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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS TRINDADE - CENTRO SOCIOECONÔMICO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO Giovana Francine Dos Santos Finanças Pessoais: Proposição de um modelo de planejamento financeiro Florianópolis – SC 2021 Giovana Francine Dos Santos FINANÇAS PESSOAIS: Proposição de um modelo de planejamento financeiro Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel no Curso de Graduação em Administração, do Centro Socioeconômico, da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Prof. Ani Caroline Grigion Potrich. Florianópolis – SC 2021 3 4 Finanças Pessoais: Proposição De Um Modelo De Planejamento Financeiro Este Trabalho de Curso foi julgado adequado e aprovado na sua forma final pela Coordenadoria Trabalho de Curso do Departamento de Ciências da Administração da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, XX de setembro de 2021. Prof. XXXXXXX Coordenador de Trabalho de Curso Avaliadores: Profª. Ani Caroline Grigion Potrich, Dra. Orientador Universidade Federal de Santa Catarina Profª. Marcus Vinicius Andrade de Lima, Dr. Avaliador Universidade Federal de Santa Catarina Vanessa Martins Valcanover Avaliadora Universidade Federal de Santa Catarina 5 Dedico esta pesquisa aos meus pais, sempre muito carinhosos e participativos. 6 AGRADECIMENTOS Primeiramente, gostaria de agradecer às duas pessoas sem as quais nada na minha vida teria sido possível, meus pais, Sônia e Benê. Vocês me possibilitaram realizar um grande sonho, de estudar na Universidade Federal de Santa Catarina. Tive o privilégio de me mudar e correr atrás dos meus sonhos, o que continuo fazendo, graças a vocês. Espero um dia, trilhando meu sucesso profissional, poder retribuir pelo menos um pouco da vida que vocês me doaram. Amo vocês dois da forma mais sincera possível. A vocês, todo meu amor e gratidão. Agradeço imensamente pelos meus pais terem me ensinado a importância de Deus, e da família, maiores motivos de agradecimentos que considero em minha vida. Ter uma família tão unida, feliz e ligada a Deus trouxe muita força para seguir em todo o meu percurso. Agradeço a todas as minhas tias, que sempre me trataram como filha, me apoiando e ajudando imensamente. Em especial, gostaria de agradecer minha tia Má, a qual sempre tive um enorme carinho e que sempre foi tão presente em minha vida, mas hoje, olha por mim do céu. Gostaria de agradecer, especialmente, meu irmão, Estéfano, o qual sempre me apoiou em todos os diferentes âmbitos de minha vida e sempre esteve ao meu lado. Você é sem dúvidas, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Aos meus amigos, que fizeram desse percurso um percurso mais leve e feliz. Vocês foram a minha família que constitui em Florianópolis. Gostaria de deixar alguns nomes: Ariadne Lima, Bruna Alves, Helena Tamanini, Ronaldo Ribeiro e Samir Capistrano. Todos vocês fizeram parte de momentos importantes durante a minha caminhada pela Universidade, lembrarei sempre dos nossos momentos. À Invest Jr., que me trouxe as maiores experiências da minha graduação. Participando dessa empresa júnior, até me tornar vice-presidente, desenvolvi minhas soft skills e adquiri muito conhecimento. Junto a ela gostaria de agradecer todos os membros que vivenciaram isso comigo, e se tornaram grandes amigos meus, principalmente Luisa Lino, Gabriel Guimarães, Felipe Rahn, Maria Júlia e Arthur Reitz, responsáveis por me ajudar e transmitir tanto conhecimento. Por fim, gostaria de agradecer a minha orientadora, Ani, que é uma profissional incrível e que merece muito reconhecimento, ao Fabricio Michell, que me ajudou com sua experiência em planejamento financeiro, e a todos os outros professores da minha graduação. 7 Agradeço por me transmitirem tanto conhecimento, me possibilitando e inspirando a me tornar uma boa profissional. 8 "O investimento em conhecimento é aquele que traz maiores retornos." (FRANKLIN, Benjamin. 1706-1790) 9 RESUMO O conhecimento acerca de finanças pessoais ainda é muito escasso dentre a população nos dias de hoje. Por isso, propor um projeto de planejamento financeiro, principalmente para quem ainda não possui experiência com organização financeira, e mostrar a experiência de realizar esse planejamento, os quais são objetivos do presente estudo, é fundamental para o desenvolvimento financeiro da sociedade. Esse estudo desenvolve uma proposição de planejamento financeiro que contribui com as finanças pessoais de grupos distintos de perfil, mostrando a experiência e dificuldades durante esse percurso, além de ensinar como é possível organizar as finanças e realizar um planejamento financeiro pessoal. Palavras-chave: Planejamento Financeiro, Finanças Pessoais, Investimentos. 10 ABSTRACT Knowledge about personal finance is still very scarce among the population today. Therefore, proposing a financial planning Project and showing people the experience of doing this financial planning, which are the objectives of this study, is essential for the financial development of Society, especially for those who do not yet have financial planning experience. This study develops a financial planning proposition that contributes to personal finances for different profile groups, showing the experience and difficulties during this journey, besides teaching people how possible it is to organize their finances and do a personal financial planning. Keywords: Financial Planning, Personal Finance, Investments. 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Funcionamento do Tesouro Selic ................................................................ 25 Figura 2 – Funcionamento do Tesouro Prefixado. ....................................................... 26 Figura 3 – Funcionamento do Tesouro Prefixado com Juros Semestrais .................... 27 Figura 4 – Funcionamento do Tesouro IPCA+ ............................................................ 28 Figura 5 – Funcionamento do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. ....................... 29 12 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Despesas: Pessoa A .................................................................................... 72 Gráfico 2 – Despesas: Pessoa B .....................................................................................73 Gráfico 3 – Despesas: Pessoa C. ................................................................................... 74 13 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Sujeitos do Estudo. ..................................................................................... 50 Quadro 2 – Perfis dos Sujeitos. ..................................................................................... 50 Quadro 3 – Coleta de Dados. ........................................................................................ 51 Quadro 4 - Bloco 1 de Perguntas. ................................................................................. 54 Quadro 5 - Bloco 2 de Perguntas. ................................................................................. 54 Quadro 6 - Bloco 3 de Perguntas.................................................................................. 55 Quadro 7 - Perfil de Investidor. .................................................................................... 56 Quadro 8 - Fontes de renda .......................................................................................... 58 Quadro 9 - Já realizou um acompanhamento de planejamento financeiro? ................. 58 Quadro 10 - Nível de organização financeira ................................................................59 Quadro 11 - Você gasta mais do que ganha? ................................................................ 59 Quadro 12 - Objetivos, metas e sonhos de curto prazo. ................................................ 60 Quadro 13 - Objetivos, metas e sonhos de longo prazo. ............................................... 60 Quadro 14 – Prioridades. ............................................................................................... 61 Quadro 15 - Em quanto tempo pretende se aposentar ou atingir a independência Financeira?......................................................................................................................61 Quadro 16 - Inadimplência e dívidas. ........................................................................... 62 Quadro 17 - Reserva de Emergência ............................................................................. 62 Quadro 18 - Principais Gastos ....................................................................................... 63 Quadro 19 - Objetivo Financeiro. .................................................................................. 63 Quadro 20 - Investimentos. ............................................................................................ 64 Quadro 21 - Conhecimento sobre Planejamento Financeiro e sua importância. ............ 65 Quadro 22 - Onde se informa sobre educação financeira e investimentos. ................... 65 Quadro 23 - Ajuste do Bloco 1 de Perguntas. ................................................................ 77 14 Quadro 24 - Ajuste do Bloco 2 de Perguntas. .............................................................. 77 Quadro 25 - Ajuste Bloco 3 de Perguntas. ................................................................... 78 Quadro 26 - Bloco 4 de Perguntas. .............................................................................. 79 15 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Controle Orçamentário. ............................................................................... 39 Tabela 2 – Compras de grande valor. ............................................................................ 42 Tabela 3 – Organização das Dívidas. ............................................................................ 45 Tabela 4: Planilha de Investimentos. ............................................................................. 47 Tabela 5 - Informações Básicas. .................................................................................... 66 Tabela 6 – Fontes de Renda ........................................................................................... 67 Tabela 7 – Expectativa da vida profissional. ................................................................. 67 Tabela 8 – Experiência financeira ................................................................................. 68 Tabela 9 – Cartão de Crédito. ....................................................................................... 68 Tabela 10 – Controle Patrimonial ................................................................................. 69 Tabela 11 – Sonhos. ...................................................................................................... 70 Tabela 12 – Orçamento Mensal: Pessoa A .................................................................... 71 Tabela 13 – Orçamento Mensal: Pessoa B .................................................................... 72 Tabela 14 – Orçamento Mensal: Pessoa C. ................................................................... 74 16 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 17 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA .............................................................................................................. 17 1.2 OBJETIVOS...................................................................................................... 18 1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 20 2.1 FINANÇAS PESSOAIS ................................................................................... 20 2.1.1 Planejamento Financeiro Pessoal ............................................................... 21 2.1.2 Planejamento Financeiro de Curto, Médio e Longo Prazo ...................... 22 2.2 TIPOS DE INVESTIMENTO ........................................................................... 22 2.2.1 Investimentos de Renda Fixa ...................................................................... 23 2.2.2 Investimento de Renda Variável ................................................................. 31 2.3 MODELOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO........................................ 34 2.3.1 Modelo da Planejar ...................................................................................... 34 2.3.2 Modelo de Cerbasi ........................................................................................ 37 3. MÉTODO ................................................................................................................... 49 3.1 TIPO DO ESTUDO .......................................................................................... 49 3.2 SUJEITOS DO ESTUDO ................................................................................. 50 3.3 COLETA DE DADOS ...................................................................................... 51 3.4 ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................... 52 3.5 LIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................. 52 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 53 4.1 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................................................................................. 53 4.2 ANÁLISE DOS INDIVÍDUOS DOS CASOS E SEUS OBJETIVOS FINANCEIROS ................................................................................................................................. 57 4.3 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE REALIZAÇÃO DE UM PLANEJAMENTO FINANCEIRO ......................................................................................................... 75 4.4 AJUSTE PÓS-EXPERIMENTAÇÃO DO MODELO DESENVOLVIDO ..... 76 4.5 PROPOSIÇÕES PARA O PLANEJAMENTO FINANCEIRO DE CADA PERFIL ................................................................................................................................. 80 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 87 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 89 APÊNDICE A - Roteiro para a entrevista de Planejamento Financeiro ........................ 94 APÊNDICE B - Roteiro para a entrevista de Planejamento Financeiro Ajustado ......... 96 APÊNDICE C - Entrevista para o Planejamento Financeiro: Entrevistado A ............... 97 17 APÊNDICE D- Entrevista para o Planejamento Financeiro: Entrevistado B ............. 100 APÊNDICE E - Entrevista para o Planejamento Financeiro: Entrevistado C .............. 103 APÊNDICE F - Planilha de Captação de Dados: Dados Pessoais ............................... 107 APÊNDICE G - Planilha de Captação de Dados: Controle Patrimonial ...................... 109 APÊNDICE H - Planilha de Captação de Dados: Sonhos............................................ 110 APÊNDICE I - Planilha de Captação de Dados: Orçamento Mensal .......................... 111 APÊNDICE J – Dados Pessoais: Pessoa A .................................................................. 113 APÊNDICE K – Controle Patrimonial: Pessoa A ........................................................ 115 APÊNDICE L – Sonhos: Pessoa A .............................................................................. 116 APÊNDICE M – Orçamento Mensal: Pessoa A .......................................................... 117 APÊNDICE N – Dados Pessoais: Pessoa B ................................................................. 119 APÊNDICE O – Controle Patrimonial: Pessoa B ........................................................ 120 APÊNDICE P – Sonhos: Pessoa B ............................................................................... 121 APÊNDICE Q – Orçamento Mensal: Pessoa B ........................................................... 122 APÊNDICE R – Dados Pessoais: Pessoa C ................................................................. 124 APÊNDICE S – Controle Patrimonial: Pessoa C ......................................................... 125 APÊNDICE T – Sonhos: Pessoa C .............................................................................. 126 APÊNDICE U – Orçamento Mensal: Pessoa C ........................................................... 127 18 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA O planejamento financeiro pessoal é uma ferramenta de extrema importância para se atingir objetivos, pois ele faz com que o dinheiro trabalhe a favor de suas metas, levando em consideração as características de cada indivíduo. Apesar de toda sua importância, o costume de se realizar um planejamento pessoal não é forte no Brasil, não havendo a valorização da educação financeira para crianças nas escolas, e nem mesmo para os adultos, que muitas vezes precisam contratar profissionais da área para desenvolvê-lo. Se organizar financeiramente é a base do triunfo para controlar o dinheiro e conseguir alcançar os objetivos almejados. Ele consiste em diversos meios para que os indivíduos consigam cobrir todos os seus gastos pessoais de forma organizada, permitindo a realização de sonhos. Apesar de o dinheiro não ser a única prioridade da vida das pessoas, elas dependem diretamente dele, o que o torna extremamente importante e de grande impacto na vida pessoal. O planejamento financeiro educa as pessoas financeiramente, melhorando a relação com o dinheiro em diferentes casos, transformando pessoas ao aprenderem a economizar e investir para que se alcance a independência financeira. Muitas pessoas colocam a culpa na quantidade de dinheiro que se recebe, em que não conseguem poupar e se organizar financeiramente porque o dinheiro é escasso, mas até onde isso deve ser levado como crença? O autor Halfeld (2001, p.17) cita: “conheço pessoas que ganham muito dinheiro, mas não conseguem poupar. Conheço outras que ganham pouco, mas são boas poupadoras. Qual a diferença entre elas? A capacidade de não cair nas tentações do consumismo”. Ou seja, independentemente da quantidade de dinheiro envolvida, em grande parte dos casos, existe sim uma maneira de se poupar, por meio da realização um planejamento financeiro pessoal. No entanto, apesar da sua importância, não existem muitos modelos na literatura sobre planejamento financeiro, porém é um assunto que está cada vez mais se difundindo. Existem alguns autores que modelaram o planejamento financeiro, além de alguns autores mais atuais que tratam bastante sobre a importância de se organizar financeiramente, dos quais alguns serão retratados nesse estudo. Além dessa escassez de modelos na literatura, tem-se a dificuldade de que os modelos que são encontrados não se aplicam para a utilização em diferentes perfis, ou seja, não existe 19 um padrão específico que se encaixe para qualquer tipo de pessoa. É necessário sempre analisar caso por caso, pois a vida financeira e pessoal de cada indivíduo possui muita diferença de um caso para o outro, precisando levar em consideração elementos subjetivos e qualitativos, não sendo possível enxergar a todos com o mesmo padrão. Com isso, é formado o seguinte problema de pesquisa: como desenvolver uma proposição de planejamento financeiro que contribua com as finanças pessoais de grupos distintos de perfil? 1.2 OBJETIVOS Para que seja respondida a questão problemática do presente estudo, foram elaborados um objetivo geral e quatro objetivos específicos. 1.2.1 Objetivo Geral Desenvolver uma proposição de planejamento financeiro que contribua com as finanças pessoais de grupos distintos de perfil. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Detalhar os modelos de planejamento financeiro existentes; b) Analisar os indivíduos dos casos e seus devidos objetivos financeiros; c) Descrever a experiência da realização de um planejamento financeiro; d) Construir um planejamento financeiro para cada perfil. 1.3 JUSTIFICATIVA O planejamento financeiro das pessoas é algo que não pode mais ser deixado de lado pela sociedade. Conhecer as finanças pessoais é indispensável para que se consiga realizar sonhos e manter um bom padrão de vida, feitos que são buscados pela maior parte da população. Apesar de ser algo fundamental para as pessoas, a maior parte da população não se dedica as próprias finanças e não sabem se organizar financeiramente, o que deve ser um alerta, não somente aos profissionais financeiros, e sim para todos. Por esse motivo, o tema de planejamento financeiro, inserido em finanças pessoais, foi escolhido para estudo. Cerbasi (p. 20 19) descreve que futuro de vocês e de seus filhos é consequência não só das decisões de hoje, mas também do que gastam no dia a dia, além do orçamento familiar ser a única maneira de fugir de situações financeiras difíceis e principalmente de endividamentos. O presente estudo é relevante pois mostra como é o processo de se realizar um planejamento financeiro em diferentes casos, ensinando a todos o passo a passo de se realizar a organização das finanças, controle de gastos e investimentos. Quanto a sua originalidade, o presente estudo demonstra a experiência de uma pessoa ao propor realizar um projeto de planejamento financeiro em casos únicos, sedo assim, um estudo exclusivo e inovador. Não há muitos registros de trabalhos acadêmicos desse nível realizado com foco na construção e na experiência do processo de planejamento financeiro, de acordo com pesquisa feita no Google Scholar. Realizando trabalhos dessa forma, o objetivo de difundir cada vez mais a importância do planejamento financeiro e mostrar que é possível para qualquer pessoa se organizar financeiramente será alcançado, contribuindo para a sociedade. 21 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para que se tenha uma boa base para chegar aos resultados do estudo, é necessário construir uma boa fundamentação teórica, que será utilizada como base dos resultados. Os assuntos que serão tratados na fundamentação teórica do presente estudo são sobre finanças pessoais, planejamento financeiro e sua importância, passando pelos principais tipos de investimento, tanto de renda fixa, quanto renda variável, até chegar aos diferentes modelos de planejamento financeiro existentes. 2.1 FINANÇAS PESSOAIS Finanças pessoais é um campo de estudo direcionado a umapessoa ou família para que obtenha sucesso em suas decisões financeiras com base em conceitos financeiros, podendo também adaptar conceitos empresariais. De acordo com Cherobim e Espejo (2010), finanças pessoais é a ciência que estuda a aplicação de conceitos financeiros nas escolhas financeiras das pessoas e das famílias. Em finanças pessoais são considerados os eventos financeiros de cada pessoa, bem como sua fase de vida para auxiliar no planejamento financeiro. “As finanças pessoais têm por objeto de estudo e análise as condições de financiamento das aquisições de bens e serviços necessários à satisfação das necessidades e desejos individuais” (PIRES, 2007, p.13). Já para Bodie e Merton (1999, p. 10) “são o estudo de como as pessoas alocam seus recursos escassos ao longo do tempo”. Segundo Vilain (2018, p.10), “o objetivo básico das finanças pessoais é fazer com que se comece a administrar sua vida financeira de forma controlada, obtendo reservas financeiras que lhe darão uma melhor qualidade de vida no futuro”. De acordo com Domingos (2007) o sucesso financeiro não depende de quanto cada indivíduo ganha, mas de como ele lida com o que ganha. Uma das primeiras lições da educação financeira é saber dar valor ao dinheiro (apud VETORELLO; GAVIOLI; SEIBERT, 2018, p.5). O cuidado com as finanças pessoais proporciona aos usuários uma vida mais confortável e menor dificuldade financeira para atingir as metas por eles estabelecidas (CERBASI, 2004). Existe uma diversidade de conteúdos parar serem tratados em finanças pessoais. De acordo com Sandroni (2008), o tema finanças pessoais estuda problemas como o orçamento 22 familiar, as formas para utilizar os créditos disponíveis no mercado financeiro, as aplicações vantajosas e a diversificação das fontes de renda pessoal. Ao se tratar de finanças de uma família, deve-se tratar na mesma lógica de finanças pessoais, somando as rendas e despesas dos demais indivíduos dependentes na família, como é tratado por Pires (2007), ao afirmar que as finanças de uma família seguem a mesma lógica das finanças pessoais, apresentando a diferença de que consideram a soma de indivíduos (cônjuges, com ou sem filhos) ao invés de apenas o singular. Além disso, quando só um deles tem fonte de renda, os demais são dependentes e as finanças pessoais do que aufere renda devem ser geridas de modo a satisfazer as necessidades e desejos de todos. 2.1.1 Planejamento Financeiro Pessoal Sendo parte essencial das finanças pessoais, o tema planejamento financeiro está se tornando cada vez mais presente no dia a dia dos indivíduos, tanto em pesquisas, quanto em livros como “Pai Rico Pai Pobre”, “Do Mil ao Milhão”, “A árvore do dinheiro”, entre outros. Conhecimentos financeiros como o quanto investir, onde investir, como gastar menos, como gastar bem, que vão desde conhecimentos matemáticos aos psicológicos, estão sendo buscados por diferentes pessoas em diferentes níveis sociais. Planejamento financeiro é a administração das finanças pessoais para garantir que possam ser cumpridos objetivos de curto, médio e longo prazo e realizado possíveis sonhos dos indivíduos. Para isso, é preciso disciplina, pois o planejamento não é feito por uma semana ou um mês, e sim por anos. Para Gitman (2001, p.434), “O processo de planejamento financeiro começa com planos financeiros de longo prazo, ou estratégicos, que por sua vez guiam a formulação de planos em curto prazo ou operacionais”. Segundo Macedo Junior (2007, p. 26), “planejamento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal”. Para Gitman (2001, p.434), “O Planejamento Financeiro é um aspecto importante das operações nas empresas e famílias, pois ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas e das famílias para atingir seus objetivos”. Para que seja feito o planejamento financeiro deve-se incluir primeiramente as entradas de dinheiro, como salários e rendimentos, considerar todos os gastos previstos do indivíduo ou família, não esquecendo de considerar possíveis despesas extraordinárias ou emergenciais. Com isso, deve-se colocar objetivos futuros e realizações de sonhos, estudando 23 então, quanto tempo é necessário para atingi-los, de que forma podem ser atingidos, quanto o indivíduo precisa ganhar ou quanto gostaria de ganhar. O fator comportamento é extremamente importante para que funcione o planejamento financeiro na vida das pessoas, Vilain (2011) cita que o planejamento financeiro é uma questão de complemento entre comportamento e planejamento. Havendo um planejamento financeiro bem estruturado, que demarque objetivos reais e possíveis dentro de um intervalo de tempo definido, entra em cena o comportamento, fator essencial para se atingir o sucesso. Segundo Macedo Junior (2007), o planejamento financeiro bem realizado permite a realização de sonhos como parar de trabalhar e estudar fora do país, procurar um emprego melhor sem ficar depender financeiramente de um, realizar uma viagem de férias entre outros planos. 2.1.2 Planejamento Financeiro de Curto, Médio e Longo Prazo As finanças pessoais, no conceito de Ferreira (2006, p. 17) são “o processo de planejar, organizar e controlar nosso dinheiro, tanto em curto quanto em médio e longo prazo” (apud AGUIAR JUNIOR, 2013, p.19). De acordo com Macedo (2007, apud AGUIAR JUNIOR, 2013, p.20), planejar possibilita que o indivíduo assuma o controle de sua vida e cita alguns passos em etapas: programação de orçamento; racionalização de gastos; e otimização de investimentos. Com isso, se entende que é uma questão de traçar uma estratégia temporal, a curto, médio e longo prazo e, “estratégia” segundo Hoji (2007) é o caminho para atingir o objetivo (apud AGUIAR JUNIOR, 2013, p.21). Segundo Gitman (1997, p.588) “os planos financeiros a curto prazo são ações planejadas para um período curto (de um a dois anos) acompanhado da previsão de seus reflexos financeiros”. Já o planejamento financeiro de longo prazo, também para Gitman (1997), se dá pelos planos financeiros a longo prazo, que são ações projetadas para um futuro distante, acompanhado da previsão de suas consequências financeiras. Para ele, esses planos tendem a cobrir um período de dois a dez anos, sendo comumente descobertos em planos quinquenais que são revistos de tempos em tempos à luz de novas informações significativas. 2.2 TIPOS DE INVESTIMENTO Conhecer os principais tipos de investimento que estão disponíveis no mercado financeiro é fundamental para o sucesso da vida financeira e seu planejamento. Neste tópico 24 serão vistos quais são os principais investimentos dentro de renda fixa, como poupança, tesouro direto, debênture e CBD, assim como também será visto quais os principais investimentos em renda variável, como ações, fundos de investimento, imóveis, fundos imobiliários e commodities. 2.2.1 Investimentos de Renda Fixa Investimentos em renda fixa se dão pela principal característica de possuírem uma rentabilidade previsível, já que pode ser fixa em algum percentual mensal ou atrelada a algum índice como o CDI, Selic ou a inflação. Neste tópico serão apresentados quais os principais tipos de investimento dentro de renda fixa. 2.2.1.1 Caderneta de Poupança A caderneta de poupança é um tipo de conta bancária que em que pode ser aberta para guardar dinheiro ganhando uma porcentagem a mais sobre essa aplicação. Dessa forma, a poupança, como normalmente é chamada pelas pessoas, funciona como um investimento fácil e prático. É o tipo de investimento mais comum e conhecido dentre a população, já que é considerado muito seguro e permite sacar o dinheiro aplicado em caixas eletrônicos, a qualquer momento. Assim como fala Fortuna (2002), a caderneta de poupança é a aplicação mais simples e tradicional, sendo uma das poucas, senãoa única, em que se podem aplicar pequenas somas e ter liquidez, apesar da perda de rentabilidade para saques fora da data de aniversário da aplicação. Por ser prática e funcionar mais como uma conta de banco do que propriamente uma fonte de investimentos, a poupança não é indicada para quem realmente quer lucrar investindo. Apesar da segurança oferecida pela caderneta de poupança, seu rendimento é muito baixo. De acordo com Oliveira e Pacheco (2006, p. 98), “a caderneta de poupança é a modalidade mais popular e tradicional de investimento destinada de maneira geral, ao público de mais baixa renda”. O rendimento da poupança depende, diretamente, do valor da taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação de Custódia), que é a taxa básica de juros do país. Se a Selic for superior a 8,5%, a remuneração da poupança é de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial. Se a Selic for igual ou menor do 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 70% da Selic mais a 25 Taxa Referencial. Em setembro de 2021, a taxa Selic se encontra em 5,25%, sendo então o rendimento de apenas 3,68% ao ano (70% de 5,25%), o que é mais baixo que a inflação do país, que fechou 2020 em 4,52%. 2.2.1.2 Tesouro Direto O Tesouro Direto é um programa que permite pessoas físicas a comprarem papéis do governo federal pela internet. Criado em 2002, pelo Tesouro Nacional, é o tipo de investimento que equilibra a dívida pública, pois funciona como se os investidores estivessem emprestando dinheiro ao governo. Proite (2009) se refere ao Tesouro Direto como “um programa do Tesouro Nacional de venda de títulos públicos federais da dívida interna diretamente a pessoas físicas por meio da internet no Brasil”. Sendo passível de aplicação por meio de uma grande variedade de bancos e corretoras, o tesouro direto é um tipo de investimento que permite fazer aplicações com valores baixos, a partir de R$30 e oferece liquidez diária para todos os papéis. Tendo em vista atender a demanda de pequenos investidores “o Tesouro Direto tem como um de seus objetivos, democratizar o acesso a títulos públicos e torná-lo mais heterogêneo a partir do aumento da base de investidores na dívida pública doméstica” (DIAS, 2016, p.24). Existem três tipos de títulos públicos à venda no Tesouro Direto: os prefixados, os pós-fixados e os híbridos. Nos prefixados sabe-se o quanto irá se receber de retorno logo no momento da compra, com a condição de que o resgate só poderá ser feito no vencimento do título. Nos papéis pós-fixados, sabe-se os critérios de remuneração, mas o retorno total do investimento depende do momento do resgate e de suas condições, podendo se modificar, pois esses papéis são atrelados a uma variação. Já os títulos híbridos são uma mistura de prefixado e do pós-fixado, pois tem uma parte da remuneração definida no momento da compra e o restante é variável, em que depende da inflação. Existem cinco tipos de tesouro direto, são eles o Tesouro Selic, Tesouro Prefixado, Tesouro Prefixado com Juros Semestrais, Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. 26 2.2.1.2.1 Tesouro Selic O Tesouro Selic é um título pós-fixado que varia de acordo com a taxa básica de juro básico da economia, definida pelo Banco Central. Como o preço do papel desse investimento não possui uma alta oscilação ao longo do tempo, o Tesouro Selic é pouco instável, sendo seu rendimento adicionado à aplicação diariamente. “A remuneração segue a variação da taxa SELIC diária entre a data de compra e a data de vencimento do título, acrescida de ágio ou deságio no momento da compra” (DIAS, 2016, p.30). Caso o investidor opte por vender o papel antes de seu vencimento, o mesmo não perde dinheiro, sendo pago o retorno até a data da venda. Com isso, é uma boa opção para quem quer guardar uma reserva de emergência, pois é também o único título que não possui rentabilidade negativa. Abaixo a Figura 1 demonstra o funcionamento do Tesouro Selic. Figura 1 - Funcionamento do Tesouro Selic Fonte: Tesouro Direto. Acesso em: 23 mai. 2021. 27 2.2.1.2.2 Tesouro Prefixado O Tesouro Prefixado, como o próprio nome mostra, é um investimento em que o seu retorno é informado logo na data em que foi aplicado. Assim, sabe-se exatamente o quanto será devolvido se mantido o papel até a data de vencimento do mesmo. Porém, caso o investidor decida resgatar o dinheiro antes dessa data, esse valor poderá ser menor do que o investido, entrando numa situação de prejuízo. Isso ocorre pois o valor do título varia ao longo do tempo, tanto para mais quanto para menos, dependendo da situação de mercado. Abaixo a Figura 2 ilustra como funciona o Tesouro Prefixado. Figura 2 - Funcionamento do Tesouro Prefixado Fonte: Tesouro Direto. Acesso em: 23 mai. 2021. 2.2.1.2.3 Tesouro Prefixado com Juros Semestrais O Tesouro Prefixado com Juros Semestrais, também prefixado, como mostrado em seu próprio nome, é o investimento em que também se sabe o retorno que obterá no vencimento do papel logo no momento da compra do título. No entanto, a diferença dele para o Tesouro Prefixado, é que duas vezes no ano ele retorna juros provenientes até aquela data, chamado de cupom, possibilitando possíveis aumentos de liquidez e reinvestimentos. 28 Conforme Dias (2016), as datas de pagamento dos cupons são determinadas retrospectivamente a cada seis meses a partir da data de vencimento. Nesse título tem-se a vantagem de possuir um fluxo de caixa sem vender o título, e não somente receber um valor na data final. Esses juros recebidos podem ser reaplicados ou retirados para uso. Porém, todas as vezes em que o cupom for recebido, será descontada a alíquota de imposto de renda de 22,5% sobre o ganho. Abaixo se tem a Figura 3 ilustrativa de como funciona o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais. Figura 3 - Funcionamento do Tesouro Prefixado com Juros Semestrais Fonte: Tesouro Direto. Acesso em: 23 mai. 2021. 2.2.1.2.4 Tesouro IPCA+ O Tesouro IPCA+ é um título híbrido, em que possui uma parte prefixada, definida no momento da compra do papel e outra parte pós-fixada, em que é seguida pela variação do índice de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que lhe proporciona rentabilidade real. Esse papel é protegido contra a inflação, contra a desvalorização do capital, tendo isso como uma grande vantagem. O Tesouro IPCA+ não possui pagamento de cupons de juros, como é o caso do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, que será visto a frente, assim, seu fluxo de pagamento 29 é simples e a rentabilidade é dada pela taxa anual de juros mais a variação da inflação até o vencimento. Abaixo a Figura 4 apresenta de forma ilustrativa como funciona o Tesouro IPCA+. Figura 4 - Funcionamento do Tesouro IPCA+ Fonte: Tesouro Direto. Acesso em: 23 mai. 2021. 2.2.1.2.5 Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais O Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais é também um papel híbrido, sendo sua parte prefixada a parte definida no momento da compra do papel, e sua parte pós-fixada relacionada a variação do IPCA, assim como o Tesouro IPCA+. Porém, a diferença desse título é que, duas vezes por ano, será paga uma proporção da remuneração combinada. Essa remuneração precisa ser tributada pelo Imposto de Renda, 22,5% sobre o ganho semestral no primeiro pagamento, depois seguindo uma tabela regressiva de até 15%. Assim como o Tesouro Prefixado, o Tesouro IPCA também depende da situação de mercado do momento, assim, se o investidor retira seus recursos antes da data demarcada, fica sujeito às condições de mercado naquele momento, podendo receber mais ou menos do que era esperado. A Figura 5 ilustra como funciona o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. 30 Figura 5 - Funcionamento do Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais Fonte: Tesouro Direto. Acesso em: 23 mai. 2021. 2.2.1.3Debênture As Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas, que são negociados no mercado de capitais. De acordo com Assaf Neto (2014), as debêntures são títulos privados de crédito, emitidos exclusivamente por companhias de capital aberto e colocadas no mercado à disposição de investidores interessados, representando uma alternativa de captação de empréstimo no mercado. As debêntures são também classificadas como valores mobiliários, porém, ao contrário das ações, são títulos que conferem renda fixa aos seus investidores (ASSAF NETO, 2014, p.176). A autorização de emitir esses valores, assim como a definição de suas principais características (prazo de resgate, rendimentos previstos e forma de pagamento etc.) são de competência da assembleia de acionistas da empresa, respeitada a legislação em vigor (ASSAF NETO, 2014, p.585). De acordo com Assaf Neto (2014), existem dois tipos de debêntures, as simples, em que somente podem ser resgatadas em dinheiro, e as conversíveis em ações, em que é permitido que o debenturista possa converter o montante acumulado em ações da empresa. Também pode ocorrer ágio, quando o título é negociado no mercado mais alto do que seu 31 valor de emissão, ou deságio, quando o título é negociado no mercado com o valor mais baixo que em sua emissão. 2.2.1.4 Previdência Privada A Previdência Privada é um investimento simples que consiste em acumular capital, para depois resgatá-lo. Um investimento inicial é feito, tendo aplicações mensais, em que se passam anos investindo, para a conta de um beneficiário. Depois de um prazo definido, ocorre o recebimento de juros do capital acumulado. Segundo a Caixa Seguradora (2017), a previdência privada corresponde a um investimento, com uma quantia em dinheiro depositada por um determinado período e esse valor fica rendendo. Após dado período, o investidor é permitido sacar todo o montante acrescido das remunerações, de uma só vez ou de forma parcelada. Existem duas categorias de planos de Previdência Privada, que são o PGBL ou VGBL, sendo a principal diferença sobre eles a tributação. De acordo com a Caixa Seguradora (2017), no Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL), a incidência do imposto de renda ocorre sobre o total que será resgatado, podendo ter os aportes abatidos do Imposto de Renda, limitado a 12% da sua renda anual. Com isso, ele é possível somente para quem realiza a declaração completa de IR. Já o plano Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), o Imposto de Renda incide somente sobre a rentabilidade conquistada. De acordo com a Caixa Seguradora (2017), são destinados aos clientes que se encaixam na Declaração Simplificada e aos que não fazem a declaração do IR. Durante a fase de acumulo de capital, não se pode deduzir os valores aplicados no plano de previdência do IR, porém, quando houver o recebimento da renda, não há incidência de IR sobre o capital investido, e sim somente nos rendimentos. 2.2.1.5 CDB O Certificado de Depósito Bancário, conhecido como CDB, é um título considerado rentável e seguro emitido por bancos, com o objetivo de captar dinheiro para financiar as atividades do banco, como projetos e dívidas. É um dos investimentos mais conhecidos pelos investidores da renda fixa. Assim como aborda Assaf Neto (2011, p.147), os CDBs 32 “constituem-se em títulos de renda fixa emitidos pelos Bancos Comerciais, Múltiplos e Bancos de Investimentos destinados a lastrear operações de financiamento de capital de giro”. As vantagens do CDB são que ele conta com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, e tem sua taxa de rentabilidade definida no momento da compra. Os CDBs que possuem um prazo maior de vencimento normalmente possuem uma rentabilidade maior, assim como geralmente os CDBs emitidos por instituições bancárias menores tendem a oferecer taxas de rendimentos mais altas. De acordo com Assaf Neto (2011) sobre os rendimentos auferidos com o CDB ocorre a incidência de Imposto de Renda, que é tributado no momento do seu resgate e de acordo com uma tabela regressiva. 2.2.2 Investimento de Renda Variável 2.2.2.1 Ações As Ações são um tipo de investimento do mercado financeiro em que se compra uma fração do capital social de uma empresa. Com isso, o investidor se torna um dos sócios da empresa, fazendo parte dos riscos desta empresa, assim como de seus lucros. Assim como diz Assaf Neto (2011, p.42), “Ação é um valor mobiliário representativo de uma parcela (fração) do capital social de uma sociedade, com prazo de emissão indeterminado e negociável no mercado”. Existem dois tipos de ações, as ações ordinárias e as ações preferenciais. Os investidores das ações ordinárias têm direito a voto para eleger membros do conselho de administração da empresa, como confirma Assaf Neto (2011, p.42) “proporcionam aos seus titulares o direito de voto em assembleias gerais de acionistas e participação nos lucros da sociedade mediante o recebimento de dividendos”. Porém, nessa modalidade, os dividendos são variáveis, não sendo garantidos. Já as ações preferenciais, como o próprio nome se refere, da prioridade no recebimento de dividendos da determinada empresa. Esse tipo de ação da a garantia de recebimento de dividendos fixos aos acionistas, normalmente. Porém, geralmente esses investidores não possuem direito de voto na assembleia, assim como fala Assaf Neto (2011, p.42) “as ações preferenciais, ao contrário, não possuem o direito a voto, oferecendo em contrapartida algumas vantagens ou preferências, como a prioridade no recebimento de dividendos”. 33 Resumidamente, as ações são valores que conferem ao seu titular a propriedade de certa parte (fração) do capital da empresa emissora (ASSAF NETO, p.176). Sendo os rendimentos das ações variáveis, dependendo principalmente dos resultados apurados pela sociedade emitente e das condições de mercado e da economia (ASSAF NETO, p.42). 2.2.2.2 Fundo de Investimento Um fundo de investimento é composto por uma carteira de ativos financeiros, em que são oferecidos por administradoras que disponibilizam cotas para captação de recursos, cobrando taxas para as decisões que são tomadas, proporcionais à porção de cotas adquiridas. Segundo o site da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID, 2017), um fundo de investimento é “um tipo de investimento coletivo, organizado por instituições financeiras, no qual você compra uma cota do fundo e recebe a valorização dela no período em que você investir nela”. Quando o investidor, chamado de cotista, aplica em um fundo, ele adquire cotas, que são menores partes de um fundo. O patrimônio do investidor é composto pela somatória de cotas que possui, sendo todas as cotas do mesmo valor. Existem diferentes tipos de fundos, em que são divididos pelo tipo de ativos que investem. De acordo com a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID, 2017) existe o fundo de renda fixa, em que são feitas aplicações em papeis de renda fixa, como exemplo títulos públicos e privados. Existe o fundo de ações, em que são feitas aplicações em renda variável, como ações. Há o fundo cambial, em que se aplica em papeis atrelados à variação de preços de moedas, como o dólar ou o euro. Há também o fundo multimercado, em que se pode investir em parte em renda fixa, parte em renda variável e parte em moedas. 2.2.2.3 Imóveis e Fundo Imobiliário O investimento em imóveis e fundo imobiliário é como se fosse o ato comum de se comprar um imóvel, mas a diferença é de que se compra o mesmo imóvel com vários outros investidores. “Ao investir em um fundo imobiliário, em vez de comprar um imóvel sozinho, você estará se associando a vários outros investidores que também têm interesse em entrar no mercado imobiliário” (NIGRO, 2018). 34 O fundo imobiliáriofunciona da seguinte maneira: existe um fundo em que vários investidores colocam seu capital, e esse fundo realiza as compras no mercado imobiliário. Com isso, tem-se o sistema de cotas, em que o investidor recebe proporcionalmente à sua cota obtida, possibilitando pessoas com um capital menor de investimento de entrar no mercado imobiliário. “Investimentos diretos em imóveis exigem elevado desembolso de capital de cada investimento corresponde ao valor de cada imóvel adquirido. Já o Fundo de Investimento Imobiliário possibilita o acesso ao pequeno investidor que, com um valor relativamente baixo, pode investir no setor imobiliário” (SCOLESE; BERGMANN; SILVA; SAVOIA, 2015). Uma vantagem de investir em fundos imobiliários é que o rendimento do mesmo é isento de imposto de renda quando pessoa física. Porém na compra e venda de fundos imobiliários, ocorre a incidência de imposto. Para as pessoas físicas que investem em fundos imobiliários, “A Lei nº 11.033/04 confere a isenção de imposto de renda para os rendimentos distribuídos pelo fundo, desde que se trate de fundo com no mínimo 50 quotistas e tenham suas cotas negociadas exclusivamente em bolsa ou mercado de balcão organizado” (SCOLESE; BERGMANN; SILVA; SAVOIA, 2015). 2.2.2.4 Commodities Outro tipo de investimento são as Commodities, em que se investe em matérias-primas essenciais de baixa industrialização, “in natura”, produzidas em grande escala e sem diferenciação de marcas. De acordo com Cunha et al. (2011) “commodities são bens diretamente originados na natureza, como minérios, petróleo, produtos agropecuários, florestais, e seus derivados a partir de algum grau de processamento industrial”. Esse tipo de investimento é feito no mundo inteiro, ou seja, as commodities são comercializadas em alta escala globalmente. Existem quatro principais tipos de commodities: Mineral, como, por exemplo, o ouro; Financeira, como em moedas (Euro, Dólar, entre outras); Agrícola, como a soja; e por fim, de Recursos Energéticos, como por exemplo, o Etanol. O investimento nas Commodities é feito pela bolsa de valores, em que o preço oscila dependendo da oferta e da procura da mercadoria. 35 2.3 MODELOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO Para ser possível realizar um estudo de proposição de um modelo de planejamento financeiro, é necessário conhecer os modelos já existentes no mercado. Neste tópico será abordado o modelo de planejamento financeiro da Planejar, Associação Brasileira de Planejadores, e também o modelo de Cerbasi, sendo ambos referências no mercado. Esse estudo da fundamentação teórica possibilitará que seja proposto um novo modelo nos resultados. 2.3.1 Modelo da Planejar A Associação Brasileira de Planejadores, conhecida como Planejar, é uma associação que atua com planejamento financeiro para pessoas e famílias, portanto possui um modelo de planejamento financeiro, que será abordado nesse tópico. Esse modelo da Planejar (2019) é composto por seis etapas: definição do relacionamento com o cliente, coleta das informações para elaboração de um plano financeiro, análise dos objetivos, necessidades, valores e informações do cliente, desenvolvimento de recomendações e apresentação ao cliente, implementação das recomendações de planejamento financeiro, e monitoramento da situação do cliente. 2.3.1.1 Definição do relacionamento com o cliente A primeira etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é a definição do relacionamento com o cliente, em que a Planejar (2019) afirma que apesar de ser uma “profissão ainda pouco conhecida, muitas podem ser as formas de relacionamento entre um planejador financeiro e seu futuro cliente”. Nessa etapa, pode-se ter um relacionamento pontual com o cliente, quando o mesmo procura assessoria para uma necessidade específica; pode-se ter um relacionamento com prazo determinado; ou um relacionamento permanente, em que se trabalhará com o cliente variadas situações e necessidades com o decorrer do tempo. Outra variável importante para o processo é a forma como o profissional que possui a CFP (Certified Financial Planner), certificação internacional para o exercício da atividade de planejador financeiro pessoal, conduz sua prática. O profissional deve, de acordo com a 36 Planejar (2019), explicar e documentar seus serviços, definir sua responsabilidade e a responsabilidade do cliente durante o trabalho e explicar como ele será remunerado e por quem. O planejador financeiro informa seu cliente sobre o processo em que está passando, além de poder passar variadas informações, as quais podem ser “como o planejamento financeiro pode ajudar o cliente e atingir objetivos; descrição da metodologia para a prestação do serviço de planejamento financeiro; informações sobre as licenças necessárias, experiência e conhecimento do profissional” (PLANEJAR, 2019). 2.3.1.2 Coleta das informações para elaboração de um plano financeiro A segunda etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é a coleta das informações para elaboração de um plano financeiro, na qual já se definiu o tipo de relacionamento com o cliente, e então dará início a um aprofundamento de troca de informações entre o planejador e o cliente. A troca de informações entre planejador e cliente pode ocorrer, de acordo com a Planejar (2019), “mediante entrevista pessoal com o cliente e as pessoas importantes para o planejamento, [...], por meio de questionários com perguntas abertas que permitem respostas mais amplas [...] ou de perguntas fechadas que geram respostas pontuais”. Segundo a Planejar (2019), o profissional financeiro deve identificar a situação patrimonial de seu cliente, compreender os objetivos de curto, médio e longo prazo do cliente, avaliar valores e expectativas do cliente, e por fim, determinar o perfil de risco do cliente. Por meio dessas informações que devem ser precisas, e documentos necessários, o profissional se torna capaz de entender a situação geral do cliente, e ajuda-lo a construir um planejamento financeiro eficiente. 2.3.1.3 Análise dos objetivos, necessidades, valores e informações do cliente A terceira etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é a análise dos objetivos, necessidades, valores e informações do cliente, que é pegar as informações obtidas do cliente na etapa anterior, e analisá-la. O planejador deve identificar os objetivos financeiros e objetivos pessoais do cliente, além de possíveis situações específicas. É importante diferenciar necessidades, que são objetivos financeiros essenciais, de desejos, que são 37 objetivos não-obrigatórios, pois nem sempre todos os objetivos desejados pelo cliente poderão ser atingidos. De acordo com a Planejar (2019), o profissional deve coletar e analisar dois tipos de informações: as quantitativas, como informações relacionadas a fontes de renda do cliente, suas despesas, obrigações financeiras e fiscais; e as qualitativas, em que se analisa: fatores comportamentais e culturais do cliente, seu ambiente socioeconômico, necessidades e desejos. 2.3.1.4 Desenvolvimento de recomendações e apresentação ao cliente A quarta etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é o desenvolvimento de recomendações e apresentação ao cliente, após ter obtido as informações do cliente e feito a análise. Segundo a Planejar (2019), nessa etapa o planejador deve garantir o entendimento do cliente acerca dos fatores e premissas atuais que foram fundamentais para as recomendações; riscos da estratégia sugerida; e provável impacto das recomendações sobre a capacidade de o cliente atingir seus objetivos, devendo evitar apresentar sua opinião como um fato. “Após a identificação e avaliação de diversas estratégias e da atual situação do cliente, o profissional elabora as recomendações de planejamento financeiro que podem atenderaos objetivos, necessidades e prioridades do cliente” (PLANEJAR, p.272, 2019). A recomendação pode ser apenas uma ação independente, ou várias ações combinadas, sendo então uma mudança, que pode chegar a ser uma modificação de um objetivo do cliente. O profissional deve mostrar ao cliente a situação, os fatores e as premissas que foram fundamentais para chegar nas suas recomendações, assim como os riscos da estratégia. 2.3.1.5 Implementação das recomendações de planejamento financeiro A quinta etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é a implementação das recomendações de planejamento financeiro, que pode estar na responsabilidade do cargo do planejador financeiro ou não. Se estiver a cargo do planejador, de acordo com a Planejar (p.272, 2019), “um cronograma deverá ser definido e os passos da execução detalhados e apresentados ao cliente para conhecimento e aprovação”. “O profissional obtém a concordância do cliente para implementar as recomendações e provê a documentação necessária, podendo alterar o escopo da contratação, como 38 inicialmente definido, com base no acordo celebrado com o cliente” (PLANEJAR, p.273, 2019). 2.3.1.6 Monitoramento da situação do cliente A sexta e última etapa do modelo de planejamento financeiro da Planejar é o monitoramento da situação do cliente. A vida das pessoas, e assim do cliente, está sempre em constante mudança, seja em âmbito familiar, econômico ou pessoal, por isso é de grande importância realizar um monitoramento da situação do cliente. “Cabe ao profissional monitorar a evolução do planejamento e compará-la com os resultados previstos, eventualmente tomando medidas corretivas em caso de não conformidade” (PLANEJAR, p. 274, 2019). De acordo com a Planejar (2019) é indicado realizar reuniões periódicas de monitoramento com o cliente, identificando se o cliente está nas mesmas condições ou não, em relação à sua renda, família, saúde física e mental, e também se os seus objetivos permanecem o mesmo ou se mudaram. É importante também avaliar se o resultado da carteira de investimentos está de acordo com o que havia previsto, e se houveram mudanças no mercado de forma geral. Assim como as mudanças julgadas necessárias ao processo podem demandar com que haja uma revisão em todo o processo de planejamento financeiro, “O processo de análise pode demandar mudanças no escopo original da contratação ou até mesmo uma nova contratação” (PLANEJAR, p. 274, 2019). 2.3.2 Modelo de Cerbasi O Modelo de Cerbasi (2015) é um guia de planejamento financeiro focado para qualquer pessoa que esteja interessada em ter uma vida melhor, mais planejada, equilibrando dinheiro e trabalho. Em seu livro “Como organizar sua vida financeira”, Cerbasi divide em capítulos o que julga importante para realizar um planejamento financeiro, englobando autoconhecimento, orçamento doméstico, declaração de imposto de renda, compras, crédito, dúvidas e segurança. 39 2.3.2.1 Autoconhecimento O autoconhecimento é o primeiro passo para se realizar um planejamento financeiro eficaz, já que, até mesmo quando se contrata um profissional da área, o mesmo faz inúmeras perguntas para conhecer o máximo de seu cliente, realizando um diagnóstico de sua situação financeira. Cerbasi (2015) fala sobre equilíbrio financeiro, que “para identificar o seu ponto de equilíbrio financeiro, não basta saber se o dinheiro que você ganha dá para pagar as contas” e sim considerar que na maioria das vezes as pessoas não pretendem ou não são capazes de trabalhar o resto da vida, portanto, há outras variáveis a serem consideradas. Já no que tange à situação patrimonial, Cerbasi (2015) distingue quatro indicadores para avaliar a situação patrimonial. O primeiro indicador é o Patrimônio Mínimo de Sobrevivência (PMS), que é uma reserva para situações como perda de emprego ou tentativa frustrada de negócio, sendo seis vezes o gasto médio mensal da família. Porém, como o próprio nome diz, ela é o mínimo necessário para sobreviver até a situação se estabilizar. O segundo indicador é o patrimônio mínimo recomendado para sua segurança, que são reservas financeiras que devem ser guardadas para qe se tenha segurança em casos de mudança, este deve ser de doze vezes o gasto médio mensal familiar para empregos estáveis, e de vinte vezes o gasto médio mensal familiar para baixa empregabilidade. O terceiro indicador é o patrimônio ideal para sua idade e sua situação de consumo, em que leva em consideração que além de ter reservas suficientes para alguma situação presente, deve-se levar em consideração a idade do poupador, pois quanto mais velho, maior deve ser a reserva financeira. O número recomendado é de 10% do gasto médio anual familiar vezes a idade da pessoa. O quarto e último indicador é o patrimônio necessário para a independência financeira, em que, nós humanos não sabemos quantos anos iremos viver, portanto, a melhor opção é planejar-se para viver dos rendimentos líquidos do patrimônio, tendo a garantia de que nunca mais será necessário trabalhar. Deve se dividir o gasto anual médio familiar pela rentabilidade líquida anual de investimentos, o resultado dessa conta é o quanto é necessário se ter de patrimônio líquido. 2.3.2.2 Orçamento doméstico O orçamento doméstico é o segundo requisito para se realizar um planejamento financeiro eficaz, em que se deve encontrar o equilíbrio orçamentário, ou seja, gastar menos 40 do que ganha e investir essa diferença. Cerbasi (2015) afirma que “o ideal é ter conhecimento detalhado de seus gastos mensais e agir de acordo com essa informação, adotando iniciativas que viabilizem uma poupança regular”. Esse conhecimento detalhado se faz possível através de planilhas de orçamento doméstico mensais, podendo esta ser em uma folha de papel ou eletrônica, usando, por exemplo, o Excel. Cerbasi (2015) cria uma tabela de controle orçamentário com a estrutura apresentada na Tabela 1. Tabela 1: Controle Orçamentário Descrição dos nomes das contas lançadas Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 ... Relação de suas receitas líquidas - ou – Relação de suas receitas brutas (-) Relação dos tributos na fonte = Total da receita líquida no período (-) Relação de suas despesas fixas com: - Habitação - Saúde - Educação - Alimentação - Transporte - Impostos - Despesas pessoais (-) Relação de suas despesas eventuais + Sobra de caixa do mês anterior (-) Aplicações financeiras feitas no período = Sobra de caixa no mês = Sobra de caixa total Fonte: Cerbasi (2015). Com base na Tabela 1, Cerbasi (2015) cita que é importante se ter um controle na periodicidade da realização da planilha, sendo que essa periodicidade muda de acordo com a disciplina de cada pessoa. Após essa decisão, as receitas devem ser inseridas na planilha, com 41 o desconto de impostos, inserindo a receita líquida do período. Logo após, deve-se subtrair as despesas fixas, que são as que são certeza de ter em todos os períodos, como despesas com habitação, saúde, transporte, educação, entre outras. Em seguida, deve-se subtrair também as despesas eventuais ocorridas naquele período. Com isso, tem-se o saldo disponível do período, que deve ser utilizado para investimentos, para aplicações financeiras. Depois de se realizar todo esse processo, tem-se a sobra de caixa, que, de acordo com Cerbasi (2015), é o grande medidor de sucesso de seu orçamento, pois se esse valor não ficou negativo, o objetivo de controle financeiro obteve sucesso. 2.3.2.3 Utilize seu orçamento com Inteligência Criar um controle orçamentário apenas listando os gastos não é o suficiente para ter um bom planejamento financeiro, há muito mais a ser feito. Atividades como guardar comprovantes de gastos, organizar gastos para ter noção do padrão de consumo, comparara evolução desse padrão, refletir sobre escolhas, estipular alterações nesse padrão, se policiar, estimar consequências para as escolhas e visualizar situações extremas são essenciais para o sucesso da realização do orçamento com inteligência (CERBASI, 2015). Cerbasi (2015) propõe algumas recomendações úteis para realizar o orçamento doméstico, como sempre destinar uma parte da verba para imprevistos e organizar de forma cronológica as datas de vencimento das contas a serem pagas. Outro facilitador é deixar as contas para serem pagas em débito automático, o que ajuda a poupar tempo, e principalmente evitar atrasos, que normalmente geram grandes juros. É importante sempre lembrar dos tributos anuais, como IPTU e IPVA, sendo a melhor estratégia deixar parte dos ganhos de final de ano, como 13º e bônus, para pagá-los, se possível. Despesas eventuais também devem ser consideradas, assim como se for o caso da família, contabilizar a mesada dos filhos, e inclui-los nessa organização financeira, para que desde cedo tenham contato com isso. Deve-se guardar todos os comprovantes em alguma pasta ou caixa, para que não haja necessidade de alimentar a planilha orçamentária todos os dias, e sim estabelecer uma periodicidade (CERBASI, 2015). Seguindo esses passos, o orçamento será feito de forma inteligente, o que ajudará a chegar ao sucesso dos objetivos pré-estabelecidos. 42 2.3.2.4 Declaração de Imposto de Renda O quarto requisito para que se tenha um bom planejamento financeiro é a realização da declaração de imposto de renda, a qual deve ser feita todo ano. Declarar impostos é importante porque além de ser uma obrigação para com o governo, é a melhor forma de conhecer melhor sua situação financeira (CERBASI, 2015). A declaração, apesar de ser temida por muitos que acham que é algo difícil de se fazer, não é complicada, desde que se tenha uma organização pessoal com seus gastos. Além disso, deve se fazer com calma, e não perto do prazo final de entrega, sempre com informações verídicas. Gastos com educação, hospitais, médicos, dentistas, planos de saúde, doações, advogados, entre outros, contabilizam no imposto de renda (CERBASI, 2015). As pessoas a quem a declaração de renda é obrigatória são as pessoas residentes no Brasil, que não estejam como dependentes no imposto de outra pessoa, que tenha tido um total de rendimento tributável superior ao piso da renda tributável, ou que tenha obtido um total de rendimentos superior a R$40.000,00, ou tenha um patrimônio igual ou superior a R$300.000,00, ou que obteve lucro à incidência do imposto na venda de bens, ou que realizou operações na bolsa de valores, ou, por fim, quem optou pela isenção do Imposto de Renda na venda e compra de imóvel (CERBASI, 2015). O prazo de envio do Imposto de Renda é entre o início de março e fim de abril, anualmente. Caso haja atraso, é cobrado uma multa por atraso na entrega. É importante ressaltar que há como pagar menos imposto ou aumentar a restituição, declarando feitos como contribuição à previdência social, pensões alimentícias, médicos, hospitais e outros profissionais, número de dependentes e doações. “O principal fator de economia de Imposto de Renda, no Brasil, é a declaração de despesas aceitas pela Receita Federal como dedutíveis da renda do ano-base” (CERBASI, p.56, 2015). 2.3.2.5 Compras O quinto passo que deve ser feito para que se tenha um bom planejamento financeiro é se preparar para as compras, diferenciando o que é necessidade e o que é vontade. Cerbasi (2015) cita que é fundamental definir exatamente as metas de consumo, o prazo de para realiza-las e o seu custo, para que seja possível torna-las realidade. Antes de sair para realizar alguma compra, alguns preparativos são essenciais, como: fazer uma lista com os produtos que são necessários comprar, o que ajuda a focar somente 43 neles, e não a comprar outros não tão necessários; saber o teto de compra, ou seja, quanta verba está disponível para esse consumo; ter em mente limites de possíveis financiamentos, assim como qual é a prestação máxima que pode se pagar, quando o teto não é suficiente para o necessário; sair de casa de “barriga cheia”, literalmente quando sair para o supermercado, e figurativamente para todos os tipos de compra, como por exemplo, antes de sair comprar roupas, reveja as suas próprias para reavaliar a necessidade de compra; por fim, deve-se pesquisar sempre, em várias lojas diferentes, para se obter o melhor custo benefício (CERBASI, 2015). Para as compras de grande valor, que exigem um planejamento melhor, primeiramente deve-se traçar os objetivos de consumo, o custo de cada um deles, o prazo em que será realizado, e o nível de prioridade. Cerbasi (2015) coloca como exemplo a Tabela 2. Tabela 2 - Compras de grande valor Objetivo Custo Prazo Conclusão Prioridade Independência Financeira R$1.500.000,00 20 anos dd/mm/aaaa 1 Reformar a casa R$10.000,00 2 anos dd/mm/aaaa 5 Trocar de carro R$12.000,00 1 ano dd/mm/aaaa 3 Bicicletas para as crianças R$400,00 6 meses dd/mm/aaaa 4 Férias na praia R$2.000,00 8 meses dd/mm/aaaa 2 Televisão de LED R$4.000,00 1 ano dd/mm/aaaa 6 Fonte: Cerbasi (2015). A Tabela 2 demonstra como podem ser planejadas as compras de alto valor, sendo de maior prioridade a que possui a prioridade como número 1, e a menor o número 5, assim sucessivamente. De acordo com Cerbasi (2015), o próximo dever é montar um plano, determinando qual é o melhor tipo de investimento para cada objetivo, quanto deve ser investido por mês para cada objetivo, e se necessário, adiar ou eliminar alguns dos objetivos para que seja possível a realização de outros. Após esse passo, deve se dar finalidade aos objetivos, ou seja, manter o foco, revisando periodicamente o planejamento feito, e também controlar o desempenho dos investimentos que são feitos pra o cumprimento desses objetivos. Cerbasi (2015) coloca também que é importante se policiar na hora da compra, em relação a não demonstrar sentimentos, como, por exemplo, demonstrar necessidade ou paixão por algum produto, pois com isso o vendedor percebe que não será necessário esforço e 44 negociação para a venda do produto. Além disso, deve-se sempre ver se não é possível descontos no pagamento à vista, sempre tentar negociar com o vendedor, e controlar impulsos, decidindo a compra não dento da loja, e sim em casa, refletindo sobre a mesma. Com isso, é possível se fazer compras com responsabilidade, fazendo com que o dinheiro renda mais, e o tornando mais produtivo. 2.3.2.6 Crédito Outro ponto importante a ser revisto no planejamento financeiro é a utilização do crédito a seu favor, pois existem ainda muitas pessoas que não sabem utilizá-lo, o transformando de algo benéfico, criado para ajudar, a algo maléfico, que coloca medo nas pessoas. De acordo com Cerbasi (2015), erros comuns são: evitar o uso do crédito, achando que o mesmo não é bom; ceder o nome a terceiros; emprestar dinheiro a parentes e amigos; decidir contratos de crédito por impulso; não pesquisar alterativas de créditos; não ler os contratos, antes de fechar algum contrato de crédito; desfrutar do cheque especial simplesmente pela sua facilidade, assim como o uso do crédito rotativo do cartão de crédito; permitir o acúmulo de dívidas, sem negociá-las ou até mesmo realizar alternativas para novas dívidas, se for viável e valer a pena; esperar caducar uma dívida, em que o nome sairá das listas, mas não deixará de ser um devedor, podendo ser processado na justiça; e por fim, solicitar crédito quando não é necessário, ou seja, fazer dívida atrás de dívida por motivos que poderiam tomar outro rumo. A disponibilidade de crédito é diferente de pessoa para pessoa, quanto mais a pessoa ter comprovações de ter pago dívidas, por exemplo, mais opções benéficas de crédito ela terá. Para se ter um bom perfilde crédito, Cerbasi (2015) cita regras para a construção desse perfil, as quais são: negocie até mesmo quando você não precisar; prefira financiamentos, em vez de empréstimos; tenha um bom histórico no uso de crédito; substitua suas dívidas, se for viável; use o crédito com cautela e consciência, ou seja, assim como citado anteriormente, não faça dívidas que poderiam ser evitadas. Existem algumas alternativas e oportunidades de crédito, que devem ser conhecidas pelas pessoas para que se possa encontrar qual a melhor para cada situação. Segundo Cerbasi (2015), as alternativas são: cartões de crédito, em que se deve pagar sempre o valor gasto até a data de vencimento; programas de fidelização, em que os bancos disponibilizam aos seus clientes de acordo com o relacionamento, podendo reverter em vantagens de custo; dinheiro 45 fácil encontrado em esquinas, que geralmente, são casos exploradores, dos quais se deve fugir; cheque especial, proporcionado pelo banco, que pode ser utilizado, desde que se pague dentro do período sem acréscimo de juros, provido pelo banco; milhas, já que quando se tem um cartão de crédito e se realiza compras e viagens de avião, são acrescidas milhas na conta, que podem ser utilizadas para novas compras; e compensação de tributos, em que governos estão instituindo programas no qual o contribuinte solicita notas fiscais de mercadorias e serviços, e posteriormente é beneficiado com descontos e créditos. “Use o crédito de forma equilibrada. Ao fugir dos juros e custos dos financiamentos, você passa a vida adquirindo o máximo de conforto que o seu bolso pode pagar sozinho” (CERBASI, P.93, 2015). Além disso, também é viável sim considerar a possibilidade, em situações específicas, a aquisição de dívidas, desde que não comprometa a segurança financeira. 2.3.2.7 Dívidas As dívidas fazem parte do planejamento financeiro, já que em muitos deles não há como as evitar totalmente, o importante é saber o limite da situação, e até onde contrair dívidas é viável. Quando a situação está crítica, com relação a dívidas, Cerbasi (2015) sugere que se tome providências. A primeira providência é estancar a saída de dinheiro, em que os gastos da família devem ser reduzidos a um nível abaixo da subsistência, como por exemplo: não realizar compras parceladas, economizar energia, tanto em tempo de banho quanto a assistir menos televisão, usar mais o fogão do que o micro-ondas, pois o gás é mais barato, não utilizar ar condicionado e ventiladores, preparar suas próprias receitas ao invés de comprar comida pronta, trocar o carro pelo uso de bicicletas ou transporte público, pausar cursos, como os de idioma ou academia, entre outros. A segunda providência a ser tomada, de acordo com Cerbasi (2015), é organizar as dívidas, identificando qual deve ser eliminada primeiro. A planilha apresentada na Tabela 3 pode ajudar nessa providência. 46 Tabela 3: Organização das Dívidas Dívida Tipo Credor Taxa de Juros Total de Prestações Prestações a Pagar Valor das Prestações Valor em atraso Valor a pagar Total a pagar 1 Tipo Credor Taxa de Juros Total de Prestações Prestações a Pagar Valor das Prestações Valor em atraso Valor a pagar Total a pagar 2 3 4 5 6 7 Dívida 9 10 Total R$ - R$ - R$ - Fonte: Cerbasi (2015). Na planilha criada por Cerbasi (2015) deve-se primeiro identificar o tipo de dívida, conforme sua denominação (Tipo), identificar para quem se está devendo (Credor), descrever a taxa de juros mensal cobrada na dívida (Taxa de juros), informar o número de prestações previsto (Total de prestações), informar o número de prestações que ainda faltam ser pagas (Prestações a pagar), informar o valor atual de cada prestação, feitos reajustes (Valor das prestações), adicionar qual o valor total em atraso, se houver atraso (Valor em atraso), informar o valor que ainda falta pagar, multiplicado pelo número de parcelas faltantes (Valor a pagar) e por fim informar o valor total da dívida, considerando o que já foi pago e o que ainda precisa pagar (Total a pagar). A terceira providência, de acordo com Cerbasi (2015), é equilibrar as dívidas, as quais devem ser acompanhadas de perto, com a ajuda da planilha anterior. Iniciativas como contatar credores o quanto antes para falar sobre saldar compromissos atrasados, solicitar empréstimo pessoal para cobrir dívidas no cheque especial ou no cartão de crédito, refinanciar automóveis, construir um fluxo de eliminação de dívidas, vender de bens que não estão sendo usados, parcelar dívidas e consultar advogados, em casos de falta de acordo, são ações interessantes para que se atinja o equilíbrio do planejamento financeiro. 47 Por fim, a quarta providência é celebrar o que foi feito, de acordo com Cerbasi (2015), o esforço e sacrifício intenso merecem ser celebrados, após ter passado pelos três pilares: o sacrifício intenso por tempo indeterminado, a substituição de dividas e a disciplina, atingindo o objetivo. 2.3.2.8 Segurança A segurança é o sentimento buscado pela maioria das pessoas, mas principalmente por aquelas que realizam um planejamento financeiro, conquistando um equilíbrio financeiro, e assim, conquistando a segurança financeira. Essa segurança para o futuro se torna possível com atitudes no presente, com a disciplina no uso da renda (CERBASI, 2015). Cerbasi (2015) lista algumas variáveis nas quais o trabalhador está exposto, o que influencia diretamente na segurança financeira, como: o nível de segurança de emprego e empregabilidade, se existem múltiplas fontes de renda, o impacto familiar se uma pessoa for impedida de trabalhar, tanto temporariamente quanto definitivamente, quanto tempo levará para voltar as situações normais se algum bem for roubado ou se houvesse uma situação judicial com uma indenização pesada, entre outras situações. Para reduzir riscos e aumentar a proteção Cerbasi (2015) sugere algumas iniciativas: buscar estabilidade profissional, diversificar a carteira, realizar seguros profissionais, cuidar da saúde, criar múltiplas fontes de renda, criar rendas passivas, as quais não dependem de esforço próprio, incluir multas contratuais se parte da renda decorrer de contratos, exercitar a negociação, procurar estabilidade, utilizar do seguro-desemprego e realizar seguros de propriedades e de vida. Com isso, há uma garantia maior de que haverá segurança, um melhor bem-estar e tranquilidade da família. 2.3.2.9 Investimentos Realizar investimentos é fundamental para que se multiplique as reservas financeiras, afinal, até agora muito se foi falado sobre poupar, mas somente ter uma poupança não significa enriquecer. Além disso, conhecer sobre diferentes tipos de investimento é muito importante para que se colha ótimos resultados. Cerbasi (2015) recomenda alguns cuidados ao consultar fontes alternativas de investimentos, como: tomar cuidado com o gerente da conta bancária, pois ele pode trabalha 48 primeiramente para o banco, indicando a melhor opção para o mesmo, assim como o consultor de previdência, corretor de valores mobiliários, corretor de imóveis, leiloeiros, conselhos de amigos e parentes, analistas de mercado, consultor financeiro pessoal, educadores ou livros. Ou seja, pode-se ter uma ajuda de fora, ou de algum especialista, mas sempre saiba e tenha noção sobre os investimentos. Cerbasi (p.139, 2015) cita que “se conhecer aquilo