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ECOLOGIA E ANÁLISES AMBIENTAIS PROF.A DRA. GEZIELE MUCIO ALVES Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 5 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................................................ 6 2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................................................................... 6 2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......................................................................................7 2.2 PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...................................................................................................... 8 2.3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: INTERFACES E PECULIARIDADES ........................................................................ 8 2.3.1 EDUCAÇÃO INDÍGENA ..................................................................................................................................... 8 2.3.2 RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA E O MEIO AMBIENTE ....................................................................... 9 2.4 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL .........................................................................10 3. TRATADOS MUNDIAIS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ................................................................................ 11 3.1 O PRIMEIRO INFORME DO CLUBE DE ROMA ................................................................................................. 11 EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ACORDOS MUNDIAIS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PROF.A DRA. GEZIELE MUCIO ALVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ECOLOGIA E ANÁLISES AMBIENTAIS 4WWW.UNINGA.BR 3.2 A CONFERÊNCIA EM ESTOCOLMO (SUÉCIA)................................................................................................. 11 3.3 PROTOCOLO DE MONTREAL (CANADÁ) .......................................................................................................... 11 3.4 ECO-92 OU RIO-92 (BRASIL) ............................................................................................................................12 3.5 PROTOCOLO DE KYOTO (JAPÃO) .....................................................................................................................12 3.6 RIO + 10 (JOHANESBURGO, ÁFRICA DO SUL) ................................................................................................13 3.7 RIO + 20 (RIO DE JANEIRO, BRASIL) ...............................................................................................................13 4. PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NO BRASIL ..........................................................................................13 5. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL .................................................................................................................14 5.1 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................................................14 5.2 OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE ...................................................................................................15 5.2.1 VISÃO AMBIENTAL ..........................................................................................................................................16 5.2.2 VISÃO ECONÔMICA .......................................................................................................................................16 5.2.3 VISÃO SOCIAL ................................................................................................................................................16 5.3 FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE .............................................................................16 5.3.1 PEGADA ECOLÓGICA (ECOLOGICAL FOOTPRINT) ......................................................................................17 5WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Saudações, futuros biomédicos! A análise ambiental é uma das áreas de atuação do biomédico que pode auxiliar na detecção da poluição, no tratamento da água e do esgoto, na averiguação bioquímica e microbiológica dos alimentos, entre outros. Além disso, o biomédico que se dedica à especialização em Análises Ambientais pode desenvolver formas de intervenção nos ambientes hidroelétricos, minerais e urbanos. Diante os problemas que podem ser notados diariamente, e que se referem ao meio ambiente, a Análise Ambiental tornou-se uma área bastante promissora. Ao longo da disciplina, serão discutidos os termos meio ambiente e ecossistema, homeostase, � uxo de matéria e energia, ciclos biogeoquímicos, cadeias e teias alimentares, biomas, ampli� cação biológica, a in� uência humana dos ecossistemas, análises ambientais e legislação ambiental. Na Unidade I, as questões ambientais serão abordadas em termos de Educação Ambiental e Sustentabilidade, dois temas complementares, visando a conservação do meio ambiente e qualidade de vida. Será apresentado um breve histórico sobre Educação Ambiental, os princípios e algumas peculiaridades dessa forma de educação e a legislação brasileira que trata a Educação Ambiental; os principais tratados mundiais de conservação ambiental e os três aspectos, ambiental, social e econômico, que norteiam o desenvolvimento sustentável. Além disso, a Pegada Ecológica será descrita como um método de avaliação da sustentabilidade. Desejo a você um ótimo estudo! 6WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Vamos iniciar com o conceito de Ecologia. Essa palavra é derivada do grego, em que oikos signi� ca casa e logos, estudo. Portanto, quando falamos em Ecologia, estamos nos referindo a estudar a casa, incluindo os organismos que habitam essa casa e as interações que fazem com ela. Para Odum (1988), a ecologia pode ser compreendida comoo estudo do lugar onde se vive, enfatizando as relações entre os organismos e o seu ambiente. Vale destacar que a palavra economia também é derivada da raiz grega oikos, sendo que nomia signi� ca manejo e gerenciamento. Ou seja, economia e ecologia são consideradas disciplinas companheiras quando se trata de meio ambiente. Embora temas relativos a ambiente tenham sido discutidos, de forma gradativa, ao longo dos anos, o termo Ecologia é de origem, relativamente, recente. Esse termo foi proposto pelo biólogo alemão Ernest Haeckel, em 1869. Como um campo da ciência, a Ecologia data de cerca de 1900, mas passou a ser discutida mais efetivamente com o termo integrante do vocabulário comum, a partir da década de 70. Atualmente, embora seja uma área da biologia, a Ecologia possui destaque em disciplinas e cursos de forma interdisciplinar, entre ciências biológicas, físico-químicas e matemática para a interpretação e compreensão do meio ambiente. 2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Educação Ambiental (EA) pode ser entendida como os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Lei n. 9795/1999, Art. 1º). Ainda, “A Educação Ambiental é uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua relação com a natureza e com os outros seres humanos” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental, Art. 2°) (MMA, 2017). Ou seja, a educação ambiental refere-se ao meio através do qual o cidadão adquire conhecimentos e habilidades relacionados à sustentabilidade e ética ambiental, além de ser considerada uma extensão da educação escolar. Além disso, essas habilidades devem ser colocadas em prática, em benefício das nossas gerações, como custos ou conforto ambiental e das gerações futuras. Situações de impactos ambientais e de desperdício não podem ser passadas despercebidas, como a descrita na tirinha do Marcelino (Turma da Mônica) a seguir (Figura 1). 7WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 1 – Ação de Educação Ambiental. Fonte: Souza (2016). A educação ambiental deve atingir o público em geral. Assim, é subdividida em Educação Formal, aquela que contém estudantes, professores e outros pro� ssionais envolvidos em cursos de treinamento em Educação Ambiental e Educação Informal, quando envolve outros segmentos da população, como trabalhadores, políticos, empresários, associações de moradores, pro� ssionais liberais, dentre outros, não relacionados a um ambiente escolar (MARCATTO, 2002). 2.1 Breve Histórico sobre Educação Ambiental Os primeiros registros do termo “Educação Ambiental” datam de 1948, em um encontro da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), em Paris. A inserção da temática da Educação Ambiental na agenda internacional, iniciou a partir da Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972. Em 1975, foi instituído o Programa Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado (Sérvia, ex-Iugoslávia). Somente em 1977, foi realizada a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Tbilisi (Georgia, ex-União Soviética). Esta conferência foi organizada pela UNESCO (United Nations Organization for Education, Science and Culture - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em parceria com Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Neste encontro, � rmado pelo Brasil, foram estabelecidas de� nições, objetivos, princípios e estratégias para a Educação Ambiental mundial. Além desses, outro documento internacional relevante para a Educação Ambiental foi o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, elaborado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Esse documento evidenciou a necessidade de formação de um pensamento crítico, coletivo e solidário, de interdisciplinaridade, de multiplicidade e diversidade, e estabeleceu uma relação entre as políticas públicas de EA e a sustentabilidade, com plano de ação para educadores ambientais, voltadas para a recuperação, conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida (SECAD/MEC, 2007). 8WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2.2 Princípios da Educação Ambiental Após a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental (Tbilisi-1977), foram estabelecidos os princípios para guiar os programas e projetos relacionados à educação ambiental. Esses princípios serão descritos a seguir, de acordo com Marcatto (2002). • Avaliar o ambiente em sua totalidade. Deste modo, devem ser avaliados seus aspectos naturais, arti� ciais, tecnológicos e sociais. O aspecto social engloba uma abordagem econômica, política, histórico-cultural e estética. • Constituir-se em um processo contínuo e permanente através do ensino formal e não formal. • Ser interdisciplinar, para obter uma perspectiva global e equilibrada. • Avaliar as questões ambientais em escala pessoal, local, regional, nacional e internacional. • Concentrar-se nas situações ambientais atuais e futuras, utilizando uma perspectiva histórica. • Ressaltar a necessidade de cooperação local, nacional e internacional para a prevenção e resolução dos problemas ambientais. • Avaliar os aspectos ambientais relacionados ao desenvolvimento e crescimento. • Oportunizar aos alunos tomar decisões com base em suas experiências de aprendizagem. • Favorecer para que os alunos compreendam os efeitos e as causas dos problemas ambientais. • Favorecer a compreensão da complexidade dos problemas ambientais e da necessidade de desenvolver aptidões necessárias para resolvê-los. 2.3 Educação Ambiental: Interfaces e Peculiaridades Como discutido anteriormente, a EA deve ser avaliada, também, através do aspecto social, que engloba uma abordagem econômica, política, bem como, histórico-cultural. Assim, serão destacados a seguir alguns aspectos referentes às particularidades da Educação Ambiental indígena e afro-brasileira (ME, 2007). 2.3.1 Educação indígena A comunidade indígena possui uma forte relação com a natureza, essa integração pode ser veri� cada no dia-a-dia, nas tarefas domésticas ou de subsistência e nas relações interpessoais. As comunidades indígenas exercitam uma educação profundamente comprometida com seu meio socioambiental. Em época de chuva, realiza-se determinado trabalho. No verão, faz-se outro tipo de trabalho. Ou seja, há atividades que não se fazem quando está chovendo e outras que não se fazem quando está seco. São regras ditadas pela natureza. A exploração predatória e degradação dos recursos naturais são diretas e facilmente observáveis. Por exemplo, na cerimônia de casamento dos Auwe-Xavante (MT), há oferenda de caça por parte do noivo à família da noiva. Ainda, se não há caça, não há matéria-prima para confecção das vestimentas e adornos adequados à cerimônia (Figura 2). 9WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Vestimenta e adornos característicos de índios. Fonte: Miranda (2017). No Brasil, há, aproximadamente, 225 etnias em quase todas as unidades federativas. Estima-se que possuem uma população de 600 mil indivíduos, 120 mil deles residindo nas capitais e que apresentam cerca de 180 línguas. Apenas quatro etnias possuem uma população com mais de 20 mil pessoas e outras 12 estão ameaçadas de desaparecimento com população que não ultrapassa 40 pessoas. 2.3.2 Religiosidade afro-brasileira e o meio ambiente A educação ambiental sempre foi praticada pelos seguidores dos orixás. Os orixás são identi� cados comointegrantes da natureza. São ancestrais divinizados que se transformaram em rios, árvores, pedras, entre outros, os quais fazem a intermediação entre os homens e as forças naturais e sobrenaturais. Cada habitat natural está relacionado a um orixá, que tem como um de seus atributos preservar o planeta e a humanidade. Por exemplo, Iemanjá (Figura 3), soberana das águas do mar, protege o ecossistema aquático e, é considerada, a grande mãe dos orixás e do Brasil, como padroeira, sendo igual à Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E Xangô, Deus do trovão e da justiça, similar à � gura de São Jerônimo (PRANDI, 2003). Figura 3 - Estátua de Iemanjá, localizada em Natal (RN). Fonte: Wikimedia (2017). 10WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O candomblé valoriza não apenas a vida religiosa, mas também a vida social, hierárquica, ética e moral. Para que cada ecossistema tenha o seu guardião, Oludumaré (o Deus Supremo) presenteou cada divindade com um atributo para auxiliá-lo na grande obra de perpetuação da humanidade. Preservar, cuidar e manter o ecossistema, a fauna e a � ora, é condição fundamental para os participantes dessa religiosidade afro-brasileira. Os ritos e rituais são propiciados por meio de folhas, banhos de águas naturais e por partes de animais consagrados aos orixás. Ou seja, para a religião dos orixás, a natureza é parte fundadora da constituição dos seres. 2.4 Legislação Brasileira sobre Educação Ambiental Esse tópico é baseado em Marcatto (2002). O termo Educação Ambiental foi discutido na legislação brasileira pela primeira vez na Lei Federal n. 6938/1981, que institui a “Política Nacional do Meio Ambiente”. Essa lei destacou que a Educação Ambiental deve ser oferecida em todos os níveis de ensino. Ainda na Constituição Federal do Brasil, promulgada no ano de 1988, estabelece, em seu Artigo 225, que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, complementa que cabe ao Poder Público “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Posteriormente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), n. 9394/1996, rea� rmou os princípios de� nidos na Constituição em relação à Educação Ambiental: A Educação Ambiental será considerada na concepção dos conteúdos curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina especí� ca, implicando desenvolvimento de hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, a partir do cotidiano da vida, da escola e da sociedade. Ainda em 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizaram a interdisciplinaridade e o desenvolvimento da cidadania entre os educandos. Os PCN estabeleceram que alguns temas transversais deveriam ser discutidos pelo conjunto das disciplinas da escola, não em disciplinas especí� cas. Estes temas, ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural foram denominados de temas transversais. Assim, a educação ambiental, integrante do tema meio ambiente é constituinte dos temas transversais e deve ser trabalhada enfatizando-se os aspectos sociais, econômicos, políticos e ecológicos. - Dia 05 de junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia. - Dia 15 de outubro comemora-se o Dia do Educador Ambiental. 11WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3. TRATADOS MUNDIAIS DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL A primeira conferência internacional para discutir temas referentes à preservação da natureza e ao desenvolvimento sustentável ocorreu cerca de 30 anos após a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), uma organização intergovernamental, em 1945. Após esse período, vários tratados, convenções e conferências foram realizados. Esses tratados discutem, além de questões ambientais, aspectos sociais e culturais. Algumas das principais conferências ambientais internacionais serão descritas a seguir, de acordo com Pereira (2011). 3.1 O Primeiro Informe do Clube de Roma O Clube de Roma foi fundado em 1968, por políticos, físicos, industriais e cientistas em uma pequena vila italiana para debater sobre o desenvolvimento sustentável. Em 1972, foi publicado o Primeiro Informe do Clube de Roma, intitulado “Limites do Crescimento”, ressaltando que “não pode haver crescimento in� nito com recursos � nitos”. Deste modo, determinaram cinco fatores básicos que limitam o crescimento no planeta: a população, a produção agrícola, os recursos naturais, a produção industrial e a poluição. Foram propostas medidas para atenuação de impactos ambientais, como deter o crescimento demográ� co, limitar a produção industrial, o consumo de alimentos e matérias-primas e deter a poluição. 3.2 A Conferência em Estocolmo (Suécia) Em 1972 celebrou-se a Conferência de Estocolmo, também denominada Conferência sobre o Meio Humano, da Organização das Nações Unidas (ONU), incluindo a participação de representantes de 113 nações. Desta conferência surgiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Foram descritos 26 princípios da declaração de Estocolmo, dentre eles: a poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de neutralizá-la; a ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente e que os direitos humanos devem ser defendidos. 3.3 Protocolo de Montreal (Canadá) O Protocolo de Montreal foi um acordo � rmado em 1987, resultante da Convenção de Viena (Áustria), que ocorreu no ano de 1985. Neste encontro foi debatido sobre as substâncias que esgotam a camada de ozônio e foram � xadas as seguintes metas: redução de 50% do consumo de 5 tipos de CFC (cloro� uorcarbonos) para � nais do século e congelamento do consumo de três tipos de halons (agentes de extintores de incêndio). Este tratado internacional entrou em vigor em 01 de janeiro de 1989. 12WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3.4 Eco-92 ou Rio-92 (Brasil) Também denominada de Cúpula da Terra, ocorreu no Rio de Janeiro em 1992. Reuniu representantes de 179 países, centenas de funcionários de organismos da ONU, representantes de governos municipais, grupos de pesquisadores, empresários, ONGs e outros grupos, � cando marcada como a mais ampla reunião de dirigentes mundiais já organizada. Neste encontro, foram criados cinco documentos: dois acordos internacionais, duas declarações de princípios e um programa de ação sobre desenvolvimento mundial sustentável, com destaque para a Agenda 21 que visa alcançar o Desenvolvimento Sustentável, baseada no planejamento do futuro, com ações de curto, médio e longo prazos. Esse documento está organizado sob forma de livro, contendo 40 capítulos. 3.5 Protocolo de Kyoto (Japão) Neste encontro, em Kyoto (1997), foram � xados os conteúdos do “Protocolo de Kyoto”, estabelecendo metas para limitar a poluição pela queima de combustíveis fósseis causadoras do efeito estufa. Dentre os principais aspectos debatidos por esse protocolo destacam-se: os países industrializados se comprometiam a reduzir suas emissões de gases tóxicos em 5,2%, entre os anos de 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990; e os países em desenvolvimento � cariam excluídos do cumprimento dessa norma de redução de emissão de gases de efeito estufa. Foram estabelecidos três mecanismos para atingir tal objetivo: • Iniciativas dos países desenvolvidos para combater o aquecimento global. • A transferência de tecnologia limpa dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento. • Criação dos Créditos de Carbono ou Redução Certi� cada de Emissões (RCE), atribuindo um valor monetário à poluição e redução de gases do efeito estufa (GEE). Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivale a um crédito de carbono e este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases quetambém contribuem para o efeito estufa, bem como, a absorção de CO2 por vegetação, através do plantio de árvores, também podem ser convertidos em créditos de carbono. Assim, países ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões estabelecidas, tornam-se obrigatoriamente compradores de créditos de carbono e aqueles que conseguirem reduzir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem vender o excedente de “redução de emissão” ou “permissão de emissões” no mercado nacional ou internacional (GREEN CO2, 2017). 13WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 3.6 Rio + 10 (Johanesburgo, África do Sul) A Rio+10, com nome o� cial Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, ocorreu em 2002 com a presença de representantes de 189 países. Os principais pontos dessa cúpula foram a a� rmação da questão do desenvolvimento sustentável com base no uso e conservação dos recursos naturais renováveis. A maior parte das acusações por parte de ONGs e ativistas ambientais, em relação a esse encontro, direcionou-se aos países desenvolvidos sobre a falta de perspectivas no combate às desigualdades sociais (BRASIL, 2012). 3.7 Rio + 20 (Rio de Janeiro, Brasil) Também denominada Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável, ocorreu em 2012 e reuniu 193 representantes de países. Estabeleceu uma nova agenda de desenvolvimento sustentável, caracterizando-se como um importante ponto de partida para a construção do futuro que queremos. Dois temas principais orientaram os debates: a economia verde, que envolve o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza, ou seja, apresenta cunho social; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, que diz respeito às instituições da ONU buscarem formas para melhorar a coordenação e a e� cácia das atividades desenvolvidas que se dedicam aos diferentes pilares do desenvolvimento sustentável (RELATÓRIO RIO + 20, 2012). Contudo novas críticas surgiram, relacionadas à falta de clareza, objetividade e ao não estabelecimento de metas concretas para que os países reduzam a emissão de poluentes e preservem ou reconstituam suas áreas naturais. 4. PRINCIPAIS IMPACTOS AMBIENTAIS NO BRASIL Levando-se em conta que nosso país é um dos maiores do mundo em biodiversidade, todas as intervenções sobre seus biomas geram grandes impactos. Sobre os recursos hídricos, destacam-se a poluição por esgotos domésticos, poluição industrial, deposição de resíduos sólidos, poluição difusa de origem agrícola, eutro� zação de lagos e represas, poluição por mineração e falta de proteção aos mananciais super� ciais e subterrâneos. Ou seja, são impactos relacionados ao seu uso direto pela sociedade, aplicação insu� ciente de tecnologias adequadas ou pela falta de instrumentos adequados para sua gestão. Sobre o solo, os principais impactos estão ao uso na agropecuária. Este modelo agrícola é predominante baseado no uso de energia fóssil, de agroquímicos e na mecanização intensiva, o que causa erosão e degradação do solo. Até 1997 estimou-se que as perdas ambientais, associadas ao recurso solo para uso agrícola e � orestal, causadas por erosão, alcançavam 1,4% do PIB brasileiro. A manutenção e intensi� cação desse impacto gera os processos de deserti� cação. Ainda, evidenciam-se os impactos causadas pela urbanização. A crescente urbanização veri� cada nas duas últimas décadas promoveu o agravamento dos problemas urbanos no país, tais como, crescimento desordenado e concentrado, ausência ou de� ciência no planejamento municipal, obsolescência de estrutura física existente, demanda não atendida por recursos e serviços e agressões ao ambiente urbano, por exemplo, pela alta produção de resíduos sólidos (PEREIRA, 2011). 14WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 5.1 Conceitos Básicos O desenvolvimento urbano e industrial ocorreu acompanhado de níveis crescentes de poluição e degradação ambiental, transformando rios, como o Tietê, em São Paulo, em locais de esgoto a céu aberto e reduzindo a fertilidade do solo. Assim, levando-se em conta que a tecnologia poderia ser utilizada também para contribuir com a reversão de impactos ou agir de modo que os danos ambientais fossem reduzidos, surgiu o conceito de Desenvolvimento Sustentável, proposto pela “Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”, em 1987. Essa comissão era formada pelas Nações Unidas, composta por 22 países e coordenada pela primeira ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland (BRAGA et al., 2005). Os estudos dessa comissão foram condensados em um relatório, publicado neste mesmo ano, chamado Nosso futuro Comum (Our Commom Future), mas � cou amplamente conhecido como Relatório Brundtland. Foi neste relatório que, pela primeira vez, utilizou-se o termo desenvolvimento sustentável, de� nido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 9). Ou seja, trata-se de um modelo alternativo de desenvolvimento que estimule a evolução e equilíbrio dinâmico entre a atividade econômica, desenvolvimento social e a preservação e a regeneração dos sistemas ecológicos. Medidas de ação propostas pelo relatório Brundtland: • Limitar o crescimento da população. • Garantir a provisão de alimentos a longo prazo. • Preservar a biodiversidade. • Diminuir o consumo de energia e desenvolver tecnologias baseadas em energias renováveis. • Desenvolver a produção industrial nos países não industrializados com base em tecnologias com impacto ambiental reduzido. • Controlar a urbanização desregrada e fazer a integração entre os pequenos meios urbanos e as zonas rurais. 15WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Sachs (1993) ampliou o conceito de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável à diferentes áreas: • Sustentabilidade ecológica: crescimento econômico e social com a manutenção de estoques dos recursos naturais. • Sustentabilidade ambiental: manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, com capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópicas. • Sustentabilidade social: desenvolvimento com a melhoria da qualidade de vida da população, com a adoção de políticas distributivas e a universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e seguridade social. • Sustentabilidade política: construção da cidadania para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica: gestão e� ciente dos recursos em geral e regularidade de � uxos do investimento público e privado. Nesse sentido, no cenário atual, as empresas e pro� ssionais de diferentes áreas devem procurar ações para superar os desa� os da responsabilidade global. Dentre elas destacam- se lucratividade e comercio justo; engajamento e envolvimento da sociedade; e, certamente, sustentabilidade e gestão ambiental (ALMEIDA, 2007). 5.2 Os três Pilares da Sustentabilidade Como discutido anteriormente, a sustentabilidade é a capacidade de um sistema humano, natural ou misto resistir ou se adaptar às mudanças por tempo indeterminado, deste modo, para Elkington (1994), a sustentabilidade pode ser considerada como o equilíbrio entre os três pilares: ambiental, econômico e social. A união entre esses pilares, formando o desenvolvimento sustentável está representada na Figura 4. As três visões, segundo Sales (2013), serão descritas a seguir. Figura 4 - Os três pilares da sustentabilidade. Fonte: a autora. 16WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5.2.1 Visão ambiental Ao analisar a visão ambiental, o foco está direcionado aos impactoscausados sobre o meio ambiente, resultantes das ações humanas sobre esse meio. Ou seja, deve haver uma compatibilidade entre a atividade humana considerada e a capacidade do meio quanto a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, objetivando atingir o mínimo de deterioração possível. Assim, são analisados os impactos ambientais quanto ao recurso utilizado, geração de resíduos e emissões. 5.2.2 Visão econômica Na visão econômica o ambiente é analisado como capital, sendo capital ambiental, natural, humano e social. Assim, ocorre quando há uma sustentabilidade ambiental e social, � nanceiramente possível e lucrativa. Deste modo, presume-se a geração de riqueza local, regional ou global, com a conservação dos recursos naturais. 5.2.3 Visão social Nesta visão, o desenvolvimento sustentável considera a evolução e execução das atividades, de modo que ocorra benefícios à vida humana, com a preservação dos direitos humanos, qualidade de vida e de forma harmoniosa com o meio ambiente. São considerados alguns pontos, como saúde, lazer, saneamento básico, segurança, educação, distribuição equitativa de renda, entre outros. Ainda pode estar relacionado ao fato de as comunidades locais receberem benefícios quanto ao desenvolvimento da atividade desenvolvida, a � m de melhorar suas condições de vida. Baseia-se na manutenção da rede social e cultural das populações, melhorando e mantendo a qualidade da vida humana através das gerações. 5.3 Ferramentas de Avaliação de Sustentabilidade São consideradas ferramentas ou sistemas de avaliação de sustentabilidade, os instrumentos utilizados para avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento. Dentre as ferramentas conhecidas destaca-se a Pegada Ecológica (VAN BELLEN, 2004), discutida a seguir. Saiba um pouco mais sobre Desenvolvimento Sustentável, acessando: <https:// www.youtube.com/watch?v=6bY-5ivpt0s>. 17WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 5.3.1 Pegada Ecológica (Ecological Footprint) Essa é uma ferramenta proposta por Wackernagel e Rees (1996) que representa o espaço ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade, ou seja, é uma ferramenta que transforma o consumo de matéria-prima e a assimilação de dejetos, de um sistema econômico ou população humana, em área correspondente de terra ou água produtiva. O tamanho da área requerida vai depender das receitas � nanceiras, da tecnologia existente, dos valores predominantes dentro do sistema e de outros fatores socioculturais. Este método fundamenta-se, basicamente, no conceito de capacidade de carga, que para efeito de cálculo, corresponde à máxima população que pode ser suportada inde� nidamente no sistema. O cálculo do método é baseado na ideia de que para cada item de matéria ou energia consumida pela sociedade existe certa área de terra, em um ou mais ecossistemas, que é necessária para fornecer o � uxo destes recursos e absorver seus dejetos. A medida de pegada ecológica é feita em hectares globais (gha). Cada hectare global representa a média da capacidade de produção anual de determinada região, considerando recursos naturais biológicos e renováveis, como grãos, carne, madeira e � bras, vegetais, peixes e energia renovável. Deste modo, quanto maior o valor da Pegada Ecológica, maior o dano ambiental. Um método de avaliação é descrito pela seguinte fórmula: Onde: N= número de habitantes Ci = consumo médio per capita de cada bem Pi = produtividade ou quantidade de terra A pegada ecológica engloba a terra bioprodutiva, mar bioprodutivo, área de energia fóssil, área urbanizada e biodiversidade (Figura 5). Figura 5 – Composição da pegada Ecológica. Fonte: adaptado de INFAP (2017). Desde a década de 80 a demanda da população mundial por recursos naturais é maior do que a capacidade do planeta em renová-los (Figura 6). Assim, considera-se que a Pegada Ecológica analisa a sustentabilidade das atividades humanas, bem como contribui para a construção de consciência pública a respeito dos problemas ambientais e auxilia no processo decisório. 18WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 - Pegada ecológica mundial entre 1961 e 2005. Fonte: adaptado de WWF (2017). Um estudo avaliou a pegada ecológica a partir do padrão de consumo de papel e tipo de meio de transporte, utilizado pelos alunos da graduação da Escola da Engenharia da Universidade Federal Fluminense. Foi obtida uma pegada ecológica de 0,07 hectare ao ano por aluno e veri� cou-se que 34% dos alunos são responsáveis por 86% do CO2 emitido por todos os alunos, principalmente pelo fato de utilizarem carro como transporte à universidade, um aspecto relevante que compõe a pegada estudada. Posteriormente foi desenvolvido um conjunto de planos de ação para a redução da pegada ecológica que contribuam com o desenvolvimento sustentável (NASCIMENTO; LIMA; MACIEL, 2013). No setor da construção civil, visando maior responsabilidade ambiental, por meio de ações sustentáveis, como a redução do consumo de recursos de materiais, energia e água, além do volume de resíduos gerados, foi elaborado um so� ware denominado ECO OBRA, baseado nos critérios de classi� cação do sistema “Alta Qualidade Ambiental (Aqua Brasil), para avaliar a sustentabilidade ambiental na execução de obras. O so� ware foi aplicado em empresas construtoras de Águas Claras (Distrito Federal) para propiciar, de forma rápida, a avaliação da sustentabilidade em um canteiro de obras e elaborar estratégias de redução dos impactos (OLIVEIRA; SPOSTO; BLUMENSCHEIN, 2012). Qual o tamanho de sua PEGADA? Acesse: <http://assets.wwf.org.br/downloads/19mai08_wwf_pegada.pdf>. 1919WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................21 1. O MEIO AMBIENTE .............................................................................................................................................. 22 1.1 FLUXO DE ENERGIA E CICLAGEM DA MATÉRIA ............................................................................................ 23 1.1.1 FLUXO DE ENERGIA ......................................................................................................................................... 23 1.1.2 CICLAGEM DA MATÉRIA ................................................................................................................................ 24 1.2 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS .............................................................................................................................. 25 1.2.1 CICLO DO NITROGÊNIO .................................................................................................................................. 25 1.2.2 CICLO DO FÓSFORO ....................................................................................................................................... 26 1.2.3 CICLO DO ENXOFRE ....................................................................................................................................... 26 1.3 CADEIAS E TEIAS ALIMENTARES .................................................................................................................... 27 1.4 INFLUÊNCIA HUMANA NOS ECOSSISTEMAS ............................................................................................... 28 MEIO AMBIENTE E INTERAÇÕES PROF.A DRA. GEZIELE MUCIO ALVES ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: ECOLOGIA E ANÁLISES AMBIENTAIS 20WWW.UNINGA.BR 1.4.1 EFEITO DE PESTICIDAS EM UM ECOSSISTEMA ......................................................................................... 28 1.4.2 EFEITO DE NUTRIENTES EM UM ECOSSISTEMA DE LAGOS .................................................................... 29 1.4.3 EFEITO DE PROJETOS SOBREUM ECOSSISTEMA .................................................................................... 30 2. ENERGIA E AMBIENTE ....................................................................................................................................... 30 2.1 FONTES DE ENERGIA .........................................................................................................................................31 2.1.1 FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA...............................................................................................................31 2.1.1.1 HIDROELETRICIDADE ...................................................................................................................................31 2.1.1.2 MAR ................................................................................................................................................................31 2.1.1.3 ENERGIA SOLAR DIRETA ............................................................................................................................ 32 2.1.1.4 ENERGIA EÓLICA ......................................................................................................................................... 32 2.1.1.5 BIOMASSA .................................................................................................................................................... 33 2.1.1.6 GEOTÉRMICA ............................................................................................................................................... 33 2.1.2 FONTES NÃO RENOVÁVEIS DE ENERGIA .................................................................................................... 34 2.1.2.1 DERIVADOS DE PETRÓLEO ......................................................................................................................... 34 2.1.2.2 GÁS NATURAL .............................................................................................................................................. 35 2.1.2.3 CARVÃO MINERAL ...................................................................................................................................... 35 2.1.2.4 ENERGIA NUCLEAR .................................................................................................................................... 35 3. POLUENTES NA ATMOSFERA ............................................................................................................................ 36 3.1 CHUVA ÁCIDA ..................................................................................................................................................... 36 3.2 EFEITO ESTUFA E AQUECIMENTO GLOBAL ................................................................................................... 37 3.3 DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO .......................................................................................................... 38 21WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Para aprofundar o conhecimento sobre meio ambiente, ecologia e análises ambientais, alguns conceitos serão discutidos nesta unidade. Serão abordados os termos meio ambiente e ecossistema, homeostase, � uxo de matéria e energia, ciclos biogeoquímicos, cadeias e teias alimentares, ampli� cação biológica e a in� uência humana dos ecossistemas. Deste modo, deve- se destacar que meio ambiente não deve ser confundido com o termo natureza ou simplesmente fauna e � ora, mas sim considerado como o conjunto de seres vivos e a interação destes com o meio (por exemplo, água, luz, ar e solo) através do � uxo de energia e ciclagem de matéria, que ocorre através de respiração, alimentação, decomposição, dentre outros. Ainda levando-se em conta a in� uência da sociedade sobre o ambiente, deve-se incluir no conceito de meio ambiente os aspectos econômicos, sociais e culturais, bem como os principais poluentes atmosféricos e os processos que geram poluição, chuva ácida, efeito estufa, aquecimento global e a destruição da camada de ozônio. Neste contexto, em Análises Ambientais, considerando a relevância do trabalho do biomédico no desenvolvimento de métodos de intervenção em ambientes hidroelétricos, minerais e urbanos, nesta unidade será discutida ainda a geração de energia mundial e brasileira, bem como, as fontes renováveis e não renováveis de energia, com destaque para os impactos gerados por essas fontes, visando gerir de modo a eliminar os riscos e promover o bem estar das pessoas e do meio ambiente, reestabelecendo o equilíbrio. 22WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1. O MEIO AMBIENTE Para iniciarmos esta unidade, vamos discutir alguns conceitos de meio ambiente. Veja alguns exemplos: Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, meio ambiente é considerado como “o conjunto de condições, leis, in� uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, Lei 6.938, Art. 3). Pode ser conceituado ainda como “os arredores de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os micróbios com os quais interage” (RICKLEFS, 2003, p. 480). De acordo com o glossário de ecologia e ciências ambientais “é a reunião do ambiente físico e seus componentes bióticos” (GRISI, 2007, p. 157) e deve incluir aspectos econômicos, socioculturais e de segurança, inerentes ao ambiente humano. Assim, pode-se observar que o meio ambiente difere de natureza ou simplesmente de fauna e � ora. Além disso, devido à in� uência da sociedade sobre o ambiente, as interações descritas com esse meio, passaram a incluir aspectos econômicos, sociais e culturais. Para continuarmos nossos estudos e compreendermos os impactos causados no meio ambiente, mais um conceito precisa ser discutido, o conceito de ecossistema. Ecossistema pode ser considerado como “o conjunto de seres vivos que interagem entre si e com o meio natural de maneira equilibrada, pela reciclagem de matéria e pelo uso e� ciente de energia solar” (BRAGA et al., 2005, p. 10). Uma descrição simples de ecossistema é considerá-lo como a interação de fatores bióticos e abióticos. Vale lembrar que fatores bióticos se referem aos seres vivos e abióticos à matéria sem vida (água, luz, ar, solo, entre outros). Essa interação, entre fatores bióticos e abióticos, ocorre através de respiração, alimentação, decomposição, pastagem, ou seja, através de ações e processos vitais dos organismos que, naturalmente, provocam alterações no ambiente. Por exemplo, quando aumenta o nível de água de um rio, devido a uma enchente, com consequente alagamento da vegetação marginal, naturalmente ocorre o aumento de gás carbônico (CO2) nessa água. Isso ocorre devido à redução de fotossíntese dessa vegetação, por receber menor incidência de luz e posteriormente devido à decomposição dessa vegetação alagada que consome oxigênio e libera gás carbônico. Os ecossistemas podem ser classi� cados em aquáticos (lagos, rios, mares) e terrestres (� orestas, campos, desertos). Uma característica fundamental dos ecossistemas é a homeostase (Gr. homeo = similar; stase = condição). Homeostase é a tendência de todo ecossistema de se manter em um estado de equilíbrio dinâmico, por meio de mecanismos de autocontrole e autorregulação. Desse modo, diante de qualquer alteração que sofra, o ecossistema responde com o objetivo de retornar às condições anteriores de normalidade. O mecanismo de homeostase é mais efetivo para alterações naturais, por exemplo, a recuperação de uma � oresta, desmatada após uma descarga elétrica que provoca um pequeno incêndio, é rápida, em pouco tempo a mata se regenera, contudo, em grandes desmatamentos, provocados por ação humana, os ecossistemas não apresentam condições de autorregulação para regenerar ao sistema original ou despenderá muito tempo para a recuperação.Isso ocorre porque as modi� cações impostas pelo homem são mais intensas e continuadas do que aquelas que ocorrem naturalmente (BRAGA et al., 2005). 23WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1.1 Fluxo de Energia e Ciclagem da Matéria Dentro dos ecossistemas, tanto a energia como a matéria � uem, mas existe uma diferença fundamental entre elas: o � uxo de energia é unidirecional enquanto que o � uxo de matéria é cíclico. 1.1.1 Fluxo de energia O � uxo de energia no ecossistema envolve diversos níveis de seres vivos. Toda a energia da Terra tem como fonte as radiações recebidas do Sol. Assim, há três grupos principais de organismos dentro de um ecossistema, os quais constituem a cadeia alimentar: os produtores, as algas e vegetais (e algumas bactérias que fazem quimiossíntese), denominados assim por produzirem as moléculas de alta energia (C6H12O6 – glicose); os consumidores, representados pelos animais que se alimentam dos produtores, ou seja, denominados assim por consumirem essas moléculas de alta energia (herbívoros) ou se alimentam de outros animais (carnívoros), estes obtêm moléculas com menor quantidade de energia; e os decompositores, invertebrados pequenos, bactérias e fungos, que fazem a decomposição da matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) morta, resíduos de vegetais e animais denominados detritos, que ainda possuem uma quantidade de energia considerável, por isso, a importância de se tratar águas residuárias, devido ainda ser fonte de energia e continuar sofrendo alterações no ambiente. Desse modo, a energia segue � uxo único, passando do Sol para os produtores, dos produtores para os consumidores e destes para os decompositores. Essa energia, em cada um dos grupos, é utilizada para a manutenção do corpo, crescimento, respiração, criação de novas células, entre outros. Assim, a energia não é reciclada em um ecossistema e apenas cerca de 10% dessa energia é disponível para o nível seguinte (Figura 1). Figura 1 - Fluxo de energia no ecossistema (J = Joule). Fonte: adaptado de Bichólogo (2016). 24WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Suponha que um vegetal receba 1.000J de energia solar. Desse total, 760J não são absorvidos e apenas 240J são absorvidos. Destes 240J absorvidos, a maior parte é liberada como calor e apenas 12J são utilizados para a produção do vegetal, sendo 7J para a respiração (manutenção) e 5J para a formação de novos tecidos no vegetal. Se o vegetal for ingerido por um consumidor, cerca de 90% dos 5J que estavam presentes no tecido vegetal e que passaram para o consumidor, serão direcionados para a manutenção do animal e apenas 10%, ou seja, (0,5J) serão utilizados na formação de novos tecidos e � cará disponível para o próximo consumidor. Se o segundo animal ou segundo consumidor for um ser humano então receberá 0,5J da energia proveniente do Sol (1.000J) e utilizará para a formação de novas células e tecidos, apenas 0,05J (VESILIND; MORGAN, 2015). 1.1.2 Ciclagem da matéria Como discutido anteriormente, embora o � uxo de energia seja unidirecional, o � uxo de matéria ou nutrientes é cíclico, por isso também denominado de ciclagem de nutrientes. Os nutrientes são agrupados em macronutrientes, aqueles necessários aos organismos em grande quantidade (C, H, O, N, P, S, Cl, K, Na, Ca, Mg e Fe) e em micronutrientes, aqueles necessários aos organismos em pequena quantidade (Al, B, Cr, Zn, Mo, V e Co) (BRAGA et al., 2005). Como pode ser veri� cado na Figura 2, iniciando pela matéria orgânica morta ou detritos, a primeira decomposição realizada por microrganismos produz os compostos amônia, dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio. A decomposição desses novos produtos forma nitrato, novamente dióxido de carbono, sulfato e fosfato. O dióxido de carbono é utilizado pelos vegetais na fotossíntese e os nitratos, fosfatos e sulfatos são absorvidos como nutrientes e utilizados na formação de novos tecidos vegetais. Dentre os produtores foram citadas algumas bactérias quimiossintetizantes. Es- sas bactérias são encontradas em depósitos de lixo, fundos de pântanos, tubos digestórios de animais, regiões profundas de oceanos, chaminés vulcânicas, que são ambientes pobres em gás oxigênio. Outros tipos importantes de bactérias qui- miossintetizantes são as dos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter que vivem no solo e são fundamentais na manutenção de nitrogênio. A quimiossíntese consiste num processo de produção de substâncias orgânicas (glicose) através da energia liberada por reações de oxidação de substâncias inorgânicas simples (gás carbô- nico, água e um agente oxidante), sem interferência da luz solar. Luz Solar - Fotossíntese: a luz solar fornece a energia para converter o dióxido de carbono e a água em glicose e oxigênio. 6CO2 + 6H2O > C6H12O6 (glicose) + 6O2 Bactérias - Quimiossíntese: o sulfureto de hidrogênio fornece a energia para con- verter o dióxido de carbono e a água em glicose e ácido sulfúrico. 6CO2 + 6H2O + 3H2S > C6H12O6 (glicose) + 3H2SO4 Fonte: InfoEscola (2017); Cienciaviva (2017). 25WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Os vegetais morrem e sofrem decomposição ou são utilizados como alimento pelos consumidores, que podem ser novamente consumidos ou morrem e novamente retornam à decomposição (VESILIND; MORGAN, 2015). Desse modo, os nutrientes percorrem uma cadeia ou teia alimentar de forma cíclica, não há perdas signi� cativas para o ambiente, como ocorre no � uxo de energia. O processo de reciclagem de matéria apresenta elevada importância, pois os recursos da Terra são � nitos e a vida depende do equilíbrio natural desse ciclo (BRAGA et al., 2005). Figura 2 - Reciclagem da matéria. Fonte: a autora. 1.2 Ciclos Biogeoquímicos Como discutido anteriormente, existe uma troca de materiais entre componentes vivos e não vivos da Biosfera, essa ciclagem ou reciclagem de materiais no ecossistema é denominada de Ciclo Biogeoquímico (Bio = seres vivos; Geo = atmosfera, hidrosfera e litosfera (meio terrestre é a fonte dos elementos) e Químico = elementos químicos). Destacam-se os ciclos da água, baseado em transformações físicas (evaporação, condensação) e consumo e liberação pelos seres vivos e o ciclo do carbono, também relacionado ao oxigênio, através de fotossíntese e respiração. O carbono é devolvido ao meio ambiente à mesma taxa em que é sintetizado pelos produtores, por isso é considerado um ciclo perfeito. Além desses, mais conhecidos, são relevantes os ciclos do nitrogênio, fósforo e enxofre que serão discutidos a seguir, de acordo com Braga et al. (2005). 1.2.1 Ciclo do nitrogênio É um dos ciclos (Figura 3) mais importantes no ecossistema terrestre, sendo um processo pelo qual o nitrogênio circula através das plantas e do solo pela ação de organismos vivos. Esses organismos utilizam nitrogênio para a produção de moléculas complexas como aminoácidos, proteínas e material genético, necessárias ao seu desenvolvimento. 26WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O principal reservatório de nitrogênio é a atmosfera, a qual apresenta aproximadamente 78% de nitrogênio na forma gasosa (N2). O processo de transformação do nitrogênio do ar em formas assimiláveis pelas plantas e animais é denominado � xação. Esse processo é realizado por bactérias do gênero Rhizobium, em raízes de leguminosas no meio terrestre e por certas bactérias e algas cianofíceas (cianobactérias) no meio aquático. Apesar de extremamente abundante na atmosfera, o nitrogênio é, frequentemente, um nutriente limitante do crescimento das plantas (sua ausência prejudica o desenvolvimento vegetal), porque as plantas apenas conseguem usar o nitrogênio sob três formas sólidas: íon de amônio (NH4 +), íon de nitrito (NO2 -) e, em especial,íon de nitrato (NO3 -). Estes compostos são obtidos através de vários processos dependentes de bactérias. Os animais recebem o nitrogênio que necessitam através das plantas e de outra matéria orgânica, como de outros animais, através da teia alimentar. Figura 3 - Ciclo do nitrogênio. Fonte: a autora. 1.2.2 Ciclo do fósforo O fósforo é importante na composição de moléculas do metabolismo celular, como fosfolipídios, coenzimas e ácidos nucléicos (DNA e RNA). Além disso, também é um nutriente limitante do crescimento de plantas. Os grandes reservatórios de fósforo são as rochas, que devido ao intemperismo, fornecem o fósforo para os ecossistemas, onde é absorvido pelos vegetais e posteriormente transferido aos animais, via cadeia alimentar. O retorno do fósforo ao meio ocorre pela ação de bactérias (organismos decompositores). Esse retorno ocorre na forma de composto solúvel, sendo, portanto, facilmente carregado pela chuva para lagos e rios e destes para os mares, de forma que o fundo do mar, bem como outros corpos aquáticos de água doce, passa a ser um grande depósito de fósforo solúvel (sedimentação). O uso mais comum para o fósforo é como fertilizante. 1.2.3 Ciclo do enxofre O enxofre é um elemento relativamente abundante na crosta terrestre, grande parte dos reservatórios está em rochas sulfurosas, depósito de elementos sulfurosos e combustíveis fósseis. As plantas obtêm sulfato inorgânico (SO4 -2) do ambiente dissolvido na água e no solo. Os animais obtêm enxofre na água e no alimento. 27WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A decomposição devolve o enxofre que fazia parte da matéria orgânica ao solo ou à água. A principal perturbação humana no ciclo global do enxofre é a liberação de dióxido de enxofre (SO2) para a atmosfera, como resultado da queima de carvão e óleo contendo enxofre, provocando chuva ácida. 1.3 Cadeias e Teias Alimentares Agora podemos discutir com mais clareza os conceitos de cadeia e teia alimentar. Assim, cadeia alimentar é uma série de organismos em um ecossistema, através dos quais a energia alimentar, proveniente dos produtores, é transferida entre eles, numa sequência de organismos que ingerem e são ingeridos (GRISI, 2007). As cadeias alimentares que se iniciam com os produtores, com consumidores primários herbívoros, são denominadas cadeias de herbivoria ou de pastagem, enquanto que as cadeias que se iniciam pela matéria orgânica morta, em que os consumidores primários são detritívoros (pequenos invertebrados, bactérias e fungos), são denominadas cadeias de detritivoria. As cadeias alimentares não podem ser vistas em sequências isoladas. Naturalmente, existe interação entre diferentes cadeias alimentares, formando as denominadas teias alimentares ou teias tró� cas (trofos = alimento, nutrição). A posição ocupada pelos organismos em um mesmo patamar na cadeia alimentar é denominada de nível tró� co. Assim, produtores ocupam o primeiro nível tró� co, os consumidores primários, o segundo nível tró� co, os consumidores secundários, o terceiro nível tró� co e passando desses para os decompositores, neste caso, ocupariam o quarto nível tró� co. Como comentado anteriormente, existe uma redução signi� cativa na quantidade de energia disponível de um nível tró� co a outro, deste modo, as cadeias alimentares não podem ser tão longas, raramente ultrapassando o quinto nível tró� co. Na Figura 4, uma teia alimentar no ambiente terrestre, o primeiro nível tró� co é ocupado por vegetais, os produtores (árvore, verdura e gramíneas). A partir desses, cada seta indica um novo nível tró� co. Nessa � gura, a cadeia mais longa possui cinco níveis tró� cos (ex.: verdura > coelho > coruja > cobra > gavião). Para ampliar seu conhecimento sobre os ciclos biogeoquímicos, acesse os links a seguir: Ciclo do carbono: disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hxQ0T- 8qOoXg>. Ciclo do nitrogênio: disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FgW- JZuWRLug>. 28WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 4 - Teia alimentar no ambiente terrestre. Fonte: a autora. O conhecimento das cadeias alimentares permite a atuação sobre elas em favor dos seres humanos. Possibilita, por exemplo, o aumento da produtividade agrícola, com um combate mais e� ciente às pragas, incorporando à cadeia alimentar predadores naturais, minimizando o uso de defensivos agrícolas (BRAGA et al., 2005). 1.4 Influência Humana nos Ecossistemas 1.4.1 Efeito de pesticidas em um ecossistema Na agricultura, a aplicação de pesticidas ocorre em grandes superfícies territoriais e devido à di� culdade de despoluição após o emprego de pesticidas, o ideal seria tomar medidas preventivas ou restringir o uso de produtos tão danosos ao meio ambiente. Alguns efeitos de pesticidas são: I) desconhecimento dos efeitos dos pesticidas sobre os microrganismos essenciais do solo para a � xação de nutrientes; II) contaminação dos lençóis freáticos e dispersão da poluição; e III) bioacumulação nas plantas, podendo contaminar os alimentos (LANGEBACH; PAIM, 1995). Ainda, à medida que o pesticida se move pela cadeia alimentar, ele sofre ampli� cação biológica, bioampliação ou é biomagni� cado, ou seja, a concentração nos organismos aumenta com o aumento dos níveis tró� cos. Isso ocorre porque são necessários muitos indivíduos do nível tró� co anterior para alimentar um indivíduo do nível tró� co seguinte. Entre os poluentes não biodegradáveis que se acumulam ao longo da cadeia, destacam-se os metais pesados (mercúrio, chumbo, cádmio) e os pesticidas. Em relação ao mercúrio, um exemplo foi o ocorrido na Baía de Minamata (Japão), nos anos 60, em que vários pescadores morreram por se alimentarem de peixes contaminados por mercúrio (BRAGA et al., 2005). Veja um exemplo de ampliação biológica medido em ppm (partes por milhão) de mercúrio em um corpo aquático (Figura 5) (MITCHELL, 2017). 29WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Bioampliação de mercúrio em um corpo aquático. Fonte: Mitchell (2017). 1.4.2 Efeito de nutrientes em um ecossistema de lagos Naturalmente, em lagos, os organismos produtores (vegetais e, principalmente, as algas), habitam a superfície para receberem luz solar e utilizam o CO2 proveniente também da atmosfera. Outros nutrientes necessários para a reprodução de algas são nitrogênio e fósforo. Algumas algas conseguem utilizar o nitrogênio atmosférico, contudo, o fósforo é o único elemento essencial que não entra no sistema aquático a partir da atmosfera, assim funciona como um regulador da reprodução de algas. Além disso, este elemento tende a sedimentar em rios e lagos. Assim, se ocorrer uma fonte externa desses nutrientes, principalmente o fósforo, através de escoamento de fertilizantes da agricultura ou os e� uentes de uma estação de tratamento de águas residuais, as algas começarão a se reproduzir em uma taxa muito elevada, resultando em uma produção maior de alimentos para os consumidores que também crescerão em uma taxa superior. Ainda, esta alteração produzirá maior quantidade de matéria orgânica morta e aumentará a multiplicação de decompositores. Com o aumento de decompositores, maior é o consumo de oxigênio para a decomposição e maior liberação de CO2 na água. Além disso, a elevada multiplicação de algas forma um tapete turvo, impedindo a penetração de luz na água, reduzindo as taxas de fotossíntese, ou seja, menor a produção de oxigênio no sistema. Assim, a ausência de oxigênio leva a mortandade de peixes e outros organismos que precisam desse elemento químico. Esse processo de enriquecimento das águas, em especial com nitrogênio e fósforo, é denominado de eutro� zação ou eutro� cação. A eutro� zação natural é muito lenta, ocorre em milhares de anos. Contudo, com a introdução de nutriente, ocorreuma eutro� zação arti� cial ou acelerada (VESILIND; MORGAN, 2015). 30WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A Lagoa da Pampulha (Belo Horizonte/MG), considerada um dos principais e mais belos cartões postais de Belo Horizonte, está imprópria para pesca e banho devido ao excesso de poluição e estado de eutro� zação. Em novembro de 2016, os níveis de cianobactérias e fósforo foram considerados fora dos padrões estipulados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) para que a população possa ter contato secundário com as águas da represa, para atividades como navegação e esportes náuticos (PARNAÍBA, 2016). 1.4.3 Efeito de projetos sobre um ecossistema Os projetos de engenharia podem ter grande impacto sobre o ecossistema, assim, algumas medidas podem ser tomadas. Para reduzir o número de animais mortos nas rodovias, podem ser construídas passagens subterrâneas ou viadutos com jardins para a passagem dos animais. Telhados com plantas (Telhado Verdes) reduzem custos energéticos e o escoamento de águas pluviais. A utilização de energia solar, eólica ou células de combustível podem reduzir os custos com eletricidade e a poluição ambiental. Além disso, escolher materiais menos tóxicos e produzidos de forma sustentável reduz a geração de resíduos e melhoram a qualidade do ar. 2. ENERGIA E AMBIENTE Os seres humanos precisam de energia para cozinhar seus alimentos, para a proteção contra o frio, para o transporte de pessoas, matérias-primas e produtos, para mover máquinas e aquecer fornos e caldeiras (CARMONA et al., 2003). Assim, os impactos no meio ambiente estão relacionados a três aspectos: ao crescimento populacional, à essa demanda de matéria e energia e à geração de resíduos. O desenvolvimento tecnológico, social e econômico aumenta as quantidades de materiais e de energia para satisfazer os padrões adquiridos pela sociedade e, consequentemente, eleva a produção de resíduos (BRAGA et al., 2005). A redução da produção de energia por combustíveis fósseis, de 1980 a 2012, foi de 69,6 para 67,2% (não representativa). Contudo, o aumento da produção por fontes renováveis, passou de 0,4 para 5%, com destaque para a energia eólica (2,4%) (Figura 6). Figura 6 - Geração de Energia Elétrica Mundial (%) por fonte (TWh - Terawatt-hora, equivalente a 1012 Wh). Fon- te: Brasil (2015). No Brasil, a maior geração de energia é realizada por hidrelétricas (63,2%), seguida pela geração a partir de gás natural (13,7%) e por biomassa (7,6%) (BRASIL, 2015). 31WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 2.1 Fontes de Energia As fontes de energia são recursos, naturais ou arti� ciais, utilizados pela sociedade para a produção de algum tipo de energia. A principal fonte de energia é constituída por radiações provenientes da luz do Sol (99% da energia térmica utilizada pelos ecossistemas). O outro 1% é formado por outras fontes primárias de energia (água, ventos, madeira, gás natural, carvão mineral, petróleo), fontes que são convertidas pelo homem em outras fontes de energia, as fontes secundárias (gasolina, diesel, energia elétrica, química, térmica e mecânica) (BRAGA et al., 2005). Os recursos ou fontes primárias são classi� cados em renováveis e não-renováveis. 2.1.1 Fontes renováveis de energia Aquelas fontes em que a sua utilização pode ser mantida e aproveitada ao longo do tempo sem possibilidade de esgotamento (PORTAL ENERGIA, 2015). 2.1.1.1 Hidroeletricidade É um dos métodos mais e� cientes de geração de energia. Consiste em aproveitar a energia potencial da água através da transformação em energia mecânica pela passagem por uma turbina, e transformação dessa energia em eletricidade pela passagem por um gerador (BRAGA et al., 2005). O Brasil é o país com maior potencial hidrelétrico do Mundo, com mais de 70% desse potencial presente nas bacias do Amazonas e do Tocantins/Araguaia (ANEEL, 2008). Localizada em nosso país, a Itaipu Binacional é considerada a maior usina hidrelétrica do mundo, em geração de energia, com 14.000 MW de potência instalada. Fornece 20% da energia consumida no Brasil e abastece 94% do consumo paraguaio (ITAIPU BINACIONAL, 2017). Contudo, a construção de hidrelétrica está relacionada a alguns impactos socioambientais, como: elevação do lençol freático, podendo a água � car imprópria para o consumo, inclusive em regiões vizinhas; o alagamento geralmente atinge áreas de solos férteis, provocando a saída compulsória da população e desintegrando costumes; afetam a fauna e � ora local; milhares de famílias são desapropriadas e possuem suas terras e residências relocadas, ainda, foram registrados vários casos de rompimento de grandes barragens, uma possibilidade crescente à medida em que ocorre o envelhecimento da estrutura construída, através de in� ltrações (NOELI, 2005). 2.1.1.2 Mar A geração de energia elétrica utilizando água do mar pode ser a partir da energia cinética (do movimento), produzida pelo movimento das águas ou pela energia gerada pela diferença do nível do mar, entre as marés alta e baixa (ANEEL, 2008). Alguns países estão mais avançados na exploração das ondas do mar para produção de eletricidade, tais como a Grã-Bretanha, Portugal Brasil e Países Escandinavos. Algumas vantagens dessa fonte são a constância e previsibilidade da ocorrência das marés, ainda se trata de uma fonte de baixa poluição, contudo, os custos de instalação são bastante elevados (PORTAL ENERGIA, 2017). Em Fortaleza (CE) foi construída a primeira usina na América Latina responsável pela geração de energia elétrica por meio do movimento das ondas do mar (Figura 7) (COPPE UFRJ, 2017). 32WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 7 - Usina de ondas (Fortaleza, CE). Fonte: COPPE UFRJ (2016). 2.1.1.3 Energia solar direta A radiação do Sol pode ser empregada de forma direta, como fonte de energia térmica, como ocorre em aquecimento de � uidos e ambientes, ou pode ser convertida diretamente em energia elétrica, através dos processos termoelétrico e o fotovoltaico (ANEEL, 2002). No processo termoelétrico, a radiação solar é convertida em calor e utilizada em usinas termelétricas para a produção de eletricidade e no processo fotovoltaico, a transformação da radiação solar em eletricidade é direta utilizando um material semicondutor (geralmente o silício). A utilização da energia solar é pouco representativa mundialmente e no Brasil, apesar de ser privilegiado em termos de radiação solar, com uso de aquecedores solares e uso bastante difundido em cidades do interior e na zona rural, a participação do Sol na matriz energética brasileira ainda é bastante reduzida. Vale destacar que o Nordeste possui radiação comparável às melhores regiões do mundo, como a cidade de Dongola, no deserto do Sudão, e a região de Dagget, no Deserto de Mojave, Califórnia (ANEEL, 2008). O uso direto da energia solar é considerado uma opção ideal do ponto de vista ambiental, pois não contamina o ar, nem a água e seu fornecimento é ilimitado (CARMONA et al., 2003). 2.1.1.4 Energia eólica Nessas usinas ocorre a transformação da energia cinética contida no vento em eletricidade. Os aspectos positivos em relação à fonte eólica são: renovabilidade, perenidade, grande disponibilidade, independência de importações e ausência de custo para obtenção de suprimento, por outro lado o preço de instalação ainda é considerado elevado em comparação com outras fontes (ANEEL, 2008). Considerando o meio ambiente, a construção de usinas eólicas pode interferir na migração de pássaros e na transmissão de sinais de rádio e TV (BRAGA et al., 2005). 33WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Mundialmente, houve um aumento expressivo da utilização dessa fonte de energia, nas últimas décadas, e noBrasil, favorecido em termos de vento, as regiões com maior potencial medido são Nordeste, onde se encontram a maioria das usinas eólicas, Sudeste e Sul, e ainda há usinas no Centro-Oeste (ANEEL, 2008). Em Osório, no Rio Grande do Sul, está situado o Parque Eólico de Osório, considerado o maior parque fornecedor de energia eólica da América Latina e o segundo maior do mundo em operação, desde 2006, formado por 75 torres com 98 metros, que somados às pás dos aerogeradores atingem 135 metros de altura (PREFEITURA MUNICIPAL DE OSÓRIO, 2017). 2.1.1.5 Biomassa Energia de biomassa é proveniente de qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica. Pode ser classi� cada em biomassa � orestal (madeira, principalmente), agrícola (soja, arroz, cana-de-açúcar, entre outras) e de rejeitos urbanos e industriais (sólidos ou líquidos). A geração de energia pode ocorrer por combustão direta para obtenção do calor, em fornos (metalurgia) e caldeiras, com a formação de vapor para acionar turbinas ou pode haver a conversão de um combustível sólido (normalmente lenha) em outro de melhor qualidade e conteúdo energético (ex.: carvão). A biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos, tanto no exterior como no Brasil. O Brasil se destaca como o segundo maior produtor de etanol que é obtido a partir da cana-de-açúcar. Como os combustíveis fósseis, a combustão de biomassa também libera o poluente gás carbônico (CO2), assim, sua aplicação moderna e sustentável está diretamente relacionada ao desenvolvimento de tecnologias de produção da energia e às técnicas de manejo da matéria-prima. Por outro lado, os recursos podem ser regenerados dentro de poucos anos, por isso a biomassa é considerada um recurso renovável (CARMONA et al., 2003). 2.1.1.6 Geotérmica É a energia gerada a partir do calor existente no interior da Terra. As principais fontes são os gêiseres (fontes de vapor no interior da Terra que apresentam erupções periódicas) e o calor existente no interior das rochas para o aquecimento da água (em regiões próximas aos gêiseres) (BRAGA et al., 2005). A natureza renovável ou não renovável, considerando a fonte geotérmica, é bas- tante discutida, assim, quando se trata da utilização de fl uidos e vapores quentes do interior da Terra, como os gêiseres, trata-se de uma fonte não-renovável (BRA- GA et al., 2005). Deste modo, quando se utiliza um reservatório de água para ser reinserido no solo pode ser considerada renovável. 34WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA A partir desta água aquecida (150 a 3500C) é produzido o vapor utilizado em usinas termelétricas ou a partir da utilização de vapor quente seco para movimentar as turbinas (ANEEL, 2008). É possível encontrar aquíferos em profundidades menores que cinco quilômetros. Considerando que o fornecimento de calor do núcleo da Terra é inesgotável na escala humana, esta forma de energia pode ser considerada como renovável, mesmo quando pode haver um limite para a quantidade de aquíferos subterrâneos exploráveis para � ns energéticos (CARMONA et al., 2003). O Parque Geotérmico foi expandido, nos últimos anos, em alguns países, como México, Japão, Filipinas, Quênia, Islândia e Estados Unidos. No Brasil não há nenhuma usina geotérmica em operação (ANEEL, 2008). Os impactos ambientais são sentidos nos arredores dessa fonte de energia. Em geral, os � uxos geotérmicos contêm gases e são liberados para a atmosfera, junto com o vapor de água, a maioria gases sulfurosos (H2S), com odor desagradável, corrosivos e com propriedades nocivas à saúde humana. Além disso, existe a possibilidade de contaminação da água, nas proximidades de uma usina geotérmica, devido à natureza mineralizada dos � uidos geotérmicos e a descarga livre dos resíduos líquidos para a superfície pode resultar na contaminação de rios, lagos, além da possibilidade de abalos sísmicos, devido a uma grande quantidade de � uido retirada do solo (AMBIENTE BRASIL, 2017). 2.1.2 Fontes não renováveis de energia Essas fontes são principalmente formadas por combustíveis fósseis, sendo depósitos naturais de petróleo, gás natural e carvão mineral. São constituídas de energia solar, retida na forma de energia química, em depósitos formados há milhões de anos, através da decomposição de vegetais e animais (BRAGA et al., 2005). Soma-se as fontes não renováveis à energia nuclear. O processo de produção de energia elétrica é semelhante em todas as usinas que utilizam como matéria-prima os combustíveis fósseis, em geral, esse material é queimado em uma câmara de combustão e o calor obtido nesse processo é usado para aquecer e aumentar a pressão da água, que se transforma em vapor. Este vapor movimenta as turbinas, que transformam a energia térmica em energia mecânica. Um gerador, transforma a energia mecânica em energia elétrica (ANEEL, 2002). 2.1.2.1 Derivados de petróleo O petróleo cru não tem aplicação direta, é necessário o processo de re� no para a obtenção de seus derivados que são: gás liquefeito de petróleo (GLP ou gás de cozinha), gasolina, óleo diesel, óleo combustível, na� a, querosene de aviação e de iluminação, asfalto, lubri� cante, combustível marítimo, solventes, para� nas e coque de petróleo (produto sólido). Tanto a geração de energia elétrica a partir dos derivados de petróleo, quanto o consumo dos combustíveis derivados, geram emissões de gases que contribuem para o efeito estufa. Além disso, há perspectiva de esgotamento, em médio prazo, das reservas hoje existentes, cerca de 40 anos (ANEEL, 2008). 35WWW.UNINGA.BR EC OL OG IA E A NÁ LI SE S AM BI EN TA IS | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 2.1.2.2 Gás natural É um gás resultante da decomposição da matéria orgânica durante milhões de anos. Nas primeiras etapas desse processo, o gás natural encontra-se associado ao petróleo, mas nos últimos estágios de degradação da matéria, esse gás é produzido separadamente, portanto há reservas de gás natural associado ao petróleo ou em campos isolados (gás natural não associado) (ANEEL, 2008). O gás natural é formado por gás metano (70 a 99%), com pequenas quantidades de hidrocarbonetos gasosos mais pesados, como propano e butano. No uso do gás natural, o propano e o butano são liquefeitos, gerando o GLP, e o metano é distribuído em redes. Se mantidas as taxas de consumo atual, estima-se que há reservas de gás natural su� ciente para os próximos 50 anos. Esse gás produz menos poluentes quando comparado à queima de outros combustíveis fósseis, produzindo pouco SO2; quase nenhum material particulado; cerca de um sexto de óxidos de nitrogênio produzidos pelo carvão, óleo, gasolina; produz CO2 por unidade de energia inferior a outros combustíveis e apresenta custo de aproveitamento baixo com rendimento alto (BRAGA et al., 2005). O gás natural ocupa o segundo lugar dentre as fontes geradoras de energia (20,1%). No primeiro lugar está o carvão (41%) (ANEEL, 2008). No Brasil, a utilização do gás natural ocupa a segunda posição (13,7%) sendo superado pela energia hidráulica (63,2%) (BRASIL, 2015). 2.1.2.3 Carvão mineral Cerca de 80% do consumo de carvão é destinado para geração termoelétrica e o restante é utilizado na metalurgia e combustível em caldeiras. O carvão é o combustível fóssil mais abundante na Terra (73%), seguido pelo petróleo (14%) e pelo gás natural (13%). Apesar de sua abundância relativa, o consumo de carvão diminuiu signi� cativamente nas últimas décadas, devido ao seu alto teor de liberação de enxofre e cinzas gerando graves problemas ambientais. Devido ao seu poder calorí� co inferior, o carvão gera 1,5 tonelada de CO2 por mJ de energia térmica liberada, o que é quase 30% maior do que as emissões de outros combustíveis fósseis (CARMONA et al., 2003). 2.1.2.4 Energia nuclear A matéria-prima para a produção da energia nuclear é,