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História do Brasil

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HISTÓRIA DO BRASIL – (PM SP 2012) 25-4-2012 
 
 
 
 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 1 
 
 
 
 
 
 
A REVOLUÇÃO DE 1930 E A ERA VARGAS 
 
Primeira república (1889-1930) 
Governo Deodoro da Fonseca. A proclamação da república foi dirigida 
por facções civis e militares extremamente heterogêneas, que incluíam 
desde republicanos históricos e oficiais de tendência monarquista, até 
positivistas, políticos imperiais e oposicionistas. A quebra do sistema 
centralizado imperial permitiu a subida de segmentos sociais e políticos 
novos, que se assenhorearam do poder federal e estadual. No plano do 
poder central, como existiam combinações prévias, foi fácil organizar o 
poder; mas no plano dos estados, com exceção de São Paulo, a perplexi-
dade e a desorganização permitiram que as autoridades federais indicas-
sem os nomes para as funções-chave do executivo. 
 
O período republicano iniciou-se com uma dissensão entre os que 
aspiravam a uma república democrática representativa e os que preferiam 
uma ditadura sociocrática, do tipo propugnado pelos positivistas. Rui 
Barbosa, ministro da Fazenda e vice-chefe do governo, conseguiu elabo-
rar um projeto de constituição provisória de feitio democrático. Em 15 de 
novembro de 1890 instalou-se o Congresso Constituinte Republicano e 
em 24 de fevereiro de 1891 foi proclamada a primeira constituição da 
república, que estabeleceu o presidencialismo e o federalismo. A própria 
Assembléia elegeu como presidente e vice-presidente da república os 
marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, respectivamente. 
Assim, a primeira fase do regime caracterizou-se por uma supremacia dos 
militares, na qual oficiais do Exército e da Marinha tentaram predominar. 
 
A euforia do momento fez com que todos aceitassem a composição 
vitoriosa. No entanto, no decorrer de 1890 ocorreu uma progressiva 
deterioração do poder, com a consequente reaglutinação de novas forças, 
devido à disparidade de interesses do grupo federal, às lutas pelo poder 
estadual, à política econômica do encilhamento e as divergências internas 
dos grupos militar e civil. O retorno ao regime constitucional fora uma 
reivindicação geral, contestada apenas pelas alas militares e civis radicais, 
que preferiam a continuação de um estado de fato, para que o governo 
pudesse imprimir livremente suas medidas. Entretanto, devido ao Regu-
lamento Cesário Alvim, de 23 de junho de 1890, conhecido como "lei do 
arrocho", as eleições estaduais foram dominadas pelos antigos grupos 
oligárquicos. 
 
A escolha do presidente constitucional do Brasil, em 25 de fevereiro 
de 1891, foi o ápice da cisão: os partidários de Deodoro da Fonseca 
conseguiram elegê-lo contra Prudente de Morais, mas Eduardo Wanden-
kolk, candidato da Marinha, perdeu a vice-presidência para Floriano 
Peixoto. A eleição ocorreu logo no momento em que Deodoro da Fonseca 
escolheu o barão Henrique Pereira de Lucena para organizar um segundo 
ministério. A indicação de um ex-monarquista levou partidários do presi-
dente a divergir de sua escolha. O descontentamento aumentou durante o 
ano, quando o barão de Lucena resolveu intervir na política de São Paulo 
e Minas Gerais, ao substituir, respectivamente, os governadores Jorge 
Tibiriçá e Bias Fortes por Américo Brasiliense de Almeida e Melo e José 
Cesário de Faria Alvim. 
 
Durante a doença de Deodoro da Fonseca, em julho de 1891, o barão 
de Lucena tentou negociar com a oposição, mas apesar da boa vontade 
de Campos Sales, vários políticos oposicionistas, entre eles Prudente de 
Morais, não aceitaram acordo. Apoiados por Floriano Peixoto, pelo contra-
almirante Custódio de Melo, pelo vice-almirante Eduardo Wandenkolk e 
por outros militares, os oposicionistas aprovaram no Congresso federal 
uma lei de restrição aos poderes governamentais, a lei de responsabilida-
des, que na prática configurou um verdadeiro impeachment do legislativo 
sobre o executivo. 
 
Assim, logo nos primeiros meses de governo constitucional, Deodoro 
entrou em choque com o Congresso e terminou por dar um golpe de 
estado, em que dissolveu a Câmara e o Senado e convocou novas elei-
ções. Mas dessa vez não contou com o apoio unânime da classe. O 
almirante Custódio de Melo, à frente da Marinha, declarou-se em revolta, 
e Deodoro foi obrigado a renunciar para evitar a guerra civil. 
 
Governo Floriano Peixoto. Assumiu então o vice-presidente Floriano 
Peixoto, que reabriu o Congresso e restabeleceu a normalidade legislati-
va. Ao mesmo tempo promoveu a derrubada dos governadores que se 
haviam solidarizado com o golpe. Floriano enfrentou duas revoluções, de 
origem diferente, mas coligadas: a revolução federalista, no Rio Grande 
do Sul, chefiada por Gaspar da Silveira Martins, e a revolta da Armada, no 
Rio de Janeiro, chefiada pelo almirante Custódio de Melo, à qual aderiu 
depois o almirante Saldanha da Gama. Como a ideia de um plebiscito, 
lançada em manifesto por Saldanha, atraísse o apoio dos monarquistas, 
os republicanos concentraram-se em torno de Floriano. A sangrenta 
derrota dos dois movimentos consolidou o regime. Portugal concedeu 
asilo aos oficiais revoltosos, o que provocou o rompimento de relações 
com o Brasil. 
 
Governo Prudente de Morais. Se o primeiro quatriênio da república foi 
tumultuoso, o segundo marcou o início de uma linha ascensional. Pruden-
te de Morais, presidente da constituinte republicana, eleito sem competi-
dor, iniciou o período dos governos civis. A partir de então, São Paulo 
dominaria a política brasileira, posição que seria compartilhada por Minas 
Gerais a partir de 1906. O governo foi ocupado nos quatriênios seguintes 
por Campos Sales, Rodrigues Alves e Afonso Pena, quando a primeira 
república atingiu seu apogeu. Por interferência do Reino Unido, o Brasil 
restabeleceu relações diplomáticas com Portugal e recuperou a soberania 
da ilha da Trindade, ocupada arbitrariamente em 1895 pelos ingleses. 
Duas vitórias diplomáticas, obtidas sucessivamente pelo barão do Rio 
Branco nos julgamentos arbitrais das questões de limites com a Argentina 
e com a Guiana Francesa, restituíram a confiança na política exterior. 
 
O governo Prudente de Morais enfrentou graves problemas internos, 
desde movimentos de insubordinação na escola militar até a revolta de 
Canudos, no sertão da Bahia, e um atentado contra sua vida no qual 
morreu o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt. 
Mesmo assim, mostrou determinação e firmeza, ao demitir funcionários 
contratados irregularmente no governo anterior e ao vetar o aumento de 
soldos e efetivos do Exército. Conseguiu também pacificar o Rio Grande 
do Sul. Mas a contestação ao seu governo prosseguiu no Congresso. Em 
1896, o presidente afastou-se do cargo por motivo de saúde, e foi substi-
tuído pelo vice-presidente, Manuel Vitorino Pereira, ligado às oposições, 
mas que nada conseguiu de concreto porque em março de 1897, Pruden-
te de Morais reassumiu o poder, agora já em meio a manifestações violen-
tas, como as ocorridas no Distrito Federal, em São Paulo e Salvador 
contra os monarquistas, sob pretexto da derrota dos militares em Canu-
dos, apresentado ficticiamente como reduto de fanáticos monarquistas. 
Tantas cisões e radicalismos levaram a maioria a buscar um candidato à 
presidência politicamente mais equilibrado, e o escolhido foi Manuel 
Ferraz de Campos Sales. 
 
Governo Campos Sales. O governo de Campos Sales não teve de en-
frentar inicialmente nenhuma desordem grave e pôde dedicar-se ao 
saneamento das finanças do país, por meio das drásticas medidas eco-
nômicas de seu ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho. Para obter o 
apoio do Congresso, o presidente garantiu aos governadores o reconhe-
cimento dos deputados por eles apoiados. Essa política desmontou a 
frágil organização partidária, deu uma aparente estabilidadeà representa-
ção nacional e proporcionou uma maioria governamental compacta. 
 
No entanto, a restrição dos gastos públicos e o aumento dos impostos 
ensejou o retorno das agitações. Entre 1900 e 1901, as crises comercial e 
bancária levaram ao fechamento de fábricas e lojas e ao aumento do 
desemprego. A instabilidade aumentou com a dissidência paulista, enca-
beçada por Prudente de Morais, e com as revoltas dos monarquistas e 
integradas por militares e oposicionistas. Mesmo assim, a situação finan-
ceira melhorou, e foi o sucessor de Campos Sales, Francisco de Paula 
Rodrigues Alves, quem se beneficiou desse trunfo. 
 
Governo Rodrigues Alves. Como encontrou as finanças em ordem e o 
HISTÓRIA DO BRASIL – (PM SP 2012) 25-4-2012 
 
 
 
 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 2 
crédito externo revigorado, Rodrigues Alves pôde realizar grandes empre-
endimentos. Para isso contou com excelente corpo de auxiliares, entre 
eles o barão do Rio Branco, que dirigiu genialmente a política exterior; o 
prefeito Pereira Passos, que executou as reformas urbanísticas do Rio de 
Janeiro; e Osvaldo Cruz, que à frente do Departamento de Saúde Pública, 
implantou medidas sanitárias radicais e inadiáveis. 
 
O fim do governo Rodrigues Alves não foi pacífico. Além da revolução 
mato-grossense de 1906, o problema sucessório aguçou-se, com a con-
testação ao nome paulista de Bernardino de Campos. Pinheiro Machado e 
Rui Barbosa iniciaram uma campanha que acabou por gerar um impasse, 
que se resolveu pela escolha de um nome mineiro, o de Afonso Augusto 
Moreira Pena. 
 
Governo Afonso Pena. Foi com planos arrojados de um Brasil indus-
trializado, rico e militarmente forte que Afonso Pena iniciou seu período de 
governo. No intuito de colonizar o interior do país, promoveu a construção 
de estradas de ferro e portos e prestigiou a penetração capitaneada por 
Cândido Mariano da Silva Rondon. Incrementou também a imigração e a 
pesquisa mineral. No âmbito parlamentar, teve de enfrentar a influência de 
Pinheiro Machado, que controlava a maior parte das bancadas dos pe-
quenos estados. Formou para isso um grupo de apoio com jovens parla-
mentares, chamado por isso de "jardim da infância". No entanto, o súbito 
falecimento do presidente da república, em 1909, antecipou a reabertura 
da luta sucessória. Assumiu o poder o vice-presidente Nilo Peçanha e a 
campanha política radicalizou-se entre os candidatos Hermes da Fonseca, 
apoiado pela maioria dos estados e do Congresso, e o candidato civilista 
Rui Barbosa, apoiado por São Paulo. A luta acabou com a vitória de 
Hermes da Fonseca, mas sua posse foi antecedida por choques nos 
estados do Rio de Janeiro e Bahia e pelo incidente do bombardeio de 
Manaus. 
 
Governo Hermes da Fonseca. Eleito, Hermes da Fonseca teve logo 
de enfrentar um governo agitado. Poucos dias após a posse eclodiu em 
1910 a revolta da chibata, também chamada revolta dos Marinheiros, 
comandada pelo marinheiro João Cândido. Os marujos rebelados exigiam 
a extinção do castigo da chibata, suprimido na lei mas mantido na prática. 
Foram atendidos e anistiados por uma lei da autoria do senador Rui 
Barbosa, mas os novos oficiais nomeados para os navios rebelados 
prenderam João Cândido e seus companheiros, que foram lançados nos 
porões do navio Satélite e nas masmorras da ilha das Cobras, morrendo a 
maioria. Em seguida rebelaram-se os marinheiros do Batalhão Naval e do 
cruzador Rio Grande do Sul, tratados com idêntico rigor por ordem do 
presidente da república. 
 
Apesar de Pinheiro Machado ter fundado o Partido Republicano Con-
servador, com a intenção de influir diretamente sobre o presidente, os 
militares foram paulatinamente imiscuindo-se nas políticas estaduais. 
Impossibilitados de se apresentarem como candidatos aos governos de 
São Paulo e do Rio Grande do Sul, alguns se candidataram por Pernam-
buco, Alagoas, Ceará etc. Resultaram daí inúmeras crises. 
 
A partir de 1913, Pinheiro Machado conseguiu recuperar seu poderio 
em alguns estados do Nordeste, principalmente após incentivar o padre 
Cícero a desencadear a revolta cearense de 1914. Esse constante estado 
de crise levou alguns militares a fazer críticas severas. Finalmente foi 
decretado o estado de sítio. Para a sucessão do marechal Hermes foram 
apontados os nomes de Pinheiro Machado e de Rui Barbosa. Prevaleceu 
entretanto o primitivo esquema dos primeiros governos republicanos, com 
o acordo entre os partidos dominantes de Minas Gerais e São Paulo. 
 
Governo Venceslau Brás. Eleito sem oposição, o mineiro Venceslau 
Brás Pereira Gomes representou o retorno ao domínio civil. Durante seu 
governo foi aprovado o código civil, cujo projeto, da autoria de Clóvis 
Beviláqua, arrastava-se pelo Congresso desde o governo Campos Sales. 
Em plena paz interna, o Brasil foi obrigado a entrar na primeira guerra 
mundial ao lado dos aliados. Embora a participação brasileira fosse pe-
quena, os efeitos econômicos da guerra provocaram uma grave crise 
econômica e financeira, com repercussões negativas no meio social. Esse 
estado de coisas foi agravado, no plano político, pelo assassinato de 
Pinheiro Machado. 
 
Pressionado pelo vencimento de diversos empréstimos externos, o 
governo foi obrigado a contrair um vultoso empréstimo com os banqueiros 
Rothschild. Devido à situação internacional, a modalidade adotada foi um 
funding loan, que cobrisse todos os compromissos, presentes e futuros. A 
revolta dos sargentos, em 1915, e a eclosão das primeiras greves operá-
rias comprometeram ainda mais a estabilidade do governo. No entanto, a 
guerra provocou também um novo surto de desenvolvimento industrial e 
propiciou a expansão urbana, o que veio reforçar a força de atuação das 
classes médias. 
 
Em 1918 foi novamente eleito presidente Rodrigues Alves, consagra-
do pela capacidade anteriormente demonstrada. Entretanto, ele faleceu 
antes de assumir a presidência, em janeiro de 1919, reabrindo o problema 
da sucessão. O vice-presidente Delfim Moreira assumiu a chefia do go-
verno interinamente, durante sete meses. Como também não se encon-
trava em boas condições de saúde, quem governou de fato foi o ministro 
da Viação, Afrânio de Melo Franco. Delfim Moreira ainda exercia o cargo 
quando veio a falecer. Para a sucessão, foi escolhido um candidato neu-
tro, Epitácio da Silva Pessoa, por indicação do Rio Grande do Sul. 
 
Governo Epitácio Pessoa. Na sucessão, assumiu Epitácio da Silva 
Pessoa, por indicação do Rio Grande do Sul, que governou somente um 
triênio. Administrador experiente, executou grandes obras de melhora-
mentos contra as secas do Nordeste, fundou em 1920 a primeira universi-
dade brasileira, a do Rio de Janeiro, depois Universidade do Brasil e hoje 
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Promoveu em 1922 a exposição 
internacional comemorativa do primeiro centenário da independência. No 
entanto, sua política de aparente descompromisso com as correntes 
políticas em disputa ajudou a acirrar toda uma problemática latente: a 
política do café e a nomeação do civil João Pandiá Calógeras para o 
Ministério da Guerra iniciaram os choques entre os estados e dos militares 
contra o governo. 
 
A situação política interna era das mais conturbadas. Na questão su-
cessória, o Rio Grande do Sul assumiu atitude oposicionista e lançou a 
candidatura de Nilo Peçanha, da chamada Reação Republicana, contra o 
candidato das forças majoritárias, Artur Bernardes. O Clube Militar, então 
presidido por Hermes da Fonseca, era o centro da agitação. O governo 
reagiu, fechou o clube e prendeu seu presidente. O inconformismo come-
çou a empolgar as forças armadas. Em 5 de julho de 1922 rebentou a 
revolta do forte de Copacabana. Alguns jovens oficiais, entre eles Siqueira 
Campos, Newton Prado e Eduardo Gomes, enfrentaram as forças legais 
emluta desigual. Esse episódio, conhecido como o dos "Dezoito do For-
te", comoveu a opinião pública e iniciou a mística do movimento chamado 
"tenentismo". 
 
Governo Artur Bernardes. Em 15 de novembro de 1922 assumiu a 
presidência Artur Bernardes, num ambiente de nervosismo e forte oposi-
ção. O presidente, para lutar contra os que o tinham atacado durante a 
campanha eleitoral, provocou intervenções nos estados do Rio de Janeiro 
e Bahia, e ajudou as oposições na revolução gaúcha contra o governo 
continuísta de Borges de Medeiros. O ministro da Guerra, general Setem-
brino de Carvalho, conseguiu pacificar a situação em 1923. 
 
A fermentação revolucionária continuava, e aqui e acolá eclodiam 
movimentos sediciosos. Em 1924 iniciou-se nova revolução militar, na 
capital de São Paulo, à qual aderiu a Força Pública estadual. O palácio 
dos Campos Elísios foi bombardeado e a capital sitiada. O movimento 
alastrou-se para outros pontos: Sergipe, Manaus, Belém, Rio de Janeiro. 
No Rio Grande do Sul sublevaram-se algumas guarnições, lideradas por 
Luís Carlos Prestes, Juarez Távora e João Alberto. Resultou daí a Coluna 
Prestes, que percorreu trinta mil quilômetros do país, acossada pelas 
forças legalistas. Bernardes resistiu bravamente até o fim do mandato, 
ajudado pela decretação do estado de sítio, decretado em julho de 1922 e 
constantemente renovado. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica-
ções Ltda. 
 
REVOLUÇÃO DE 1930 
Sob a liderança civil de Getúlio Vargas e a chefia militar do tenente-
coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro, a revolução de 1930 marcou o fim 
do ciclo da revolta dos tenentes e pôs termo à República Velha. 
 
HISTÓRIA DO BRASIL – (PM SP 2012) 25-4-2012 
 
 
 
 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 3 
A revolução de 1930 foi o movimento armado iniciado em Porto Ale-
gre RS com o objetivo imediato de derrubar o governo Washington Luís e 
impedir a posse de Júlio Prestes, eleito presidente em março daquele ano, 
em pleito não reconhecido pela oposição, reunida na Aliança Liberal. O 
candidato derrotado era Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda de Wa-
shington Luís, que tinha como companheiro de chapa João Pessoa, 
governador da Paraíba. 
 
Antecedentes. Na década de 1920, a política brasileira caracterizava-
se pelo domínio das oligarquias rurais, sob a hegemonia dos cafeicultores. 
Regionalmente, o poder era exercido pelos "coronéis", chefes políticos 
locais que controlavam os votos de seus parentes e agregados e dividiam 
entre si os cargos estaduais. Contra esse estado de coisas levantou-se 
desde meados da década de 1920 o tenentismo, movimento surgido entre 
jovens oficiais, ao qual mais tarde aderiram militares de patente superior e 
civis oriundos da burguesia. 
 
Além disso, dentro da própria oligarquia começaram a surgir contes-
tações ao sistema excludente, que privilegiava as forças políticas e eco-
nômicas paulistas e mineiras. Até então, dos oito presidentes eleitos 
desde a proclamação da república, só Epitácio Pessoa, paraibano, não 
era de São Paulo ou Minas Gerais. Washington Luís, nascido em Macaé 
RJ, fez toda sua carreira política em São Paulo. 
 
A partir de 1928, o presidente Washington Luís passou a apoiar, para 
a sucessão, Júlio Prestes, membro de seu próprio partido, o que contrari-
ava o acordo com os políticos mineiros. Em oposição ao presidente, Minas 
Gerais articulou-se em 1929 com o Rio Grande do Sul, que teria direito, 
pelo novo acordo, a indicar um candidato. Em julho, o Partido Republicano 
Mineiro (PRM) lançou a candidatura de Getúlio Vargas, presidente do Rio 
Grande do Sul, e João Pessoa, presidente da Paraíba. 
 
Formou-se então a Aliança Liberal, coligação dos partidos de oposi-
ção. Já nessa época, a corrente mais radical da coligação passou a 
admitir a hipótese de desencadear um movimento armado em caso de 
derrota nas urnas. O próprio Getúlio não partilhava esse ponto de vista e 
chegou, à revelia de Minas Gerais e da Paraíba, a entrar em acordo com o 
presidente em exercício. Segundo esse acordo, caso perdesse as elei-
ções, Getúlio apoiaria o governo constituído, em troca de privilégios na 
política estadual. 
 
Em setembro de 1929, houve um encontro entre Getúlio e Luís Carlos 
Prestes, líder tenentista então exilado em Buenos Aires e que se tornara 
adepto do marxismo. Embora fizesse restrições ao movimento, que não 
lhe parecia capaz de implantar reformas significativas para toda a popula-
ção brasileira, Prestes compareceu ao encontro, instado pelos companhei-
ros militares. Expôs suas intenções quanto a uma possível revolução e 
recebeu de Getúlio promessas de recursos que não chegaram a ser 
cumpridas. 
 
As eleições de março de 1930, fraudadas por ambas as partes, deram 
a vitória a Júlio Prestes. Com o aval cauteloso de Getúlio, começou a 
efetiva articulação da revolução depois que se decidiu uma ação integrada 
de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. Luís Carlos Prestes foi 
convidado a assumir a chefia militar do movimento, ao lado de Getúlio, 
chefe civil. O envio de recursos financeiros continuou sendo protelado, no 
entanto, e Prestes redigiu, em abril de 1930, um manifesto em que critica-
va o movimento, do qual se desligou. 
 
O assassinato de João Pessoa em 26 de julho, em Recife, motivado 
por questões políticas e também de natureza pessoal, levou o povo per-
nambucano às ruas e deu maior ímpeto à oposição. O mesmo ocorreu na 
capital da república, para onde o corpo foi transportado, e no Rio Grande 
do Sul, onde setores da Aliança Liberal passaram a responsabilizar Wa-
shington Luís pelo crime. O episódio converteu-se no estímulo que faltava 
para levar ao acordo as várias partes que deveriam em conjunto deflagrar 
a luta armada. As constantes desavenças e recuos, que vinham até então 
enfraquecendo o movimento, haviam contribuído também para que este 
fosse desacreditado pelo governo central, que não tomou atitudes criterio-
sas para impedir os preparativos revolucionários. 
 
Revolução. 
Com a adesão dos militares gaúchos, a revolução perdeu o caráter 
conspiratório e passou a ser abertamente comentada. Eclodiu em 3 de 
outubro, com o assalto ao quartel-general do Exército na capital gaúcha, 
comandando por Osvaldo Aranha. A cidade foi tomada sem grandes 
tropeços e de lá as forças revolucionárias partiram rumo ao Rio de Janei-
ro, então capital da república, tendo à frente Getúlio Vargas, Góis Montei-
ro, Alcides Gonçalves Etchegoyen, Miguel Alberto Crispim da Costa 
Rodrigues, João Alberto Lins de Barros e Flores da Cunha. 
 
Em poucas horas, o movimento irrompeu também na Paraíba e em 
Pernambuco. Em Minas Gerais, o comando do 12º Regimento de Infanta-
ria resistiu durante quatro dias ao ataque rebelde, antes de capitular. No 
Nordeste, Juarez Távora, Juraci Magalhães e outros jovens militares 
assumiram o comando do movimento a partir da Paraíba e, com a adesão 
de companhias piauienses, maranhenses e potiguares, controlaram 
rapidamente a situação e desceram para Alagoas, Sergipe e Bahia. 
 
Diante do avanço rebelde, o governo de Washington Luís viu-se impo-
tente. Na noite de 23 para 24 de outubro, o ministério reunido constatou a 
inexistência de condições para a resistência e, horas mais tarde, a adesão 
da Vila Militar do Rio de Janeiro sagrou a vitória do movimento. Ainda 
assim, o presidente não concordou com a renúncia que lhe era proposta e 
só deixou o cargo na condição de prisioneiro. Acompanhado do cardeal 
Sebastião Leme da Silveira Cintra, às 17 horas do dia 24 o presidente 
deposto deixou o palácio Guanabara, então sede do governo federal, e foi 
levado para o forte de Copacabana, de onde mais tarde seguiu para o 
exílio. 
 
Ao receberem a notícia da deposição de Washington Luís, aderiram à 
revolução as guarnições militares estaduais que ainda se mantinhamfiéis 
ao governo. Imediatamente, uma junta pacificadora formada pelos gene-
rais Mena Barreto e Tasso Fragoso e pelo almirante José Isaías de Noro-
nha, assumiu o poder e ordenou a cessação das hostilidades em todas as 
frentes. Houve ainda vários dias de inquietação, pois Góis Monteiro orde-
nou que os destacamentos sob seu comando continuassem avançando 
em direção ao Rio de Janeiro, por temor de que a junta usurpasse o poder 
aos revolucionários. Só quando teve sua posse como presidente da 
república definitivamente assegurada é que Getúlio partiu para a capital 
federal. 
 
Desembarcou no Rio de Janeiro em 31 de outubro em uniforme mili-
tar, precedido por três mil soldados gaúchos, sob grande aclamação 
popular. Em 3 de novembro assumiu a chefia do governo provisório, que 
logo nas primeiras semanas foi reconhecido pelas principais potências 
estrangeiras. As mudanças de ordem econômica, política e social que 
ocorreram a seguir no país fizeram com que a revolução de 1930 fosse 
considerada o marco inicial da segunda república no Brasil. ©Encyclopae-
dia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 
 
TENENTISMO 
Porta-voz de ideias democráticas e liberais na década de 1920, em 
dez anos o movimento revolucionário dos "tenentes" desenvolveu um 
projeto social explicitamente contrário à democracia liberal -- repudiada 
sob a alegação de constituir um modelo estrangeiro -- e passou a propor a 
instalação de um estado forte e centralizado que, apoiado numa estrutura 
social corporativista, seria capaz de determinar objetivamente as "verda-
deiras" necessidades nacionais. Com esse caráter, foi uma das forças 
motrizes da revolução de 1930. 
 
Tenentismo foi o movimento político-militar revolucionário que tomou 
corpo no Brasil a partir de 1922, sob a forma de uma série de levantes em 
todo o território nacional. Basicamente integrado por oficiais de baixa 
patente -- entre os quais Luís Carlos Prestes, Juarez Távora, Eduardo 
Gomes, Siqueira Campos, Juraci Magalhães, Cordeiro de Farias, Ernesto 
Geisel e Artur da Costa e Silva --, o tenentismo contou posteriormente 
com a adesão de civis, como Osvaldo Aranha e Virgílio de Melo Franco. O 
elitismo militar levou os tenentes, na década de 1930, a adotarem uma 
atitude paternalista e autoritária quanto às decisões que afetassem a vida 
da população, que não estaria capacitada a participar da revolução ou 
escolher seus representantes antes de ser submetida a um processo 
educativo. 
 
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História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 4 
Desinteressados do grande apoio popular que receberam durante 
uma década e em conflito com os outros grupos que fizeram a revolução, 
os tenentes viram-se isolados e afastados do poder em poucos anos. A 
partir de 1932, o movimento foi enfraquecido pela reorganização pós-
revolucionária do estado, exigida pelas próprias oligarquias agrícolas em 
nova correlação de forças, pela retomada da hierarquia interna do Exército 
e pelas cisões ideológicas entre os próprios tenentes. Seus integrantes 
filiaram-se, de forma dispersa, a organizações as mais diversas, como o 
integralismo, a Aliança Nacional Libertadora, o Partido Comunista Brasilei-
ro, os partidos socialistas e os movimentos católicos, o que denota inequi-
vocamente a incoerência ideológica do grupo. 
 
Antecedentes. A estrutura política da República Velha no Brasil não 
permitia a existência efetiva de uma oposição e tornava inócuo o processo 
de substituição dos governantes -- que durante várias décadas haviam 
representado as oligarquias agrícolas de São Paulo e Minas Gerais e se 
revezavam no poder, num processo conhecido como a "política do café-
com-leite". O proletariado urbano -- recente, disperso, pouco numeroso e 
inconsciente de seu papel -- era a contrapartida das populações rurais, 
espelho do atraso social em todos os aspectos. Nesse contexto, os jovens 
oficiais das forças armadas, organizados corporativamente na instituição 
militar, representavam uma possibilidade ímpar de expressão do incon-
formismo político. O tenentismo expressou também a revolta contra as 
duras condições de vida a que eram submetidos os tenentes, que consti-
tuíam mais de sessenta por cento dos oficiais do Exército, enquanto a 
cúpula de marechais e generais usufruía de privilégios concedidos pelas 
elites dominantes, que assim controlavam a ação do Exército como um 
todo. 
 
Primeiros levantes. Na República Velha, as disputas entre as oligar-
quias constituíam a maior ameaça à estabilidade do sistema. Contra o 
grupo hegemônico dos mineiros e paulistas -- então representado pelo 
governo de Epitácio Pessoa, um civilista, e por seu candidato, Artur Ber-
nardes -- uniram-se as elites dos outros estados na Reação Republicana, 
que lançou a candidatura de Nilo Peçanha, apoiada pelos militares. A 
tensão aumentou com a publicação das "cartas falsas", atribuídas a 
Bernardes, que insultavam o Exército. A derrota eleitoral do candidato 
oposicionista motivou uma conspiração militar para impedir a posse de 
Bernardes. 
 
Ocorreram levantes isolados, entre os quais o do forte de Copacaba-
na, que terminou com o episódio conhecido como o dos "Dezoito do 
Forte", em 5 de julho de 1922. Outras rebeliões militares se seguiram em 
1924, sobretudo em São Paulo e no Rio Grande do Sul. A evolução do 
movimento trouxe propostas políticas mais concretas ao conjunto da 
sociedade e passaram a segundo plano as reivindicações corporativistas. 
A partir desse momento, o tenentismo conquistou a simpatia popular nas 
cidades, embora não tenha ocorrido nenhuma mobilização de massas, 
nem mesmo tentativas de articulação com as dissidências oligárquicas. 
 
Coluna Prestes. Encurraladas pelas tropas legais, as tropas revolu-
cionárias retiraram-se das cidades sem se dispersar e, em meados de 
1924, tornaram-se guerrilheiras. Unidas na coluna Prestes, as forças 
rebeldes incitaram a revolução armada em todo o território nacional. 
Assim, marcharam cerca de 24.000km e atravessaram 11 estados, mas 
todos os levantes por elas incentivados fracassaram. Em 1926, ao fim do 
mandato de Artur Bernardes, a quem pretendia depor, a coluna se disper-
sou e o comando revolucionário exilou-se em países da América do Sul. 
 
O elitismo militar dos tenentes fez com que perdessem a oportunida-
de de liderar uma organização política de grande penetração na socieda-
de civil. As oligarquias agrícolas da oposição organizavam-se, enquanto 
isso, em partidos políticos, que se tornaram também canais de expressão 
para a população urbana insatisfeita. O Partido Democrático (PD) e o 
Partido Libertador (PL), que haviam alcançado representatividade social, 
iniciaram contatos com os tenentes exilados para a articulação de um 
novo movimento revolucionário. As alianças estabeleciam-se sobre bases 
precárias, pois enquanto os tenentes mantinham-se fiéis à ideia de uma 
revolução armada e golpista, as elites procuravam o caminho eleitoral. Em 
1928, Prestes, o líder dos tenentes, rompeu explicitamente com os parti-
dos políticos das elites e aceitou uma aproximação com o Partido Comu-
nista do Brasil (PCB), quando tomou contato com o marxismo. 
 
Revolução de 1930. Em 1929, Minas e São Paulo quebraram um a-
cordo de revezamento que vigorava havia décadas. O presidente Wa-
shington Luís, que deveria ser sucedido por um mineiro, indicou o paulista 
Júlio Prestes para assegurar a continuidade de seu plano econômico. A 
elite mineira uniu-se aos gaúchos contra São Paulo na Aliança Liberal, 
que lançou a candidatura Getúlio Vargas, então presidente do Rio Grande 
do Sul. Os próprios cafeicultores paulistas opuseram-se à candidatura 
Júlio Prestes, que significava a continuação de medidas econômicas 
ameaçadoras ao império do café. A inclusão da reivindicação por leis 
trabalhistas no programaaliancista mobilizou as populações urbanas. A 
ala jovem do partido inclinou-se pela revolução armada, o que se tornou 
um ponto de contato com o tenentismo. No segundo semestre, iniciaram-
se os contatos entre a Aliança e os tenentes, contra resistências de am-
bas as partes, tanto dos velhos oligarcas como dos líderes tenentistas. 
 
Em março de 1930, a Aliança perdeu as eleições. Dois meses depois 
morreu Siqueira Campos, um dos líderes dos tenentes, num desastre de 
avião, e Luís Carlos Prestes assumiu o marxismo e desligou-se do movi-
mento revolucionário, que ficou acéfalo, momentaneamente paralisado e 
mais disponível para alianças. Em julho, o assassinato de João Pessoa, 
candidato a vice pela Aliança e recém-derrotado nas urnas, embora 
motivado por questões pessoais e regionais, funcionou como o estopim da 
revolução. 
 
O chefe militar da revolução foi o general Góis Monteiro, até então fiel 
ao governo federal, que participara da perseguição à coluna Prestes. 
Homem de confiança do regime, em janeiro de 1930 fora enviado ao Rio 
Grande do Sul como parte do esquema de segurança montado para 
neutralizar uma possível reação gaúcha à já prevista derrota de Vargas 
nas eleições presidenciais. Habilmente contatado pelos revolucionários, 
entre os quais um de seus irmãos e seu cunhado, aderira à revolução. 
 
O programa do tenentismo na década de 1930 era tipicamente de 
classe média e propunha a defesa da unidade nacional; a regulamentação 
do trabalho; a intervenção estatal na economia; o desenvolvimento e a 
diversificação agrícolas e, em segundo plano, a industrialização; e a 
defesa da segurança nacional, por meio da estatização das riquezas 
naturais, da indústria de base e demais núcleos da infra-estrutura econô-
mica, num regime anticapitalista. Tal projeto não se coadunava com as 
intenções das oligarquias com as quais os tenentes lideraram a revolução 
e com que entraram então em conflito crescente. 
 
Declínio. Em abril de 1931, houve em São Paulo um levante fracas-
sado contra o interventor federal, um tenente, que mesmo assim foi substi-
tuído em julho. Durante o resto do ano, as oligarquias agrícolas, que 
ansiavam pela volta à normalidade política, exerceram pressão insusten-
tável contra a manutenção da ditadura, o que implicaria a perda do co-
mando por parte dos tenentes, não organizados para competir num siste-
ma eleitoral. Em 24 de fevereiro de 1932, Vargas cedeu e marcou a data 
das eleições para a Assembléia Constituinte. No dia seguinte, numa 
atitude precipitada de represália, os tenentes empastelaram o Diário 
Carioca, jornal contrário a suas posições, e com isso perderam a simpatia 
popular. 
 
A revolução constitucionalista eclodiu em São Paulo, em 9 de julho de 
1932, contra os tenentes e disposta a derrubar o governo provisório. Mas 
os governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul não aderiram, ainda 
hesitantes quanto à luta armada e inclinados a tentar uma solução política. 
O fracasso da revolução paulista fortaleceu o tenentismo, mas a campa-
nha constitucionalista ganhou força e se tornou um movimento social. O 
governo central viu-se forçado a aceitar o processo de constitucionaliza-
ção e, com isso, instalou-se a cizânia no Clube Três de Outubro, fundado 
logo após a revolução como organismo da cúpula revolucionária e que 
reunia tenentes e autoridades do governo. Além disso, a ausência de 
unidade ideológica entre os próprios tenentes contribuía para enfraquecer 
o movimento. 
 
A Assembléia Constituinte eleita em 1933 foi dominada pelas oligar-
quias, e os tenentes obtiveram pequena representatividade. No fim do 
mesmo ano, foram nomeados interventores civis para São Paulo e Minas 
Gerais e esses estados, ao lado do Rio Grande do Sul, tornaram-se o tripé 
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de sustentação do governo central, que se viu ainda menos dependente 
dos tenentes. Além disso, o primeiro escalão do Exército, liderado pelo 
general Góis Monteiro, ao retomar o controle e restabelecer a hierarquia 
interna da instituição, afastou-a do cenário político. 
 
Movimento militar de 1964. Nova intervenção dos militares na política 
brasileira só ocorreu em 1964 e deu início a uma ditadura de mais de vinte 
anos. Muitos dos tenentes da década de 1920, já promovidos a altas 
patentes, ocuparam cargos importantes, entre os quais Geisel e Costa e 
Silva, que exerceram a presidência da república. A visão golpista, o esta-
do centralizado, o autoritarismo paternalista e o exercício da força para 
garantir a estabilidade do governo, característicos do tenentismo na 
década de 1930, foram então postos em prática. A defesa da segurança 
nacional justificou arbitrariedades como a censura à imprensa e a perse-
guição, tortura e morte de cidadãos suspeitos de subversão. ©Encyclopa-
edia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 
 
GETÚLIO VARGAS 
A mais expressiva figura política da república brasileira, primeiro dita-
dor do país e mais tarde presidente eleito pelo voto popular e universal, 
Getúlio Vargas conduziu processos de reformas que puseram o Brasil 
agrário e semicolonial no caminho do desenvolvimento industrial, lançou 
as bases de uma legislação trabalhista e inaugurou o populismo e a 
intervenção do estado na economia. 
 
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja RS, em 19 de abril de 
1883. Estudou as primeiras letras com um mestre-escola na cidade natal. 
Depois da revolução federalista (1893-1894), o pai, chefe castilhista, fê-lo 
continuar os estudos em Ouro Preto MG, onde já se encontravam dois 
irmãos mais velhos, Viriato e Protásio, cursando a Escola de Minas. Um 
incidente entre estudantes gaúchos e paulistas, de que resultou a morte 
de um jovem de São Paulo, levou-os de volta a São Borja. Em 1898, com 
o propósito de facilitar seu ingresso na escola militar, Getúlio assentou 
praça como soldado raso no 6º batalhão de infantaria em São Borja e foi 
promovido um ano depois a sargento. Matriculou-se em 1900 na Escola 
Preparatória e de Tática de Rio Pardo RS, da qual logo se desligou em 
solidariedade a colegas expulsos. Concluiu o serviço militar em Porto 
Alegre. 
 
Em 1903, em consequência da questão do Acre e da ameaça de 
guerra entre Brasil e Bolívia, apresentou-se como voluntário e foi para 
Corumbá. Com a assinatura do Tratado de Petrópolis, Getúlio voltou ao 
estado natal e matriculou-se na faculdade de direito de Porto Alegre, em 
1904. Ajudou a fundar o Bloco Acadêmico Castilhista, que propagava as 
ideias de Júlio de Castilhos. Em 1907, participou do lançamento do jornal 
O Debate, do qual se tornou secretário de redação. No mesmo ano, 
diplomou-se e foi nomeado para o cargo de segundo promotor público no 
tribunal de Porto Alegre. Regressou logo depois a São Borja, onde come-
çou a exercer a advocacia. 
 
Iniciação política. Eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul 
em 1909, Getúlio reelegeu-se em 1913, mas rompeu com Borges de 
Medeiros e renunciou ao mandato. Retornou a São Borja, onde voltou a 
atuar como advogado. Reconciliou-se com Borges de Medeiros em 1917, 
elegeu-se novamente deputado estadual e tornou-se líder da maioria. 
Cinco anos depois, elegeu-se deputado federal. Foi autor da lei de prote-
ção ao teatro, que levou seu nome, e participou ativamente da reforma 
constitucional do governo Artur Bernardes, que fortaleceu o poder executi-
vo. 
 
Presidente da comissão de finanças da Câmara de Deputados, as-
sumiu o Ministério da Fazenda em 1926, a convite de Washington Luís, e 
formulou um plano de estabilização monetária, que previa a criação do 
cruzeiro. Em 1928, deixou a pasta para candidatar-se pelo Partido Repu-
blicano do Rio Grande do Sul à presidência do estado. Eleito, formou um 
governo de coalizão com todas as forças políticas.Revolução de 1930. Em 1929, intensificaram-se as articulações para 
a sucessão de Washington Luís, que procurava impor o nome do paulista 
Júlio Prestes. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba organizaram a 
Aliança Liberal e lançaram a chapa Getúlio Vargas e João Pessoa para a 
presidência. As eleições de 1º de março de 1930 deram a vitória a Júlio 
Prestes, mas houve denúncias generalizadas de fraude. Nos estados em 
que a Aliança saiu vitoriosa, os eleitos para o Congresso não tiveram seus 
mandatos reconhecidos. O clima tenso da política nacional agravou-se 
com o assassinato de João Pessoa, em 26 de julho; em 3 de outubro, com 
o apoio do movimento tenentista, a revolução foi deflagrada no Rio Gran-
de do Sul. No dia 24 do mesmo mês, Washington Luís foi deposto, e em 3 
de novembro uma junta de governo transmitiu o poder a Getúlio, chefe 
civil da rebelião. 
 
Como chefe do governo provisório, Vargas suspendeu a constituição 
de 1891, fechou o Congresso Nacional e reduziu de 15 para 11 o número 
de juízes do Supremo Tribunal Federal. Nomeou interventores para os 
estados e, na composição do governo central, procurou contentar as 
diversas forças políticas que o apoiavam. Criou os Ministérios do Traba-
lho, da Indústria e Comércio e da Educação e Saúde. Promulgou uma 
nova lei sindical e anunciou um programa de 17 pontos, que incluía as 
principais promessas da Aliança Liberal. 
 
O principal movimento de oposição a Getúlio no período foi a revolu-
ção constitucionalista em São Paulo, em 1932, que contou com a partici-
pação de muitos políticos que atuaram no movimento de 1930, como 
Borges de Medeiros, João Neves da Fontoura, Lindolfo Collor, Maurício 
Cardoso e Batista Luzardo. Vargas saiu vitorioso do conflito, mas precisou 
fazer concessões aos rebeldes derrotados. Dentre elas, a maior foi a 
convocação de eleições para uma assembléia constituinte, que em 1934 
promulgou uma nova constituição, de caráter liberal e eclético, que apro-
vou a eleição indireta do presidente pela própria constituinte. Em 17 de 
julho do mesmo ano, Vargas foi eleito presidente da república por quatro 
anos. 
 
Com a posse de Getúlio, inaugurou-se um período de permanente 
crise política e institucional, marcado pelo conflito entre as forças tradicio-
nais, representadas pelo Congresso, e o poder executivo. O cenário se 
agravava com a pressão crescente exercida por movimentos de conteúdo 
nitidamente ideológico, como a Ação Integralista Brasileira, de direita, e a 
Aliança Nacional Libertadora, de caráter esquerdista e posta na ilegalida-
de por Vargas em 1935. Nesse período, Vargas criou a previdência social 
e os institutos de aposentadorias e pensões. 
 
Estado Novo. Com eleições diretas marcadas para 1938, Getúlio Var-
gas alegou a existência de um plano comunista para desencadear a 
guerra civil e pediu poderes excepcionais ao Congresso. Armado com 
eles, dissolveu a Câmara e o Senado, fez prender e exilar os principais 
líderes da oposição, revogou a constituição de 1934, suspendeu as elei-
ções e instaurou no país o Estado Novo. Sob a ditadura, Vargas reprimiu 
toda a atividade política, adotou medidas econômicas nacionalizantes, 
como a criação do Conselho Nacional do Petróleo e da Companhia Side-
rúrgica Nacional, além do início da construção do complexo siderúrgico de 
Volta Redonda e criou as bases para a formação de um corpo burocrático 
profissional, com a instalação do Departamento Administrativo do Serviço 
Público (DASP). 
 
Na política externa, valeu-se da divisão de forças no plano internacio-
nal para tirar o melhor proveito político e econômico. Com a segunda 
guerra mundial, no entanto, essa posição se tornou insustentável. O 
afundamento de 37 navios brasileiros no Atlântico e a pressão da opinião 
pública levaram o presidente a declarar guerra à Alemanha, em 1942. A 
participação do Brasil no conflito, ao lado dos aliados, acelerou o processo 
de redemocratização do país. Em abril de 1945, decretou-se a anistia 
ampla para centenas de presos políticos, entre eles o chefe comunista 
Luís Carlos Prestes. Um mês depois, Vargas marcou as eleições para 2 
de dezembro. Apesar do movimento "queremista", que lutava pela conti-
nuação de Vargas no poder, o presidente foi deposto em outubro de 1945 
por um golpe militar e retornou a São Borja. 
 
Nas eleições de 2 de dezembro, Getúlio elegeu-se senador pelo Rio 
Grande do Sul e por São Paulo e deputado federal pelo Distrito Federal e 
mais seis estados, mas manteve-se em São Borja, em exílio voluntário. 
Promulgada a nova constituição em 1946, Vargas ocupou sua cadeira no 
Senado. Em 1950, candidatou-se à presidência pelo Partido Trabalhista 
Brasileiro (PTB). Seu principal adversário foi o brigadeiro Eduardo Gomes, 
que concorria pela União Democrática Nacional (UDN). Eleito em outubro, 
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Vargas tomou posse em janeiro de 1951. 
 
Presidência e crise. Getúlio Vargas organizou um ministério no qual 
todas as forças políticas estavam representadas, inclusive a UDN. Mas a 
oposição, desde os primeiros dias, moveu uma campanha permanente 
contra o governo. Vargas, que não encontrava apoio para seu programa 
reformista, voltou-se para os trabalhadores que, após anos de política 
paternalista dos sindicatos, alimentada pelo próprio Getúlio, não estavam 
suficientemente organizados. Defendia uma política nacionalista, como a 
que orientaria a criação da Petrobrás, em 1954, mas foi obrigado a fazer 
algumas concessões nesse terreno. 
A nomeação de João Goulart para o Ministério do Trabalho, em 1953, 
causou desconfianças nos círculos militares, políticos e empresariais. 
Acusava-se o novo ministro de pretender elevar o salário-mínimo em cem 
por cento. Em fevereiro de 1954, foi entregue ao ministro da Guerra um 
manifesto assinado por 48 coronéis e 39 tenentes-coronéis, que exprimia 
o descontentamento das forças armadas. Para controlar a situação, 
Getúlio nomeou Zenóbio da Costa para o Ministério da Guerra e demitiu 
João Goulart. 
 
Para retomar a ofensiva, anunciou, em 1º de maio, um aumento de 
cem por cento para o salário-mínimo e pediu aos trabalhadores que se 
organizassem em defesa do governo. Em represália, a oposição denun-
ciou o aumento salarial como inflacionário e demagógico e apresentou ao 
Congresso um pedido de impeachment do presidente. Na madrugada de 5 
de agosto, o jornalista Carlos Lacerda, que fazia oposição aberta ao 
governo, foi ferido num atentado a tiros no Rio de Janeiro. O major-
aviador Rubens Vaz, que o acompanhava, morreu. 
 
Iniciou-se uma crise política sem precedentes. A Aeronáutica promo-
veu uma caçada ao criminoso, que, encontrado, revelou suas ligações 
com a guarda pessoal do presidente. Getúlio dissolveu a guarda e deter-
minou a abertura do Catete às investigações policiais. Gregório Fortunato 
e outros membros da guarda palaciana foram presos e descobriram-se 
várias irregularidades. O presidente declarou que, sem seu conhecimento, 
corria sob o palácio "um mar de lama". 
 
A pressão sobre o governo cresceu. Os militares exigiam a renúncia 
do presidente, que, na noite de 23 para 24 de agosto, reuniu o ministério e 
concordou em se licenciar até que todas as responsabilidades pelo assas-
sinato do major Vaz fossem apuradas. O Exército, no entanto, não aceitou 
o afastamento temporário. Diante do impasse, Getúlio suicidou-se, com 
um tiro no coração, no palácio do Catete, no Rio de Janeiro RJ, em 24 de 
agosto de 1954, deixando uma carta-testamento de natureza fundamen-
talmente política. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. 
 
GOVERNO WASHINGTON LUÍS 
Eleito sem disputa e recebido com simpatia e confiança, Washington 
Luís optou por uma política conservadora, com predomínio das oligarqui-as. Foi mantido o cerceamento à liberdade de imprensa e negada a anistia 
aos revolucionários tenentistas exilados. No plano administrativo, iniciou 
imediatamente um amplo plano rodoviário, dentro do lema "governar é 
abrir estradas", e encetou uma reforma financeira com o fim de proporcio-
nar um certo desafogo ao país. Foi, porém, colhido pela crise financeira 
nos Estados Unidos, que redundou numa queda catastrófica de preços, 
seguida de desemprego e falências. 
 
Nesse período, efetuou-se a fusão de segmentos dominantes nas 
grandes cidades. Embora descendentes das antigas oligarquias rurais e 
vinculados a interesses agrícolas, já tinham tradição urbana suficiente 
para manifestarem certo inconformismo com o domínio oligárquico. O 
Partido Libertador, no Rio Grande do Sul, e o Partido Democrático, em 
São Paulo, canalizaram os protestos contra a hegemonia dos chefes 
políticos paulistas e mineiros na política federal. A sucessão colocou um 
impasse: o candidato governista, Júlio Prestes, não foi aceito pelo presi-
dente de Minas Gerais, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que passou à 
oposição. Em junho de 1929, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba 
constituíram a Aliança Liberal, com a chapa Getúlio Vargas-João Pessoa 
(governador da Paraíba), contra a chapa Júlio Prestes-Vital Soares (go-
vernador da Bahia). Uma série de conflitos varreu o país, em meio à 
campanha sucessória. O assassinato de João Pessoa, em 1930, foi o 
estopim da revolução, que estalou simultaneamente nos três estados 
ligados pela Aliança Liberal. 
 
Na Paraíba, Juarez Távora conseguiu dominar todos os estados do 
Nordeste; no Rio Grande do Sul, Góis Monteiro reuniu as tropas do Exér-
cito e da polícia e atingiu os limites do Paraná e São Paulo; os mineiros 
dominaram os raros focos legalistas e ameaçaram Espírito Santo e Rio de 
Janeiro. Na iminência de uma guerra civil, os generais Tasso Fragoso e 
Mena Barreto e o almirante Isaías de Noronha constituíram uma Junta 
Pacificadora que, com a interferência do cardeal-arcebispo do Rio de 
Janeiro, D. Sebastião Leme, conseguiu a renúncia do presidente e entre-
gou o governo a Getúlio Vargas. 
 
GOVERNO PROVISÓRIO 
Dissolvido o Congresso Nacional, Getúlio Vargas instalou-se no palá-
cio do Catete e iniciou o governo com amplo apoio popular. Os primeiros 
passos foram o combate à corrupção administrativa, um dos pontos mais 
repetidos na campanha revolucionária, a reforma do ensino e a ampliação 
das leis trabalhistas. Criaram-se dois novos ministérios, o da Educação e 
Saúde, entregue a Francisco Campos, e o do Trabalho, a Lindolfo Collor. 
Na pasta do Exterior, Afrânio de Melo Franco logo conseguiu o reconhe-
cimento internacional do novo governo. Para o Ministério da Fazenda, foi 
nomeado o banqueiro José Maria Whitaker; para o da Agricultura, Assis 
Brasil; para o da Viação, José Américo de Almeida; para o da Justiça, 
Osvaldo Aranha, que logo substituiu Whitaker no Ministério da Fazenda. 
 
As forças que subiram ao poder com Vargas aliaram-se contra o do-
mínio dos grandes fazendeiros. Em vários estados os tenentes assumiram 
o governo: João Alberto, em São Paulo; Juraci Magalhães, na Bahia; 
Juarez Távora, na Paraíba. Em Minas Gerais, Olegário Maciel, que ajuda-
ra a revolução, conseguiu manter-se no poder, embora acossado pelos 
grupos tenentistas, liderados por Virgílio de Melo Franco. Em meio às 
dissidências internas nos diversos estados, Vargas procurou representar o 
papel de poder moderador: de um lado, a pressão exercida pelos gover-
nos estaduais, por membros do seu ministério, como Osvaldo Aranha e 
José Américo, e pelo clube Três de Outubro, que congregava revolucioná-
rios; e de outro as pressões das diversas oligarquias e dos oficiais do 
Exército, contrários à participação política dos militares. 
 
SEGUNDA REPÚBLICA (1930-1937) 
Em 9 de julho de 1932 irrompeu um movimento armado em São Pau-
lo, logo sufocado. A reconstitucionalização do país pôde assim processar-
se sem maiores sobressaltos. Nova lei eleitoral estabeleceu o voto femini-
no, o voto secreto, a representação proporcional dos partidos, a justiça 
eleitoral e a representação classista, eleita pelos sindicatos. Em 15 de 
novembro de 1933 reuniram-se 250 deputados eleitos pelo povo e cin-
quenta pelas representações de classe, para elaborar a nova constituição 
republicana, promulgada somente em julho de 1934. Por voto indireto 
Getúlio Vargas foi eleito presidente da república. 
 
O período, que ficou conhecido como segunda república, ou Repúbli-
ca Nova, iniciou-se por um crescente movimento de polarização entre 
correntes extremistas, tal como sucedia na Europa: direitistas e esquerdis-
tas, tendo em seus pólos extremos a Ação Integralista Brasileira, organi-
zação ultradireitista dirigida por Plínio Salgado; e os comunistas, agrega-
dos na Aliança Nacional Libertadora, sob a presidência de honra de Luís 
Carlos Prestes, chefe do comunismo no Brasil. Em 1935, explodiu uma 
revolução comunista em Natal RN e Recife PE, acompanhada pelo Regi-
mento de Infantaria da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Prontamente 
dominada, a chamada intentona comunista fortaleceu a extrema-direita. 
ESTADO NOVO (1937-1945) 
Getúlio Vargas já se munira de documentos legais discricionários para 
lidar com o crescimento da Ação Integralista e da Aliança Nacional Liber-
tadora. O levante comunista de 1935 deu-lhe o pretexto para livrar-se de 
um dos problemas: todas as bancadas apoiaram o estado de sítio, conce-
dido até fins de 1936, quando foi substituído por um instrumento ainda 
mais forte, o estado de guerra. Sufocado o movimento comunista, Getúlio 
voltou-se ao combate dos grupos oligárquicos, liderados por São Paulo. 
Na manhã de 10 de novembro de 1937 tropas do Exército cercaram o 
Congresso, enquanto cópias de uma nova constituição eram distribuídas à 
imprensa. À noite, Vargas dirigiu-se pelo rádio a toda a nação, para justifi-
car a instituição do novo regime, necessariamente forte "para reajustar o 
organismo político às necessidades econômicas do país e assegurar a 
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unidade da pátria". Estava instituído o chamado Estado Novo, cuja base 
jurídica compreendia dois documentos: a constituição, apelidada de 
"polaca", por suas semelhanças com a constituição fascista da Polônia, e 
a consolidação das leis do trabalho, inspirada na Carta del lavoro, do 
fascismo italiano. 
 
As semelhanças com o fascismo não significaram simpatia ideológica 
pelo integralismo. Vargas inicialmente tentou o apoio dos integralistas, 
mas logo Plínio Salgado rompeu com o governo. Uma tentativa de golpe 
trouxe o pretexto para eliminar o segundo inimigo: em maio de 1938, o 
tenente Severo Fournier e mais 45 integralistas assaltaram o palácio 
Guanabara. O putsch fracassou, desencadeando uma repressão severa e 
fulminante, que praticamente varreu o integralismo do cenário político 
brasileiro. 
 
Político carismático, Getúlio aproveitou a dispersão dos dois blocos i-
nimigos e a indefinição das restantes forças sociais para firmar-se no 
poder, com seu estilo pessoal de ditador. Desde 1930, nenhuma classe 
assumira o poder. As novas classes urbanas emergentes -- operários, 
funcionários públicos, profissionais liberais -- não tinham ainda suficiente 
consciência de classe para organizar-se; a alta burguesia, em pleno 
processo de diferenciação desde a falência do modelo agrário-exportador, 
preferiu deixar nas mãos da ditadura a condução do processo -- até 
porque Vargas revelou-se um hábil contemporizador, capaz de manipular 
com sucesso agitações e movimentos sociais. 
 
Por meio dos seus interventores, em cada estado, e pelo rígido con-
trole da máquina estatal, através do Departamento Administrativo do 
Serviço Público(DASP) e de outros organismos centralizadores, como o 
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), ou desestimuladores de 
quaisquer veleidades contestatórias, como o Tribunal de Segurança 
Nacional, Vargas conseguiu a hipertrofia total do executivo. Pôde assim 
realizar seus planos no campo trabalhista, com o que assegurou o apoio 
da massa: criou a Justiça do Trabalho, vinculou a organização sindical ao 
Ministério do Trabalho, por intermédio do imposto sindical, instituiu o 
salário mínimo e criou uma legislação trabalhista capaz de ajustar a mão-
de-obra egressa do meio rural às condições do trabalho urbano. Propiciou 
assim, mediante o rígido controle sindical e a neutralização política do 
proletariado nascente, a expansão dos empreendimentos capitalistas, 
numa economia em franco processo de industrialização. 
 
No elenco de medidas governamentais estado-novistas atinentes ao 
favorecimento do processo de industrialização, o passo mais significativo 
foi a busca da auto-suficiência no setor do aço. Em 1940, num hábil jogo 
com as rivalidades americanas e alemãs, o governo conseguiu do Import 
and Export Bank um financiamento no valor de 45 milhões de dólares para 
a instalação de uma siderúrgica de capital integralmente nacional e priori-
tariamente público. Instalada no município de Volta Redonda RJ, a Com-
panhia Siderúrgica Nacional (CSN) entrou em operação em 1946. Com 
ela o governo criou uma das bases imprescindíveis à formação de uma 
infra-estrutura capaz de acolher o desenvolvimento do ainda incipiente 
parque industrial brasileiro. 
 
A participação do Brasil, ao lado dos aliados, na segunda guerra 
mundial, deixou clara a necessidade da volta ao regime democrático e 
representativo. Vargas ainda tentou, através do movimento chamado 
"queremismo" criar bases na esquerda para permanecer no poder. Mas os 
próprios militares, que antes o apoiavam, pressionaram também para a 
abertura do regime. Foram marcadas as eleições para 2 de dezembro de 
1945 e formaram-se os partidos: a oposição ao Estado Novo concentrou-
se na União Democrática Nacional (UDN) e lançou a candidatura do 
brigadeiro Eduardo Gomes; os situacionistas criaram o Partido Social 
Democrático (PSD) e apresentaram como candidato o ministro da Guerra, 
general Eurico Gaspar Dutra. Vargas e seus seguidores mais diretos 
alinharam-se no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). 
 
Entretanto, novas tentativas continuístas, entre elas a nomeação do 
irmão do presidente, Benjamim Vargas, para chefiar a poderosa polícia do 
Distrito Federal, provocaram uma intervenção militar, e Vargas teve de 
deixar o poder, em 29 de outubro de 1945. A direção do país foi entregue 
ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares, e as 
eleições, realizadas em dezembro, deram a vitória a Dutra, por ampla 
margem. Findara assim o Estado Novo, e o país era completamente outro, 
com novos grupos sociais urbanos -- burguesia industrial, classes médias, 
proletariado -- infra-estrutura econômica, mercado de trabalho regulamen-
tado e espaço econômico unificado, tudo propício a manter o processo de 
industrialização que já se firmara. 
 
PERÍODO POPULISTA (1945-1964) 
Governo Dutra. Durante o governo Dutra perdurou a união nacional 
do PSD com a UDN, surgida da necessidade de derrubar Vargas, e que 
propiciou a conciliação de interesses entre os amplos setores industriais 
urbanos. Entre o final da década de 1940 e o início da seguinte, tomou 
corpo o processo de industrialização que se iniciara no Estado Novo. No 
campo político, uma nova ideologia empolgou amplos setores da classe 
média, militares, estudantes, profissionais liberais, operários: o naciona-
lismo, cuja expressão mais significativa foi a campanha pelo petróleo, da 
qual surgiram a lei do monopólio estatal da prospecção e do refino e a 
criação da Petrobrás, em outubro de 1953. 
 
Nas eleições de 1950, os candidatos à sucessão de Dutra, apresen-
tados pela UDN (Eduardo Gomes) e PSD (Cristiano Machado) não conse-
guiram impedir a eleição do candidato do PTB, Getúlio Vargas, que no 
entanto teve de compor um governo de fisionomia conservadora, com a 
participação de elementos dos dois partidos de oposição. O movimento 
sindical já se organizara, e foi um dos apoios de Vargas, por meio do 
controle do Ministério do Trabalho e de conchavos com o governo, numa 
relação chamada de "peleguismo" -- de pelego, pele de carneiro colocada 
entre a sela e a garupa do cavalo, em alusão ao papel de intermediário 
entre o governo e as forças sindicais. 
 
SEGUNDO GOVERNO VARGAS 
Em que pese o apoio dos nacionalistas à defesa do petróleo e à ten-
dência estatizante de seu governo, Vargas começou a detectar sinais 
claros da insatisfação de setores estratégicos de opinião, sobretudo dos 
representantes do capital estrangeiro e da burguesia nacional. Não obs-
tante, também a classe média dava mostras de impaciência, como ficou 
claro pela eleição de Jânio Quadros para a prefeitura de São Paulo, sem 
apoio dos grandes partidos. Getúlio procedeu a uma mudança ministerial: 
convocou, para a pasta da Fazenda, Osvaldo Aranha, que atenuou a 
política cambial e tomou medidas de estabilização econômica; e para a do 
Trabalho, um jovem político gaúcho, até então desconhecido, João Gou-
lart, que iniciou alianças com o movimento operário, em substituição à 
política populista de Vargas. 
 
Em 1954, o governo propôs a elevação em cem por cento do salário 
mínimo, o que representava um ganho real para o trabalhador. Os milita-
res pressionaram, e Vargas teve de recuar e substituir Goulart no Ministé-
rio do Trabalho. Mas durante a comemoração do dia do trabalho, a 1º de 
maio, Vargas promulgou o novo salário nas bases propostas, o que atraiu 
a ira da oposição udenista, representante dos interesses da burguesia 
industrial. A UDN, que até então mantivera uma política oposicionista de 
caráter moralizante, passou a acusar Vargas de pretender implantar no 
país uma "república sindicalista" nos moldes do peronismo argentino. O 
jornalista Carlos Lacerda assumiu a liderança nos ataques cada vez mais 
virulentos ao governo. Vargas respondeu com a criação da Eletrobrás, em 
abril de 1954 -- mais uma medida estatizante, contrária aos interesses da 
aliança entre o capital estrangeiro e a burguesia brasileira. 
 
Em 5 de agosto de 1954 ocorreu no Rio de Janeiro um atentado con-
tra Carlos Lacerda, no qual morreu o major Rubens Vaz, da Aeronáutica, 
e do qual foi acusado o chefe da guarda pessoal do presidente, Gregório 
Fortunato. As investigações foram conduzidas pela Aeronáutica, na base 
aérea do Galeão, à revelia do governo. As pressões militares se avoluma-
ram, a par com os ataques cada vez mais candentes dos parlamentares 
udenistas e dos grandes jornais. Exigia-se a renúncia de Vargas. 
 
Na madrugada de 24 de agosto de 1954, o presidente suicidou-se 
com um tiro no peito, e deixou uma carta-testamento em que acusava os 
trustes estrangeiros de fomentarem uma campanha contra seu governo. A 
reação popular espontânea foi explosiva e amedrontou os setores de 
direita. O populismo renasceu na figura do candidato do PSD, Juscelino 
Kubitschek de Oliveira, que substituiu Café Filho, vice-presidente de 
Vargas, que ocupara o governo na fase de transição. Como vice de Jusce-
HISTÓRIA DO BRASIL – (PM SP 2012) 25-4-2012 
 
 
 
 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 8 
lino, elegeu-se João Goulart, herdeiro político presuntivo de Vargas, que 
carreara o apoio do PTB. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publica-
ções Ltda. 
 
AS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS 
 
CONSTITUIÇÃO 
A experiência histórica do século XX confirmou o estado como institu-
ição predominante nas sociedades humanas. Seu principal instrumento, a 
constituição, é a fonte por excelência da teoria jurídica. 
 
Lei máxima, queencerra as normas superiores da ordenação jurídica 
de uma nação, a constituição define desde a forma do estado e do gover-
no até o complexo normativo e costumeiro referente ao poder político 
organizado e aos direitos dos cidadãos. Todos os estados, seja qual for 
sua forma de governo, desde que ajam de acordo com certas normas 
fundamentais e possuam ordenamento jurídico, têm constituição. As 
constituições podem ser escritas, como a brasileira, expressa num docu-
mento único e definido, ou consuetudinárias, como a do Reino Unido, que 
se baseia num conjunto de documentos, estatutos e práticas tradicionais 
aceitas pela sociedade. 
 
Teorias tradicionais. Desde a Grécia clássica, desenvolveu-se no O-
cidente europeu a convicção de que a comunidade política deve ser 
governada por lei embasada no direito natural. Foi Aristóteles, a partir do 
estudo e classificação das diferentes formas de governo, quem desenvol-
veu o conceito de constituição. Para ele havia três formas legítimas de 
organização política: monarquia, ou governo de um só homem; aristocra-
cia, ou governo dos melhores; e democracia, governo de todos os cida-
dãos. As formas ilegítimas que correspondem a cada uma das formas 
legítimas seriam, respectivamente, tirania, oligarquia e demagogia. O 
melhor sistema de governo seria o que combinasse elementos das três 
formas legítimas, de modo que todos assegurassem seus direitos e acei-
tassem seus deveres, em nome do bem comum. Outro princípio aristotéli-
co afirma que os governantes são obrigados a prestar contas aos gover-
nados e que todos os homens são iguais perante a lei. Esse princípio se 
aplicava, na antiga Grécia, apenas aos homens livres e não aos escravos. 
 
O aprimoramento da lei foi a maior contribuição de Roma à civilização 
ocidental. Para os dirigentes romanos, a organização do estado corres-
pondia a uma lei racional, que refletia a organização do mundo. 
 
A partir do momento em que se transformou na religião predominante 
do Ocidente, o cristianismo defendeu uma concepção monárquica de 
governo. Nos últimos anos do Império Romano, santo Agostinho postulava 
que as constituições terrenas deviam, na medida do possível, correspon-
der ao modelo da "cidade de Deus" e concentrar o poder num único 
soberano. Segundo essa tese, que se firmou durante a Idade Média e deu 
sustentação ao absolutismo monárquico, o monarca recebia o mandato de 
Deus. 
 
Os fundamentos teóricos do constitucionalismo moderno nasceram 
das teorias sobre o contrato social, defendidas no século XVII por Thomas 
Hobbes e John Locke, e no século seguinte por Jean-Jacques Rousseau. 
De acordo com essas teorias, os indivíduos cediam, mediante um contrato 
social, parte da liberdade absoluta que caracteriza o "estado de natureza" 
pré-social, em troca da segurança proporcionada por um governo aceito 
por todos. 
 
Fundamentos constitucionais 
Princípios básicos. Para cumprir suas funções, a constituição deve 
harmonizar o princípio da estabilidade, na forma e no procedimento, com 
o da flexibilidade, para adaptar-se às mudanças sociais, econômicas e 
tecnológicas inevitáveis na vida de uma nação. Também deve prever 
alguma forma de controle e prestação de contas do governo perante 
outros órgãos do estado e determinar claramente as áreas de competên-
cia dos poderes legislativo, executivo e judiciário. 
 
Os princípios constitucionais podem agrupar-se, como é o caso da 
constituição brasileira, em duas categorias: estrutural e funcional. Os 
primeiros, como os que definem a federação e a república, são juridica-
mente inalteráveis e não podem ser abolidos por emenda constitucional; 
os princípios que se enquadram na categoria funcional, como os que 
dizem respeito ao regime (no caso brasileiro, democracia representativa) e 
ao sistema de governo (bicameralismo, presidencialismo e controle judici-
al) podem ser modificados por reforma da constituição. A inobservância de 
qualquer desses princípios, ou de outros deles decorrentes, está expres-
samente referida na constituição brasileira como motivo de intervenção 
federal nos estados. 
 
As constituições podem ser flexíveis ou rígidas, conforme a maior ou 
menor facilidade com que podem ser modificadas. As constituições flexí-
veis, como a britânica, são modificadas por meio de procedimentos legis-
lativos normais; as constituições rígidas modificam-se mediante procedi-
mentos complexos, nos quais geralmente se exige maioria parlamentar 
qualificada. 
 
Federação. A organização federal é o primeiro princípio fundamental 
abordado pela constituição brasileira. Pressupõe a união indissolúvel de 
estados autônomos e a existência de municípios também autônomos, 
peculiaridade que distingue a federação brasileira da americana, por 
exemplo, na qual a questão da autonomia municipal é deixada à livre 
regulação dos estados federados. Verifica-se assim que no Brasil a fede-
ração se exprime juridicamente pelo desdobramento da personalidade 
estatal nacional na tríplice ordem de pessoas jurídicas de direito público 
constitucional: União, estados e municípios. O Distrito Federal, sede do 
governo da União, tem caráter especial. 
 
A autonomia dos estados se expressa: (1) pelos princípios decorren-
tes do governo próprio e da administração própria, com desdobramentos, 
nos respectivos âmbitos regionais, dos poderes executivo, legislativo e 
judiciário; (2) pelo princípio dos poderes reservados, por força do qual 
todos os poderes não conferidos expressa ou necessariamente à União 
ou aos municípios competem ao estado federado. 
 
O princípio da autonomia municipal, cujo desrespeito acarreta a inter-
venção federal, é mais restrito que o da autonomia estadual e exprime-se: 
(1) pela eleição direta do prefeito, vice-prefeito e vereadores; e (2) pela 
existência de administração própria, autônoma, no que concerne ao 
interesse peculiar do município. 
 
República. O princípio da forma republicana, cujo desrespeito também 
motiva intervenção, desdobra-se, no sistema brasileiro, em três proposi-
ções: (1) temporariedade das funções eletivas, cuja duração, nos estados 
e municípios, é limitada à das funções correspondentes no plano federal; 
(2) inelegibilidade dos ocupantes de cargos do poder executivo para o 
período imediato; e (3) responsabilidade pela administração, com obriga-
tória prestação de contas. 
 
Democracia representativa. Pela definição constitucional, democracia 
é o regime em que todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. 
O princípio fundamental da representação está assegurado pela adoção 
de: (1) sufrágio universal e direto; (2) votação secreta e (3) representação 
proporcional dos partidos. 
 
Sistema bicameral. O princípio do bicameralismo, ou sistema bicame-
ral, diz respeito à estruturação do poder legislativo em dois órgãos diferen-
tes. Por exemplo, a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes, no 
Reino Unido; o Bundestag (câmara baixa) e o Bundesrat (câmara alta), na 
Alemanha; o Senado e a Câmara dos Representantes, nos Estados 
Unidos; e o Senado Federal e a Câmara dos Deputados, no Brasil. A 
composição das duas câmaras é sempre diferente em relação ao número 
de membros que as integram, à extensão de seus poderes e, em alguns 
casos, no sistema de recrutamento, como na Câmara dos Lordes, em que 
muitas cadeiras são hereditárias. 
 
Sistema presidencial. O presidencialismo é o sistema de governo re-
publicano que se assenta na rigorosa separação de poderes e atribui ao 
presidente da república grande parte da função governamental e a pleni-
tude do poder executivo. Nesse sistema, o presidente coopera na legisla-
ção, orienta a política interna e internacional, assume a gestão superior 
das finanças do estado, exerce o comando supremo das forças armadas e 
escolhe livremente os ministros e assessores, que o auxiliam no desem-
penho das respectivas funções, dentro dos programas, diretrizes e ordens 
HISTÓRIA DO BRASIL – (PM SP 2012) 25-4-2012 
 
 
 
 
APOSTILAS OPÇÃOA Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História do Brasil A Opção Certa Para a Sua Realização 9 
presidenciais. O sistema presidencialista vigente em muitos países basei-
a-se em linhas gerais no padrão dos Estados Unidos, com variantes que 
não alteram as características que o definem. 
 
Sistema de controle judicial. Devido à organização federal e conse-
quente supremacia da constituição da república sobre as dos estados, 
bem como à prevalência das normas constitucionais sobre a legislação 
ordinária, atribui-se ao poder judiciário, concomitantemente com a função 
de julgar, a de controlar a constitucionalidade das leis. Além disso, como 
as constituições geralmente asseguram que a lei não pode deixar de 
apreciar nenhuma lesão do direito individual, compete também ao judiciá-
rio o controle contencioso dos atos das autoridades. 
 
Uma lei comum pode entrar em choque com algum artigo da constitu-
ição. Por isso, é necessário que exista um órgão de controle da constitu-
cionalidade das leis, que entra em ação antes de sua promulgação, como 
na França, ou depois, como no Brasil, onde o Supremo Tribunal Federal 
pode pronunciar-se por iniciativa própria ou quando solicitado. 
 
Liberdades públicas. Conjunto de direitos inalienáveis do cidadão, in-
dependentes do arbítrio das autoridades, as liberdades públicas são 
garantidas pelas constituições modernas, principalmente as seguintes: 
liberdade religiosa; liberdade de imprensa e de manifestação do pensa-
mento; liberdade de associação, política ou não, e de reunir-se em praça 
pública, sem armas; inviolabilidade de domicílio e de correspondência; 
garantia contra prisão arbitrária, confisco e expropriação; liberdade de 
locomover-se dentro do território nacional e liberdade de sair do país. 
Todas essas prerrogativas do cidadão são chamadas direitos individuais. 
Seu conjunto constitui a liberdade (no singular), característica do estado 
de direito, oposto ao estado policial e autoritário. As liberdades (no plural) 
são prerrogativas não da pessoa, mas de grupos, classes e entidades. 
 
Matérias regulamentadas. No que tange a sua formulação escrita, as 
constituições do século XIX tendiam a ser breves e conter apenas as 
normas fundamentais. A partir da primeira guerra mundial, o texto consti-
tucional passou a incluir princípios referentes a temas sociais, econômicos 
e políticos, antes regulados por leis ordinárias. 
 
Nas constituições modernas, geralmente as matérias regulamentadas 
são: (1) soberania nacional, língua, bandeira e forças armadas; (2) direi-
tos, deveres e liberdades dos cidadãos; (3) princípios reguladores da 
política social e da economia; (4) relações internacionais; (5) composição 
e estatuto do governo e suas relações com as câmaras legislativas; (6) 
poder judiciário; (7) organização territorial do estado; (8) tribunal constitu-
cional ou órgão similar; e (9) procedimento para a reforma constitucional. 
 
A constituição é geralmente elaborada por uma assembléia constituin-
te e por ela decretada e promulgada. Quando entra em vigor por decisão 
do governante, diz-se que é outorgada; é o caso das constituições brasi-
leiras de 1824, outorgada por D. Pedro I; de 1937, que instituiu o Estado 
Novo; e de 1967, imposta pelo governo militar. Historicamente, as consti-
tuições outorgadas pelo monarca absoluto no exercício do poder, mesmo 
com aprovação da representação popular, denominam-se cartas. 
 
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
A primeira constituição do Brasil foi outorgada pelo imperador D. Pe-
dro I, depois de dissolvida a Assembléia Geral Constituinte, no tumultuado 
período que se seguiu à independência. Datada de 24 de fevereiro de 
1824, seu projeto se deve, em boa parte, a José Joaquim Carneiro de 
Campos, depois marquês de Caravelas, mas é indubitável que nele tam-
bém colaborou o jovem imperador. Em linhas gerais, assemelha-se ao 
projeto que se discutia na Constituinte, de Antônio Carlos Ribeiro de 
Andrada: calcavam-se ambos na constituição espanhola de 1812. Tinha 
de particular a figura do poder moderador, exercido pelo monarca. 
 
No período da Regência, operou-se importante reforma constitucional 
por meio do instrumento denominado Ato Adicional, de 12 de agosto de 
1834, que criava as Assembléias Legislativas Provinciais. Seguiu-se a lei 
de Interpretação ao Ato Adicional, de 12 de maio de 1840. Em 20 de julho 
de 1847, um decreto imperial consagrou o regime parlamentarista e o 
cargo de presidente do Conselho de Ministros. 
 
Proclamada a república, em 15 de novembro de 1889, o marechal 
Deodoro da Fonseca decretou a lei de Organização do Governo Provisório 
da República dos Estados Unidos do Brasil, de autoria de Rui Barbosa, 
então ministro da Fazenda e primeiro vice-chefe do governo. De Rui 
Barbosa são ainda as principais emendas ao projeto de constituição, 
elaborado pela chamada Comissão dos Cinco, que teve como presidente 
Joaquim Saldanha Marinho. Reunido o Congresso Constituinte, a primeira 
constituição republicana foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. 
Consagrava o princípio do unionismo (predomínio da União sobre os 
estados) e adotava o recurso do habeas-corpus, garantia outorgada em 
favor de quem sofreu ou pode sofrer coação ou violência por parte do 
poder público. 
 
De cunho acentuadamente presidencialista, a constituição de 1891 foi 
reformada ao tempo do governo Artur Bernardes, em 1926, para fortalecer 
ainda mais o poder executivo. O quatriênio que se seguiu foi interrompido 
pela revolução de 1930, que levou ao poder Getúlio Vargas, chefe da 
Aliança Liberal e candidato derrotado às eleições de 1o de março, denun-
ciadas como fraudulentas. Em 11 de novembro de 1930, Vargas decretou 
a lei de Organização do Governo Provisório. 
 
A segunda constituição republicana data de 16 de julho de 1934. Elei-
to pela Assembléia Constituinte para um mandato de quatro anos, a 
expirar em 1938, Vargas deu um golpe de estado e outorgou a constitui-
ção de 1937, que instituiu o Estado Novo. Essa constituição ampliava os 
poderes do poder executivo e acolhia direitos de família e os direitos à 
educação e à cultura. 
 
A terceira constituição republicana, de 18 de setembro de 1946, en-
cerrou a ditadura de Vargas e consagrou o restabelecimento da democra-
cia no país, conciliando diferentes tendências políticas. O legislativo voltou 
a funcionar e o uso da propriedade foi condicionado ao bem-estar social. 
 
A constituição de 1946 instituiu o salário mínimo, o direito de greve e 
o ensino gratuito. A idade mínima para o exercício do voto baixou de 21 
para 18 anos. Essa constituição foi emendada em 1961 para instituir o 
parlamentarismo, durante a crise deflagrada pela renúncia do presidente 
Jânio Quadros, mas a emenda foi revogada em janeiro de 1963. 
 
O governo militar instaurado em 1964 procurou legitimar o autorita-
rismo por meio de sucessivos atos institucionais, que desfiguraram pro-
gressivamente a constituição. Só em 1967, porém, ela seria formalmente 
substituída. Resultado do projeto preparado por uma comissão de juristas, 
convocados pelo presidente Castelo Branco, e alterado pelo ministro da 
Justiça, Carlos Medeiros Silva, a nova constituição foi aprovada pelo 
Congresso, convocado para esse fim pelo Ato Adicional de 7 de dezembro 
de 1966. 
 
A constituição de 1967 acabou com a eleição direta para presidente 
da república e criou, para elegê-lo, um colégio eleitoral. Com ela foram 
suspensas as garantias dos juízes e aprofundou-se a intervenção da 
União na economia dos estados. Novas medidas, particularmente o Ato 
Institucional n 5, foram alterando essa constituição até que, na crise 
deflagrada pela doença do presidente Costa e Silva, uma junta militar 
assumiu o poder e baixou, em 17 de outubro de 1969, a Emenda no 1, em 
substituição ao projeto que o presidente pretendia apresentar. Tratava-se, 
na prática, de uma nova constituição, que reforçou ainda mais o poder 
executivo

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