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Vulnerabilidade Social Olá, jovem! Seja bem vindo a mais um encontro. Hoje, vamos conversar e aprender um pouco mais sobre um tema muito importante para todos nós: vulnerabilidade social. Você sabe o que é? Consegue reconhecer as condições que caracterizam um sujeito (criança, adolescente, adulto) ou uma família em situação de vulnerabilidade social? Sabe a quem recorrer para encontrar auxílio para superar essa condição? Nesse encontro refletiremos juntos sobre as características e os indicadores que determinam o conceito de Vulnerabilidade social. Apresentaremos também quais órgãos públicos estão a serviço da sociedade para apoiar cidadãos não alcançados em alguma medida pelo Estado. Esperamos que ao final desse estudo, você tenha adquirido conhecimentos e informações suficientes para ampliar sua consciência a respeito de seus direitos e dos serviços públicos que devem estar à disposição de todo cidadão que necessita superar qualquer condição que o torna, ainda que temporariamente, vulnerável. O que é Vulnerabilidade Social? Vulnerabilidade Social é o conceito utilizado para caracterizar um determinado nível de fragilidade socioeconômica de sujeitos que acessam de forma extremamente limitada ou vivenciam a ausência total de bens e serviços que deveriam, a princípio, estar à disposição de todo cidadão brasileiro, por força da ação do Estado. Essa situação evidencia, portanto, um processo de exclusão social. Isso porque um indivíduo ou grupo que tem recursos e habilidades insuficientes não conseguirá aproveitar as oportunidades oferecidas pela sociedade em condições de igualdade com aqueles que não compartilham dos mesmos problemas e necessidades. (ABRAMOVAY, 2002). Vulnerabilidade social é o mesmo que pobreza? Não! A sua compreensão não deve ser restrita ao fator econômico, pois outras categorias podem determinar essa condição. Questões como orientação sexual, etnia, cor, gênero, entre outros, precisam ser observadas. Por exemplo: Mulheres que enfrentam dificuldades e restrições em sua mobilidade (ascensão) social, apenas porque são mulheres. A desvantagem nesse caso, ou seja, a origem desse problema, não é econômica é uma questão de gênero. Sendo assim, as organizações simbólicas vão estar também ligadas ao conceito de vulnerabilidade social. Fatores que influenciam na caracterização da vulnerabilidade social Para Ayres (1999) a vulnerabilidade social se constitui a partir do seguinte contexto: 1. O acesso ou domínio de recursos materiais ou simbólicos que vão garantir desenvolvimento e ascensão social; 2. A possibilidade de usufruir das oportunidades que provêm do Estado, do mercado e da sociedade como um todo – capacidade de inserção no mercado de trabalho e acesso às políticas. 3. A forma como esses indivíduos e grupos se organizam e se comportam diante dos desafios que surgem com as transformações políticas, culturais, tecnológicas e estruturais que ocorrem na sociedade. Em síntese: a vulnerabilidade aumenta com a falta de acesso à informação, a bens e aos serviços básicos de educação e falta de confiança ou credibilidade na sustentação de determinados arranjos sociais e políticos. Índice de Vulnerabilidade Social No Brasil, o Índice de vulnerabilidade social é medido a partir de três conjuntos que caracterizam a presença ou a ausência de elementos que agregam qualidade à vida das pessoas, aumentando ou reduzindo suas possiblidades (IPEA, 2015). Veja a seguir o detalhamento de cada um: i) Infraestrutura urbana: nesse conjunto verifica-se se há saneamento básico, redes de abastecimento de água, serviços de esgotamento sanitário e coleta de lixo, tempo gasto no deslocamento entre a moradia e o local de trabalho pela população de baixa renda. ii) Capital humano - saúde e educação: nesse conjunto são levantadas questões como: mortalidade infantil; crianças e jovens que não frequentam a escola; mães precoces, mães chefes de família com baixa escolaridade e filhos menores; baixa escolaridade entre os adultos do domicílio; jovens que não trabalham e não estudam. iii) Renda e trabalho: os elementos verificados a partir desse conjunto são: insuficiência de renda, a desocupação de adultos; a ocupação informal de adultos pouco escolarizados; a dependência com relação à renda de pessoas idosas; assim como a presença de trabalho infantil. O índice acaba por se consolidar como um instrumento de identificação das falhas de oferta de bens e serviços públicos no Brasil, compondo um mapa de abrangência nacional. E consequentemente apoia de forma significativa a política social brasileira, uma vez que atesta a ausência ou insuficiência de “ativos” que, pela própria Constituição Federal de 1988, deveriam ser providos aos cidadãos pelo Estado, nas suas diversas instâncias administrativas. Crianças e Adolescentes O Estatuto da Criança e do Adolescente reafirmou a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. São eles: saúde, convivência familiar e comunitária, educação, esporte e lazer, dignidade, respeito e liberdade e preparação e proteção ao trabalho. Se qualquer um desses direitos é violado, caracteriza-se situação de risco pessoal e social e expõe a criança e o adolescente a várias situações inadequadas, tornando-as vulneráveis. As desigualdades sociais colaboram com esse contexto, pois marginalizam, excluem e lhes retiram parte desses direitos, ainda que garantidos constitucionalmente. Mais uma vez, não se trata apenas de uma questão econômica. “A falta de vínculos afetivos na família e nos demais espaços de socialização; a passagem abrupta da infância à vida adulta; a falta de acesso à educação, trabalho, saúde, lazer, alimentação e cultura; a falta de recursos materiais mínimos para sobrevivência; a inserção precoce no mundo do trabalho; a falta de perspectivas de entrada no mercado formal de trabalho; o alto índice de reprovação e/ou evasão escolar; a oferta de integração ao consumo de drogas e de bens, ao uso de armas, ao tráfico de drogas” (ABRAMOVAY, CASTRO, PINHEIRO, LIMA, MARTINELLI, 2002).. Uma criança ou um adolescente vulnerável tem sua autoestima comprometida, se vê como incapaz de superar sua condição e acaba por perpetuar, sem apoio, na maioria dos casos, um estado de miséria não só material, mas também afetiva. Para garantir que crianças e adolescentes sejam atendidos em seus direitos, o ECA determina que a política de atendimento dos direitos desse público aconteça a partir de um conjunto articulado de ações governamentais e não- governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Como o Sistema de Garantia de Direitos é formado? Ele é organizado em três grandes eixos: Defesa, Promoção e Controle. Na Defesa, estão: – órgãos públicos judiciais; – Ministério Público – Defensorias Públicas; – Advocacia Geral da União e as procuradorias gerais dos estados; – polícias e delegacias especializadas; – Conselhos Tutelares; – ouvidorias e entidades de defesa de direitos humanos incumbidas de prestar proteção jurídico-social; – Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca). “As pessoas, desde muito jovens, percebem-se como inferiores, incapazes, desvalorizadas, sem o reconhecimento social mínimo que as faça crer em seu próprio potencial como ser humano”. (PEREIRA, 2015). Na Promoção, entram todos os atores, em especial o governo, que irão criar os canais e as políticas para que os direitos sejam observados e garantidos. No Controle, aparece principalmente a sociedade civil (eu e você) que deverá cobrar tanto a execução das políticas, quanto a efetivação e a qualidade das que já existem e também por instâncias públicas colegiadaspróprias. O acompanhamento e a fiscalização também ocorrem por parte dos conselhos dos direitos de crianças e adolescentes e dos conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas. Referências: Risco, violência e acolhimento de crianças e adolescentes no estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/tj_pr/consij_pr_risco_e_viol encia_2012.pdf Atlas da Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros. Disponível em: http://ivs.ipea.gov.br/images/publicacoes/Ivs/publicacao_atlas_ivs.pdf Sistema de garantia de direitos: Disponível em: http://educacaointegral.org.br/glossario/sistema-de-garantia-de-direitos/ Ministério do Desenvolvimento Social: http://mds.gov.br/ http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/tj_pr/consij_pr_risco_e_violencia_2012.pdf http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/tj_pr/consij_pr_risco_e_violencia_2012.pdf http://ivs.ipea.gov.br/images/publicacoes/Ivs/publicacao_atlas_ivs.pdf http://educacaointegral.org.br/glossario/sistema-de-garantia-de-direitos/ http://mds.gov.br/