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Pragas e Doenças que afetam a cultura da Cana-de-açúcar Brasil lidera a produção mundial de cana-de-açúcar (Saccharum spp.), seguido por Índia e China (FAO, 2009). Atualmente o Brasil é o maior produtor de cana de açúcar no mundo. A estimativa de produtividade brasileira da cana-de-açúcar, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 642,7 mil toneladas na safra de 2019/2020. Apesar das inovações e do crescimento da produtividade, a cultura da cana é frequentemente afetada, não só por mudanças climáticas, mas também por ameaças como doenças e pragas que podem reduzir a produtividade ou até mesmo matar as plantas do canavial. O objetivo deste relatório é obter conhecimento, através de levantamento bibliográfico, sobre os tipos de pragas e doenças, que causam prejuízos na cultura cana de açúcar. Doenças Escaldadura das folhas - Bactéria Xanthomonas albilineans A doença é causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, capaz de colonizar os vasos das plantas e mover-se sistematicamente em seus tecidos vegetais. Ela se manifesta de forma distinta em localidades diferentes, isto é, os sintomas da doença variam de acordo com as condições do local. A escaldadura das folhas apresenta grande potencial destrutivo, sobretudo em variedades suscetíveis. No Brasil, sua importância tem sido deixada de lado em função dos erros de identificação e da confusão de seus prejuízos com aqueles causados pelo raquitismo da soqueira. Quando a doença se manifesta em variedades extremamente suscetíveis, pode causar perdas de até 100%. Ela pode causar, ainda, má formação dos colmos, morte das touceiras, queda de produção e de riqueza em sacarose (EMBRAPA, 2010?). Essa doença apresenta três formas de infecção: Latente: é uma fase praticamente impossível de identificar a olho nu, sendo assintomática. Ela vai se disseminando aos poucos para evoluir para as fases crônicas e agudas. Crônica: alguns sintomas são externos, como estrias brancas nas folhas que podem atingir até a base. Ocorre uma descoloração no interior dos colmos, na região dos nós: esse sintoma parece com o raquitismo da soqueira. Esse sinal desaparece da folha, mas a bactéria continua avançando, e acaba por passar para a fase aguda. Aguda: acontece nas variedades mais expostas a condições que favoreçam a bactéria e é identificado com a queima total das folhas. É esse o sintoma que dá nome à doença, pois se tem a impressão de que as folhas foram escaldadas (ATHENAS, 2020). A bactéria penetra pelos ferimentos dos colmos e permanece na planta durante toda sua vida. Dessa forma, a doença é facilmente disseminada na colheita por meio de ferramentas de corte como o facão ou mesmo as colhedoras. Com o aumento da colheita mecanizada, as preocupações com essa doença se intensificaram. Portanto, é importante manter o canavial sempre sadio. Os ventos e as chuvas podem disseminar a doença por longas distâncias, quando espalham a bactéria presente em áreas mortas (necroses) das plantas afetadas. Condições de estresse (frio, seca ou temperatura muito alta) induzem o aparecimento da fase aguda da doença. A principal forma de controle da escaldadura das folhas é feita por meio de variedades resistentes e tolerantes. O uso de variedades tolerantes requer alguns cuidados, como: evitar plantio de mudas provenientes de campos com a doença; preparar áreas de viveiros para eliminar bactérias do solo e restos de cultura; desinfectar equipamentos e ferramentas utilizadas no manejo da cultura. Não é conhecido até o momento qualquer produto, químico ou biológico, que controle satisfatoriamente a escaldadura das folhas (EMBRAPA, 2010?). Raquitismo da soqueira - Bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli Pesquisadores consideram o raquitismo da soqueira a mais importante doença da cana- de-açúcar em todo o mundo. O raquitismo pode causar prejuízos de 5 a 30% da produtividade e infeccionar até 100% do canavial. Não existe qualquer sintoma externo característico da doença que possa ser visualizado para o diagnóstico (GILLASPI; TEAKLE, 1989). Por isso, em alguns casos, o produtor pode não saber que seu campo está infectado. O produtor só tomará conhecimento do raquitismo quando observar o subdesenvolvimento dos colmos rebrotados da touceira depois da colheita. Os sintomas em campo mais comuns associados a essa doença são: crescimento irregular e raquitismo das plantas; afinamento e encurtamento dos internódios; sintomas de deficiência hídrica em períodos de veranico e, conseqüentemente, baixa produtividade. Internamente, os colmos maduros podem apresentar descoloração dos feixes vasculares (TOKESHI; RAGO, 2005) A intensidade dos sintomas e, também, as perdas são variáveis. Ambas dependem da cultivar, da idade da touceira e das condições climáticas, como a seca. Além destes fatores, também podem estar associadas aos seguintes aspectos: intensidade de estresses causados por herbicidas; ocorrência de outras doenças simultaneamente; tratos culturais inapropriados, como excesso de competição por plantas daninhas, excesso ou falta de nutrientes e compactação do solo. A doença manifesta-se de modo mais claro nas soqueiras de variedades mais suscetíveis, nas quais podemos observar outro sintoma, já interno à planta: o desenvolvimento de uma coloração alaranjada-claro a vermelha-escuro nos vasos que conduzem a água na planta (vasos xilema) na parte mais velha dos colmos maduros (EMBRAPA, 2010?). Existem registros de que a bactéria sobrevive no solo após a colheita para re-infectar plantas sadias. A principal forma de controle do raquitismo da soqueira é por meio de resistência varietal. No entanto, a maior dificuldade consiste na seleção de variedades resistentes em função da dificuldade no diagnóstico rápido e eficiente da doença. Outra forma eficaz de controle é o tratamento térmico de toletes ou gemas por duas horas a 50°C. Por ser facilmente transmitida por meios dos equipamentos, a desinfecção é um importante método para prevenção da doença. Todos os equipamentos usados para corte da cana devem ser desinfectados com produtos químicos ou pelo calor (EMBRAPA, 2010?); Mosaico da cana-de-açúcar - “Sugarcane mosaic virus” (SCMV) O mosaico da cana-de-açúcar consiste em um subgrupo de quatro espécies distintas de potyvirus: Sugarcane mosaic virus (SCMV), Maize dwarf mosaic virus (MDMV), Johnsongrass mosaic virus (JGMV) e Sorghum mosaic virus (SrMV). Esse grupo de vírus e suas diversas estirpes pertencem à família Potyviridae, gênero Potyvirus um dos maiores e economicamente mais importantes gêneros de fitovirus. Os membros desse gênero são transmitidos por mais de vinte espécies de afídeos, com maior eficiência por Rhopalosiphum maidis, Schizaphis graminum e Myzus persicae (SHUKLA et al., 1994), todos comumente encontrados no Brasil. Os sintomas iniciais de infecção consistem em pontos cloróticos com disposição linear no meio ou mais comumente na base das folhas, que evoluem para áreas alongadas formando um mosaico típico, o qual pode aumentar de severidade com a idade da folha. O crescimento das plantas pode ser acentuadamente reduzido conforme a espécie e estirpe do vírus e a variedade de cana, principalmente quando a infecção ocorre nos estágios iniciais de desenvolvimento. Ocasionalmente, em variedades altamente suscetíveis podem ocorrer riscas e estrias nos colmos e encurtamento dos entre nós (GONÇALVES, 2010). Seu controle e prevenção podem ser realizados por meio da adoção de técnicas simples, entre elas a utilização de variedades resistentes e mudas sadias, além da prática do “roguing”, que envolve a inspeção dos viveiros, eliminação de plantas indesejadas e doentes e até mesmo de misturas varietais. Ferrugem - Fungo Puccinia melanocephala Os sintomas característicos da ferrugem inicialmente surgem pequenas pontuações cloróticas nas folhas,que evoluem para manchas alongadas de coloração amarelada, podendo ser observadas na superfície superior e inferior da folha. As manchas variam entre dois e dez centímetros de comprimento e um e três centímetros de largura, e aumentam rapidamente de tamanho, mudando da coloração amarela para avermelhada, vermelho-parda e preta nos estágios finais de morte (COPERSUCAR, 1986; MASUDA et al., 1986); Outro sintoma é o desenvolvimento de pústulas (elevações na superfície da folha, causadas pelo desenvolvimento do fungo) nos centros das manchas e na face inferior das folhas.As pústulas encobrem parte da folha, reduzindo sua área fotossintética. Assim, a planta pode apresentar crescimento retardado, morte de perfilhos, colmos finos e encurtamento dos entrenós. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se, formando placas de tecido morto. Plantas muito atacadas podem apresentar folhas queimadas e sem brilho. Os sintomas da ferrugem são mais evidentes nas primeiras etapas de desenvolvimento da doença, sendo bem menos perceptíveis ao final da epidemia, quando as plantas atingem maior grau de maturação. De modo geral, a máxima suscetibilidade das plantas ocorre no estágio juvenil (três a seis meses). A maturidade é, normalmente, acompanhada da recuperação dos sintomas, caracterizando, em muitas variedades, o que se denomina resistência da planta adulta. (EMBRAPA, 2010?). A disseminação da doença se dá, sobretudo, pelo vento (BLECHER,1986), que transporta os esporos do fungo para outras plantas e regiões. A única prática de controle para a doença é o uso de variedades resistentes. O uso de fungicidas foliares não é uma opção economicamente viável. Estria vermelha – Bactéria Acidovorax avenae A bactéria causadora da doença é de origem asiática e está presente nas principais regiões canavieiras do mundo. No Brasil, sua presença é restrita, pois necessita de condições de clima e solo específicas, como alta fertilidade. A estria vermelha é considerada uma doença secundária, porém apresenta certo impacto econômico nos Estados de São Paulo e do Paraná. A doença manifesta-se com o aparecimento de estrias finas e longas nas folhas e podridão do topo do colmo. Nas folhas os sintomas evoluem para uma coloração vermelho- marrom. Com a evolução da doença, as estrias atingem o topo da planta. Posteriormente, essa região umedece e apodrece. Se as condições forem favoráveis, a podridão do topo estende-se pelo resto do colmo, causando rachaduras por onde escorre um líquido de odor desagradável. A disseminação da bactéria se dá por respingos de chuva e pelo vento, sendo que o calor (temperaturas acima de 28º C) e a alta umidade (acima de 90%) favorecem seu desenvolvimento. As infecções são favorecidas, também, por ferimentos produzidos nas plantas, quando uma folha esbarra em outra. O uso de variedades resistentes é o método mais efetivo de controle da estria vermelha. PRAGAS Broca da cana-de-açúcar- Diatrea sacchralis A lagarta jovem alimenta-se, inicialmente, das folhas para depois penetrar pelas partes mais moles do colmo (bainha). Ela abre galerias de baixo para cima, que podem ser longitudinais - maioria das vezes - ou transversais. A lagarta atinge seu completo desenvolvimento ao completar 40 dias, quando mede 23 milímetros de comprimento. A coloração de seu corpo é amarela-pálida e da cabeça, marrom. A fase de pupa (casulo), que segue a larval, dura de nove a 14 dias e resulta num adulto que sai pelo orifício deixado pela lagarta. O ciclo inteiro dura de 53 a 60 dias e pode resultar em quatro gerações por ano, distribuídas em outubro e novembro, dezembro e janeiro, fevereiro e abril e em maio e junho. Já a forma adulta é uma mariposa com asas amarela-palha e com 25 milímetros de envergadura. A fêmea deposita ovos na face inferior das folhas da planta (EMBRAPA, 2010?). A broca-da-cana pode causar danos diretos e indiretos. O dano direto decorre da alimentação da lagarta e se caracteriza por: perda de peso (pela abertura de galerias no entrenó); morte da gema apical da planta (“coração morto”); encurtamento de entrenó; quebra da cana; enraizamento aéreo e germinação das gemas laterais. O dano indireto é causado por microrganismos que invadem o entrenó, através do orifício aberto na casca pela lagarta. Esses microrganismos, predominantemente fungos (Fusarium moniliforme e/ou Colletotrichum falcatum), invertem a sacarose armazenada na planta, causando perdas pelo consumo de energia no metabolismo de inversão, porque os açúcares resultantes desse desdobramento (glicose e levulose) não se cristalizam no processo industrial (MACEDO; MACEDO, 2004). Broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por meio de: plantio de variedades resistentes ou tolerantes; corte de cana sem desponte; moagem rápida após o corte; eliminação de plantas hospedeiras próximas ao canavial (milho, milheto). A broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por agentes biológicos, como: parasitóide de ovos: Trichogramma galloi evita o ataque da broca nos colmos. A forma adulta da vespa deve ser liberada em 25 pontos por hectare. A quantidade a ser liberada é 200 mil por hectare em três liberações sucessivas, feitas à tarde, semanalmente. Associada com o parasita Cotesia flavipes, pode reduzir a intensidade de infestação em 60%. Parasitóide de lagartas: Cotesia flavipes ataca lagartas com mais de 1,5 centímetros. A quantidade de adultos a ser liberada é de seis mil por hectare, quando forem encontradas dez lagartas por hora, por operador, na coleta de monitoramento, que identifica o momento certo em que a praga entra na lavoura, em que nível se estabelece,como reage aos inseticidas e quais são os seus ciclos de vida (EMBRAPA, 2010?). Para o controle da broca da cana-de-açúcar pode-se utilizar o controle químico também de pulverizando o triflumuron, lufenuron ou fipronil, direcionada para a região do palmito, quando houver 3% de canas com lagartas vivas (MACEDO; MACEDO, 2004). Cigarrinha da raiz – Mahanarva fimbriolata O grande desafio de se manejar esta praga de solo, teve início após a proibição, em algumas regiões, da queima da lavoura para corte. Se por um lado esta proibição trouxe benefícios ao meio ambiente, por outro lado, representou desafio técnico no controle da mesma. Atualmente, o sistema de colheita de cana “crua”, o qual não se tem a queima da palha, permite maior sobrevivência da cigarrinha-das-raízes, devido à formação de um microclima úmido favorável. A queima contribui com a destruição de parte dos ovos depositados no solo e na palhada. O macho é de coloração vermelha com algumas faixas pretas longitudinais no dorso. Já a fêmea apresenta as mesmas características, mas é marrom-escura. A cigarrinha-da-raiz põe ovos nas bainhas secas ou sobre o solo, próximo ao colmo da planta (98% dos ovos na linha). As formas jovens fixam-se nas raízes, onde sugam a seiva (GALLO, 2002). As formas jovens desse inseto, conhecidas por ninfas, atacam as raízes superficiais da cana, liberando uma espuma branca que se acumula na parte inferior das plantas, no nível do solo (MACEDO; MACEDO 2004). Os adultos vivem na parte aérea da planta, sugando os colmos. A cigarrinha-da-raiz ocorre, sobretudo, em período úmido, sendo que a falta de umidade prejudica a formação de espuma, o que leva à morte das ninfas. A praga vive, também, em outras gramíneas, principalmente, em capins e gramas, e age da mesma forma que nos canaviais Os prejuízos causados pela cigarrinha-da-raiz são: extração de grande quantidade de água e nutrientes das raízes pelas ninfas; redução do teor de açúcar nos colmos; aumento do teor de fibras; aumento dos colmos mortos, o que diminui a capacidade de moagem; aumento do teor de contaminantes, o que dificulta a recuperação do açúcar e inibe a fermentação (GALLO, 2002). Pode ser utilizado o controlebiológico para controlar a cigarrinha-da-raiz com a aplicação de Metarhizium anisopliae, também chamado de fungo-verde o produto atinge ninfas e adultos. Para o controle químico para as ninfas da cigarrinha-da-raiz recomenda-se o uso dos inseticidas thiamethoxam ou carbofuran granulados, aplicados de um dos lados da touceira e para adultos, recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation, entre outros. Para utilizar o controle cultural recomenda-se: A retirada total da palha deixando o solo exposto e criando um ambiente desfavorável aos ovos que entram em diapausa (parada prolongada do desenvolvimento); O plantio direto deve ser evitado em áreas com histórico de infestações; A destruição mecânica da palhada durante o preparo do solo,é uma forma eficaz para reduzir o número de ovos; O uso de variedades resistentes é essencial em locais favoráveis à praga. A variedade SP79-1011 é menos suscetível que RB72454, SP81-3250, SP80-1842, entre outras (EMBRAPA, 2010?) Bicudo da Cana-de-açúcar - Sphenophorus levis O bicudo do da cana, Sphenophorus levis, é um besouro que na fase larval causa danos nos colmos em desenvolvimento escavando galerias, afetando o stand da cultura e a produtividade. Os adultos de S. levis apresentam coloração castanho-escuro com manchas pretas no dorso, listras longitudinais nos élitros e, geralmente, são encontrados abaixo do nível do solo (DEGASPARI et al., 1987). Alcançam entre 9 e 12 mm de comprimento, sendo que a fêmea é maior e apresenta, em condições de laboratório, maior longevidade que o macho (PRECETTI; ARRIGONI, 1990). As larvas são ápodas e apresentam coloração branca e por serem muito sensíveis ao calor e a desidratação, possuem hábitos subterrâneos. O período médio de desenvolvimento dura cerca de 50 dias (ALMEIDA et al., 2011). As fêmeas perfuram a base do colmo e dos perfilhos, abaixo do nível do solo, onde realizam a deposição dos ovos, dando origem às larvas 7 a 12 dias após a postura, que escavam galerias no interior dos colmos deixando-os cheios de serragem fina. Em conseqüência do ataque, ocorre amarelecimento das folhas e morte dos perfilhos, resultando muitas vezes, em falha na rebrota das touceiras, onde é possível observar o aparecimento de plantas invasoras (DINARDO-MIRANDA, 2005). Esta praga caminha pouco no solo e tem vôos curtos, fato que impede a sua disseminação para áreas mais distantes, sendo o homem o grande responsável pela introdução da praga em lavouras que antes não tinha a presença da praga. Ela vai junto com a muda da cana, muitas vezes na base dos colmos que ficam perto do solo, na forma de larvas e ovos e também sobrevivem em outras culturas diferentes da cana-de-açúcar como o milho por exemplo. Para controle desta praga o melhor método que apresenta maiores resultados é o da destruição de soqueiras com uma boa aração e gradagem nos meses de Abril a Agosto, permitindo assim uma maior exposição destas larvas ao sol e a ação de pássaros que comem estas larvas e pupas que ficaram no solo. Uma outra forma de controle é de iscas tóxicas que captura grande quantidade de adultos da praga, sendo de grande importância colocarmos no talhão entre Setembro a Março quando temos condições favoráveis para sua reprodução.As iscas são canas que podem ser cortadas ao meio e embebidas com inseticidas com principio ativo a base de carbaril com melaço. Existe também a utilização de controle biológico com alguns tipos de fungos conhecidos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae na mesma época e formato de colmo de cana utilizado para a isca tóxica, sendo que o fungo vai atrair adultos da praga para o colmo controlando-o (SILVA, 2015?). Broca Gigante - Telchin licus licus Os insetos adultos possuem uma coloração escura, quase preta. Apresentam manchas brancas na região apical, acompanhadas de uma faixa transversal branca na asa anterior. A asa posterior apresenta manchas avermelhadas e uma faixa transversal mais larga. A oviposição ocorre em touceiras velhas, preferencialmente no meio de detritos e caules cortados. Os ovos da broca-gigante da cana possuem estrutura poliédrica, medindo proximadamente 4 mm de comprimento, com forma semelhante a carambola, apresentando cinco arestas salientes. A coloração dos ovos varia de verde a marrom (ALMEIDA; ARRIGONI, 2009). Ao eclodirem, as lagartas penetram no solo e iniciam a perfuração na base da planta, cavando uma galeria ascendente no interior do colmo, chegando a destruir, durante o seu desenvolvimento, os 2 ou 3 primeiros entrenós da cana e, em casos extremos formando galerias de até 1 m de comprimento. Ao completar o seu desenvolvimento, a lagarta cava um orifício na base do colmo para a saída do futuro adulto e constrói um casulo com fibras da cana, transformando-se em pupa no seu interior. Ao emergirem, os adultos copulam e as fêmeas fazem a postura dos ovos, reiniciando o ciclo (GALLO et al., 2002; MENDONÇA et al., 1996). Após o corte da cana-de-açúcar, as lagartas permanecem abrigadas na parte mais profunda da touceira e alimentam-se dos rizomas, dos restolhos e das raízes, debilitando e reduzindo seu poder germinativo. Na cana recém-rebrotada, especialmente das soqueiras, as lagartas saem da touceira e atacam os rebentos, penetrando alguns centímetros em seus tecidos, destruindo a gema vegetativa, causando o secamentoe, algumas vezes, o apodrecimento da gema apical, sintoma conhecido como “coração morto” (GALLO et al., 2002; LINARES et al., 1996; MENDONÇA et al., 1996; GUAGLIUMI, 1972/73) Para o manejo da broca-gigante utilizam-se inimigos naturais, manejo cultural e semioquímicos. Essa combinação de métodos, quando bem aplicados, é eficiente, duradoura e seletiva. Mesmo assim, o método mecânico catação manual de lagartas e pupas ainda é utilizado Cupins da cana de açúcar Os cupins são insetos sociais que vivem em colônias organizadas. Perdas ocorrem com falhas na brotação das soqueiras e redução da longevidade do canavial. A ocorrência e constatação de Heterotermes tenuis em cana-de-açúcar foi feita pela primeira vez no país por Pizano e Fontes (1986), quando também encontraram a espécie H. longiceps, que é morfologicamente semelhante a H. tenuis, que possui ampla distribuição nos Estados do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. As espécies de maior distribuição no Estado de São Paulo são do gênero Cornitermes, porém as espécies dos gêneros Heterotermes e Procornitermes estão mais associadas a danos aos canaviais. Essas espécies penetram no rizoma e nos toletes (mudas), danificando a parte subterrânea, até atingir a parte aérea da planta (MACEDO; MACEDO, 2004). Na cultura da cana-de-açúcar, os danos são reconhecidos por falhas na germinação, galerias nos toletes e presença de fezes próximas às. Os prejuízos médios estão na ordem de 10 t/ha.ano. (MACEDO; MACEDO, 2004). Os gêneros Cornitermes sp. são conhecidos como cupins de montículos, sendo de pequeno a médio porte e comuns em áreas de pastagens, estando o Procornitermes sp em semelhança com o Cornitermes sp. ambos de hábitos subterrâneo mas com ninhos acima do solo (SILVA, 2015?). É recomendável aplicar o controle químico em locais em que ocorre 40% ou mais de infestação em touceiras quando presentes espécies mais agressivas. O método tradicional de controle de cupins de montículo é a sua perfuração, por meio de uma barra de aço acionada por marreta, até atingir a câmara de celulose, através da qual aplica-se uma calda inseticida de produtos como endosulfan (0,1% de i.a.), imidacloprid (30g/100 l de água), à razão de 1 l/cupinzeiro ou fipronil (Regent 20g), 5g/cupinzeiro. Com o advento da molécula fipronil, o controle pode ser feito com a simples escarificação da superfíciedo cupinzeiro e a aplicação de 200 ml, em pulverização de uma calda aquosa a 0,04% de ingrediente ativo. Para os cupins subterrâneos, o controle mais efetivo na renovação do canavial deve iniciar-se com práticas que reduzam o potencial da praga. Assim, a colheita da área deve ser na época seca, acompanhada da destruição da soqueira, seguida de aração profunda, com bom destorroamento, para desestruturar as colônias e expor os insetos à predação e morte por insolação (MACEDO; MACEDO, 2004). Referências ALMEIDA, L. C. de; ARRIGONI, E. de B. Parâmetros biológicos da broca gigante da cana- de-açucar, Telchin licus licus (Drury, 1773). Revista de Agricultura, Piracicaba, v. 84, p. 56- 61, 2009. ATHENAS. Doenças da cana: quais as conseqüências da escaldadura. Jaboticabal, 2020. Disponível em: <https://athenasagricola.com.br/blog/cana/57/doencas-da-cana-quais-as- consequencias-da-escaldadura> Acesso em: 05 fev. 2021. BLECHER, B. A ferrugem chegou. E a cana ganha mais um inimigo. Jornal O Estado de São Paulo, 1986. COPERSUCAR. Ferrugem da Cana de Açúcar e sua constatação no município de Capivari. 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