Buscar

Ebook Oficinas de Formação Profissional em Serviço Social (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

OFICINA DE FORMAÇÃO 
PROFISSIONAL EM SERVIÇO 
SOCIAL
PROF.A MARIA JOSÉ POMBALINO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Felipe Veiga da Fonseca
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta Paião
Márcio Alexandre Júnior Lara
Marcus Vinicius Pellegrini
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
33WWW.UNINGA.BR
U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................4
1. O PARADIGMA DA RELAÇÃO DE FORÇAS – UMA PROPOSTA DE RELAÇÃO TEÓRICO - PRÁTICA ...............5
2. AS ESTRATÉGIAS DE FORTALECIMENTO E ARTICULAÇÃO DA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL – INTERVEN-
ÇÃO .............................................................................................................................................................................11
3. A PERSPECTIVA RACIONALISTA FORMAL – ABSTRATA NAS ELABORAÇÕES TEÓRICO PRÁTICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL .......................................................................................................................................................14
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 26
ESTRATÉGIAS NO SERVIÇO SOCIAL
PROF.A MARIA JOSÉ POMBALINO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
OFICINA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
EM SERVIÇO SOCIAL
4WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Buscaremos nesta unidade, antes de nos adentrarmos nos “instrumentos técnicos 
operativos do serviço social”, que é de suma importância para o desenvolvimento do nosso 
trabalho, mas necessita ser repensado e realimentado constantemente, refletiremos um pouco 
sobre a teoria – prática.
Nos aprofundaremos nas questões relacionadas aos sujeitos da nossa intervenção 
profissional, visando propiciar uma reflexão voltada para a ação, para podermos ter subsídios 
para discutir a intervenção profissional no processo prático – operativo, próprio do serviço social.
Existem dispositivos supostos em determinados paradigmas ou concepções técnico – 
metodológica que não é possível desvelar aqui neste momento, mas que não podemos deixar de 
fazer referência.
Buscamos refletir a prática do Serviço Social, a intervenção profissional e abordarmos 
sobre as relações sociais de classe, gênero, raça, cultura, que estão envolvidos em todo trabalho 
social.
As reflexões sobre o saber profissional se fazem necessária, necessita ser mais articulada.
Portanto, o profissional do Serviço Social não pode ficar a “mercê” das mesmas teorias, 
projetos e instrumentos para realizar a sua prática
A articulação das mediações particulares, individuais ou coletivas, exigidas 
pelo trabalho cotidiano, com as exigências do contexto econômico, político, 
imaginário, ideológico é que vai permitir a construção de estratégias no tempo 
social, familiar e especifico colocado pelos usuários na relação com a intervenção 
profissional/institucional. Esta perspectiva, que esteve sempre implícita em 
nossos trabalhos, não descarta o papel ativo dos atores sociais nem as condições 
em que atuam (FALEIROS, 2007, p. 31).
Reforçado por Iamamoto (2015), na fala de Faleiros, o trabalho do assistente social, em 
função de sua qualificação profissional, dispõe de uma relativa autonomia, teórica, ético e política. 
Todavia essas dependem de meios e recursos para serem efetivadas. 
Para facilitar a compreensão do texto e a didática de estudo, buscaremos dividi-lo em 
quatro unidades, e cada uma com três tópicos para que você tenha a possibilidade de visualizar 
de forma clara e compreender o conteúdo que será exposto.
Bons estudos.
5WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
1. O PARADIGMA DA RELAÇÃO DE FORÇAS – UMA 
PROPOSTA DE RELAÇÃO TEÓRICO - PRÁTICA
Necessitamos definir os paradigmas da relação de forças, que segundo Faleiros (2007):
[...] a concepção da intervenção profissional como confrontação de interesses, 
recursos, energia, conhecimentos, inscrita no processo de hegemonia/ contra 
hegemonia, de dominação/ resistência e conflito/ consenso que os grupos sociais 
desenvolvem a partir de seus projetos societários básicos, fundados nas relações 
de exploração e poder. (FALEIROS, 2007, p. 44). 
O processo de intervenção vai além dos relacionamentos e da solução imediata de 
“problemas”.
O objeto de intervenção do Serviço Social se constrói na relação do sujeito com a estrutura, 
na relação usuário/ instituição.
Quando falamos no paradigma da correlação de forças, falamos de uma ruptura com 
as visões clínicas e tecnocráticas da intervenção profissional. Necessitamos também romper 
com a visão mecanicista da sociedade, que nega o papel do sujeito na transformação social, 
considerando-o meramente como mercadoria.
Bourdieu (apud FALEIROS, p.44) diz:
[...] “o modo de pensar relacional (em vez de “estruturalista”, mais estreitamente 
falando) é, como demonstrado por Cassini em substância e função, a marca 
distintiva da ciência moderna”. [...] o real é relacional, o que existe no mundo 
social são relações – não interações ou vínculos intersubjetivos entre agentes, 
mas relações objetivas que existem independentemente das consciências e 
vontades individuais. 
Não podemos trabalhar com soluções imediatas de problemas, a prática 
profissional do assistente social não pode ser somente uma prática de suprir 
carências ou controlar situações e nem de legitimar poder.
[...] Na particularidade do Serviço Social, é fundamental destacar a intervenção 
nas condições de vida e de trabalho (re-produzir-se) articuladas à formação da 
identidade individual e coletiva (re-presentar-se) na vinculação sujeito/estrutura 
(FALEIROS, 2007, p. 44). 
6WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
São muitas as relações sociais que fazem com que o indivíduo exista socialmente, ora é 
filho, pai, amigo e família, e são nessas relações que passamos a existir e nas quais nos identificamos 
e elaboramos nossas representações.
[...] a institucionalização do atendimento traz a possibilidade da reprodução de 
encaminhamento paraoutras situações similares, podendo-se fazer a articulação 
entre: a) ações de rotina (prestação de serviços), b) o envolvimento e a 
participação da população, e c) sua organização estratégica perante a instituição 
e na própria sociedade. (RAICHELIS, 1988, p.161 apud FALEIROS, 2015, p.49).
Segundo Faleiros (2010), as mediações das relações institucionais, por sua vez, precisam 
ser contextualizadas e particularizadas.
A teoria e a prática precisam ser compreendidas como expressão de uma unidade, que 
possibilitam refletir sobre os processos da vida cotidiana, isto comporta uma racionalidade crítica 
e emancipatória da sociedade.
[...] o assistente social é chamado a constituir-se no agente institucional de linha 
de frente, nas relações entre as instituições e a população, entre os serviços 
prestados e a solicitação dos interesses por esses mesmos serviços. Dispõe de 
um poder, atribuído institucionalmente, de selecionar aqueles que têm ou não 
direito de participar dos programas propostos, discriminando, entre os elegíveis, 
os mais necessitados, devido à incapacidade da rede de equipamentos sociais 
existentes de atender todo o público que teoricamente, tem acesso a eles. [...] A 
estas atividades é acrescida outra característica da demanda: a ação de persuadir, 
mobilizando o mínimo de coerção explicita para o máximo de adesão [...] a 
esta se soma a ação “educativa” que incide sobre os valores, comportamentos 
e atitudes da população, segundo padrões sócio institucionais dominantes 
(IAMAMOTO, 1998, p.113).
Segundo Faleiros (2013), a prática profissional só deixará de ser repetitiva, pragmática e 
empiricista se os profissionais souberem vincular as intervenções no cotidiano a um processo de 
construção e desconstrução permanente de categorias, que permitam a crítica e a autocrítica do 
conhecimento e da intervenção.
O Serviço Social ativa numa correlação particular de forças, na mediação, 
fragilização, exclusão, fortalecimento, inserção social, que está relacionado ao 
processo global de reproduzir-se e representar-se.
7WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
A prática crítica não se reduz à mera aplicação do conhecimento e em cada 
situação é preciso uma hermenêutica, uma interpretação que alie os sentidos que 
se dão à prática, a análise das condições em que esta se realiza. As questões que se 
colocam nas situações singulares não podem reduzir se a simples representação 
de cada agente, mas precisam se inscrever em questões mais amplas para se 
ver como esta interpretação está se formando, pois a prática coloca ao mesmo 
tempo o imperativo da transformação. Trata se de interpretar o mundo na sua 
transformação e de transforma-lo na sua interpretação. (FALEIROS, 2015, p.72).
A imediatividade da prática profissional e da racionalidade instrumental não é algo fácil, 
não fazemos só por desejo ou boa vontade. É necessário um grande investimento em uma outra 
forma de ler e interpretar a realidade, que vai além da convivência comum e da aparência, que 
recobre os fatos da realidade social.
Segundo Guerra (2010, p. 33),
A instrumentalidade, além de fazer referência à instrumentalização 
técnica, condiz com a propriedade que a profissão apresenta no âmbito 
das relações sociais, seja em seu processo objetivo ou subjetivo. Assim, 
como propriedades sócias históricas, possibilitam ao profissional 
atender as demandas e o alcance dos objetivos que nos propôs, sempre 
numa condição de reconhecimento social.
 O Serviço Social constitui seu modo de ser e de fazer no âmbito das relações 
sociais. Desta forma, o cotidiano profissional implica que precisamos ter uma 
instrumentalidade de intervenção, instrumento que alcance os objetivos dos 
profissionais. Nas próximas unidades, você irá conhecer estes instrumentos, 
verificar sua real utilidade, além de precisamos sempre estar os realimentando, 
pois como já dissemos anteriormente, a realidade muda constantemente e com 
isso, as questões sociais e suas expressões também vão ter mudanças que irão 
refletir no nosso trabalho.
8WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Guerra (2014, p. 40), reforça:
 • Quando vamos além das estratégias individuais e buscamos responder às 
demandas coletivas, ou seja, coletávamos as demandas;
 • Quando lutamos contra a individualização dos problemas, enfrentamos os 
processos que levam à culpabilização e responsabilização dos usuários das 
políticas sociais por aquilo que a ordem burguesa considera “seu problema”;
 • Quando lutamos contra a precarização e intensificação do nosso trabalho e dos 
outros, pela efetivação das 30 horas, sem prejuízo do salário;
 • Quando exigimos espaço para estudo e descrição no local de trabalho e tempo 
para a nossa qualificação, em vista a melhora da qualidade dos serviços prestados;
 • Quando questionamos e lutamos contra o aniquilamento da nossa formação 
graduada e pós-graduada, contra a privatização do público, especialmente das 
políticas sociais.
A nossa profissão é rica, a instrumentalidade é mediação quando conseguimos superar a 
aparência da demanda imediata e atuamos além das demandas emergenciais, quando adotamos 
uma atitude investigativa no cotidiano.
E quando falamos na investigação em Serviço Social, para Baptista (2006), a investigação 
tem como horizonte a compreensão e a explicação do que é real, e trará respostas aos desafios que 
se colocam historicamente.
[...] Desde os anos 60 – como sejam as práticas associadas ao planejamento e 
desenvolvimento comunitário e a sua reflexão crítica com o planejamento 
estratégico, o questionamento da separação do conhecer e do intervir, a 
neutralidade e aparente homogeneidade do serviço social e o movimento de 
reconceptualização do serviço social latino americano, contribuindo para a 
afirmação da dimensão política, crítica e plural da profissão [...] (BAPTISTA, 
2006, p. 8).
 [...] visamos propiciar uma reflexão, voltada para a ação, para colocar em pauta 
alguns dispositivos de intervenção profissional no processo prático – operativo e 
próprio do serviço social. (FALEIROS, 2007, p.43).
9WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
A preocupação com a vinculação da investigação cientifica à intervenção na 
sociedade teve sua primeira explicitação no contexto norte americano, na década 
de 40, considerando que este processo deve passar necessariamente por uma 
prática objetiva de pesquisa e de conhecimentos.
Segundo Faleiros (2014), o discurso das ciências sociais contemporâneas passou a 
valorizar o sujeito como personagem, que entra em cena com seus desejos, seu mundo simbólico, 
sua individualidade, trazendo, muitas vezes, o próprio contexto em que o sujeito constitui a sua 
trajetória social em articulação com a sua trajetória individual familiar.
As trajetórias não são processos mágicos, mas sim uma construção e uma desconstrução 
de poderes numa dinâmica relacional, em que se entrecruzam de forma diferente, e independente, 
os ciclos da história e o ciclo das vidas dos indivíduos são diferentes, o primeiro é longo, já o 
segundo mais curto.
O processo interventivo do Serviço Social não se constrói, a priori, sem uma reflexão crítica 
e propositiva em torno da profissão. É fundamental que no trajeto esta construção seja apreendida 
no processo histórico e socioinstitucional, para que a categoria assimile os condicionantes dados 
no curso das relações sociais junto aos atores, segmentos e classes, nos campos de atuação 
profissional, que revistem as ações socioprofissionais de inúmeras determinações que desafiam a 
materialização do projeto ético-político no campo operativo da profissão.
Esta trajetória não é, pois linear, mas um processo de mudanças de relações. 
Esse processo de mudança de relaçõesimplica em rupturas que se manifestam 
em desavenças, revoltas, resistências, deslocamentos e continuidades que se 
manifestam como acomodações, integrações, tradições, repetições. (FALEIROS, 
2014, p.74).
Essa política do dia a dia implica a sobrevivência no mundo da técnica que hoje 
vivemos, além da necessidade de construirmos um agir comunicativo.
10WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Sabemos que a nossa prática profissional está sujeita e imposta pelas instituições que 
trabalhamos, e para superá-los precisamos nos organizar politicamente.
O nosso grande desafio é avançar nessa direção, o que impõe a necessidade de construção 
de condições intelectuais por meio da formação profissional, da pesquisa, da construção e 
realimentação dos instrumentos técnicos – operativos do Serviço Social, que como já dissemos 
são os nossos instrumentos de trabalho.
Além disso, trata-se ainda de aprofundarmos o compromisso por meio da articulação 
das lutas no âmbito da profissão e junto às demais forças da sociedade, para contribuirmos para 
a construção de respostas adequadas as demandas colocadas ao Serviço Social.
Precisamos refletir com relação à mediação, segundo Pontes (1995, apud Faleiros, 2014, 
p.47), “[...] as relações sociais são mediadas por determinações concretas e reais que as constituem, 
como a relação existente entre senhor/escravo, patrão/operário, pai/filho, profissional/usuário 
[...]”.
Figura 1 – Dúvida. Fonte: DARH (2018).
É no contexto das relações de força mais gerais do capitalismo e nas particularidades 
das relações institucionais, nas mediações do processo de fragilização do usuário 
que o nosso trabalho se define, segundo Faleiros (1985 apud FALEIROS, 2014), 
“[...] em que estratégias técnicas e instrumentos de intervenção são elaborados 
por sujeito reconhecido e legitimados para isto [...]’.
11WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
As mediações implicam mutuamente no contexto de relações histórico – estruturais.
A ação ou a intervenção profissional do assistente social não se modeliza num 
conjunto de passos preestabelecidos (a chamada receita), exigindo uma profunda 
capacidade teórica para estabelecer pressupostos da ação, uma capacidade 
analítica para entender e explicar as particularidades das conjunturas e situações, 
uma capacidade de propor alternativas com a participação dos sujeitos na 
intrincada trama em que se correlacionam as forças sociais, e em que se situa, 
inclusive, o assistente social (FALEIROS, 2014, p. 65).
“[...] As estratégias de ação vão condicionar o processo de construção para superar as 
relações de opressão em relação e articulação de redes”. (FALEIROS, 1914, p. 95).
O assistente social, para saber o que pode e o que não pode fazer, ou seja, realizar em 
suas ações com o usuário, é preciso participar de seminários interdisciplinares, fazer trocas de 
conhecimentos com profissionais, que atuam na mesma área, enfim, “buscar”, “refletir”, não se 
limitar a uma prática isolada e sem resultados.
2. AS ESTRATÉGIAS DE FORTALECIMENTO E 
ARTICULAÇÃO DA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL – 
INTERVENÇÃO
Neste item, buscaremos analisar a crise dos paradigmas em geral, em particular no 
âmbito do Serviço Social, refletindo sobre a formação profissional continuada, orientada pelo 
projeto ético–político e pelo projeto profissional, que determina a direção social e o perfil do 
profissional, lembrando a questão do fortalecimento do usuário a partir de questões concretas da 
esfera profissional. 
“Eleger questões de preocupação é considerar que a conjuntura contemporânea tem 
colocado o Serviço Social a prova e tensionado a direção social e o perfil profissional desta 
profissão” (NETO, 2004).
A crise atual do capitalismo exige novas e antigas determinações, impõe mudanças no 
mundo do trabalho e exige um profissional adequado a etapa que estamos vivendo. Segundo 
Motta,
Como podemos observar, a articulação de estratégias é um processo que pode vir 
a ter dois efeitos, o de fortalecimento de usuário no seu processo de capitalização 
e o de fragilizar ainda mais o usuário com atitudes autoritárias, rotulares e 
discriminatórias
12WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
[...] O que está posto na agenda contemporânea (e, mais largamente, no horizonte 
sociocultural) são outras formas de conceituar e tratar a questão social, através de 
uma reforma social e moral conduzida pela burguesia contemporânea. Significa 
tirar o componente classista que move a dinâmica de produção e reprodução 
da vida social, nessa clara perspectiva de naturalizar os efeitos perversos da 
produção social capitalista na sua busca pela acumulação de riquezas (MOTTA, 
2008, p. 50).
De acordo com Guerra (2008), é colocado para a formação profissional um duplo desafio,
desvendar e enfrentar a crise do capital e nela as diversas formas de precarização 
das relações e das condições de trabalho, flexibilização dos direitos e focalização 
das políticas sociais, que, [...] se expressam e condicionam o exercício e a 
formação profissional. (GUERRA, 2008, p. 50).
Estamos vivendo ainda um momento de crise dos paradigmas das formas de pensar da 
profissão, de como atender o usuário? Para onde encaminhar? Sempre precisamos fazer uma 
reflexão crítica, o que fazemos com os instrumentos técnicos – operativos do Serviço Social? Para 
que servem? Não podendo ser “meros registros”, veremos detalhadamente na próxima unidade.
Analisando o que diz Faleiros (2014), ficamos no Serviço Social nessa gangorra, de um 
lado, defendendo se a totalidade, o abstrato, e, de outro, defendendo a especificidade, o concreto. 
Criando-se, assim, uma crise de identidade da profissão.
[...] Fazer uma crítica da crítica da crítica para repensarmos o momento seguinte 
para o Serviço Social. A crítica feita se remete principalmente hoje em dois grandes 
problemas, o reducionismo metodológico e o ecletismo, [...] a crise do paradigma 
proposto advém justamente dessa perspectiva de reduzir a explicação de um 
único modelo, justificando se em função de não se incorrer no ecletismo. [...] O 
reducionismo é a expressão teórica do autoritarismo porque reduz a realidade 
a uma única visão, mesmo chamando essa visão de totalidade, de expressão 
de uma classe contra a outra. [...] o segundo elemento dessa crise poderíamos 
chamar de “objetivismo”, a realidade vista como um conjunto de tendências, leis, 
objetivos, gerais independentes do sujeito (FALEIROS, 2014, p. 84-85).
 “Muitos assistentes sociais não sabem quem são, o que fazem e nem o que devem 
fazer, ficando assim ao saber das estratégias, definidas de fora da profissão, pelas 
instituições” (FALEIROS, 2014, p.86).]
13WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Sabemos que, embora seja de fundamental importância analisar a realidade, a divisão da 
sociedade em classes deve ser entendida numa concepção mais geral das relações sociais afirma 
o mesmo autor.
É necessário revalorizar a diversidade de visões e a tolerância, sem confundi-las com 
ecletismo, considerando a diversidade e a pluralidade um processo interativo, conflituoso.
Figura 2 – Four small friends relaxing in nature and writing in notebooks. Fonte: Getty Images (2018).
Ao se falar de uma proposta de articulação estratégica no Serviço Social, precisamos 
compreender que a sociedade não se constitui como uma soma de indivíduos e como uma 
totalidade abstrata, mas como uma relação de forças estruturais/conjunturais.
São nas relações de exploração do poder que essas forças se constroem e desconstroem.
A relação de força, segundo Faleiros (2014), é uma relação de poder, ela implica 
numarelação de classe, que está presente nos processos sociais, bem como 
as relações de organização da população, relações de resistência, relação de 
exclusão, o que depende de um processo que varia, inclusive, dentro da própria 
classe dominada e dominante, com aumento ou diminuição do patrimônio 
econômico, político, cultural, afetivo, familiar.
“A conjuntura é tão fundamental como a estrutura. Na conjuntura, as relações 
estruturais se fazem e desfazem com movimentos mais ou menos profundos, de 
acordo com as forças em presença” (FALEIROS, 2014, p. 87).
14WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Como se pode observar, a articulação de estratégias é um processo que pode ter tanto 
um efeito de fortalecimento do usuário no seu processo de capitalização como um efeito, que 
poderíamos qualificar de perverso, de fragilizar ainda mais o usuário, com atitudes muitas vezes 
discriminatórias, clientelistas, tecnocratas.
3. A PERSPECTIVA RACIONALISTA FORMAL – 
ABSTRATA NAS ELABORAÇÕES TEÓRICO PRÁTICOS DO 
SERVIÇO SOCIAL
Como vimos no item anterior com Faleiros (2014), ao destacarmos os três pontos cruciais 
e importantes para os instrumentos técnicos operativos, não podemos negligenciar o Serviço 
Social, frente o exercício profissional, a sua compreensão só é possível a partir de uma concepção 
da realidade social, e a fundamentação teórica.
Esta questão tem trazido muitas discussões para o Serviço Social, pois é evidente que 
o conhecimento por si só não determina os procedimentos da intervenção profissional, e vice-
versa.
Podemos afirmar o sentido de nossa reinterpretação acerca dos instrumentos 
e técnicos em Serviço Social, procurou se realizar um tratamento singular, onde 
fossem reconhecidos os instrumentos e técnicos como elementos constitutivos 
da estratégia interventiva do exercício profissional, por isso mesmo reinterpretativo 
é o que afirma a autora supracitada.
 Esta contribuição dos instrumentos técnicos operativos, especificamente do 
relacionamento, não é apenas uma concepção de profissão. É necessário repensar 
que não “basta” dizer que se deve fazer algo, é preciso sim dizer “o que faremos”, 
para termos uma posição mais clara a respeito do que queremos realizar, “para 
que” e “para quem” o fazemos (LAVORETTI, 2014).
15WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Um dos pontos de destaque apresentado pelas reflexões marxianas (Coutinho e 
Netto apud, Lavoretti), é que na sociedade, há uma articulação entre o momento 
da casualidade e o momento da teleologia, ou seja, entre o fato de que as ações 
humanas são determinadas por condições exteriores aos indivíduos singulares 
e o fato de que ao mesmo tempo, a sociedade é constituída por projetos que os 
homens tentam implementar na vida social (COUTINHO, NETTO 1999, apud 
LAVORETTI, p. 31).
Esta colocação nos remete a pensar que os fenômenos sociais são formados 
simultaneamente por vários motivos como: momento de estrutura e ação, ou determinismo e 
liberdade.
Uma atividade humana implica e verifica se há intervenção da consciência, situando um 
resultado ideal voltado para um produto real que é objetivado, mesmo distante do ideal proposto.
Já a prática como finalidade da teoria apareceu no sentido de que a teoria não corresponde 
apenas às exigências e necessidades da prática, pois não poderia influir no seu desenvolvimento. 
Assim, a relação está precisamente entre uma teoria já elaborada e uma prática que ainda não 
existe.
[...] Disso resulta que tal atividade pratica que se realiza através dos homens e 
sobre a natureza só é conhecida enquanto práxis um produto real. E o objetivo é 
o resultado real do processo que nem sempre é idêntico ao resultado ideal/atual 
ou finalidade (LAVORETTI, 2014, p. 35).
A humanização dos instrumentos não pode ser concebida num sentido abstrato, mais 
sim como expressão do homem e a natureza.
O meio de trabalho é uma coisa ou um complexo de coisas, que o trabalhador 
insere entre si mesmo e o objeto de trabalho, e lhe serve para dirigir sua atividade 
sobre o objeto [...] A coisa de que o trabalhador se apossa imediatamente 
não é o objeto de trabalho, o processo de trabalho, no atingir certo nível de 
desenvolvimento exige meios de trabalho já elaborados [...] O que distingue as 
diferentes épocas econômicas não é o que se faz, mas como os meios de trabalho 
se faz. Os meios de trabalho vivem para medir o desenvolvimento da força 
humana de trabalho e, além disso, indicam as condições sociais em que se realiza 
o trabalho (MARX apud LAVORETTI, 2014, p. 37).
 Como ponto de partida para a compreensão da práxis, podemos afirmar que toda 
prática é atividade, mas nem toda atividade é práxis. A atividade é sinônimo de 
ação, entendido como ato ou conjunto de atos em virtude do qual o sujeito é ativo 
e modifica uma matéria-prima. O agente atua, realiza.
16WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 3 – Foto Ed.15 p. 49. Fonte: ANGAAD (2018).
Falamos até agora neste item mais especificamente sobre os instrumentos. Agora faremos 
uma breve reflexão sobre as técnicas, para depois conhecermos os instrumentos técnicos 
operativos mais utilizados na prática do assistente social.
O trabalho humano transforma a natureza, cria complexos sociais e tem em vista seus 
objetivos, que são de importância relevante para a concepção de práxis, a tecnologia é um 
produto com processos que encerram valor e tem valor de uso. Vamos buscar diferenciar técnica 
de tecnologia.
A técnica é um conhecimento, empírico, elaborado, desenvolvido como 
prolongamento de sua racionalidade para realizar as coisas. A tecnologia é um 
saber efetivo, mas aplicável, que se tornou inseparável da ciência e, agora, do 
mercado. É um conhecimento cientifico cristalizados em objetos materiais, 
nada possuem em comum com as capacidades e aptidões do corpo humano 
(LAVORETTI, 2014, p. 38).
Já falamos que o homem é o único ser, e que na sua atividade produtiva, introduz 
mediações entre ele e o objeto dessa atividade.
A técnica pode se dizer que é como uma criação, enquanto desdobramento da 
racionalidade, pois neste processo de trabalho humano a consciência tem participação ativa.
Os elementos que normatizam da ação profissional, as tecnologias, passaram a 
ser absorvidas pelos profissionais do Serviço Social quando conceituam o método 
enquanto modelo de intervenção.
17WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Um exemplo desta foi expresso através dos métodos de caso, grupo e comunidade.
Pretendemos aqui romper com esta concepção tradicional dos instrumentos e técnicas 
como tecnologias aplicativas, resgatando um outro sentido e fundamentação para os instrumentos 
e as técnicas, como também uma argumentação teórica – critica onde a dimensão técnico 
operativa pode ser pensada enquanto práxis, transformadora da realidade humano social.
O instrumento é sempre orientado por um determinado conhecimento, uma teoria social, 
sempre utilizado intencionalmente, portanto não há neutralidade em sua utilização.
Buscaremos apresentar os instrumentos e técnicas que permeiam o exercício profissional 
do assistente social, compreendendo que são mobilizados a partir das ações profissionais 
construídos nos campos sócio – ocupacionais.
Para que se possa ter um maior entendimento com mais clareza sobre o que estamos 
estudamos, iremos conceituar o que se entende por instrumental técnico – operativo e técnicas.
Segundo Martinelli e Koumrouyan, (1994), consideram o instrumento como um 
elemento potencializador da ação, constituindo no conjunto de recursos ou meios que permitem 
a operacionalização da ação profissional.
[...]No exercício profissional do assistente social, a sua relação com o objeto 
é intermediada por um instrumento, o que o torna um potencializador de força, 
de determinada forma, em uma dada direção. É potencializador porque permite 
concentrar toda a força (conhecimento que se dispõe) num dado instrumento, 
elevando-o a um grau superior, facilitando a sua expressão de determinada forma. 
A forma corresponde ao instrumento especifico que se utiliza num dado momento. 
Em nossa história profissional temos alguns já consolidados, não significando que 
são os únicos, ao contrário, podem vir a ser ampliados, modificados e recriados. 
(LAVORETTI, 2014, p. 44).
 Os instrumentos e as técnicas se implicam, se articulam e pressupõem serem 
compreendidos de maneira intrínseca, não se esgotam, ou seja, consolidam com 
a ação técnico – operativa.
18WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
O instrumental técnico – operativo ultrapassa as técnicas e os instrumentos, pois inclui 
o conjunto de ações e procedimentos adotadas pelo profissional, visando alcançar uma dada 
finalidade, bem como a avaliação sistemática sobre o alcance dessas finalidades e dos objetivos 
da ação. Para Santos (2013), incluem-se como componentes do instrumental técnico – operativo. 
“as estratégias, táticas, éticos, cultura profissional e institucional, particularidades dos contextos 
organizacionais.
Não existe um receituário do fazer profissional, não podemos negar que a concretude da 
ação profissional se dá pelo uso e manejo de instrumentos, técnicos e procedimentos interventivos.
Iniciaremos falando da “OBSERVAÇÃO”, enquanto possibilidade de compreensão da 
realidade social.
A observação, enquanto possibilidade de compreensão da realidade social, é um 
instrumento articulado aos demais e tem contribuído para as ações profissionais do assistente 
social.
Para Brasil (1997), o cotidiano, é uma das formas mais usadas pelo homem para conhecer 
e compreender pessoas, coisas, acontecimentos e situações. É o meio básico de se conseguir 
informações para se tomar decisões, após o julgamento de uma boa situação (BRASIL, 1997, p. 
83).
A observação enquanto instrumento profissional não pode se dar de forma espontânea, 
mas por meio de um planejamento, de uma ação refletida de se saber aonde quer chegar, o que 
pretende conhecer.
A observação não é um simples ato de ver e olhar no exercício profissional do assistente 
social, a observação está presente cotidianamente e sua manifestação tem assumido uma 
multiplicidade de atribuições e significados.
Segundo Guerra (1995), a observação enquanto uma das formas de conhecer o real, 
contribuindo para a realidade.
Santos (2013) acredita que é importante registrar que a escolha dos instrumentos, 
não é o uso de instrumentos e técnicas para o referido autor que imputa ao Serviço 
Social um caráter conservador. O caráter conservador está impregnado ao uso 
dos instrumentos num viés tecnicista.
Importante registrar que a observação pode se expressar em dois níveis: primeiro 
enquanto instrumento de intervenção, no atendimento direto aos usuários, por 
meio dos atendimentos sociais realizados. Segundo, enquanto ferramenta para 
ação investigativa, que não se limita à pesquisa acadêmica. A observação está 
presente nos instrumentos técnicos – operativos do Serviço Social.
19WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
A observação propicia a articulação entre o dizível e o indizível, viabilizando assim um 
olhar mais atento, cuidadoso, ético, comprometido e acolhedor.
Observar também é interagir. A observação não é uma atividade solitária, pois profissional 
e usuário participam.
Segundo Martinelli (2006), “pensar a profissão significa também pensá-la como fruto 
dos sujeitos que a constroem e a vivenciam através de seus saberes e de suas sistematizações” 
(MARTINELLI, 2006, p. 71).
Até agora falamos das estratégias de trabalho do Serviço Social, como também da relação 
de força que encontramos no desenvolvimento das nossas ações.
Precisamos compreender um pouco da mediação realizada pelas políticas sociais expressas 
nas elaborações teóricas do Serviço Social, que encontra-se influenciada por uma racionalidade 
analítico formal, derivada da racionalização posta pelo processo de organização das relações 
sociais capitalistas.
“A assistência social surge com a saúde e a previdência, como o tripé da seguridade social, 
portanto como um direito social” (SPOSATI, 1991, p. 15).
Se os acontecimentos da década de 1980 colocam novas perspectivas ao 
Serviço Social, como resultante do estado de ânimo vigente no país, tem se a 
Carta Constitucional de 1988, que contempla nova racionalidade a prestação da 
assistência social, que agora foi instituída como serviço (SPOSATI, 1991).
 O mesmo autor reflete que se o discurso do Assistente Social negava a prática 
da assistência, porque a entendia como uma pratica mantenedora da situação, 
vinculada do paradigma funcionalista, o estatuto que a Carta Constitucional atribui 
a assistência a coloca sob novas bases.
20WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 4 – Seguridade Social. Fonte: ATRFB (2018).
Em decorrência dessa concepção abrangente e universalizante da assistência social, 
alguns analistas consideram como um avanço no sentido de alterar o estatuto da assistência 
social no Brasil, elevando-o à condição de política social, para o que propõem a reestruturação 
administrativa do estado, o aperfeiçoamento das formas de representação popular, a adoção de 
formas de gerencias de recursos.
A análise dessa questão mostra que a diretriz adotada na Carta Constitucional, 
consiste em dar uma assistência capaz de preencher as lacunas produzidas pela 
ineficiência da Previdência Social (GUERRA, 2014, p.197).
Entretanto precisamos refletir, para que isto realmente ocorra, precisa-se homogeneizar 
todas as diferenças que as diversas situações de “carência” contêm e atualizar os critérios de 
elegibilidade dos “excluídos”.
A cidadania é reconhecida por uma “norma legal”, dada ao acesso de bens e 
serviços decorrentes de alterações técnicas no âmbito da reestruturação das 
instituições sociais. A estrutura econômica permanece inalterada e inalterável.
21WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Esta nova maneira de considerar a assistência social, que se viabilizam por meio 
da Constituição de 1988, como um direito dos indivíduos e, por isso como forma 
de atender os “excluídos”, acaba constituindo-se no objetivo final da intervenção 
profissional. 
A cidadania entendida como uma forma de igualdade no plano jurídico, encontra-
se ancorada no direito burguês, já que a sua outra face se compõe da desigualdade 
econômica. Neste sentido, a dicotomia na ação do assistente social que, num 
determinado momento, colocava-se entre ações assistenciais e promoção social, 
agora é substituída pela assistência lato e stricto sensu, esta, refletindo ações 
residuais e aquela vista como “universalização” aos benefícios e serviços sociais 
a população excluída (SPOSATI, 1991, p. 29).
Pensando nessa ótica, de materialização da pobreza social, Guerra (2014) coloca a 
mediação como uma ação necessária ao desenvolvimento social, já que é entendida como um 
instrumento e a ela combinam-se propostas que privilegiam o aprimoramento das instancias de 
representações formal e técnico legal?
A tendência de transformar uma estratégia do qual dispõe as classes e segmentos de classes 
sociais, neste caso, as políticas sociais e o modo típico do pensamento formalizador. Concebendo-
se a prevenção aos antagonismos sociais pela ampliação dos direitos políticos, desde quenão 
afetem monopólios oligárquicos de poder.
“As políticas sociais como determinação, capitalismo monopolista e da inserção do Estado 
como vetor decisivo na conciliação de interesses desiguais e contraditórios” (IRANI, 1998, p. 38).
Analisando esses fatores, podemos ver a assistência social no capitalismo monopolista, 
contendo determinações que extrapolam a bipolaridade “exclusão e inclusão”, se como mediação 
a política de assistência só pudesse se expressar no campo de totalidade concreta.
Se pensarmos a mediação sem a totalidade, os assistentes sociais irão trabalhar na análise 
da relação causa-efeito, que não vai além das imediaticidades dos fenômenos. 
Segundo Luckas (1988),
A forma cientifica é tão mais elevada, quanto mais adequado for o reflexo da 
realidade objetiva que ela oferecer, quanto mais ela for universal e compreensiva, 
quanto mais ela superar, quanto mais ela voltar às costas para a imediata 
forma fenomênica sensivelmente humana da realidade, tal como se apresenta 
cotidianamente. (LUCKAS, 1988, p.182).
Guerra (2014) considera que as representações sobre o real se constituem em mediações 
analíticas na compreensão da realidade social, no significado da prática profissional. Sendo assim, 
se formos ver de outra forma, sobretudo da base material, que se produz e as mantém, o assistente 
social é encaminhado a tomar fatos e fenômenos tal como eles aparecem a sua convivência e 
buscando modelos teóricos explicativos da sociedade, tende a cristalizar-se em modelos de 
intervenção profissional.
22WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Ao relegar as discussões sobre o significado social e político da profissão a 
segundo plano, em detrimento das formas de realizar a intervenção, ao conceber 
as relações sociais entre sujeitos sociais envolvidos neste processo como 
neutros, ao não atribuir a devida importância às formas de representação, que 
informam a profissão, a sua razão de conhecer, os assistentes sociais suprimem o 
conteúdo social de suas ações e incorporam (acriticamente) o conteúdo funcional 
e tradicional atribuído pela ordem burguesa (GUERRA, 2014, p. 207).
Apontaremos agora, para as novas articulações, que as mediações podem estabelecer no 
desenvolvimento histórico da profissão.
Importante neste momento resgatar a questão que se constitui o passo de fundo da nossa 
análise, as peculiaridades advindas da forma de inserção do Serviço Social na divisão técnica do 
trabalho, determinações que ao mesmo tempo são construídos e engendrados pelo processo de 
produção.
A mesma lei geral que produz a acumulação capitalista, necessariamente tem 
que produzir e manter uma classe da qual a pessoa possa extrair um excedente 
econômico, cria-se os mecanismos de manutenção material e ideologia dessa 
classe, dentre eles o Serviço Social (GUERRA, 2014, p. 210-211).
Segundo Iamamoto e Carvalho (1986), o que faz do Serviço Social um tipo de especialização 
do trabalho coletivo, a sua inserção no mercado de trabalho e intermediada por um contrato de 
compra e venda da sua força de trabalho. 
“Se é correto que o valor do trabalho do Assistente Social reside na sua utilidade social, 
que é medida em termos dos propostos concretas que venham produzir uma alteração imediata 
na realidade empírica” (NETTO, 1989, p. 110).
O produto final do trabalho do Assistente Social reside na forma social que 
adquiri o seu resultado final, o produto do seu trabalho passa a ser o fator 
determinantes da forma de realiza-lo, mais especificamente se o produto final do 
trabalho do Assistente Social consiste em provocar alterações no cotidiano dos 
segmentos que o procuram, os instrumentos e técnica a serem utilizados podem 
variar, pois necessitam de estar adequadas para proporcionarem resultados 
concretos esperados (GUERRA, 2014).
 O vínculo entre a força de trabalho do Assistente Social e o capital não se realiza 
de forma direta. Uma visão meio fetichizada, já que requisição pelo trabalho 
profissional apareceu como demanda do estado e não do capital.
23WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
As ações instrumentais e mobilização de meios para o alcance de objetivos imediatos, não 
são suficientes como necessários. Todavia não se pode prescindir de um conjunto de informações, 
conhecimentos e habilidades que o instrumentalize. 
A ausência de especificidade, que é tida como causa da versatilidade, que as ações 
profissionais adquirem, nos diversos contextos e espaços sociais.
Essa ausência da especificidade, por sua vez, expressa nas indefinições sobre o que é e o 
que faz o Serviço Social.
A intervenção profissional realiza-se à margem das instancias de formulação de diretrizes 
e da tomada de decisões acerca das políticas sociais.
Segundo Faleiros (2007), a prática profissional só deixará de ser repetitiva, pragmática, 
empiricista se os profissionais souberem vincular as intervenções no cotidiano a um processo 
de construção e desconstrução permanente de categorias que venham permitir a crítica e a 
autocrítica do conhecimento.
O mesmo autor reforça que a intervenção em Serviço Social consiste nessa articulação 
combinada de mediações de trajetórias e estratégias de ação de diferentes autores que se 
entrecruzam numa conjunção de saberes e poderes, configurando se a situação de relação entre 
profissional e usuário.
As demandas por serviços sociais, expressão as desigualdades econômicas de inclusão 
e exclusão social, de denominação de gênero, de relações de poder e violência nos conflitos 
familiares, de relação com o crime, como uso de drogas, precariedade de condições sociais e 
familiares.
São as contradições que se enfrentam e mobilizam a práxis, enquanto abstrações gerais 
portam tendências de se determinarem e se converterem em modos específicos de relações em 
sociedades, historicamente constituídos (GUERRA, 2004).
A instrumentalidade, enquanto ato e potência, condição necessária à reprodução da vida 
material e social dos homens se vê limitada a um padrão que contempla apenas ações racionais 
que produzem fins imediatos.
Segundo Guerra (2014),
Há uma dinâmica interna à profissão, resultante das regularidades engendradas 
pelas ações curriculares dos sujeitos individuais e produzidos na interseção de 
um sistema de mediações complexas que abarcam o acervo de conhecimentos 
teóricos e práticos, instrumentos e técnicas, habilidades e ações propriamente 
ditos (GUERRA, 2014, p.265)
A configuração diversificada de áreas de atuação como por exemplo no judiciário, 
na assistência e outras, eram chamadas de campo de atuação. Na realidade são 
domínios estruturados pelas políticas e instituições, articuladas aos modos de 
produção vigentes, com normas, funções e competências, hierárquicas (FALEIROS, 
2010).
24WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
A instrumentalidade do Serviço Social não se limita ao desencadeamento de ações 
instrumentais, ao exercício de atividades imediatas, já que existem possibilidades de validação 
vinculadas ao emergente, para o que necessita ser informada por teorias que referenciam 
nos princípios ontológicos de constituição social, às quais subjaz um determinado grau de 
racionalidade, que lhe permite aprender a totalidade dos processos sociais e atuar sobre eles.
Na instrumentalidade, o assistente social acaba por utilizar-se de um repertório técnico 
operativo comum a outras profissões sociais, mas a intencionalidade posta na utilização do 
instrumental técnico porta a tendência de propiciar resultados condizentes para qual a sua ação 
se direciona.
É a maneira como o profissional utiliza os instrumentos e técnicas historicamente 
reconhecidos na profissão, encontra-se referenciado pelas expectativas.
Segundo Faleiros (2014),ao considerarmos que as práticas profissionais 
constituem-se numa modalidade especifica de intervenção na realidade, e por 
isso, desenvolvem modos singulares de se relacionarem com essa mesma 
realidade, incorporam teorias explicativas, vinculadas aos procedimentos de ação 
que os profissionais adotam e que em última instancia tornam-se interpretação do 
mundo, com os quais o profissional partilha o conhecimento para o Serviço Social 
encontra-se imediatamente ligado ao estabelecimento de partes orientadoras 
para intervenção do profissional.
O Serviço Social possui modos particulares de plasmar suas racionalidades que 
conforma um “modo de operar”, o qual não se realiza sem instrumentos técnicos, 
políticos e teóricos, tampouco sem uma direção finalista e pressupostos éticos 
que incorporam o projeto profissional (GUERRA, 2014, p. 271).
25WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 5 – Banner 1. Fonte: FACOL (2016).
26WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 1
ENSINO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de ação profissional e/ou intervenção profissional não se modeliza num 
conjunto de passos preestabelecidos. Uma receita pronta exige uma profunda capacidade 
teórica para estabelecer os pressupostos da ação, uma capacidade analítica para explicar as 
particularidades das conjunturas e situações, uma capacidade de propor alternativas com a 
participação dos sujeitos na intrincada trama em que se correlacionam as forças sociais, e em que 
se situa inclusive o Assistente Social.
Considerando o que já vimos neste modo, a instrumentalidade é uma capacidade e/ou 
propriedade que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza seus objetivos.
Ela objetiva os profissionais suas intencionalidades em respostas profissionais.
Figura 6 – Rede Social. Fonte: Cinfães (2016).
Projeto Social em questão: Instrumentalidade e Serviço Social, acesse: <https://
www.youtube.com/watch?v=4xCtEehpVrw>. 
Serviço Social na Contemporaneidade
Trabalho e Formação Profissional Marilda Villela Iamamoto. 26 ed. São Paulo, 
Editora: Cortez, 2015.
2727WWW.UNINGA.BR
U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................28
1.COMPREENDENDO A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL..............................29
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS INSTRUMENTOS TÉCNICOS – OPERATIVOS .................................................34
2.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ENTREVISTAS ................................................................................................................38
2.1.1 ENTREVISTA ESTRUTURADA ..........................................................................................................................38
2.1.2 ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA .................................................................................................................39
2.1.3 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA (SEMIDIRIGIDA POR PAUTAS) ...........................................................39
2.2 INSTRUMENTOS TÉCNICOS – OPERATIVOS, LIMITES E POSSIBILIDADES A PARTIR DO SISTEMA ÚNI-
CO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS ....................................................................................................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................49
INSTRUMENTAIS TECNICO – OPERATIVOS 
DO SERVIÇO SOCIAL
PROF.A MARIA JOSÉ POMBALINO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
OFICINA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
EM SERVIÇO SOCIAL
28WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A complexidade das diversas manifestações da questão social, com as quais o assistente 
social trabalha constituem um desafio permanente, tanto para seu entendimento quanto para a 
busca de soluções.
Sabemos que a compreensão do tema só é possível por meio do cruzamento de 
diferentes olhares, perspectivas e saberes, o que envolve um trabalho árduo na pesquisa, estudo 
e interdisciplinaridade.
Iniciamos a primeira unidade falando sobre as estratégias em Serviço Social, numa breve 
reflexão.
Agora estaremos nesta unidade abordando com você o instrumental técnico – operativo, 
entendendo que estamos tratando de instrumentos, técnicas e documentos, que são utilizados 
pelo Serviço Social, mas não são necessariamente inclusivos de nossa profissão.
Importante ressaltar que para a aplicação dos instrumentos técnicos-operativo 
precisamos realizar uma rigorosa revisão teórica e metodológica, de forma que sejam pertinentes 
à intervenção, que colabore com uma práxis fundamentada no código de ética e no projeto ético-
político da categoria.
Buscaremos discutir detalhadamente os instrumentos, técnicas e documentos, pois 
trabalhamos com eles no nosso cotidiano profissional, e é o que nos diferenciam como uma 
profissão de caráter interventivo dentro das ciências sociais.
a utilização dos instrumentais da pratica profissional é um fator, preponderante, 
como todos os profissionais tem seus instrumentos de trabalho, e sendo o 
assistente social um trabalhador inserido na divisão social e técnica do trabalho, 
necessita de bases teóricas, metodológicas e ético – políticos necessários para o 
seu exercício profissional. Os instrumentai técnico – operativos são como um 
conjunto articulado de instrumentos e técnicas que permitem a operacionalização 
da ação profissional (MARTINELLI, 1994, p. 137).
Buscaremos também situar o significado sócio-histórico do instrumental técnico-
operativo do Serviço Social, o que só se torna possível dentro de uma perspectiva analítica 
histórica e teórica, que permite aprendê-lo na sua condição de intervenção do Serviço Social nas 
relações sociais.
Para analisar o instrumental técnico-operativo do Serviço Social necessitamos a 
demarcação da natureza do trabalho deste profissional.
Portanto, as próximas unidades irão propiciar a você o conhecimento, a reflexão, a 
utilidade do instrumental técnico – operativo para o desenvolvimento das nossas ações junto ao 
usuário.
Bons estudos.
29WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
1.COMPREENDENDO A INSTRUMENTALIDADE NO 
TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
A discussão com relação à instrumentalidade do Serviço Social permeou as discussões 
em meados dos anos 80, mas foi somente a partir dos anos 90 que as questões acerca da categoria 
passaram a compor a pauta nas instancias de discussão, organização, pesquisa e formação 
profissional do Serviço Social no Brasil.
Conforme Battini (2004), enquanto a instrumentalidade é a propriedade de determinado 
modo de ser, que uma profissão vai construindo dentro das relações sociais, os instrumentais se 
referem ao conjunto de instrumentos e técnicas que compõem uma prática profissional cotidiana.
Poder perceber a interlocução entre os conceitos instrumentalidade e instrumentais nos 
oportuniza a evitar o equívoco sempre presente no Serviço Social, ou seja, o estabelecimento de 
hiato entre teoria e pratica, ou a separação decisiva das dimensões constitutivas do Serviço Social, 
denominadas: teórico e metodológica, técnico – operativa e ética política.
Os instrumentos e técnicas do Serviço Social podem ser classificados de 
caráter quantitativos ou qualitativos e são por assim dizer, nossas ferramentas 
de trabalho, as quais também não podem sofrer isolamento, desta maneira as 
autoras recomendam que instrumento e técnica devem estar “organicamente” 
articulados em uma unidade dialética, (entrevista, relatório, visita, reunião, 
observaçãoparticipante etc.) (MARTINELLI; KOUMROUYAN, 1994, p. 7).
Consequentemente a unidade dialética realiza uma aproximação das dimensões 
mencionadas (instrumentalidade e instrumentais). Assim, a passagem das definições meramente 
operacionais, “o que faz, como faz”, para compreensão do “para que, para quem, onde e quando 
fazer”, analisando as consequências que o nível mediato as nossas ações profissionais produzem. 
(GUERRA, 2005).
Acreditamos ser muito importante o entendimento sobre os conceitos que 
diferenciam instrumentalidade e instrumentais, a diferença pode representar 
complementariedade.
30WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Frente uma perspectiva social e critica, não existe a primazia da teoria sobre a 
prática, precisamos entender como uma relação que se complementa.
E é nesta concepção, que Luiz; Wambier; Bourguignon (2007), afirmam,
o Serviço Social como qualquer outra profissão liberal existente numa sociedade 
com modo de produção capitalista, está intrínseca a divisão sócio técnica 
do trabalho, e por isso deve compreender as relações sociais estabelecidas 
neste formato da sociedade, imprimindo na sua ação/reflexão profissional 
possibilidades de uma práxis social. Tal práxis não é apenas a junção de teoria 
e pratica, ela deve estar voltada a transformação de um processo, seja ela na 
perspectiva da matéria, da consciência ou da prática. (LUIZ; WAMBIER; 
BOURGUIGNON, 2007, p. 11).
Guerra (2005) fala sobre três tendências no interior da profissão de Serviço Social ao 
discutir instrumentalidade.
[...] A primeira diz respeito aos profissionais que supervalorizam a prática 
secundarizando as teorias ao campo de abstrações. Esta perspectiva possibilita [...] 
a repetibilidade da prática, autoriza a formulação de procedimentos, validos para 
situações análogas, que são transformados em modelos de intervenção. Quanto 
à segunda tendência, alguns profissionais pautam sua prática numa teoria que 
[...] apareceu como expressão mais formalizada e completa da realidade. [...] O 
valor da teoria neste caso, consiste em construir um quadro explicativo do objeto 
que contemple um conjunto de técnicas e instrumentos de valor operacional. 
[...] A terceira tendência é assumida pelos profissionais que se aproximam da 
realidade utilizando o recurso das teorias, bem como fundamentam sua pratica, 
através das teorias. Apesar de considerar a terceira tendência a mais coerente, 
existe dificuldade, uma vez que esta tendência [...] também reclama a ausência de 
indicativos teóricos práticos que possibilitam romper com o ranço conservador 
que acompanha a trajetória profissional. (GUERRA, 2005, p. 25-26).
As mediações no Serviço Social se constituem a partir da tríade: singularidade, 
particularidade e universalidade. É possível observar o movimento que parte do 
abstrato, ou visão parcial realidade.
31WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
A tríade não pode ser fragmentada ao ponto de não perceber a correlação existente entre 
os três elementos que a compõem.
Muitas vezes podemos questionar, não seria a universalidade o campo de mediações 
do Serviço Social? Não seria este o maior sentido de nossa instrumentalidade? Ou o objetivo 
pelo qual utilizamos os instrumentais sem um fim específico, mas como meio de se chegar a 
universalidade?
O mundo da imediaticidade, as demandas que se apresentam a ação profissional 
são aparências que precisam ser dissolvidas para que surjam as mediações 
ontológicas. É bom lembrar que nesse plano do empírico singular já contém na 
complexidade relações de universalidade e a particularidade (PONTES, 2000, 
p. 45).
Para Netto (apud Battini, 2004, p. 2), “todo instrumental utilizado pelo assistente social 
[...] não pode ser visto, analisado e aplicado ao projeto ético político da profissão”.
O mesmo autor coloca que o projeto não é condicionado apenas a normatizações morais, 
muito mais do isso envolve, “[...] escolhas teóricas, ideológicas e políticas do profissional”.
Para Magalhães (2006), jamais podemos afirmar que um instrumental técnico pode ser 
ignorado, mas não podemos utilizá-lo como um fim em si mesmo, pois corremos o risco de voltar 
ao sendo comum, que nos impede de verificar o quanto a utilização desse instrumental facilita 
a nossa atuação, racionalizando o nosso tempo e direcionando a nossa proposta de trabalho, e 
ainda demonstrando respeito pelo usuário.
Com estas reflexões, não queremos dizer que o Serviço Social deve abandonar, 
superar ou estar indiferente aos nossos instrumentos técnicos de trabalho, 
ao contrário, devemos buscar a utilidade indispensável das dimensões técnico 
– operativa, teórico metodológica que nos conduzem ao aprimoramento, 
compromisso e competência profissional.
Netto (1999) desloca a necessidade de as teorias setoriais estarem subordinadas 
a uma matriz teórica, de perspectiva macroscópica”.
32WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Muitas vezes os profissionais supervalorizam algumas teorias auxiliares mesmo que estas 
representam um conteúdo sem reflexão crítica, somente por tratar de modismo.
Nesta necessidade de atender as demandas, podemos nos reduzir as buscas constantes 
pelo acervo técnico instrumental, sem agregar a ele possibilidades de construir mediações, as 
quais possibilitam o encontro do eixo articulador entre a teoria e a prática.
Conforme Guerra (2005),
[...] a instrumentalidade do Serviço Social não se limita ao desencadeamento 
de ações instrumentais, ao exercício de atividades imediatas, uma vez que 
porta possibilidades de validação vinculadas ao emergente para o que necessita 
ser informado por teorias que se referenciem nos princípios ontológicos de 
constituição do ser social, as quais subjaz um determinado grau de racionalidade 
que lhe permite aprender a totalidade dos processos sociais e atuar sobre eles. 
(GUERRA, 2005, p.22).
As dimensões técnico operativas e metodológica necessita de ter razão para existir 
(termino). Necessitam de aprimorar o compromisso e competência profissional.
O nosso cotidiano vem sempre carregado de contradições às quais o assistente 
social vende a sua força de trabalho, geralmente exige de nós respostas rápidas 
as demandas apresentadas.
Não estamos afirmando que o Serviço Social deve abandonar os instrumentais 
técnicos de trabalho, mas sim reconhecer as possibilidades da teleologia que 
constrói a práxis social.
33WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 1 – Banco de Livros. Fonte: Colleguium (2018).
Precisamos compreender que existem instrumentos técnicos – operativos que são 
pertinentes a cada área de atuação do Serviço Social.
Segundo Lavoretti (2006), jamais poderemos afirmar que um instrumental técnico 
pode ser ignorado, mas utilizá-lo como fim em si mesmo seria um uso, voltarmos a técnicas 
conservadoras, e nos arriscarmos a utilizar os instrumentais técnicos operativos como receituário.
O mesmo autor afirma ainda que as características dos diferentes espaços sócio-
ocupacionais do Serviço Social nos remetem a uma revisão pratica, da linguagem, das técnicas, 
entre outros elementos do nosso processo de trabalho. Frente aos conflitos, somados a burocracia, 
quando verificamos estamos usando os mesmos hábitos e, mesmos vícios e formação de atuar. 
Esquecemo-nos de rever e de questionar nossa ação, incluindo principalmente a instrumentalidade 
que serve de ponto de apoio para o nosso trabalho.
[...] a técnica como fim especifico, e não como meio, [...] corre o risco de voltar-se 
ao senso comum, impregnado por uma rotina nociva, que muitas vezes nos impede 
de perceber o quanto a utilização desse instrumentalfacilita nossa atuação, 
racionaliza o nosso tempo, direciona eticamente nossa proposta de trabalho, o 
mais importante demonstra respeito ao usuário (MAGALHÃES, 2006, p. 9).]
34WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
“Um dos princípios éticos fundamentais da profissão é o compromisso com a 
qualidade dos serviços prestados à população e com aprimoramento intelectual, 
na perspectiva da competência profissional” (CFESS, 1993). E a qualidade 
profissional não compareceu apenas na ação propriamente dita, mas também, 
na escuta, na linguagem em suas diversas formas (escrita às crenças, valores, 
territórios, cultura, grupos étnicos, gênero, orientação sexual e outros).
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS INSTRUMENTOS 
TÉCNICOS – OPERATIVOS
Escolher os instrumentais não é fácil, pois requer que avaliemos objetivos, linguagens, 
estratégias etc.
Trabalhos com grupos ou individual, plantão social, reuniões, palestras, seminários, 
elaboração de projetos, planos, programas, estudos, pareceres, relatórios, laudos, pericias, visita 
domiciliar ou institucional, entrevistas e outros instrumentais, não podem estar violados, pois 
concomitante a eles existem outros instrumentais como: pesquisa investigativa, observação, 
escuta qualificada, linguagem, abordagem, sistematização, avaliação e outros.
São diversificadas as formas, as técnicas, ou melhor, explicitando, “o que e quando 
fazer”, depende da qualificação que buscamos, do compromisso, ético-ideo-político que temos, 
e consequentemente de nossa compreensão do universo que representa a instrumentalidade do 
Serviço Social (LAVORETTI, 2016).
Segundo Sarmento (apud LAVORETTI, 2016), é importante indicar alguns pontos para 
conhecimento da questão técnica – operativa,
 Em qualquer espaço sócio-ocupacional, seja ele sócio-jurídico, saúde, previdência 
social, assistência social, criança e adolescente, habitação e outros, precisamos 
observar que não existe o instrumental a ser utilizado em cada ação, mas os 
instrumentos que se inter-relacionam.
35WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Acreditamos ser oportuno indicar três pontos para questionamento da questão 
técnica – operativa, o primeiro deles é uma oposição acerca do pensar e fazer 
profissional, no sentido de discutir “o que faz”, o que objetiva e concretamente se 
tem realizado, isto também, o reconhecimento de como se faz. O reconhecimento 
disto é fundamental na medida em que evitamos os manuais academicistas que 
reforçam um dever ser distante apartada da realidade do exercício profissional. 
Refletir sobre este pensar e fazer do profissional do Serviço Social não é apenas 
discutir o que se deve fazer como um dever aquilo que não se pode realizar de 
outra maneira (derivada da obrigatoriedade de atuar por puro respeito à lei, a 
ordem, a moral, a autoridade intelectual ou institucional, como único caminho 
para a liberdade representada pela tradição e os costumes (SACRAMENTO 
apud LAVORETTI, 2016, p. 30).
O segundo ponto que o autor indica diz respeito aos recursos utilizados nos processos de 
trabalho do assistente social, muitas vezes não dispomos dos meios necessários para efetivação 
do trabalho, sejam financeiros, técnicos, materiais e humanos. Dependemos de recursos para o 
exercício profissional, são meios e recursos que implicam em programas, projetos e serviços. Essa 
é uma condição do exercício profissional que não se pode ser negligenciada.
O terceiro ponto e não menos importante ponto que o autor fala é, 
[...] reafirmar que os processos das organizações não as instituições que organizam 
o trabalho profissional, mesmo quando preservada alguma autonomia. E são 
realizados na proporção em que o exercício profissional do Assistente Social e 
técnica do trabalho nas relações de produção e reprodução social, e produz efeito 
nas condições materiais e sociais daqueles que trabalham, ou seja, na reprodução 
da força de trabalho, mesmo quando direciona sua ação para a transformação 
das relações entre os homens e da sociedade (SARMENTO apud LAVORETTI, 
2016, p. 30).
Os assistentes sociais são em seu cotidiano desafiados a repensar as mediações teórica – 
praticas que constroem na sua atuação profissional.
Uma das expressões do exercício profissional tem sido o atendimento direto aos usuários.
A abordagem é tão importante na relação entre assistente social e usuário 
constituindo – se como ferramenta imprescindível para subsidiar as decisões 
sobre as ações a serem realizadas, interferindo no planejamento do trabalho do 
Assistente Social (LAVORETTI, 2014, p. 72).
Frente a esse posicionamento, caracterizar a abordagem como instrumento não é um 
consenso entre a categoria profissional. Sarmento (apud LAVORETTI, 2014, p. 72), define a 
abordagem como:
Um contato intencional de aproximação através do qual é criado um espaço 
de dialogo crítico para a troca de informação e/ou experiências para aquisição 
de conhecimento e/ou de um conjunto de particularidades necessárias a ação 
profissional e/ou estabelecimento de novas relações de interesse dos usuários.]
A abordagem deve estar associada à forma como nós assistentes sociais nos aproximamos 
dos usuários.
Tem-se procurado, nas últimas décadas, ressignificar a profissão, reconstruir a relação com 
os usuários, que passam a ser considerados “sujeitos de direitos”. O Código de Ética Profissional 
de 1993, em seu artigo 5°, capitulo I, título III, estabelece os deveres do assistente social nas suas 
relações com os usuários, tais como:
36WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária 
nas decisões institucionais; garantir a plena informação e discussão sobre 
as possibilidades e consequências das situações, apresentadas, respeitando 
democraticamente as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrários aos 
valores e as crenças individuais dos profissionais, resguardados os princípios 
desde código; democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis 
no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis a participação 
dos usuários; devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos 
usuários, no sentido de que estes passam usá-los para fortalecimento de seus 
interesses; informar a população usuária sobre a utilização de materiais de 
registro áudio – visual e pesquisas a elas referentes e a forma de sistematização 
dos dados obtidos; fornecer a população usuária, quando solicitado, informações 
concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e suas conclusões, 
resguardando o sigilo profissional; contribuir para a criação de mecanismos 
que venham desburocratizar a relação com os usuários, no sentido de agilizar 
e melhorar os serviços prestados, esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, 
sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional (CFESS, 1993).
Sendo assim, abordagem implica em acolhimento, portanto é necessário ter cuidado com 
o espaço da escuta.
O papel do assistente social não é de mero ouvinte nesse processo de atendimento ao 
usuário e, por isso, como profissional, tem tarefas a cumprir e objetivos a atingir, considerando 
que o profissional possui um saber especifico para sua atenção profissional.
Agora iremos abordar a entrevista no Serviço Social.
Abordar o usuário exige acolhimento, escuta e respeito. A abordagem pode se 
tornar uma estratégia de aproximação, uma vez que ao conhecer a vida dos 
usuários, o profissional tem subsídios para sinalizar a preocupação profissional 
que ele atende, pois demonstra interesse, preocupação e compromisso, pautados 
no ético profissional.
 Segundo Lavoretti (2014), o Serviço Social brasileiro trabalha com a entrevista 
desde a sua origemcomo profissão, inicialmente no serviço Social de caso tinha 
por objetivos resolver as demandas, focando muitas vezes em fatos isolados, sem 
fazer a inter-relação com a realidade social.
37WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Atualmente, entende-se que muito mais do que um conjunto de regras e técnicas destinadas 
a resolver problemas dos usuários, a entrevista é um instrumental técnico-operativo, que permite 
realizar uma escuta qualificada com o usuário, conhecer a realidade social, econômica, cultural 
e política, onde este está inserido e que incide direta ou indiretamente sobre as suas demandas.
Pode se dizer que no Serviço Social a pratica da escuta do usuário é utilizada 
historicamente, a exemplo do debate realizado acerca do relacionamento cuja 
concepção, inicialmente esteve relacionada à dimensão afetiva. Mas, no avanço 
do debate, com a inversão da perspectiva crítica, o relacionamento toma outra 
direção, sendo necessário para o estabelecimento de um campo de mediações, 
incluindo a totalidade das relações sociais na qual está incluída uma dimensão 
política e problematizadora. (CHUPEL e MIOTTO, p.50).
Por meio do diálogo, pode vir a existir um movimento de ação reflexão entre assistente 
social e usuário.
A entrevista possibilita aos sujeitos nela envolvidos contar e nela desvelar histórias 
através do uso da linguagem e do seu sentido, compreender as experiências e os 
significados a elas dados [...]. (LEWGOY E SILVEIRA, 2007, p. 249).
Objetivo das entrevistas:
1 – Conhecer a realidade do usuário.
2 – Socializar as informações.
A entrevista no Serviço Social constitui-se como processo de diálogo entre o 
assistente social e seus usuários, com objetivo de intervir na realidade profissional 
e ela deve estar articulada as diferentes dimensões, que constituem a competência 
profissional, sendo elas: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa.
38WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Figura 2 – Prefeitura visita famílias do Programa Casa para Quem Precisa. Fonte: Prefeitura de Araguaina (2018).
2.1 Classificação das Entrevistas
2.1.1 Entrevista estruturada
Aqui nesta modalidade de entrevista, o Assistente Social, após apresentar e esclarecer 
os objetivos ao usuário, formula perguntas conforme uma ordem estabelecida em um roteiro 
previamente elaborado.
Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-
se mais adequado para o desenvolvimento dos levantamentos sociais. (SILVA, 
2010).
39WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Segundo Gil (1995), este tipo de entrevista é muito aplicado em instituições que tem por 
objetivos traças o perfil socioeconômico dos usuários.
2.1.2 Entrevista não estruturada
Apesar de parecer bastante informal, não é uma simples conversa sem intencionalidade, 
pois tem como objetivo fundamental a obtenção de dados importantes à intervenção profissional.
Organiza-se de acordo com as variáveis que dependem, preciosamente, 
de cada situação global, mas as perguntas devem ser formuladas sem que 
estas introduzam respostas. Permite qualificar dados com o entrevistado, 
capacitar, avaliar, orientar, informar, reforçar a autoestima e gerar participação 
(KISNERMAN, 1978, p. 27).
Este tipo de entrevista, segundo o mesmo autor citado, pode ser focalizada, quando for 
centrada em uma determinada temática, onde o entrevistador “conversa” com o entrevistado, 
enfoca sem tema especifico, a entrevista não dirigida é completamente informal e permite 
dialogar sobre vários temas.
2.1.3 Entrevista semiestruturada (semidirigida por pautas)
A entrevista semiestruturada é entendida como aquilo que, além de possuir questões 
norteadoras e objetivos preestabelecidos, deixa aberto espaço para o surgimento de outros 
aspectos não previstos pelo entrevistador.
Podemos entender por entrevistas semiestruturadas, em geral aquela que parte de 
certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam 
a pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, frutos 
de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas dos 
informantes (TRINOS apud LAVORETTI, p. 90).
Figura 3 – Currículo Emocional. Fonte: Sete Lagoas (2018).
40WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Etapas da estrutura
1 – Planejamento: deve ser planejada antes de ser operacionalizada.
2 – Operacionalizar: momento da execução da coleta de dados, do contato com o usuário, 
da síntese e da avaliação. Muito importante neste momento, que o usuário seja acolhido, como já 
falamos anteriormente.
3 – Registro: a última etapa da entrevista é a sistematização das informações vertidas 
para documentar a evolução do atendimento realizado ao usuário, tem o objetivo também de 
contribuir para a integralidade do atendimento e compartilhar o conhecimento com os demais 
trabalhadores da instituição. (LEWGOY; SILVEIRA, 2007).
Passaremos agora a refletir sobre a visita domiciliar, um dos instrumentos técnico – 
operativos utilizados pelos Assistentes Sociais, desde a origem da profissão, que exige continuo 
debate a fim de reconstruí-la e possibilitar seu uso na contemporaneidade, sempre em consonância 
com o projeto ético-político da profissão, na perspectiva do reconhecimento do direito da 
cidadania ou mais especificamente do “direito a ter direitos”, segundo a definição de Dagnino 
(1994, p. 108).
A visita domiciliar é um dos nossos meios de trabalho, no campo do Serviço Social o 
debate do processo de trabalho nos coloca frente à necessidade de conhecer estes elementos 
constitutivos, além da finalidade, o objetivo de intervenção e os meios de trabalho.
Segundo Minayo (1998), que o assistente social deve trabalhar tanto com dados 
quantitativos para desvelar a realidade, como com o universo de significados, 
motivos, valores, atitudes, assim o profissional pode compreender as contradições 
presentes no contexto que irá intervir.
 As expressões ou manifestações da questão social colocam-se diante de nós, 
assistentes sociais, sob a forma de demanda que no Serviço Social significa 
“requisição”, ou seja, uma demanda é uma requisição, apresentada ao assistente 
social pelos usuários dos serviços institucionais, pelos gestores/empregadores, 
por grupos comunitários ou pelo próprio assistente social com base na realidade.
41WWW.UNINGA.BR
OF
IC
IN
A 
DE
 F
OR
M
AÇ
ÃO
 P
RO
FI
SS
IO
NA
L 
EM
 S
ER
VI
ÇO
 S
OC
IA
L 
 | U
NI
DA
DE
 2
ENSINO A DISTÂNCIA
Segundo Motta (apud SIMIONATO, 1998), “as demandas a rigor são requisições 
técnico – operativas que através do mercado de trabalho, incorporam as exigências dos sujeitos 
demandantes”.
Para aprendermos os objetos de intervenção implícitos nas demandas e, por conseguinte, 
planejarmos e operacionalizarmos a intervenção com vistas a respondê-las, necessitamos de meio 
de trabalho, ou ferramentas, que são produzidas continuamente para melhor desenvolvermos as 
atividades profissionais. Aqui encontram-se os instrumentais técnicos-operativos.
Freitas e Freitas (2003), afirmam que a “visita domiciliar” consiste na coleta 
de dados observando no próprio local de vida familiar, onde há maior 
espontaneidade, pois os envolvidos estão em seu território, o que permite captar 
“elementos que revelam o modus vivendi”, e que ainda expressa a “valorização do 
local do núcleo físico do grupo”. Uma vez que permite uma observação dinâmica 
do indivíduo na relação com seu meio cultural, social (usos e costumes), e 
atendimento da necessidade básica de abrigo e segurança (FREITAS e FREITAS, 
2003, p. 60-61).
Silva (2001) refere se a visita