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Prévia do material em texto

(https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-
gp0019-fev-2022-grad-ead-p/)
1. Introdução
Seja bem-vindo(a)! Você iniciará o estudo de   História: Moderna e
Contemporânea, uma das disciplinas que compõem o seu curso de Graduação
na modalidade EaD.
Essa disciplina está dividida em cinco ciclos de aprendizagem, com cada um
deles correspondendo a um grupo de conteúdos e objetivos especí�cos. É im-
portante considerar que o estudo desta disciplina é composto por vasto con-
teúdo e aborda um período histórico deveras longo e muito complexo.
Os conteúdos e objetivos da disciplina História Moderna e Contemporânea vi-
sam contribuir para a formação do aluno, que busca se formar e atuar com os
professores de História nos Ensinos Fundamental e Médio de forma crítica e
re�exiva acerca dos processos históricos pertinentes aos saberes exigidos no
Ensino Básico.
Com base nesse objetivo maior, a formação integral do aluno/professor, a dis-
ciplina visa proporcionar ao futuro pro�ssional docente a compreensão dos
períodos históricos abordados nas discussões, sendo eles a História Moderna
e a História Contemporânea, bem como capacitá-lo no conhecimento perti-
nente às correntes historiográ�cas que in�uenciam a construção do conheci-
mento histórico dos períodos.
Além disso, a disciplina se pauta pelos princípios da pesquisa como estratégia
educativa e da formação para o entendimento das demandas educacionais da
atualidade, de modo a formar pro�ssionais comprometidos em seus processos
de auto(trans)formação, da produção acadêmica para a mudança da realidade
e da constituição das identidades e capacidades propositiva, investigativa e
criativa.
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
Por �m, os estudos desta disciplina objetivam contribuir para a formação de
um professor pesquisador da própria prática, agente critico-re�exivo que seja
capaz de constante avaliação crítica a respeito de suas ações.
2. Informações da Disciplina
Ementa
A disciplina de História: Moderna e Contemporânea aborda os aspectos gerais
dos períodos denominados historiogra�camente de Moderno e de
Contemporâneo. Na Idade Moderna, seu foco está alicerçado na discussão
acerca da transição do feudalismo para o capitalismo e nos aspectos historio-
grá�cos pertinentes ao Renascimento Cultural e ao humanismo, na análise
sobre o surgimento dos Estados nacionais, a expansão marítima europeia, a
Reforma Religiosa e a Contrarreforma. No âmbito sociopolítico-econômico do
período Moderno, aborda o sistema mercantilista, o Estado absolutista, o pen-
samento Iluminista e seus enraizamentos. Já no conjunto da História
Moderna em sua transição para a Idade Contemporânea, buscamos compre-
ender os princípios da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. Com as
discussões voltadas à modernidade ocidental e aos processos revolucionários
que colocaram em xeque o Antigo Regime, serão estudadas a Revolução
Francesa e a Revolução Industrial na conformação da sociedade liberal, do
ambiente oitocentista até os novos mecanismos de representação política e de
controle econômico. Serão abordadas as narrativas em relação ao �nal do sé-
culo 19 e do século 20, a análise da relação entre cultura e civilização, memó-
ria e movimentos identitários no século 20, da mesma maneira que serão ana-
lisadas as guerras e as revoluções pertinentes ao século 20, bem como o fas-
cismo e o nazismo, as experiências socialistas, a descolonização e o �m do so-
cialismo, a estetização da política, as técnicas e tecnologias. Serão analisados,
ainda, o neoliberalismo, a globalização e o terrorismo.
Objetivos Gerais
• Compreender as características contextuais, factuais e historiográ�cas, a
partir do século 16, na Idade Moderna e seus desdobramentos e con-
sequências mais pertinentes até a Idade Contemporânea, já nos séculos
19 e 20.
• Conhecer as principais discussões historiográ�cas da História
Contemporânea, no século 19 e 20, além dos principais fatos e as análises
historiográ�cas da modernidade.
• Aplicar os conceitos historiográ�cos estudados em análises pertinentes
aos períodos estudados.
• Compreender as transformações levadas a cabo durante a Idade Moderna
e que foram signi�cativas para o estabelecimento da Idade
Contemporânea.
• Compreender as transformações pertinentes à Idade Contemporânea, su-
as principais características e doutrinas.
• Conhecer as doutrinas nascidas no século 19 e que se propagaram no sé-
culo 20.
Objetivos Especí�cos
• Conhecer os fatos históricos que marcam a Idade Moderna, com seus
avanços tecnológicos, cientí�cos, políticos e econômicos, bem como as
características contextuais e historiográ�cas pertinentes aos séculos de
16 a 18.
• Analisar as rupturas e permanências que caracterizam a Idade Moderna.
• Conhecer os fatos históricos que marcam a Idade Contemporânea, com
seus avanços tecnológicos, cientí�cos, políticos e econômicos, bem como
as características contextuais e historiográ�cas pertinentes aos séculos
19 e 20.
• Compreender as transformações levadas a cabo durante a Idade Moderna
e que ainda possuem raízes na contemporaneidade.
 (https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-
gp0019-fev-2022-grad-ead-p/)
Prática Pedagógica 
Olá! Seja bem-vindo(a) ao ambiente de orientação da Prática Pedagógica de
História: Moderna e Contemporânea. Aqui, você encontrará as informações
necessárias para a construção e o desenvolvimento da proposta de prática.
É importante ressaltar que a Prática Pedagógica é parte fundamental de seu
curso, pois visa à formação docente conforme de�nição da BNC - Educação
Básica, constituindo-se como estratégia para aprimorar as aprendizagens es-
senciais para a atuação docente, relacionadas aos aspectos intelectual, físico,
cultural, social e emocional, a partir da vivência do cotidiano escolar e da inte-
ração teoria e prática.
 Para ler a íntegra dessa recente legislação, conhecida como BNC-Formação, clique aqui
(https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779).
Em conformidade com esse princípio e a legislação vigente, foram estabeleci-
dos alguns requisitos ao desenvolvimento da Prática Pedagógica, os quais se-
rão importantes para garantir o efetivo cumprimento desse componente curri-
cular:
1. Inicialmente, deverá ser efetivado o ajuste formal entre o Claretiano -
Centro Universitário (instituição formadora) e a escola parceira ou conve-
niada, com preferência para as instituições de ensino públicas.
2. A realização da Prática Pedagógica deverá ser acompanhada pelo profes-
sor/tutor do Claretiano e por um professor experiente da escola onde o es-
tudante a desenvolve, com vistas à integração entre o curso e o campo de
atuação.
3. A Prática Pedagógica estará presente em todo o percurso formativo do es-
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
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https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
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https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2492&action=edit
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-2-de-20-de-dezembro-de-2019-234967779
tudante, com a participação da equipe docente do curso, devendo ser de-
senvolvida em uma progressão que, partindo da familiarização inicial
com a atividade docente, conduza, de modo harmônico e coerente, no
qual a prática deverá ser engajada e incluir a mobilização, a integração e
a aplicação do que foi aprendido nas disciplinas, bem como deve estar
voltada à resolução dos problemas e das di�culdades vivenciadas.
4. Os relatórios elaborados pelo estudante durante o desenvolvimento da
Prática Pedagógica deverão ser enviados no Portfólio da disciplina, com-
pilando as evidências das aprendizagens requeridas para a atuação do-
cente.
1. Como desenvolver a Prática Pedagógica?
O desenvolvimento da Prática Pedagógica pressupõe atividades presenciais e
virtuais incluindo visitas e observação de ambientes escolares, protocolo de
documentos, além do envio de relatórios na ferramenta Portfólio da Sala de
Aula Virtual.
A Prática Pedagógica será desenvolvida ao longo de todo o semestre letivo, di-
vidida em etapas, com dois momentos de entrega de relatórios, indicados no
cronograma da disciplina e descritos no material didático. As etapas compre-
endem a seguinte sequência:
1. Identi�cação.
2. Caracterização.
3. Observação.
4. Planejamento.
5. Aplicação.
6. Relatório Final.
Para ter acesso a descrição das etapas do desenvolvimento da Prática Pedagógica desta disciplina, con-
sulte os Ciclos 2 e 4 nas ferramentas Plano de Ensino e Portfólio.
Todo o acompanhamento da realização da Prática Pedagógica �cará a cargo
do professor/tutor a distância, que fará a orientação de todas as etapas e a va-
lidação dos documentos, sempre supervisionado pelo professor responsável
da disciplina.
A Prática Pedagógica é parte integrante do Sistema de Avaliação da Aprendizagem da dis-
ciplina. Para cada uma das etapas de realização, haverá uma pontuação especí�ca, totali-
zando 13 pontos, caso você obtenha o desempenho máximo.
A carga horária da Prática Pedagógica será de 100h, distribuídas nas etapas que a com-
põem.
2. Etapas de desenvolvimento da Prática
Pedagógica
Portfólio 1
Atividade
Horas Totais
Atribuídas
20h
Nota
Etapa 1
Planejamento e orga-
nização da Prática
Pedagógica.
5h
3.0 pontos
Etapa 2
Contextualização da
Prática Pedagógica.
15h
Portfólio 2
Atividade
Horas Totais
Atribuídas
80h
Nota
Etapa 3
Observação de ambi-
entes e situações de
aprendizagem - aula.
15h
10 pontos (3.0 pontos
dedicados à
Fundamentação
Teórica)
Etapa 4
Elaboração do plano
de aula ou da sequên-
cia didática.
20h
Etapa 5
Desenvolvimento da
prática (regência)
25h
Etapa 6
Elaboração e entrega
do relatório crítico-
re�exivo.
20h
3. Ofícios e Documentos
Nas diferentes etapas da Prática Pedagógica, será necessária a geração, preen-
chimento e assinatura de diferentes documentos obrigatórios disponíveis na
SAV (ferramenta Material). Veja quais são eles:
• Pedido de Autorização para Prática Pedagógica de Estudante (download)
(https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-
p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc): docu-
mento o�cial, de caráter pessoal e intransferível, por meio do qual o aluno
faz a solicitação e a emissão do documento, submetendo-o à assinatura
da instituição conveniada.
• Termo de Compromisso para Práticas Pedagógicas (download)
(https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-
p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/TerComPraPed.docx): documento
o�cial, de caráter pessoal e intransferível, por meio do qual o aluno faz a
solicitação e a emissão do documento, submetendo-o à assinatura da ins-
tituição conveniada, de modo a convencionar entre as partes o que caberá
a cada uma delas durante a realização da Prática Pedagógica.
• Declaração de Comprovação de Prática Pedagógica (download)
(https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-
p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/DecComPraPed.docx): documen-
to o�cial, de caráter pessoal e intransferível, por meio do qual o aluno faz
https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
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https://md.claretiano.edu.br/hisartprehiscon-gp0041-fev-2022-grad-ead-p/wp-content/uploads/sites/17/2020/12/PedAutPraPedEst-1.doc
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a solicitação e emissão do documento, submetendo-o à assinatura do pro-
fessor/supervisor responsável da escola onde ele desenvolve sua Prática
Pedagógica.
Importante:
Caso você realize a Prática Pedagógica de mais de uma disciplina em uma mesma escola, o Pedido de
Autorização para Prática Pedagógica de Estudante e o Termo de Compromisso para Práticas Pedagógicas
poderão ser únicos. Lembre-se, apenas, de sempre enviá-los nos respectivos Portfólios de cada disciplina.
4. Sistema Avaliativo
As disciplinas com carga horária de Prática Pedagógica terão uma estrutura
avaliativa diferente das demais, com atividades que serão desenvolvidas pre-
sencialmente em ambientes escolares, em etapas que deverão ser cumpridas
de acordo com o cronograma da disciplina.
Além das atividades direcionadas à Prática Pedagógica, a disciplina terá co-
mo instrumentos avaliativos: Fórum de Abertura, Questões Online e Avaliação
Semestral Interdisciplinar (ASI).
No quadro a seguir, veja como está estruturado todo o sistema avaliativo das
disciplinas nessa modalidade:
Instrumento Composição Aplicação Ciclo
Valor/pon-
tos
 
 
 
 
Questões
Online
2 questões re-
ferentes a cada
ciclo de apren-
dizagem
SAV Todos
2,0
(0,40 por ci-
clo)
Fórum de
Abertura
 
Interatividade SAV
 
1º
 
2,0
 
NOTA
1
Portfólio 1
 
1ª e 2ª etapas
da atividade SAV
 
2º
 
3,0
Avaliação
Semestral
Interdisciplinar
(ASI)
Prova interdis-
ciplinar objeti-
va, formada
por 6 questões
de múltipla es-
colha, que con-
templam os
conteúdos e as
competências
de todas as
disciplinas do
semestre letivo
em um único
instrumento de
avaliação
Aplicada
de modo
online,
com aces-
so na SAV.
Todos 3,0
 
NOTA
2
Portfólio 2
Relatório �nal
Relatório Final
das Práticas
Pedagógicas
desenvolvidas
e documenta-
ção comproba-
tória
SAV
 
4º
 
10,00
5. Aprovação/Validação da Prática
A aprovação da Prática Pedagógica estará atrelada ao atendimento dos objeti-
vos propostos. A não realização da atividade proposta gerará dependência da
disciplina.
 (https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-
gp0019-fev-2022-grad-ead-p/)
Ciclo 1 – Crise do Feudalismo e as Reformas da Idade
Moderna 
Leandro Salman Torelli
Reginaldo de Oliveira Pereira 
Objetivos
• Conhecer processo que colocou �m ao sistema feudal e deu início ao
pré-capitalismo.
• Compreender os movimentos de reforma da Idade Moderna.
Conteúdos
• Transição do feudalismo para o capitalismo e os aspectos historiográ�-
cos.
• Renascimento Cultural e o humanismo.
• Surgimento dos Estados Nacionais.
• Expansão marítima europeia.
• Reforma Religiosa e Contrareforma.
Problematização
Como se deu o processo histórico que marcou o �nal do sistema feudal e ini-
cio do pré-capitalismo? Quais mudanças paradigmáticas marcam a Idade
Moderna? Como essas mudanças podem ser compreendidas ainda hoje?
1. Introdução
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/
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https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit
https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit
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https://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2307&action=edithttps://md.claretiano.edu.br/hismodcon-gp0019-fev-2022-grad-ead-p/wp-admin/post.php?post=2307&action=edit
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Neste primeiro ciclo de aprendizagem, trataremos da transição do feudalismo
para o capitalismo e dos aspectos historiográ�cos, os processos que desenca-
dearam e caracterizam o Renascimento Cultural e o humanismo. Ainda estu-
daremos o surgimento dos Estados Nacionais e como eles contribuíram para
impulsionar a expansão marítima europeia.
De acordo com Torelli e Pereira:
O longo processo que resultou na falência do mundo Feudal e na organização do
Capitalismo enquanto sistema econômico-social foi um tema de profundo interes-
se para a historiogra�a ocidental marxista, especialmente a inglesa, durante parte
das décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial, constituindo-se como um ver-
dadeiro debate teórico (TORELLI; PEREIRA, 2013, p. 37).
Estudando essa questão, buscaremos compreender,
os aspectos fundamentais da transição do Feudalismo para o Capitalismo. Além
dos elementos econômicos, este momento da história mundial também foi marca-
do por alterações culturais que nasciam no seio da sociedade europeia. (TORELLI;
PEREIRA, 2013, p. 38).
Nesse conjunto, trataremos do Renascimento Cultural com o seguinte objetivo:
apresentar algumas características que compõem o movimento cultural conhecido
como Renascimento, um daqueles momentos em que o relógio do tempo histórico
parece ter acelerado. Seus contemporâneos e protagonistas colocavam-se justa-
mente nessa posição, como vanguardas de um novo modo de ver e pensar o mun-
do.
Os próprios renascentistas defendiam que estavam rompendo com um momento
histórico de mil anos, a "Era de Trevas", a Idade Média, entre a civilização greco-
romana e o chamado Renascimento (TORELLI; PEREIRA, 2013, p. 67).
Vamos lá e bons estudos!
2. Transição do feudalismo para o capitalismo
e os aspectos historiográ�cos
No início dos nossos estudos Torelli e Pereira debatem historiogra�camente
acerca da transição do feudalismo para o capitalismo, apontando e expondo
as principais correntes historiográ�cas acerca da temática. Para isso será
apresentada a análise da compreensão do longo processo que resultou na de-
cadência do feudalismo e na organização do capitalismo como modelo e siste-
ma econômico da sociedade ocidental.
Debate historiográ�co sobre a transição do Feudalismo pa-
ra o capitalismo
Em 1946, foi publicado o livro Studies in the Development of Capitalism (em
português: A evolução do capitalismo), escrito pelo economista e historiador
inglês Maurice Dobb. Esse trabalho, de caráter marxista, pretendia dar conta
do processo de surgimento, consolidação, expansão e decadência do modo de
produção Capitalista.
É importante ressaltar que, para os marxistas daquela época, o mundo vivia
um processo de transição do Capitalismo para o Socialismo e, por isso, consi-
deravam evidente que o modo de produção Capitalista estava decadente.
Por esse motivo, o aspecto que mais chamou a atenção dos historiadores mar-
xistas na obra de Dobb foi a temática da transição do modo de produção
Feudal ao Capitalista. Se estávamos no momento da transição do Capitalismo
para o Socialismo, nada melhor do que conhecer a transição anterior para in-
terferir nesse processo, isto é, do Feudalismo para o Capitalismo. Por conta
disso que esta concepção de transição Feudo-capitalista corresponde a uma
maneira marxista de se conceber a passagem da Idade Média para a Idade
Moderna.
O livro de Dobb surgiu com uma nova ótica sobre esse processo de transição
do Feudalismo para o Capitalismo, pois, até então, a ideia fundamental que se
concretizava sobre a dissolução do Sistema Feudal e a ascensão do
Capitalismo a�rmava que havia sido o processo de expansão comercial da
Europa (entre os séculos 11 e 14) que permitira a entrada de recursos monetári-
os, resultando, assim, na solvência das relações Feudais. O historiador que
melhor defendeu essa tese foi o belga Henry Pirenne, para quem:
Nossas fontes, por de�cientes que sejam, não nos permitem duvidar de que o capi-
talismo se �rmou desde o século XII. Indiscutivelmente, o comércio a longa distân-
cia produziu desde então fortunas consideráveis [...]. O espírito que os anima é, em
toda força da expressão, o dos capitalistas de todos os tempos (PIRENNE, 1968, p.
168).
Para Pirenne (1968), o Feudalismo foi destruído por um agente externo, ou seja,
o Sistema Feudal não tinha, em sua dinâmica interna, agentes que pudessem
destruí-lo, já que, fechado em si mesmo, não produziria contradições su�cien-
tes para sua desestruturação completa.
Entretanto, o trabalho de Dobb apareceu dizendo o contrário. Vejamos quais
foram os passos de seu raciocínio para podermos discutir as raízes das críti-
cas que sofreria posteriormente.
Na concepção de Dobb, as de�nições que tratavam o Feudalismo como uma
economia natural ou como um modelo jurídico de relações feudo-vassálicas
eram insu�cientes, pois não trabalhavam o aspecto primordial que o de�nia,
como um modo de produção: as relações de servidão. Em seu lugar, Dobb
(1983, p. 27) propunha uma nova descrição de Feudalismo, que se resume des-
ta maneira:
[...] a ênfase dessa de�nição estará baseada não na relação jurídica entre vassalo e
suserano, nem na relação entre produção e destinação do produto, mas na relação
entre o produtor direto (seja ele artesão em alguma o�cina ou camponês cultivador
de terra) e seu superior imediato, ou senhor, e no teor sócio-econômico da obriga-
ção que os liga entre si. (...) tal de�nição caracterizará o feudalismo primordialmen-
te como um ‘modo de produção’ e isso formará a essência de nossa de�nição. Como
tal, será virtualmente idêntica ao que em geral entendemos por servidão: uma obri-
gação imposta ao produtor pela força, e independentemente de sua vontade, para
satisfazer certas exigências econômicas de um senhor, quer tais exigências tomem
a forma de serviços a prestar ou de taxas a pagar em dinheiro ou em espécie. [...]
Essa força coercitiva pode ser a militar, possuída pelo superior feudal, a do costume
apoiado por algum tipo de procedimento jurídico, ou a força da lei.
Dobb de�ne o Feudalismo na relação entre senhor e servo, ou seja, no campo
da luta de classes. Para ele, é nessa tensão social que se desenvolvem os prin-
cipais mecanismos de transformações que o Sistema Feudal passará e que
permitirá o avanço do Capitalismo.
No entanto, Dobb tratou de questionar a tese de Pirenne e seus seguidores,
mostrando que o Renascimento comercial da Europa ocidental, a partir do sé-
culo 11 até meados do século 14, não foi um elemento su�ciente para a desarti-
culação do Feudalismo como sustentavam.
Com base em um esboço de fontes não documentais, o autor argumentou que:
1. as obrigações feudais sobre os servos foram sumindo, inicialmente, nas
partes economicamente mais atrasadas da Europa ocidental;
2. em várias partes do continente, houve um recrudescimento do
Feudalismo, inclusive com produção voltada para o mercado de longa
distância;
3. o crescimento do assalariamento e do arrendamento de terras na
Inglaterra, por exemplo, não correspondeu a um aumento comercial;
4. não havia relação entre expansão do mercado e �m da servidão (que para
ele é a mesma coisa que Feudalismo), demonstrando, por meio de exem-
plos, que houve um agravamento da servidão em vários contextos de ex-
pansão comercial.
Dessa forma, considerando que o comércio medieval não é su�ciente para ex-
plicar a crise �nal do Feudalismo, Dobb propõe que se olhe, à luz de Marx, a
crise interna das relações de produção. Em outras palavras, a explicação para
a decadência feudal estaria na relação de dominação do senhor sobre o servo
e não em qualquer outro elemento social.
A ine�ciência do Feudalismo como sistema produtivo,associada às necessi-
dades crescentes de renda por parte dos senhores feudais, foi o fator funda-
mental de crise e declínio do modo de produção feudal. O aumento da pressão
para extração de riqueza junto à camada servil foi fator fundamental de disso-
lução do Feudalismo. Por isso, explica Dobb (1983, p. 32):
A fonte da qual a classe dominante extraía sua renda, e a única a partir da qual tal
renda podia ser aumentada, era o tempo de trabalho excedente da classe servil,
além daquele que se fazia necessário para prover à própria subsistência da última.
Com o estado baixo e estacionário da produtividade de trabalho nessa época, pouca
margem restava para que esse produto excedente pudesse ser aumentado, e qual-
quer tentativa de fazê-lo seria certamente à custa do tempo dedicado pelo produtor
ao cultivo de sua própria e modesta terra, levando logo a sobrecarregar sua força
além dos limites humanos, ou então a reduzir sua subsistência abaixo do nível de
uma simples existência animal. Que tal sucedesse assim não impedia, é claro, que
fosse imposta a pressão para obter um excedente maior; mas o resultado eventual
para o conjunto do sistema continuava desastroso, pois no �m levou à exaustão, ou
ao desaparecimento real da força de trabalho da qual o sistema se nutria.
Esse aumento de pressão sobre os servos tinha uma relação com o comércio,
pois os senhores feudais passaram a ter a necessidade de comprar produtos
de luxo para manter o seu status social. Entretanto, na concepção de Dobb, o
fator fundamental não era o incremento mercantil e a alteração de padrões de
comportamento da nobreza, mas sim a reação das classes subalternas ao au-
mento da exploração servil, pois:
[...] o resultado dessa pressão maior foi não só exaurir a galinha que punha ovos de
ouro para o castelo, mas provocar, pelo desespero, um movimento de emigração ile-
gal das propriedades senhoriais: uma deserção em massa por parte dos produtores,
que estava destinada a retirar do sistema seu sangue vital e a provocar a série de
crises nas quais a economia feudal se acharia mergulhada nos séculos XIV e XV
(DOBB, 1983, p. 34).
Portanto, o Sistema Feudal dissolveu-se primordialmente em virtude da luta
de classes. O aumento da pressão senhorial para a extração de maiores rendas
com os servos resultou no movimento de fuga generalizada dos campos e nas
revoltas populares, obrigando, em alguns casos, que senhores retomassem as
antigas relações de trabalho. Em outras oportunidades, a nobreza buscou solu-
ções diversas para a falta de mão de obra em suas terras, como o arrendamen-
to de terras para os camponeses que estavam voltados para o mercado
utilizando-se delas para produzir.
Esse foi o início de uma relação capitalista que, lentamente, foi ocupando es-
paço na produção agrícola e na produção artesanal urbana.
As teses de Dobb trouxeram outros historiadores, especialmente marxistas,
para a re�exão sobre a questão da transição do Feudalismo para o
Capitalismo.
Paul Sweezy, economista e historiador norte-americano, foi o primeiro a se co-
locar publicamente em oposição às teses de Dobb. Na revista norte-americana
Science and Society, Sweezy publicou o artigo “Uma crítica”, que, mais tarde,
seria respondido por Dobb em “Uma Réplica”, veiculado pela mesma revista
em 1950.
Em seguida, outros historiadores começaram a participar das discussões. O ja-
ponês Kohachiro Takahashi, os ingleses Rodney Hilton e Christopher Hill, o
francês Georges Lefebvre, o italiano Giuliano Procacci e, mais tarde, Eric
Hobsbawm, Pierre Vilar, Albert Souboul, Trevor-Roper e John Merrington.
Vamos focar nossos estudos na argumentação de Sweezy, que sintetizou mui-
tas outras posições sobre esse tema. A discussão de Sweezy foi uma retomada
das posições que Pirenne construiu ainda na década de 1930. O principal mé-
rito da contribuição de Sweezy foi a sua capacidade de problematizar a rela-
ção proposta por Dobb entre Feudalismo e servidão, que identi�camos anteri-
ormente.
Vejamos as palavras de Sweezy (1977, p. 32) sobre o tema:
Parece-me que esta de�nição é falha, ao não identi�car um sistema de produção.
Alguma forma de servidão pode existir em sistemas que nada têm de feudal; e
mesmo como relação dominante de produção, a servidão tem estado associada
com diferentes formas de organização econômica em diferentes épocas e em dife-
rentes regiões. [...] Segue-se daí, penso eu, que o conceito de feudalismo segundo
Dobb é demasiadamente genérico para ser aplicável diretamente ao estudo de uma
região determinada num período determinado. Ou, em outras palavras, o que Dobb
está de�nindo não é em verdade um sistema social, mas uma família de sistemas
sociais, todos baseados na servidão.
O Sistema Feudal é algo que vai além da servidão, uma vez que de�ne uma sé-
rie de sistemas sociais que têm alguma base produtiva na servidão. Nas cita-
ções seguintes, Sweezy (1977, p. 34-35) a�rma que o Feudalismo “pode ser de�-
nido como um sistema econômico no qual a servidão é a relação de produção
predominante, e em que a produção se organiza no interior e ao redor da pro-
priedade senhorial”. Além disso, “o que está implícito é que os mercados na
maioria são locais, e que o comércio a longa distância, ainda que não necessa-
riamente ausente, não desempenha papel decisivo nos objetivos ou métodos
de produção”. Assim, “a característica básica do Feudalismo, neste sentido, é
tratar-se de um sistema de produção para uso”.
Além de criticar a de�nição de Feudalismo de Dobb, Sweezy pretendia ir mais
longe e criticar a própria ideia de dissolução do Sistema Feudal proposta pelo
historiador inglês. Sweezy apresentou argumentos em oposição às teses de
Dobb e aproximou-se daquela visão defendida por Pirenne à qual nos referi-
mos no início deste tópico. Para o historiador norte-americano, o comércio foi
a força criadora que gerou um sistema de produção para a troca, coexistindo
com o Sistema Feudal, notadamente voltado para a economia natural.
Desse modo, esses dois sistemas começaram a se in�uenciar reciprocamente.
Na visão de Sweezy, o Feudalismo da Europa ocidental foi caracterizado por
uma forte tendência a manter seus métodos e suas relações de produção. Isso
permitiu que o fator fundamental de dissolução do Sistema Feudal tenha vin-
do de um elemento exterior ao próprio sistema, que era o comércio.
Para Sweezy, o comércio possibilitou o desenvolvimento das cidades e das pri-
meiras manufaturas, provocou a fuga dos servos para as cidades e permitiu
que, a longo prazo, a coexistência entre Feudalismo e sistema de produção pa-
ra a troca não pudesse continuar, fatos que acabaram liquidando o Feudalismo
na Europa ocidental.
Sweezy sabia que aquele comércio, que surgiu entre os séculos 11 e 14 na
Europa, não era capitalista, uma vez que o capital mercantil propriamente ca-
pitalista era muito mais complexo e organizado. Contudo, garante Sweezy
(1977, p. 51):
Estamos certos, penso eu, em concluir que, se bem a produção pré-capitalista de
mercadorias não fosse nem feudal nem capitalista, tampouco era um sistema autô-
nomo viável. Era bastante forte para minar e desintegrar o feudalismo, mas fraco
demais para desenvolver uma estrutura independente própria: tudo o que poderia
realizar de positivo era preparar o terreno para o avanço vitorioso do capitalismo
nos séculos XVII e XVIII.
Dessa forma, Sweezy concluiu que o sistema social Feudal foi desmantelado
pelo desenvolvimento do comércio e da produção voltados para o mercado,
que se tornou irresistível ao sistema anterior. Além disso, nos séculos 15 e 16
não existiria mais o Feudalismo (como supunha Dobb), mas sim uma produ-
ção comercial pré-capitalista, que não era feudal mas também não era capita-
lista.
Dobb, em sua réplica, rea�rmou os princípios fundamentais de seu livro e
acrescentou uma crítica radical às posições de Sweezy. Ele procurou demons-
trar que, do ponto de vista teórico marxista, o autor norte-americano estaria
cometendo um “erro grosseiro”quando negou o materialismo dialético, a�r-
mando que a destruição do Sistema Feudal veio de um elemento externo a ele.
Essa negação se tornaria ainda mais clara, quando Sweezy a�rmou que o
Feudalismo se constituía em uma formação histórica inerte, incapaz de gerar
con�itos internos ao sistema.
Dobb concluiu que negar que o Feudalismo tenha fatores de mudança em si
mesmo é admitir uma exceção à lei geral do Marxismo, segundo a qual a soci-
edade é colocada em movimento por suas contradições internas.
Além da questão da transição do Feudalismo para o Capitalismo em si, o que
estava em jogo era um debate de caráter teórico, vinculado ao pensamento
marxista, que defendia um processo de revolução social para derrubar o
Capitalismo, algo que nenhum dos debatedores duvidava que estivesse prestes
a acontecer.
Alguns autores procuravam um ponto em comum entre as duas posições, ou-
tros defendiam claramente uma delas, como foram os casos dos historiadores
ingleses Rodney Hilton e Christopher Hill, que saíram em defesa da tese de
Dobb. No entanto, esse debate, que perdurou pelas três décadas seguintes à pu-
blicação de Studies, teve nas posições de Dobb e Sweezy   suas teses funda-
mentais. Vamos a elas:
Tese de Sweezy
Para este autor, o fator fundamental de dissolução do Feudalismo, que permi-
tiu a ascensão do Capitalismo, foi a expansão comercial ocorrida entre os sé-
culos 11 e 14, ou seja, um elemento externo ao Sistema Feudal – que não tinha
o comércio como uma formulação de organização econômica típica – e inca-
paz de criar condições internas de uma contradição que dissolvesse o próprio
sistema.
Essa ampliação do comércio a longa distância teria impulsionado o cresci-
mento da produção para troca, criando um antagonismo fundamental com o
princípio feudal de produção para uso.
Tese de Dobb
O fator fundamental de destruição do Sistema Feudal foi a pressão senhorial
sobre os camponeses, na medida em que os senhores necessitavam de maio-
res rendas. Isto é, a desestruturação do Feudalismo foi resultado da exploração
excessiva dos servos e dos con�itos de classes provocados por esta atitude.
As próprias contradições internas do sistema geraram a fuga generalizada dos
campos e produziram as revoltas populares, que, aliadas a outros fatores de
menor importância (como os aspectos demográ�cos e comerciais), levaram à
lenta dissolução do Feudalismo no Ocidente, permitindo o surgimento do
Capitalismo.
Já que foram expostas as visões historiográ�cas fundamentais, iremos obser-
var os movimentos históricos com o objetivo de permitir a você o conheci-
mento necessário para se posicionar diante do debate.
3. Desenvolvimento econômico do Feudalismo
e surgimento do pré-capitalismo
A primeira pergunta que devemos responder para entender o desenvolvimen-
to e a posterior decadência do Feudalismo é: do ponto de vista econômico-
social, o que era o Feudalismo?
Seguindo os passos do historiador marxista inglês Perry Anderson (1994), po-
demos dizer que o modo de produção feudal, que surgiu na Europa Ocidental
entre os séculos 9 e 10 da era cristã, foi caracterizado por uma unidade com-
plexa. Foi regido pela terra e por uma economia natural, na qual nem o traba-
lho nem os produtos do trabalho eram bens como consideramos no Sistema
Capitalista.
O produtor imediato, que seria o camponês, estava unido ao meio de produção,
a terra, por uma especí�ca relação social. A fórmula literal desse relaciona-
mento era proporcionada pela de�nição legal da servidão: os servos estavam
presos à terra. Os camponeses que ocupavam e cultivavam a terra não eram
seus proprietários. A propriedade agrícola era controlada, privadamente, por
uma classe de senhores feudais, que extraíam um excedente de produção dos
camponeses por meio de uma relação político-legal de coação (Cf. ANDERSON,
1994).
Essa repressão extra-econômica era exercida tanto na terra senhorial direta-
mente ligada à pessoa do senhor, como nas faixas pequenas de arrendamento,
cultivadas pelos camponeses. Seu efeito foi uma soma de exploração econô-
mica e de autoridade política do senhor sobre os camponeses servos.
Assim, podemos a�rmar que as características típicas do Sistema Feudal são
as seguintes:
• Economicamente, destaca-se a produção autossu�ciente e a baixa produ-
tividade.
• Juridicamente, tem uma posição dominante da nobreza e as relações de
vassalagem.
• Politicamente, há o enfraquecimento do poder central, gerando formas de
poder local.
O Sistema Feudal baseava-se na exploração da propriedade rural, chamada
domínio ou senhorio. Havia três tipos de posse de terra: privada, na reserva;
coletiva, nos pastos e bosques; e copropriedade, no manso servil. O regime de
trabalho servil tinha como base as obrigações costumeiras devidas pelo servo
ao senhor. Segundo Hilário Franco Júnior (1986), as principais obrigações ser-
vis eram:
• Corveia (três dias de trabalho por semana no domínio, que eram as terras
do senhor).
• Redevances (as retribuições pagas em produtos ou dinheiro como as se-
guintes: capitação, censo, talha, banalidades, taxas da justiça, taxas de ca-
samento, mão morta).
• Tostão de Pedro ou dízimo, cobrado pela Igreja.
Dessa forma, o camponês estava sujeito à jurisdição de seu senhor. Ao mesmo
tempo, os direitos de propriedade do senhor sobre sua terra eram geralmente
apenas de grau: o senhor era investido neles por um nobre (superior), a quem
passaria a dever serviços de cavaleiro (o fornecimento de um efetivo militar
em tempo de guerra). Observe o esquema:
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em outras palavras, suas propriedades eram mantidas como um feudo. O se-
nhor feudal, por sua vez, era vassalo de outro senhor feudal superior (susera-
no), e a cadeia de relações de vassalos e suseranos estendia-se até o topo do
sistema, geralmente ocupado por um rei ou monarca qualquer.
Por conta dessas características, podemos dizer que a sociedade feudal era es-
tamental, isto é, cada um estava preso à sua posição na sociedade; a mobilida-
de era rara. As camadas principais eram o senhor e o servo; o primeiro
de�nia-se pela posse legal da terra e pelo direito de receber obrigações; o se-
gundo, pela posse útil da terra e pela obrigação de realizar pagamentos ao se-
nhor. O tipo de vida geralmente era rude, e mesmo a camada dos senhores não
vivia luxuosamente, embora tivesse alimentação abundante, porém sem re-
quinte. A vida dos servos era miserável em todos os sentidos: casa, roupa, ali-
mentação; só se divertiam nos dias de festas religiosas ou nas colheitas (Cf.
ARRUDA, 1976).
No plano político, o poder era local e as relações entre os homens eram dire-
tas, impostas pelas necessidades de autoproteção. O poder, por ser localizado,
era descentralizado em relação ao rei. A origem de tais relações políticas lo-
cais teve início ainda no mundo romano, com o surgimento de instituições co-
mo a clientela, o patrocínio, a recomendação e as imunidades.
O juramento de �delidade ligava o vassalo ao seu suserano por obrigações re-
cíprocas. Dessa forma, quem prestava homenagem era o vassalo, recebendo o
benefício em troca, da mesma forma que este devia o serviço militar ao suse-
rano para obter proteção.
A consequência desse sistema era que a soberania política nunca estava foca-
da em um único centro. As funções de poder e de governo desagregavam-se
em concessões de feudos, e a cada nível estavam integradas as relações
econômicas e políticas. A descentralização de poder era uma característica
central deste Sistema Feudal.
O Feudalismo na Europa ocidental surgiu no século 9º e 10, expandiu-se du-
rante o século 11 atingindo o auge no �nal do século 12 e início do século 13.
Por volta do século 10, o Feudalismo europeu já havia produzido uma civiliza-
ção uni�cada e desenvolvida, que registrava um enorme avanço em relação às
comunidades rudimentares e fragmentadas da Idade Média entre os séculos
5º e 9º. Especialmente na produção agrícola, o avanço foi extraordinário.
Vejamos agora a questãoseguinte. Proporcionalmente falando, será que a con-
dição de vida de um servo medieval era muito pior do que a de um trabalhador
assalariado pouco quali�cado de hoje?
Naturalmente, pela sua própria organização, era na luta pela terra em que se
localizavam os principais con�itos sociais do Sistema Feudal, de forma que
senhores e camponeses lutaram intensamente pela posse e utilização do úni-
co meio de riqueza concebido por essa sociedade (Cf. ANDERSON, 1994).
A partir dos séculos 12 e 13, pôde se veri�car um aumento sensível da produ-
ção agrícola. Segundo Franco Júnior (1986, p. 50), esse aumento produtivo es-
tava vinculado a diversos aspectos:
A produção cresceu devido a uma maior quantidade de mão-de-obra (incremento
demográ�co) trabalhando sobre uma área maior (desbravamento de �orestas e ter-
renos baldios). Mas também graças a uma maior utilização das técnicas já existen-
tes (sistema trienal, charrua, força motriz animal) e a difusão de outras (adubo mi-
neral, moinho de água, moinho de vento). Por isso, acredita-se que a agricultura
medieval tenha atingido desde o �m do século XIII um nível técnico médio equiva-
lente àquele do início do século XVIII.
Essa melhoria na produção e seu consequente aumento permitiram o cresci-
mento das relações comerciais, especialmente o comércio de longa distância.
De fato, com base nesse contexto, podemos dizer que o Feudalismo dava seus
primeiros sinais de esgotamento. Segundo Arruda (1996, p. 11):
[...] a razão básica da crise do sistema feudal era o descompasso entre as necessida-
des crescentes da camada dominante, a nobreza feudal, e a estrutura produtiva, as-
sentada no trabalho servil. O crescimento demográ�co ampliava o número de se-
nhores, parcela não produtiva da sociedade, pois viviam das contribuições dos ser-
vos. Em contrapartida, os servos não tinham interesse no aumento da produção,
pois o trabalho agrícola era coletivo, sem especialização, contribuindo para a estag-
nação das técnicas de cultivo.
Para aumentar seus rendimentos, os senhores feudais aumentaram as pres-
sões sobre os servos, e, em decorrência dessa coação senhorial, teve início
uma fuga generalizada das propriedades feudais, assim como vimos anterior-
mente nas teses de Dobb (1983).
A fuga marcou a ruptura das relações servis e o ponto de partida para a mu-
dança global do sistema, pois o declínio das rendas dos senhores obrigou-os a
diminuírem suas despesas, apelando para o deserdamento dos �lhos mais no-
vos, que foram obrigados a sair em busca de terras (feudos) para que pudes-
sem se reintegrar socialmente.
Como lembra Arruda (1996), o processo de exclusão nas camadas dominadas
(servis) e nas camadas dominantes (senhoriais) seria uma das causas que
possibilitaram a formação de um contingente de homens disponíveis para a
realização das Cruzadas. Convocadas pela Igreja e com um profundo sentido
religioso que caracteriza a Idade Média, elas representaram uma válvula de
escape para as tensões sociais; foram, na verdade, a primeira grande expan-
são territorial da Europa depois do recuo ocorrido no período medieval.
De outro ângulo, as Cruzadas foram muito importantes também para o proces-
so de dinamização das atividades mercantis entre a Europa ocidental e o
Oriente, abrindo o Mediterrâneo, que estava fechado pelos muçulmanos desde
o século 8º. Assim, elas permitiram que produtos orientais entrassem em cir-
culação na Europa, sobretudo especiarias, importadas pelas cidades italianas
dos portos do Mediterrâneo oriental. Além disso, o ouro muçulmano permitiu
que as moedas voltassem a circular em território europeu.
Para explorar esse comércio, surgiram grandes companhias mercantis, for-
madas pela associação de comerciantes que investiam capital na compra de
barcos e mercadorias, cujos lucros eram repartidos proporcionalmente.
O medo relativo aos caminhos desconhecidos e também com relação aos mu-
çulmanos foi substituído pelo espírito de risco e pelo desejo de aventura que
pudesse representar lucros efetivos. Dessa forma, surgia uma nova visão de
mundo, menos mística e mais pragmática em busca da riqueza. Diante disso,
Arruda (1996, p. 12) a�rma que:
[...] o impacto da nova realidade econômica foi fulminante. Estimulou muitos se-
nhores a consumirem os novos produtos e, para tanto, eles foram obrigados a au-
mentar suas rendas, produzindo para o mercado consumidor urbano. Por isso, mui-
tos senhores mudaram as relações servis, transformando os servos em homens li-
vres que arrendavam as terras com base numa relação contratual. Dessa forma, o
impacto do desenvolvimento comercial orientou as formas de transformação do
sistema feudal.
O resultado teve consequências globais representadas pelo surgimento de nu-
merosas rotas de comércio que podemos observar no mapa a seguir, na Figura
1. As rotas marítimas e �uviais foram mais importantes, pois as comunica-
ções terrestres signi�cavam riscos elevados, o que aumentava o custo dos
transportes. Destacaram-se, no conjunto, três rotas principais:
1. Mediterrâneo: ligava as cidades italianas (Pisa, Florença, Veneza,
Gênova) à Constantinopla e aos portos do litoral oriental desse mar.
2. Champagne: ligava a Itália a Flandres (atual Holanda), de onde partia a
rota do Mar do Norte.
3. Mar do Norte: abrangia o comércio da Inglaterra, das regiões do Mar do
Norte e Báltico, atingindo as comunidades russas além do rio Dnieper e a
cidade de Constantinopla.
Fonte: Sevcenko (1994. p. 6).
Figura 1 Mapa das rotas comerciais Atlântico-Mediterrânicas, séculos 14 e 15.
Formou-se, assim, um grande circuito mercantil, que tendia a se expandir com
rotas secundárias subordinadas às três rotas principais. No cruzamento das
rotas, os comerciantes paravam para trocar, comprar e vender seus produtos.
Eram as chamadas feiras, que, pouco a pouco, perderam o seu caráter tempo-
rário, prolongando-se, estabilizando-se e acabando por se transformarem em
centros permanentes de trocas internacionais: as cidades mercantis.
Buscando mecanismos de proteção contra saqueadores e ladrões de diversas
espécies, os comerciantes buscaram proteção no seio do Sistema Feudal, ou
seja, nos castelos forti�cados: os burgos, onde se reuniam os comerciantes ori-
ginários, na sua maioria, das camadas marginalizadas pela crise do Sistema
Feudal. Foi por essa razão que passaram a ser identi�cados como burgueses.
Os burgueses entravam em acordo com os senhores feudais locais, em cujas
terras se localizavam as cidades onde haviam se instalado, adquirindo os di-
reitos necessários ao desenvolvimento de suas atividades mediante pagamen-
tos. Para proteger seus interesses contra comerciantes estrangeiros, eles se or-
ganizavam em associações – as chamadas guildas mercantis – segundo o
Dicionário Houaiss Eletrônico: associação que agrupava, em certos países da
Europa medieval, indivíduos com interesses comuns (negociantes, artesãos,
artistas) e visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros.
Muitos artesãos estabeleceram-se nos centros urbanos e organizaram-se, por
sua vez, em corporações de acordo com suas pro�ssões. As corporações de ar-
tesãos ou artí�ces (as corporações de ofício) evitavam a concorrência externa
e a rivalidade entre os artesãos de uma mesma cidade, regulando a quantida-
de, a qualidade e o preço dos produtos de cada um, bem como adequando a
produção ao ritmo do consumo.
Vejamos como Arruda (1996, p. 13) caracteriza o trabalho dos artesãos:
Os artesãos da mesma pro�ssão concentravam-se na mesma rua. A matéria-prima
e as ferramentas pertenciam ao artesão, um mestre na sua especialidade. Seus �-
lhos, ou algum parente, poderiam auxiliá-lo, recebendo um pagamento e a possibi-
lidade de um dia tornar-se mestre: eram os o�ciais. Até chegarem a esse ponto,
passavam por um estágio de aprendizado do ofício, sendo sustentados pelo mestre,
quando eram chamados aprendizes. Nas cidades maiores, onde a indústria de tece-
lagem da seda ou da lã eram mais desenvolvidas, os mestres contratavam diaris-
tas,que recebiam por uma jornada de trabalho: eram os jornaleiros, antecessores
dos assalariados modernos e que somente se tornariam mais numerosos a partir
do século XVI.
No entanto, acredita-se que esse evento de transformação tão importante, que
é a Revolução Comercial da Idade Média, não pode ser considerado como sol-
vente do Sistema Feudal. Essa expansão comercial é parte interna ao próprio
sistema, não signi�cando a sua dissolução. Rodney Hilton (1977), historiador
inglês, demonstrou que as relações de produção do meio urbano com essa
época eram muito parecidas às do Feudalismo no campo e, mais do que isso, a
própria possibilidade de desenvolvimento das cidades mercantis foi fruto do
aumento das rendas senhoriais em virtude do crescimento da produção agrí-
cola camponesa.
Assim, as raízes da dissolução de�nitiva do Sistema Feudal não se encontrari-
am na Revolução Comercial da Idade Média, entre os séculos 11 e 13, mas sim
no momento crucial do século 14.
4. Inícios da era de transição: começo do capi-
talismo
Passado o desastroso século 14, a economia europeia parecia retomar o ritmo
de crescimento anterior. A população voltou a crescer, a produção também au-
mentou e, com isso, a possibilidade de dinamização do próprio crescimento
populacional. No entanto, a partir de meados do século 15, começaram a surgir
novos obstáculos que di�cultavam a retomada do crescimento. Alguns histori-
adores nomearam esse momento de crise de crescimento.
Seguindo a orientação de Wallerstein (1990), vamos fazer alguns apontamen-
tos do que se tratava a crise de crescimento. Inicialmente, havia a incompati-
bilidade da existência do Feudalismo e do Capitalismo. Grosso modo, podemos
a�rmar que se tratava do choque entre o campo (feudal) e a cidade (capitalis-
ta). Diante disso, surgiram dois problemas centrais:
1. A produção agrícola era inferior ao necessário, em virtude dos padrões
feudais de cultivo que ainda imperavam.
2. A produção artesanal das cidades necessitava da ampliação do mercado
consumidor, algo que não acontecia em virtude da manutenção da ordem
feudal no campo.
Um outro fator da crise de crescimento podia ser encontrado no comércio de
longa distância. Foi com a compra e venda dos produtos orientais que o
Ocidente europeu viu surgir as bases de sua economia mercantil. Entretanto,
os problemas estavam no aumento dos intermediários entre esses produtos e
o consumidor �nal na Europa. Nas palavras de Arruda (1976, p. 427):
[...] o grande número de intermediários fazia crescer os preços dos produtos. E isso
acontecia num momento em que diminuía a capacidade de compra dos senhores
feudais, principais consumidores dos artigos orientais. A transformação do siste-
ma feudal tinha afetado profundamente a nobreza, diminuindo os seus rendimen-
tos.
Um último fator, muito importante, da crise de crescimento era a ausência de
moeda, a escassez de metais preciosos. Findadas as fontes dentro do território
europeu, em virtude de muito ouro do continente ter sido levado para a Ásia
como pagamento das especiarias de lá compradas, aconteceu uma profunda
escassez de numerário na Europa na segunda metade do século 15.
Essa crise possibilitou o surgimento da economia-mundo capitalista, como
a�rma Wallerstein (1990), pois forçou os comerciantes europeus a uma expan-
são geográ�ca, criando métodos novos de controle do trabalho (não mais ser-
vil) e aparelhos de Estado relativamente fortes nos países centrais da
economia-mundo capitalista.
Em outras palavras, a expansão marítima europeia, associada às transforma-
ções sociais nas relações de trabalho e à criação do aparelho estatal resolve-
ram os problemas da crise de crescimento, tais como:
1. Necessidade de maior produção agrícola.
2. Aumento do mercado consumidor para os produtos artesanais.
3. Novas rotas comerciais.
4. Expansão do número de produtos a vender.
5. Aumento do �uxo monetário para irrigar a economia europeia.
Com isso, o século 16 assistiu ao nascimento do Capitalismo comercial.
Assim, como a�rmou Franco Júnior (1986, p. 61):
[...] a própria crise saneou a economia, com o abandono das terras menos produti-
vas, a diminuição populacional, o início da expansão ultramarina europeia. A par-
tir de mais ou menos 1470 já se constatava uma lenta recuperação, variável confor-
me os locais, mais sensível nos setores secundário e terciário do que no primário.
Em suma, o século XIV e a primeira metade do século XV foi uma fase de crise con-
juntural, que provocaria, porém, abalos estruturais. Dela sairia a economia moder-
na.
No conjunto da leitura, observamos que há algumas formas de compreender
esse processo histórico que varia de acordo com o historiador, ou seja, há di-
versas análises historiográ�cas acerca da transição do feudalismo para o ca-
pitalismo, perpassando o pré-capitalismo (ou mercantilismo), e muitas dessas
análises e interpretações são fruto do tempo histórico em que foram produzi-
das e caracterizam o fazer historiográ�co.
Agora, para entender melhor como se dá o processo de transição do feudalis-
mo para o capitalismo, assista ao vídeo a seguir:
 
5. Renascimento cultural e o Humanismo
Agora que compreendemos a transição do feudalismo para o capitalismo, é
necessário conhecer e analisar o Renascimento cultural, as rupturas e perma-
nência que esse momento histórico proporcionou à Europa, as mudanças que
proporcionou no campo das ideias e como esse movimento expandiu as possi-
bilidades de busca do conhecimento, de questionamentos em relação aos dog-
mas impostos pela Igreja Católica. Para isso, veremos o contexto histórico do
Renascimento.
O contexto histórico do Advento do Renascimento
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o Renascimento, é importante lem-
brar o contexto histórico em que esse movimento surgiu, especialmente em
seu berço fundamental, que foi a Península Itálica.
Desde o século 11, especialmente a partir dos séculos 13 e 14, a retomada do
contato comercial da Europa Ocidental com as civilizações ao Oriente permi-
tiu a emergência de cidades-Estado extremamente fortes e desenvolvidas no
norte da Itália.
Essas cidades tinham tamanha importância durante a Baixa Idade Média que,
segundo Perry Anderson (1995), conseguiram impedir a formação de um
Estado uni�cado na Itália aos moldes das monarquias que surgiam pela
Europa durante o esse período.
Como explica Anderson, o fracasso da tentativa de uni�car a Península Itálica
residia:
[...] na decisiva superioridade econômica e social do norte da Itália, que possuía o
dobro da população do sul e a esmagadora maioria dos centros urbanos de produ-
ção comercial e manufatureira (1995, p. 147).
Assim, com um norte mais forte demográ�ca e economicamente e um sul
mais frágil nesses mesmos aspectos, a Península Itálica se dividiu. Mais do
que isso: por sua “fragilidade”, o sul sofreu com as invasões da França e da
Alemanha, e com a intenção imperialista do papado.
Com as pretensões uni�cadoras do sul fragilizadas, a fraqueza do papado e a
incapacidade de suas cidades imporem uma nova ordem política às outras,
assiste-se, ao norte da Península, à formação de cidades independentes com
pujança econômica mais ou menos equivalentes, permitindo a elas tornarem-
se o berço do Renascimento.
Mas por que o Renascimento surgiu na Itália?
Para que você possa conhecer a resposta dessa indagação, é importante que
voltemos ao contexto de expansão econômica dessas cidades-Estado italianas
e compreendamos seu funcionamento.
Observe a Figura 2. Nela podemos visualizar duas repúblicas que foram muito
importantes na época da Renascença: Florença e Veneza. Vemos, ainda, os du-
cados de Módena, Milão e Savoia, que se encontravam na região norte da
Península Itálica. No centro, localizavam-se os Estados Pontifícios e, ao sul, o
Reino de Nápoles.
Fonte: Sevcenko (1994).
Figura 2 Mapa da Itália durante a Renascença.
Como vimos anteriormente, é no norte que se desenvolve a maior parte da cul-
tura urbana e, portanto, renascentista.Segundo Arruda, foi:
[...] a existência de uma economia dinâmica, mercantil, geradora de excedentes que
pudessem ser investidos na produção cultural, a condição fundamental do
Renascimento (1996, p. 30).
Na visão desse autor, a vida econômica e a produção de um excedente de mei-
os materiais in�uenciaram diretamente a evolução do Renascimento. Qual é
sua opinião sobre esse modo de analisar a história?
Os antecedentes do Capitalismo encontraram, na Itália, o mais acentuado grau
de desenvolvimento. A Península Itálica era o centro mais ativo do comércio
do Mar Mediterrâneo ao longo dos séculos 13, 14 e 15.
Os centros urbanos italianos tornaram-se sedes das companhias de comércio
e dos grupos �nanceiros. Era nesses centros que o capital sobrava e buscava
mecanismos de valorização e distinção social para os seus detentores.
Re�itamos agora: será que o movimento renascentista teria condições de nas-
cer em um local que não fosse a Península Itálica?
O desenvolvimento comercial, como já sabemos, trouxe consigo o surgimento
de uma nova classe social: a burguesia. Essa classe teve origem entre diversos
grupos da estrutura social feudal e buscava, essencialmente, o prestígio que a
riqueza podia comprar.
Nesse processo de ascensão social, os burgueses procuraram se ligar à aristo-
cracia, e, para isso, precisaram moldar uma imagem social na qual podiam ser
protagonistas, personagens centrais. Por esse motivo, tornaram-se os princi-
pais �nanciadores da produção artística e intelectual dos renascentistas.
Eram os mecenas. Segundo o Dicionário Houaiss Eletrônico, o mecenas era o
indivíduo rico que protegia artistas, homens de letras ou de ciências, proporci-
onando recursos �nanceiros, ou, ainda, que patrocinava, de modo geral, um
campo do saber ou das artes; um patrocinador.
Os burgueses passaram a investir na construção de palácios, igrejas, capelas,
catedrais, esculturas, quadros, gravuras, afrescos e edifícios públicos. Eles
queriam transmitir uma imagem de otimismo, de opulência, de dinamismo e
de progresso, valores fundamentais para essa classe social em ascensão.
Na busca por essa projeção social, a burguesia, especialmente a italiana, pro-
curava se aproximar do estilo de vida da nobreza. Por isso, era importante mo-
bilizar recursos �nanceiros em obras artísticas: essa mobilização buscava
exaltar o poder das cidades, que eram governadas, até então, pelos grandes se-
nhores feudais.
Arruda (1996, p. 31) esclarece o processo de centralização do poder nas mãos
da burguesia nas cidades-Estado italianas:
Devemos recordar que, na Itália, o processo de centralização se dera em escala lo-
cal, criando cidades-Estado extremamente poderosas para impedir a uni�cação po-
lítica, mas incapazes de realizá-la elas mesmas. As cidades italianas tinham con-
seguido sua autonomia em relação à tutela dos senhores feudais nos meados do sé-
culo XIII. A partir de então, as guildas e as corporações mais poderosas passaram a
controlar o poder na comunidade em seu proveito, desencadeando a oposição das
corporações mais pobres. Ao mesmo tempo, a concorrência pelo controle do co-
mércio internacional agravava a situação política interna, desencadeando choques
entre as cidades. O resultado desses con�itos foi conduzir as cidades a nomearem
um chefe militar, o podestà, encarregado de contratar mercenários para as lutas.
Tais serviços militares eram conseguidos junto aos condottieri, mistura de chefes
de tropa e empresários militares, que vendiam seus préstimos a quem melhor lhes
pagasse. O resultado desse processo foi a implantação de verdadeiras ditaduras,
exercidas pelo podestà, pelos condottieri ou mesmo por potentados econômicos,
como os Médicis em Florença.
A tomada do poder das mãos da nobreza pelos grupos mercantis burgueses, a
instalação de uma comunidade urbana vinculada a atividades econômicas re-
negadas pela elite feudal e a instalação de repúblicas ditatoriais impunham a
necessidade de uma legitimação ideológica.
O mecenato é uma forma de criar essa legitimação, de glori�car o novo Estado
e de justi�car as ações da burguesia e do príncipe governante. A Itália era, por-
tanto, o cenário ideal para o surgimento do Renascimento.
Façamos agora uma re�exão: você consegue perceber, hoje em dia, a atuação
de uma legitimação ideológica para a manutenção da sociedade vigente?
6. Humanismo e Renascimento cientí�co: rom-
pimento com a igreja católica?
O contexto de emergência da Renascença tinha em sua raiz um movimento
intelectual de rompimento com muitos padrões da Idade Média, o chamado
Humanismo. E quais eram os ideais desse movimento? Encontraremos a res-
posta no conteúdo a seguir.
Os humanistas, que surgiram no século 12, defendiam principalmente a refor-
ma no campo intelectual e do saber. Desejavam a revitalização dos estudos na
área de humanidades, incluindo novas formações como: poesia, �loso�a, his-
tória, matemática e eloquência.
Para alcançar essas mudanças, os humanistas deveriam quebrar o esquema
rígido da educação superior medieval, para o qual havia apenas três carreiras:
• Direito
• Medicina
• Teologia
Mas por que isso representava um enfrentamento à cultura medieval?
Você pode entender a resposta por meio deste texto de Nicolau Sevcenko
(1994, p. 15), segundo o qual os estudos humanos:
[...] eram indissociáveis da aprendizagem e do perfeito domínio das línguas clássi-
cas (latim e grego), e mais tarde do árabe, hebraico e aramaico. Assim sendo, deve-
riam ser conduzidos, centrados exclusivamente sobre os textos dos autores da
Antiguidade Clássica, com a completa exclusão dos manuais de textos medievais.
Signi�cava, pois, um desa�o para a cultura dominante e uma tentativa de abolir a
tradição intelectual medieval e de buscar novas raízes para a elaboração de uma
nova cultura.
Assim, os humanistas tendiam a considerar a cultura surgida no período pa-
gão, ou seja, antes do advento do cristianismo, superior à cultura medieval. A
Igreja, evidentemente, não poderia ver isso com bons olhos, na medida em
que, para ela, a humanidade havia atingido o clímax justamente no instante
em que Cristo nasceu.
A valorização da cultura pagã não signi�cava que os humanistas fossem
ateus, ou que desejassem o retorno do paganismo. Na realidade, eles eram
cristãos que desejavam reinterpretar a Bíblia com base nos conhecimentos
adquiridos com o estudo dos clássicos.
Vejamos o texto de Coluccio Salutati apud Freitas (1976, p. 92), que expressa,
exatamente, a pretensão humanista:
Quem pode negar que a gramática e a literatura foram inventadas pelos pagãos e
que, se estes estudos forem interditos aos cristãos, a própria arte da gramática lhes
será vedada? Se isto nos parece absurdo, por que deveremos nos rejeitar completa-
mente o estudo dos pagãos? Os estudos gramaticais não afetam de modo nenhum
as crenças de cada qual... O erro dum autor é uma coisa; a falsidade ou nocividade
da ciência que ele inventou é outra. De maneira que, mesmo se um pagão, um pu-
blicano, um herético ou um criminoso disse a verdade ou expôs uma ciência, em si
própria inofensiva, as verdades que ele tenha dito não podem ser condenadas por
causa da falta do autor [...].
Coluccio Salutati é um cristão do século 14 que defende a separação entre a ci-
ência e a religião. A ciência, para os humanistas, era uma forma de atingir a
Verdade e, portanto, uma forma para os cristãos chegarem a Deus. Qualquer
meio que permitisse isso era divino, e não pecaminoso. Ler, estudar e interpre-
tar os clássicos não era o mesmo que abandonar a fé, mas um meio de
fortalecê-la.
Até que ponto o Humanismo é um rompimento com o universo medieval cató-
lico?
Fundamentalmente, o Humanismo aproxima-se de um novo sistema de valo-
res que vinha surgindo na Europa desde a fase �nal da Escolástica nas
Universidades Medievais, por volta do século 13. Você pode entender melhor o
Humanismo com as palavras de Sevcenko (1994, p. 15):
[...] valores esses que exaltavamo indivíduo, os feitos históricos, a vontade e a ca-
pacidade de ação do homem, sua liberdade de atuação e de participação na vida
das cidades. A crença de que o homem é a fonte de energias criativas ilimitadas,
possuindo uma disposição inata para a ação, a virtude e a glória. Por isso, a especu-
lação em torno do homem e de suas capacidades físicas e espirituais se tornou a
preocupação fundamental desses pensadores, de�nindo uma atitude que se tornou
conhecida como antropocentrismo.
É importante ressaltar que há uma profunda relação dessa atitude cientí�ca
com os interesses da camada burguesa, pois esta apoiava a crença na real ca-
pacidade humana de criar, recriar, transformar, com o objetivo de buscar ativi-
dades lucrativas.
Contudo, também é verdade que os humanistas consideravam o homem a cri-
atura divina mais importante, e, assim, tudo que fosse feito por essa criatura
em busca do seu engrandecimento era também considerado algo divino. O
Humanismo, dessa forma, é uma expressão cultural típica da transição da
Idade Média para a Idade Moderna de características aparentemente ambí-
guas.
Ainda que o período fosse de transição, o Humanismo representou o rompi-
mento com a cultura escolástica medieval.
Comparando as visões de mundo medieval e humanista, percebemos que os
teólogos medievais tinham a preocupação voltada para as almas e para Deus,
para o mundo transcendente, espiritual e imaterial. Já os humanistas concen-
travam suas atenções nos con�itos dos homens e na natureza com o objetivo
de controlar melhor o destino humano.
Além disso, o clero medieval pregava submissão total do homem a Deus, à
Igreja e à nobreza, exaltando valores como a piedade, a mansidão e a discipli-
na. Por sua vez, os humanistas valorizavam o que havia de divino em cada
homem, levando-o a expandir suas forças, a criar e produzir, agindo sobre o
mundo para poder transformá-lo de acordo com sua vontade e seu interesse.
Para que possamos entender um pouco mais sobre o Humanismo, Nicolau
Sevcenko (1994, p. 17) explica-nos que:
[...] se esse título de humanistas identi�cava inicialmente um grupo de eruditos
voltados para a renovação dos estudos universitários, em pouco tempo ele se apli-
cava a todos aqueles que se dedicavam à crítica da cultura tradicional e à elabora-
ção de um novo código de valores e de comportamentos, centrados no indivíduo e
em sua capacidade realizadora, quer fossem professores ou cientistas, clérigos ou
estudantes, poetas ou artistas plásticos. Esse grupo de inovadores e de inconfor-
mistas não era certamente visto com bons olhos pelos homens e entidades encar-
regados de preservar a cultura tradicional, mas isso não impediu que alguns atuas-
sem no seio da própria Igreja, principalmente na Itália, próximo ao trono ponti�cal,
onde os papas em geral se comportavam como verdadeiros estadistas, pretendendo
dirigir a Igreja como um Estado moderno, cercando-se de um grupo de intelectuais
progressistas. De resto, esses homens originais procuravam garantir sua sobrevi-
vência e a continuidade de sua atuação, ligando-se a príncipes e monarcas, às uni-
versidades, às municipalidades ricas, ou às grandes famílias burguesas, onde atua-
vam como mestres e preceptores dos jovens.
Entretanto, o Humanismo desdobrou-se em uma série de movimentos difusos,
nos quais várias correntes acabaram surgindo, tanto em função das localida-
des, quanto em razão do momento em que esses estudos apareceram em al-
guns países. A seguir, veremos o legado do Renascimento.
7. O Legado do Renascimento
Após apresentarmos as principais características técnicas e históricas que
compõem o movimento renascentista, cabe ainda uma pergunta: qual foi a he-
rança deixada pelo Renascimento? É isso que tentaremos delimitar a seguir.
Os renascentistas achavam que viviam em uma época diferente, em um mo-
mento histórico diferenciado, e buscaram, a todo o custo (como vimos, não
conseguiram efetivamente), distância da chamada Idade Média, considerando
o seu tempo uma retomada da Antiguidade clássica. Assim, desprezavam al-
guns valores medievais, como o misticismo, o coletivismo, o antinaturalismo,
o teocentrismo e o geocentrismo.
O traço distintivo do Renascimento e seu maior legado para a posteridade foi o
profundo racionalismo, algo que está diretamente relacionado à ascensão da
burguesia, visto que a necessidade de dominar a natureza para ampliar mer-
cados e lucros impulsionava uma nova forma de encarar o conhecimento, co-
locando o homem como agente ativo da sua busca e produção. De certa forma,
essa característica também é tributária do Humanismo de raízes medievais.
Dessa nova visão, resultou a perspectiva de que tudo o que existe pode e deve
ser explicado pela razão e pela investigação, isto é, pela ciência. Portanto, a
atitude cientí�ca é outra grande contribuição da Renascença, legado que se
aprofundaria nos séculos posteriores.
O desenvolvimento da razão envolveu a capacidade de percepção das diferen-
ças, de individualização de coisas e seres. Dessa perspectiva, emergiu uma no-
va característica do Renascimento que se ancorou profundamente na vida
moderna, o individualismo, que em muitos momentos da história, como na
Renascença, confundiu-se com um otimismo vindo da crença nas potenciali-
dades humanas.
A capacidade de individualizar, de decompor em partes algo antes impensá-
vel, permitiu às gerações renascentistas desenvolver uma análise mais pro-
funda da composição da natureza. Essa nova percepção da natureza se trans-
�gurou em uma visão muitas vezes naturalista da realidade, algo que nos
acompanha ao longo dos últimos cinco séculos.
O Naturalismo, porém, não eliminou a noção de que a obra-prima divina era o
homem. Ou seja, para os renascentistas, o homem era a criação fundamental
de Deus, e deveria ser colocado no centro das preocupações, destacando suas
necessidades sociais, políticas, religiosas e mentais.
Dessa perspectiva surgiu o antropocentrismo, que não era, como se acreditou
durante algum tempo, uma manifestação ateísta, pois considerava o homem,
como já dissemos, a manifestação mais perfeita da obra divina.
Por �m, a capacidade racional e o estudo da natureza levaram o homem re-
nascentista a questionar a visão tradicional do universo e, de forma calculada,
pesquisada e matematizada, foi possível se atingir a concepção heliocêntrica,
ou seja, aquela que entendeu que o centro de nosso sistema era o sol, e não a
Terra, algo de grande valor para as posteriores pesquisas da astronomia, espe-
cialmente durante os séculos 17 e 18.
Entretanto, não podemos perder a perspectiva da diversidade do movimento
renascentista, tanto no tempo como no espaço. Por isso, é importante que se
tenha claro que ele não foi uma corrente única, havia diversos “renascimen-
tos”. Sobre isso, a�rma Sevcenko (1994, p. 84):
O mais característico desse fenômeno histórico é, pois, a rica variedade das suas
manifestações, assemelhadas algumas práticas e produções entre si, contrastantes
outras, convergentes ainda algumas e contraditórias inúmeras. Deixados sob con-
dições de relativa liberdade para que apontassem novos rumos e valores a uma so-
ciedade em processo rápido de mudança, esses criadores �zeram múltiplas esco-
lhas: temos a técnica e a matemática de Brunelleschi, a sensualidade em Boccaccio
e Lourenço Valla, o misticismo em Santa Teresa e São João da Cruz, a angústia da
fé em Lutero, a autodisciplina em Loyola, o controle racional em Thomas Morus e
Campanella, o civismo em Guicciardini, o poder em Maquiavel, a observação e a
análise profunda em Da Vinci, o furor em Michelangelo, a ironia em Erasmo, o delí-
rio condenatório em Bosch, a visão apocalíptica em Dürer. E, ainda assim, cada um
desses personagens era in�nitamente mais complexo, se os olharmos com mais
detalhes. Cada um, por sua vez, tinha múltiplas facetas.
Nesse sentido, o Renascimento, ou os vários renascimentos, representam a vi-
talidade da cultura humana, a capacidade criativa do homem. Em contraparti-
da, o movimento também demonstra,

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