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27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 1/21 Introdução Autoria: Thiago Fernando Mendes – Revisão técnica: Carlos Eduardo Leal de Castro Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA UNIDADE 1 - MATEMÁTICA, COTIDIANDO E MERCADO DE TRABALHO: ALGUMAS RELAÇÕES javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 2/21 Vamos começar esta primeira unidade abordando alguns conceitos básicos relacionados ao ensino de Matemática que nos auxiliarão, posteriormente, a compreender alguns aspectos relativos às metodologias que dão base ao docente no processo de ensino- aprendizagem dessa ciência, assim como sua aplicação na Educação Básica e na Educação de Jovens e Adultos. Você sabia que, dependendo do conteúdo matemático a ser discutido, algumas metodologias de ensino são mais adequadas do que outras? Você sabia que o conhecimento cientificamente produzido é diferente daquele conhecimento trabalhado em sala de aula? São justamente os aspectos relacionados a isso que discutiremos nesta primeira unidade. Dessa forma, em síntese, nossos objetivos de aprendizagem nesta unidade serão: perceber a Matemática como uma ciência; conhecer a relevância dos conhecimentos matemáticos para o mercado de trabalho; refletir sobre esses aspectos na elaboração de propostas de ensino; conhecer o fenômeno da transposição didática; refletir sobre a questão da transposição didática e seus efeitos no ensino de Matemática; conhecer algumas metodologias para o ensino de Matemática e considerá-las na elaboração de propostas ensino; bem como conhecer o conceito de etnomatemática. Vamos começar? Acompanhe esta unidade com muita atenção. Bons estudos! 1.1 A relevância dos conceitos matemáticos na inserção do jovem no mercado de trabalho Investigar diferentes metodologias e práticas para o ensino de Matemática, de certa forma, apresenta-se como uma maneira adicional de conceituar a educação e a aprendizagem dessa ciência. Em termos gerais, a Matemática pode ser vista como uma área de esforço humano e conhecimento compreendida, sobretudo, por sua única classe de signos e atividades baseada na resolução de problemas do dia a dia. Por isso, em seu cotidiano e, em especial, no ambiente escolar, os estudantes encontram uma completa variedade de novos signos e simbolizam funções matemáticas no sentido de compreender tudo aquilo que é necessário e legalmente proposto pelos documentos que regem o sistema educacional (CARVALHO, 2013). Dessa forma, uma série de desafios podem ser elencados no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática na instituição escolar. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 3/21 Uma publicação da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (PEREIRA, 2016) identifica alguns dos desafios a serem enfrentados para assegurar um ensino de Matemática de qualidade na Educação Básica, além de propor, a partir dos estudos de casos, alguns meios para sua melhoria. Conheça alguns desafios para o ensino dessa disciplina, em especial, na Educação Básica. Sobre a presença da Matemática nas atividades cotidianas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) declara que “[...] é reconhecido de forma unânime que a matemática é onipresente no mundo atual, principalmente nos objetos tecnológicos que nos cercam ou nos processos de troca e de comunicação; porém, em geral, ela é invisível” (BRASÍLIA, 2016, p. 10). A Matemática é considerada uma disciplina difícil pelos estudantes da Educação Básica. Um dos principais fatores elencados por eles é o fato de a Matemática ser uma disciplina expressivamente evolutiva, isto é, se você não aprendeu aquilo que foi discutido na aula de hoje, é muito provável que terá dificuldade de aprender o que será ensinado na aula de amanhã, e assim sucessivamente. Você sabia? javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 4/21 Nesse sentido, seguindo pressupostos de diferentes teorias de aprendizagem, em especial aquelas de cunho cognitivista e construtivista, um processo de ensino da Matemática que possibilite, de fato, a construção do conhecimento pelos estudantes – estes como sujeitos ativos desse processo – tem se evidenciado como um dos principais objetivos dos profissionais da área. Além disso, um dos grandes desafios do ensino de Matemática no ambiente escolar é relacioná-la à atuação futura do estudante no mercado de trabalho. Conforme destacam Loyo e Cabral (2018), quando as pessoas associam os conteúdos escolares, especialmente a Matemática e o mercado de trabalho, imediatamente pensam em um professor ensinando. Obviamente, essa é a função mais comum nesse campo, no entanto, muitas outras profissões dependem da Matemática, e, diversas vezes, não visualizamos uma relação direta e imediata, como é o caso da informática. Conheça outros desafios acerca do ensino da Matemática na Educação Básica elencados na literatura da área. O documentário “A Caminho da Escola” (2013), dirigido por Pascal Plisson, conta a história de quatro crianças que acreditam na importância da escola em suas vidas e precisam percorrer longas distâncias para chegar até ela. De forma leve, o documentário apresenta como o ambiente escolar é importante para a formação dos sujeitos. Disponível nas plataformas Netflix e Amazon. Você quer ver? javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 5/21 Isso posto, estratégias têm sido estudadas com o intuito de superar e, até mesmo, dirimir os desafios supracitados. Dentre tais estratégias, a inovação de possibilidades tecnológicas e as discussões relacionadas a diferentes metodologias de ensino têm chamado a atenção de profissionais da área de educação. Nesse sentido, pesquisas no âmbito da Educação Matemática têm apresentado, dentre outras coisas, novas alternativas e tendências pedagógicas e metodológicas voltadas ao processo de ensino-aprendizagem da Matemática em sala de aula. Dentre tais tendências, seis delas têm sido destacadas em muitas dessas pesquisas. A modelagem matemática pode ser definida como uma alternativa pedagógica na qual abordamos, por meio da Matemática, uma situação não essencialmente matemática (ALMEIDA; BRITO, 2005). 1 2 3 4 5 6 javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 6/21 Partindo dessa concepção, Almeida, Silva e Vertuan (2012) destacam que o encaminhamento de uma atividade de modelagem matemática envolve fases referentes ao conjunto de procedimentos necessários para configuração, estruturação e resolução de determinada situação-problema, caracterizando-as como: inteiração, matematização, resolução, interpretação de resultados e validação. Sobre a História da Matemática, para Vianna (2000), esta tem a função de contextualizar os conteúdos despertando no aluno a consciência histórica a partir do conhecimento do passado. Por sua vez, Batista (2016) ensina que abordá-la em sala de aula permite colocar o processo de ensino em bases sólidas, de modo que o estudante compreenda o processo de evolução do conhecimento. Nesse mesmosentido, D'Ambrosio (2012) ressalta que a História da Matemática, como metodologia de ensino, ao conectar logicamente a cultura de diferentes povos, torna-se uma ferramenta útil para docentes e discentes. É fato que, atualmente, nossa sociedade seja, quase que em sua totalidade, circundada por aparatos tecnológicos que são atualizados quase que diariamente. Assim, dada a complexidade da sociedade atual, faz necessário que a escola seja um ambiente que acompanhe tais transformações a fim de ser capaz de preparar o estudante para atuar nesse ambiente social. Nesse contexto, outra tendência metodológica proposta por documentos oficiais, como as diretrizes curriculares estaduais, ou os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), relaciona-se ao uso de recursos tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem. Tal metodologia vem possibilitar a compreensão de novas formas de ensino, por exemplo, o uso de softwares para o processo de ensinar e de aprender. Segundo Borba (2019), o uso de mídias tem suscitado novas questões, sejam elas em relação ao currículo, à experimentação matemática, às possibilidades do surgimento de novos conceitos ou de novas teorias matemáticas. Como já citado, a Matemática está presente em grande parte das atividades cotidianas, por isso, possibilitar que o estudante associe o conhecimento matemático discutido com as situações do seu dia a dia permite que este atribua significado para aquilo que, até então, era Educação Profissional em Foco: estudos e reflexões Autores: Armando Paulo da Silva, João Donizeti Leli, Marcos Banheti Rabello Vallim, Marilu Martens Oliveira e Marisa Marques de Souza. Editora: UTFPR, Campus Cornélio Procópio. Ano: 2012. Comentário: Para conhecer um pouco mais sobre a aplicação da Matemática no mercado de trabalho, leia “Educação Profissional em Foco: estudos e reflexões”. A obra foi organizada por docentes do curso de especialização em Educação Profissional Integrada à Educação Básica na Modalidade Educação de Jovens e Adultos, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Cornélio Procópio. Você quer ler? javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 7/21 totalmente abstrato para ele. Nessa perspectiva, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, p. 117) sugerem a Resolução de Problemas como: Por fim, e seguindo pressupostos derivados da resolução de problemas, a investigação matemática também aparece como uma metodologia de ensino que possibilita um processo de ensino de Matemática mais dinâmico e que considera os interesses dos estudantes. É importante ressaltar que investigar não significa necessariamente lidar com problemas na fronteira do conhecimento nem com problemas de grande dificuldade, trata-se apenas de trabalhar com aquilo que seja de interesse comum, mesmo que, inicialmente, pareça confuso. Por fim, a etnomatemática surge como uma proposta metodológica que, dentre outros objetivos, busca, de fato, permitir uma associação entre a Matemática escolar e o cotidiano dos estudantes. Assim, possibilita que tais conteúdos possam efetivamente ser significativos para os alunos, não se restringindo, portanto, às ideias práticas e técnicas da Matemática (D'AMBRÓSIO, 2018). [...] um ponto de partida para atividade matemática, uma vez que essa metodologia de ensino traz implícita a convicção que o conhecimento matemático expõe o aluno a situações desafiadoras, e consequentemente, trabalha a fim de desenvolver estratégias de resolução. Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Ao estudar a História da Matemática, percebemos que as primeiras preocupações relacionadas ao ensino dessa ciência remontam à Antiguidade, por exemplo, à Escola Platônica, na Grécia Antiga, onde foram formados os principais mestres e pesquisadores da área. No Brasil, tal preocupação foi mais evidenciada com o Movimento da Matemática Moderna que, dentre outras coisas, objetiva desmistificar a Matemática como área do conhecimento voltada a uma parcela privilegiada da população. Fonte: SOUZA, G. O.; SILVA TINTI, D. Metodologias Ativas no Ensino de Matemática: panorama de pesquisas desenvolvidas em Mestrados Profissionais. TANGRAM-Revista de Educação Matemática, Dourados, v. 3, n. 1, p. 74-97, 2020. Ante o exposto e considerando as principais metodologias para o ensino da Matemática, assinale a opção correta. a. O uso de recursos tecnológicos em sala de aula permite que o professor utilize recursos dinâmicos, possibilitando, dentre outras coisas, que o estudante possa visualizar o comportamento gráfico de determinadas funções matemáticas. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 8/21 É justamente considerando a etnomatemática como uma possibilidade para o ensino de Matemática que esta unidade tem o intuito de investigar como essa prática pode auxiliar na superação as dificuldades no processo de ensino dessa ciência, no âmbito do Ensino Básico, conforme será detalhado na sequência. b. A modelagem matemática é uma abordagem pedagógica que possibilita ao discente conhecer as origens do conhecimento matemático, permitindo, assim, uma humanização da Matemática. c. A etnomatemática, como metodologia para o ensino de Matemática, tem como principal pressuposto o trabalho com questões que sejam do interesse do estudante e que, inicialmente, apresentam-se como algo confuso. d. A investigação matemática propõe um ensino de Matemática alinhado com o cotidiano de diferentes espaços culturais, além de considerar o conhecimento extramatemático e as experiências colaterais dos estudantes como ponto de partida. e. A resolução de problemas é uma abordagem pedagógica que possibilita a abordagem, por meio da Matemática, de um assunto não essencialmente matemático, seguindo as etapas de interação, resolução e matematização. Verificar 1.2 O conhecimento matemático e o ensino de Matemática: a questão da transposição didática Antes de tratar especificamente de uma prática metodológica para o ensino de Matemática na Educação Básica, faz-se necessária uma breve discussão relacionada ao currículo, ou seja, àquilo que os estudantes precisam ter acesso nessa etapa de escolarização. Conforme discutido por Luccas e Batista (2008), existe uma diferença entre o saber científico, o saber escolar (que deve ser ensinado) e o saber ensinado (aquilo que é, de fato, ensinado). Com isso, ao longo do desenvolvimento de políticas públicas relacionadas ao processo educacional, percebeu-se a necessidade da determinação de uma base comum curricular a um nível nacional, a fim de garantir a democratização do conhecimento. Essa base comum javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 9/21 aparece, inicialmente, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que instituiu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), mencionando em seu art. 26 que os níveis básicos da educação devem ser providos de uma: Essa discussão, relacionada a um currículo comum a todas as instituições escolares, leva em consideração vários aspectos, especialmente, o direito de todos à educação. Sobre esse direito, Saviani (2016) esclarece que a democratização do conhecimento o torna universal, cabendo à gestão escolar o compromisso social de cumprir aquilo constante dos respectivos documentos. Sem caráter de legislação, em 1998, foram publicados os Parâmetros Curriculares Nacionais com o intuito de subsidiar o trabalho docente também na função de organizar a estruturação da educação brasileira. Por fim, mais recentemente, e com o objetivo de apresentaruma base curricular mais evidente e sintetizada, foi então promulgada a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), estruturada em três ciclos. Em termos gerais, a BNCC, ao tratar das diferentes fases do estudante na Educação Básica, denota uma preocupação relacionada às transições ocorridas nessa etapa. De acordo com o documento: No entanto, apesar da necessidade de um currículo comum a todas as escolas, essa “determinação” tem uma série de consequências, sendo uma delas a de não considerar aspectos particulares e subjetivos de comunidades específicas, ainda que isso, mesmo que de [...] base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (BRASIL, 1996). Educação Infantil. 1 Ensino Fundamen tal. 2 Ensino Médio. 3 A transição entre as etapas da Educação Básica requer muita atenção, para que haja equilíbrio entre as mudanças introduzidas, garantindo integração e continuidade dos processos de aprendizagens dos estudantes, respeitando suas singularidades e as diferentes relações que elas estabelecem com os conhecimentos, assim como a natureza das mediações de cada etapa. Torna- se necessário estabelecer estratégias de acolhimento e adaptação tanto para os alunos quanto para os docentes, de modo que a nova etapa se construa com base no que o aluno sabe e é capaz de fazer, em uma perspectiva de continuidade de seu percurso educativo. (BRASIL, 2017, p. 53). javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 10/21 forma bastante breve, tenha sido citado no documento, ao tratar das transições de fase dos sujeitos. Além disso, os documentos que regem a educação, como os aqui citados, deixam explícito que um dos objetivos primeiros da Educação Básica é a formação da autonomia intelectual, crítica e reflexiva do sujeito e que a inclusão de diferentes e variadas temáticas relacionadas às suas práticas cotidianas mostra-se adequada e necessária na Educação Básica. E é justamente para superar esses tipos de dificuldades e consequências que práticas pedagógicas e metodológicas começam a surgir nos quadros de discussões, como é o caso da chamada transposição didática. Luccas e Batista (2008, p. 9), ao realizarem uma análise epistemológica da importância da contextualização e da descontextualização no Ensino de Matemática, ensinam que há uma grande “[...] distância entre o objeto matemático produzido e o objeto matemático ensinado”. Isso acontece porque, antes de determinado conteúdo ser efetivamente ensinado em sala de aula, este passa pelo crivo de alguns profissionais, como o cientista, o autor do material didático utilizado e o professor. Ao passar por tais profissionais, esse conteúdo, ou conhecimento matemático, vai sendo adaptado para o contexto da sala de aula e, muitas vezes, infelizmente, informações valiosas vão se perdendo. A essa adaptação dá-se o nome de transposição didática. A transposição didática é bastante discutida na obra de Yves Chevallard (1946-), que a define como: Dessa forma, em síntese, a transposição didática pode ser entendida como a transformação do saber sábio em saber a ensinar, e deste em saber ensinado. A essa passagem de um saber para o outro dá-se o nome de transposição didática, conforme ilustrado na figura seguinte. #PraCegoVer: na imagem, é ilustrado o conceito de transposição didática como uma transformação entre o saber sábio, saber a ensinar e saber ensinado. Os termos “saber sábio”, “saber a ensinar” e “saber ensinado” estão colocados dentro de formas retangulares ligadas entre si por meio de flechas. Além disso, as fechas indicam que as transformações entre um saber e outro ocorrem por meio da “transposição didática”. Perceba que o saber sábio é o resultado da produção científica, enquanto o saber a ensinar é um “[...] modelo teórico que engloba além do saber científico, os materiais de apoio pedagógicos” (LUCCAS; BATISTA, 2008, p. 10). É justamente esse saber que consta dos [...] um conteúdo de saber que tenha sido designado como saber a ensinar, sofre a partir de então um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. Este “trabalho” que transforma um objeto de saber a ensinar em um objeto de ensino é denominado de transposição didática. (CHEVALLARD, 2005, p. 45). Figura 1 - Transposição didática dos saberes Fonte: LUCCAS; BATISTA, 2008, p. 10. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 11/21 documentos oficiais que regem a Educação Básica, como os citados anteriormente. Por fim, o saber ensinado é aquele que se encontra registrado no plano de aula docente. 1.3 Taxonomia de Bloom e o ensino de Matemática O termo taxonomia deriva do grego taxis, que significa ordenação, e nomos, que significa sistema, norma. Logo, a taxonomia é apresentada como um sistema de classificação. Nesse sentido, Terra (2005, p. 1) apresenta a seguinte definição: Dessa forma, a taxonomia baseia-se na classificação e ordenação de aspectos e características de determinado conhecimento, o que, de alguma forma, facilita o seu processo de compreensão. Assim, para fins educacionais, desenvolveu-se a chamada taxonomia de objetivos educacionais, como a taxonomia de Bloom, a qual, em termos gerais, consiste no “[...] mapeamento do conhecimento e dos processos de aprendizagem, considerada como um sistema destinado a classificar objetivos educacionais” (SANTOS, 2015, p. 12). Esses objetivos são descrições de um padrão de comportamento ou desempenho que se espera que o aluno seja capaz de demonstrar. No caso do ensino de Matemática, a taxonomia de Bloom tem como intuito avaliar o comportamento dos estudantes diante de diferentes situações de aprendizagem, e esta é formada por três domínios principais. A taxonomia é um sistema para classificar e facilitar o acesso à informação, e que tem como objetivos: representar conceitos através de termos; agilizar a comunicação entre especialistas e entre especialistas e outros públicos; encontrar o consenso; propor formas de controle da diversidade de significação; e oferecer um mapa de área que servirá como guia em processos de conhecimento. 1 2 3 javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 12/21 É importante ressaltar que cada domínio é composto por categorias e, hierarquicamente, cada uma delas necessita do domínio da anterior. Isso significa que o estudante “[...] precisa percorrer todas as categorias começando da mais simples até a mais complexa para compreender efetivamente aquilo que lhe está sendo apresentado” (SANTOS, 2015, p. 12). Para o domínio cognitivo, foram definidos objetivos relacionados à memória e ao desenvolvimento de habilidades e capacidades intelectuais, conforme ilustrado a seguir. #PraCegoVer: na imagem, são apresentadas as seis categorias relacionadas ao domínio cognitivo da taxonomia de Bloom, sendo elas: avaliação, síntese, análise, aplicação, compreensão e conhecimento. Essas categorias estão colocadas dentro de formas retangulares posicionadas de forma hierárquica, ficando o conhecimento em baixo, seguido por compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Ao lado esquerdo das categorias consta uma seta apontada para cima com a descrição “Dificuldade Crescente”. Vale destacar que esse domínio abrange questões relacionadas ao raciocínio, à solução de problemas, à formação de conceitos e, até mesmo, ao pensamento criativo. Isabelaé professora do terceiro ano da Educação Básica. Neste bimestre, está ensinando as tabuadas a sua turma e percebeu que, dentre os alunos, Bianca tem muita dificuldade em memorização. Por causa dessa dificuldade, a aluna não consegue aprender a tabuada do 8. No entanto, durante as aulas, a professora percebeu que Bianca sabe todas as músicas Figura 2 - Categorias do domínio cognitivo proposto por Bloom Fonte: SANTOS; AMORIM, 2020, p. 47. Caso javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 13/21 de sua cantora preferida. Entendendo que a memorização é uma função cognitiva importante para a compreensão do conceito matemático da multiplicação e sabendo que Bianca tem uma memória musical muito boa, Isabela inventou uma melodia em que, por meio da música, é possível cantar toda a tabuada do 8. Já o domínio afetivo está relacionado aos objetivos que descrevem mudanças de interesse, atitudes e valores. Significa que, nesse domínio, enfatiza-se uma totalidade de sentimentos, emoções e determinado grau de aceitação ou rejeição, conforme consta da figura seguinte. #PraCegoVer: na imagem, são apresentadas as cinco categorias relacionadas ao domínio cognitivo da taxonomia de Bloom, sendo elas: caracterizando, organizando, valorizando, respondendo e recebendo. Essas categorias estão colocadas dentro de formas retangulares posicionadas de forma hierárquica, ficando o “recebendo” em baixo, seguido por “respondendo”, “valorizando”, “organizando” e “caracterizando”. Ao lado esquerdo das categorias há uma seta apontada para cima com a descrição “Dificuldade Crescente”. Por fim, o domínio psicomotor “[...] está ligado às habilidades oriundas das ações musculares do aprendiz, ou seja, as manipulativas e motoras” (PAIS, 2013, p. 47), conforme ilustrado a seguir. Figura 3 - Categorias do domínio afetivo proposto por Bloom Fonte: SANTOS; AMORIM, 2020, p. 52. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 14/21 #PraCegoVer: na imagem, são apresentadas as cinco categorias relacionadas ao domínio psicomotor da taxonomia de Bloom, sendo elas: naturalização, articulação, precisão, manipulação e imitação. Essas categorias estão colocadas dentro de formas retangulares posicionadas de forma hierárquica, ficando a imitação em baixo, seguida por “manipulação”, “precisão”, “articulação” e “naturalização”. Ao lado esquerdo das categorias há uma seta apontada para cima com a descrição “Dificuldade Crescente”. Durante muitos anos, a taxonomia de Bloom foi utilizada no ambiente educacional como um recurso auxiliar na elaboração e avaliação de cursos, propostas pedagógicas e projetos de ensino. Além disso, vale ressaltar que sua aplicabilidade transcende o ambiente educacional, podendo ser encontrada, por exemplo, em ambientes corporativos, como na avaliação de planejamentos e atividades organizacionais. Figura 4 - Categorias do domínio psicomotor proposto por Bloom Fonte: SANTOS; AMORIM, 2020, p. 54. 1.4 A etnomatemática De acordo com D’Ambrósio (2012, p. 12), a “[...] etnomatemática teve sua origem na busca de entender o fazer e o saber matemático de culturas marginalizadas”, tais como colonizados, indígenas, classe trabalhadora e também o conhecimento da cultura dominante. Ubiratan D’Ambrósio, nascido em 1932, é um matemático brasileiro e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É um teórico muito premiado na área de Educação Matemática (Prêmio Kenneth O. May, em 2001, e medalha Felix Klein, em 2005) e pioneiro no estudo Você o conhece? javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 15/21 Etimologicamente, etno significa ambiente natural e cultural; matema tem o significado relativo a explicar, entender; e tica diz respeito a técnicas, maneira de. A partir disso, D’Ambrósio (2012, p. 17) cunhou o termo etnomatemática como uma “[...] maneira de conhecer em ambientes com diferentes culturas as competências e habilidades relacionadas ao conhecimento matemático”. Vergani (2009), por sua vez, discute sobre o termo dizendo que se sente pouco à vontade com a designação etnomatemática porque o termo “etnologia” se originou com os colonialistas, e o prefixo “etno” ainda nos remete aos nativos, ou seja, aos indígenas, soando como um termo distante das práticas educacionais dentro da sala de aula. Vale destacar uma colocação de D’Ambrósio (2012, p. 27) sobre a implementação da etnomatemática, especificamente, em sala de aula. De acordo com o autor: Com esse mesmo entendimento, Dias e Silva (2012) afirmam que a etnomatemática busca compreender e valorizar as práticas matemáticas de diversos grupos em vários ambientes culturais. Isso porque tais práticas surgiram de acordo com as necessidades cotidianas de quantificar, medir, organizar e entender os saberes matemáticos provenientes dos conhecimentos acumulados durante a evolução da humanidade. Inicialmente, os estudos em etnomatemática objetivavam entender a Matemática presente naqueles contextos culturais dos grupos estudados, no entanto, com o desenvolvimento dessa área de conhecimento, e, como colocam Dias e Silva (2012), após muitos eventos e trabalhos científicos, tornaram-se visíveis as contribuições e as possibilidades pedagógicas da etnomatemática em sala de aula, bem como as possíveis conexões entre conhecimentos extraescolares e a Matemática acadêmica. D’Ambrósio (2001, p. 17) afirma que o indivíduo passa alguns anos adquirindo raízes e, ao chegar à escola, há um aprimoramento destas. Portanto, “[...] é preciso dar ‘voz’ aos alunos, ao seu conhecimento e cultura, resgatando o seu direito à cidadania”. Tal afirmação permite inferir que o método de Paulo Freire, que tem como principal ferramenta o diálogo para que jovens e adultos possam desenvolver uma consciência crítica, é um forte subsídio à pedagogia etnomatemática. Dessa maneira, a etnomatemática como estratégia de ensino busca motivar os alunos a aprenderem a Matemática partindo do que já sabem e do que já aplicam no cotidiano. Assim, leva-se em conta o fato de que, quando não se vê utilidade em algo, geralmente não há interesse em aprendê-lo. da etnomatemática. Seu nome figura como signatário de importantes documentos no mundo da ciência nacional e internacional, como a Declaração de Veneza, de 1986, e a Carta da Transdisciplinaridade, de 1994. [...] o enfoque da etnomatemática para a matemática, é de implementar a sua utilização nas escolas, proporcionando aos alunos uma vivência que somente faça sentido se eles estiverem em seu ambiente natural e cultural; criar situações variadas que possam despertar e aguçar o interesse e a curiosidade que os alunos possuem naturalmente, para tornar a matemática agradável de ser aprendida, tendo como objetivo conectar a matemática ensinada nas escolas com a matemática presente em seus cotidianos. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 16/21 Sendo assim, como discutem Dias e Silva (2012), a partir do momento em que o aluno se conscientizar de que a Matemática está atrelada ao seu cotidiano nas mais variadas atividades, ele pode ter mais facilidade e interesse, o que concorre para melhorar as práticas pedagógicas e enriquecer o currículo. É justamente nesse sentido que se entende a etnomatemática como uma prática pedagógica que, a partir da aproximação do conhecimento matemático do cotidiano dos estudantes à Educação Básica, pode auxiliarna superação das dificuldades do ensino dessa ciência nessa etapa de escolarização. Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) A escola é um espaço significativo de acolhimento e viabilização da convivência e aprendizagem humana. E é justamente pela convivência diária com as diferenças que se pode construir uma sociedade mais democrática. Vale ressaltar que a escola não é a única instituição responsável pela transformação da sociedade, mas é nela que se podem exercitar os primeiros padrões de convivência e contato com aquilo que nos parece diferente, o que torna as práticas pedagógicas vivenciadas pelos estudantes na escola tão importantes. Fonte: PONTES, E. A. S. Os Quatro Pilares Educacionais no Processo de Ensino e Aprendizagem de Matemática. Revista Iberoamericana de Tecnología en Educación y Educación en Tecnología, La Plata, n. 24, n. 2, p. 15-22, 2019. Com relação à prática pedagógica, ao ensino de Matemática e à formação docente, assinale a opção correta. a. Compreender as políticas governamentais em relação aos docentes pode iluminar aspectos da relação opaca entre legisladores, gestores e atores dessas políticas e as novas postulações de grupos sociais que reivindicam para si, de diferentes formas, equidade, reconhecimento social e dignidade humana. b. As linhas de ação governamental implementadas na direção das redes escolares não adquirem significado específico na dependência do contexto sociopolítico e do momento em que são desenvolvidas. c. O sistema educacional nunca situou a formação do profissional da educação, ou seja, a profissionalização docente, no contexto de um discurso ambivalente, paradoxal ou simplesmente contraditório. d. Não se faz necessário que o profissional docente esteja sempre preparado para exercer uma prática contextualizada, atenta às especificidades do momento, à cultura local, ao alunado diverso em sua trajetória de vida e expectativas escolares. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 17/21 Como discutido anteriormente, a etnomatemática é uma alternativa metodológica que, dentre outras coisas, permite aos estudantes reconhecer a Matemática em diversas atividades cotidianas, potencializando assim a atribuição de significado para aquilo que está sendo estudado. Considerando o ambiente escolar, mais especificamente a sala de aula, como um espaço sociocultural, em que a interação entre os sujeitos é fundamental para a construção de um processo comunicacional adequado, faz-se necessário compreender: Justamente nesse contexto, ainda ao estruturar o programa de etnomatemática especificamente para a escola, D’Ambrósio (2001, p. 75) destaca que a: A Matemática, sem dúvida, está presente em nossas vidas e em todas as nossas atividades. Conforme afirma D’Ambrósio (2001, p. 22), “[...] a todo instante, os indivíduos estão comparando, classificando, quantificando, medindo, explicando, generalizando, inferindo”. Com isso, pode-se considerar a etnomatemática como uma opção para a superação de diversas dificuldades relacionadas ao ensino dessa ciência na Educação Básica. Além do mais, a insatisfação na aprendizagem da Matemática para alguns estudantes deve-se ao fato de estes não conseguirem, de fato, aprender e “dar conta” do grau de complexidade dessa área, devido à sua grande abstração (DIAS; SILVA, 2012, p. 19). Faz-se necessário, assim, a promoção de uma educação matemática contextualizada, considerando os conhecimentos que os estudantes da Educação Básica, nesse caso, já trazem do seu cotidiano. e. O sentido ético e a dimensão política do trabalho docente são independentes e não têm relação com a identidade do professor, uma vez que tais dimensões não estão, necessariamente, relacionadas aos saberes docentes específicos. Verificar [...] o que acontece com as dinâmicas de adaptações e reformulações dos saberes matemáticos na realidade escolar, uma vez que, frente à diversidade de culturas em que se encontram existe uma complexidade maior nessa dinâmica que deve ser analisada. (LOPES JR., 2015, p. 7). [...] preocupação maior, do ponto de vista da educação, e o passo essencial para a difusão da etnomatemática é levá-la para a sala de aula. Nosso objetivo maior de desenvolver e estimular a criatividade só será atingido quando o trabalho escolar for dirigido nesta direção. Isto pede uma nova maneira de encarar o currículo. [...] Um programa como a etnomatemática implica numa reconceituação de currículo. [...] Essa reconceituação de currículo é essencial para se conduzir adequadamente o componente pedagógico do programa etnomatemática, isto é, para se levar a etnomatemática à prática escolar. javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 18/21 Além disso, é importante ressaltar que, no que tange à etnomatemática, mais do que contextualizar um problema matemático, é necessário que o ensino seja, de fato, centrado na análise das situações, na busca de estratégias de solução e discussão dos pontos de vista, dando assim: Como já discutido, é possível identificar diversas práticas matemáticas nas vivências cotidianas dos alunos e observar essa relação entre a Matemática e o seu dia a dia, a partir de aplicações práticas. Trata-se de um caminho para a superação das dificuldades do ensino da Matemática na Educação Básica. Assim, faz-se necessário ressaltar a importância de se considerar as particularidades e experiências de vida dos estudantes da Educação Básica, sendo que essa necessidade também pode ser superada a partir de práticas com etnomatemática em sala de aula. Além disso, é um consenso entre os pesquisadores da área educacional, principalmente aqueles que seguem uma linha construtivista e cognitivista com relação ao conhecimento, a necessidade de se diagnosticar conhecimentos prévios dos estudantes por meio do diálogo entre aluno e professor, analisando com eles o processo de desenvolvimento das atividades a fim de conceituar e estabelecer relações com o cotidiano (ALMEIDA; BRITO, 2005). Esse também é um aspecto contemplado com práticas de etnomatemática. 1.4.1 Análise de um projeto de ensino embasado em etnomatemática Como discutido anteriormente, a etnomatemática é uma alternativa metodológica que, dentre outras coisas, permite que os estudantes reconheçam a Matemática em diversas atividades cotidianas, potencializando assim a atribuição de significado para aquilo que está sendo estudado. Considerando o ambiente escolar, mais especificamente a sala de aula, como um espaço sociocultural, em que a interação entre os sujeitos é fundamental para a construção de um processo comunicacional adequado, é necessário compreender: É importante destacar que, dada a ampla abrangência da etnomatemática, não há, necessariamente, procedimentos preestabelecidos para o professor que queira utilizar essa metodologia nas aulas de Matemática. Dessa forma, para se discutir propostas metodológicas que possuem influência da etnomatemática, é necessário se atentar às teorias curriculares que dão sustentação teórica, de acordo com o programa aqui discutido. [...] voz aos alunos no ambiente escolar, partindo dos conhecimentos adquiridos em espaços não escolares para a construção dos conceitos abstratos e do conhecimento acadêmico [...] pois, apesar dos alunos muitas vezes possuírem preconceitos alguns preconceitos com relação à matemática, há um consenso a respeito da importância desta em suas vidas e em suas profissões. (DIAS; SILVA, 2012, p. 20). [...] o que acontece com as dinâmicas de adaptações e reformulações dos saberes matemáticos na realidade escolar, uma vez que, frente à diversidade de culturas em que se encontram existe uma complexidade maior nessa dinâmica que deve ser analisada. (LOPESJR., 2015, p. 7). javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 19/21 Chegamos ao fim da primeira unidade da disciplina Metodologia e Prática de Ensino de Matemática: Ensino Médio e EJA. Aqui, foi possível discutirmos, mesmo que de maneira breve, alguns aspectos importantes relacionados ao ensino da Matemática na Educação Básica e, especialmente, a necessidade de articularmos os conhecimentos prévios dos estudantes com aquilo que pretendemos ensinar em sala de aula. Isso nos mostra o quão importante é a Matemática para a nossa vida e, consequentemente, para nossa atuação na sociedade. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: Conclusão conhecer a relevância dos conhecimentos matemáticos para atuação no mercado de trabalho; refletir sobre esses aspectos na elaboração de propostas de ensino; conhecer o fenômeno da transposição didática; refletir sobre a questão da transposição didática e seus efeitos no ensino da Matemática; conhecer diferentes metodologias para o ensino de Matemática; conhecer o conceito de etnomatemática; reconhecer aspectos de uma proposta de ensino embasada em etnomatemática. AGRANIONIH, N. T. A Teoria da Transposição didática e o processo de didatização dos conteúdos matemáticos. Educere - Revista da Educação da UNIPAR, Umuarana, v. 1, n. 1, 2001. ALMEIDA, L. M. W.; BRITO, D. S. Atividades de Modelagem Matemática: que sentido os alunos podem lhe atribuir? Ciência e Educação, São Paulo (UNESP), v. 11, p. 1- 16, 2005. ALMEIDA, L. M. W.; SILVA, K. A. P.; VERTUAN, R. E. Modelagem Matemática na Educação Básica. São Paulo: Contexto, 2012. Referências javascript:void(0); 27/02/2022 14:14 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 20/21 BALESTRI, R. D.; CYRINO, M. C. C. T. História da matemática na formação inicial de professores de Matemática. Alexandria, Florianópolis, v. 3, n. 1, p. 103-120, 2010. BATISTA, I. L. Uma adoção da história e filosofia da ciência no desenvolvimento dos saberes docentes interdisciplinares. In: BATISTA, I. L. (org.). Conhecimentos e Saberes na Educação em Ciências e Matemática. Londrina: UEL, 2016. BORBA, M. C. Tecnologias Informáticas na Educação Matemática e Reorganização do Pensamento. São Paulo: UNESP, 2019. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 148 p. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. 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Você acredita que inserir a tecnologia em sala de aula pode contribuir para que a escola acompanhe as transformações que a sociedade está vivenciando? Acha que o uso de recursos tecnológicos como metodologia de ensino pode trazer algum prejuízo para a aula? Nesta unidade, especificamente, voltaremos nosso olhar para o uso da tecnologia como recurso educacional e de que forma esse uso é capaz de potencializar o desenvolvimento de algumas competências e habilidades vinculadas à aprendizagem da Matemática. Além disso, falaremos sobre algumas avaliações aplicadas na Educação Básica, em nível nacional e internacional. Assim, em síntese, nossos objetivos nesta unidade de ensino são: conhecer a utilização da tecnologia na Educação Básica; discutir as representações gráficas e a utilização de materiais concretos como ferramenta de aprendizagem em Matemática; reconhecer a importância de processos avaliativos sobre de estudantes brasileiros; conhecer diferentes exames avaliativos, tanto internos como externos; analisar os objetivos declarados por esses processos avaliativos; conhecer e analisar questões de processos avaliativos embasados nos referenciais teóricos discutidos em aula. Vamos começar? Acompanhe esta unidade com muita atenção. Bons estudos! 2.1 A tecnologia como ferramenta para aprendizagem em Matemática As transformações ocorridas na sociedade, nos últimos anos, são observáveis nos aspectos sociais, culturais, filosóficos, socioeconômicos, políticos, ideológicos, religiosos, educacionais, dentre outros, que vivenciamos. Na literatura, é possível elencar vários fatores positivos e negativos possibilitados por essas transformações. Entre os fatores positivos, é possível citar a facilidade que atividades cotidianas podem ser realizadas atualmente, assim como o rápido e quase imediato acesso às informações geradas em todos os lugares do mundo. Por outro lado, discutem-se também algumas consequências negativas dessas transformações, como a substituição da mão de obra humana pela tecnologia e a falta de privacidade, aos quais os indivíduos têm se submetido, além de uma série de golpes que podem ser aplicados pela internet. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 3/21 Nesse sentido, considerando a complexidade da sociedade atual, é necessário que a instituição escolar se caracterize como um ambiente capaz de acompanhar tais transformações, além de oportunizar ao estudante o desenvolvimento de habilidades e competências que lhe possibilite sucesso em seu processo de interação social, tanto do ponto de vista acadêmico quanto profissional. A escola tem a função de possibilitar a aprendizagem de conhecimentos de forma organizada, planejada e sistematizada, além da expectativa de que proporcione aos estudantes o desenvolvimento de autonomia para seguir aprendendo dentro e fora desse espaço. Em certa medida, os professores são responsáveis por oportunizar esse desenvolvimento, o qual pode ser mobilizado a partir de suas opções metodológicas. Nesse contexto, o uso de ferramentas digitais no processo educacional associadas ao ensino de Matemática como alternativa pedagógica tem chamado a atenção de diversos pesquisadores da área. Na literatura acadêmica, há diversas discussões que relacionam a tecnologia com a educação. Santos (2011, p. 27), por exemplo, apresenta uma definição do conceito de tecnologia educacional: No que diz respeito especificamente à Educação Básica, Greefrath, Hertleif e Siller (2018) destacam que há uma suposição geral na literatura de que as representações matemáticas desenvolvidas e utilizadas durante as aulas de Matemática são influenciadas não apenas pelos conhecimentos matemáticos dos estudantes, mas também pelas possibilidades das ferramentas digitais a eles disponibilizadas pelos proponentes de tais atividades, nesse caso, os professores. Conhecimento Local e Conhecimento Universal: diversidade, mídias e tecnologias na educação Autores: Joana Paulin Romanowski, Pura Lúcia Oliver Martins e Sérgio Rogério Azevedo Junqueira Editora: Editora Universitária Champagnat Ano: 2004 Comentário: Para conhecer um pouco mais sobre o uso de recursos tecnológicos como metodologia na educação, com foco na Educação Básica, leia “Conhecimento Local e Conhecimento Universal: diversidade, mídias e tecnologias na educação”, de Romanowski, Martins e Junqueira. A obra aborda, de maneira bastante didática, uma série de aspectos que podem auxiliar o professor que pretende inserir a tecnologia em seu trabalho. Você quer ler? O conceito de tecnologia educacional pode ser enunciado como o conjunto de procedimentos (técnicas) que visam "facilitar" os processos de ensino e aprendizagem com a utilização de meios (instrumentais, simbólicos ou organizadores) e suas consequentes transformações culturais. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 4/21 A utilização de Mídias Tecnológicas (MT) como um auxiliador no processo de ensino- aprendizagem da Matemática é uma das tendências metodológicas propostas por algumas diretrizes curriculares estaduais, por exemplo, a do Estado do Paraná (2008). Joana é professora de Matemática em uma escola de Ensino Médio há mais de 20 anos. Ao longo de sua carreira, sempre teve dificuldade para trabalhar geometria analítica em suas aulas porque, apesar de entender que esse conteúdo é fundamental para a formação de seus alunos, sempre que começa a trabalhar com geometria analítica, o seu conteúdo fica “atrasado”, pois precisa desenhar no quadro planos cartesianos, retas, pontos e segmentos. Após participar de uma semana de formação em que um software de geometria dinâmica foi apresentado aos professores, Joana percebeu que poderia utilizar a tecnologia ao seu favor, não precisando fazer os desenhos e podendo avançar com os seus conteúdos. Além disso, o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino-aprendizagem também possibilita a compreensão de novas formas de ensino, em especial, o uso de softwares para o processo de ensinar e de aprender. Algumas possibilidades podem ser adotadas nesse processo, por exemplo, a visualização da representação algébrica, que pode ser um instrumento auxiliador no desenvolvimento do trabalho docente. Caso Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Em termos gerais, existe um entendimento dentre os pesquisadores da Educação Matemática de que, para que o processo de ensino-aprendizagem da Matemática se caracterize como algo efetivo, tornando-se dinâmico, motivador e interessante para o estudante, a partir de uma interação com o professor e seus colegas, é necessário que o docente lance mão de algumas estratégias pedagógicas, dentre elas, as diferentes metodologias de ensino. Sobre as diferentes metodologias para o ensino de Matemática, assinale a opção correta. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 5/21 Segundo Gatti e Barreto (2009, p. 17), lançar mãode recursos educacionais tecnológicos na Educação Básica tem trazido à baila uma série de novas questões relacionadas “[...] ao currículo, à experimentação matemática, às possibilidades do surgimento de novos conceitos e de novas teorias matemáticas”. Tais teorias estão relacionadas às diferentes representações possibilitadas pela tecnologia, conforme discutiremos na sequência. a. Um dos principais intuitos do uso de metodologias alternativas para o ensino de Matemática é possibilitar que o processo de aprendizagem se torne mais dinâmico e interativo. b. Todo e qualquer conteúdo matemático pode ser ensinado por quaisquer metodologias escolhidas pelo professor. c. Inter, multi e transdisciplinaridades são exemplos de metodologias para o ensino de Matemática propostas pelos documentos oficiais que regem a Educação Básica. d. Todas as metodologias para o ensino de Matemática podem ser classificadas em dois grupos: metodologias tradicionais e metodologias cognitivistas. e. A metodologia de ensino mais comum e utilizada no Brasil é a etnomatemática, seguida pelo uso de recursos tecnológicos. Verificar 2.2 As representações gráficas e a utilização de materiais concretos como ferramenta para aprendizagem em Matemática Do ponto de vista algébrico, os softwares de geometria dinâmica, por exemplo, permitem inserir equações e coordenadas diretamente na caixa de entrada do programa – sendo possível trabalhar com as variáveis, como as de funções – e oferecem comandos como raízes, conforme exemplificado na figura seguinte. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 6/21 #PraCegoVer: na imagem, é apresentado um plano cartesiano com eixo das abscissas indo de -4 a 4 e eixo das ordenadas indo de -4 a 5. Nesse plano, está representada a função linear f(x)=2x-1. Desde a década de 1980, quando estudos relacionados à informática na educação começavam a ganhar destaque na academia brasileira, D’Ambrósio e Barros (1988) já afirmavam que atividades com lápis, papel ou mesmo quadro e giz, para construir gráficos, podiam ser feitas com o uso dos computadores. Isso permitiria ao estudante ampliar suas possibilidades de observação e investigação, uma vez que, com tais recursos, uma série de etapas formais do processo construtivo podem ser sintetizadas. Um exemplo de software de geometria dinâmica, gratuito, que pode ser utilizado em sala de aula é o Geogebra, ilustrado na figura seguinte. Figura 1 - Representação gráfica da função afim f(x)=2x-1 (lê-se: f de x igual a duas vezes x menos um) Fonte: Elaborada pelo autor, 2021. Figura 2 - Tela inicial do so�ware Geogebra Fonte: Elaborada pelo autor, 2021. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 7/21 #PraCegoVer: na imagem, é apresentado um print da tela inicial do software de geometria dinâmica Geogebra. O programa é composto por cinco campos principais: barra de menus e ferramentas, janela algébrica, janela geométrica, planilha e campo de entrada. Resumidamente, cada ícone da barra de ferramentas do Geogebra apresenta várias opções que são acessadas clicando na seta do canto inferior direito. São justamente essas opções que possibilitam o trabalho com os estudantes. #PraCegoVer: na imagem, é apresentado um print da barra de ferramentas do software de geometria dinâmica Geogebra. Vamos conhecer as opções de cada ferramenta dessa barra. Figura 3 - Barra de ferramentas do so�ware Geogebra Fonte: Elaborada pelo autor, 2021. 1ª ferramenta 2ª ferramenta 3ª ferramenta 4ª ferramenta 5ª ferramenta 6ª ferramenta 7ª ferramenta javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 8/21 Para acessar opções de configuração relacionadas aos eixos cartesianos, é necessário clicar com o botão direito do mouse sobre os planos e selecionar a opção “Propriedades”, nesse local. É possível alterar escala, renomear eixos, mudar a cor dos eixos, entre outras opções, conforme ilustrado na figura a seguir. 8ª ferramenta 9ª ferramenta 10ª ferramenta 11ª ferramenta 12ª ferramenta javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=X… 9/21 #PraCegoVer: na imagem, é apresentada a tela para configuração e formatação dos eixos cartesianos no software Geogebra. Na barra superior da janela, há quatro áreas para configuração: configurações básicas; configurações no Eixo X; configurações no Eixo Y e configurações na Malha. Nas configurações básicas (área que está selecionada), é possível alterar as dimensões mínimas e máximas dos eixos x e y; a escala desses eixos; a cor dos eixos; o estilo dos eixos; o estilo do rótulo (podendo ser em Serif, Negrito e Itálico). É possível ainda selecionar a exibição da “barra de navegação para passos da construção”; alterar a cor de fundo da tela e escolher a exibição ou não das coordenadas do mouse. Figura 4 - Janela de configuração/formatação dos eixos cartesianos no Geogebra Fonte: Elaborada pelo autor, 2021. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 10/21 Para ativar cada elemento da barra de ferramentas, é necessário, primeiramente, clicar no item e, posteriormente, na janela geométrica. Uma vez feito isso, cada objeto criado na Janela Geométrica corresponderá a uma representação na Janela Algébrica. É possível ainda, no Geogebra, digitar expressões diretamente no Campo de Entrada e, ao clicar na tecla “Enter”, o comando será executado. O resultado será uma visão geométrica e uma representação algébrica, cada uma apresentada em suas janelas específicas. No entanto, assim como nos dias atuais, quando as primeiras discussões relacionadas ao uso do computador na educação foram iniciadas, alguns autores, como D’Ambrósio e Barros (1988), já ressaltavam que a interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional que tenha conhecimento do significado do processo de aprendizado, por meio da construção do conhecimento que entenda profundamente sobre o conteúdo que está sendo trabalhado pelo aluno e que compreenda os potenciais do computador (MENDES et al., 2014). Além disso, Gracias, Penteado e Borba (2000), ao explorarem o uso de tecnologia na Educação Básica, constataram que a presença desta altera as relações de poder na sala. Nesse contexto, Mendes et al. (2014, [s. p.]) afirmam que: Com relação especificamente ao processo de ensino de Matemática, é importante ressaltar que abordar atividades matemáticas com recursos tecnológicos enfatiza um aspecto fundamental da disciplina: a experimentação, uma vez que, de posse dos recursos tecnológicos, os estudantes argumentam e conjecturam sobre as atividades com as quais se envolvem na experimentação, possibilitando relações que auxiliem de maneira efetiva o aprendizado. Nesse sentido, é necessário entender que o avanço da tecnologia atinge de tal modo as formas de vida de toda a sociedade que a escola não pode ficar à margem desse desenvolvimento. Não se trata somente da criação da tecnologia para a escola, mas de entender que se criam Agora que você já conhece algumas funcionalidades e as principais ferramentas do Geogebra, que tal colocarmos isso em prática? Faça o download desse programa em seu computador ou celular (lembrando que este é um software totalmente gratuito) e insira,na caixa de entrada, a função linear f(x) = ax + b (lê-se: f de x igual a vezes x mais b). No momento da inclusão dos parâmetros dessa função, utilize o comando “deslizante” e verifique como a alteração desses parâmetros modifica o comportamento do gráfico dessa função. Compartilhe conosco suas percepções! Vamos Praticar! À frente de um computador um aluno faz várias opções: pode acessar softwares, usar ajuda online, comparar programas e equipamentos que possuem em casa e descobrir caminhos novos que o professor nem conhece. Com isso, os alunos conquistam espaços cada vez maiores no processo de negociação na sala de aula. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 11/21 novas formas de comunicação, novos estilos de trabalho, novas maneiras de ter acesso e produzir conhecimento. Com base nessas informações, o pensamento geométrico surge da interação espacial com os objetos e os movimentos do mundo físico e se desenvolve por meio das habilidades de localização, visualização, representação e de construção de figuras geométricas (REIS; LINS, 2010), o que pode ser potencializado por meio das representações gráficas. Assim, essas informações obtidas por máquinas informatizadas executam tarefas que antes eram realizadas pelo trabalho humano. Como já citado anteriormente, em todos os ramos da ciência há transformações em decorrência das mudanças tecnológicas. Dessa maneira, na era midiática, a hegemonia do paradigma informacional pressiona também o sistema de ensino. A emergência da sociedade do conhecimento demanda uma educação que permita o acesso à informação para todos. Para competirem no mercado de trabalho, os indivíduos devem ser flexíveis e portadores de conhecimentos atualizados que atendam às novas exigências. No mundo globalizado, a informação do conhecimento está circulando pela mídia digital e virtual, o que faz com que mudanças radicais de paradigmas nos sistemas educativos sejam adotadas. Dessa forma, para atender às novas exigências do mercado internacional, a proposta dos organismos internacionais é subordinar a escola às novas leis do mercado. A escola, além de possibilitar a construção do conhecimento, deve educar para a vida, ensinar a aprender a aprender, ensinar a aprender a fazer, ensinar a aprender a viver junto, ensinar aprender a ser. O conhecimento foi ampliado em todos os campos de aplicação e confunde-se com o universo de informações. Os indivíduos são obrigados a se adaptarem às novas configurações do mundo técnico, nas quais a informação digital de códigos e mensagens substitui muitas atividades cognitivas no campo da linguagem escrita, leitura e voz; capacidade de armazenamento, combinação de símbolos; criação e produção sonora em todos os estilos musicais, sensibilidade dos sensores, elaboração e captação de imagens, visualização e controle do tempo. (TERUYA, 2016, p. 24). [...] o computador conquista o universo pedagógico como fonte do saber e da sabedoria. Ele é inserido no processo de ensino-aprendizagem como elemento eficiente na construção do saber de forma espontânea, lúdica e livre. Estudantes, professores e pais, com raras exceções, apontam a necessidade de laboratórios equipados com computadores para que o aluno tenha uma melhor qualidade de ensino. A utilização do computador nas escolas públicas brasileiras está crescendo, assim como a capacitação docente nos laboratórios de informática educativa. (PAPERT, 1986 apud TERUYA, 2016, p. 54). Seymour Papert (1928-2016) foi considerado o teórico mais conhecido do mundo sobre o uso de computadores na Você o conhece? javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 12/21 Loyo e Cabral (2018) esclarecem que a incorporação de computadores no ensino não deve ser apenas a informatização dos processos de ensino já existentes, pois não se trata de aula com possibilidades midiáticas. O computador e outros materiais concretos permitem criar ambientes de aprendizagem que fazem surgir novas formas de pensar e aprender, como as listadas por Mendes e Nascimento (2012). Assim, o computador permite que cada estudante, ou grupo, conduza o processo de aprendizagem, pois podem tomar decisões em função das respostas que o computador dá para suas ações. educação. Com formação em Matemática, o norte- americano estudou na Universidade de Witwatersrand e ministrou aulas na Massachusetts Intitute of Technology. Em sua teoria, Papert cunhou termos que são até hoje utilizados em todo o mundo: construcionismo e interativismo. Favorecer a interação com uma grande quantidade de informações, que se apresentam de maneira atrativa, por suas diferentes notações simbólicas (gráficas, linguísticas, sonoras etc.). Ser utilizado como fonte de informações: existem inúmeros softwares que oferecem informações sobre assuntos em todas as áreas de conhecimento. Possibilitar a problematização de situações por meio de programas que permitem observar regularidades, criar soluções, estabelecer relações, pensar a partir de hipóteses, entre outras funções. Favorecer a aprendizagem cooperativa, pois permite a interação e a colaboração entre alunos no processo de construção de conhecimentos, em virtude da possibilidade de compartilhar dados pesquisados, hipóteses conceituais e explicações formuladas. Favorecer a aprendizagem ativa controlada pelo próprio estudante, já que permite representar ideias, comparar resultados, refletir sobre sua ação e tomar decisões. Além disso, motiva os alunos a utilizarem procedimentos de pesquisa de dados que manualmente requerem tempo e dedicação. Permitir a realização de situações concretas, pela aplicação de conceitos utilizando linguagens de programação e interfaces de comunicação. Oferecer recursos que permitem a construção de objetos virtuais, imagens digitalizadas e que favorecem a leitura e construção de representações espaciais. Permitir múltiplas revisões e correções devido à facilidade de modificar o texto, o gráfico ou o desenho: inserir mais informações, alterar partes, mudar a sequência de apresentação das informações etc. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 13/21 No entanto, além das várias possibilidades relacionadas ao uso da tecnologia como recurso de ensino em sala de aula, uma série de desafios também circundam essa prática. Dentre eles, é possível citar o custo para instrumentalização das escolas, uma vez que computadores atualizados e uma boa rede de internet não são aquisições baratas. Assim, caso tal instrumentalização não seja efetuada de maneira adequada, o uso da tecnologia pode resultar em mais desigualdade entre os processos educacionais ocorridos em diferentes escolas. Outro desafio está relacionado ao alto poder de instrução do computador, o que exige um acompanhamento personalizado por parte do docente no sentido de garantir que a tecnologia seja, de fato, utilizada como uma auxiliadora no processo de construção do conhecimento ali explorado. Desse modo, Teruya (2009, p. 97) mostra que “[...] na história da humanidade, o domínio tecnológico sempre foi decisivo para o desenvolvimento de um país e da sociedade”. Além disso, quando o aprendiz trabalha corretamente com o computador, este pode ser visto como uma ferramenta para resolver problemas, uma vez que os softwares utilizam conceitos, estratégias e estilo para a resolução de problemas. Teste seus conhecimentos (Atividade não pontuada) Dentre as diferentes teorias de aprendizagem presentes na literatura, parte delas discute a importância de que o estudante deve ser confrontadoe desafiado com situações que envolvam aplicações matemáticas para a resolução de seus problemas cotidianos. Além disso, uma das maneiras de realizar esse desafio é fazendo uso de recursos tecnológicos. Considerando que existem vários desafios relacionados à implementação do uso da tecnologia como recurso de ensino em sala de aula, assinale a opção correta. a. Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode ampliar o acesso à informação dos estudantes, se mal utilizada, pode aprofundar ainda mais o abismo existente entre os sistemas público e privado de ensino no Brasil. b. A tecnologia substitui o papel do professor na educação, logo, um dos desafios é convencer que os docentes façam a adesão dessa prática em suas aulas. c. A tecnologia é uma temática bastante explorada nos cursos de graduação atualmente, o que faz com que o processo de formação docente não seja um desafio nessa área. d. Como todas as escolas do Brasil já estão equipadas com materiais de informática, a disponibilização de computadores não é um problema para a adesão dessa prática em sala de aula. javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 14/21 Vale ressaltar que a integração do computador ao ambiente escolar é uma questão complexa, que implica compreender o papel que a tecnologia pode assumir no processo de ensino- aprendizagem. Esse papel não é homogêneo, pois depende, em grande parte, das intenções do educador e das características do programa computacional que se pretende utilizar. Assim, os resultados desses usos no processo educacional acabam sendo mensurados por processos avaliativos característicos da Educação Básica, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), conforme discutiremos na sequência. e. A formação de cidadãos críticos, autônomos e participativos é um dos motivos do uso de tecnologia em sala de aula, no entanto, isso não pode ser considerado um desafio, pois o uso dessas ferramentas já garante esses aspectos formativos. Verificar 2.3 Processos avaliativos do Ensino Médio em Matemática: análise dos objetivos, conteúdos cobrados e resultados da avaliação internacional do PISA O Programme for International Student Assessment (PISA) – em tradução livre, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – é um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com estudantes da faixa etária média de 15 anos. Em termos gerais, o PISA: Assim, o foco do PISA não é exatamente avaliar o que os estudantes conhecem e dominam dos conteúdos matemáticos, e sim analisar o que eles conseguem fazer com tais conhecimentos. Como já discutido anteriormente, recomenda-se que o ensino de Matemática no Brasil seja preferencialmente relacionado a situações cotidianas dos estudantes. Para isso, existem até propostas de metodologias de ensino que favorecem esse tipo de abordagem, como é o caso da etnomatemática (D'AMBRÓSIO, 2012). No entanto, ainda que haja tal recomendação, [...] visa avaliar a capacidade que os alunos de 15 anos de diferentes países/economias têm para mobilizar conhecimentos nos domínios da matemática, da leitura e das ciências e responder a situações comuns da vida quotidiana. (PEREIRA; MOREIRA, 2020, p. 480). javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 15/21 conforme afirmam Pereira e Moreira (2020, p. 475), a cada divulgação dos resultados do PISA, “[...] a sociedade brasileira fica surpresa com os resultados de baixo desempenho apresentado pelos estudantes brasileiros”, em comparação aos estudantes dos demais países participantes, membros da OCDE. Antes de continuarmos a falar sobre o programa, entenda a abrangência de aplicação do PISA em cada ano. A próxima avaliação seria, pela ordem, em 2021, no entanto, como reflexo das dificuldades enfrentadas pela pandemia de COVID-19, os países-membros da OCDE decidiram pelo adiamento da prova, ficando essa aplicação prevista para 2022. O PISA avalia três diferentes domínios, a saber: leitura, matemática e ciências. Em cada edição do teste, é avaliado um domínio principal em que os estudantes respondem um maior número de itens. Dado o escopo desta disciplina, as considerações subsequentes estarão especificamente relacionadas ao domínio “matemática”. O PISA também avalia os chamados domínios inovadores denominados: resolução de problemas; letramento financeiro e competência global. Como instrumento de aplicação desse teste, faz-se uso dos Cadernos de Teste Cognitivo e os Questionários Contextuais. As questões são compostas por itens de múltipla escolha, de respostas abertas e respostas fechadas. Conforme ressaltam Pereira e Moreira (2020, p. 482), o PISA é resultado de um: Como já mencionado, os resultados dos estudantes brasileiros no PISA não são satisfatórios, quando comparados a outros países, o que denota uma necessidade de transformação urgente no processo de ensino-aprendizagem. A título ilustrativo, na prova de 2003, a média da OCDE em Matemática foi de 497 pontos, enquanto a média dos estudantes brasileiros foi de 356 pontos. Já no PISA 2012, a média da OCDE foi de 498 pontos, e a média dos estudantes brasileiros foi de 391 pontos (BRASIL, 2013). [...] processo colaborativo, com base em interesses compartilhados e orientados para as políticas [...] e procura reunir conhecimentos científicos dos países participantes, conduzidos conjuntamente pelos seus governos. Os países trabalham juntos para produzir um método de avaliação de estudantes que seja válido em todos os países, forte na medição de habilidades relevantes e baseado em situações de experiências sociais reais. O PISA foi aplicado em 43 países. A aplicação abrangeu 41 países. Foram 58 países participantes. 65 países participaram da sua aplicação. Participaram 67 países. Houve a participação de 70 países. Participaram 79 países. 2000 2003 2006 2009 2012 2015 2018 javascript:void(0); 27/02/2022 14:16 Metodologia e prática de ensino de matemática: ensino médio e EJA https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=veNP5pppx57UHQ%2bPPp5ONw%3d%3d&l=7gGvs32ow1QO9TqfwD5yQg%3d%3d&cd=… 16/21 Conforme destacam Pereira e Moreira (2020), para que os resultados dos anos sejam comparáveis, há, nos testes, itens comuns entre os ciclos que permitem estabelecer as comparações necessárias sobre a evolução do desempenho dos estudantes brasileiros, nesse caso, em Matemática. Assim, ainda que baixo, o desempenho dos estudantes brasileiros tem melhorado ao longo dos anos. Conforme destaca a própria OCDE ([s. d.], p. 1): “While Brazil performs below the OECD average, its mean performance in mathematics has improved since 2003 from 356 to 391 score points, making Brazil the country with the largest performance gains since 2003”. Em tradução livre: “Embora o Brasil tenha um desempenho abaixo da média da OCDE, seu desempenho médio em matemática melhorou desde 2003 de 356 para 391 pontos, tornando o Brasil o país com os maiores ganhos de desempenho desde 2003”. Ainda assim, os resultados mostram que a formação básica dos estudantes necessita de uma transformação no sentido de lhes proporcionar o desenvolvimento de competências e habilidades específicas em Matemática que os capacitem a aplicar tais conhecimentos na resolução de problemas cotidianos. No Brasil, a aplicação e gerenciamento do PISA é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação, a qual é responsável pela aplicação de outro exame de larga escala, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), conforme veremos a seguir.