteínas de baixo peso molecular. ------------------------------------------------------------------------ Por: Dávylla Pinheiro.