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PDF DIREITO APLICADO À GESTÃO - EAD UVA ADM


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DIREITO APLICADO À GESTÃO 1
DIREITO APLICADO À GESTÃO
AVA2
AV1
PERIODO 2
STATUS CONCLUÍDA
Unid1
Unid2
Unid3
Unid4
ÁVA1
INTRODUÇÃO
Livro da disciplina
Os conteúdos apresentados nesta disciplina devem ser complementados e 
aprofundados por meio do estudo do livro: NIARADI, George. Direito Empresarial. 
INTRODUÇÃO
PLANO DE ENSINO
Unidade 1: Principais ramos do Direito e Gestão
Unidade 2: Direito Civil e Responsabilidade Civil
Unidade 3: Direito empresarial
Unidade 4: Direito Tributário e Direito Penal Econômico
AVA1
DIREITO APLICADO À GESTÃO 2
São Paulo. Pearson, 2012. Você poderá encontrá-lo na Biblioteca Virtual. Para 
saber como acessar a Biblioteca Virtual, leia este Guia.
Objetivos
Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de:
Compreender o estudo do Direito aplicado à Gestão com uma visão geral dos 
diversos ramos de Direito.
Compreender os conceitos e elementos essenciais da personalidade, da 
capacidade, as modalidades de bens, os mecanismos de formação da relação 
obrigacional, da relação contratual e, ainda, da responsabilidade civil.
Analisar os princípios que regem a atividade empresarial em termos jurídicos.
Analisar a natureza e a classificação do Direito Tributário e dos tributos.
Ementa
Introdução ao Direito aplicado à Gestão. Principais ramos do Direito e suas 
interseções com a gestão pública e privada. Ramos de Direito Público e Privado e 
suas esferas de competência. Ordenamento Jurídico brasileiro. Direito Civil e 
Responsabilidade Civil. Personalidade; início e fim da personalidade. Pessoa 
Natural e Pessoa Jurídica; constituição, modalidades, tipologia e elementos 
essenciais das pessoas jurídicas. Capacidade. Representação. Domicílio, 
constituição e natureza; efeitos. Coisas e bens, natureza jurídica, classificações. 
Obrigações e contratos. Direitos Reais. Responsabilidade Civil. Direito Empresarial. 
Empresário, configuração. Atividade empresarial, definição e delimitação das 
atribuições. Empresa, conceito, modalidades e características da atividade 
empresarial. Representação, composição e constituição da sociedade empresária. 
Registro. Elementos e requisitos essenciais e materiais. Início e fim da sociedade 
empresária. Direito Tributário e Direito Penal Econômico. Organização tributária e 
organização econômica em planos legais. Tributos, natureza, classificação e 
princípios tributários. Créditos tributários, modalidades, hipóteses de incidência e 
lançamento. Contribuinte, definição. Responsável tributário.
https://ead.uva.br/filemanager/file/3/BIBLIOTECA_VIRTUAL_GUIA.pdf
DIREITO APLICADO À GESTÃO 3
Referências
Básica
BRANCHIER, Alex Sander Hostyn & MOTTA, Fernando Previdi. Direito 
empresarial. Curitiba: Intersaberes, 2012.
NIARADI, George. Direito Empresarial. São Paulo: Pearson, 2012.
NIARADI, George. Direito Empresarial para administradores. São Paulo: 
Pearson, 2008.
Complementar
ACQUAVIVA, Marcus Claudio. Teoria geral do Estado. São Paulo: Manole, 
2010.
FRIEDMAN, Howard, S & SCHUSTACK, Mirian W. Teorias da 
Personalidade: da teoria Clássica à pesquisa moderna. São Paulo. Pearson 
Premiere Hall, 2014.
GONZÁLEZ, Eusébio & MARTINEZ, Teresa González. Direito 
Tributário: elementos de teoria geral. São Paulo. Editora Rideel, 2010.
POSTIGLIONE, Marino Luiz. Direito Empresarial: o estabelecimento e seus 
aspectos contratuais. São Paulo. Manole, 2006.
MOTTA, Andrea Limani Boisson. Curso Introdutório de Direito Internacional 
do Comércio. São Paulo. Manole, 2010.
MEZZOMO, Clareci. Introdução ao direito. Caxias do Sul, RS: Educs, 2011.
FERNANDES, Alexandre Cortez. Direito Civil: introdução, pessoas e bens. 
Caxias do Sul. EDUCS, 2012.
Artigos
LYRA, Renata Maldonado da Silva. Consumo, comunicação e 
cidadania. Ciberlegenda, 2011, Vol.0(06). Acesso em: 15 de dezembro de 
2014.
http://www.uff.br/ciberlegenda/ohttps://ilumno-js-zone-antareseducacion.netdna-ssl.com/index.php/revista/article/view/321/202
DIREITO APLICADO À GESTÃO 4
PADILHA, Sandra. Direito à intimidade e à vida privada nas liberdades 
públicas: alcance na relação de emprego. Revista da Pós-Graduaçao em 
Ciências Jurídicas [1678-2593] Padilha, Sandra yr:2004 iss:5 pg:53 -72. Acesso 
em: 15 de dezembro de 2014.
ULHÔA, Joel Pimentel de. Cidadania. Philósophos: Revista de Filosofia, 2007, 
Vol.5(2), p.49. Acesso em: 15 de dezembro de 2014.
PLANO DE ENSINO
https://s3-us-west-2.amazonaws.com/secure.notion-static.com/e11d7a53-203
6-44b2-bc0b-2f07511441b2/G_DAG_PE.pdf
Unidade 1: Principais ramos do Direito e 
Gestão
Introdução
O que é Direito, como ele se divide e como é formado?
O conhecimento das definições, da composição e da estrutura do Direito e 
sistema jurídico forma a base sobre a qual o conteúdo da nossa matéria será 
construído, não sendo possível conhecer as interseções entre Direito e Gestão 
sem antes dominar os conceitos essenciais da introdução ao estudo do Direito 
que serão tratados na presente unidade.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
Compreender o estudo do Direito aplicado à Gestão com uma visão geral 
dos diversos ramos de Direito.
Conteúdo Programático
http://goo.gl/dtjs6r
http://www.revistas.ufg.br/index.php/philosophos/article/download/11338/7456
https://www.notion.so/signed/https%3A%2F%2Fs3-us-west-2.amazonaws.com%2Fsecure.notion-static.com%2Fe11d7a53-2036-44b2-bc0b-2f07511441b2%2FG_DAG_PE.pdf?table=block&id=c766bcae-7794-4bdb-9749-0e91c3e42e1d&spaceId=57a0fe49-9819-44c6-8116-da7dd110e353&userId=f3639715-802d-4348-a8bd-66d0113811b8&cache=v2
DIREITO APLICADO À GESTÃO 5
Esta unidade está dividida em:
Aula 1 - Introdução e fontes do Direito
Aula 2 - Os ramos do Direito e a Gestão
Aula 3 - O Estado Democrático de Direito no Brasil
Rota de Aprendizagem
A Rota de Aprendizagem apresenta as ações que devem ser realizadas nesta 
unidade. Utilize a Rota de Aprendizagem para planejar e gerir, com eficiência, as 
suas ações e o seu tempo de estudo. Isso facilitará a construção do seu 
conhecimento e aumentará a possibilidade de que você tenha um bom 
desempenho nas avaliações. Clique aqui para acessar a Rota de 
Aprendizagem.
Antes de começarmos nossos estudos, observe o organograma das fontes do 
Direito para uma visão objetiva desta Unidade.
https://ead.uva.br/graduacao/DISCIPLINAS/DEF/DAG/RA/G_DAG_RA_U1.htm
DIREITO APLICADO À GESTÃO 6
Aula 1: Introdução e fontes do Direito
Rota de aprendizagem
Introdução e fontes do Direito
Estude o conteúdo com o apoio de exemplos, problematizações e 
embasamento teórico.
Para saber mais sobre os ramos do Direito e suas interseções na 
atividade empresarial assista ao vídeo: Fonte do Direito.
Aprofunde seu conhecimento sobre história do direito lendo os capítulos 11 
– 15 no livro Introdução ao direito / Caxias do Sul, RS: Educs, 2011. Este 
livro encontra-se disponível na Biblioteca Virtual.
Confira a sua aprendizagem realizando a atividade da aula.
Nesta aula, iremos apresentar a classificação das fontes do Direito e seus 
mecanismos de composição.
Uma visão introdutória do Direito
O Direito é uma constante na vida humana. Desde que o homem vive em 
sociedade (o que é a sua condição natural), revela-se imprescindível a 
organização da vida social, já que os indivíduos, convivendo coletivamente, 
deixavam de poder exercer todos os atos inerentes à tutela de seus interesses, 
limitados que eram pelos interesses dos demais.
Essa organização da vida social serviu originariamente para garantir a própria 
sobrevivência do grupo, com a defesa de seus integrantes de ameaças 
exteriores, evoluindo para o próprio regramento da extensão das prerrogativas e 
das obrigações de cada um deles, enquanto integrante de um núcleo, de uma 
coletividade definida.
Assim, vemos em todas as sociedades a presença do Direito – talvez não como 
o concebemos em nosso tempo e em nossa sociedade, mas certamente jamais 
uma coletividade humana prescindiu de um conjunto de normas e de valores 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 7
que determinassem o que era considerado aceitável e o que, pelo contrário,era 
considerado desviante – e aí temos o embrião do Direito.
O Código de Hamurabi é a compilação de um código de leis escrito quando 
ainda prevalecia a tradição oral, ou seja, em época em que as leis eram 
transmitidas oralmente de geração em geração.
Isso demonstra que o interesse pelo estudo do Direito não se limita – ou não 
deveria limitar-se – àqueles profissionais cuja formação demanda a vida forense, 
como os advogados, os magistrados, os membros do Ministério Público e 
demais operadores do Direito cujo trabalho podemos diariamente acompanhar 
até mesmo pela mídia; pelo contrário, o conhecimento do Direito se revela 
fundamental inclusive para o exercício da cidadania, já que todo cidadão precisa 
conhecer seus direitos e suas obrigações – e, para isso, precisa conhecer as 
fontes e a estrutura de nosso sistema jurídico.
Tal conhecimento – e a habilidade para analisar o seu conteúdo – se revela 
ainda mais essencial ao gestor, porque ele será responsável pela condução não 
apenas de sua própria existência e de seu próprio patrimônio, mas também pela 
condução das economias, dos patrimônios, das carreiras de outras pessoas que 
confiam em sua capacidade e experiência – seja ele atuante em algum Governo 
ou em uma empresa pública, seja na esfera privada de uma empresa comercial 
ou empresarial, por exemplo.
Não se pode admitir um empresário que desconheça a existência do Direito do 
Consumidor e a extensão de suas responsabilidades em face desse conjunto de 
normas; ...... ou um administrador público que desconheça o que seja o Estado e 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 8
quais as suas finalidades – constantes de um texto legal, a Constituição Federal 
de 1988;Não se pode admitir um cidadão que desconheça ser titular do direito à 
vida, à liberdade, à saúde, entre outros que, não sem razão, são considerados 
fundamentais ao estado de nossa civilização. Finalmente, não se pode admitir 
um gestor que desconheça as implicações do sistema tributário, ou um eleitor a 
quem seja estranho o direito ao voto universal e secreto – e isso para ficarmos 
apenas com alguns exemplos. 
Agora que já apresentamos uma pequena introdução ao Direito e à necessidade 
de seu conhecimento pelo cidadão e pelo gestor, passemos à análise de suas 
fontes, seus ramos e sua estrutura.
Fontes do Direito
O Direito não nasce aleatoriamente em uma sociedade, tampouco surge de um 
fato isolado, que importe apenas a certo e restrito grupo de pessoas durante um 
tempo determinado. Ele é o resultado de séculos, às vezes milênios, de 
convivência social, e representa os anseios, os ideais, os valores de um 
determinado povo em seu atual estágio civilizatório; mas, para além disso, ele 
pode representar o substrato mínimo de valores comuns a todos os 
componentes do gênero humano, indicando o grau civilizatório a que chegamos 
enquanto Humanidade (quando terá natureza própria e supranacional).
DIREITO APLICADO À GESTÃO 9
Mapa do império Romano por volta de 117. A lei romana, junto com a língua 
latina, foram os dois principais elementos de coesão cultural do império.
Vê-se, portanto, que o Direito não se limita – ou não poderia limitar-se – à 
criação de uma lei ou à assinatura de um contrato. Da mesma forma, não é 
produto exclusivo da vontade de um legislador ou mesmo de uma coletividade 
em especial, nem mesmo do ato de uma autoridade de qualquer um dos 
Poderes constituídos.
Ele é mais, muito mais do que isso. Representa as nossas aspirações e anseios, 
nosso senso moral e ético, nossos sentimentos e nossas expectativas enquanto 
sociedade e demonstra não apenas o amadurecimento de nossa democracia 
como o próprio grau civilizatório a que chegamos.
Nasce, portanto, de fontes comuns a todos os povos, em qualquer de seus 
momentos históricos. São fontes do Direito: a lei, a jurisprudência e a doutrina 
(de caráter mais específico), mas também a analogia e a equidade, os usos e 
costumes do povo. Vamos, agora, analisar cada um deles.
A Lei
DIREITO APLICADO À GESTÃO 10
É talvez, atualmente, a fonte do Direito por definição e excelência (ao menos 
certamente será aquela mais visível, pela própria publicidade que lhe é inerente) 
em nossa sociedade e representa o resultado final do processo de elaboração 
legislativa.
No sistema de tripartição dos Poderes em que vivemos – com os Poderes 
Executivo, Legislativo e Judiciário dotados de atribuições e competências 
diversas, todas elas definidas no texto constitucional – a tarefa da elaboração 
das leis toca exclusivamente ao Poder Legislativo e, portanto, apenas a ele cabe 
legislar, vale dizer, votar e promulgar as leis.
É certo que os projetos de lei podem partir dos demais Poderes ou mesmo da 
própria iniciativa popular, mas o seu trânsito pelo Poder Legislativo não pode ser 
suprimido, sob pena da violação de um dos fundamentos de nosso Estado e, 
assim, da nulidade ou inexistência do ato praticado.
As leis obedecem a uma hierarquia, sendo a mais importante delas e a mais 
fundamental a Constituição Federal, na qual estão dispostos os fundamentos da 
Nação e seus elementos mais essenciais.
A Constituição é fruto de um Poder específico, a que se denomina Poder 
Constituinte, e tem por finalidade apenas a sua elaboração, dissolvendo-se tão 
logo termine. Este Poder não tem qualquer restrição, em virtude da natureza do 
texto que lhe compete elaborar, no que se distingue dos demais Poderes, ditos 
Constituídos – justamente pela sua previsão no texto constitucional.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 11
Exemplificando, no Brasil temos três Poderes Constituídos, já anteriormente 
mencionados: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário – criados pela 
Constituição Federal de 1988, obra dos trabalhos do Poder Constituinte, eleito 
para tanto e inconfundível com aqueles Poderes que concebeu na Carta 
Constitucional.
Além da Constituição Federal temos, resumidamente, leis federais, estaduais e 
municipais, conforme sejam promulgadas pelos respectivos Poderes 
Legislativos. A abrangência e o alcance destas leis correspondem à 
competência territorial de cada uma dessas partições da Federação, assim, por 
exemplo, uma lei federal terá vigência em todo o território nacional, uma lei 
estadual do Rio de Janeiro terá vigência em todo o território do estado, enquanto 
uma lei municipal de Niterói terá vigência nos limites territoriais deste município.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 12
Sessão final de trabalho da Assembleia Constituinte, em 2 de setembro de 1988, 
após o encerramento da votação, com aprovação do texto final da nova 
Constituição do país. Fonte: Agência Brasil
Eficácia da lei no tempo
A lei – assim considerada a fonte do direito positivo e o resultado do processo de 
elaboração legislativa – não é uma constante imutável, eterna e perene, 
dissociada da realidade social e humana e presente em qualquer momento 
histórico ou político.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 13
Nisso reside uma das características mais essenciais e igualmente mais 
desconsideradas das leis como ora as concebemos: a sua limitação no tempo e 
no espaço, ou seja, a determinação temporal e espacial de sua aplicação e 
obrigatoriedade.
Diferem, assim, fundamentalmente, das leis naturais – que não possuem a sua 
mesma natureza – porque estas são evidentemente imutáveis, não se 
submetendo a lei da gravidade a qualquer contexto social ou político da 
humanidade, por exemplo (contextualizando: independentemente do sistema ou 
regime de governo de um País, independentemente de sua maior ou menor 
atividade econômica, jamais um objeto atirado para cima deixará de cair: a lei 
natural, a lei da física, é imutável e embora se diga que o próprio tempo é 
relativo tal consideração não altera a composição das leis naturais, tampouco 
aproxima a sua natureza das leis do direito positivo).
Temos que o momento inicial de validade e obrigatoriedade de uma lei, como 
anteriormente pudemos comentar, é o momento de sua promulgação, que se dá 
via de regra com a publicidade de sua divulgação pela imprensa oficial;vimos, 
ainda, que a lei pode passar a surtir seus efeitos após um prazo por ela própria 
estabelecido, denominado vacância da lei.
Importa agora sabermos quando a lei deixa de surtir os seus efeitos. Ou seja, 
quando a lei deixa de ser oponível, quando deixa de integrar o sistema de 
Direito.
Em regra, as leis possuem duração indeterminada. Pressupõe-se que deixarão 
de surtir seus efeitos apenas quando foram revogadas (o que pode se dar 
expressa ou tacitamente), e isso deriva da necessidade de estabilidade e 
segurança nas relações sociais, que não existiriam se as leis fossem sempre 
concebidas com prazos de validade previamente determinados.
Esse fato demonstra a relevância do Poder Legislativo e a seriedade de sua 
função: as leis não podem ser criadas senão sob o pressuposto de 
corresponderem ao estágio civilizatório atingido pela sociedade cuja vida 
regulamentam, e este não é percebido por prazo determinado, nem tem data 
prefixada para modificação – e por isso mesmo a promulgação de leis 
casuísticas, que apenas atendam a interesses imediatos, principalmente quando 
de titularidade limitada a certos segmentos sociais, não é a melhor técnica de 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 14
elaboração legislativa, já que a sociedade não evolui na velocidade dessas 
demandas, ainda quando legítimas.
É claro que excepcionalmente a lei pode determinar um prazo ao cabo do qual 
cesará sua vigência, mas essa não é e nem poderia ser a regra. Essencialmente 
a lei é revogada quando uma lei posterior de mesma hierarquia a 
revogue ou disponha de forma diversa sobre a mesma matéria; por isso 
geralmente no último dispositivo ou artigo de qualquer texto legal encontramos 
uma determinação que atende a uma fórmula genérica, segundo a qual “esta lei 
revoga todas as disposições em contrário”, importando em que, na data de sua 
entrada em vigor, deixarão de surtir efeitos aquelas normas expressamente 
revogadas.
Mas nem sempre há essa disposição literal, sendo também usual e de 
igualmente boa técnica legislativa a revogação tácita, que se dá nas hipóteses 
em que, mesmo não dispondo expressamente a revogação de leis anteriores, a 
lei nova regulamenta inteiramente a relação que era objeto também da lei 
anterior.
Por exemplo: a nova lei de locação de imóveis, mesmo que não o afirme 
textualmente, revogará a lei anterior que trate desta mesma matéria, já que, 
evidentemente, não podem subsistir dois sistemas legais distintos e 
contraditórios regulamentando uma mesma hipótese social.
A irretroatividade da lei – ou seja, o fato de uma lei não poder viger sobre atos 
ou negócios praticados antes de sua vigência – é a regra para a sua eficácia, 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 15
admitindo-se excepcioná-la apenas quando isso se der em benefício do réu, 
como, por exemplo, na retroatividade da lei penal quando se deixa de considerar 
criminosa a conduta praticada – e isso se fundamenta no próprio interesse 
social, já que não teria qualquer finalidade manter encarcerado, por exemplo, 
aquele que tenha cometido um ato que deixe de ser considerado criminoso em 
momento posterior ao seu julgamento.
Eficácia da lei no espaço
Assim como é importante analisarmos a aplicação da lei no tempo, não menos 
importante será o conhecimento de sua validade em dimensão espacial. Vimos 
anteriormente que nosso Estado possui três esferas de administração pública – 
as esferas federal, estadual e municipal – representadas respectivamente 
pela União, pelos estados e municípios; vimos também que em todas essas 
esferas há Poderes Legislativos com competência determinada e exclusiva 
sobre as suas respectivas dimensões territoriais.
Essa é a mais clara hipótese dessa nossa análise: a própria divisão 
administrativa do Estado brasileiro já sinaliza para a eficácia da lei no espaço 
quando determina existirem Legislativos nas esferas federal, estadual e 
municipal, o que pressupõe logicamente a possibilidade de existirem leis que 
vigorarão nos limites dos respectivos estados e municípios, ou que sejam 
aplicáveis em todo o território nacional, conforme sejam leis estaduais, 
municipais ou federais.
Nosso País é uma República Federativa em que determinadas matérias, por sua 
relevância, são de competência legislativa apenas federal, ou da União, como, 
por exemplo, as normas penais; outras serão de competência dos estados e, 
finalmente, outras ainda serão de competência municipal, segundo dispõe o 
próprio texto da Constituição Federal – e são exemplos matérias tributárias, em 
que se determina que alguns tributos terão sua legislação definida e serão 
arrecadados pela União (como o imposto sobre a renda), outros pelos estados 
(como o imposto sobre a propriedade de veículos automotores, ou IPVA) e 
outros, ainda, pelos municípios (como o Imposto sobre a Propriedade Territorial 
Urbana, ou IPTU).
Então, qual será o limite da abrangência espacial de uma lei?
DIREITO APLICADO À GESTÃO 16
A resposta é simples: este limite será o limite de seu território, assim 
compreendido como o espaço localizado no interior de suas fronteiras. Em 
essência, temos que a lei federal adere a toda a superfície de nosso território, a 
lei estadual adere a toda a superfície do território do estado e a lei municipal à 
superfície territorial do município.
Essa realidade nem sempre é isenta de conflitos, sendo comum se falar de 
“guerras fiscais” ou de “barreiras fiscais”, por exemplo, que nada mais 
representam senão o aspecto visível da aplicação das leis no espaço: quer entre 
países (como nos casos das lutas de alíquotas tributárias de exportação ou 
importação conforme determinado país proteja os interesses de seus produtores 
ou fabricantes, por exemplo), quer entre estados e municípios, como já pudemos 
observar em diversos momentos.
Na verdade, a eficácia espacial da lei é de vital importância para qualquer 
administrador público, porque importa até mesmo no planejamento de políticas 
para determinados segmentos sociais ou para estratégias de crescimento.
Como, por exemplo, as tarifas menores ou maiores de exportação ou importação 
de tecnologia ou de commodities segundo o mercado internacional no período, 
ou ainda as subvenções e incentivos públicos a certas atividades consideradas 
de interesse nacional, como, por exemplo, o estímulo à produção agrícola etc.
Tamanha pode ser a relevância dessas disputas que não raro somos informados 
de disputas entre países em organizações multinacionais como a Organização 
Internacional do Comércio, sobre determinadas políticas que atingem os 
interesses de seus parceiros comerciais.
A Jurisprudência
DIREITO APLICADO À GESTÃO 17
Por jurisprudência entende-se o conjunto das decisões proferidas pelos 
Tribunais sobre determinados assuntos, e compõe as fontes clássicas do Direito, 
ao lado da lei e da doutrina, porém não sendo de menor importância dentro dos 
meios de sua formação.
Sabemos que nosso Estado compõe-se de três Poderes Constituídos, que são o 
Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Pois bem, já vimos que ao Poder 
Legislativo toca legislar, ou seja, é o Poder competente para elaborar as leis; 
todavia, o Legislativo não as aplica. Essa aplicação cabe, com exclusividade, ao 
Poder Judiciário, que é composto, novamente, na forma determinada pela 
Constituição Federal (em nosso caso, a de 1988).
Embora seja exclusivamente competente para julgar, vale dizer, para interpretar 
a lei e aplicá-la a um determinado caso concreto (por exemplo, determinar que o 
Código de Defesa do Consumidor deve ser aplicado na hipótese de defeito em 
determinado produto, impondo a sua troca ou a devolução do valor pago ao 
cliente), o Poder Judiciário não atua discricionariamente – suas decisões devem 
ser baseadas não apenas na lei mas, ainda, nos demais elementos 
componentes de nosso sistema de Direito, e que englobam todas as suas outras 
fontes.
A reunião dos julgados dos Tribunais é que se chama de Jurisprudência e 
demonstra não apenas como o Direito é interpretado por seus aplicadores ao 
longodo tempo mas, também, demonstra o grau de complexidade a que chegou 
determinada sociedade.
Assim como quanto às leis, há hierarquia na Jurisprudência, e essa hierarquia 
corresponde, igualmente, à competência dos Tribunais. A composição do nosso 
Poder Judiciário inclui, em brevíssima síntese não restritiva:
DIREITO APLICADO À GESTÃO 18
o Supremo Tribunal Federal (a quem cumpre a interpretação da Constituição 
Federal);
os Tribunais Superiores (Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal 
Militar, Tribunal Superior do Trabalho, Tribunal Superior Eleitoral);
os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;
os Tribunais Regionais do Trabalho e os Juízes Trabalhistas;
os Tribunais Regionais Eleitorais; e
os Tribunais de Justiça dos Estados e os Juízes Estaduais, não havendo 
Poder Judiciário de competência municipal.
Compõem ainda o Poder Judiciário os advogados e os Juízes de Paz.
Os julgamentos são públicos e suas conclusões publicadas na imprensa oficial; 
essas conclusões, de fato, correspondem ao entendimento dos Tribunais sobre 
as matérias que foram objeto de seu julgamento, e compõem a Jurisprudência.
A importância desta como fonte de Direito reside na necessidade da 
uniformização, tanto quanto possível, dos entendimentos dos Tribunais sobre os 
eventos da vida social, garantindo, assim, a maior segurança possível ao 
jurisdicionado (que é aquele subordinado ao Direito de um determinado Estado), 
que, a partir de seu conhecimento, pode determinar como a Justiça julgará a sua 
pretensão.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 19
A Doutrina
Juntamente com a Lei e a Jurisprudência, temos a Doutrina como uma das 
fontes clássicas do Direito.
Compõem a Doutrina os tratados, livros, artigos e demais obras intelectuais dos 
estudiosos do Direito, também chamados juristas, que representam as diversas 
visões científicas sobre as matérias que envolvam noções humanas, sociais e 
jurídicas.
Sua importância reside no fato de ser o verdadeiro repositório dos estudos sobre 
as diversas áreas do Direito e seus aspectos técnicos, sociais, políticos e 
humanos, de tal forma que os advogados, julgadores, legisladores, analistas e 
demais operadores do Direito podem encontrar, em seu bojo, orientações 
fundamentadas tecnicamente sobre matérias que analisem.
Vale destacar que, em sede doutrinária, o autor possui uma liberdade que via de 
regra não possuirá como advogado ou juiz, por exemplo, uma vez que não se 
encontra, como doutrinador, limitado pelos fatos de um processo.
A doutrina é fonte fundamental do Direito justamente porque oxigena a sua 
teoria, proporcionando a seus estudiosos e operadores a análise de uma infinita 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 20
variedade de visões sobre os seus institutos, auxiliando de maneira essencial a 
construção do pensamento jurídico e a sua elevação ao patamar civilizatório 
atingido pela sociedade cuja convivência se presta a regulamentar.
Mecanismos Interpretativos
A analogia
A analogia se mostra uma fonte do Direito como um mecanismo de integração 
em que se aplica um exemplo para constituir um raciocínio, vale dizer, entende-
se que a solução de determinado problema deve ser empregada 
para solucionar outro problema que lhe seja semelhante.
Dessa forma, o processo analógico não representa senão um mecanismo para 
solução de um caso concreto para o qual não existe uma norma jurídica 
preexistente. Todavia, não se deve empregar o raciocínio analógico na hipótese 
em que a norma que se pretenda aplicar possua natureza eminentemente 
restritiva de direitos, como, por exemplo, a matéria da legislação criminal, em 
que o resultado poderá ser a restrição à liberdade, por exemplo.
É evidente que a aplicação da analogia não poderá se dar indiscriminadamente, 
exigindo atenção à análise de elementos subjetivos que são a norma geral do 
Direito, o ramo do Direito ao qual pertence a norma em exame e as suas 
próprias características, sem o que a aplicação da analogia pode tornar-se 
despótica.
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-3
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-4
DIREITO APLICADO À GESTÃO 21
A equidade
Importa a equidade na adaptação de uma regra a uma situação em concreto, 
com a finalidade de melhor aplicar o Direito, vale dizer, empregando os critérios 
da justiça e da igualdade; tem por finalidade aproximar a norma jurídica da 
realidade da vida, uma vez que é impossível pretender impor a aproximação da 
vida humana à norma, abstratamente estabelecida.
É justamente porque a vida humana e as relações sociais não derivam do 
conteúdo das normas de Direito que a equidade se revela um imprescindível 
instrumento de interpretação da lei e de aplicação da Justiça, pois vem a 
proporcionar mecanismos de aplicação adequada aos casos concretos, 
vivenciados no cotidiano das pessoas.
Os usos e costumes
Finalmente, os usos e costumes de um povo são fontes do Direito na medida em 
que demonstram o seu estado civilizatório, e os princípios considerados 
intrinsecamente relevantes para o exercício da vida em coletividade, mesmo 
quando não estejam previstos em qualquer norma legal ou código de conduta – 
talvez até mesmo pela desnecessidade dessa previsão formal, em razão do 
estabelecimento de seu uso.
A reiteração de um ato, de um determinado comportamento, torna-se um hábito 
– isso em planos sociais ou mesmo individuais, embora nos ocupemos 
especificamente dos primeiros -, esse hábito pode vir a tornar-se um costume na 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 22
medida em que a sua repetição se torne mandatória, ou seja, na medida em que 
os indivíduos entendam ser fundamental a continuidade de sua prática – 
hipótese em que o que era um simples hábito se torna revestido 
de consuetudo, tornando-se regra de conduta, norma de comportamento, 
mesmo quando não escrita.
O Direito não se compõe unicamente pelas leis, resultantes do processo de 
elaboração legislativa. Outras fontes criam o Direito, regulamentando a 
convivência em sociedade. Essas fontes também geram Direito na medida em 
que criam normas de comportamento que passam a compor as regras de 
convivência em sociedade. Um exemplo são os usos e costumes do povo, que 
criam normas não escritas respeitadas socialmente como parte do Sistema 
Jurídico, embora não estejam, necessariamente, elencadas no direito positivo ou 
nos textos legais. Assim, é certo que a vida social não se regerá unicamente 
pelas leis, decretos e demais normas escritas e codificadas, mas sim também 
por uma grande diversidade de fatores que se alteram na composição do corpo 
social.
Para aprofundar o conhecimento dessa matéria estude os tópicos 11 a 15 do 
livro Introdução do Direito, de Clareci Mezzomo, constante da bibliografia de 
apoio.
Vídeo da Unidade
Para se aprofundar sobre os ramos do Direito e suas interseções na atividade 
empresarial, assista ao vídeo da unidade.
Se preferir, faça o download do áudio (mp3 compactado) deste vídeo clicando 
aqui.
Atividade
É sabido que o Direito não se limita a um conjunto de disposições estáticas, 
contidas em leis, dissociadas da realidade social, econômica e política, ou seja, 
alheio ao cotidiano. Indique, entre as opções a seguir, aquela que se refere à 
fonte do Direito que melhor compreende essa natureza de permeabilidade:
1. aLei. 
2. bAnalogia. 
3. cEquidade. 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-1.htm#more-info-5
https://player.vimeo.com/video/341571497
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/audio/G_DAG_U1_mp3.zip
DIREITO APLICADO À GESTÃO 23
4. dJurisprudência. 
5. eNorma jurídica.
Alternativa correta: letra (d). 
 A jurisprudência, que é a fonte do Direito que provém das decisões judiciais, 
garantindo maior oxigenação do sistema. A letra “a” é incorreta, pois a lei 
representa, justamente, a fonte do Direito formal por excelência, é o resultado 
final do processo de elaboração legislativa e dificilmente será menosdinâmica 
que a jurisprudência ou a doutrina. As letras “b” e “c” são incorretas porque 
analogia e equidade são mecanismos interpretativos, e não fontes do Direito 
propriamente. A letra “e” é incorreta porque a norma jurídica é constituída pelas 
fontes do Direito.
Aula 2: Os ramos do Direito e a Gestão
Definição do Direito
Como já vimos, o Direito – numa acepção restrita, considerado apenas como o 
conjunto de normas positivadas – tem origem nas leis, que são atos oficiais 
promulgados pelo Poder Legislativo – resultado da elaboração do processo 
legislativo – e que atendem a requisitos como a publicidade, a forma, a 
obediência ao texto constitucional, além de possuírem uma hierarquia, 
compondo um sistema estruturado sob certa composição prevista 
constitucionalmente.
Também aprendemos que compõem o Direito, em sentido amplo, ou numa 
acepção mais inclusiva (e ampliando a visão para tratá-lo como um sistema), 
outras fontes que o constituem, juntamente com as leis, todavia sem sua rigidez 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 24
e sem a necessidade de obediência às suas formalidades, ritos e normas 
procedimentais, que são a analogia, a equidade, os usos e costumes e, 
finalmente, são fontes de Direito, ainda, o conjunto das decisões dos Tribunais 
(a Jurisprudência) e os entendimentos expostos nas obras dos estudiosos, ou a 
doutrina.
Nesta aula vamos analisar como se organiza e estrutura o Direito em seus 
planos positivos, ou seja, como se dividem, dentro do chamado Sistema Jurídico 
– que é o conjunto de todo o Direito de um determinado povo, seja oriundo de 
qualquer das suas fontes –, os diversos conjuntos de normas jurídicas que 
regem a vida dos cidadãos e os negócios das empresas.
Seu conhecimento é fundamental porque, em primeiro lugar, o cidadão deve 
conhecer seus direitos e deveres e isso pressupõe o conhecimento das 
estruturas políticas e sociais do Estado em que vive, e isso pressupõe o domínio 
das estruturas judiciárias; e, depois, porque não se admite que uma empresa vá 
interagir negocialmente desconhecendo as estruturas de decisão nas diversas 
matérias de sua ação e abrangência empresariais.
A mais importante das normas jurídicas de qualquer Estado é a Constituição. 
Como sua própria denominação sugere, é o texto fundamental do ordenamento 
jurídico, político, econômico e social de um País e, de todos os Diplomas Legais 
(ou textos legais) de qualquer ordenamento organizado, sempre será o primeiro 
e mais importante. Todos os demais derivam dele e todos devem respeitar a sua 
orientação e o sistema por ele seguido.
A Constituição é promulgada por um Poder especialmente reunido para sua 
elaboração, um Poder diverso de todos os demais – ou seja, um Poder diverso 
dos Poderes já analisados, Executivo, Legislativo e Judiciário.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 25
O deputado Ulysses Guimarães mostra a Constituição brasileira, promulgada em 
1988. Fonte: Agência Brasil
O Poder Constituinte, por sua própria natureza – enquanto Poder reunido para a 
elaboração do texto fundamental de um Estado – não possui qualquer limitação, 
podendo, literalmente, dispor sobre a formação, a organização, as estruturas e 
os princípios não apenas do Direito de um país, mas, também, do próprio Estado 
em toda e qualquer uma de suas manifestações.
Apenas para contextualizar, é na Constituição Federal que:
se encontram definidas a forma e o sistema de governo do Brasil – uma 
República Presidencialista;
se encontra a disposição acerca da própria existência dos três Poderes (por 
isso mesmo ditos Poderes Constituídos) e a sua divisão em Executivo, 
Legislativo e Judiciário;
estão delimitadas as suas estruturas e competências.
Não existindo qualquer limite para o Poder Constituinte, ele poderia, por 
exemplo, ter determinado que o Brasil se tornaria uma Monarquia, ou ter 
adotado o regime parlamentarista; poderia ter criado um “quarto Poder” do 
Estado – na verdade a nossa primeira Constituição, a Constituição Imperial, de 
1824, estabelecia um Poder além dos três hoje existentes, o Poder Moderador, 
exercido exclusivamente pelo Imperador (o Poder Moderador foi abolido de 
nossos textos constitucionais com o advento da República e consequentemente 
deixou de ser previsto em nossa segunda Constituição, de 1891), poderia, enfim, 
ter estabelecido que os estados se tornariam territórios – o inverso foi realizado, 
os antigos territórios tornaram-se estados.
Como podemos perceber, sintomaticamente, as consecutivas alterações de 
regime e de sistema de governo que ao longo de nossa História sucederam 
http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/galeria/2009-10-05/5-de-outubro-de-2009
DIREITO APLICADO À GESTÃO 26
foram seguidas pela promulgação de novas Constituições. Foi assim quando da 
proclamação da República; foi assim após a Revolução de 1930, que encerrou o 
ciclo político hoje denominado República Velha, por exemplo.
Já vivemos sob a égide das seguintes Constituições:
1824
Constituição Imperial.
1891
Primeira Constituição Republicana.
1934
Promulgada após a Revolução de 30 e a Revolução constitucionalista de 1932.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 27
1937
Que implantou o Estado Novo.
1946
Promulgada com a queda do Estado Novo, coincidentemente após o final da II 
Guerra Mundial e a derrota dos regimes totalitários na Europa.
1967
Buscou institucionalizar e legalizar o regime militar.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 28
1988
Atual Constituição Federal, promulgada ao final do ciclo dos governos militares.
Enfim, a Constituição Federal é, como já visto, um Diploma Jurídico de natureza 
ímpar, é a norma fundamental do Estado, dispõe sobre as estruturas sociais, 
econômicas, políticas e jurídicas e, portanto, também determina a natureza e a 
orientação de todos os demais textos legais.
Assim, o Poder Constituinte não obedece a qualquer sistema jurídico ou a 
qualquer ordenamento; ele o faz. Todo e qualquer dispositivo de lei ou Diploma 
Legal que eventualmente contenha disposição contrária ao texto constitucional 
estará imediatamente revogado quando ela entrar em vigor, assim como todo e 
qualquer dispositivo ou Diploma Legal superveniente ao texto constitucional lhe 
deve obediência e, naturalmente, não poderá contrariá-lo.
Portanto, quando tratamos de nosso Ordenamento Jurídico, de nosso Sistema 
de Direito, em primeiro lugar e com natureza especial, única e própria, teremos a 
Constituição Federal, a quem todos os demais se subordinam e de quem todos 
derivam.
Todavia, estruturado pelo texto constitucional temos um arcabouço jurídico que 
contém blocos ou sistemas peculiares, que são assim definidos pela natureza 
das suas respectivas matérias ou pela natureza dos direitos que regulamentam.
Classificação do Direito
Antes mesmo da análise dos ramos do Direito brasileiro, importante destacar 
que dividimos o sistema jurídico em ampla análise em:
Direito Nacional
Direito Internacional
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
DIREITO APLICADO À GESTÃO 29
É relevante mencionarmos, ainda, que uma vez chancelados os Tratados, 
Convenções ou Acordos Internacionais, suas normas passam a viger no Brasil 
não somente quanto às relações entre os cidadãos de nosso Estado com 
estrangeiros em planos internacionais, mas, ainda, dependendo de sua 
natureza, tornam-se imperativas de conduta em nosso território, regendo 
relações entre cidadãos brasileiros.
Como, por exemplo, aquelas normas que determinam a inserção de dispositivos 
de inspiração internacional em nossos Diplomas Legais, versando sobre temas 
de natureza específica.
Em planos de Direito Internacional, teremos ainda a subdivisão abaixo:
Direito Internacional Público
Direito Internacional Privado
Dessa forma, o gestor de uma empresa dedicada ao comércio internacional, à 
exportação ou à importação deverá ter conhecimento de normas de Direito 
Internacional, além daquelas que regulamentem os negócios de sua expertise, jáque diferentes países terão diferentes legislações e emprestarão tratamentos 
diversos às mesmas matérias, pelo que o administrador vai se defrontar com 
diferentes hipóteses de incidência e alíquotas tributárias, diferentes normas 
penais, diferentes normas trabalhistas, diferentes normas contratuais, de direito 
do consumidor ou de responsabilidade civil, por exemplo, na atuação 
internacional.
Porém, ainda quando a sua atuação circunscreve-se ao nosso território, deixa 
de ser complexo o panorama a ser conhecido: em planos nacionais – ou na 
competência interna – também dividimos os sistemas de Direito em blocos, não 
apenas para facilitar a sua compreensão e análise, mas também para permitir a 
própria especialização de seus agentes e operadores.
A primeira das divisões distingue dois grandes blocos de estruturas jurídicas: os 
sistemas de Direito Público e de Direito Privado. Essa distinção se faz em 
virtude da natureza das relações que rege cada um desses sistemas e dos 
Diplomas Legais que os compõem.
Direito Público
Direito Privado
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-2.htm
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DIREITO APLICADO À GESTÃO 30
Como exemplos temos o Direito Penal, como ramo do Direito Público – porque 
cuida de direitos absolutamente indisponíveis, como a liberdade, e o Direito Civil, 
em regra, como um ramo do Direito Privado, porque dispõe sobre direitos 
patrimoniais, essencialmente disponíveis (sem essa disponibilidade a própria 
circulação de riquezas na sociedade ficaria comprometida, com prejuízo das 
atividades comerciais e econômicas).
Dissemos que o Direito Civil será um Direito Privado em regra porque 
atualmente o Direito Civil abrange várias matérias que se constituem em direitos 
indisponíveis, tais como os Direitos da Personalidade, e versam sobre a vida, a 
integridade física, a moral, o direito à intimidade e à vida privada, o direito ao 
nome, entre outros de idêntica natureza, claramente essenciais não apenas às 
pessoas, mas a toda a sociedade.
Apenas para contextualizarmos, o direito civil versará sobre direitos 
essencialmente disponíveis, como aqueles referentes à compra e venda, em que 
qualquer das partes (comprador ou vendedor) pode, livremente, dispor de seu 
patrimônio e realizar o negócio na forma e pelo valor que bem entenda e 
também sobre direitos absolutamente indisponíveis, como, por exemplo, os 
direitos da personalidade, de onde podemos destacar o direito às partes do 
corpo, que encerra uma regra até mesmo lógica segundo a qual o cidadão não 
poderá dispor de seus órgãos ou membros, exceto nas hipóteses de 
doação post mortem de órgãos e tecidos, e, ainda assim, na forma determinada 
por legislação específica e sob o estrito controle do Poder Público (que é a 
garantia de que esse tipo de relação não se tornará negocial, porque seria 
abominável o estabelecimento de um comércio de órgãos).
Os ramos do Direito Público se caracterizam, em primeiro lugar, pela presença 
do Estado; em sua posição estática (como legislador, ou ordenador abstrato da 
sociedade, por exemplo), no Direito Constitucional positivo, ou em sua posição 
dinâmica (em sua função de administrador dos interesses e planejador social, 
em que efetivamente atua, regulamentando, gerindo e organizando a sociedade, 
por exemplo), no Direito Administrativo – que vincula a Administração Pública – 
ou no Direito Tributário – no qual o Estado age como balizador das relações 
econômicas, como distribuidor das riquezas em sociedade; como atua, ainda, na 
solução dos conflitos (em sua função de Estado – Juiz, por exemplo), no Direito 
Processual, ou em sua função de organização social, por exemplo, no Direito 
Penal.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 31
Como pudemos ver, no Direito Público, o interesse do Estado é imediato – ou 
seja, ele se posiciona como parte na própria relação jurídica com o cidadão 
(como, por exemplo, no Direito Tributário, em que, além de criar o tributo e 
determinar a sua alíquota, o Poder Público ainda realiza a arrecadação), ou 
como responsável pela aplicação das normas (como, por exemplo, quando o 
Estado administra a Justiça, funcionando como Estado – Juiz), na hipótese do 
Direito Processual de qualquer natureza (Penal, Civil, Administrativo ou 
Tributário), ou quando atua planejando as políticas públicas ou aplicando-as.
Dizemos que o interesse do Estado, nos ramos do Direito Público, é imediato 
porque em nosso modelo civilizatório ele é a fonte e a garantia da administração 
das relações sociais, não sendo admissível aos cidadãos o exercício das 
próprias razões, pelo que a composição de conflitos de interesses deve passar 
pela apreciação do Poder Público, que detém o monopólio da aplicação da 
Justiça e, via de consequência, o monopólio da utilização da violência, lhe 
tocando – com exclusividade – o exercício do Poder de Polícia e a administração 
da Justiça.
Sabemos que a violação de um contrato gera consequências patrimoniais para 
aquele que lhe deu causa, assim como sabemos que o inadimplemento gera o 
efeito da imposição de multa pela mora ou o próprio desfazimento do negócio 
com culpa de um dos contratantes – o que pode gerar a obrigação de indenizar; 
todavia, ainda que saibamos exatamente que tais condutas levam à constituição 
de direitos em favor de um dos contratantes, ele não poderá exercer esses 
direitos ou satisfazer essas pretensões por seus próprios meios, devendo 
requerer ao Estado – Juiz a tutela de suas pretensões, que é exatamente o que 
fazemos quando ingressamos com uma ação junto ao Poder Judiciário (que, 
como já vimos, é um dos Poderes Constituídos do Estado).
DIREITO APLICADO À GESTÃO 32
O cidadão que compra um bem e não o recebe na data aprazada não se torna 
sujeito do direito de ir à loja do vendedor e apanhá-lo por força própria. O 
exercício das próprias razões pelos cidadãos levaria à anarquia e ao império da 
força, que representam a própria negação do Direito e do Estado em última 
análise.
Atuação do Estado
É evidente que esta divisão não esgota as possibilidades da matéria, muito 
menos é isenta de divergências. Por exemplo, a natureza do Direito do Trabalho 
é fonte de acalorados debates, havendo correntes que o inserem entre os 
Direitos Públicos (a que nos filiamos) e outras que o inserem entre os Direitos 
Privados.
Nos posicionamos com os primeiros, entendendo tratar-se de um ramo do 
Direito Público, porque, em nosso sistema, as relações entre patrões e 
empregados, ou as relações laborais, não se revestem apenas de 
características privadas, já que a própria rescisão do contrato de trabalho 
pressupõe a interveniência do Estado ou de um sindicato, por exemplo.
Mas nem sempre o Estado terá interesse imediato no resultado das relações 
entre os indivíduos, e é claro que nem sempre será uma das partes nessas 
relações. Os ramos do Direito em que os interesses se revestem dessa 
característica – não serem de interesse imediato ou objetivo do Estado – se 
denominam ramos de Direito Privado, sendo exemplos o Direito Civil e o Direito 
Empresarial.
Para aprofundar o conhecimento dessa matéria estude os tópicos 8 a 10 do livro 
Introdução do Direito, de Clareci Mezzomo, constante da bibliografia de apoio.
Barreiras alfandegárias são barreiras comerciais estabelecidas pelos governos 
com o objetivo de controlar o intercâmbio internacional de mercadorias. É a 
forma mais comum de proteger o mercado interno. Essas barreiras são medidas 
e instrumentos com finalidades políticas e comerciais, normalmente utilizadas 
para estimular setores econômicos específicos internos de cada país, que 
impedem o livre comércio. Podem ser praticadas na forma de tarifas, cotas e 
licenças de importação, incluindo qualquer lei, regulamento, política, medida ou 
prática governamental que imponha restriçõesao comércio exterior. Fonte.
Atividade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barreira_alfandeg%C3%A1ria
DIREITO APLICADO À GESTÃO 33
Os ramos do Direito Público se caracterizam, em primeiro lugar, pela presença 
do Estado; em sua posição estática (como legislador, ou ordenador abstrato da 
sociedade, por exemplo) ou em sua posição dinâmica (em sua função de 
administrador dos interesses e planejador social, em que efetivamente atua, 
regulamentando, gerindo e organizando a sociedade, por exemplo), – em que o 
Estado age como balizador das relações econômicas, como distribuidor das 
riquezas em sociedade; quando atua na solução dos conflitos (em sua função de 
Estado – juiz, por exemplo), ou em sua função de organização social.
Partindo dessas definições, é correto afirmar que o Direito Tributário é um ramo 
do Direito Público porque é um ramo do Direito em que o Estado atua:
1. a Em sua posição estática. 
2. b Em sua posição dinâmica. 
3. c Na solução dos conflitos. 
4. d Como organizador social. 
5. e Como legislador.
Aula 3: O Estado Democrático de Direito no Brasil
Formação do Estado 
Já mencionamos que a condição natural do ser humano demanda a convivência 
social, impõe a vida em sociedade; ainda quando vivia em nomadismo – antes 
de sedentarizar-se –, o homem não vivia sozinho, e isso é um imperativo natural. 
A defesa contra eventos naturais, predadores e mesmo outros grupos 
concorrentes levou o homem a viver em coletividade. 
Inicialmente essa vida em coletividade se lastreava na necessidade de defesa 
do grupo, necessidade posteriormente ampliada pela divisão das tarefas, 
levando à criação (ou à percepção) de um ente abstrato, além dos indivíduos 
que o compõem, que todavia com eles não se confunde, que é a sociedade, 
formada pelo conjunto dos homens que vivem e interagem sob certa 
comunidade de desígnios. 
A percepção da existência de um interesse coletivo, inconfundível com todos os 
interesses individuais dos membros da coletividade, demonstrou que o ser 
humano, para sua inter-relação com os demais, criaria uma instituição abstrata 
chamada lato sensu de sociedade. 
E essa abstração dotada de interesses e finalidades próprias tornou-se 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 34
verdadeiramente imprescindível à sobrevivência do ser humano em uma 
natureza onde, mesmo sendo o mais inteligente dos animais e talvez o mais 
adaptável ao meio ambiente, nem de longe era o mais forte, o mais resistente ou 
o mais feroz. 
Nunca prescindimos dessa entidade a que denominamos sociedade. Sempre 
nos organizamos sob essa premissa e consideramos essencial sua existência 
para o desenvolvimento de nossa própria humanidade (porque não prescindimos 
do contato e da interação social com nossos semelhantes, diferentemente de 
outras espécies de animais em que a convivência se limita à época do 
acasalamento e se estende apenas pelo período de proteção da cria). 
Para que existamos, formamos vínculos: vínculos com indivíduos que nos são 
próximos, ou afins; vínculos com grupos deles, previamente organizados; 
vínculos com o local onde nos encontramos, enfim, formamos uma rede de inter-
relações que nos conectam uns aos outros, ao meio ambiente, à localização 
geográfica de nossa coletividade e até mesmo à memória coletiva por ela 
formada ao longo das sucessivas gerações, o que nos dá a sensação de 
pertencimento que nos une a uma determinada cultura, depois a uma mesma 
nacionalidade. 
Ocorre que sempre foi impossível a convivência dentro de qualquer grupamento 
social sem o prévio estabelecimento de normas de conduta, de limites para o 
comportamento dos seus integrantes – limites à vontade e à liberdade de 
atuação em sociedade, de limites que estabelecessem, de uma forma comum e 
coletivamente aceita, os direitos e deveres de cada um em face dos demais 
individualmente ou da própria coletividade em si, aí considerada como um ente 
específico. 
A esses grupamentos chamou-se posteriormente Estados e a esses conjuntos 
de normas de conduta dos seus membros chamou-se posteriormente Direito em 
sentido amplo. 
Vê-se, portanto, que o Estado é decorrência natural da organização buscada 
pelo ser humano e que o Direito é inerente à própria formação do Estado, já que 
fora dele teríamos apenas a liberdade essencial à selvageria, do uso da força 
como manifestação de vontade. 
A concordância tácita quanto às normas de conduta admitidas na coletividade 
reproduziam-se indeterminadamente, já que eram representações do estágio 
civilizatório por elas alcançado; ao indivíduo não mais se consultaria, não mais 
lhe seria pedida aquiescência para a normatização social a cada momento, 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 35
porque já pré-sabidos os pontos em comum essenciais aos interesses de todos 
os seus membros. 
Assim foi que o nascimento sob certa coletividade passou a determinar um 
conjunto preestabelecido de normas que regulamentariam a interação social do 
indivíduo, assim vinculado, portanto, a esse sistema desde o nascimento ou, 
eventualmente, desde a sua inclusão em determinado grupo, quando passava a 
viver sob suas regras como se natural ao mesmo. 
Conforme as sociedades evoluíam, os próprios indivíduos que as integravam 
tornavam-se mais sofisticados, diversificando os seus interesses e necessidades 
(que um dia limitaram-se à alimentação diária para a manutenção da vida) e, 
com isso, sofisticando e diversificando cada vez mais o tecido social a que 
pertenciam. 
Dessa crescente sofisticação, que ainda não superamos em nosso estágio de 
civilização, nasceram sociedades cada vez mais complexas, reguladas por 
conjuntos de normas cada vez mais abrangentes e também complexos, 
sofisticados, porque concebidos para organização de relações que 
ultrapassaram em muito a simplicidade original. 
Nossa sociedade virtual e da informação em muito pouco será capaz de lembrar 
aquela sociedade dos primeiros homens, a não ser pelas características 
atávicas de seus integrantes; porém, em termos de regramento da vida dentro 
do conjunto social, torna-se evidente ser impensável aplicar ao comportamento 
humano atual as mesmas normas e regras aplicáveis às sociedades 
antecedentes à escrita, por exemplo. Assim, é certo que as necessidades que 
nortearão a construção e a tessitura das normas de comportamento sociais se 
construirão ao longo do processo de construção histórico-social. 
A evolução do Estado ao longo da história humana é notável e fascinante. 
Desde as sociedades mais antigas até a atualidade presenciamos alterações 
estruturais nessa instituição tão profundas que nos dão a impressão de por 
vezes estarmos nos referindo a instituições inteiramente díspares entre si 
quando, na verdade, fundamentalmente nos une a necessidade de vida em 
coletividade para a realização de nossa própria humanidade. 
Não cabe aqui tecermos o panorama desde os primórdios da sociedade humana 
até nossos dias, já que não é este o objeto de nosso estudo. Porém devemos 
atentar para o fato de que ao longo da evolução de nossa história passamos por 
diversos períodos econômicos, sociais e políticos – e esses diferentes períodos 
impuseram a constituição de diferentes Estados, concebidos para a 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u1/aula-3.htm#more-info-1
DIREITO APLICADO À GESTÃO 36
regulamentação de diferentes sociedades. 
Ainda hoje podemos notar profundas distinções entre os Estados organizados, 
que refletem as distinções entre as culturas, os valores e os interesses dos 
diversos povos componentes do gênero humano; ainda que tenhamos 
trabalhado, principalmente a partir de meados do séc. XX, para a elaboração de 
um arcabouço comum a todas as sociedades e culturas, é certo que subsistem 
diferenças claramente perceptíveis, levando a um mundo em que interagem 
Estados baseados na orientação religiosa ao lado de Estados laicos (aqueles 
em que a administração pública não determina uma religião oficial), Estados 
monárquicos e outros republicanos, Estados parlamentaristas e outros 
presidencialistas, Estados queaplicam punições como a pena de morte ou de 
mutilação e outros que as baniram de seu ordenamento jurídico etc. 
Também o Brasil em que vivemos é o resultado a que chegamos em nosso 
estágio de civilização; é o momento cultural, histórico, social e político que 
atingimos, e suas instituições representam esse grau e essa medida. 
Numa brevíssima síntese, fomos Colônia, Reino Unido, Império e República – e, 
em nossa história republicana passamos por regimes ditatoriais de diversos 
matizes, outros democráticos, experimentamos o parlamentarismo, tivemos o 
voto censitário e limitado ao sexo masculino, passamos ao sufrágio universal, 
enfim, nossa sociedade passou por profundas mudanças em sua estrutura 
desde o início de nossa história como povo até chegarmos aos dias atuais. 
Nosso Estado tem a sua dimensão política – social e jurídica – determinada pela 
Constituição Federal. Ela, como Diploma fundamental de nosso Ordenamento 
Jurídico, determina o regime, o sistema e a forma de governo; os Poderes 
Constituídos e sua composição; os tributos, suas hipóteses de incidência e os 
titulares destes créditos; a administração pública; enfim, determina a estrutura 
do Estado.
 
O Estado brasileiro na Constituição Federal 
A composição do nosso Estado se encontra logo no primeiro artigo da 
Constituição Federal, que dispõe:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático 
de Direito e tem como fundamentos: 
1. a soberania; 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 37
2. a cidadania; 
3. a dignidade da pessoa humana; 
4. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
5. o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
Percebemos, portanto, que segundo a Constituição Federal de 1988 o Brasil é 
uma República Federativa, composta pela união indissolúvel dos estados, 
municípios e Distrito Federal. Vale dizer: somos uma República formada pela 
Federação de entes públicos que chamamos estados, municípios e o Distrito 
Federal. Além do regime de governo esse dispositivo determina a 
indissolubilidade da União, determina a proibição do seu desmembramento, bem 
como da saída – voluntária ou não – de qualquer dos estados ou municípios. 
Também determina que nos constituímos em um Estado Democrático de Direito, 
portanto, nosso Estado pressupõe a participação popular na determinação das 
políticas e da gestão públicas e a supremacia da lei, que vincula não apenas os 
atos dos cidadãos como, principalmente, os atos da administração pública, do 
governo. 
Os fundamentos de nosso Estado estão delineados nos incisos do dispositivo 
ora sob análise, prendendo-se à soberania, à cidadania, à dignidade da pessoa 
humana, ao pluralismo político e aos valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa. Passemos à análise de cada um deles em planos teóricos.
 
Soberania 
Foi Jean Bodin o primeiro teórico a elaborar um conceito de soberania, 
referindo-se a ela como à entidade que não conhece superior na ordem externa 
nem igual na ordem interna, não admitindo subordinação a qualquer outra 
externamente, na seara internacional, tampouco admitindo um poder idêntico 
internamente, na seara nacional. 
Portanto, a condição de um Estado independente, que não se mostra uma 
colônia de qualquer outro Estado e também não admite a existência de poder 
que rivalize com o seu em sede nacional ou em planos internos. 
Sua definição, tecida para sustentar a Monarquia francesa, foi posteriormente 
aperfeiçoada no Iluminismo, tendo o centro do Poder e da autoridade migrado 
da pessoa do Rei para a soberania popular, ou, exatamente como estabelece o 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 38
parágrafo único do artigo 1º ora sob análise, a manifestação soberana da 
vontade do povo (de quem emana todo Poder e em nome de quem todo Poder 
deve ser exercido).Jean Bodin (1530-1596): jurista francês 
É fato que o conceito de soberania vem se alterando ao longo da História, e isso 
se verifica mesmo em razão das mudanças de regimes, de Estados e de 
governos; porém as características da não subordinação a qualquer Poder 
externo e da não equiparação a qualquer Poder interno se mantêm, posto serem 
verdadeiramente essenciais para a formação do Estado. 
Significa dizer que, para ser soberano, um Estado não pode se subordinar a 
nenhum outro na comunidade internacional; mesmo sendo eventualmente 
menos rico ou poderoso que outros Estados, não pode haver relação de 
subordinação que o transforme em um território ou em uma colônia, porque 
nessas hipóteses simplesmente inexiste a soberania. 
Em esfera interna, é soberano o Estado quando mantém o poder sobre todo o 
seu território, não havendo quem lhe anteponha autoridade de igual calibre. Por 
isso não se admite que se mantenham poderes paralelos dentro do território de 
um Estado – e daí a gravidade da existência, dentro de qualquer Estado, de 
locais em que a sua autoridade não é respeitada, ou em que seus poderes 
constituídos não podem ser impostos a todos os cidadãos. 
Já vimos que dentre as atribuições exclusivas do Estado se encontram a 
administração da Justiça e a administração da violência; qualquer usurpação 
desses monopólios impõe a perda da soberania e, em consequência, a própria 
destruição do Estado.
 
Cidadania 
Diz-se cidadania o exercício dos direitos e deveres políticos, sociais e civis pelo 
cidadão, ou na origem do termo o residente de uma cidade, aquele que vive em 
sociedade, interagindo com seus concidadãos, ou seja, com os seus iguais em 
obrigações e em direitos. A cidadania, na medida do pertencimento a 
determinada coletividade, determina a faculdade de fruir das prerrogativas e a 
obrigação de obedecer às normas impostas por seu Estado. 
Assim como dissemos quando do estudo da soberania, também o conceito de 
cidadania sofreu alterações ao longo da história, todavia mantendo o seu 
requisito essencial de participação em igualdade de direitos e obrigações, e, 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 39
atualmente, caminhamos para o exercício universal em sociedade da condição 
de cidadania.
Pluralismo 
Por pluralismo político entende-se o direito de que são titulares todos os Partidos 
Políticos à participação no processo eleitoral, ainda que sejam pequenos, ainda 
que não disponham de poder econômico, todos os partidos constituídos 
legalmente têm direito de participação de eleições cujas regras tenham sido 
preconcebidas, participando do poder político, votando e sendo votados. 
É fundamental na medida em que, representando o reconhecimento da 
diversidade, impede a concentração do poder nas mãos de poucos partidos, 
permitindo, ainda, que novos partidos se organizem e participem do processo 
político – eleitoral em igualdade ideal de condições. 
Importante mencionarmos que o pluralismo político não significa igualdade de 
condições econômicas entre os partidos, mas sim que nenhum deles terá a sua 
regular constituição impedida; tampouco, uma vez legalmente constituído, 
poderá ser alijado do processo eleitoral. 
É pressuposto do efetivo exercício da democracia em tempos atuais, 
principalmente quando podemos observar a polarização das relações eleitorais, 
com a consequente concentração, em certas legendas, do poder econômico e 
político; a garantia da liberdade de constituição de partidos políticos funciona, 
assim, como equivalente à liberdade do exercício do voto pelo cidadão, não se 
admitindo a limitação do exercício da vontade popular por meio do controle de 
sua representação – o que ocorreria caso o Estado pudesse livremente limitar o 
direito de constituição e participação no processo eleitoral. 
Todavia, não se admitir o cerceamento da constituição de legendas de 
representação política não equivale a tornar inexistente a legislação eleitoral, 
principalmente pela importância de que se reveste esse processo. 
A dignidade da pessoa humana é um princípio fundamentaldo Estado 
Democrático de Direito e impõe o reconhecimento de cada ser humano como 
um fim em si mesmo, no tocante à proteção que lhe deve ser garantida pelo 
Direito e se assenta no pensamento de Immanuel Kant. 
Para aprofundar o conteúdo desta aula, estude os tópicos 3 e 4 do livro Teoria 
Geral do Estado de Marcus Cláudio Acquaviva, constante da Bibliografia 
complementar.
DIREITO APLICADO À GESTÃO 40
 
Atividade 
A dignidade da pessoa humana impõe o reconhecimento de cada ser humano 
como um fim em si mesmo – o que deve ser respeitado e protegido pelo Estado 
Democrático de Direito, de que será, sempre, um princípio constitutivo. 
No Brasil podemos afirmar que a dignidade da pessoa humana: 
1. a Se constitui em um Princípio Fundamental do próprio Estado e se 
encontra prevista no texto da Constituição Federal. 
2. b É uma disposição legal não escrita, aplicada por usos e costumes e, como 
tal, versa sobre matéria infraconstitucional. 
3. c Não integra nosso sistema de Direito, já que é uma norma recepcionada de 
diversos tratados internacionais. 
4. d Representa uma disposição legal capitulada no Código Penal e, portanto, se 
constitui em uma norma criminal. 
5. e É uma disposição meramente jurisprudencial, apenas sendo aplicável nas 
hipóteses julgadas pelos Tribunais.
Encerramento
O que é Direito, como ele é formado e como se divide? Por que, quando e como 
o Direito interessa à atividade do gestor e como ele a influencia? Como se 
estrutura o sistema legal e jurídico no Brasil? 
Resumo da Unidade 
Concluindo, vimos que o Direito existe desde que o ser humano passou a viver 
em sociedade, comportamento que entendemos lhe ser um estado natural; 
assim, a existência do direito enquanto norma de conduta acompanha a própria 
existência da sociedade humana, já que não poderia existir sem as inter-
relações sociais. 
Representando o estado civilizatório de um povo em um determinado momento 
histórico, político, social e econômico, o Direito não se compreende apenas na 
legislação escrita, mas advém de diversas outras fontes, todas igualmente 
relevantes, que são, por exemplo, a doutrina, a jurisprudência, os usos e 
costumes, a analogia e a equidade. 
Em nosso sistema, temos que o Estado Democrático de Direito tem como 
pressuposto o respeito à Lei – aí entendida em sentido amplo, como conjunto de 
normas e de regras –, bem como na divisão dos Poderes Constituídos (Poderes 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 41
Executivo, Legislativo e Judiciário), que se relacionam de forma independente e 
harmônica entre si, atuando segundo as suas finalidades competências 
constitucionalmente estabelecidas. 
Tem sua origem primária no texto da Constituição Federal, de onde advém todas 
as demais normas legais; essas normas serão de competência das respectivas 
esferas de administração pública, portanto federais, estaduais e municipais, e 
sua abrangência será determinada no tempo e no espaço.
Unidade 2: Direito Civil e 
Responsabilidade Civil
Introdução
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
Compreender os conceitos e elementos essenciais da personalidade, da 
capacidade, as modalidades de bens, os mecanismos de formação da 
relação obrigacional e da relação contratual, e ainda da responsabilidade 
civil.
Conteúdo Programático
Esta unidade está dividida em:
Aula 1 - Personalidade e Capacidade
Aula 2 - Obrigações e Contratos
Aula 3 - Responsabilidade Civil
DIREITO APLICADO À GESTÃO 42
A imagem demonstra a principal característica da personalidade, que é a 
dimensão exterior e social do ser humano, aquela com que interage socialmente 
e se relaciona com os demais integrantes da sociedade. A personalidade deriva 
do termo persona, que vem da denominação das máscaras do teatro grego, que 
os romanos apreenderam e passaram a empregar justamente pelo significado 
dessa exteriorização necessária à convivência social. Significa a personalidade 
como dimensão dinâmica e exterior do ser humano.
Aula 1: Personalidade e Capacidade; pessoas e 
bens
Rota de aprendizagem
Aula 1
Personalidade e Capacidade; pessoas e bens
Estude o conteúdo com o apoio de exemplos, problematizações e 
embasamento teórico.
Conheça uma síntese das diferentes esferas da personalidade vendo o 
objeto Personalidade, capacidade, coisas e bens.
Para saber mais sobre personalidade, capacidade, coisas e bens assista ao 
vídeo: A ideia em publicidade e propaganda.
Aprofunde seu conhecimento sobre sujeitos de direito lendo o capítulo 6 no 
livro Direito Civil: introdução, pessoas e bens / Caxias do Sul, RS: Educs, 
2012. Este livro encontra-se disponível na Biblioteca Virtual.
Confira a sua aprendizagem realizando a atividade da aula.
No estudo do Direito Civil, os sujeitos de Direitos são a primeira e mais essencial 
definição do nosso sistema de Direito e estão na base de toda e qualquer 
relação jurídica, porque definem pessoa, estabelecem as suas características e 
determinam a capacidade civil – ou capacidade de interação das pessoas no 
universo; definem bens e patrimônio e fundamentam o mundo econômico e 
negocial; as obrigações e os contratos estabelecem as diretrizes para a 
segurança dos negócios em sociedade e, finalmente, a responsabilidade 
civil identifica os atos ilícitos civis, os danos e as indenizações ou reparações 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 43
deles decorrentes, garantindo a própria perpetuação da vida em sociedade. 
Sujeitos de Direitos, pessoa, personalidade 
Como anteriormente estudamos, os seres humanos organizaram-se socialmente 
e paralelamente a essa organização surgiram as normas e regras de conduta 
que, garantindo a vida em sociedade, compuseram o que hoje denominamos, 
em sentido amplo, como sendo o Direito; seu estabelecimento criou faculdades 
e normas de ação, na medida em que impunham obrigações ou garantiam 
direitos aos indivíduos nas suas inter-relações sociais com os demais, 
garantindo a sobrevivência do grupo. 
Surgia assim o primeiro dos institutos do Direito: o Sujeito de Direitos, o 
detentor de direitos e de deveres em esfera jurídica e social, o destinatário do 
conjunto de normas de conduta que conhecemos por Direito, aquele de quem se 
pode exigir determinado comportamento conforme a lei ou a quem se pode 
aplicar determinada sanção pela sua inobservância. 
Assim, somente será Sujeito de Direitos (assim considerado como sendo o 
destinatário do Direito) o ser humano; todos os demais organismos, todos os 
demais seres, todos os demais objetos, animados ou inanimados, móveis, 
imóveis ou semoventes, não serão Sujeitos de Direitos, não serão os 
destinatários das normas jurídicas, não estarão subordinados a normas e 
faculdades de agir, apenas entrando na seara do Direito para serem 
apropriados, para serem utilizados economicamente pelos Sujeitos de Direitos. 
Se a dimensão física do Sujeito de Direitos é o ser humano, a sua dimensão 
ideal será a pessoa: a representação social de sua individualidade, da sua 
distinção dentre todos os demais seres humanos, da apreensão da natureza de 
ente dotado de direitos e deveres, de obrigações e faculdades, de ente que 
interage em sociedade na forma estabelecida ou não proibida por tais normas de 
conduta. 
Assim, temos que o Sujeito de Direitos apresenta uma dimensão biológica – 
o ser humano, que é o indivíduo considerado em si mesmo, o indivíduo, dotado 
das características que o tornam titular de direitos e deveres inerentes à 
humanidade, e uma dimensão social – a pessoa, que é a representação dessa 
humanidade em planos coletivos, no curso da vida em sociedade. 
É o seguinte o teor do artigo 1º de nosso Código Civil:
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
O termo Pessoa deriva do vocábulo latino persona, que designava as máscaras 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u2/aula-1.htm#more-info-1
DIREITO APLICADO À GESTÃO 44
usadas pelos artistas das tragédias em suas encenações teatrais. Faziam, 
assim, alusão à representação exterior, externa, do ser humano em sociedade,distinguindo-a do conteúdo interior, personalíssimo, inerente à sua própria 
humanidade. 
À condição essencial da pessoa no Direito chama-se personalidade. 
Essa será a sua dimensão dinâmica, aquilo de que será dotada a pessoa que 
legitima o exercício dos direitos e deveres em esfera jurídica; é a personalidade 
que dá ao ser humano a interação necessária com seus pares para o exercício 
de sua condição de sujeito de direitos e deveres, possibilitando que viva e 
interaja com os demais segundo as normas de conduta de sua sociedade. 
Assim, personalidade será a medida da aptidão da pessoa para tornar-se 
titular de direitos e de obrigações em planos jurídicos e sociais. 
Temos, portanto, que serão os Sujeitos de Direitos assim estruturados: em sua 
dimensão biológica, de concretude, os seres humanos considerados em si 
mesmos, com seu conjunto de características específicas que os identifica e 
distingue de todos os demais componentes do Universo; em sua dimensão 
social, abstrata, ideal, as pessoas, a cuja representação dinâmica denominamos 
personalidade – e que é o canal de interação com o mundo. 
Objeto de Aprendizagem 
 
Vejamos agora uma animação que aborda as diferentes esferas da 
personalidade. 
Sob o critério da dinamicidade, a personalidade (que é esfera de investidura, 
esfera dinâmica, de movimento) será exclusividade da pessoa, que representa 
idealmente o sujeito de Direitos, cuja acepção física se integra ao ser humano – 
ou seja, a personalidade será atributo da pessoa, que corresponde à esfera 
social do ser humano, a personalização do sujeito de direitos e deveres, o 
destinatário de qualquer norma social. 
As pessoas poderão ter duas formas de existência: 
• Existência natural, física ou concreta (Forma plasticamente compreendida 
no ser humano). 
• Existência ideal ou abstrata (Abstração concebida socialmente para 
cumprimento de determinados negócios entre indivíduos ou entre grupos de 
indivíduos, e surgiu com a evolução e a crescente complexidade das relações 
em sociedade, principalmente as negociais).
https://player.vimeo.com/video/356279030
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u2/aula-1.htm
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u2/aula-1.htm
DIREITO APLICADO À GESTÃO 45
 
Essas pessoas serão: a pessoa física, ou pessoa natural, cuja dimensão 
concreta e externa será o próprio ser humano, e a pessoa jurídica, denominação 
que se empresta usualmente à pessoa ideal, à pessoa abstrata, que é uma 
criação humana, uma ficção a que se empresta personalidade permitindo a 
prática de determinados atos ou negócios e que possui vida distinta de seus 
componentes.
 
É certo, então, afirmarmos que existe um tipo de pessoa que não apresenta 
dimensão física, concreta; que não compreende nem é compreendida por um 
ser humano e, principalmente, que não existe por si própria (como as pessoas 
naturais ou físicas), mas sim e tão somente em virtude de uma criação abstrata 
e ficcional, que parte de uma ou mais pessoas físicas, e que, preenchidos certos 
requisitos determinados por lei, adquire personalidade, podendo praticar atos 
como uma individualidade distinta de seus instituidores.
 
Exemplos desse tipo de pessoa (da pessoa jurídica) serão todas as empresas, 
todas as companhias, quaisquer que sejam as suas respectivas áreas de 
atuação e de funcionamento; serão pessoas jurídicas os bares, os restaurantes, 
os bancos, as instituições de ensino; a elas se atribui personalidade sob certas 
condições previstas em lei e para a prática de atos predeterminados em seu 
instrumento de constituição, que via de regra é o contrato social; elas poderão 
contratar entre si e com terceiros, ter funcionários, fazer investimentos, agindo 
por meio de seus representantes – sim, pela própria inexistência de sua esfera 
de concretude, como anteriormente pudemos mencionar 
Nosso Código Civil enumera a tipologia das pessoas jurídicas de que ora 
tratamos na forma seguinte:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
1. as associações; 
2. as sociedades; 
3. as fundações; 
4. as organizações religiosas; 
5. os partidos políticos; 
6. as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
DIREITO APLICADO À GESTÃO 46
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o 
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público 
negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao 
seu funcionamento. 
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente 
às sociedades que são objeto do. 
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto 
em lei específica. 
Temos, portanto, que as pessoas poderão ser físicas ou naturais ou jurídicas ou 
ideais, conforme a forma de que se revestirem (a primeira dotada de esfera 
morfológica, esfera física, esfera de concretude, e a segunda dotada apenas de 
esfera ideal ou abstrata); vimos ainda que apenas as pessoas poderão ser 
Sujeitos de Direitos e Deveres na esfera jurídica e social.
 
Coisas, Bens 
Chegamos, então, à primeira e à principal distinção que fazemos em Direito e a 
que chegamos por exclusão: aquela que, literalmente, divide todo o Universo em 
duas modalidades, em dois tipos de seres: as pessoas e as coisas – e foi 
justamente essa distinção que permitiu que chegássemos ao atual estágio dos 
direitos das coisas (direitos de propriedade), ao direito comercial, ao direito 
tributário, entre outros tantos. 
Pessoas já definimos – e sabemos corresponderem, em síntese, aos seres 
humanos (vale dizer, só será pessoa aquele também dotado de humanidade); à 
definição de coisa chegamos por exclusão, fazendo um raciocínio a contrario 
sensu; portanto, coisa será tudo aquilo que não for pessoa. 
Uma vez que as pessoas representam os sujeitos de direitos em sociedade, as 
coisas apenas existem para serem apropriadas e, assim, atenderem à sua 
finalidade econômica.
 
Essa determinação reside na própria dissociação fundamental que fazemos 
entre pessoa e coisa, considerando pessoa como destinatária das normas de 
direito e coisa como objeto a ser apropriado e sobre o qual incidirão as normas 
de que se fazem titulares as pessoas – e aí encontramos outra distinção: entre 
as coisas que possuem valor econômico e aquelas que não o possuem. 
Às coisas que possuem valor econômico – qualquer que seja a sua 
https://ead.uva.br/disciplinas/grad/publica/cont/def/dag/re/u2/aula-1.htm#more-info-2
DIREITO APLICADO À GESTÃO 47
natureza ou ordem de grandeza – denominamos bens; àquelas que não o 
possuem, denominamos simplesmente coisas. Todavia, no mundo atual, o 
estado de evolução tecnológica restringe, de fato, a possibilidade de existência 
de uma coisa a que ninguém possa emprestar valor econômico algum.
 
Os velhos e clássicos exemplos para coisas sem valor econômico estão de há 
muito ultrapassados (pela própria evolução social), não mais se prestando para 
designar coisas sem valor a água e o ar atmosférico – que foram, por muito 
tempo, exemplos frequentes de coisas sem medida de valoração, que poderiam, 
dessa forma, ser apreendidas por qualquer um a qualquer tempo sem 
consequências econômico-jurídicas relevantes. 
Ninguém duvidaria, em sã consciência, de que nos dias atuais, a Humanidade 
não pode considerar a água doce potável como objeto desprovido de estimativa 
econômica, o mesmo se dando com o ar atmosférico não poluído. 
O atual estágio de nossa evolução tecnológica levou a um aproveitamento tão 
abrangente dos elementos de qualquer natureza que a cada dia se torna menos 
crível a existência de algo desprovido de qualquer valor (ou algo que não tenha 
jamais valor algum para ninguém).
Tipologia e classificação dos Bens 
Diferentemente das pessoas, os bens podem revestir-se de características tão 
distintas entre si como um tijolo e um passarinho, razão pela qual são analisados 
em suas subdivisões, a saber: 
1. Bens Móveis - São aqueles que se podem transportar de um ponto a outro 
sem que