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Payback. Fluxo de Caixa para Análise de Projetos APRESENTAÇÃO Você sabia que em boa parte das empresas há mais opções de investimento do que a organização deseja ou tem condições de financiar? Diante dessa realidade, alguns projetos de investimentos são bons e outros não apresentam bons retornos. Assim, é necessário que os tomadores de decisão tenham critérios claros de análise para distinguir, em diferentes projetos, aqueles mais adequados às expectativas da empresa frente aos objetivos traçados. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar sobre como funciona, como se aplica e de que forma se analisa um fluxo de caixa projetando investimentos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a projeção do fluxo de caixa por meio do payback.• Descrever as características do payback.• Demonstrar o cálculo e a aplicação do payback.• DESAFIO Imagine que você pretende abrir uma franquia. Ao fazer uma pesquisa, você percebe que existe uma gama de informações muito úteis para auxiliá-lo na tomada de decisão sobre qual negócio quer abrir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Nesse contexto, qual é o período (payback simples) em que o investimento retorna integralmente? Demonstre o cálculo. Maycon Carbone Caixa de texto Padrão de resposta esperado O investimento retornará integralmente no 8º período, ou seja, após esse esse prazo, os retornos poderão ser considerados como lucro. O cálculo realizado foi 24.000/3.000 = 8 meses. INFOGRÁFICO O fluxo de caixa é uma ferramenta muito útil para o controle e planejamento nas empresas. Ele é tão versátil que pode ser aplicado tanto nas operações da organização como nos investimentos e financiamentos, como você verá no infográfico. CONTEÚDO DO LIVRO A base em que se forma a análise de um investimento deve estar amparada no conhecimento das oportunidades de investimentos possíveis da mesma forma que deve-se ter discernimento daqueles projetos que são adequados ou não para o momento em que a empresa se encontra. Sendo assim, o controle do fluxo de caixa é fundamental para as tomadas de decisão de uma empresa. Neste capítulo, você irá conhecer os principais fundamentos do fluxo de caixa e do payback, analisando suas características e trazendo, por meio de exemplos, a aplicação do prazo de retorno do investimento. Leia mais no capítulo Payback: Fluxo de Caixa para a Análise de Investimentos, da obra Análise de investimento e fontes de financiamento, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. ANÁLISE DE INVESTIMENTO E FONTES DE FINANCIAMENTO Fabiane Padilha Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a projeção do fluxo de caixa por meio do payback. � Descrever as características do payback. � Demonstrar o cálculo e a aplicação do payback. Introdução A busca por recursos assume um papel central em empresas que almejam a expansão. Entretanto, há empresas que possuem recursos disponíveis e, nesse caso, o desafio é encontrar projetos de investimentos condizentes às pretensões da instituição. É tarefa do executivo financeiro manter esse equilíbrio entre a estrutura de recursos da empresa e os objetivos pretendidos, diante de diferentes cenários. É nesse enfoque que riscos são assumidos, pois as expectativas de ganhos estão sempre presentes. Os objetivos das organizações devem estar em consonância com sua capacidade de cumprir com obrigações e, com isso, atingir aqueles objetivos anteriormente almejados. Da mesma forma, comparar benefícios econômicos requer conhecimento de meto- dologias que possibilitem a análise e permitam um resultado alcançado o mais próximo possível de um resultado projetado. As técnicas de análise de investimentos são variadas e mostram-se essenciais na tomada de decisão. Os investimentos, por possuírem riscos atrelados a eles, devem permitir uma projeção mínima de retorno, com o intuito de verificar se satisfazem ou não às expectativas dos investidores. Assim, neste capítulo, objetiva-se o estudo do fluxo de caixa proje- tado por meio do payback, descrevendo as características do payback e demonstrando seu cálculo e sua aplicação. Fluxo de caixa O fluxo de caixa é uma ferramenta fundamental para avaliação de qualquer projeto de investimento. Por meio da análise de fluxos de caixa atuais e pro- jetados, o investidor terá um norteador do estado financeiro do projeto ao longo do tempo, além de compreensão sobre as condições financeiras que nele se apresentam. Segundo Ferreira (2005, p. 50), “o fluxo de caixa visa demonstrar o acrés- cimo financeiro de uma companhia em um determinado período”. Com base nessa afirmação, é possível deduzir que o fluxo de caixa é uma ferramenta que objetiva quantificar o ganho de capital de uma empresa, o que o torna fundamental para uma boa análise de investimentos que tenha como lastro a capacidade de geração de capital da organização. Gitman (2010) explica que o fluxo de caixa pode ser dividido em fluxo operacional (que está intrinsecamente ligado à operação da organização), fluxo de investimento (que representa a compra e a venda de ativos por parte da organização) e fluxo de financiamento (que se origina das transações financeiras da organização). Essa afirmação nos permite entender que, por meio da análise do fluxo de caixa de um projeto de investimento, tem-se uma visão sistêmica, que facilitará a tomada de decisão sobre investir ou não em um determinado projeto. Para quantificar a capacidade de geração de valor de um ativo, é necessário elaborar um fluxo de caixa, com a finalidade de traçar um mapa sobre todas as entradas e saídas de capital do período proporcionadas pelo ativo em questão. Como esclarece Gitman (2010, p. 262) “o valor de qualquer ativo depende do(s) fluxo(s) de caixa que se espera que o ativo gere durante o período em que for mantido”. Lemes Júnior, Cherobim e Rigo (2010, p. 171) apontam que “os fluxos de caixa devem ser mensurados em termos incrementais, ou seja, os valores relevantes para a avaliação se originam em consequência da decisão de in- vestimento e estão perfeitamente associados ao dispêndio de capital”. Assim, vão aparecer no fluxo de caixa somente os valores que provoquem mudanças que podem ser dimensionadas com base no investimento. O fluxo de caixa pode ser demonstrado de forma simplificado, por meio de um diagrama, ou de forma mais sofisticada, por meio de uma tabela. O fluxo de caixa, de forma simplificada, mostra o processo de entradas e saídas de recursos. Na Figura 1, apresenta-se um diagrama representativo do fluxo de caixa de um projeto, no qual é realizado um investimento de R$ 500,00 (PV) com a finalidade de resgatar, após um determinado período (n), um valor futuro (FV) sob uma taxa (i) de 4,7% ao ano. Payback: fluxo de caixa para análise de projetos2 Figura 1. Visualização do fluxo de caixa. Fonte: Adaptada de Souza e Clemente (2008). 0 n FV PV = (R$ 500,00) i = 4,7% a.a De um modo mais elaborado, o fluxo de caixa permite que sejam observa- dos os ingressos de caixa derivados das vendas e os desembolsos de valores, originados dos pagamentos a terceiros e dos gastos da própria operação. Ao projetar um fluxo de caixa, a empresa estará apresentando seus ingres- sos e desembolsos, os quais gerarão um saldo final de caixa, como mostra o Quadro 1. Fonte: Adaptado de Santos (2008). I — Ingressos II — Desembolsos III — Saldo final de caixa Vendas à vista 1 — Capital de terceiros e investimentos Vendas a prazo Fornecedores Outras entradas Impostos Imobilizado 2 — Gastos operacionais Pessoal Encargos Sociais Água/luz/manutenção Quadro 1. Fluxo de caixa projetado 3Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Como o payback oferece o retorno do valor investido, ele aparece no fluxo de caixa em doismomentos: o primeiro momento é quando se inclui o valor do investimento (considerado como entrada de valor na empresa), e o segundo é quando há os retornos. Os retornos são as saídas, pois a empresa estará “devolvendo” o valor estipulado para o investidor; são considerados, portanto, gastos. Dessa forma, podemos reconhecer a projeção do fluxo de caixa por meio do payback. Esse reconhecimento pode ser visualizado no Quadro 2. O quadro apresentado mostra a projeção do fluxo de caixa com o payback. Nesse fluxo, há o investimento inicial (capital social) de R$ 30.000,00 e as entradas (vendas) e saídas (custos e despesas) referentes à empresa em questão. De acordo com a decisão do empresário, o retorno desse investimento deve ser de R$ 2.000,00 a partir do primeiro mês de operação. Assim, esse retorno será considerado uma saída de caixa, pois ele reduzirá o montante do caixa. Com isso, a partir da aplicação do payback simples, é possível determinar que o retorno integral do investimento ocorrerá em 15 meses. Características do payback Quando um investimento é feito, os riscos são uma constante. Gitman (2010) afirma que um dos riscos que a empresa pode apresentar é o risco operacional, que ocorre quando ela não consegue arcar com seus custos operacionais. Essa situação, na qual não há a cobertura dos custos de funcionamento, é revelada à medida que o tempo transcorre, pois a expectativa do investimento inicialmente positiva, na rotina das organizações, passa a se apresentar de forma negativa. Infelizmente, uma das saídas, quando a empresa não tem uma reserva, é captar reservas de terceiros ou mesmo do proprietário ou, em última instância, fechar as portas. O payback é um método utilizado para mensurar períodos de retorno do investimento. Segundo Gitman (2010, p. 366), “o período de payback é o tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto, calculado a partir das entradas de caixa”. Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010) afirmam que o payback é um dos métodos mais utilizados nas decisões de investimento de longo prazo, princi- palmente, como uma medida de risco. Ao estabelecer o período máximo para o retorno do projeto, procura-se reduzir o risco e valorizar a liquidez. Dessa forma, as alternativas de longo prazo são analisadas de forma mais criteriosa, pois o investimento se torna mais crítico e vulnerável ao risco à medida que ele avança no tempo. Payback: fluxo de caixa para análise de projetos4 En tr ad as D ez . 2 01 7 Ja n. 2 01 8 Fe v. 2 01 8 M ar . 2 01 8 A br . 2 01 8 M ai o 20 18 Ju n. 2 01 8 Ca pi ta l s oc ia l 30 .0 00 ,0 0 Se rv iç os p re st ad os 2. 65 2, 00 3. 97 8, 00 5. 30 4, 00 7.9 87 ,0 0 9. 31 3, 00 11 .13 0, 00 To ta l d as e nt ra da s 30 .0 00 ,0 0 2. 65 2, 00 3. 97 8, 00 5. 30 4, 00 7. 98 7, 00 9. 31 3, 00 11 .1 30 ,0 0 D es pe sa s d e im pl an ta çã o 15 .6 30 ,0 0 Cu st os va riá ve is 15 9,1 2 23 8, 68 31 8, 24 47 9, 22 55 8, 78 Im po st os 15 9,1 2 23 8, 68 31 8, 24 47 9, 22 55 8, 78 Cu st os fi xo s 7.4 15 ,2 5 7.4 15 ,2 5 7.4 15 ,2 5 7.4 15 ,2 5 7.4 15 ,2 5 7.4 15 ,2 5 Ág ua 40 ,0 0 40 ,0 0 40 ,0 0 40 ,0 0 40 ,0 0 40 ,0 0 Lu z 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 Te le fo ne fi xo /in te rn et 21 0, 00 21 0, 00 21 0, 00 21 0, 00 21 0, 00 21 0, 00 Te le fo ne c el ul ar /in te rn et 30 0, 00 30 0, 00 30 0, 00 30 0, 00 30 0, 00 30 0, 00 M od em d e in te rn et 15 0, 00 15 0, 00 15 0, 00 15 0, 00 15 0, 00 15 0, 00 An tiv íru s 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 60 ,0 0 IP TU 30 ,0 0 30 ,0 0 30 ,0 0 30 ,0 0 30 ,0 0 30 ,0 0 Q ua dr o 2. F lu xo d e ca ix a pr oj et ad o (C on tin ua ) 5Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Fo nt e: A da pt ad o de S an to s ( 20 08 ). Q ua dr o 2. F lu xo d e ca ix a pr oj et ad o En tr ad as D ez . 2 01 7 Ja n. 2 01 8 Fe v. 2 01 8 M ar . 2 01 8 A br . 2 01 8 M ai o 20 18 Ju n. 2 01 8 Pu bl ic id ad e e pr op ag an da 40 0, 00 40 0, 00 40 0, 00 40 0, 00 40 0, 00 40 0, 00 M at er ia l d e es cr itó rio 20 ,0 0 20 ,0 0 20 ,0 0 20 ,0 0 20 ,0 0 20 ,0 0 M at er ia l d e lim pe za 25 ,0 0 25 ,0 0 25 ,0 0 25 ,0 0 25 ,0 0 25 ,0 0 Se rv iç os d e te rc ei ro s ( co nt ad or ) 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 10 0, 00 Fo lh a de p ag am en to 1. 58 0, 25 1. 58 0, 25 1. 58 0, 25 1. 58 0, 25 1. 58 0, 25 1. 58 0, 25 Pr ó- la bo re 4. 44 0, 00 4. 44 0, 00 4. 44 0, 00 4. 44 0, 00 4. 44 0, 00 To ta l d e sa íd as o pe ra ci on ai s 15 .6 30 ,0 0 7. 41 5, 25 7. 65 3, 93 7. 73 3, 49 7. 89 4, 47 7. 97 4, 03 Sa ld o de c ai xa 14 .3 70 ,0 0 9. 60 6, 75 3. 66 0, 45 3. 91 3, 96 5. 33 2, 49 8. 48 8, 46 Pa yb ac k sim pl es 2. 00 0, 00 2. 00 0, 00 2. 00 0, 00 2. 00 0, 00 2. 00 0, 00 Sa ld o de c ai xa s em o p ay ba ck 14 .3 70 ,0 0 7.6 06 ,7 5 1. 66 0, 45 1. 91 3, 96 3. 33 2, 49 6. 48 8, 46(C on tin ua çã o) Payback: fluxo de caixa para análise de projetos6 O processo decisório da escolha do melhor investimento por meio do payback é realizado a partir da escolha do projeto que apresentar o menor período possível para recuperação do capital investido ou que se enquadre dentro dos parâmetros da organização, os quais podem variar de acordo com o projeto. Conforme Gitman (2010, p. 366), “quanto mais tempo for preciso esperar para recuperar os fundos investidos, maior será a possibilidade de que ocorram imprevistos. Assim, quanto menor o período de payback, menor a exposição ao risco”. Observa-se que, nos dias atuais, em razão da velocidade com que novas tecnologias entram no mercado, o período de payback tem uma tendência a ser reduzido, visto que a obsolescência dos produtos aparece cada vez mais rápido, o que força as empresas a recuperar o investimento de modo ainda mais urgente. O payback efetivo ou payback simples não considera o valor do dinheiro no tempo, descontando somente os valores de retorno do fluxo de caixa sobre o total investido. Gitman (2010) ressalta que os principais defeitos do payback estão em não considerar o valor do dinheiro no tempo de forma clara e não dar atenção aos fluxos de caixas posteriores ao período do payback. O payback econômico ou descontado considera o valor do dinheiro do tempo, buscando contornar essa deficiência do payback simples. Todavia, apresenta a mesma falha do payback simples ao não considerar os fluxos de caixa posteriores ao período de retorno do capital investido. “A ideia é prática: como os fundos alocados no investimento apresentam um custo, devemos incluí-lo ao longo do prazo de análise do projeto de investimento” (RIBEIRO, 2011, p. 229). Vale ressaltar que o critério de aceitação ou rejeição do projeto de in- vestimento utilizando-se o payback descontado é exatamente o mesmo de quando se utiliza o payback simples. Ou seja, deve-se escolher o projeto que apresente retorno mais rápido frente aos demais projetos de investimentos. Dessa maneira, quanto menor for o prazo do payback, mais chances o projeto tem de ser implantado. Outra questão referente à análise do payback que deve ser observada é o período estipulado pela empresa como “ótimo”. Cada empresa, com suas peculiaridades, pode analisar o retorno do investimento de maneira única. Entretanto, é interessante ressaltar que uma forma de se avaliarem perío- dos de payback é por meio da comparação com outras empresas do setor, o que torna a análise mais realista frente ao mercado e também em termos de competitividade. 7Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Cálculo e a aplicação do payback O payback, como define Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2010, p. 173), éo “período de tempo necessário para que o fluxo de caixa operacional recupere o valor a ser investido no projeto”. Quanto ao payback descontado, os autores afirmam que “é o período de tempo necessário para recuperar o investimento inicial, considerando os fluxos de caixa descontados” (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010, p. 173). Assim, a diferença entre ambos está na valorização do dinheiro no tempo, ou seja, no payback descontado, aplica-se a fórmula dos juros compostos para se encontrar o valor atual (PV). Payback simples No payback simples, é necessário se ter o valor inicial do investimento e o valor dos retornos periódicos proporcionados por esse investimento a fim de se encontrar o prazo de retorno. Lembrando que, nesse método, não se inclui o valor do dinheiro no tempo. Por exemplo, uma determinada máquina será comprada por R$ 500,00 e terá retornos mensais de R$ 100,00. Pergunta-se: qual é o payback desse investimento? Para encontrar o payback, faz-se a divisão: PB = → PB = = 5 anosvalor do investimento valor dos retornos 500,00 100 Ou seja, em cinco anos, esse investimento retornará completamente para a empresa, e a partir desse período haverá lucro nas operações relativas à utilização dessa máquina. Ano Fluxo de caixa Saldo 0 (500,00) (500) 1 100,00 (400) 2 100,00 (300) 3 100,00 (200) 4 100,00 (100) 5 100,00 0 Payback: fluxo de caixa para análise de projetos8 Payback descontado O cálculo do payback descontado inclui, como medida corretiva, o valor do dinheiro no tempo. Uma das vantagens desse método é permitir a inclusão de fluxos de caixa de períodos mais distantes, já que atualiza valores futuros para data presente com base em uma taxa mínima de atratividade (LEMES JÚNIOR; CHEROBIM; RIGO, 2010). A taxa mínima de atratividade, também chamada de TMA, ou taxa de mercado, é, como afirma Puccini (2011, p. 164), “o custo de capital da empresa ou ainda o retorno médio obtido pela empresa em suas atividades”. Pode-se compará-la à taxa SELIC para que haja um entendimento maior, pois o investi- mento será implementado à medida que apresentar retorno maior que o mercado (SELIC). Portanto, se a taxa SELIC, que é a taxa referência, for mais atraente, o investidor poderá, por exemplo, deixar seu dinheiro em um banco rendendo juros, pois o projeto de investimento em questão não lhe trará retorno mais atraente. A título de exemplo, considere que uma determinada máquina será comprada por R$ 500,00 e terá retornos mensais de R$ 100,00, utilizando como TMA 3%. Pergunta-se: qual é o payback descontado desse investimento? Para calcular o fluxo de caixa descontado, utiliza-se a mesma fórmula financeira usada para encontrar o valor presente para cada fluxo. PV = FV (1 + i)n Ano Fluxo de caixa Fluxo de caixa descontado Saldo 0 (500) (500) (500) 1 100,00 100/(1+0,03)¹=97,09 (402,91) 2 100,00 94,26 (308,65) 3 100,00 91,51 (217,14) 4 100,00 88,85 (128,29) 5 100,0 86,26 (42,03) Pode-se observar, nesse exemplo, que, de acordo com o prazo de cinco anos, não houve o retorno de todo o investimento. O retorno integral aparece no sexto período. 9Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Pode-se analisar o payback descontado de duas formas: por meio do padrão estipulado pela empresa, no qual a organização define um tempo padrão para o retorno de seus investimentos, ou por meio do cálculo, verificando-se quando haverá o retorno completo do investimento. Em geral, em casos de projetos de investimento, haverá um investimento inicialmente sendo colocado no projeto e, para dar sequência, haverá a projeção de retornos periódicos (saldos líquidos, ou seja, os gastos menos as entradas). A partir desse investimento e dos retornos, a empresa verificará quando o saldo vai ficar positivo, significando que houve todo o retorno do investimento. A relação existente entre o fluxo de caixa e o payback é muito clara, pois a empresa pode perceber que, à medida que há entradas derivadas do investimento, por meio do fluxo de caixa, o investimento vai retornando à empresa. Quando o investimento integral retorna à empresa, significa que a partir desse momento os retornos que acontecerem serão considerados lucro, pois, como se diz: “o investimento já se pagou”. FERREIRA, J. A. S. Finanças corporativas: conceitos e aplicações. São Paulo: Pearson Education, 2005. GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. LEMES JUNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. PUCCINI, E. C. Matemática financeira e análise de investimentos. Florianópolis: Departa- mento de Ciências da Administração/UFSC; Brasília: CAPES: UAB, 2011. RIBEIRO, C. S. Finanças empresariais: livro - texto EAD. Natal: EdunP, 2011. Disponível em:<http://periodicos.anhembi.br/arquivos/Ebooks/420639.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. SANTOS, J. L. et al. Fundamentos de orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2008. SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Leituras recomendadas LIZOTE, S. A. et al. Análise de Investimentos: um estudo aplicado em uma empresa do ramo alimentício. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 11., 2014, Payback: fluxo de caixa para análise de projetos10 Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Resende: AEDB, 2014. Disponível em:<https://www. aedb.br/seget/arquivos/artigos14/1220115.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. SANTOS, F. A.; SOUZA, C. A.; DALFIOR, V. A. O. Energia solar: um estudo sobre a via- bilidade econômica de instalação do sistema fotovoltaico em uma residência em Ipatinga-MG. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 13., 2016, Resende. Anais eletrônicos... Resende: AEDB, 2016. Disponível em:<https://www.aedb. br/seget/arquivos/artigos16/862456.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2018. VIEIRA, P. F. B.; MICHALSKI FILHO, C. Análise da viabilidade econômico-financeira da produção leiteira em uma pequena propriedade rural no município de Sengés-PR. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 7., 2017, Ponta Grossa. Anais eletrônicos... Ponta Grossa: APREPRO, 2017. Disponível em:<www.aprepro.org. br/conbrepro/2017/down.php?id=3189&q=1>. Acesso em: 25 jun. 2018. 11Payback: fluxo de caixa para análise de projetos Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O payback se refere ao prazo do retorno do investimento. Ele pode ser classificado como simples ou descontado. E é por meio do fluxo de caixa que podemos visualizá-lo melhor. Acompanhe na Dica do Professor como poderemos comparar fluxos de caixa com paybacks diferentes. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa correta quanto ao fluxo de caixa: A) É uma ferramenta que apresenta o investimento e os retornos. B) É uma ferramenta que mostra a taxa de retorno interna do projeto. C) É uma ferramenta que apresenta apenas o investimento feito no projeto. D) É uma ferramenta que apresenta os gastos de um projeto de investimento. E) É uma ferramenta que só possui utilidade em projetos de investimento de longo prazo. 2) Assinale a alternativa correta no que tange ao payback: A) É o tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto, calculado a partir das entradas de caixa. É o tempo necessário para que a empresa recupere o investimento inicial em um projeto, B) Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce calculado a partir das saídas de caixa. C) É o tempo necessário para que se estruture o investimento de forma financeira. D) É a atualização dos valores que foram investidos no projeto em questão. E) É a taxa de retorno do investimento. 3) Quanto ao payback descontado, qual alternativa está correta? A) O cálculo do payback descontado inclui, como uma medida corretiva, o valor do dinheiro no tempo, pois atualiza os valores dos retornos utilizandoa fórmula dos juros compostos para encontrar o PV (presente value ou valor presente). B) O cálculo do payback descontado inclui, como uma medida corretiva, o valor do dinheiro no tempo, pois atualiza os valores dos retornos utilizando a fórmula dos juros compostos para encontrar o FV (future value ou valor presente). C) O cálculo do payback descontado inclui, como uma medida preventiva, o valor do dinheiro no tempo, pois atualiza os valores dos retornos utilizando a fórmula dos juros compostos para encontrar o FV (future value ou valor presente). D) O cálculo do payback descontado inclui, como uma medida preventiva, o valor do dinheiro no tempo, pois atualiza os valores das saídas utilizando a fórmula dos juros compostos para encontrar o FV (future value ou valor presente). E) O cálculo do payback descontado inclui, como uma medida corretiva, o valor do dinheiro no tempo, pois atualiza os valores dos retornos utilizando a fórmula dos juros simples para encontrar o PV (present value ou valor presente). Qual é a principal diferença do payback descontado (econômico) sobre o payback 4) Maycon Carbone Realce simples? A) Apresentar um cálculo mais simples. B) Considerar o valor do dinheiro no tempo. C) Considerar os fluxos de caixa após o período de payback. D) Considerar a SELIC como taxa única de desconto. E) Considerar o valor do dinheiro no longo prazo. 5) A abertura de uma empresa apresenta, como um dos primeiros passos, a decisão do investimento inicial. Nesse caso, qual é a relação entre payback e fluxo de caixa? A) O investimento e os retornos do investimento podem ser controlados por meio do fluxo de caixa. Esses retornos do investimento são considerados entradas no caixa, já o investimento apresenta-se como saída. B) O investimento e os retornos do investimento podem ser controlados por meio do fluxo de caixa, sendo esses retornos considerados saídas no caixa. C) O payback e o fluxo de caixa são considerados como investimento inicial. D) O fluxo de caixa apresentará as entradas e as saídas de caixa. O saldo das entradas e saídas é chamado de payback. E) O fluxo de caixa inclui o payback para mostrar que haverá incremento na receita da empresa. Maycon Carbone Realce Maycon Carbone Realce NA PRÁTICA Saber escolher projetos de investimento é uma tarefa que requer, no mínimo, conhecimento do payback simples. Veja como é possível fazer essa análise. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Análise da viabilidade econômico-financeira da produção leiteira em uma pequena propriedade rual no município de Sengés-PR O artigo tem como objetivo analisar a viabilidade econômica em uma pequena propriedade produtora de leite, para isso foi utilizado como metodologia a pesquisa bibliográfica, em livros e artigos científicos, descritiva, exploratória e explicativa com a coleta de dados e pesquisas sobre a atividade praticada na propriedade, também um estudo de caso para ser realizada a análise e verificar se o projeto realizado pelo proprietário é viável ou não. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Análise de investimentos: um Estudo Aplicado em uma Empresa do Ramo Alimentício. O artigo tem como objetivo analisar os reflexos no resultado financeiro pela implantação de um novo método no processo de abate no ramo avícola, considerando a adoção da mudança autorizada pela Resolução nº 4/2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Cálculo de indicadores financeiros Neste vídeo, veja com se faz o cálculo do VPL, TIR e payback utilizando o Excel. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Franquias Nesta reportagem, veja a relação do payback com o investimento em franquias. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!