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Curso de Primeiros Socorros Projeto Alfa Rio Branco Amanda Capeloto Mastro Andressa Milena dos Santos Rocha Bryan de Sousa Dorea Diego Tonin Santos Fabrícia Fernanda Barros Cruz Gil Kléber Leão da Cruz Gustavo Henrique Schneider Ícaro Henrique Mageste da Mota Bastos Ingrede Brícia Leal Barros Feitosa Isabella Cordeiro Furtado Isabella Sartori Ribeiro Juliana Carioca Aguiar Persegona Kelvyn Lucas Costa Albuquerque Larissa Rodrigues Moura Leonardo José de Souza Junior Leonardo José Tomaz da Silva Lívia Sanglard Batista Mariana Delgado Bonfim Natália Froeder Barroso Natanael da Silva Nascimento Otávio Augusto Gurgel Garcia Pedro Victor Oliveira Araújo Ranieli da Luz Nogueira de Toledo Ruan Cleuson Menezes Da Costa Rubens De Cássio Reis Marques Sílvia Aparecida da Silva Thales Pizano Santiago Tito Trevisan Viktor Dias Magalhães Vítor Bruno Miranda Neto Wagner Felipe Diniz Ribeiro William Ferreira de Carvalho Expediente Conteúdo e Revisão Integrantes acima citados; Ex-alfistas membros e colaboradores, referenciados em edições anteriores. Diagramação e Edição Final Ingrede Brícia Leal Barros Feitosa William Ferreira de Carvalho Coordenador Giovanni Bady Casseb Rio Branco, Acre – 06 de Março de 2019 19ª Edição "Dedicamos este trabalho aos membros fundadores do Projeto ALFA Rio Branco: José Arthur Santos Brasil, Ana Paula Nunes Vargas, Rafaelle Nunes da Silva e Tammy Sabóia de Oliveira; ao nosso coordenador, Dr. Giovanni Casseb; aos ex-Alfistas, membros efetivos e membros colaboradores e, em especial, ao Dr. Fernando Máximo, que contribuíram para a solidificação e enriquecimento intelectual desta liga no decorrer dos 13 anos de sua existência. Dedicamos, também, a todos os socorristas que trabalham difundindo o ensino dos Primeiros Socorros e, sobretudo, exercem o inestimável ofício de salvar vidas. . Por fim, nossos sinceros agradecimentos a todos que participaram de alguma forma da história deste projeto que nos proporciona imensa satisfação e agrega valorosas experiências à nossa jornada acadêmica." SOBRE O PROJETO ALFA E O MINICURSO O Projeto Alfa - Rio Branco foi fundado em 2006 por acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Acre (UFAC) e desde então, a liga promove, semestralmente, um curso voltado para a população, com o objetivo de ensinar os primeiros socorros em várias situações de emergência. Até o presente momento, foram realizados 19 cursos, contando com uma média de 120 participantes em cada edição, totalizando 2280 pessoas nos 13 anos de existência do Projeto Alfa - Rio Branco. Antes de iniciarmos nosso Curso de Primeiro Socorros, vamos avaliar os aspectos gerais e as condutas das mais comuns intercorrências do dia-a-dia! Temos que começar entendendo qual é o nosso papel como socorristas diante de um acidente, o nosso curso é focado principalmente em atendimentos pré-hospitalares e nesses cenários devemos realizar um tratamento imediato e provisório que garanta a vida do paciente até a sua chegada ao serviço de saúde especializado. Dessa forma, precisamos estar preparados para determinados cenários: Ferimentos superficiais; Ferimentos profundos; Hemorragias internas; Hemorragias externas; Desmaio; Convulsão; Queimaduras; Afogamento; Picada de animais peçonhentos; Fraturas; Parada Respiratória; Parada Cardiorrespiratória; Sufocação; Parto de Emergência; Entre outros… Mas não se assuste, vamos abordar todos esses temas em nossas palestras e vamos praticar em cenários realísticos para que todos possam estar preparados em um momento necessário. OBJETIVO Os cursos ministrados pelo Projeto Alfa Rio Branco possuem o objetivo de disseminar o conhecimento sobre as condutas em emergências médicas pré-hospitalares para a população, ajudando a aumentar o número de pessoas capacitadas para oferecer os primeiros socorros. ABC da Vida 10 MANDAMENTOS DO SOCORRISTA 1. Manter a calma; 2. Prezar pela sua própria segurança; 3. Prezar pela segurança da vítima; 4. Afastar os curiosos; 5. Distribuir tarefas; 6. PEDIR AJUDA PELO 192 (SAMU) ou 193 (Bombeiros)! 7. Evitar atitudes por impulso; 8. Confiar nos seus conhecimentos sobre o assunto; 9. Seguir a ordem do ABC da vida; 10. Ser socorrista e não herói; DIRETRIZES DO CURSO Esse curso segue as diretrizes e protocolos atuais para Primeiros Socorros definidos pelo Prehospital Trauma Life Support (PHTLS) em suas 8ª e 9ª Edições. Sangramento Vermelho Vivo Controle de Cervical e Vias aéreas Ver, Ouvir e Sentir HPPP AVDI História SAMPLA X A B C D E [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 1 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] trauma pode ser definido como um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia. Na cena de um acidente é muito difícil saber exatamente qual foi a lesão exata produzida na vítima, entretanto, entender que existe a possibilidade de sua existência e ter uma noção do que pode provavelmente ter ocorrido permite um pensamento crítico, o que torna possível a triagem, manejo e o transporte adequados. O manejo começa na observação e na tentativa de entender a cena do trauma; como ocorreu o impacto e a troca de energia dele resultante; compreender a troca de energia significa ter uma noção do quão “intenso” foi o impacto, colisão, injúria à vítima em geral. Quando o socorrista durante o atendimento não compreende a biomecânica do trauma as lesões podem passar despercebidas. As informações relativas à biomecânica do trauma são valiosas ao serem transmitidas ao serviço de regulação do SAMU durante a ligação e também aos socorristas quando chegarem na cena. É extremamente importante compreender como foi o trauma, qual a região do corpo acometida, etc.; isso muitas vezes levanta a suspeita de lesões que estão escondidas. Objetivo Evento traumático Um evento traumático pode ser dividido em três fases: Pré-colisão: Fase que antecede o acidente, está ligado às medidas necessárias de prevenção ou até mesmo condições anteriores ao incidente que são necessárias ao tratamento. Colisão: Diz respeito ao momento do impacto, do trauma propriamente dito. Pós-colisão: O socorrista usa informações colhidas durante as fases pré-colisão e colisão para avaliar e socorrer o doente. DURANTE A FASE PÓS-COLISÃO, O ENTENDIMENTO DA BIOMECÂNICA DO TRAUMA E A SUSPEITA DAS LESÕES SÃO IMPORTANTES PARA COMO O PACIENTE VAI EVOLUIR! Suspeitar e saber onde procurar prováveis lesões Integrar princípios da biomecânica do trauma à avaliação do doente Para isso é preciso compre- ender a anatomia e energia [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 2 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Energia A energia de um trauma pode ser de natureza cinética, potencial, térmica, etc., entretanto, o mais importante para se ter em mente não são cálculos ou fórmulas e sim ter entendimento de que a energia é conservada. A quantidade de energia de um sistema isolado permanece constante; logo a energia não pode ser criada ou destruída, mas pode ser mudada quanto a forma. Ex: Na colisão de um veículo a energia mecânica do impacto é transferida para a estrutura e outras partes, a energia do movimento do corpo também é dissipada, causando lesões, quanto maior a área alvo do impacto maior a troca de energia! Anatomia Conhecer os principais nomes das partes/regiões do corpo é fundamental para descrever para outra pessoa qual a parte envolvida no trauma ou então qual parte possivelmente você acredita ter sido alvo de lesões a partir da compreensãode toda biomecânica. Vamos conhecer de forma breve as principais regiões. Observe a representação abaixo: Movimentos que podem ocasionar trauma de coluna cervical Alguns movimentos quando feitos de forma brusca em uma situação de trauma podem lesionar a coluna. Esta situação tem grande importância pois dependendo do acometimento a medula espinal pode ser lesionada e consequentemente, a vítima pode ter seus movimentos e/ou sensibilidade comprometidos. Cabeça Pescoço Braço Tórax Antebraço Mão Perna Pé Coxa Quadril Abdome [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 3 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Efeito Chicote Durante uma colisão em um automóvel o tronco pode ser forçado para frente, caso o encosto não esteja posicionado corretamente. Nesse caso a cabeça será hiperextendida e este mecanismo pode lesionar a coluna cervical e consequentemente a medula espinhal, podendo levar a tetraplegia (perda dos movimentos do pescoço para baixo). Cavitação Objeto afasta partículas de um ponto de impacto, pode ser temporária ou permanente: Cavitação permanente: O local do impacto deforma as partículas e se torna visível. Cavitação temporária: As partículas se deslocam no impacto e retornam ao término dele a posição normal, entretanto o tecido sofrerá da mesma forma consequências traumáticas. Classificação do trauma Contuso – Lesões produzidas pela compressão (cavitação temporária), desaceleração e/ou aceleração (cisalhamento). Penetrante – Lesões produzidas pelo esmagamento e separação ao longo do trajeto do objeto (cavitação temporária e permanente). Questões a serem avaliadas em cena de trauma Impacto o Qual foi o tipo de impacto? Frontal, lateral, traseiro, angular, capotamento ou ejeção? o Qual a velocidade que ocorreu o acidente? o A vítima estava utilizando dispositivos de segurança? o Onde supostamente estão as lesões mais graves? o Que caminho foi seguido pela energia do impacto? o Quais órgãos podem ter sido lesados no caminho? [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 4 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Ferimento por arma branca ou ferimento por arma de fogo o Onde estava o agressor? o Que arma foi utilizada? o Qual o calibre e munição? o A que distância e ângulo foi disparado? Queda o Qual a altura? o Qual a distância de parada? o Que parte do corpo foi primeiramente atingido? Explosões o Qual a distância entre a explosão e o paciente? o Quais as possíveis lesões das vítimas? o Se houver risco de novas explosões afastar-se da área de forma rápida e segura, por isso avalie sempre: Qual é a situação de segurança desse local? Para treinar seus conhecimentos 1. Em relação a biomecânica do trauma assinale a alternativa incorreta: a) O trauma é geralmente classificado como contuso ou penetrante e a cavitação é observada em ambos. b) No trauma contuso a cavitação é formada apenas pela cavidade temporária e se distancia do ponto de impacto. c) A coluna rígida em um impacto frontal é impactada pelo tórax. d) Quanto maior a área frontal do projétil em movimento, menor a troca de energia que ocorre. e) Durante um capotamento o carro pode sofrer muitos impactos em vários ângulos diferentes, assim como o corpo e os órgãos dos ocupantes. 2. Em um acidente automobilístico, o efeito chicote pode causar: a) Hemiplegia b) Paraplegia c) Tetraplegia d) Monoplegia e) Paralisia cerebral [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 5 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] uando chegamos em uma cena de um acidente, nos deparamos com uma certa dúvida: ajudar ou ficar fora auxiliando? Além do que, é normal que mesmo socorristas experientes, podem ficar nervosos com a cena de um acidente. O intuito desse capítulo então, é auxiliar na aplicação do protocolo de salvamento pré-hospitalar. A prioridade de qualquer cena de acidente, seja batida de carro ou briga entre pessoas com vítima, é a SEGURANÇA DO LOCAL! Mas o que é isso? Definimos a segurança do local como uma forma de proteção que busca evitar situações que ofereçam riscos ao socorrista, à vítima e a outras pessoas para que não ocorram novos acidentes. Lembre-se, a vida mais importante da cena é a do socorrista, pois é ele que salvará a real vítima. Colocar a vida do socorrista em perigo é propiciar para a formação de novas vítimas! Colocaremos a segurança do local de uma forma didática: Reconhecimento do local da cena Momento esse de reconhecer onde está acontecendo a cena. É em uma avenida movimentada ou em um campo de futebol? Cada cena tem sua particularidade. Em uma avenida movimentada, é de suma importância que você não se coloque entre os carros para tentativa de salvamento, já em um campo de futebol, podemos perceber que o perigo é menor. Sinalização do local da cena Na cena de uma avenida movimentada, antes de qualquer tentativa de iniciar um atendimento, é de suma importância que o local seja sinalizado para que o transito pare. Nesses momentos, devemos ser criativos. Cada carro vem com o sinalizador em triângulo, porém podemos usar vários objetos ao nosso redor. Local que ocorreu o acidente Você precisa reconhecer o local desde uma cidade até em uma fazenda. Reconhecer nesse caso, significa saber o local que o acidente ocorreu e onde a vítima está. Lembre-se, que por mais que não saiba o local exato que o acidente ocorreu, você pode dar referências para quando for ligar para ajuda. Por exemplo: Acidente ocorreu na Avenida Ceará, perto do clube AABB, no sentido centro, antes da rotatória. Ligando para ajuda Primeiro, você deverá decorar alguns números de telefones, essenciais para qualquer cidadão. Colocaremos em um quadro e você preencherá junto com o palestrante: TELEFONE ÚTEIS SAMU BOMBEIROS POLÍCIA MILITAR Mecanismo do trauma (acidente) Na maioria das vezes, não damos importância para o mecanismo do trauma, ou seja, como ele aconteceu. Entretanto, isso auxilia os socorristas profissionais a procurar lesões que no pré- hospitalar (fora do hospital) não conseguimos perceber. Há estudos que olham como cada acidente ocorre para poder perceber como que o socorrista deve abordar. Aqui, o simples fato de você perceber como o acidente ocorreu é de grande [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 6 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] auxílio. Você pode entender melhor sobre isso no capítulo de biomecânica do trauma! Número de vítimas Esse tópico também é de suma importância para o manejo da cena. Em um acidente carro com carro, podemos ter no mínimo 2 vítimas, e seu papel antes da abordagem é saber se estão feridas e necessitam de apoio de uma ou duas ambulâncias, por exemplo. Em um acidente carro com moto, o motorista do carro pode estar andando sem nenhuma lesão, já o motociclista, estar caído no chão necessitando de ajuda. Assim como, um acidente com múltiplas vítimas, como engavetamento de carros. Saber o número de vítimas é uma informação que mudará todo manejo do salvamento! Afastar curiosos Você já se deparou com um acidente na vida, certo? Percebeu que vários curiosos juntam ao redor do acidente para olhar sem a intenção de ajudar? Sim, isso é real. Uma tarefa árdua do socorrista é afastar os curiosos da cena, pois só atrapalham. Você deve nesse momento ter uma postura firme e solicitar que as pessoas se afastem, tanto para segurança delas quando para iniciar o atendimento. Proteção do socorrista Além da proteção antes de chegar no paciente, a pessoa que vai ajudar, precisa entender que o contato com secreções da vítima, como sangue,pode transmitir doenças. Assim, entra no papel da segurança do local, se proteger. Mas espera aí, você está dizendo que preciso andar com luvas em todos os locais que vou? Não necessariamente. Você pode se proteger sendo criativo, colocando materiais impermeáveis que vão protege-lo de certa forma, como sacos plásticos, para não ter contato direto com secreções. Lembre-se, materiais como camisetas ou panos, não são indicados, uma vez que absorvem as secreções e fazem o contato com a pele! Após todo esse percurso que caminhamos juntos, você pode perceber que a segurança do local é a prioridade na cena! Com a segurança estabelecida, o socorro a caminho e a garantia que o acesso é seguro, o socorrista deve se aproximar da vítima e iniciar a avaliação inicial. Método XABCDE O método que utilizaremos é estudado por vários especialistas do mundo em resgates no pré- hospitalar. Foi criado uma forma didática para que os socorristas consigam avaliar primeiro o que mais mata na cena do acidente. Cada etapa deve ser respeitada. Não se pode pular etapas aqui. Você apenas pode passar para o tópico seguinte se a etapa anterior estiver solucionada. Entenda que na vida real todas as etapas são feitas juntas em um único conjunto e de forma rápida! Separaremos cada etapa para melhorar a didática. Ademais, nesse capítulo, estudaremos como reconhecer cada etapa e a importância de cada uma, auxiliando, assim, no estudo e na compreensão dos capítulos posteriores. Controle de Sangramento Externo Iniciaremos olhando para o paciente e procurando o que mais mata fora do ambiente hospitalar, sendo esse, a Hemorragia Exsanguinante, ou seja, um sangramento intenso e de coloração vermelho vivo. Esses sangramentos têm alguns locais preferidos, como a barriga (abdômen), a bacia (pelve) e as pernas, onde passam grandes vasos. O sangramento arterial é causado por uma lesão que corta/lacera uma artéria (vaso que leva o sangue oxigenado). Esse é o tipo de perda de sangue mais importante e difícil de controlar. É geralmente caracterizado por jorrar sangue de cor vermelho vivo. O sangramento arterial pode também apresentar-se como sangue que rapidamente "escorre" de uma ferida se uma artéria profunda se ferir. O controle rápido do sangramento é um dos mais importantes objetivos nos cuidados de um paciente traumatizado. O cuidado primário não pode avançar a menos que a hemorragia externa seja controlada. Mas como controlar esse sangramento? O controle é feito de várias formas, sendo a mais utilizada a [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 7 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] compressão direta e o torniquete. No capítulo de hemorragias aprenderemos qual e como cada uma é indicada. Controle da Cervical e Vias Aéreas No controle da cervical, a vítima nessa etapa deve ter a cabeça e o pescoço imobilizados para que não faça movimentos bruscos, pois qualquer movimento pode desencadear sérias sequelas ou até mesmo leva-la a morte. Faremos isso com alguns passos antes de encostar no paciente: 1. Espalme as mãos! (Deixando todos os dedos livres) 2. Mexa o dedão (polegar - para se lembrar que quando colocá-lo no paciente ele terá um local específico para ficar) 3. E repita: FIRME! Esses passos podem parecer infantis, mas auxiliam muito no momento de tensão da cena: 1. O primeiro passo te lembra que para encostar no paciente, suas mãos devem estar bem espalmadas no rosto da vítima, garantindo assim que preencha o seu rosto com suas mãos. 2. O segundo passo, fala sobre o polegar (também conhecido popularmente como dedão), que você deve colocá-los na testa da vítima. 3. Já o terceiro passo, te lembra que você não deve colocar muita força no momento do controle da cervical e nem segurar a cabeça com a mão fraca, você deve segurar FIRME. Atente-se para a imagem abaixo de como realiza-lo: Para que não ocorra nenhum movimento brusco, além do controle correto, você deve se posicionar para que ninguém que encoste em você possa mover suas mãos ou seu corpo e prejudique sua técnica. Para isso, você deve deitar no chão e realizar o controle de cervical. Assim, a técnica de controle estará correta. Feito isso, passaremos para segunda parte, o controle das vias aéreas (consiste no caminho que o ar passará). Nos estudos, essa etapa é a que mata mais rápido. Perceba então a importância da técnica correta. Existem 2 tipos de abertura que conseguem abrir a via aérea do paciente de forma efetiva: a elevação do queixo e a tração da mandíbula. Quando usar um ou o outro? Vai depender de uma única coisa: Você suspeita que tem o paciente que está atendendo pode ter tido lesão na cervical? Se a resposta for sim, você deverá utilizar a tração da mandíbula, pois essa é capaz de abrir a via aérea sem movimentação brusca e impede que o socorrista faça a lesão de cervical. Se a resposta for não, utiliza-se a elevação do queixo. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 8 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Mas como posso suspeitar que houve lesão na cervical? Utilizarei um exemplo para que possa entender. Você terá uma aula sobre desmaio, que brevemente a pessoa perde a consciência e cai no chão. Os estudos mostram que quando a pessoa cai da própria altura, ela provavelmente não lesionou a cervical. Portanto, uma pessoa que desmaiou e caiu da própria altura, provavelmente não lesionou a cervical, podendo ser realizado nela, a elevação do queixo para abertura de vias aéreas. Por outro lado, em um acidente de carro com a vítima ejetada pelo para-brisa do carro, o paciente tem enormes chances de ter lesionado a cervical. Portanto, realizaremos nela a tração da mandíbula para abertura de vias aéreas. Elevação do queixo (Chin-Lift): como a manobra é realizada em vítimas que não sofreram (ou você não suspeitou) da lesão na cervical, como desmaio/queda da própria altura, você coloca uma de suas mãos na testa do paciente e outra no queixo e traciona, fazendo com que o pescoço vá para frente. Isso ocasionará hiperextensão do pescoço, melhorando a passagem de ar. Tração da mandíbula (Jaw-Thrust): essa manobra é realizada quando se tem lesão de cervical (ou suspeita). Mantendo a posição que já conversamos no controle da cervical, você utilizará os dedos apoiados na cabeça para fazer com que a pessoa abre a boca (via aérea) e você consiga olhar se há obstrução e facilitar a passagem de ar, não mexendo na cervical da vítima. Após realizado essas manobras, você poderá observar na boca do paciente se existe algum objeto obstruindo a via aérea. Caso perceba algum objeto, você poderá realizar o movimento de pinça com os dedos e retira-lo. Movimento de pinça: com dois dedos, você poderá retirar objetos na boca da vítima, caso perceba algo dentro. Não será todas as vezes que poderá fazer isso, como na convulsão, mas conversaremos depois sobre isso. Vamos relembrar o significado da letra A no atendimento da vítima: IMPORTANTE: DEVE-SE CONSIDERAR QUE TODO PACIENTE POLITRAUMATIZADO POSSUI LESÃO DE CERVICAL ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO! Lembrete: em casos de sufocação (“pessoa engasgada”), você poderá realizar outras manobras, que falaremos no próximo capítulo (3). [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 9 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Ventilação Nesse momento, cuidaremos então da ventilação da vítima, que consiste em saber se ela está respirando (expandindo o tórax). Não confunda: via aérea é o caminho que o ar faz para chegar no pulmão, ventilação é a capacidade de utilizar o ar que chega no pulmão para realizar as trocas gasosas. Para avaliar a ventilação, faremos o VER, OUVIR E SENTIR. Que consiste em verse a pessoa está respirando, olhando para o tórax (peito) da vítima, ouvir a respiração passando pela via aérea e sentir em seu rosto (socorrista) o ar passando. Ela estará respirando quando o tórax se elevar e depois voltar a posição inicial, você ouvir a respiração e sentir em sua pele. Para isso, você deve se posicionar próximo da vítima, conforme a imagem abaixo. Caso não perceba no paciente nenhum desses parâmetros, o paciente apresenta uma parada respiratória. Falaremos disso no capítulo de Suporte Básico de Vida (7). Para um exercício de memória, complete o espaço abaixo com o mnemônico da letra B: Circulação e Controle de Sangramentos Cuidaremos agora do controle da circulação do sangue no corpo da vítima. Para isso, existe um mnemônico que nos ajudará a decorar esses passos, o HPPP. H Hemorragias P Pele P Pulso P Perfusão Para explicar o mnemônico, na letra H, você deve entender que haverá no mesmo paciente a possibilidade de uma hemorragia exsanguinolenta (sangramento de coloração vermelho vivo) que já conversamos na letra X, e poderá ocorrer sangramento de pequenas escoriações (machucados, “ralados”) e hemorragias internas que serão abordados nesse momento. Assim, na letra H do HPPP, estaremos falando desses outros sangramentos. E afinal, como reconhece-los já que eles “não são vistos na primeira vez”? Você passará de novo o olhar no corpo inteiro da vítima procurando locais com sangramento. Lembre-se que caso ache algum, deverá tratar naquele momento. Se não visualizar nenhum, com luvas ou sacos plásticos, coloque suas mãos nos espaços entre o corpo da vítima e o chão e procure sangramentos. Sempre ao colocar a mão nesses espaços, você deve olhar para sua mão e dizer o que está vendo em voz alta: “NÃO TEM [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 10 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] SANGUE” ou “TEM SANGUE”. Porque devo falar em voz alta? Porque nos momentos de tensão, talvez sua atenção esteja voltada para outro local, falar em voz alta puxa sua atenção para aquele momento. Após realizado essa inspeção externa, agora você precisa olhar para a pele da vítima, a procura de hemorragias internas. Esse momento é complicado, pois você deve conciliar o pudor do paciente com algo extremamente necessário. Portanto, indicamos que faça com ética, lembrando que esse momento é de extrema tensão. Levante a blusa do paciente e procure por hemorragias. A maioria das mulheres utilizam sutiã, sendo esse um ponto de acúmulo de sangue, lembre-se de olhar. A pelve (bacia) é um ponto de sangramento e você deve olha-lo levantando gentilmente a calça e procurando por focos de sangramento. Você pode ainda se deparar com um sangramento interno, que se apresentará com formação de hematoma, equimose (região da pele de coloração roxa). Na primeira letra P de Pele, observamos como está a pele da vítima tocando-a. Verificando a: Cor (pálida, vermelha ou roxa); Temperatura (fria ou quente) e Umidade (úmida ou seca). Isso trará aspectos de como essa vítima está. Pacientes com pele pálida ou roxa, fria e úmida, me indicam uma possível hemorragia! No segundo P de Pulso, poderemos observar o pulso. Para perceber o pulso, você utilizará os dedos indicador e médio, colocando-os no pescoço para observador o pulso carotídeo. Para isso, acha o pomo de adão, deslize dois centímetros para o lado e aperte (esquemático na figura abaixo). O último P de Perfusão, verifica se está ocorrendo a chegada de sangue nas extremidades, podendo ser observado ao pressionar o leito ungueal (unha) e visualizando inicialmente que o tecido fica branco e depois retorna para coloração normal. Também, é possível perceber ao pressionar a extremidade de um dedo, visualizando o mesmo acontecimento. A perfusão deve ser menor que 2 segundos, caso esteja maior, algum distúrbio pode estar ocorrendo. Antes de passarmos para próxima etapa, complete o quadro: ATENÇÃO: não se pode avaliar o pulso periférico do paciente, uma vez que nos casos de hemorragias, ele pode estar ausente, ficando apenas o pulso carotídeo presente! [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 11 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Avaliação Neurológica Ao chegar na cena, você pode se deparar com diversos tipos de pacientes. Alguns podem estar acordados e gritando, outros podem estar inconscientes. A avaliação neurológica, na verdade, vem antes do método XABCDE, pois ao chegar na cena, consegue perceber como esse paciente está. A letra D está antes e junto com o método. Para o D, o mnemônico será AVDI, uma escala (classificação) na qual colocaremos o estado neurológico do paciente que estamos atendendo. A Alerta V Responde a estímulo verbal D Responde a estímulo doloroso I Inconsciente Na escala, a letra A corresponde ao paciente que está alerta, ou seja, quando chega na cena ele é capaz de falar. A letra V, corresponde ao paciente desacordado que quando o chama, ele responde. A letra D, corresponde ao paciente que não responde ao estímulo verbal, mas quando realiza um estímulo doloroso, ele responde. E a letra I, corresponde ao paciente que não responde a nenhum estímulo anterior. Preencha o quadro: Ambiente A letra E é a última etapa do atendimento pré- hospitalar, no qual procuraremos lesões que ainda não vimos e colheremos a história do paciente. Alguns aspectos da história do paciente nem sempre é possível, pois ele pode estar inconsciente. Aqui, o mnemônico é a História SAMPLA. S Sinais Vitais e Sintomas A Alergias M Medicamentos em uso P Prenhez (gravidez) / Passado Médico L Líquidos ou Alimentos ingeridos A Ambiente Conforme diz a tabela, na letra S procuraremos os sinais vitais da vítima, conforme aprendemos nas etapas passadas (respiração, pulso), e caso paciente acordado, questiona-lo se está sentindo algo. Na letra A, questionaremos para o paciente acordado ou ao acompanhante (familiar ou amigo) se o paciente apresentar alguma alergia. Na letra M, o uso de medicações de uso contínuo ou no momento. Na letra P, se a vítima mulher está grávida ou a presença de alguma doença. Na letra L, se ingeriu algo antes do acidente. E na última letra A, verificaremos o ambiente, principalmente se há presença de hipotermia (baixa temperatura corporal) na vítima. Faremos agora o último exercício de memória, preencha a tabela: ATENÇÃO: o estímulo doloroso, deve ser realizado com a mão fechada com fricção na região central do peito do paciente. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 12 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Finalizamos então o atendimento inicial à vítima. Relembre agora mentalmente cada etapa, pois esse capítulo se remete ao atendimento de todas as vítimas e será usado nos capítulos posteriores. Para treinar seus conhecimentos 1. Um acidente carro-moto na Avenida Ceará para o trânsito no sentido UFAC-Centro, próximo ao clube AABB. No local, vítima no chão com sangramento ativo em abdome e fratura de membros inferiores. Ao redor, inúmeros curiosos, e vazamento de gasolina da moto. Qual a conduta que deve tomar? a) Iniciar avaliação da vítima b) Compressão de sangramento ativo c) Avaliar nível de consciência d) Segurança do local 2. Acidente carro-carro na saída do Shopping, com engavetamento de outros carros na rodovia. Dentro do carro 1, percebe vítima mulher com sangramento ativo em face, vítima criança no banco de trás com choro incontrolável, e motorista inconsciente. No carro 2, vítima com fratura de membro superior direito e idoso agitado. Passando um grupo de universitários e decidem, após segurança do local, realizaro atendimento das vítimas. Bruna fica com a vítima mulher no carro 1 Jorge fica com motorista no carro 1 Roberta fica com criança do carro 1 Júlio fica com motorista do carro 2 Ana Júlia com idoso do carro 2 Conforme o atendimento de cada pessoa, responda à questão: a) Bruna deve avaliar se a via aérea está pérvia como primeira conduta. b) Jorge deve avaliar primeiro se a vítima responde os estímulos do AVDI. c) Roberta deve primeiro pegar a criança no colo e no chão avaliar a vítima. d) Júlio deve avaliar primeiro o risco de sangramento na fratura. e) Ana Júlia deve perguntar primeiro qual medicação o idoso toma antes de iniciar o atendimento. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 13 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] sufocação ocorre quando há bloqueio da passagem do ar para os pulmões – por uma obstrução total ou parcial das vias aéreas. A vítima, então, possui muita dificuldade em respirar, podendo evoluir com parada respiratória. As vítimas mais envolvidas nesse tipo de acidente são as crianças menores de 4 anos (alimentos e objetos pequenos) e os idosos maiores de 65 anos (prótese dentária). Obs.: após 3 a 6 minutos sem respirar, a falta de oxigênio no cérebro da vítima acarreta danos prejudiciais ao indivíduo. Por isso, é importante que haja atendimento imediato em casos de sufocação. PRINCIPAIS CAUSAS Toda situação capaz de levar à dificuldade de passagem de ar pelas vias aéreas é uma condição potencialmente causadora de sufocação, as principais causas são: 1) OBSTRUÇÃO POR CORPO ESTRANHO: nesse caso, objetos atingem a via respiratória (onde há passagem de ar para os pulmões) ao invés de seguir o caminho normal para o estômago, impedindo uma ventilação eficaz. Alguns objetos são mais comuns de causarem essa situação: alimentos (chicletes, balas pedaços de carne, amendoins, pipoca, etc.), próteses dentárias e pequenos objetos (moedas, brinquedos infantis pequenos, chaves, etc.). 2) INCONSCIÊNCIA OU DESMAIO: é comumente causada por condições que levam a alterações neurológicas como traumas, uso de drogas lícitas e ilícitas e determinadas situações como a hipoglicemia (diminuição dos níveis de açúcar). Na inconsciência, a sufocação é causada pela “queda da língua” sobre a faringe, que impede a passagem de ar para a garganta e/ou pela broncoaspiração (aspiração de líquidos provenientes do estômago) – a inconsciência provoca a perda de mecanismos de proteção existentes nas vias aéreas, que seriam capazes de impedir a inalação do conteúdo gástrico que poderia refluir (vômito). 3) QUEIMADURAS EM VIAS AÉREAS: ocorrem, principalmente, em vítimas de incêndio, devido à inalação do ar quente. Uma das situações mais graves é o inchaço da glote (estrutura presente nas vias aéreas) que pode levar à obstrução da passagem de ar, sufocando a vítima. 4) CONTUSÃO DIRETA SOBRE AS VIAS AÉREAS: Um impacto direto sobre o “tubo” que leva o ar aos pulmões pode produzir sangramentos em pequena ou grande quantidade e/ou inchaço da glote, o que pode levar a uma obstrução das vias aéreas. 5) SUBMERSÃO NA ÁGUA OU “QUASE AFOGAMENTO”: Nessa situação, a vítima apresenta um reflexo denominado espasmo de glote, em que a via aérea é obstruída pelo próprio organismo na tentativa de evitar a entrada de água para os pulmões. Em contrapartida, a vítima pode não apresentar o fechamento da glote, culminando com a inalação de quantidades variáveis de água. COMO RECONHECER UMA VÍTIMA SUFOCADA? A vítima com dificuldade respiratória, principalmente devido a uma obstrução, na maioria das vezes, encontra-se: Agitada, angustiada e com os olhos esbugalhados; [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 14 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Com respiração difícil e emitindo ruídos semelhantes a roncos; Apresentando os lábios arroxeados; Tosse excessiva ou muitas vezes sem conseguir ao menos tossir; Dificuldade para falar; A vítima pode, eventualmente, realizar o sinal universal da sufocação: a vítima aponta com o dedo indicador para a garganta, ou apenas leva as duas mãos ao pescoço, abraçando-o e deixando claro que existe algum problema nessa região. Fig.1: sinal universal de sufocação. COMO PROCEDER EM UMA SUFOCAÇÃO? Existem quatro situações diferentes com as quais um socorrista pode se deparar quando falamos de sufocação: 1) Sufocação em vítimas conscientes – proceder da seguinte forma: I. Acalmar a vítima, demonstrando confiança; II. Após acalmá-la, deve-se utilizar o primeiro recurso para tentar expulsar o objeto que está obstruindo as vias aéreas: peça a vítima para TOSSIR. – Este procedimento muitas vezes é o responsável pela desobstrução e recuperação da vítima sufocada; III. Caso o estímulo para a tosse não seja suficiente e o corpo estranho não seja expelido, deve-se realizar a MANOBRA DE HEIMLICH, que tem por objetivo expulsar o corpo estranho, utilizando a pressão do volume de ar residual existente nas vias aéreas inferiores. Na tentativa de expulsão desse volume, o corpo estranho recebe uma pressão orientada no sentido das vias aéreas superiores, conduzindo-o, por força mecânica, rumo à boca. IMPORTANTE: Deve-se empregar a Manobra de Heimlich como a segunda alternativa na sufocação, caso o estímulo de tosse não seja suficiente para expelir o objeto. Técnica da Manobra de Heimlich: 1) Estando atrás da vítima, posicione-se perpendicularmente ao corpo dela (usando uma de suas pernas entre as pernas da vítima para apoiá-la, caso ela perca a consciência) e envolva seus braços como se fosse abraçá-la; 2) Um dos punhos deverá estar fechado, com o polegar para dentro. A outra mão deverá sobrepor à primeira. Os movimentos de pressão obedecerão à trajetória da letra J (para dentro e para cima); 3) Pressione o punho contra o abdome, entre a cicatriz umbilical e a parte inferior do osso no centro do peito (esterno). Cuidado com a força utilizada! Ajuste-a ao tamanho da vítima. Fig. 2: Manobra de Heimlich IMPORTANTE: No caso de obesos ou gestantes, a manobra poderá ser realizada da mesma maneira. Porém, o local de posicionamento das mãos será o mesmo daquele utilizado em manobras de RCP (linha entre os mamilos). Fig. 3: posicionamento correto das mãos em obesos. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 15 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] 2) Sufocação em vítimas inconscientes: I. Após verificar que a vítima se encontra inconsciente, a primeira atitude é contatar o socorro especializado. II. Em seguida, deve-se realizar a verificação das vias aéreas como manda o ABC da vida, e como já foi apresentado nessa apostila. IMPORTANTE: Ao realizar o procedimento com vítima inconsciente (deitada), deve-se atentar para a posição da cabeça, que deve estar lateralizada (posição de drenagem) para impedir que o objeto, uma vez na cavidade oral, não retorne à sua posição obstrutiva. III. Feito isso, é mandatória a realização da Manobra de Heimlich com a vítima deitada. – Neste caso, o socorrista posiciona-se de joelhos fletidos, acima da cintura da vítima. Voltado para a cabeça dela com as duas mãos unidas, efetua uma variação do movimento expulsivo realizado na Manobra de Heimlich, empurrando a palma da mão dominante no local logo abaixo do ângulo formado pelo encontro das últimas costelas (ângulo de Charpy) em direção ascendente, criando uma pressão capaz de expulsar o corpo estranho. O movimento é sempre feito lembrando-se a trajetória da letra J. Fig. 4: manobra de Heimlich – vítima em decúbito dorsal. IV. Se a vítima entrar em parada respiratória, efetuam-se os seguintes procedimentos: a) Verificar asvias aéreas, como manda o ABC da vida, através das manobras já ensinadas (elevação do mento ou elevação do ângulo da mandíbula) e tentar identificar o objeto, que pode ter saído pouco antes ou durante o desmaio; b) Realizar 1 insuflação de resgate e verificar se o peito expande. Se não expandir, significa que ainda há um corpo estranho obstruindo a passagem de ar e novas insuflações podem empurrar o objeto ainda mais através da via aérea; c) Em seguida realiza-se a Manobra de Heimlich em vítimas inconscientes, como já elucidado nessa apostila. A MANOBRA DE HEIMLICH É EFETUADA EM CONJUNTO COM A MANOBRA DE VERIFICAÇÃO DAS VIAS AÉREAS, ATÉ A VÍTIMA TOSSIR OU ATÉ A VISUALIZAÇÃO DO CORPO ESTRANHO. Lembre-se: O cérebro humano pode suportar apenas 4 a 6 minutos sem o fornecimento de oxigênio. 3) Sufocação em bebês e crianças: Bebês: o socorrista promove a verificação das vias aéreas (observando se é possível visualizar e remover o objeto, cuidadosamente, com movimento de pinça) acomodando a vítima nos braços. Se o objeto que está obstruindo as vias aéreas não estiver visível, ele deve debruçar o bebê sobre os joelhos e realizar a tapotagem (quanto à quantidade, recomenda-se de 3 a 5 tapas). Se não for suficiente, o socorrista deve virar o bebê e, com os dedos indicador e médio posicionados na região torácica (centro do peito), deve realizar até 5 compressões. Se ainda não houver desobstrução, as técnicas (tapotagem e compressão) devem ser intercaladas. É muito importante que o socorrista, ao fim de cada técnica esteja sempre verificando as vias aéreas para checar se o objeto se encontra visível ou não. Se sim, ele deverá ser cuidadosamente retirado. Fig. 5: manobra em lactente. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 16 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Crianças maiores: as compressões podem ser realizadas com as mãos posicionadas de forma semelhante à manobra no adulto. Sugere-se que o socorrista sente a criança no colo afim de que o movimento seja eficiente. Fig.6: manobra em crianças maiores 4) Sufocação do próprio socorrista: a) Tente avisar as outras pessoas; b) Faça o sinal universal da sufocação; c) Se estiver só, poderá realizar a Manobra de Heimlich em si mesmo ou pressionar seu próprio abdome inclinando-se sobre qualquer objeto de borda romba (cadeira). Fig. 7: manobra no próprio socorrista Para treinar seus conhecimentos 1) (FUNIVERSA – 2015). Uma criança de oito meses de idade, saudável, foi deixada pela mãe em seu berço com um balão de festa de aniversário. Algum tempo depois, a criança foi encontrada com extremidades arroxeadas, tosse e grande dificuldade respiratória. Considerando essa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta a provável causa do quadro clínico e a conduta correta para a situação. a) Trata-se, provavelmente, de quadro de apneia idiopática, muito comum nessa faixa etária e uma das principais causas de morte súbita na infância. Devem-se, nesse caso, iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação. b) Trata-se, provavelmente, de quadro de engasgamento com asfixia, muito comum nessa faixa etária. A conduta indicada, nesse caso, é entrar em contato com o serviço de emergência e iniciar as manobras específicas para expelir o corpo estranho das vias aéreas. c) Trata-se, provavelmente, de quadro de asma aguda e a criança deve ser imediatamente levada a um serviço de emergência. d) Devido às múltiplas causas de dificuldade respiratória nessa faixa etária, não é possível inferir a causa, devendo-se acionar o serviço de urgência e aguardar sua chegada, pois a remoção da criança por leigos pode agravar o quadro. e) Devido às múltiplas causas de dificuldade respiratória nessa faixa etária, não é possível inferir a causa, devendo-se procurar um serviço de emergência o mais rápido possível. 2) (FCC – 2011). Considere o procedimento a seguir: Ficar de pé, atrás, com seus braços ao redor da cintura do socorrido, colocando a sua mão fechada com o polegar para dentro, contra o abdômen da vítima, ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas, agarrando, na sequência, firmemente o pulso com a outra mão e exercendo um rápido puxão para cima. O nome e a aplicação da intervenção de primeiros socorros que consta deste procedimento, são, respectivamente: a) Manobra de Heimlich – desengasgamento. b) Massagem cardiopulmonar – ressuscitação. c) Artifício de Johnson – retomada de consciência. d) Massagem cardíaca com alongamento – estabilização da pulsação. e) Pressão carotídea – verificação dos sinais vitais. LEMBRE-SE Ao se deparar com uma vítima de sufocação: 1. Não se desespere e ACALME A VÍTIMA 2. Peça para a vítima tossir 3. Se a via aérea não foi liberada, proceda com a Manobra de Heimlich ATENÇÃO: A manobra de Heimlich deve sempre ser revezada com a manobra de verificação das vias aéreas. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 17 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] afogamento diz respeito ao comprometimento respiratório a partir da submersão em líquido. Não raro, esse processo desencadeia em minutos a hipoxemia, a apneia e a perda de consciência – que pode evoluir para uma parada cardíaca. Visto isso, faz-se essencial dominar as práticas de salvamento aquático. “Afogamento é a terceira causa de morte não intencional do mundo. ” (PHTLS, 8ª edição). Sendo, ainda, a maior causa de morte prevenível em todas as idades – apesar de ser epidêmica em crianças. Os incidentes fatais ocorrem, principalmente, em locais com água natural, tais como lagos, rios e oceanos. No entanto, não se deve menosprezar a ocorrência de episódios fatais em situações que aparentemente não oferecem riscos, como é o caso das piscinas, banheiras e, até mesmo, água respingada sobre o rosto. Principais causas: Inabilidade para nadar; Cansaço; Trauma em águas rasas; Perda de consciência em ambientes aquáticos; Uso de drogas e bebidas alcóolicas; Doença pré-existente, como epilepsia, por exemplo, e Hipotermia. No processo de salvamento de uma vítima de afogamento, alguns fatores influenciam no resultado, entre eles: Idade: a reanimação em crianças e bebês são mais bem-sucedidas. Tempo de submersão: a submersão por mais de 1 hora é, provavelmente, fatal. Esforço: vítimas de submersão que se esforçam menos, têm uma melhor chance de reanimação. Como proceder: Após o reconhecimento da vítima, deve-se chamar por Socorro e sinalizar a margem com um objeto na direção do indivíduo que está se afogando – para que se tenha noção do local em que a vítima foi vista se afogando, facilitando, assim, o resgate. Feito isso, deve-se realizar os seguintes procedimentos: I. Na água Alcance. Tente realizar o resgate com um mastro, uma vara ou um remo. É importante que o socorrista se mantenha em terra ou em um barco. Além disso, previna-se para evitar que seja puxado para a água. Jogue. Quando não for possível alcançar, jogue alguma coisa em que a vítima possa se segurar – como um salva-vidas ou uma corda. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 18 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Reme. Se for necessário entrar na água, é preferível usar um barco ou uma prancha para chegar até a vítima. Pois, resgates a nado NÃO são recomendados! Caso o socorrista não seja devidamente treinado para isso, o resgate a nado pode desencadear um duplo afogamento. Priorize a sua própria segurança para que não se torne uma vítima adicional. Reboque. Uma vez que a vítima tenha uma corda de resgate, reboque-a para um local seguro. Horizontal. Mantenha a vítima na horizontal em relaçãoa água no processo de retirada. OBS.1: No momento do resgate, deve-se entrar na água com o mínimo de roupa possível. Assim, a eficiência do processo não fica comprometida, possibilitando a remoção mais rápida da vítima. II. Da água para a terra Técnica australiana de transporte. Esta técnica exige que o socorrista coloque seu braço esquerdo sob a axila esquerda da vítima. Depois de transpassar, também, o braço direito sob a axila direita do afogado, o socorrista deve segurar o queixo do indivíduo. Esta técnica reduz a incidência de vômitos e permite a manutenção das vias aéreas pérvias durante todo o transporte. III. Na terra Aqueça a vítima. É mais seguro presumir que os pacientes de submersão estão hipotérmicos até que se prove o contrário. Coloque-a em posição de drenagem. Caso a vítima esteja inconsciente ou com seu nível de consciência rebaixado, deve-se colocá-la em posição de drenagem. Essa configuração corporal irá evitar que o paciente aspire vômito. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 19 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Inicie a RCP. Caso a vítima esteja em parada cardiorrespiratória. OBS.2: A Manobra de Heimlich não foi desenvolvida para retirar água das vias aéreas nem dos pulmões. Pelo contrário, a manobra pode induzir vômitos em pacientes de submersão e colocá-los em maior risco de aspiração. Deve-se, portanto, executar essa manobra apenas quando as vias aéreas estão bloqueadas com material estranho. OBS.3: Não dê comida, bebida, tampouco algum medicamento para a vítima. Como prevenir? Sempre nade perto de um salva-vidas; Pergunte para um salva-vidas quais são os locais seguros para nadar; Sempre nade com outras pessoas; Não superestime sua capacidade de nadar; Sempre vigie suas crianças; Nade longe de pedras, pilares e estacas; Evite tomar bebidas alcóolicas e refeições pesadas antes de nadar; No mar, evite nadar nas correntes de retorno; Nunca tente resgatar alguém se não dominar as técnicas para isso e se não for um excelente nadador; Não mergulhe em água rasa; Instale cercas de segurança ao redor das piscinas; Feche as piscinas quando ninguém estiver usando; Uso de colete salva-vidas em embarcações; Educação sobre noção de natação e flutuação para as crianças. Para treinar seus conhecimentos 1) Por quais motivos evita-se ao máximo entrar na água ao socorrer um afogado? 2) Ao avistar uma vítima de afogamento, quais são os procedimentos ideais para retirá-la da água? [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 20 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] s vasos sanguíneos armazenam e distribuem o sangue para as várias regiões do corpo. O extravasamento de sangue do sistema cardiovascular é definido como Hemorragia. O sangue é responsável por levar oxigênio e nutrientes aos tecidos e por retirar dióxido de carbono e metabólitos para serem excretados. Logo, se a hemorragia não for controlada os tecidos entrarão em falência devido à falta de oxigênio. As hemorragias podem ser classificadas quanto ao tipo e quanto ao vaso lesado: Tipos de Hemorragia 1. Hemorragia Externa: Resulta de um ferimento com extravasamento de sangue para o exterior. 2. Hemorragia Interna: Resultante de lesão dos órgãos internos, decorrente de traumatismos em seus respectivos sistemas, caracterizando a passagem de sangue do interior dos vasos para as cavidades do organismo, não ocorrendo a exteriorização e a possível visualização sanguínea. Quanto ao Vaso lesado 1. Hemorragia Arterial: Sangue de cor vermelho vivo, sangramento se apresenta em jatos devido as batidas do coração. 2. Hemorragia Venosa: Sangue de cor vermelho escuro, sangramento se apresenta contínuo. 3. Hemorragia Capilar: Sangue de cor vermelho vinhoso, sangramento se apresenta em lençol. Como reconhecer uma hemorragia? O tempo estimado de coagulação sanguínea varia de 1 a 3 minutos, o que por si só já pode findar uma hemorragia. Todavia, dependendo do diâmetro do vaso, pressão dentro do vaso e presença de fatores coagulantes a hemorragia pode persistir e levar à morte. Logo, feridas com sangramento ativo devem ter prioridade no tratamento de pacientes traumatizados e com isso tratadas com rapidez e eficiência. Lembre-se sangue é vida, nenhum sangramento é pequeno e cada hemácia conta! Sinais de hemorragia externa: 1. Presença de sangramento visível 2. Aumento da frequência respiratória (> 20 incursões respiratórias por min) 3. Aumento da frequência cardíaca (> 100 batimentos por min) 4. Queda da pressão arterial (< 120/80mmHg). 5. Rebaixamento do nível de consciência 6. Aumento do tempo de reenchimento capilar Sinais de hemorragia interna: 1. Equimose em tórax ou abdome (Pele arroxeada) 2. Pele pálida e fria 3. Sudorese acentuada 4. Mucosas hipocoradas 5. Tontura 6. Dedos dos pés e das mãos arroxeados 7. Aumento do tempo de reenchimento capilar 8. Sinais vitais anormais são um indicativo tardio, que quando identificado, significa que a hemorragia está em um estágio mais avançado. Portanto, não pode ser usado como fator isolado e soberano na constatação de uma hemorragia interna. ATENÇÃO: Idosos, neonatos, gestantes e atletas apresentam fatores de confusão devido a fisiologia diferenciada. Logo, é crucial que o socorrista tenha em mente que alguns sinais não serão alterados, mas que a observação e tratamento devem ser feitos com cautela redobrada. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 21 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] O que fazer para controlar uma hemorragia externa? É imprescindível que o socorrista tenha em mente o XABC da vida discutido no capítulo 2 de Avaliação Inicial. Logo, qualquer hemorragia ativa deve ser primeiramente abordada pelo socorrista, a fim de preservar a vida do paciente traumatizado, cabendo no passo X da sequência que significa exsanguinação. Caso necessário, remova ou corte a roupa do paciente para expor o ferimento; e melhor aborda-lo. Cuidado com materiais cortantes e outros componentes que possam colocar a integridade física do socorrista em perigo. Compressão direta sobre a lesão: A pressão manual direta ou um curativo compressivo são técnicas iniciais para controlar uma hemorragia externa. 1. Consiste na compressão direta da ferida, podendo ser realizada com as próprias mãos (caso o ferimento seja no próprio socorrista), com gaze ou pano limpo; 2. Caso o ferimento seja em terceiros, o socorrista não deve esquecer de usar luvas; 3. Se a gaze for utilizada na compressão do ferimento, lembre-se de colocar sobre o sangramento. O tempo de pressão sobre o ferimento é de aproximadamente 10 minutos. Bandagens poderão ser aplicadas, após o tempo determinado, para fixar a gaze no local; 4. Em caso de objeto empalado que impossibilite a pressão direta sobre o ferimento o socorrista deve aplicar a pressão em um dos lados do objeto ao invés de sobre ele. O objeto não deve ser retirado; 5. Em caso de sangramento persistente mesmo após a aplicação de gaze ou pano limpo esses não devem ser removidos da ferida. Novas gazes ou panos devem ser colocados por cima dos anteriores pois auxiliam no tamponamento do sangramento devido a formação de coágulos. Lembre-se de aplicar pressão sobre o ferimento. Fig. 1. Socorrista realizando compressão direta sobre a ferida Fig. 2. Curativo compressivo realizado para conter a hemorragia Torniquete: A maioria das feridas para de sangrar somente com a compressão direta realizada sobre o local. Todavia, em casos de sangramento persistente não resolvidos com pressão direta e em casos de amputação de membros ou laceraçãoextensa de membros pode se fazer uso desta técnica. 1. Utilize uma faixa de pano de pelo menos 4 cm de largura (não utilize tiras finas, fios ou cordas); 2. Coloque a faixa bem próxima a ferida; 3. Dê duas voltas com a faixa sobre o local afetado; 4. Coloque um pedaço de madeira forte ou outro semelhante (um pedaço de cano resistente, por exemplo) e faça dois nós sobre o pedaço de madeira; 5. Gire a madeira lentamente até controlar a hemorragia; 6. Anote o horário de realização do torniquete; 7. Leve a vítima o mais depressa possível ao hospital. PHTLS: Torniquetes arteriais são usados com segurança durante um período de 120 a 150 min na sala de cirurgia, sem lesões musculares ou nervosas significativas. Aliviar o torniquete não é mais indicado pois não reduz possíveis danos ao membro afetado, mas apenas aumenta a perda de sangue. Uma vez aplicado o torniquete deve ser deixado no local até que não seja mais necessário. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 22 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Fig. 3. Técnica de realização do torniquete. Fig. 4. Dispositivo de torniquete. Imobilização (Método auxiliar): Mesmo sem lesão óssea, a imobilização da área lesada e dos músculos correspondentes é um importante auxiliar na redução da hemorragia. Nos casos de fraturas, as extremidades ósseas são muitas vezes pontiagudas e cortantes e podem lacerar os músculos, tecidos ou pele, provocando ou agravando uma hemorragia. Deve-se imobilizar o local do sangramento, oferecendo melhores condições para que os mecanismos normais de coagulação exerçam suas funções. Resfriamento (Método auxiliar): O resfriamento de uma área lesada não é um mecanismo eficaz se realizado de forma isolada. É um método auxiliar e pode ser utilizado em combinação com as técnicas anteriores. Ele apenas reduz a dor e auxilia na redução dos edemas (inchaço) quando a lesão for acompanhada de contusão. O que fazer para controlar uma hemorragia interna? O tratamento deste tipo de hemorragia é cirúrgico, logo, após a identificação, deve-se transportar a vítima imediatamente para o hospital mais próximo, atentando para o estado de choque, tema abordado no próximo capítulo (6). Casos especiais Boca e nariz: Quando o sangue deixa um vaso, ele tende a coagular. O coágulo formado pode ser aspirado durante a respiração e obstruir as vias aéreas causando sufocação, ou se deglutido, pode causar náuseas. Por isso, o primeiro procedimento é evitar que o sangue se acumule dentro da boca ou nariz, inclinando a cabeça da vítima para frente, se possível com ela sentada, facilitando a saída do sangue. Na boca, se a lesão for visível, deve-se fazer um tamponamento local comprimindo com os dedos (a mão deve estar protegida), com o ferimento previamente coberto por gaze. No nariz, deve-se fazer o pinçamento com os dedos indicador e polegar para tamponar o local. Esse ato deve ser rápido para que o sangue não se acumule, inclinando a cabeça da vítima para frente. Se a lesão for próxima da parte mais externa das narinas, pode-se colocar um tampão de gaze ou algodão, mantendo sua ponta fixada externamente. Fig. 5. Manobra de pinçamento de nariz e sua posição correta Fig. 6. Posicionamento incorreto da cabeça da vítima [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 23 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Em caso de vítima inconsciente, esta deverá ser colocada com os devidos cuidados, em decúbito dorsal, com sua cabeça devidamente posicionada para o lado para facilitar o escoamento do sangue - posição de drenagem. Colocar compressas de gelo em volta do local que apresenta sangramento é válido para hemorragias das cavidades oral e nasal, pois com isto se consegue diminuir o calibre do vaso e, consequentemente, o sangramento. ATENÇÃO: Não deve ser orientado que a vítima posicione a cabeça para trás devido ao risco de broncoaspiração. Orelha: Não se deve tentar introduzir nenhum tipo de objeto e nem tamponar o local, devendo-se apenas colocar o lado atingido voltado para o solo para que o sangue não se acumule na cavidade auditiva. Em caso de hemorragia nos dois ouvidos, deve-se alternar o posicionamento da cabeça de minuto a minuto, propiciando a drenagem das duas orelhas. Em caso de vítimas politraumatizadas com otorragia (hemorragia do ouvido) e / ou equimose periorbitária (mancha arroxeada ao redor do olho), conhecida como sinal do guaxinim e equimose em região mastoidea (mancha arroxeada retroauricular), conhecida como sinal de Battle deve-se sempre suspeitar de fratura de base de crânio. Fig. 7. Sinais de Guaxinim e de Battle respectivamente. Fig. 8. Posição de drenagem da orelha Para treinar seus conhecimentos 1. Qual o tempo seguro estimado para o uso do torniquete? 2. Uma vez evidenciada a hemorragia, qual é o primeiro procedimento a ser realizado no paciente? [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 24 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] choque é um estado no qual o sistema cardíaco e/ ou circulatório se torna incapaz de garantir o fornecimento de oxigênio e nutrientes aos órgãos vitais. O objetivo principal da oxigenação celular é a manutenção do equilíbrio da produção de energia para manter o organismo funcionando de forma plena. O choque instala-se no indivíduo de uma forma progressiva, sendo muitas vezes detectado tardiamente. Se não for combatido rapidamente, pode levar a morte. Classificação Hipovolêmico: é o choque que acontece com perda de volume sanguíneo (hemorragia ou desidratação). Essa perda por hemorragia pode ser externa (fraturas expostas e cortes extensos de pele e músculo) e/ou interna, onde alguns órgãos podem se romper ou ser lacerado e provocar perda de sangue para a cavidade abdominal. Cardiogênico: é o choque que acontece devido à disfunção do músculo cardíaco, em que o coração diminuiu a força de bombeamento do sangue. Obstrutivo: é o choque que acontece devido a obstrução, impedindo o enchimento adequado do coração. Pode ocorrer em condições clínicas (tromboembolismo pulmonar – TEP) e traumáticas. Um exemplo é o pneumotórax hipertensivo traumático, onde a pleura (membrana que envolve o pulmão) é rompida, e o tórax se enche de ar, havendo compressão do pulmão e do coração, dificultando o bombeamento de sangue. Outro exemplo é o tamponamento cardíaco, que é quando o pericárdio (membrana que envolve o coração) se enche de sangue e/ou outro líquido que impede que o coração faça as contrações responsáveis pelo bombeamento de sangue. Essa situação é considerada de alta gravidade e deve ser rapidamente avaliada pela equipe médica. Distributivo: é aquele choque decorrente de vasoplegia, situação na qual os vasos, artérias e veias perdem a capacidade de contração e ficam flácidas e mais lentas para levar o sangue até os tecidos e órgãos da vítima. Ainda temos uma subdivisão em: choque séptico (provocado por infecção generalizada), neurogênico (provocado por lesões neurológicas, que podem ser por trauma raquimedular – TRM e trauma cranioencefálico – TCE), e o anafilático, que é aquele que acontece por resposta exacerbada do sistema imunológico (defesa do organismo), podendo estar presente no uso de medicamentos, picada de insetos e poluentes. O CHOQUE MAIS COMUM É O HIPOVOLÊMICO, PRINCIPALMENTE, EM SITUAÇÕES DE TRAUMA. Como reconhecer? Pulso rápido, fraco e irregular (pulso normal em adultos de 60 a 100 batimentos por minuto - bpm); Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil; Pele pálida, úmida, pegajosa e fria; Cianose (arroxeamento) de extremidades, orelhas, lábios e pontas dos dedos; Suor intenso na testa e palmas das mãos; Ansiedadee confusão mental; Náusea e vômitos; Perda total ou parcial da consciência; Fraqueza geral; Sensação de frio, pele fria e calafrios; Sede intensa; Respostas insatisfatórias a estímulos externos; Tempo de enchimento capilar maior que 2 segundos; Queda da pressão arterial (a diminuição da pressão arterial é um dos últimos sinais, pois só ocorre quando há perda significativa de sangue). [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 25 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] O que fazer? PRIMEIRO: Segurança do local Sua segurança Ligar para o SAMU XABCDE X - Controle de sangramento externo, compressão direta e ou torniquete, quando necessário. A - Manter a via aérea permeável, ter em atenção um possível vômito. B - Oferecer suporte ventilatório, caso necessário, e reavaliar continuamente. C - Buscar por sinais de hemorragia interna, avaliar perfusão (HPPP) e elevar os membros inferiores a cerca de 30/45º (se possível). Manter o doente quente (evitar hipotermia). D - Realizar um rápido exame neurológico – AVDI. Alguns pacientes podem apresentar confusão mental, que pode ser em consequência de um choque hipovolêmico ou de trauma cranioencefálico. E - Realizar a exposição da vítima, retirando suas roupas, para que possa verificar se há outras lesões que possam contribuir para o estado de choque. Lembrar que a exposição deve ser o mais rápido possível e em seguida a vítima deverá ser coberta com cobertores térmicos para manter sua temperatura corporal adequada, pois a hipotermia (temperatura baixa do corpo) pode prolongar e até mesmo piorar o choque. IMPORTANTE O tratamento definitivo do déficit de volume consiste em medidas feitas apenas no ambiente intra-hospitalar por profissionais capacitados. Portanto, é de fundamental importância que o SAMU esteja a caminho o mais rápido possível, principalmente nos casos de hemorragia interna e choque cardiogênico! Para treinar seus conhecimentos 1. Diante de uma vítima com suspeita de choque deve-se prioritariamente: a) Elevar os membros superiores em 45°. b) Deixar a vítima exposta para procurar o foco hemorrágico. c) Ligar para o SAMU. d) Esfriar a vítima o mais rápido possível. 2. Dentre as seguintes opções, qual será a de maior suspeita de estado de choque? a) Masculino, 18 anos. Queda da própria altura durante uma partida de futebol. b) Masculino, 3 anos com quadro de crise convulsiva com duração de 30 segundos e febre de 39°C. c) Feminino, 5 anos com corte de 4cm em joelho direito. d) Gestante, 22 anos, confusa, agitada e com e extremidades arroxeadas após colisão em acidente. e) Masculino, diabético 68 anos com dificuldade para movimentar membro superior esquerdo. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 26 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de medidas e procedimentos sistemáticos, que objetivam o imediato suporte a uma vítima em parada cardiorrespiratória (PCR) de modo a salvar sua vida. Por meio da aplicação de ações sistematizadas, é possível aumentar a sobrevida dos pacientes em até 60%, concretizando os conceitos embutidos nos elos da “Cadeia de Sobrevivência” (fig. 1). Apesar dos importantes avanços em prevenção, a PCR continua sendo um problema substancial de saúde pública, e uma grande causa de morte em muitas partes do mundo. Nos Estados Unidos e Canadá, cerca de 350.000 pessoas sofrem PCR a cada ano, e menos de 23% recebem o primeiro atendimento antes da chegada do Serviço Médico de Emergência. Fig. 1 - Cadeia de Sobrevivência - Adulto Este termo “Cadeia de Sobrevivência” trata-se de uma metáfora útil para os elementos do conceito de sistemas de atendimento cardiovascular de emergência. Seus 5 elos são: Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do SAMU RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas Rápida desfibrilação Suporte avançado eficaz de vida Cuidados pós-PCR integrados Desde as atualizações das diretrizes da American Heart Association (AHA) 2010, a sequência dos procedimentos de SBV foram alterados de ABC para CAB, em adultos, crianças e bebês. Dessa forma, evita-se o retardo no início das compressões devido à dificuldade ou complicações decorrentes do manejo das vias aéreas. Dessa forma, é garantida a aplicação de 30 compressões torácicas, antes das ventilações. ompressions (compressões) irway (vias aéreas) reathing (ventilação) SBV/RCP para adultos As noções básicas de SBV se compõe de 4 partes principais: 1. Compressões torácicas 2. Via aérea 3. Ventilação 4. Desfibrilação Embora as ações sejam – didaticamente – ensinadas de forma sequencial, em situações com mais de um socorrista, o ideal é que as ações sejam realizadas SIMULTANEAMENTE (por exemplo, um socorrista liga para o SAMU, enquanto outro já inicia as compressões, enquanto outro aplica as ventilações e um quarto busca/prepara o desfibrilador). [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 27 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Etapa 1 Segurança do local Certifique-se de que o local é seguro, não apresentando nenhum perigo à sua aproximação, lembre-se que o personagem mais importante na cena é você. Só após garantir sua segurança, avalie se o local apresenta algum perigo iminente à vítima, e tome as devidas precauções. Etapa 2 Checar responsividade Bata no ombro da vítima e grite “Senhor (a), você está bem? ”. O estímulo deve ser enérgico. Estímulos sutis podem não ser suficientes para causar respostas significativas em pacientes alcoolizados, por exemplo. Caso a vítima esteja inconsciente: Grite por ajuda, chame alguém que esteja próximo Ligue (ou peça para ligarem) para o SAMU. Você pode usar seu celular e colocá-lo no viva-voz, enquanto aplica SIMULTANEMANTE a etapa seguinte. Etapa 3 Checar respiração e pulso Verifique se a vítima está respirando, ou se está com respiração anormal (gasping). A checagem do pulso deve ser feita SEMPRE no pulso carotídeo, por no máximo 10 segundos. Essas ações devem ser realizadas SIMULTANEAMENTE. Gasping são respirações agônicas que podem se apresentar nos primeiros minutos após uma PCR súbita. Normalmente apresentam-se como inspirações rápidas, com abertura da boca e movimentação da cabeça ou pescoço. Eles podem ser fortes, fracos, acompanhados de sons, ruídos, roncos, gemidos. Localizando o pulso carotídeo... 1. Localize a traqueia, usando 2 ou 3 dedos 2. Deslize os dedos cerca de 2cm para qualquer um dos lados do pescoço, em direção aos músculos laterais 3. Sinta o pulso pôr no MÁXIMO 10 segundos. Se não sentir pulso, inicie imediatamente as compressões torácicas (C-A-B) Etapa 4 Ciclos de compressões X ventilações (RCP) A relação de compressões-ventilações para apenas um socorrista será SEMPRE de 30:2, em 5 ciclos (aproximadamente 2 minutos), para vítimas de ATENÇÃO Gasping em pacientes que não respondem é RCP!!! Checklist – RCP Início imediato Tórax nu Posição vertical Mãos corretamente posicionadas Cotovelos travados Profundidade correta Frequência correta Retorno do tórax Relação 30:2 Sem hiperventilações [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 28 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] QUALQUER faixa etária. Quanto a vítima pediátrica, se houver mais de um socorrista, essa relação será de 15:2, por 10 ciclos (aproximadamente 2 minutos) Comprimindo... Chegamos aqui à etapa mais importante de todo o algoritmo do BLS. As compressões serão SEMPRE a prioridade, e devemos nos esforçar para aplicar RCP de alta qualidade! É isso que irá permitir o aumento de chance de sobrevidado paciente, garantindo a manutenção do ritmo chocável por um maior período de tempo, até que seja aplicado a desfibrilação com o DEA, após a chegada do SAMU. As etapas são as seguintes: 1. Posicione-se ao lado da vítima 2. A vítima deve estar deitada “de barriga para cima” e sobre uma superfície RÍGIDA. Caso esteja com o rosto voltado pra baixo, ela deve ser virada para a posição correta. Em caso de suspeita de lesão cervical, faça a manobra adequada, com cuidado, com estabilização cervical. 3. Coloque o “calcanhar” da mão dominante no centro do tórax da vítima, na metade inferior do osso esterno 4. Coloque o calcanhar da outra mão sobre a outra, e entrelace os dedos, puxando-os para cima 5. Coloque-se em posição vertical, 90° sobre a vítima, estique os cotovelos e os mantenha “travados” durante toda a manobra 6. Comprima forte e rápido. a. A frequência deve ser entre 100 – 120 /min b. A profundidade deve ser entre 5 – 6 cm (requer um esforço razoável) 7. Permita o retorno do tórax. Não devemos nos apoiar no tórax do paciente após a compressão. Esse erro reduz o fluxo sanguíneo produzido pelas compressões. 8. Não interrompa a aplicação da RCP Fig. 2 - Posicionamento correto das mãos – Mãos sobrepostas sobre o esterno, no centro do tórax Coloque uma superfície rígida sob a vítima, caso ela esteja deitada sobre um colchão macio, caso contrário a energia das compressões serão distribuídas pela espuma macia, prejudicando a capacidade de comprimir o tórax Não mova a vítima, a não ser que ela esteja sob perigo iminente (incêndio, fios elétricos...) Ventilando... Para ventilar o paciente, primeiramente precisamos garantir que a livre passagem de ar pela via aérea (via aérea pérvia). Para isso, podemos lançar mão de 2 diferentes manobras: Chin-Lift e Jaw-Thrust. Chin Lift Fig. 3 - Chin Lift Deve ser a primeira escolha, devido à facilidade de sua aplicação e pode ser feita por apenas um socorrista. Sua contraindicação é em pacientes com [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 29 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] risco de lesão cervical, quando devemos utilizar Jaw-Thrust. Como fazer: o Coloque uma mão sobre a testa da vítima e empurre com a palma, de forma que a cabeça fique inclinada para trás o Com a outra mão na parte inferior do queixo e erga sua mandíbula para frente. o Não pressione a parte mole do queixo, caso contrário você irá promover o fechamento da via aérea. Jaw-Thrust Fig. 4 – Jaw-Thrust Em casos de suspeita de lesão cervical, esta manobra é a preferencial. Enquanto um socorrista efetua a manobra, o outro aplica as ventilações. Como fazer: o Coloque uma mão em cada lado da cabeça da vítima, promovendo a estabilização cervical o Coloque os dedos sob o ângulo da mandíbula (a curva do queixo), e desloque a mandíbula para a frente o Pode ser necessário usar os polegares para abrir os lábios da vítima. Existem vários métodos e dispositivos que ajudam a efetuar as ventilações de regaste no ambiente extra-hospitalar e auxiliam nas precauções normativas de segurança individual. Pode-se usar de protetores faciais, máscaras faciais e bolsa- valva-máscara (AMBU). Fig. 3 - Protetor facial, máscara facial e AMBU Como muitas PCRs acontecem em casa, e a utilização desses dispositivos de ventilação com barreira não é uma realidade em nosso meio, daremos ênfase à técnica de ventilação boca-a- boca. Trata-se de um método rápido, fácil e eficaz de ser aplicado, capaz de oferecer uma fração de oxigênio de 17% (o ar ambiente possui 21%), que é suficiente para suprir as necessidades da vítima. Como fazer: 1. Abra a via aérea da vítima (Chin-Lift ou Jaw- Thrust) 2. Pince o nariz com os dedos polegar e indicador, enquanto a palma dessa mesma mão ajuda a manter o pescoço estendido 3. Com o polegar da outra mão, abra e mantenha aberta, a boca da vítima 4. Inspire normalmente e coloque seus lábios em torno da boca da vítima, de forma a promover uma vedação eficiente 5. Insufle o ar por cerca de 1 segundo, em duas ventilações. Sempre observando a expansão do tórax (caso não haja, verifique a manobra de abertura de via aérea e verifique se sua boca está bem posicionada) 6. Solte o nariz da vítima e afaste-se, para que ela possa exalar o ar inspirado 7. Caso não consiga efetuar as ventilações, reinicie imediatamente as compressões. [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 30 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] Fig. 4 – Ventilação Boca a Boca: A palma da mão esquerda mantém o pescoço estendido, o polegar esquerdo mantém a boca aberta, e a socorrista observa a elevação do tórax PINÇA – INSUFLA – SOLTA ... PINÇA – INSUFLA – SOLTA ... O risco de infecção durante uma RCP é extremamente raro e limitado a poucos relatos, e curiosamente não é o principal fator que impede as pessoas de efetuarem ventilações boca-a-boca, mas sim: a insegurança, o medo de fazer errado e agravar a situação da vítima! Etapa 5 Desfibrilação Quando dizemos que um paciente se encontra em PCR, o seu coração não está necessariamente parado, sem batimentos. De fato, o que ocorre, é que o coração parou de exercer a sua função de bombeamento sanguíneo efetivo, seja por estar realmente parado, ou por uma desorganização funcional causada por anomalias na condução do estímulo elétrico. Os fatores mais importantes para a total recuperação do paciente são: o ritmo de parada em que ele se encontra e o tempo entre o colapso cardíaco e a desfibrilação. Para isso, usamos um dispositivo chamado DEA (desfibrilador externo automático), que deve ser utilizado TÃO LOGO ESTEJA DISPONÍVEL. Nada deve atrasar a sua utilização. Uma vez acoplado ao paciente, ele é capaz de efetuar a leitura elétrica do ritmo cardíaco e de administrar o choque. Os ritmos de PCR são, basicamente: Os chocáveis: FV (fibrilação ventricular); TV (taquicardia ventricular), e os não- chocáveis: AESP (atividade elétrica sem pulso) e Assistolia. Fig. 5 - DEA Assim que o DEA chegar ao local, posicione-o ao lado da vítima, de modo que o socorrista que irá operá-lo tenha livre acesso à colocação das pás e ao painel de controle do aparelho, e que o socorrista posicionado ao lado oposto ao paciente, consiga aplicar as compressões cardíacas sem interferir na operação do DEA. Apesar da variedade de modelos de DEA, há basicamente 5 etapas para sua operação: Fig. 6 - Posição das pás 1. Tirar o DEA do estojo e liga-lo. A partir desse momento, ele orientará as etapas seguintes 2. Aplicar as pás no tórax do paciente: O tórax do paciente deve estar nu Remova o papel adesivo das pás e aplique: • No tórax superior direito, logo abaixo da clavícula • Na face lateral do tórax esquerdo, ao lado do mamilo esquerdo, cerca de 5 cm abaixo da axila Ligue os cabos das pás no DEA 3. Analisar o ritmo cardíaco Certifique-se de que ninguém esteja tocando no paciente (incluindo você) O DEA pode avisar que irá efetuar a leitura, ou pode ser necessário apertar [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] [PROJETO ALFA RIO BRANCO] 31 [CURSO DE PRIMEIROS SOCORROS] um botão para que se inicie esse processo 4. Aplicar o choque Em casos de PCR em FV ou TV, o DEA indicará o choque e irá carregar a tensão necessária Dê a ordem em voz alta e clara “AFASTEM-SE DO PACIENTE! ” Verifique visualmente se todos estão seguros (incluindo você) Aperte o botão de CHOQUE 5. Reinicie IMEDIATAMENTE as compressões, e siga as próximas instruções do DEA A eficácia do choque é maior se aplicada em no máximo 10 segundos após a última compressão Deixe o DEA acoplado à vítima até a sua chegada ao hospital. Nunca analise o ritmo com o paciente
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