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Pragas e Doenças que afetam a cultura da Cana-de-açúcar

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Pragas e Doenças que afetam a cultura da Cana-de-açúcar 
Brasil lidera a produção mundial de cana-de-açúcar (Saccharum spp.), seguido por Índia 
e China (FAO, 2009). Atualmente o Brasil é o maior produtor de cana de açúcar no mundo. A 
estimativa de produtividade brasileira da cana-de-açúcar, segundo a Companhia Nacional de 
Abastecimento (Conab), é de 642,7 mil toneladas na safra de 2019/2020. 
Apesar das inovações e do crescimento da produtividade, a cultura da cana é 
frequentemente afetada, não só por mudanças climáticas, mas também por ameaças como 
doenças e pragas que podem reduzir a produtividade ou até mesmo matar as plantas do 
canavial. 
O objetivo deste relatório é obter conhecimento, através de levantamento bibliográfico, 
sobre os tipos de pragas e doenças, que causam prejuízos na cultura cana de açúcar. 
 
 Doenças 
 
Escaldadura das folhas - Bactéria Xanthomonas albilineans 
 
A doença é causada pela bactéria Xanthomonas albilineans, capaz de colonizar os vasos 
das plantas e mover-se sistematicamente em seus tecidos vegetais. Ela se manifesta de forma 
distinta em localidades diferentes, isto é, os sintomas da doença variam de acordo com as 
condições do local. A escaldadura das folhas apresenta grande potencial destrutivo, sobretudo 
em variedades suscetíveis. No Brasil, sua importância tem sido deixada de lado em função 
dos erros de identificação e da confusão de seus prejuízos com aqueles causados pelo 
raquitismo da soqueira. Quando a doença se manifesta em variedades extremamente 
suscetíveis, pode causar perdas de até 100%. Ela pode causar, ainda, má formação dos 
colmos, morte das touceiras, queda de produção e de riqueza em sacarose (EMBRAPA, 
2010?). 
Essa doença apresenta três formas de infecção: Latente: é uma fase praticamente 
impossível de identificar a olho nu, sendo assintomática. Ela vai se disseminando aos poucos 
para evoluir para as fases crônicas e agudas. Crônica: alguns sintomas são externos, como 
estrias brancas nas folhas que podem atingir até a base. Ocorre uma descoloração no interior 
dos colmos, na região dos nós: esse sintoma parece com o raquitismo da soqueira. Esse sinal 
desaparece da folha, mas a bactéria continua avançando, e acaba por passar para a fase aguda. 
 
 
Aguda: acontece nas variedades mais expostas a condições que favoreçam a bactéria e é 
identificado com a queima total das folhas. É esse o sintoma que dá nome à doença, pois se 
tem a impressão de que as folhas foram escaldadas (ATHENAS, 2020). 
A bactéria penetra pelos ferimentos dos colmos e permanece na planta durante toda sua 
vida. Dessa forma, a doença é facilmente disseminada na colheita por meio de ferramentas de 
corte como o facão ou mesmo as colhedoras. Com o aumento da colheita mecanizada, as 
preocupações com essa doença se intensificaram. Portanto, é importante manter o canavial 
sempre sadio. Os ventos e as chuvas podem disseminar a doença por longas distâncias, 
quando espalham a bactéria presente em áreas mortas (necroses) das plantas afetadas. 
Condições de estresse (frio, seca ou temperatura muito alta) induzem o aparecimento da fase 
aguda da doença. A principal forma de controle da escaldadura das folhas é feita por meio de 
variedades resistentes e tolerantes. O uso de variedades tolerantes requer alguns cuidados, 
como: evitar plantio de mudas provenientes de campos com a doença; preparar áreas de 
viveiros para eliminar bactérias do solo e restos de cultura; desinfectar equipamentos e 
ferramentas utilizadas no manejo da cultura. Não é conhecido até o momento qualquer 
produto, químico ou biológico, que controle satisfatoriamente a escaldadura das folhas 
(EMBRAPA, 2010?). 
 
Raquitismo da soqueira - Bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli 
 
Pesquisadores consideram o raquitismo da soqueira a mais importante doença da cana-
de-açúcar em todo o mundo. O raquitismo pode causar prejuízos de 5 a 30% da produtividade 
e infeccionar até 100% do canavial. 
Não existe qualquer sintoma externo característico da doença que possa ser visualizado 
para o diagnóstico (GILLASPI; TEAKLE, 1989). Por isso, em alguns casos, o produtor pode 
não saber que seu campo está infectado. O produtor só tomará conhecimento do raquitismo 
quando observar o subdesenvolvimento dos colmos rebrotados da touceira depois da colheita. 
Os sintomas em campo mais comuns associados a essa doença são: crescimento 
irregular e raquitismo das plantas; afinamento e encurtamento dos internódios; sintomas de 
deficiência hídrica em períodos de veranico e, conseqüentemente, baixa produtividade. 
Internamente, os colmos maduros podem apresentar descoloração dos feixes vasculares 
(TOKESHI; RAGO, 2005) 
A intensidade dos sintomas e, também, as perdas são variáveis. Ambas dependem da 
cultivar, da idade da touceira e das condições climáticas, como a seca. Além destes fatores, 
 
 
também podem estar associadas aos seguintes aspectos: intensidade de estresses causados por 
herbicidas; ocorrência de outras doenças simultaneamente; tratos culturais inapropriados, 
como excesso de competição por plantas daninhas, excesso ou falta de nutrientes e 
compactação do solo. A doença manifesta-se de modo mais claro nas soqueiras de variedades 
mais suscetíveis, nas quais podemos observar outro sintoma, já interno à planta: o 
desenvolvimento de uma coloração alaranjada-claro a vermelha-escuro nos vasos que 
conduzem a água na planta (vasos xilema) na parte mais velha dos colmos maduros 
(EMBRAPA, 2010?). 
Existem registros de que a bactéria sobrevive no solo após a colheita para re-infectar 
plantas sadias. A principal forma de controle do raquitismo da soqueira é por meio de 
resistência varietal. No entanto, a maior dificuldade consiste na seleção de variedades 
resistentes em função da dificuldade no diagnóstico rápido e eficiente da doença. Outra forma 
eficaz de controle é o tratamento térmico de toletes ou gemas por duas horas a 50°C. Por ser 
facilmente transmitida por meios dos equipamentos, a desinfecção é um importante método 
para prevenção da doença. Todos os equipamentos usados para corte da cana devem ser 
desinfectados com produtos químicos ou pelo calor (EMBRAPA, 2010?); 
 
Mosaico da cana-de-açúcar - “Sugarcane mosaic virus” (SCMV) 
O mosaico da cana-de-açúcar consiste em um subgrupo de quatro espécies distintas de 
potyvirus: Sugarcane mosaic virus (SCMV), Maize dwarf mosaic virus (MDMV), 
Johnsongrass mosaic virus (JGMV) e Sorghum mosaic virus (SrMV). Esse grupo de vírus e 
suas diversas estirpes pertencem à família Potyviridae, gênero Potyvirus um dos maiores e 
economicamente mais importantes gêneros de fitovirus. Os membros desse gênero são 
transmitidos por mais de vinte espécies de afídeos, com maior eficiência por Rhopalosiphum 
maidis, Schizaphis graminum e Myzus persicae (SHUKLA et al., 1994), todos comumente 
encontrados no Brasil. 
Os sintomas iniciais de infecção consistem em pontos cloróticos com disposição linear 
no meio ou mais comumente na base das folhas, que evoluem para áreas alongadas formando 
um mosaico típico, o qual pode aumentar de severidade com a idade da folha. O crescimento 
das plantas pode ser acentuadamente reduzido conforme a espécie e estirpe do vírus e a 
variedade de cana, principalmente quando a infecção ocorre nos estágios iniciais de 
desenvolvimento. Ocasionalmente, em variedades altamente suscetíveis podem ocorrer riscas 
e estrias nos colmos e encurtamento dos entre nós (GONÇALVES, 2010). 
 
 
Seu controle e prevenção podem ser realizados por meio da adoção de técnicas simples, 
entre elas a utilização de variedades resistentes e mudas sadias, além da prática do “roguing”, 
que envolve a inspeção dos viveiros, eliminação de plantas indesejadas e doentes e até mesmo 
de misturas varietais. 
 
Ferrugem - Fungo Puccinia melanocephala 
 
Os sintomas característicos da ferrugem inicialmente surgem pequenas pontuações 
cloróticas nas folhas,que evoluem para manchas alongadas de coloração amarelada, podendo 
ser observadas na superfície superior e inferior da folha. As manchas variam entre dois e dez 
centímetros de comprimento e um e três centímetros de largura, e aumentam rapidamente de 
tamanho, mudando da coloração amarela para avermelhada, vermelho-parda e preta nos 
estágios finais de morte (COPERSUCAR, 1986; MASUDA et al., 1986); 
Outro sintoma é o desenvolvimento de pústulas (elevações na superfície da folha, 
causadas pelo desenvolvimento do fungo) nos centros das manchas e na face inferior das 
folhas.As pústulas encobrem parte da folha, reduzindo sua área fotossintética. Assim, a planta 
pode apresentar crescimento retardado, morte de perfilhos, colmos finos e encurtamento dos 
entrenós. Em variedades muito suscetíveis, as pústulas agrupam-se, formando placas de tecido 
morto. Plantas muito atacadas podem apresentar folhas queimadas e sem brilho. Os sintomas 
da ferrugem são mais evidentes nas primeiras etapas de desenvolvimento da doença, sendo 
bem menos perceptíveis ao final da epidemia, quando as plantas atingem maior grau de 
maturação. De modo geral, a máxima suscetibilidade das plantas ocorre no estágio juvenil 
(três a seis meses). A maturidade é, normalmente, acompanhada da recuperação dos sintomas, 
caracterizando, em muitas variedades, o que se denomina resistência da planta adulta. 
(EMBRAPA, 2010?). 
A disseminação da doença se dá, sobretudo, pelo vento (BLECHER,1986), que 
transporta os esporos do fungo para outras plantas e regiões. A única prática de controle para 
a doença é o uso de variedades resistentes. O uso de fungicidas foliares não é uma opção 
economicamente viável. 
 
Estria vermelha – Bactéria Acidovorax avenae 
 
A bactéria causadora da doença é de origem asiática e está presente nas principais 
regiões canavieiras do mundo. No Brasil, sua presença é restrita, pois necessita de condições 
 
 
de clima e solo específicas, como alta fertilidade. A estria vermelha é considerada uma 
doença secundária, porém apresenta certo impacto econômico nos Estados de São Paulo e do 
Paraná. 
A doença manifesta-se com o aparecimento de estrias finas e longas nas folhas e 
podridão do topo do colmo. Nas folhas os sintomas evoluem para uma coloração vermelho-
marrom. Com a evolução da doença, as estrias atingem o topo da planta. Posteriormente, essa 
região umedece e apodrece. Se as condições forem favoráveis, a podridão do topo estende-se 
pelo resto do colmo, causando rachaduras por onde escorre um líquido de odor desagradável. 
A disseminação da bactéria se dá por respingos de chuva e pelo vento, sendo que o 
calor (temperaturas acima de 28º C) e a alta umidade (acima de 90%) favorecem seu 
desenvolvimento. As infecções são favorecidas, também, por ferimentos produzidos nas 
plantas, quando uma folha esbarra em outra. O uso de variedades resistentes é o método mais 
efetivo de controle da estria vermelha. 
 
 PRAGAS 
 
Broca da cana-de-açúcar- Diatrea sacchralis 
 
A lagarta jovem alimenta-se, inicialmente, das folhas para depois penetrar pelas partes 
mais moles do colmo (bainha). Ela abre galerias de baixo para cima, que podem ser 
longitudinais - maioria das vezes - ou transversais. A lagarta atinge seu completo 
desenvolvimento ao completar 40 dias, quando mede 23 milímetros de comprimento. A 
coloração de seu corpo é amarela-pálida e da cabeça, marrom. A fase de pupa (casulo), que 
segue a larval, dura de nove a 14 dias e resulta num adulto que sai pelo orifício deixado pela 
lagarta. O ciclo inteiro dura de 53 a 60 dias e pode resultar em quatro gerações por ano, 
distribuídas em outubro e novembro, dezembro e janeiro, fevereiro e abril e em maio e junho. 
Já a forma adulta é uma mariposa com asas amarela-palha e com 25 milímetros de 
envergadura. A fêmea deposita ovos na face inferior das folhas da planta (EMBRAPA, 
2010?). 
A broca-da-cana pode causar danos diretos e indiretos. O dano direto decorre da 
alimentação da lagarta e se caracteriza por: perda de peso (pela abertura de galerias no 
entrenó); morte da gema apical da planta (“coração morto”); encurtamento de entrenó; quebra 
da cana; enraizamento aéreo e germinação das gemas laterais. O dano indireto é causado por 
microrganismos que invadem o entrenó, através do orifício aberto na casca pela lagarta. Esses 
 
 
microrganismos, predominantemente fungos (Fusarium moniliforme e/ou Colletotrichum 
falcatum), invertem a sacarose armazenada na planta, causando perdas pelo consumo de 
energia no metabolismo de inversão, porque os açúcares resultantes desse desdobramento 
(glicose e levulose) não se cristalizam no processo industrial (MACEDO; MACEDO, 2004). 
Broca da cana-de-açúcar pode ser controlada por meio de: plantio de variedades 
resistentes ou tolerantes; corte de cana sem desponte; moagem rápida após o corte; eliminação 
de plantas hospedeiras próximas ao canavial (milho, milheto). A broca da cana-de-açúcar 
pode ser controlada por agentes biológicos, como: parasitóide de ovos: Trichogramma galloi 
evita o ataque da broca nos colmos. A forma adulta da vespa deve ser liberada em 25 pontos 
por hectare. A quantidade a ser liberada é 200 mil por hectare em três liberações sucessivas, 
feitas à tarde, semanalmente. Associada com o parasita Cotesia flavipes, pode reduzir a 
intensidade de infestação em 60%. Parasitóide de lagartas: Cotesia flavipes ataca lagartas com 
mais de 1,5 centímetros. A quantidade de adultos a ser liberada é de seis mil por hectare, 
quando forem encontradas dez lagartas por hora, por operador, na coleta de monitoramento, 
que identifica o momento certo em que a praga entra na lavoura, em que nível se 
estabelece,como reage aos inseticidas e quais são os seus ciclos de vida (EMBRAPA, 2010?). 
Para o controle da broca da cana-de-açúcar pode-se utilizar o controle químico também de 
pulverizando o triflumuron, lufenuron ou fipronil, direcionada para a região do palmito, 
quando houver 3% de canas com lagartas vivas (MACEDO; MACEDO, 2004). 
 
Cigarrinha da raiz – Mahanarva fimbriolata 
 
O grande desafio de se manejar esta praga de solo, teve início após a proibição, em 
algumas regiões, da queima da lavoura para corte. Se por um lado esta proibição trouxe 
benefícios ao meio ambiente, por outro lado, representou desafio técnico no controle da 
mesma. Atualmente, o sistema de colheita de cana “crua”, o qual não se tem a queima da 
palha, permite maior sobrevivência da cigarrinha-das-raízes, devido à formação de um 
microclima úmido favorável. 
A queima contribui com a destruição de parte dos ovos depositados no solo e na 
palhada. O macho é de coloração vermelha com algumas faixas pretas longitudinais no dorso. 
Já a fêmea apresenta as mesmas características, mas é marrom-escura. A cigarrinha-da-raiz 
põe ovos nas bainhas secas ou sobre o solo, próximo ao colmo da planta (98% dos ovos na 
linha). As formas jovens fixam-se nas raízes, onde sugam a seiva (GALLO, 2002). 
 
 
As formas jovens desse inseto, conhecidas por ninfas, atacam as raízes superficiais da 
cana, liberando uma espuma branca que se acumula na parte inferior das plantas, no nível do 
solo (MACEDO; MACEDO 2004). 
Os adultos vivem na parte aérea da planta, sugando os colmos. A cigarrinha-da-raiz 
ocorre, sobretudo, em período úmido, sendo que a falta de umidade prejudica a formação de 
espuma, o que leva à morte das ninfas. A praga vive, também, em outras gramíneas, 
principalmente, em capins e gramas, e age da mesma forma que nos canaviais Os prejuízos 
causados pela cigarrinha-da-raiz são: extração de grande quantidade de água e nutrientes das 
raízes pelas ninfas; redução do teor de açúcar nos colmos; aumento do teor de fibras; aumento 
dos colmos mortos, o que diminui a capacidade de moagem; aumento do teor de 
contaminantes, o que dificulta a recuperação do açúcar e inibe a fermentação (GALLO, 
2002). 
Pode ser utilizado o controlebiológico para controlar a cigarrinha-da-raiz com a 
aplicação de Metarhizium anisopliae, também chamado de fungo-verde o produto atinge 
ninfas e adultos. Para o controle químico para as ninfas da cigarrinha-da-raiz recomenda-se o 
uso dos inseticidas thiamethoxam ou carbofuran granulados, aplicados de um dos lados da 
touceira e para adultos, recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja 
inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation, entre outros. Para utilizar o 
controle cultural recomenda-se: A retirada total da palha deixando o solo exposto e criando 
um ambiente desfavorável aos ovos que entram em diapausa (parada prolongada do 
desenvolvimento); O plantio direto deve ser evitado em áreas com histórico de infestações; A 
destruição mecânica da palhada durante o preparo do solo,é uma forma eficaz para reduzir o 
número de ovos; O uso de variedades resistentes é essencial em locais favoráveis à praga. A 
variedade SP79-1011 é menos suscetível que RB72454, SP81-3250, SP80-1842, entre outras 
(EMBRAPA, 2010?) 
 
Bicudo da Cana-de-açúcar - Sphenophorus levis 
 
O bicudo do da cana, Sphenophorus levis, é um besouro que na fase larval causa danos 
nos colmos em desenvolvimento escavando galerias, afetando o stand da cultura e a 
produtividade. 
Os adultos de S. levis apresentam coloração castanho-escuro com manchas pretas no 
dorso, listras longitudinais nos élitros e, geralmente, são encontrados abaixo do nível do solo 
(DEGASPARI et al., 1987). Alcançam entre 9 e 12 mm de comprimento, sendo que a fêmea 
 
 
é maior e apresenta, em condições de laboratório, maior longevidade que o macho 
(PRECETTI; ARRIGONI, 1990). 
As larvas são ápodas e apresentam coloração branca e por serem muito sensíveis ao 
calor e a desidratação, possuem hábitos subterrâneos. O período médio de desenvolvimento 
dura cerca de 50 dias (ALMEIDA et al., 2011). As fêmeas perfuram a base do colmo e dos 
perfilhos, abaixo do nível do solo, onde realizam a deposição dos ovos, dando origem às 
larvas 7 a 12 dias após a postura, que escavam galerias no interior dos colmos deixando-os 
cheios de serragem fina. Em conseqüência do ataque, ocorre amarelecimento das folhas e 
morte dos perfilhos, resultando muitas vezes, em falha na rebrota das touceiras, onde é 
possível observar o aparecimento de plantas invasoras (DINARDO-MIRANDA, 2005). 
Esta praga caminha pouco no solo e tem vôos curtos, fato que impede a sua 
disseminação para áreas mais distantes, sendo o homem o grande responsável pela introdução 
da praga em lavouras que antes não tinha a presença da praga. Ela vai junto com a muda da 
cana, muitas vezes na base dos colmos que ficam perto do solo, na forma de larvas e ovos e 
também sobrevivem em outras culturas diferentes da cana-de-açúcar como o milho por 
exemplo. 
Para controle desta praga o melhor método que apresenta maiores resultados é o da 
destruição de soqueiras com uma boa aração e gradagem nos meses de Abril a Agosto, 
permitindo assim uma maior exposição destas larvas ao sol e a ação de pássaros que comem 
estas larvas e pupas que ficaram no solo. Uma outra forma de controle é de iscas tóxicas que 
captura grande quantidade de adultos da praga, sendo de grande importância colocarmos no 
talhão entre Setembro a Março quando temos condições favoráveis para sua reprodução.As 
iscas são canas que podem ser cortadas ao meio e embebidas com inseticidas com principio 
ativo a base de carbaril com melaço. Existe também a utilização de controle biológico com 
alguns tipos de fungos conhecidos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae na 
mesma época e formato de colmo de cana utilizado para a isca tóxica, sendo que o fungo vai 
atrair adultos da praga para o colmo controlando-o (SILVA, 2015?). 
 
 Broca Gigante - Telchin licus licus 
 
Os insetos adultos possuem uma coloração escura, quase preta. Apresentam manchas 
brancas na região apical, acompanhadas de uma faixa transversal branca na asa anterior. A asa 
posterior apresenta manchas avermelhadas e uma faixa transversal mais larga. A oviposição 
ocorre em touceiras velhas, preferencialmente no meio de detritos e caules cortados. 
 
 
Os ovos da broca-gigante da cana possuem estrutura poliédrica, medindo 
proximadamente 4 mm de comprimento, com forma semelhante a carambola, apresentando 
cinco arestas salientes. A coloração dos ovos varia de verde a marrom (ALMEIDA; 
ARRIGONI, 2009). 
Ao eclodirem, as lagartas penetram no solo e iniciam a perfuração na base da planta, 
cavando uma galeria ascendente no interior do colmo, chegando a destruir, durante o seu 
desenvolvimento, os 2 ou 3 primeiros entrenós da cana e, em casos extremos formando 
galerias de até 1 m de comprimento. Ao completar o seu desenvolvimento, a lagarta cava um 
orifício na base do colmo para a saída do futuro adulto e constrói um casulo com fibras da 
cana, transformando-se em pupa no seu interior. Ao emergirem, os adultos copulam e as 
fêmeas fazem a postura dos ovos, reiniciando o ciclo (GALLO et al., 2002; MENDONÇA et 
al., 1996). 
Após o corte da cana-de-açúcar, as lagartas permanecem abrigadas na parte mais 
profunda da touceira e alimentam-se dos rizomas, dos restolhos e das raízes, debilitando e 
reduzindo seu poder germinativo. Na cana recém-rebrotada, especialmente das soqueiras, as 
lagartas saem da touceira e atacam os rebentos, penetrando alguns centímetros em seus 
tecidos, destruindo a gema vegetativa, causando o secamentoe, algumas vezes, o 
apodrecimento da gema apical, sintoma conhecido como “coração morto” (GALLO et al., 
2002; LINARES et al., 1996; MENDONÇA et al., 1996; GUAGLIUMI, 1972/73) 
Para o manejo da broca-gigante utilizam-se inimigos naturais, manejo cultural e 
semioquímicos. Essa combinação de métodos, quando bem aplicados, é eficiente, duradoura e 
seletiva. Mesmo assim, o método mecânico catação manual de lagartas e pupas ainda é 
utilizado 
 
 Cupins da cana de açúcar 
 
Os cupins são insetos sociais que vivem em colônias organizadas. Perdas ocorrem com 
falhas na brotação das soqueiras e redução da longevidade do canavial. 
A ocorrência e constatação de Heterotermes tenuis em cana-de-açúcar foi feita pela 
primeira vez no país por Pizano e Fontes (1986), quando também encontraram a espécie H. 
longiceps, que é morfologicamente semelhante a H. tenuis, que possui ampla distribuição nos 
Estados do Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e 
São Paulo. As espécies de maior distribuição no Estado de São Paulo são do gênero 
 
 
Cornitermes, porém as espécies dos gêneros Heterotermes e Procornitermes estão mais 
associadas a danos aos canaviais. Essas espécies penetram no rizoma e nos toletes (mudas), 
danificando a parte subterrânea, até atingir a parte aérea da planta (MACEDO; MACEDO, 
2004). 
Na cultura da cana-de-açúcar, os danos são reconhecidos por falhas na germinação, 
galerias nos toletes e presença de fezes próximas às. Os prejuízos médios estão na ordem de 
10 t/ha.ano. (MACEDO; MACEDO, 2004). 
Os gêneros Cornitermes sp. são conhecidos como cupins de montículos, sendo de 
pequeno a médio porte e comuns em áreas de pastagens, estando o Procornitermes sp em 
semelhança com o Cornitermes sp. ambos de hábitos subterrâneo mas com ninhos acima do 
solo (SILVA, 2015?). É recomendável aplicar o controle químico em locais em que ocorre 
40% ou mais de infestação em touceiras quando presentes espécies mais agressivas. 
O método tradicional de controle de cupins de montículo é a sua perfuração, por meio 
de uma barra de aço acionada por marreta, até atingir a câmara de celulose, através da qual 
aplica-se uma calda inseticida de produtos como endosulfan (0,1% de i.a.), imidacloprid 
(30g/100 l de água), à razão de 1 l/cupinzeiro ou fipronil (Regent 20g), 5g/cupinzeiro. Com o 
advento da molécula fipronil, o controle pode ser feito com a simples escarificação da 
superfíciedo cupinzeiro e a aplicação de 200 ml, em pulverização de uma calda aquosa a 
0,04% de ingrediente ativo. Para os cupins subterrâneos, o controle mais efetivo na renovação 
do canavial deve iniciar-se com práticas que reduzam o potencial da praga. Assim, a colheita 
da área deve ser na época seca, acompanhada da destruição da soqueira, seguida de aração 
profunda, com bom destorroamento, para desestruturar as colônias e expor os insetos à 
predação e morte por insolação (MACEDO; MACEDO, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências 
 
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