Buscar

Aula 4 - Classificação dos transtornos mentais e o cuidado integral


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
O olhar para além da psicopatologia na avaliação psíquica, as principais psicopatologias, o uso
de psicofármacos e o cuidado integral na saúde mental.
PROPÓSITO
A compreensão dos diferentes transtornos mentais ao realizar o exame psíquico é fundamental
para o acompanhamento do usuário, permitindo que o profissional de saúde mental seja capaz
de reconhecer e ofertar uma escuta qualificada, terapêutica e pautada no cuidado integral.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Aplicar o exame psíquico, seguindo as técnicas da entrevista em saúde mental e da semiologia
psiquiátrica
MÓDULO 2
Identificar os sinais, os sintomas e os psicofármacos envolvidos no cuidado aos pacientes com
transtornos de ansiedade e transtorno de humor
MÓDULO 3
Reconhecer sinais e sintomas e os principais psicofármacos envolvidos no cuidado aos
pacientes com transtornos psicóticos e de personalidade
MÓDULO 4
Avaliar sinais e sintomas e os principais psicofármacos envolvidos no cuidado aos pacientes
com transtornos dismórficos corporais (TDC)
INTRODUÇÃO
Segundo os dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking
mundial dos transtornos mentais no que se refere à prevalência de transtornos de ansiedade.
Diante disso, é importante refletir sobre os motivos que colocam o Brasil nessa posição.
Pesquisadores relacionam que esses índices podem estar ligados ao modo de funcionamento
da sociedade atual e ao investimento em novas técnicas que auxiliam no diagnóstico e no
tratamento dos mais variados transtornos mentais.
Neste conteúdo, identificaremos as principais alterações psíquicas a serem observadas
durante a realização do exame do estado mental atual, reconheceremos os principais sinais e
sintomas dos transtornos de ansiedade, de humor, de personalidade, dos transtornos
psicóticos e suas respectivas abordagens farmacológicas. Na atuação do profissional de
saúde, é fundamental compreender as características atuais do paciente, sua trajetória e
biografia, e não só conhecer os sinais e sintomas dos transtornos mentais. Dessa forma, o
diagnóstico não se baseará apenas na presença ou na ausência de um determinado sintoma,
mas sim no entendimento de como o sintoma surgiu, em qual contexto e com que intensidade
e constância.
MÓDULO 1
AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL
Quando nos deparamos com pessoas em sofrimento psíquico, experimentamos uma
diversidade de emoções e sentimentos, que podem provocar em nós curiosidade, indiferença
ou afastamento. Para que seja possível oferecer uma assistência em saúde mental de
qualidade, é fundamental saber realizar a avaliação do estado mental, pois assim poderemos
utilizar os instrumentos adequados para auxiliar a assistência às pessoas em sofrimento
psíquico e/ou com transtornos mentais.
Antes de abordar as etapas do exame psíquico, é importante ressaltar que cada interação é
única, pois os determinantes relacionais e socioculturais irão exigir do profissional uma
abordagem apropriada para cada paciente, tornando esse momento único, dinâmico e com
 Aplicar o exame psíquico, seguindo as técnicas da entrevista em saúde mental e da
semiologia psiquiátrica
relações recíprocas. Outro ponto fundamental que antecede a realização do exame psíquico é
a comunicação estabelecida durante o processo de acolhimento.
Durante esta fase, já se estabelece uma comunicação terapêutica, que é a base dos cuidados
em saúde mental.
Quando a avaliação do estado mental é iniciada, para elaboração de um planejamento
assistencial, algumas condições de normalidade e anormalidade precisam ser levadas em
consideração.
O propósito da avaliação do estado mental é oferecer subsídios necessários para o cuidado em
saúde mental e para a construção do Projeto Terapêutico Singular (PTS), que deve ser
construído por toda a equipe multiprofissional; portanto, ao interagir com a pessoa com
transtorno mental durante o acolhimento nos serviços de saúde, o objetivo é coletar dados para
garantir uma boa assistência e um direcionamento em saúde adequado. A partir dos dados
coletados é possível:
Identificar os sinais e os sintomas.
Descartar as alterações orgânicas.
Compreender como a pessoa em sofrimento psíquico se percebe e se sente nessa condição.
ORIENTAÇÕES PARA O INÍCIO E
DESENVOLVIMENTO DA ENTREVISTA
O sofrimento psíquico ocorre em condições clínicas e extraclínicas; com isso, é importante
adotar um roteiro para auxiliar o profissional na abordagem ao paciente, garantindo um olhar
interdisciplinar na construção do projeto terapêutico.
Ao iniciar a entrevista em saúde mental, é recomendado que o exame do estado mental seja
cercado de cuidados como:
Apresentar-se, demostrando-se acolhedor e profissional (falar seu cargo e profissão).
Falar menos, utilizando expressões simples, e ouvir mais, pois escutar o paciente é a
prioridade na entrevista.
Abordar o paciente pelo nome e respeitar sua privacidade.
Ficar atento às expressões verbais e não verbais durante o processo comunicativo.
Atentar para o conteúdo da comunicação verbal, pois a incoerência entre a comunicação verbal
e a não verbal pode ser um sinal de alteração no estado mental.
Procurar um equilíbrio na observação objetiva e no uso da experiência clínica para fazer as
inferências pertinentes.
Coletar informações relevantes como dados de identificação, história familiar, histórico
psicossocial e motivos que o levou a procurar o serviço.
O profissional deve evitar algumas atitudes e posturas inadequadas e improdutivas como
posturas rígidas e estereotipadas, atitude excessivamente neutra ou fria, reações
exageradamente emotivas, comentários valorativos, reações emocionais intensas de pena ou
compaixão, respostas hostis ou agressivas.
Entrevistas excessivamente prolixas e a realização de muitas anotações durante a entrevista
podem atrapalhar o processo de avaliação e comunicação.
ETAPAS DO EXAME PSÍQUICO
No ato do exame propriamente dito, o profissional deve estar atento a diversos aspectos e
funções mentais. A seguir, serão abordadas as etapas e os componentes do exame psíquico:
APARÊNCIA GERAL
Nesta etapa, são observados a higiene, a vestimenta e as condições físicas, a expressão facial
, a postura corporal e o comportamento social. Durante a interação, o profissional pode
observar comportamento bizarro, isolado, preocupado, constrangido, desconfiado ou
desinibido. Nesse momento, o profissional deve descrever de forma clara no prontuário o que
reparou, para que outras pessoas que não conhecem o paciente consigam ter a ideia clara da
aparência dele. Observe o exemplo a seguir:
 EXEMPLO
Mulher baixa emagrecida, com a higiene corporal preservada, porém despenteada, com
vestimentas inapropriadas para a temperatura, olhar distante, com semblante triste,
aparentando ter muito mais idade do que 40 anos.
A partir dessa descrição, é possível realizar o levantamento de hipóteses e cuidados iniciais
que permitam uma atenção especial para o caso. É importante, no entanto, não confundir as
primeiras hipóteses com uma visão já determinista e direcionada para um diagnóstico, pois
devemos estar sempre abertos para novas informações que podem mudar completamente as
primeiras impressões.
CONSCIÊNCIA
Nessa etapa, deve ser analisado se o paciente está ciente de si mesmo e do ambiente, se está
acordado, vígil e desperto. Pacientes com alteração do nível de consciência podem apresentar
alterações qualitativas e/ou quantitativas como estado confusional agudo, obnubilação da
consciência, estupor e, nos casos mais graves, coma.
OBNUBILAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Trata-se de uma alteração da consciência, caracteriza-se pela diminuição da sensopercepção,
lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais.
javascript:void(0)

A semiotécnica aplicada para a análise das alterações qualitativas e sindrômicas é realizada
nas perguntas sobre o que sujeito sabe de si, do tempo, do espaço e dos objetos ao seu redor.
SEMIOTÉCNICA
Procedimento utilizado para identificaros sinais de uma doença durante um exame clínico.
Fazer perguntas sobre o nome completo do paciente, o número do seu celular, o ano em que
estamos, o nome do presidente e pedir para movimentar uma parte específica do corpo são
muito úteis para compreender o arranjo do campo da consciência.

A expressão fisionômica do avaliando também contribui de forma significativa na avaliação da
consciência. A partir dela é possível perceber se há sonolência, fadiga ou rebaixamento da
consciência. É na expressão fisionômica que também é possível encontrar traços de
perplexidade, desinteresse, dificuldade de compreensão e de julgamento da realidade.
javascript:void(0)
ORIENTAÇÃO
Trata-se de um complexo de funções psíquicas, a partir do qual temos consciência de cada
etapa de nossa situação real e de vida. Ao realizar a avaliação desse item, assim como ao
avaliar a consciência, o profissional deve fazer perguntas sobre o tempo, o espaço e sobre
aspectos da identidade pessoal do próprio paciente.
As alterações podem ser:

DESORIENTAÇÃO TEMPORAL
Dificuldade em localizar-se no tempo.

DESORIENTAÇÃO ESPACIAL
Dificuldade de localizar-se no espaço, ou seja, o lugar em que está.

DESORIENTAÇÃO AUTOPSÍQUICA
Alteração na capacidade de fornecer informações sobre si mesmo como nome, idade,
ocupação, entre outras.
Para investigar a orientação do paciente, inicie com perguntas simples e, depois, faça
perguntas mais complexas. São perguntas simples:
Qual é o seu nome completo? 
Onde fica a sua casa? 
Onde estamos? 
Em que mês estamos? 
Qual é a data do seu aniversário?
As perguntas mais complexas podem ser sobre o número de celular de alguém, ou sobre a
forma como o paciente chegou ao atendimento.
De modo geral, a semiotécnica da orientação deve apresentar perguntas relacionadas à
orientação temporal, à orientação espacial e, por fim, à orientação autopsíquica. Note que isso
observa a lógica do comprometimento da orientação mental de modo que indica a
profundidade da desorientação do paciente.
ORIENTAÇÃO TEMPORAL
As perguntas de orientação temporal são em torno do dia de hoje, da semana, do mês, do ano
em que estamos, da hora aproximada, do período do dia e das refeições realizadas.
ORIENTAÇÃO ESPACIAL
As perguntas de orientação espacial são aquelas que indicam o lugar onde se está, a cidade e
o bairro onde mora, o tempo gasto para chegar onde está e a localização de alguns objetos de
sua casa ou do lugar em que se encontra.
ORIENTAÇÃO AUTOPSÍQUICA
As perguntas de orientação autopsíquica são sobre o nome, o estado civil, a profissão e a
idade real do paciente.
 ATENÇÃO
Observa-se, nesse caso, a habilidade de focar na atividade mental em um determinado ponto.
Quando alterada, o paciente pode estar com hipervigilância ou hipovigilância.
HIPERVIGILÂNCIA
Aumento da atenção aos estímulos ambientais e dificuldade de concentração.
HIPOVIGILÂNCIA
Diminuição da atenção aos estímulos do ambiente.
No caso da avaliação dessa função, pela sua complexidade, seria necessário avaliar a
capacidade do sujeito em selecionar, organizar, filtrar, inibir, alternar e sustentar uma nitidez
consciente de um objeto/estímulo. Portanto, nenhuma avaliação de atenção que se proponha
para um levantamento válido e fidedigno desses elementos pode ser considerada eficiente e
exata. De qualquer forma, em um primeiro momento e como forma de triagem, o profissional
javascript:void(0)
javascript:void(0)
pode avaliar de forma superficial e, caso suspeite de algum problema nessa função
especificamente, utilizar testes psicológicos específicos posteriormente.
MEMÓRIA
Quanto a esse quesito, observa-se a capacidade de registrar, fixar, manter, relembrar e
reconhecer situações, pessoas, objetos e fatos ocorridos, que também são acompanhados de
emoções. O profissional deverá analisar três planos da memória:
MEMÓRIA IMEDIATA
Registro e reprodução de informações em poucos segundos.
MEMÓRIA DE CURTO PRAZO
Fatos recentes vividos.
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
Lembranças de fatos remotos.
As principais alterações da memória são:
Amnésia Incapacidade de evocar experiências passadas.
Hipermnésia Aumento da capacidade de evocar com riqueza de detalhes.
Hipertrofia da
memória
Intensa capacidade de fixação como forma de compensar o déficit
intelectual.
Criptomnésia
Não reconhecimento das situações vivenciadas, as quais são
encaradas como algo novo.
Confabulações Lacunas de memórias que são preenchidas com fantasias.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
AFETIVIDADE
Neste item, são analisadas modalidades da vivência afetiva das pessoas, como emoções,
humor e sentimentos. Por se tratar de uma abordagem genérica, são muitas as alterações no
afeto, como euforia, embotamento afetivo, labilidade afetiva, apatia, anedonia, ambivalência
afetiva, depressão, ansiedade, fobias e pânico. Em geral, durante o exame psíquico, avalia-se
a resposta afetiva do paciente aos eventos e informações abordadas durante a entrevista e as
respostas que ele ou outros próximos a ele relatam. Buscamos saber se tais respostas são
coerentes e proporcionais com a situação desencadeante.
Em alguns casos, podemos considerar nervosismo e desconfortos que podem ser até
esperados, dependendo da situação em que o sujeito se encontre.
Existem respostas, no entanto, que passam a ser motivo de atenção por parte do clínico, como
o riso intenso fora de contexto, seguido por um choro angustiante. Esses tipos de expressão
podem ser indicadores de surtos psicóticos, depressões e outros transtornos mentais.
PSICOMOTRICIDADE
Este aspecto é entendido como a vontade e disposição para agir, já que pensamos e agimos
de maneira automática, sem refletir. Assim, ao falar de psicomotricidade estamos nos referindo
a atos voluntários e involuntários. Nesse caso, destacam-se como principais alterações:
Hipobulia Dificuldade de realizar ações.
Negativismos Resistência automática às solicitações.
Excitação
psicomotora
Agitação motora.
Inibição
psicomotora
Diminuição motora.
Acatisia Incapacidade de permanecer sentado.
Tiques Movimentos irregulares.
Maneirismos e
estereotipias
Repetições mecânicas e automáticas de um ato motor complexo.
Agressividade Pode ser heteroagressivo.
Compulsão
Rituais que a pessoa reconhece como indesejáveis, porém, ela
não consegue evitar.
Catatonia
Permanecer com comportamento inexpressivo que pode ser
rompido com rompantes de agressividade.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Analisar o nível de agitação desde o começo da avaliação é essencial para a proteção do
paciente e dos que estão à sua volta. Para isso, é importante saber se aproximar,
demonstrando empatia e respeito, dando o espaço necessário, pois em algumas ocasiões essa
agitação pode ser em resposta ao desconforto que o paciente está vivenciando no momento
pela forma como está sendo enquadrado.
SENSOPERCEPÇÃO
Neste item, são analisadas a sensação e a percepção. A sensação é um fenômeno psíquico
decorrente da ação da luz, dos sons, do calor e de outros elementos sobre os órgãos do
sentido (olfato, paladar, tato, visão e audição). Já a percepção é a maneira como tomamos
conhecimento de um estímulo sensorial. Quanto a esses aspectos, as principais alterações
são:
Ilusão
Percepção deformada da realidade. Por exemplo, um cinto é percebido como uma cobra.

Alucinação
Percepção real de algo que não produziu um estímulo sensorial – pode ser auditiva, olfativa,
gustativa, visual e tátil.
PENSAMENTO
Este item é analisado a partir da fala e do comportamento do paciente. Nessa análise, serão
observados o curso do pensamento (observar a velocidade do pensamento), a forma do
pensamento (observar se há coerência no pensamento) e o conteúdo de pensamento
(observar as ideias em si, a substância do pensamento). Deve-se ter atenção especial aos
delírios, que são ideias falsas acreditadas pela pessoa como reais. Os mais comuns são:
delíriosde perseguição ou persecutório;
delírios de referência;
delírios de influência;
delírios de ciúmes;
delírios de grandeza;
delírios místicos;
delírios de culpa e autoacusação.
LINGUAGEM
Pode ser verbal ou não verbal e representa o meio de comunicação entre as pessoas. É a
forma por meio da qual expressamos nosso pensamento. As principais alterações são:
LOGORREIA
Aumento do fluxo e do volume da linguagem.
BRADILALIA
Diminuição do ritmo e do fluxo da linguagem, com expressão vagarosa e lenta.
MUTISMO
Negativismo verbal.
ECOLALIA
Repetição das últimas palavras ou sílabas da pergunta.
VERBIGERAÇÃO E MUSSITAÇÃO
Repetição sem sentido de sons, sílabas ou palavras, em volume baixo, murmurado e
monótono.
JUÍZO CRÍTICO
É a capacidade de autopercepção, algumas literaturas também irão chamar de consciência do
eu. Trata-se do julgamento a respeito de si mesmo e de sua condição psíquica.
Diz respeito à capacidade de adequação da realidade externa e à capacidade de separar os
aspectos pessoais subjetivos do mundo externo, ou seja, é a consciência do próprio corpo.
INTELIGÊNCIA
Nesta etapa da avaliação, o profissional deve avaliar o nível ou a capacidade de aprendizagem
formal, levando em consideração os aspectos culturais e sociais. O sujeito deve ser capaz de
resolver problemas novos, reconhecer de maneira correta as situações vivenciadas e encontrar
soluções. Durante essa etapa da avaliação, o entrevistador deve identificar se há sinais de
retardo mental leve, moderado ou grave.
 ATENÇÃO
É a etapa do exame psíquico que requer diálogo e troca com outros profissionais da equipe. O
profissional pode solicitar a resolução de operações matemáticas simples sem uso de papel ou
de calculadora.
Uma vez compreendidas todas as etapas do exame psíquico, é importante entender que esse
exame é um instrumento metodológico para assistência em saúde mental, pois identificar e
avaliar as alterações que podem estar caracterizando o quadro clínico do paciente são
indispensáveis para uma condução adequada do projeto terapêutico a ser implementado.
COMO REALIZAR O EXAME PSÍQUICO E
QUAL A SUA IMPORTÂNCIA
A especialista Julia Teixeira fala sobre as diversas etapas e componentes do exame psíquico e
a forma de avaliar cada um deles.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Avaliação do estado mental / O propósito da avaliação do estado mental
Orientações para o início e desenvolvimento da entrevista / Cuidados na entrevista
VERIFICANDO O APRENDIZADO
TRANSTORNOS DE HUMOR OU
TRANSTORNOS AFETIVOS
O termo “humor” significa “ânimo de uma pessoa em relação a alguma coisa ou em alguma
situação”. Antes de iniciar os estudos sobre os diferentes tipos de transtornos de humor que
existem, é importante lembrar que tristeza e alegria fazem parte do cotidiano de todos nós,
sendo:
Tristeza
MÓDULO 2
 Identificar os sinais, os sintomas e os psicofármacos envolvidos no cuidado aos
pacientes com transtornos de ansiedade e transtorno de humor
Resposta natural à perda, ao luto, à derrota, à desilusão ou aos traumas.

Alegria
Resposta natural às situações agradáveis, aos ganhos, às vitórias e aos nascimentos.
No estudo sobre os transtornos de humor, a depressão e a mania são consideradas
alterações patológicas do humor, pois nesses casos a alegria e a tristeza possuem um caráter
excessivo e são acompanhadas de diversos outros sintomas psíquicos e/ou físicos. Esses
estados, portanto, são caracterizados por sua natureza desproporcional.
Os transtornos depressivos são alterações emocionalmente graves, que persistem e que
podem variar de intensidade leve ou grave, provocando dificuldades na vida trabalhista, social
e familiar, além de alterações de ordem cognitiva, neurovegetativa e na psicomotricidade.
Nos últimos anos, estudos sobre as abordagens teóricas, os fármacos e os diversos tipos de
intervenções terapêuticas têm facilitado o acesso às informações e desmistificado o estigma
sobre essa psicopatologia. Em contrapartida, o aumento dessas informações tem provocado
uma superficialidade na aproximação desse comportamento humano. As pessoas costumam
resistir em procurar um especialista e tentam se autodiagnosticar, usando a internet como fonte
de conhecimento.
Atualmente, trabalha-se com três possíveis causas para o desenvolvimento do transtorno de
humor depressivo. Sendo elas:
CAUSA BIOLÓGICA OU GENÉTICA
CAUSA PSICOLÓGICA
EVENTOS ESTRESSORES DA VIDA
A causa biológica ou genética está ligada às influências ambientais e químicas no cérebro da
pessoa. Os neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, são responsáveis pela
regulação do humor e estão entrelaçados ao sistema humano de resposta ao estresse.
A causa psicológica possui, pelo menos, três abordagens distintas para explicar a origem do
rebaixamento do humor. Sendo elas:
PSICODINÂMICA
javascript:void(0)
A experiencia de vida e o desenvolvimento da personalidade serão determinantes para o
desenvolvimento da depressão.
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Os pensamentos, as imagens e o sistema de crenças internas afetariam o comportamento da
pessoa.
EXISTENCIAL
O sujeito apresenta dificuldades na busca de significado para a sua vida.
Por último, os eventos estressores da vida, os quais estão diretamente ligados a perdas
pessoais, maus-tratos físicos e/ou sexuais, são fatores que aumentam a probabilidade de
depressão.
 VOCÊ SABIA
A organização Mundial da Saúde (OMS) estima ser difícil estabelecer uma prevalência para a
depressão, devido ao fato de ser um transtorno muito comum. Investigações em diferentes
países do mundo afirmam que a depressão acomete aproximadamente de 3 a 11% da
população. Quando analisado o aspecto do sexo, é percebido que mulheres possuem de duas
a três vezes mais chances de desenvolver depressão. Acredita-se que essa prevalência de
depressão em mulheres esteja ligada à influência das pressões sociais, do estresse crônico e
do baixo nível de satisfação com o “papel” do ser feminino (MARCOLAN; CASTRO, 2013).
Segundo a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com
a Saúde (CID-11, 2018.), os principais sintomas que uma pessoa com depressão irá apresentar
são:
Os transtornos depressivos apresentam três níveis: leve, moderado e grave. Todos eles
implicam alterações nas esferas do funcionamento cognitivo, comportamental, fisiológico e
afetivo. Nesses três níveis, podemos observar que as consequências na qualidade de vida e na
capacidade do indivíduo de se adaptar também se apresentam de forma gradual, sendo piores
nos casos de depressão grave. Veja a seguir:
javascript:void(0)
javascript:void(0)
DEPRESSÃO LEVE
Os sintomas são identificados como os típicos do pesar normal, e as alterações cognitivas são
a preocupação com a perda, ambivalência e tendência a culpar os outros. As alterações
comportamentais são marcadas pelas crises de choro, regressão, agitação e inquietação. As
alterações de ordem fisiológicas são o da anorexia ou aumento da ingestão de alimentos, dor
torácica, insônia ou hipersonia e cefaleia. Por último, a alteração afetiva pode apresentar
sentimento de raiva, negação, culpa, ansiedade, desânimo, tristeza e desesperança.
DEPRESSÃO MODERADA
Os sintomas associados na esfera cognitiva são retardo do pensamento, dificuldade de
concentrar-se, e pensamentos obsessivos e repetitivos. Na alteração comportamental, os
movimentos físicos ficam mais lentos, a postura fica largada, a fala mais lenta e o isolamento
social é marcante, além de o paciente apresentar condições precárias de higiene. No aspecto
fisiológico, as alterações são de anorexia ou aumento do consumo de alimentos, dores
abdominais, fadiga, amenorreia, insônia ou hipersonia e diminuição da libido. Na alteração
afetiva, os sentimentos de tristeza, desânimo, desesperança, desespero, baixa autoestima e
dificuldade de sentir prazer são os principais sintomas aparentes.
DEPRESSÃO GRAVE
Os principais sintomas de ordem afetiva são de total sentimento de desespero, impotênciae
menos-valia, sentimentos de vazio, apatia, solidão, tristeza e total incapacidade de sentir
prazer. Na esfera fisiológica, os sintomas são de lentificação geral de todo o corpo, constipação
intestinal, retenção urinária, amenorreia, perda significativa de peso e diminuição da libido.
Nesse tipo de transtorno ainda podem ocorrer sintomas psicóticos, como delírios e
alucinações.
Os estudos psicopatológicos ainda incluem mais dois outros tipos de transtorno depressivo.
São eles:
TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
DISTIMIA
TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
É caracterizado por episódios repetidos de depressão com períodos de recaída e remissão,
sendo considerado um tipo de depressão crônica.
DISTIMIA
Condição mais comum na infância ou na adolescência, sendo vista como parte integrante do
processo de desenvolvimento da personalidade. Para ser considerada um transtorno crônico,
seus sintomas devem estar presentes de forma ininterrupta por no mínimo dois anos.
USO DE PSICOFÁRMACOS NOS
TRANSTORNOS DO HUMOR
Embora a prescrição de psicofármacos seja uma prática exclusiva do médico, é fundamental
que outros profissionais conheçam a ação dos psicofármacos usados no tratamento da
depressão e de outros transtornos mentais, as possíveis interações medicamentosas e os
possíveis efeitos colaterais, pois tal conhecimento é essencial para a realização de um
acompanhamento mais integral do caso.
Os pacientes que recebem tratamento medicamentoso com antidepressivos apresentam
melhora dos sintomas de até 50%, e essa redução pode chegar a 85% quando o uso de
medicamento é associado à terapia.
Os principais psicofármacos envolvidos no cuidado às pessoas com transtornos depressivos
pertencem aos grupos dos:
INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA (ISRS)
Inibição seletiva e potente da recaptação de serotonina, também conhecida como inibição do
transportador de serotonina (SERT). Essa inibição promove primeiramente um aumento da
concentração da serotonina na região somatodendrítica do neurônio, e não na terminação
axônica. Nesse caso, os principais fármacos utilizados são: Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina,
Citalopram, Escitalopram e Fluvoxamina.
TERMINAÇÃO AXÔNICA
Responsável pela neurotransmissão
INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA-
NORADRENALINA (IRSN)
Promovem a inibição da serotonina, assim como a inibição do transportador de noradrenalina
em menor grau. São os principais fármacos utilizados: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina.
INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE NORADRENALINA E
DOPAMINA (IRND)
Inibem a recaptação da noradrenalina e da dopamina pelo transportador de dopamina. O
principal fármaco utilizado é a Bupropiona.
ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS (ADT)
Bloqueiam as bombas de recaptação de noradrenalina ou simultaneamente de noradrenalina e
serotonina. Alguns são mais seletivos para a noradrenalina, e outros, para a serotonina. A
maioria, no entanto, inibe em certo grau tanto a recaptação de serotonina quanto a de
noradrenalina. Além disso, promovem inibição de receptores colinérgicos, histamínicos, α-
adrenérgicos e dos canais de sódio sensíveis à voltagem. Os principais fármacos utilizados
são: Clomipramina, Imipramina, Amitriptilina, Nortriptilina.
INIBIDORES DA MONOAMINA OXIDASE (MAO)
Essas enzimas são responsáveis pela degradação das principais monoaminas relacionadas à
depressão (serotonina, noradrenalina e dopamina). Sua inibição promove o aumento dos níveis
javascript:void(0)
desses neurotransmissores no cérebro. Os principais fármacos utilizados são: Selegilina,
Fenelzina, Tranilcipromina.
TRANSTORNO BIPOLAR
De forma equivocada, muitas pessoas acreditam que o transtorno bipolar se trata da
alternância entre um estado de alegria e de irritação em um curto período. O transtorno bipolar,
no entanto, é caracterizado por alternância de episódios de depressão e mania
(euforia/expansividade); dessa forma, não se trata de ficar alegre e triste, calmo e irritado em
poucos minutos. No estudo sobre as psicopatologias do transtorno bipolar, são classificados
como:
Transtorno
bipolar tipo I
Há ocorrência de episódios maníacos com ou sem episódio
depressivo maior.
Transtorno
bipolar tipo II
Há pelo menos um episódio depressivo, com episódio de
hipomania (não necessariamente mania).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Geralmente manifestando-se no início da vida adulta como um transtorno recorrente, grave,
que cursa com elevadas taxas de morbimortalidade, o transtorno bipolar traz prejuízos e custos
significativos para o seu portador e para a sociedade.
São sintomas maníacos humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável,
autoestima inflada ou mania de grandeza, necessidade de sono reduzida, necessidade
excessiva de falar, fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão
acelerados, envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências
dolorosas. Nesses casos, a perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar
prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional.
 RECOMENDAÇÃO
O tratamento medicamentoso preferencial é feito com o estabilizador do humor conhecido
como Carbonato de lítio, um íon que possui como mecanismo de ação locais de transdução
de sinais e receptores de neurotransmissores. Apesar de proporcionar uma ótima resposta
terapêutica, esse psicofármaco apresenta uma janela terapêutica apertada, sendo necessário
o acompanhamento rotineiro da dosagem séria no organismo do usuário, pois uma dosagem
alta pode provocar efeitos tóxicos graves. Outros fármacos que são utilizados no tratamento do
transtorno bipolar são: ácido valproico, carbamazepina e lamotrigina.
JANELA TERAPÊUTICA
Intervalo na dosagem que permite administrar o medicamento com equilíbrio entre eficácia e
toxicidade de forma oportuna no organismo.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
“Ansiedade” é um termo de origem grega que significa “oprimir, sufocar”, mas também pode
caracterizar-se como algo que nos prepara para enfrentar ou fugir de um perigo real ou
imaginário, não sendo necessariamente algo ruim ou que traga prejuízos para a vida das
pessoas. Sendo assim, a ansiedade pode ser considerada normal, pois se trata de um estado
emocional com componentes psicológicos e fisiológicos adaptativos. Por outro lado, se sua
intensidade é extrema e gera sofrimento intenso e por períodos muito extensos, a ansiedade
pode ser considerada patológica.
Os transtornos de ansiedade de ordem patológica provocam sofrimento intenso, afetando o
pensamento e o aprendizado, além de distorções da percepção, na memória e nas relações
interpessoais, chegando a promover algum tipo de incapacidade, mesmo que de forma
temporária. Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a
javascript:void(0)
persistir se não forem tratados, sendo as mulheres mais acometidas, chegando a 30,5% contra
19,2% dos homens (MARCOLAN; CASTRO, 2013).
Há diversos tipos de transtornos de ansiedade, os quais são classificados de acordo com a
sintomatologia específica. São eles:
Vamos ver agora um pouco mais sobre cada um desses transtornos de ansiedade:
FOBIA ESPECÍFICA
Caracteriza-se pelo temor acentuado e persistente, excessivo ou irracional, ativado pela
presença ou pela previsão de um objetivo um específico (como andar de avião, alturas,
animais, tomar uma injeção ou ver sangue).
FOBIA SOCIAL
Trata-se de um temor acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho,
especialmente quando o indivíduo é exposto a pessoas desconhecidas ou ao possível exame
por outras pessoas. O indivíduo teme agir de modo que lhe seja humilhante ou embaraçoso (ou
mostrar sintomas de ansiedade). A exposição à situação temida quase que invariavelmente
provoca forte ansiedade. O indivíduo reconhece que o temor é excessivo, e o sofrimento ou
esquiva interferem na rotina normal do indivíduo.
TRANSTORNO DO PÂNICO
É composto de episódios descontínuosde ataques de pânico, ou seja, 15 a 30 minutos de uma
ansiedade rápida, intensa, progressiva, em que a pessoa experimenta medo acentuado, assim
como sintomas fisiológicos. Durante o ataque de pânico, sente-se uma ansiedade intensa e
opressiva e apresentam-se quatro ou mais dos seguintes sintomas: palpitações, taquicardia,
sudorese, tremores, sensação de falta de ar ou de sufocamento, sensação de engasgo,
calafrios ou ondas de calor, dor ou desconforto torácico, náuseas ou desconforto abdominal,
sensação de tontura, vertigem ou desmaio, desrealização ou despersonalização, medo de
perder o controle ou ficar louco, medo de morrer e parestesias.
DESREALIZAÇÃO
Sensação de irrealidade.
DESPERSONALIZAÇÃO
Sentir-se distanciado de si mesmo.
AGORAFOBIA
Sabe-se que agorafobia é um transtorno de ansiedade que, muitas vezes, desenvolve-se após
um ou mais crises de pânico. Os sintomas podem incluir medo e evitação a lugares e situações
que possam causar sensação de pânico, aprisionamento ou impotência. Os sintomas
manifestam-se pelo medo, pela ansiedade severa ou depressão. Os tratamentos incluem
psicoterapia e medicamentos.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)
Caracteriza-se pela preocupação em excesso e pelo sentimento de excessiva ansiedade
durante pelo menos 50% do tempo, por seis meses ou mais. Incapaz de controlar esse foco na
preocupação, a pessoa com esse transtorno apresenta três ou mais dos sintomas a seguir:
desassossego, irritabilidade, tensão muscular, fadiga, dificuldade de pensar, alterações do
sono, dificuldade de concentração. Esse transtorno submete o indivíduo a preocupações com
as circunstâncias e as atividades diárias, deixando “os nervos à flor da pele” na maior parte do
tempo e gerando incapacidade de moderada a grave.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
É um distúrbio que se manifesta em decorrência de o indivíduo ser exposto a um evento
traumático, gerando no psiquismo efeitos que normalmente podem surgir dentro dos três
primeiros meses após o trauma, com manifestações que envolvem dois dos seguintes
quesitos: o indivíduo viveu, testemunhou ou foi confrontado com um evento que envolveu
morte ou ferimento sério, real ou ameaça, ou uma ameaça à integridade física própria ou de
outros; a resposta do indivíduo envolveu medo intenso, impotência ou horror; o evento
traumático é revivido; e existe uma esquiva dos estímulos associados com o trauma e um
entorpecimento da capacidade geral de resposta.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)
As obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos decorrentes, persistentes, intrusivos e
indesejados, que causam intensa ansiedade e interferem no funcionamento interpessoal, social
e profissional. A pessoa sabe que os pensamentos são excessivos e irracionais, mas acredita
não ter controle sobre eles. Já as compulsões são comportamentos repetitivos ou atos
mentais que a pessoa se sente compelida a executar para diminuir ou eliminar a ansiedade ou
o desconforto associado às obsessões. Quando não é tratado, o TOC normalmente tem um
curso crônico. Para algumas pessoas, o curso é episódico e para poucos pode apresentar um
curso de deterioração.
O tratamento farmacológico para os diferentes tipos de transtornos de ansiedade inclui os
antidepressivos, já abordados anteriormente, e os benzodiazepínicos, que são
medicamentos que resultam em ações sobre o Sistema Nervoso Central (SNC). Seus efeitos
são: sedação, hipnose, redução da ansiedade, relaxamento muscular, amnésia e atividade
anticonvulsivante. Um dos principais problemas desses fármacos está relacionado à sua alta
capacidade de produzir dependência e abstinência em quem faz uso contínuo e prolongado,
por isso a utilização no longo prazo deve ser acompanhada de psicoterapia.
 COMENTÁRIO
Tomando como base tudo o que foi abordado até aqui, é importante lembrar que o cotidiano, a
incerteza com o futuro, as perspectivas com a velhice, estão entre as principais causas dos
transtornos de humor e dos transtornos de ansiedade. Assim, é preciso refletir sobre o estilo de
vida, pois isso tem nos tornando mais ansiosos, mais depressivos, com uma sensação de vazio
e uma profunda inquietação.
OS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE E O
USO DE PSICOFÁRMACOS
A especialista Julia Teixeira fala sobre os diversos tipos de transtornos de ansiedade e
especifica os psicofármacos usados no tratamento.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Os transtornos do humor ou transtornos afetivos / Descrição do transtorno depressivo leve,
moderado e grave, o transtorno depressivo recorrente e a distimia
O transtorno bipolar / O transtorno bipolar tipo I e tipo II
VERIFICANDO O APRENDIZADO
TRANSTORNOS PSICÓTICOS
Os transtornos psicóticos são um tema amplamente discutido, mas de difícil conceituação e
explicação. Pensando nisso, primeiramente é necessário entender o que é psicose.
A psicose implica a perda do contato com a realidade. Esse estado pode ser entendido como
uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas) que está associada a uma série de transtornos
psiquiátricos diferentes. No mínimo, psicose significa delírios e alucinações, mas em geral
MÓDULO 3
 Reconhecer sinais e sintomas e os principais psicofármacos envolvidos no cuidado
aos pacientes com transtornos psicóticos e de personalidade
envolve também sintomas como discurso e comportamento desorganizados e distorções
graves da realidade.
A psicose pode ser considerada um conjunto de sintomas nos quais a capacidade mental, a
resposta afetiva e a capacidade do indivíduo de reconhecer a realidade, de se comunicar e de
se relacionar com outras pessoas estão comprometidas.
Um dos principais erros comumente cometidos pelas pessoas em relação a esse transtorno é
acreditar que a psicose e a esquizofrenia são sinônimas. A esquizofrenia apresenta sintomas
psicóticos, porém vale destacar que a psicose não está limitada apenas à esquizofrenia. Nesse
sentido, a psicose pode ser dividida em:
Psicose orgânica
Pode ser induzida por uso de drogas, alterações clínicas e delírio.

Psicose não orgânica
Está associada aos transtornos de humor e à esquizofrenia.
ESQUIZOFRENIA – PREVALÊNCIA E
FATORES CAUSAIS
A esquizofrenia é um transtorno que se caracteriza por alucinações, discurso desordenado,
comportamento desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos que perduram por cerca
de seis meses ou mais, com pelo menos um mês de delírios. É um transtorno crônico, com
curso que abrange três fases:
FASE PRODRÔMICA

FASE ATIVA

FASE RESIDUAL
Os dados epidemiológicos da esquizofrenia mostram que em todo o mundo, 2 milhões de
novos casos surgem a cada ano, sendo a prevalência similar entre homens e mulheres. Em
geral, o início ocorre antes nos homens, sendo a faixa etária de pico do início dos 15 aos 35
anos de idade. Entre 25 e 50% dos pacientes esquizofrênicos tentam suicídio, e 10%
conseguem concretizar a tentativa, contribuindo para uma taxa de mortalidade oito vezes maior
do que a população geral. A expectativa de vida de um paciente esquizofrênico pode ser de 20
a 30 anos mais curta que a da população em geral, não apenas devido ao suicídio, mas devido
à doença cardiovascular prematura (em decorrência do estilo de vida e dos efeitos colaterais
de medicação).
De causa multifatorial, o transtorno esquizofrênico é dividido em três grupos de fatores:
AMBIENTAIS ESTRESSANTES
GENÉTICOS
BIOQUÍMICOS
AMBIENTAIS ESTRESSANTES
Relação pai-filho caracterizada por ansiedade intensa, comunicação com duplo vínculo,
sistema familiar fechado, limites pouco claros, interação familiar deficiente, disfunção familiar
grave (família desestruturada e ou patológica, com um ou mais de seus membros com doença
mental).
GENÉTICOS
A probabilidade de filhos esquizofrênicos é maior se um dos pais for esquizofrênico.
BIOQUÍMICOS
Os sintomas da esquizofrenia resultam de desequilíbrios de substâncias neuroquímicas no
cérebro, como a dopamina, serotonina e noradrenalina.
 ATENÇÃO
Caberessaltar que essa divisão não deve ser realizada na prática, pois todos esses fatores,
juntos e associados, estão relacionados à esquizofrenia.
SINTOMAS E TIPOS DE ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia está associada a diversos tipos de sintomas. Os positivos, que são
caracterizados por delírios, alucinações, discurso desorganizado, comportamento
desorganizado e agitação. Os negativos, que são o embotamento afetivo, alogia, pobreza do
discurso, retraimento social apático, anedonia (redução da capacidade de sentir prazer) e
avolição (redução da vontade, da motivação, do desejo); e os sintomas cognitivos, que
consistem em prejuízos da atenção e do processamento de informações. Esses sintomas se
manifestam como:
Comprometimento
da fluência verbal
Capacidade de produção de fala espontânea.
Problemas com a
aprendizagem
sequencial
De uma lista de itens ou de uma série de eventos.
Vigilância
prejudicada das
funções
executivas
Dificuldades para manter e focar a atenção e a concentração,
dificuldades para estabelecer prioridades e dificuldades na
modulação do comportamento com base em pistas sociais.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
No aspecto do prognóstico da esquizofrenia, dentro das diversas formas do transtorno em cada
paciente, observamos casos de prognóstico mais favorável e casos de prognóstico muito
complicado.
Sendo assim, que fatores influenciam o transtorno esquizofrênico?
FATORES QUE MELHORAM O PROGNÓSTICO
início tardio e de forma aguda;
predomínio dos sintomas positivos sobre os negativos especialmente durante a fase
aguda; e
bom sistema de apoio familiar e social.
FATORES QUE PIORAM O PROGNÓSTICO
início precoce e insidioso;
isolamento social;
autismo;
sintomas negativos (déficits de comportamento);
história familiar de esquizofrenia; e
episódios de reagudização sintomatológica.
Agora que já conhecemos os aspectos gerais da esquizofrenia, é preciso conhecer seus
diferentes tipos:
ESQUIZOFRENIA SIMPLES
Surge de forma insidiosa e progressiva com excentricidade do comportamento, incapacidade
de responder às exigências sociais e queda no desempenho global. Os sintomas negativos
mais marcantes são o embotamento afetivo e a volição.
ESQUIZOFRENIA PARANOIDE
Tipo mais comum e que melhor responde ao tratamento. Em geral, manifesta-se de forma
tardia no portador, aparecendo por volta dos 25 ou 30 anos de idade. É considerada menos
deteriorante, possibilitando melhor manutenção de medicamentos e controle dos sintomas.
Nesse tipo de esquizofrenia, observa-se a predominância de delírios (perseguição, de
grandeza, missão especial, mudanças corporais e ciúme), alucinações auditivas bem
estruturadas (vozes alucinatórias ameaçadoras ou que lhe dão ordens), alucinações auditivas
sem conteúdo verbal (assobios, zunidos, risos) e alucinações olfativas ou gustativas, de
sensações sexuais ou corporais.
ESQUIZOFRENIA HEBEFRÊNICA
Caracteriza-se pelo início precoce (antes dos 20 anos) e por alterações em nível de
concentração, pouca coerência de pensamento (pensamento desorganizado, discurso
incoerente), pobreza de raciocínio, discurso infantil e cheio de divagações (afeto pueril). Os
portadores desse transtorno costumam fazer comentários fora do contexto ou se desviam
totalmente do tema da conversa e apresentam alterações afetivas dominantes, risos
imotivados, caretas, maneirismo, queixas hipocondríacas ou somáticas.
ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA
É o tipo menos frequente. Caracteriza-se por transtornos psicomotores que dificultam ou
impedem a locomoção; com isso, é comum que os portadores passem horas sentados na
mesma posição. A falta de fala também é frequente nesse grupo. Os portadores desse
transtorno podem alternar com atividade motora excessiva e agressiva. Além disso,
apresentam estupor, com perda de toda atividade espontânea, atingindo mímica, fala, gestual e
marcha. Apresentam também excitação, posturas, inadequadas, negativismo, mutismo,
estereotipias e fala e comportamento desorganizados.
ESQUIZOFRENIA INDIFERENCIADA
Caracteriza-se por transtornos psicóticos que preenchem os critérios do diagnóstico de
esquizofrenia, porém, não apresentam características marcantes para se enquadrar em algum
grupo.
ESQUIZOFRENIA RESIDUAL
Estágio crônico no desenvolvimento de um transtorno esquizofrênico, no qual houve uma
progressão clara de um estágio inicial para um estágio mais tardio, caracterizado por sintomas
negativos de longa duração (embora não necessariamente irreversíveis), ou seja, várias
sequelas. As sequelas podem se manifestar no autocuidado, na autonomia, no autocontrole, no
relacionamento interpessoal, no funcionamento cognitivo e no funcionamento laboral.
USO DE PSICOFÁRMACOS NO
TRATAMENTO DE PSICOSES
Por ser a psicose um transtorno complexo, as abordagens de tratamento devem ser
multifacetadas e multiprofissionais. Nesse contexto, os antipsicóticos são o grupo
farmacológico utilizado no tratamento de indivíduos que apresentem sintomatologia psicótica.
Sua ação é paliativa e não curativa, diminuindo ou cessando os sintomas psicóticos, o impulso
agressivo e de agitação psicomotora, assim como contribuindo com a diminuição ou o
desaparecimento gradual dos quadros de alucinação e delírio. Em mulheres, os antipsicóticos
apresentam melhor resposta a menores doses, devido à possível interferência hormonal.
Atualmente, utilizam-se dois tipos de antipsicóticos:
TÍPICOS
ATÍPICOS
Os antipsicóticos típicos possuem a capacidade de bloquear os receptores de dopamina em
todo o cérebro. Essa ação demonstrou ser responsável não apenas pela sua eficácia, mas
também pela maioria dos efeitos colaterais indesejáveis. As ações terapêuticas dos
antipsicóticos convencionais devem-se ao bloqueio de dopamina especificamente na via
mesolímbica, envolvida nos sintomas positivos da esquizofrenia. São exemplos de
antipsicóticos típicos: haloperidol; flufenazina; clorpromazina, levomepromazina, tioridazina,
sulpirida, zuclopentixol, pipotiazina.
Já os antipsicóticos atípicos atuam ao estabilizar a neurotransmissão dopaminérgica em um
estado entre o antagonismo silencioso e a estimulação completa (ação agonista), atuando
como agonistas parciais dos receptores de dopamina. São exemplos de antipsicóticos atípicos:
clozapina, olanzapina, risperidona, ziprazidona, aripiprazol, quetiapina.
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
A personalidade pode se expressar como uma estrutura que caracteriza a forma como o sujeito
encara a realidade psicofísica e interage com o meio, manifestando-se por meio do
comportamento, cujas características são peculiares em cada pessoa (MARCOLAN; CASTRO,
2013).
Já os transtornos de personalidade são distúrbios graves do comportamento, envolvendo
todas as áreas de atuação da pessoa e resultando em considerável ruptura pessoal e social. O
transtorno se caracteriza por resposta de má-adaptação social crônica e por um estilo pessoal
de vida mal-adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio e/ou aos conviventes. Assim, é
possível entender os transtornos de personalidade como uma acentuada modificação nos
traços emocionais e comportamentais dos indivíduos. Em outras palavras, os transtornos de
personalidade se manifestam quando esses traços se tornam inflexíveis e mal-adaptados.
As principais características do transtorno de personalidade são:
Não há uma causa específica descrita sobre os transtornos de personalidade. O que tem se
adotado é a atribuição de um conjunto de fatores associados, como constitucionais e
evolutivos, biológicos, ambientais e socioculturais. Outra possível causa pode estar relacionada
com as vivências na infância e na adolescência.

Fatores de desenvolvimento
No que se refere aos fatores de desenvolvimento, observa-se a incapacidade de
desenvolvimento da autonomia, com uma figura materna percebida de forma ambivalente (ora
carinhosa, ora punitiva e cheia de ódio), um ambiente doméstico caótico, pais inconstantes e
impulsivos e, por fim,um sistema familiar instável.
Fatores biológicos ou genéticos
Já quanto aos fatores biológicos ou genéticos, a maioria dos estudos aponta a questão da
predisposição familiar.


Fatores socioculturais
Por último, tem-se a etiologia dos fatores socioculturais, na qual o isolamento social pode
resultar da adoção de normas, comportamentos e sistemas de valores que diferem da cultura
da maioria.
Na classificação dos transtornos de personalidade, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Desordens Mentais (DSM-5) existem três grandes grupos:
GRUPO A
Comportamentos descritos com estranhos ou excêntricos.
GRUPO B
Comportamentos descritos como dramáticos, impulsivos, emocionais ou erráticos.
GRUPO C
Comportamentos descritos como ansiosos ou medrosos.
No grupo A temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtornos de personalidade esquizoide
Caracteriza-se pelo afastamento dos contatos sociais e afetivos, pela indiferença a elogios,
críticas, emoções e aos sentimentos dos outros, pelo padrão de distanciamento das relações
sociais, pela ausência de sentimentos carinhosos e intensos pelos outros, pela timidez, pelas
excentricidades, pela incapacidade de expressar hostilidade e agressividade. O portador desse
transtorno mostra-se introvertido, solitário, ensimesmado, reservado, retraído, isolado,
emocionalmente frio e socialmente distante, caracterizando-se pelo retraimento social, pelo
afeto brando e constrito, pela frieza emocional, falta de amigos íntimos, falta de interesse em
ter relações sexuais, preferência por passatempos solitários.
Transtorno de personalidade esquizotípico
Tem como característica várias excentricidades no pensamento, na percepção, na fala e no
comportamento, pensamento mágico (convicção de que pensar equivale a fazer; ausência de
relação realista entre causa e efeito), ideação paranoide, ilusões, despersonalização (sensação
de ter perdido a própria identidade, de ser diferente), peculiaridade na escolha de palavras,
isolamento social e afeto inadequado isolado, com pensamentos, percepções e comunicação
excêntricas. As hipóteses sobre causas são: fator hereditário (mais comum quando há parentes
esquizofrênicos), dinâmicas familiares caracterizadas por indiferença ou formalidade, o que
provoca desconforto em relação à afeição e à intimidade pessoal, social e emocional.
Transtorno de personalidade paranoide
Possui como característica a sensibilidade excessiva a rejeições; recusa a perdoar insultos;
tendência a culpar e atribuir intenções maldosas a outros; suspeita injustificada, hipervigilância;
inveja patológica; interpretação dos motivos das outras pessoas como uma ameaça a si
próprio; afeto restrito, evidenciado pela falta de carinho e pelo senso de humor deficiente;
desejo intenso de vingança que pode levar à violência, mas as explosões são breves e logo o
controle externo é recuperado. Há uma possível ligação hereditária, pois observa-se maior
incidência desse transtorno quando o indivíduo possui parentes com esquizofrenia e perda de
afeição e de aprovação na infância. Estima-se que cerca de 0,5% a 2,5% da população tenha
esse transtorno e não saiba.
No grupo B, temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtorno de personalidade antissocial
São mais comuns em homens (cerca de 3%), e em 1% das mulheres. Geralmente, são
resultado de frequente história de abuso ou negligência por figuras parentais, ambiente familiar
caótico, maus-tratos físicos, pais impulsivos e inconsistentes, privação parental nos primeiros
cinco anos de vida. Os portadores desse transtorno apresentam padrão de violação e
desrespeito aos direitos e sentimentos das outras pessoas, ausência de culpa ou de
aprendizado com a experiência, incapacidade de manter relacionamentos interpessoais
próximos, baixa tolerância à frustração, além disso, demonstram agressividade, são egoístas,
rudes, irresponsáveis e desleais. Observa-se também a incapacidade de se conformar às
normas sociais, de experimentar culpa e de aprender com a experiência. Gostam do exercício
do poder e da destrutividade sobre os outros. Caracterizam-se por história de comportamento
antissocial persistente, com distúrbio de conduta evidente antes dos 15 anos e fraco
desempenho na escola ou no trabalho.
Transtorno de personalidade borderline (limítrofe)
Aproximadamente 1 a 2% da população tem esse tipo de transtorno. Caracteriza-se pelo limite
entre neurose e psicose, pela mistura de sintomas neuróticos e psicóticos, e pela instabilidade
nas emoções e no comportamento interpessoal. É marcada por relacionamentos intensos e
instáveis, com autoimagem perturbada, sentimentos crônicos de vazio, ideias de suicídio,
comportamento impulsivo e imprevisível, relações objetais e autoimagem extraordinariamente
instáveis. É também chamado de transtorno da personalidade emocionalmente instável. Os
portadores desse transtorno apresentam atos destrutivos repetidos, relacionamentos
interpessoais tumultuados, alterações profundas e impróprias no humor e no afeto, dúvidas a
respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua
carreira profissional, e parecem estar sempre em crise. Esse transtorno pode ser resultado de
um comportamento de dependência em relação à figura parental, como também de um
relacionamento familiar hostil e conflituoso.
Transtorno de personalidade histriônica
Caracteriza-se por um padrão de querer chamar a atenção, ser o centro das atenções. O
portador apresenta comportamento sexual sedutor, inadequado e provocativo, com expressão
superficial das emoções. Além disso, ele preocupa-se com a aparência física e adota um
discurso excessivamente impressionista, com teatralidade, expressão exagerada de emoções.
É sugestionável e no relacionamento com os outros tende a assumir uma postura mais íntima
do que realmente é do que é.
Transtorno de personalidade narcisista
O portador desse transtorno caracteriza-se pela crença de ser extremamente importante,
exagerando conquistas e talentos. Costuma fantasiar poder e sucesso, acredita ser especial e
único, buscando se relacionar apenas com pessoas consideradas importantes. O indivíduo
com esse tipo de transtorno espera ser sempre reconhecido e admirado como grandioso,
acreditando ter direitos especiais. Geralmente, busca explorar os outros, pois os considera
inferiores, não sente empatia, é invejoso, arrogante e insolente.
No grupo C, temos os seguintes tipos de transtornos de personalidade:
Transtorno de personalidade dependente
Os portadores desse transtorno subordinam suas próprias necessidades às de outrem, não
possuem autoconfiança, apresentando insegurança, passividade, falta de perseverança,
dificuldade de tomar decisões no dia a dia. É comum que outras pessoas assumam a
responsabilidade pelas principais áreas de sua vida. Apresentam comportamento submisso,
passivo e inseguro, bem como preocupação e medo de abandono. Esse transtorno é mais
comum em mulheres e filhos de pais superprotetores que desencorajam comportamentos
independentes.
Transtorno de personalidade evitativa
As principais características desse transtorno são evitação de atividades que envolvam contato
interpessoal por temor de ser alvo de crítica, desaprovação ou rejeição. O portador desse
transtorno evita se relacionar, a não ser que tenha certeza de que será bem recebido. É
reservado, pois teme passar por algum tipo de constrangimento. Apresenta sentimento de
inadequação, autopercebendo-se socialmente incapaz.
Transtorno de personalidade anancástico
Caracteriza-se por sentimentos de dúvida, perfeccionismo, meticulosidade em excesso,
verificação e preocupação com detalhes, teimosia e rigidez. Podem ocorrer pensamentos ou
impulsos persistentes, mas que não são tão graves como o transtorno obsessivo compulsivo.
Costuma suscitar sentimento de cautela e preocupação com detalhes, ordem e listas. Nesse
caso, o perfeccionismo atrapalha a conclusão de tarefas.Os portadores desse transtorno
tendem ao pedantismo e às convenções sociais. Além disso, insistem de forma exagerada que
outras pessoas se submetam exatamente à sua maneira de realizar as coisas.
No aspecto farmacológico, os transtornos de personalidade são tratados com psicoterapia além
de neurolépticos, antidepressivos, antimaníacos e ansiolíticos. É importante destacar que são
tratamentos bastantes difíceis e igualmente demorados, pois, em se tratando de mudanças de
caráter, o indivíduo terá de mudar o seu próprio "jeito de ser" para que o tratamento seja
efetivo.
OS DIFERENTES TRANSTORNOS DE
PERSONALIDADE
A especialista Julia Teixeira fala sobre os diversos grupos e tipos de personalidade.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Os transtornos psicóticos / Diferenciação entre psicoses e esquizofrenia
Sintomas e tipos de esquizofrenia – Sintomas positivos e negativos na esquizofrenia
VERIFICANDO O APRENDIZADO
FATORES SOCIOCULTURAIS E
EPIDEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS
DISMÓRFICOS CORPORAIS
O advento das redes sociais tem levado jovens e adolescentes a buscarem um ideal de corpo
e imagem que nem sempre é possível, o que tem gerado uma grande preocupação nos
especialistas. Em geral, indivíduos que não sofrem de TDC são capazes de reconhecer o seu
defeito como mínimo ou inexistente.
MÓDULO 4
 Avaliar sinais e sintomas e os principais psicofármacos envolvidos no cuidado aos
pacientes com transtornos dismórficos corporais (TDC)
Os portadores de TDC apresentam um comportamento perceptivo “distorcido” em relação à
imagem corporal e uma preocupação com uma “anomalia imaginária” na aparência ou
exagerada em relação a uma imperfeição corporal identificada.
Tais comportamentos acarretam importantes prejuízos no funcionamento pessoal, familiar,
social e profissional. Essas pessoas se atêm a questões corporais, envolvendo uma ou mais
preocupações. O nível de distorção da autopercepção pode variar de baixo, quando a pessoa
se reconhece como “não atrativa” ou “inadequada”, podendo aparecer níveis mais extremos,
nos quais a pessoa se autopercebe como “um monstro”, gerando enorme prejuízo e
sofrimento.
Segundo Brito et.al. (2010), indivíduos com TDC podem sentir-se atraentes, entretanto, não o
suficiente. Por isso, esses pacientes, apesar de perceberem melhora após uma intervenção
cirúrgica, não ficam suficientemente satisfeitos. A crença de que "sempre poderão melhorar"
pode provocar nesses indivíduos um comportamento aditivo, em uma busca incansável por
procedimentos estéticos e cirúrgicos.
Dados epidemiológicos apontam que as pessoas com transtorno dismórfico corporal buscam
procedimentos estéticos e cirurgias plásticas para corrigir um defeito percebido, chegando a
uma prevalência de 24%. Muitos pacientes buscam os consultórios de cirurgia plástica, em vez
de procurar tratamento com psiquiatras ou psicólogos, pois acreditam estar lidando com um
defeito corporal, e não como um transtorno mental.
CARACTERÍSTICAS DO TDC
O transtorno pode se manifestar, incialmente, na infância e na adolescência, pois é o momento
em que se está mais suscetível às mudanças na aparência. No caso, homens, quando
diagnosticados com TDC, tendem a ter sintomas mais graves, apresentando uma preocupação
maior com o órgão genital, a constituição corporal e a perda de cabelo, enquanto as mulheres
preocupam-se mais com a aparência da pele, o peso, o quadril e as pernas.
 ATENÇÃO
É possível que alguns pacientes com TDC tenham sintomas obsessivos-compulsivos que não
revelam, pois se sentem envergonhados, o que não ocorre com a forma com a qual lidam com
suas preocupações estéticas. Além das alterações de pensamento, grande parte das pessoas
com TDC apresentam alterações da sensopercepção, como sensações táteis, que podem
colaborar para o aumento dos sintomas.
O TDC passou a constar no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III)
em 1980, como um transtorno somatoforme atípico chamado dismorfobia (FANG et al., 2014).
Atualmente, o TDC não é mais classificado como uma das manifestações dos transtornos
somatoformes, mas sim como manifestação do chamado espectro do transtorno obsessivo
compulsivo, devido aos pensamentos e comportamentos compulsivos presentes no TDC
(FANG et al., 2014).
Uma pessoa com esse transtorno tende a ser muito angustiada por seus defeitos imaginários
ou por alguma pequena anomalia física. O DSM-5 estabelece quatro critérios de diagnósticos
para que o TDC seja caracterizado:

O indivíduo preocupa-se com um defeito na aparência física (que não são observáveis ou
aparentam ser mínimos para os outros) e, se uma anomalia mínima é identificada, tem
preocupação marcadamente excessiva com ela.
Durante o curso da doença, o indivíduo realiza comportamentos repetitivos (por exemplo,
verificações no espelho, escoriação neurótica e pedido de opinião de amigos e familiares sobre
o defeito) ou atos mentais (por exemplo, comparando a sua aparência com a dos outros) em
resposta aos problemas de aparência.


A preocupação deve causar estresse significativo ou prejuízo na vida social, ocupacional ou
outras áreas do funcionamento.
As queixas não podem ser caracterizadas como outro transtorno mental, tais como a anorexia
nervosa.

Os principais sinais e sintomas desse tipo de transtorno são:
ESPECIFICAÇÕES NO TDC E
PSICOFARMACOLOGIA
A dismorfia muscular é uma variação do TDC e se caracteriza pela preocupação em relação
à estrutura corporal, a qual é considerada como muito inferior ou insuficiente. Na maioria das
vezes, a pessoa apresenta mais de uma preocupação sobre a sua imagem corporal, e quando
uma delas se refere à sua estrutura muscular, é importante que seja feita a especificação por
parte do profissional. A dismorfia muscular acontece quase que exclusivamente em homens,
ainda que eles apresentem uma aparência normal. 
Outras especificações importantes no diagnóstico são relativas ao nível de insight. Em outras
palavras, é importante destacar o quão ciente a pessoa se encontra sobre a não veracidade
das crenças que tem sobre a sua imagem corporal. Esse nível de insight pode variar entre bom
ou razoável, passando por pobre, até chegar a ausente ou com crenças delirantes, nível no
qual o paciente está convencido de que suas crenças são totalmente verdadeiras e se
considera uma pessoa hedionda.
Muitos pacientes com TDC acreditam serem julgados pelos outros, apresentando delírios de
referência. Esse transtorno está fortemente associado a altos níveis de ansiedade, ansiedade
social, humor deprimido e baixa autoestima. Em casos extremos, a pessoa chega a realizar em
si mesmo procedimentos cirúrgicos. Na maioria dos casos, todos os procedimentos de
correção que a pessoa tenta realizar não resolvem o problema, o qual pode se manifestar na
mesma região do corpo ou em um novo local.
É importante salientar que os transtornos dismórficos podem apresentar relação com os
transtornos alimentares, principalmente a anorexia nervosa, em que a pessoa possui também
dificuldade para se relacionar com outras pessoas. Os sintomas em ambos os transtornos são
semelhantes, no entanto, é importante fazer a distinção e o acompanhamento no longo prazo
por uma equipe multiprofissional, já que há grande probabilidade de abandono do tratamento
nos primeiros meses.
A anorexia nervosa é caracterizada por declínio da ingestão de alimentos, manutenção da
perda de peso e alterações nas funções vitais, como: hipotensão bradicardia, taquicardia, baixa
temperatura corporal, alterações nos exames laboratoriais, além de um alto risco de suicídio.
Apesar de todo o avanço nos estudos das psicopatologias, a causa do transtorno dismórfico
corporal ainda é desconhecida, acredita-se estar relacionado com a deficiência de serotonina,
ser influenciado por fatores genéticos e pela educação da criança, em um meio em que há uma
preocupação excessiva com a imagem.
 RECOMENDAÇÃO DE PROTOCOLOS E PRÁTICAS
No que diz respeito ao tratamento, na abordagem psicofarmacológicaao transtorno dismórfico
corporal, é indicado o uso de inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), a partir
de seu diagnóstico, tendo como critérios os manuais como o Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM) e a Classificação Internacional de Doenças (CID).
Como foi possível perceber, o transtorno dismórfico corporal ainda recebe pouca atenção na
rede de atenção psicossocial e na literatura, sendo necessário ampliar o debate e as
pesquisas, para que uma melhor assistência possa ser ofertada.
DIFERENÇAS ENTRE OS TDC E OS
TRANSTORNOS ALIMENTARES
A especialista Julia Teixeira fala sobre as diferenças entre os TDC e os transtornos alimentares
e o adequado acompanhamento psicoterápico e farmacológico em cada caso.
VEM QUE EU TE EXPLICO!
Fatores socioculturais e epidemiologia dos TDC / Definição dos TDC
Características do TDC / Critérios de diagnóstico segundo DSM 5
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, conhecer e aplicar o exame psíquico e identificar os diversos tipos de transtornos
mentais e os principais psicofármacos são etapas fundamentais para assegurar uma
assistência em saúde mental de qualidade. A identificação e a correta intervenção nos fatores
que levam ao adoecimento psíquico tornarão os serviços de saúde, e consequentemente a
assistência, mais eficientes e eficazes.
O caminho a ser percorrido para a qualificação e consolidação de uma assistência em saúde
mental requer do profissional de saúde um bom conhecimento técnico, a construção do vínculo
terapêutico e a comunicação adequada.
Faz-se necessário, assim, que a formação seja pautada em aspectos éticos, no fortalecimento
das políticas públicas de saúde e no conhecimento técnico. Desse modo, será possível mudar
a realidade e construir um ciclo de renovação focado na qualidade de vida e na saúde mental
da população.
 PODCAST
Agora, a especialista Julia Teixeira encerra o tema falando sobre as responsabilidades técnica
e ética do profissional de saúde em aplicar o exame psíquico. Além disso, identificará os
diversos tipos de transtornos mentais e os principais psicofármacos usados no tratamento.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Diagnostic and statistical manual of
mental disorders 5th: DMS-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BONFIM, G, W. et al. Transtorno Dismórfico Corporal: revisão da literatura. Contextos
Clínicos, v. 9, n. 2, jul.-dez. 2016.
CONRADO, L. A. Transtorno dismórfico corporal em dermatologia: diagnóstico,
epidemiologia e aspectos clínicos. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 84, n. 6, p.569-581,
2009.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
BRITO, M. J. de et al. Abdominoplasty and its effect on body image, self-esteem, and
mental health. Ann Plast Surg, v. 65, n. 1, p. 5-10, 2010.
FANG, A.; MATHENY, N.L.; WILHELM, S. Body dysmorphic disorder. Psychiatric Clinics of
North America, v. 37, n. 3, p.287-300, 2014.
LAURENCE, L. B. et al. Goodman e Gilman: as bases farmacológicas da terapêutica. Revisão
e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil,
2006.
MARCOLAN, J. F.; CASTRO, R. C. B. R. Enfermagem em saúde mental e psiquiátrica:
desafios e possibilidades do novo contexto do cuidar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. CID 11. Classificação estatística internacional de
doenças e problemas relacionados a saúde. 2018. Consultado na internet em: 13 dez. 2021.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Depression and Other Common Mental Disorders
Global Health Estimates. Geneva, Switzerland: WHO, 2017.
EXPLORE+
Assista:
Ao material Avaliação do estado mental, produzido pelo Telessaúde do Mato Grosso,
que faz parte do Telessaúde Brasil Redes.
Ao programa Ligado em Saúde, do Canal Saúde da Fiocruz, com tema Borderline, para
tratar o tema do Transtorno Borderline.
Leia:
O texto Transtorno Dismórfico Corporal: revisão da literatura, publicado na Revista
Contextos Clínicos, v. 9, n. 2, p. 240-252, jul.-dez. 2016.
CONTEUDISTA
Caroline Moraes Soares Motta de Carvalho