Prévia do material em texto
APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 1 APG 24 –Ferradura? Como assim? Será que funciona direitinho? 1) COMPREENDER A EMBRIOLOGIA, ANATOMIA, HISTOLOGIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL ❖ EMBRIOLOGIA → O desenvolvimento do sistema renal tem início a partir da 4ª semana do desenvolvimento embrionário, e o término é na 38ª semana do desenvolvimento, quando todos os néfrons, que são as estruturas morfofuncionais dos rins estão formadas. → A partir da 4ª semana células do mesoderma intermediário se diferencia para formar a CRISTA UROGENITAL, que depois vai se diferenciar nas gônadas (CRISTA GONODAL = porção medial) e CRISTA (cordão) NEFROGÊNICA (porção lateral), que vai formar as estruturas do sistema urinário! → O sistema urinário começa seu desenvolvimento antes do sistema genital: rins, ureteres, bexiga urinaria e uretra. → O rim definitivo (que diferencia nos néfrons e tubos coletores) só é formado no final da 4ª e início da 5ª semana de desenvolvimento, e também quando os 2 rins provisórios se degeneram. → As cristas nefrogênicas, na altura dos somitos cervicais, diferenciam-se em direção craniocaudal e formam 3 pares (3 etapas) de rins sucessivos, até o surgimento do rim definitivo: • PRÓNEFRON: surge na 4ª semana, nunca se desenvolve por completo, não é funcionante (rudimentar), e diminui rapidamente, surgindo os 2º par. Localizados na região cervical. ▪ Os ductos pronéfricos percorrem caudalmente e desembocam na cloaca. ▪ Ocorre então a degeneração dos pronéfrons, porém os ductos persistem, continuando com os túbulos mesonéfricos. • MESONÉFRON: surge a partir do final da 4ª semana, é o primeiro rim funcional, com glomérulos, túbulos mesonéfricos e um ducto mesonéfrico que drena urina embrionária para dentro da cloaca em divisão. ▪ Se degenera 4 semanas depois que iniciou o seu processo. Funcionam brevemente, vão involuir, final da 12ª semana. ▪ Os ductos mesonéfricos de ramificam em túbulos mesonéfricos. ▪ Ao final da 12ª semana, os mesonefrons, assim como os pronefrons, degeneram, na sua porção externa, e os túbulos metanéfricos se tornam os dúctulos eferentes dos testículos nos fetos de sexo masculino, e os ductos mesonéfricos também dão origem a diversas estruturas do aparelho genital masculino, principalmente. Além disso, os ductos e tubérculos mesonéfricos originam outras estruturas, no sexo masculino e feminino. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 2 • METANÉFRONS: formam os rins definitivos. ▪ Começam a se desenvolver na 5ª semana e se tornam funcionais aproximadamente 4 semanas mais tarde = 9ª – 10ª semana. ▪ A formação de urina continua durante toda a vida fetal, a urina é excretada para dentro da cavidade amniótica e forma um dos componentes do líquido amniótico. ▪ Os rins se desenvolvem a partir de duas fontes: ▪ O broto uretérico derivado do divertículo metanéfrico. Uma evaginação, por isso chamado de divertículo. ▪ O blastema metanefrogênico é uma massa de células mesênquimais, que envolve o broto uretérico, e a medida que o broto se alonga, ele penetra no blastema. ▪ A porção caudal, na 5ª semana, vai sofrer uma evaginação formando o BROTO URETÉRICO que vai induzir o mesoderma ao redor da crista nefrogênica a se diferenciar em BLASTEMA METANEFROGÊNICO, diferenciando no néfron, e o BROTO vai se diferenciar em ureter, pelve renal, cálices maiores e menores e túbulos coletores (sistema coletor renal). ▪ O broto uretérico se alonga ao longo do desenvolvimento e penetra no blastema, e se ramificando mais. ▪ A parte cranial do broto uretérico sofre diversas ramificações para dar origem aos túbulos coletores, inicialmente, tem-se o túbulo reto, que vai sair do cálice menor, além disso tem-se o túbulo coletor arqueado que vai receber o túbulo contorcido distal que vai ser a parte final do néfron, filtração final da urina, e na sequência segue, desaguando, para a pelve renal. ▪ Os cálices maiores é a união das 4 primeiras gerações de túbulos coletores, que crescem e coalescem (unem). ▪ Os cálices menores é a união das 4 segundas gerações de túbulos coletores, que aumentam e coalescem. São menores em relação a primeira geração. ▪ Na extremidade distal de cada túbulo coletor arqueado tem-se a coleção de células mesenquimais, as vesículas metanéfricas, que dão origem aos túbulos metanéfricos. ▪ Os túbulos metanéfricos são importantes e são células mesenquimais que se transformam em células epiteliais para formar a maior parte do epitélio do néfron. ▪ A extremidade proximal do túbulo (cápsula de Bowman) é invaginada pelos vasos dos glomérulos, tanto os capilares eferentes como aferentes. ▪ Além do glomérulo, também se origina do túbulo metanéfrico o túbulo contorcido proximal, primeira porção em que a urina passa dentro dos néfrons após a filtração glomerular, depois é formada a alça de Henle, que vai até a região medular e retorna à região cortical, onde há o túbulo contorcido distal, que se une ao túbulo coletor arqueado e depois o túbulo coletor reto, que se une aos cálices renais. Esse desenvolvimento é acompanhado pelas alterações que conferem as características específicas de cada parte do sistema de túbulos néfricos, visto que cada porção exerce uma função na filtração, reabsorção e formação da urina. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 3 → Primeiro a urina chega ao cálice menor (que recebe o conteúdo do túbulo coletor reto, o qual é microscópico), passando para o cálice maior (junção de cálices menores), que é macroscópico assim como o cálice menor, e daí para o ureter. Ou seja, o sentido de drenagem da urina é contrário ao sentido seguido pelo desenvolvimento embriogênico da sua via de drenagem. O conjunto do néfron e túbulos coletores é chamado de túbulo urinífero. → Até a 36ª semana o numero de néfrons aumenta em quantidade. → Ao nascer, o número total de néfrons é de 2 milhões (não são todos funcionais) então sofrem um aumento na sua capacidade de filtração e tamanho. → Os rins fetais, inicialmente, são divididos em lobos e ao nascer desaparecem até o final do primeiro ano de vida, devido ao aumento no tamanho dos rins. → Esse aumento ocorre por um alongamento dos túbulos contorcidos proximais e aumento do tecido intersticial. → Além disso, o broto uretérico e blastema metanefrogênico estimulam um ao outro para o desenvolvimento final do rim e ureter. Isso ocorre a partir de vias de sinalização, principalmente as coordenadas pelo BMP7, beta-catenina e WNT-4 (notch). → Em uma condição chamada agenesia renal unilateral, apenas um rim se desenvolve (geralmente o direito), decorrente da ausência de um broto ureteral. A condição ocorre uma vez em cada 1.000 recém-nascidos e geralmente afeta mais meninos do que meninas. → Outras anormalidades nos rins que ocorrem durante o desenvolvimento são rins mal rodados (o hilo renal está voltado anterior, posterior ou lateralmente, em vez de medialmente), rins ectópicos (um ou ambos os rins estão em uma posição anormal, geralmente inferior), e rins em ferradura (a fusão dos dois rins, geralmente inferiormente, em um único rim em forma de U). ❖ ANATOMIA → O aparelho urinário é formado pelos dois rins, dois ureteres, bexiga e uretra. A urina produzida nos rins passa pelos ureteres até a bexiga e é lançada no exterior pela uretra. → Os rins são um par de órgãos avermelhados em forma de feijão, localizados logo acima da cintura, entre o peritônio e a parede posterior do abdome. → Por causa de sua posição posterior ao peritônio da cavidade abdominal, são considerados retroperitoneais. → Os rins estão localizadosentre os níveis das últimas vértebras torácicas e a terceira vértebra lombar (LIII), uma posição em que estão parcialmente protegidos pelas costelas XI e XII. → Se estas costelas inferiores forem fraturadas, podem perfurar os rins e causar danos significativos, potencialmente fatais. → O rim direito está discretamente mais baixo do que o esquerdo, porque o fígado ocupa um espaço considerável no lado direito superior ao rim. → No adulto, o rim tem cerca de 10 a 12 cm de comprimento, 5 a 7 cm de largura e 3 cm de espessura, com aproximadamente 135 a 150 gramas. → A margem medial côncava de cada rim está voltada para a coluna vertebral. → O hilo renal é um recorte perto do centro da margem côncava (medial), através do qual o ureter emerge do rim, juntamente com os vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. *artérias e veias renais, pelve renal e vasos linfáticos = hilo APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 4 → Um corte frontal através do rim revela duas regiões distintas: uma região vermelha clara superficial chamada córtex renal e uma região interna mais escura castanha-avermelhada chamada medula renal. → A medula renal consiste em várias pirâmides renais em forma de cone. A base (extremidade mais larga) de cada pirâmide está voltada para o córtex renal, e seu ápice (extremidade mais estreita), chamado papila renal, está voltado para o hilo renal. → O córtex renal é a área de textura fina que se estende da cápsula fibrosa às bases das pirâmides renais e nos espaços entre elas. Ela é dividida em uma zona cortical externa e uma zona justamedular interna. → As partes do córtex renal que se estendem entre as pirâmides renais são chamadas colunas renais. → Juntos, o córtex renal e as pirâmides renais da medula renal constituem o parênquima, ou porção funcional do rim. → No interior do parênquima estão as unidades funcionais dos rins – aproximadamente 1 milhão de estruturas microscópicas chamadas néfrons. → O filtrado formado pelos néfrons é drenado para grandes ductos coletores, que se estendem através da papila renal das pirâmides. → Os ductos coletores drenam para estruturas em forma de taça chamadas cálices renais maiores e cálices renais menores. Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais maiores. → Um cálice renal menor recebe urina dos ductos coletores de uma papila renal e a carreia para um cálice renal maior. → Uma vez que o filtrado entra nos cálices, torna-se urina, porque não pode mais ocorrer reabsorção. O motivo é que o epitélio simples dos néfrons e túbulos se tornam epitélio de transição nos cálices. Dos cálices renais maiores, a urina flui para uma grande cavidade única chamada pelve renal e, em seguida, para fora pelo ureter até a bexiga urinária. → O hilo se expande em uma cavidade no interior do rim chamada seio renal, que contém parte da pelve renal, os cálices e ramos dos vasos sanguíneos e nervos renais. → O tecido adiposo ajuda a estabilizar a posição destas estruturas no seio renal. → Todo o sangue precisa passar pelos rins, para ser filtrado por eles, então eles precisam ter uma estrutura vascular organizada. → As artérias que irrigam os rins são ramos laterais da parte abdominal da aorta. São elas: • Artérias renais: Uma artéria renal direita e outra esquerda surge como ramo da aorta abdominal. A esquerda surge um pouco superior à direita, e a direita é um pouco mais longa e passa atrás da veia cava inferior. → Cada artéria renal se divide em ramos segmentares posterior e anterior à medida que se aproximam dos hilos. • Artérias renais acessórias (extra-hilares): Outros ramos da aorta que suprem os rins. Podem entrar pelo hilo, ou passam para o rim em outro nível. → A drenagem venosa é feita por várias veias que se unem para formar as veias renais direita e esquerda. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 5 ❖ HISTOLOGIA → Cada rim é protegido por tecido adiposo e é envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso → No córtex, que tem como função a filtração do sangue encontra-se os corpúsculos renais. → Na medula renal, que tem como função a modificação da urina encontra-se os túbulos renais. → A zona medular do rim é composta por 10-18 pirâmides medulares. O vértice dessas pirâmides vai fazer saliência no interior dos cálices renais menores, sendo a papila renal. → Cada papila tem de 10-15 orifícios onde se abrem os ductos coletores. → Tem-se a região da base onde saem os raios medulares. → O lobo renal = pirâmide + tecido cortical ao redor → O lóbulo renal = raio medular + tecido cortical ao redor → A unidade funcional dos rins é o TÚBULO URINÍFERO, que consistem em: • NÉFRON: responsável pela filtração do sangue e modificações do que vai constituir a urina (formação da urina). • TÚBULO COLETOR: vai conectar a última porção do néfron ao ducto coletor. → Cada rim possui há cerca de 600 a 800 mil néfrons. → O néfron é formado por uma parte dilatada, o corpúsculo renal ou de Malpighi, e por uma sequência de túbulos: o túbulo contorcido proximal, as partes delgadas e espessa da alça de Henle e o túbulo contorcido distal. → O túbulo coletor conecta o túbulo contorcido distal aos segmentos corticais ou medulares dos ductos coletores. Cada túbulo urinífero é revestido por uma lâmina basal, a qual é envolvida pelo escasso tecido conjuntivo do interior do rim que forma o componente denominado interstício renal. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 6 ➢ CORPÚSCULO RENAL OU CORPÚSCULO DE MALPIGHI → Tem cerca de 200 micrometros de diâmetro e é constituído por um tufo de capilares, denominado glomérulo, sendo este envolvido por uma cápsula designada cápsula de Bowman. → Essa cápsula contém dois folhetos, um interno (ou visceral), junto aos capilares glomerulares, e outro externo (ou parietal), que forma os limites do corpúsculo renal. → O folheto parietal da cápsula de Bowman é constituído por um epitélio simples pavimentoso (apenas uma camada de células achatadas), que se apoia na lâmina basal e em uma fina camada de fibras reticulares = os dois juntos é a membrana basal. → Já o folheto visceral é formado por células, modificadas durante o período embrionário, que adquirem características próprias. Essas células são chamadas de podócitos, e emitem prolongamentos primários e secundários que envolvem os capilares. Entre esses prolongamentos tem-se as fendas de filtração, onde ocorre a filtração do sangue para originar o liquido que vai virar urina. Há também uma membrana basal, que também participa do momento de filtração glomerular → Entre os dois folhetos da cápsula de Bowman há o espaço capsular, que recebe o líquido filtrado por meio da parede dos capilares e do folheto visceral da cápsula. → Ainda é possível perceber, no corpúsculo renal, um polo vascular por onde entra a arteríola aferente e sai a arteríola eferente, e um polo urinário, no qual tem início o túbulo contorcido proximal. → Os capilares glomerulares são do tipo capilares fenestrados, sem diafragmas nos poros das células endoteliais. → Existe uma membrana basal glomerular entre as células endoteliais e os podócitos. Essa membrana é a BARREIRA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR. → Normalmente, há a fusão das membranas basais do endotélio e dos podócitos para a formação dessa barreira. → A barreira de filtração glomerular é constituída por três camadas: a lâmina rara interna, a lâmina densa e lâmina rara externa. ✓ As lâminas raras contêm fibronectina que estabelece ligações com as células. ✓ A lâmina densa é constituída por um feltro de colágeno tipo IV ✓ A lâmina rara,em uma matriz que contém proteoglicanos eletricamente negativos (aniônicos). → O filtrado glomerular forma-se pela pressão hidrostática do sangue. → As moléculas com carga elétrica negativa retêm moléculas carregadas positivamente e o colágeno tipo IV junto a lâmina constituem uma barreira física para macromoléculas. → Assim, partículas com mais de 10 nm de diâmetro dificilmente atravessam essa membrana basal. O mesmo acontece com proteínas de massa molecular maior do que a da albumina (69 kDa). → Além das células endoteliais e dos podócitos, os glomérulos contêm CÉLULAS MESANGIAIS mergulhadas em uma matriz mesangial. → Elas se situam, normalmente, nos espaços entre duas ou mais alças capilares. Também podem ser encontradas na parede dos capilares glomerulares, entre as células endoteliais e a lâmina basal. → A função dessas células é fornecer suporte estrutural aos glomérulos. Também sintetizam a matriz extracelular, fagocitam e digerem substâncias normais e patológicas APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 7 retiradas pela barreira de filtração e produzem moléculas biologicamente ativas, como prostaglandinas e endotelinas. → As células mesangiais também apresentam receptores para angiotensina II, tornando-as contráteis. A ativação desses receptores reduz o fluxo sanguíneo glomerular. → Receptores para o hormônio ou fator natriurético atrial também se fazem presentes nessas células. Logo, os efeitos desse hormônio, como vasodilatação e relaxamento das células mesangiais, com aumento do volume de sangue nos capilares e a área disponível para filtração, também são passíveis de acontecer. ➢ TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL → Vai sair do polo urinário, no corpúsculo renal, e é composto por um epitélio cuboide ou colunar baixo. → Além disso, as células possuem um citoplasma basal acidófilo, devido as numerosas mitocôndrias = transporta íons. → Essas células também têm microvilos apicais: orla em escova. → São sempre circundadas por capilares sanguíneos. → Nesse túbulo há a absorção quase total de glicose, e dos aminoácidos contidos no filtrado, além de 70% da água, bicarbonato e do cloreto de sódio. Íons como cálcio e fosfato também são absorvidos. A glicose, os aminoácidos e os íons são absorvidos por transporte ativo (com gasto de energia). A água, por sua vez, acompanha passivamente essas substâncias. → O TCP também excreta íons H+ e substâncias tóxicas resultantes do metabolismo, como a creatinina e a amônia. ➢ ALÇA DE HENLE → Tem o formato de “U”, que consiste em um seguimento delgado interposto a dois seguimentos espessos. → Na maior parte dos néfrons, que estão no córtex renal, esse seguimento espesso é mais longo que o seguimento delgado, sendo somente a porção descente delgada. → Por outro lado, os néfrons justa-medulares têm alças de Henle muito longas, estendendo-se até a profundidade da medula renal. Essas alças têm seguimentos espessos curtos e seguimento delgado longo, tanto descendente como ascendente. → Esse segmento delgado (AHF) é composto por um epitélio simples pavimentoso e o segmento espesso (AHE) é composto por um epitélio cubico simples. → O segmento delgado descendente é permeável a água, já que possui muitos canais que puxam a água para dentro da célula. → O segmento delgado ascendente é impermeável a água. → O segmento espesso ascendente (longa) realiza transporte ativo de NaCl para o interstício, o que origina o gradiente de hipertonicidade interstício da medula renal (urina hipertônica). ➢ TÚBULO CONTORCIDO DISTAL → É formado por um epitélio cúbico simples, chega depois da alça espessa de Henle, quando volta a chega no córtex renal. → Possui células com invaginações da membrana basolateral, que possui mitocôndrias = transporte ativo de íons. O TCD não tem orla em escova e tem células menos acidófilas por apresentarem menor quantidade de mitocôndrias. → Nos cortes corados é possível observar uma estrutura escura denominada mácula densa. A mácula densa é sensível ao conteúdo iônico e ao volume de água no fluido tubular, produzindo moléculas sinalizadoras que promovem a liberação da enzima renina na circulação. A renina é liberada pelas células justaglomerulares, que são células musculares lisas modificadas da túnica média da arteríola aferente (às vezes, também da arteríola eferente). APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 8 ➢ TÚBULOS COLETORES E DUCTOS COLETORES → Os túbulos são compostos por um epitélio cúbico. → Os ductos sofrem uma transição primeiro epitélio cubico e depois cilíndrico. Possui um citoplasma mais claro. Diâmetro progressivamente maior até chegar nas papilas renais. Possui uma função importante na retenção de água na medula renal. ➢ INTERSTÍCIO RENAL → O interstício renal é o espaço entre os néfrons e os vasos sanguíneos e linfáticos. → Ele é muito escasso no córtex, porém aumenta na medula. → O interstício contém pequena quantidade de tecido conjuntivo, com fibroblastos, algumas fibras colágenas e, principalmente na medula, uma substância muito hidratada e rica em proteoglicanos. → No interstício da medula existem células secretoras denominadas células intersticiais, que contém gotículas lipídicas no citoplasma e participam da produção de prostaglandinas e prostaciclinas. → No córtex, as células intersticiais produzem 85% da eritropoetina (eritrócitos) do organismo (o restante é produzido no fígado). Lesão renal pode causar anemia. ❖ FISIOLOGIA → A principal função do sistema excretor é: ✓ Auxiliar na homeostase (equilíbrio dinâmico do corpo) do organismo, controlando a quantidade de fluídos corporais e substâncias circulantes no sangue; ✓ Os rins possuem um importante papel regulador: ▪ volume de plasma sanguíneo, consequentemente, regulam a pressão arterial (aumentam a produção da urina). ▪ concentração de produtos do metabolismo celular, conforme as células vão funcionando, elas produzem resíduos que precisam ser eliminados (exceto CO2 = pulmão). ▪ As excretas nitrogenadas são resíduos produzidos pelo metabolismo das proteínas, os aminoácidos possuem um grupo amina, obviamente, possui nitrogênio na composição, por isso quando metabolizados geram esses resíduos. Os principais resíduos nitrogenados produzidos são: amônia e ácido úrico. ▪ A amônia é extremamente tóxica para o organismo, então no fígado ela é transformada em ureia, através de uma sequência de reações químicas: ciclo da ureia. ▪ A creatinina é formada a partir da degradação da creatina muscular, cada vez que os músculos contraem produzem uma quantidade de creatina, então é produzida e eliminada de forma constante, ela é utilizada como UM dos parâmetros para avaliar a função renal. ▪ Os rins também eliminam substâncias tóxicas que são ingeridas como medicamentos ou drogas. ▪ Os rins agem eliminando substâncias que são importantes para o corpo, mas que não podem acumular, mantendo os níveis ideais. Isso acontece com os eletrólitos: sódio, potássio, cálcio, magnésio, bicarbonato. ▪ Os rins regulam o pH plasmático, ou seja, os níveis de acidez do sangue, e ele faz isso através do equilíbrio de íons H+. se tiver muito ácido, os rins liberam mais H+ e retém mais bicarbonato, porém se estiver muito alcalino é ao contrário. ▪ Os rins possuem função endócrina produzindo hormônios como a eritropoetina que vai agir estimulando a medula óssea a produzir células sanguíneas (hemácias) e a renina, que é um hormônio que faz parte do sistema APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 9 renina-angiotensina aldosterona, controlando a pressão arterial e no balanço de sódio do organismo. ▪ Por último,os rins também são responsáveis pela ativação da vitamina D. E como os rins também controlam as concentrações de cálcio e fósforo no sangue, eles atuam na manutenção dos ossos. → A formação da urina envolve um processo complexo de filtração glomerular, reabsorção e secreção tubular. Desse modo, a urina é subproduto da atividade renal. → O sangue entra nos rins e ele chega nos néfrons através da arteríola aferente, que se ramifica em um enovelado de vasos sanguíneos, chamado glomérulo, a partir daí parte desse líquido de substâncias contidas no sangue precisa passar dos capilares glomerulares para a cápsula de Bowman, formando o FILTRADO GLOMERULAR (ainda não representa a urina), então esse processo de passagem entre os dois é chamado de FILTRAÇÃO GLOMERULAR. → A urina vai ser formada conforme o filtrado vai passando pelos túbulos renais, grande parte da água e de algumas substâncias que estão nesse líquido passam novamente de dentro dos túbulos para os capilares ao redor dos túbulos renais, sendo esse processo chamado de REABSORÇÃO TUBULAR, e eventualmente, algumas substâncias passam dos capilares de volta para os túbulos, sendo esse processo chamado de SECREÇÃO TUBULAR. ➢ FILTRAÇÃO GLOMERULAR → Para parte desse líquido que está dentro do glomérulo passarem de dentro dos capilares glomerulares para a capsula de Bowman, eles precisam ultrapassar uma série de barreiras: BARREIRAS DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR. → Essa barreira é composta: (de dentro para fora do capilar glomerular) ✓ Camada de células endoteliais que possui fenestração (poros), que permitem a passagem de grande parte dos componentes do plasma, mas previnem a filtração de células sanguíneas. ✓ Membrana basal: fina cama de glicoproteínas que está localizada logo acima das células endoteliais, e previne a filtração de proteínas grandes. ✓ Podócitos: células que fazem parte da camada interna (visceral) da cápsula glomerular, e possui várias projeções citoplasmáticas, que são chamadas de pedicelos que intercalam conforme vão envolvendo os capilares glomerulares e entre os pedicelos há fendas estreitas que através das quais as moléculas filtradas devem passar para atingir o interior da cápsula glomerular. Essas fendas previnem a filtração de proteínas de tamanho médio, deixando o filtrado glomerular, praticamente, livre de proteínas. → Então, graças a ação das barreiras de filtração glomerular tem a formação de um ultrafiltrado glomerular, que nada mais é que um líquido que sai de dentro dos capilares glomerulares e entra na cápsula glomerular. → Ele é semelhante ao líquido intersticial. → Contém água e todos os pequenos solutos do sangue → Praticamente não contem proteínas (apenas pequenas) nem células sanguíneas (não passam pelos poros do tecido endotelial). → Esses ultrafiltrado é formado graças a diferenças de pressões que há entre os glomérulos e a cápsula de Bowman. → Há 3 principais funções que influenciam a filtração glomerular: ✓ Pressão hidrostática sanguínea: a pressão exercida pelo líquido que está dentro dos capilares glomerulares, e que empurra esses líquidos para fora desses capilares e para dentro da cápsula de Bowman. ✓ Duas outras pressões que são pressões exercidas contra a pressão hidrostática, ou seja, que empurram os líquidos da cápsula de Bowman de APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 10 volta para os capilares glomerulares: pressão coloidosmótica do plasma (pressão de atração da água exercida pelas proteínas que estão no sangue, principalmente, a albumina) e a pressão hidrostática dentro da cápsula de Bowman. → Taxa de filtração glomerular: é o volume de filtrado produzido por ambos os rins por minuto. Em mulher ≈ 115 ml/min e em homens ≈ 125 ml/min. ➢ REABSORÇÃO TUBULAR → Então, o processo de filtração glomerular é onde o filtrado glomerular contém um monte de substâncias e água que são importantes para o organismo e que precisam ser reabsorvidos, ou seja, voltar para o sangue. → Conforme sai da cápsula de Bowman e vai passando pelos túbulos renais ele vai sendo mobilizado por esses túbulos de forma que a maior parte de seu volume vai ser reabsorvida. → Nesse processo de manipulação desses líquidos pelos túbulos renais, algumas substâncias vão ser secretadas, ou seja, vão passar do sangue para os túbulos renais, para fazer parte da composição da urina, mas o processo que realmente vai contribuir em maior proporção para gerar o produto final da urina será a reabsorção tubular, no túbulo proximal, responsável por 65% de toda reabsorção tubular que acontece no néfron. → Cada substância vai ser reabsorvida de forma diferente e em local diferente do néfron (túbulos renais). → Para que a reabsorção tubular aconteça, as células epiteliais dos túbulos renais são importantes no transporte dessas substâncias de volta para ir para o sangue. → Para as substâncias passarem do lúmen tubular para o sangue é necessário atravessar algumas barreiras: células tubulares -> fluído intersticial -> chegando no capilar -> células dos capilares sanguíneos -> sangue. → Ela pode acontecer por processos ativos ou passivos, e é desigual ao longo dos túbulos. Os processos ativos são requeridos pois a concentração de solutos presentes no filtrado é igual à do liquido extracelular. → Existem dois tipos de transportes na reabsorção que dependem da permeabilidade das junções celulares e do gradiente eletroquímico: ✓ Transporte transepitelial (transcelular): Os solutos atravessam as membranas apical de basolateral das células epiteliais para chegar ao interstício. → Transporte paracelular: Os solutos passam entre as células pelas junções entre as células vizinhas. → Grande parte da reabsorção de água, Na+, K+, Cl- e glicose acontece no túbulo contorcido proximal. → O elemento mais importante é a bomba de Na+-K+-ATPase. Todos os processos de reabsorção estão, de alguma forma, relacionados com o trabalho dessa bomba. → Ela favorece a entrada de Na+ para dentro das células, o que é a força motriz para a reabsorção de todos os outros solutos. → REABSORÇÃO DE Na+: Ocorre por diferentes mecanismos na primeira e na segunda metade do túbulo proximal. • Primeira metade: O Na+ pode entrar passivamente nas células devido ao gradiente eletroquímico. ▪ O mecanismo principal é o de proteínas de transporte específicas medeiam a entrada de Na+ na célula, através da membrana apical. ▪ O transportador Na+-H+ tem papel fundamental, e condiciona a reabsorção de Na+ ao bicarbonato de sódio. ▪ O Na+ também entra nas células proximais via diversos mecanismos de simporte, incluindo o Na+- glicose, Na+-aminoácido, Na+-Pi e Na+-lactato. APG – SOI II Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/2º Período 11 → No caso da glicose, cotransportador de Na+-glicose (SGLT) que leva a glicose para o citoplasma contra seu gradiente de concentração através do uso da energia do Na+. A glicose sai pela membrana basolateral por difusão facilitada por transportadores GLUT. → Toda a glicose é reabsorvida nos túbulos, porém há um limite renal para a glicose. Uma vez atingido, não há mais reabsorção e glicose começa a ser eliminada na urina. Isso só acontece, no entanto, em situações patológicas. • Segunda metade: O Na+ é reabsorvido em sua maior parte com o Cl- pelas vias transcelular e paracelular. ▪ O transporte ocorre principalmente devido ao fato de que a concentração de Cl- aumenta na primeira metade e cria o gradiente para o transporte na segunda. → REABSORÇÃO DE ÁGUA: O túbulo proximal reabsorve cerca de 67% da água. A força propulsora é o gradiente osmótico estabelecido transporte de Na+. → Como os solutos são reabsorvidos, a concentração diminui e o lúmen tubular se tornahipotônico. Isso cria um gradiente para a saída da água. Logo, a água acompanha a reabsorção dos solutos. ➢ REABSORÇÃO NO TÚBULO DISTAL E DUCTO COLETOR → O túbulo distal e o ducto coletor reabsorvem cerca de 8% do NaCl filtrado pelas células principais e K+ pelas células intercaladas. → CÉLULAS PRINCIPAIS: Reabsorvem NaCl e água e secretam K+. → CÉLULAS INTERCALADAS: Secretam H+ ou HCO3- e são, desse modo, importantes na regulação do balanço ácido- básico. Também reabsorvem K+ pela operação de H+-K+- ATPase, localizada na membrana plasmática apical. ➢ SECREÇÃO TUBULAR → É o transporte de substâncias do sangue para os túbulos renais, para posteriormente serem eliminadas juntamente com a urina, ou seja, fazendo parte da composição da urina. → A secreção torna o néfron capaz de aumentar a excreção de uma determinada substância. Nesse processo é realizada a secreção de mais soluto do que o que foi realizado pela filtração. → A secreção ocorre por todo o percurso do filtrado por dentro no néfron, porém em alguns pontos ela é mais importante e significativa. → Vários ácidos e bases são secretados no túbulo proximal, é o caso dos sais biliares, oxalatos, diuratos e catecolaminas que são produtos finais do metabolismo que devem ser rapidamente eliminadas (sofre filtração, não reabsorção e secreção). → Também são secretadas nos túbulos proximais várias toxinas e fármacos. → A secreção de K+ e H+ pelo néfron distal é importante na regulação da homeostasia desses íons. Os íons potássio e hidrogênio são secretados no túbulo distal. A secreção ocorre com os íons sódio. → O cotransporte do K+ é influenciado pela bomba de Na+-K+- ATPase que aumenta de [K+] dentro das células. REFERÊNCIAS • TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. • MOORE, Keith L. et al. Embriologia clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.