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RELATÓRIO PSICOLÓGICO
1. Identificação
Clientes: X e Y
Relatores
Sabrina Feitosa de Sousa
Assunto
Descrição de Processo Psicoterapêutico e Encaminhamentos das participantes do grupo
de atendimento no Instituto X e de J.C. da instituição escolar.
2. Descrição da demanda
No Instituto X, a demanda era atender, escutar e acolher mulheres em situação
de vulnerabilidade em Planaltina - DF. Após o início do atendimento, constatou-se que
as demandas principais eram autonomia das participantes para tomar decisões por si
próprias e abusos sexuais que aconteceram em momentos anteriores da vida. Já no
campo 2, a instituição escolar me encaminhou o aluno J.C. de 4 anos de idade que
apresentava comportamentos agressivos, porém sem diagnóstico. Após o início do
atendimento, constatou-se que além da agressividade, o ensino de habilidades sociais
para a criança também era uma demanda.
3. Procedimentos
Participei de 4 encontros de 12/03/2022 a 06/04/2022 com o grupo de mulheres
no Instituto X, sendo que o primeiro foi dedicado ao convite para as mulheres
participarem do grupo. E, foram feitos 6 atendimentos de 12/04/2022 a 25/05/2022 na
InstituiçãoY, sendo que o primeiro foi dedicado a conhecer a demanda que a pedagoga
iria passar para os estagiários e a conhecer o paciente.
4. Análise
Inicialmente, foi definido junto à professora B. F. que faríamos o estágio no
Instituto X em Planaltina, DF. Nessa Instituição, a presidente é a R., a vice-presidente é
a sua mãe Dona T. A R. não costumava estar presente nos encontros, entretanto sua mãe
Dona T. comparecia apenas para cumprimentar durante alguns encontros. Além delas,
há uma mulher que trabalha na recepção do Instituto que era responsável pelo caixa e
pelas redes sociais e estava sempre presente na instituição.
Para contextualizar melhor, explico aqui o ambiente físico do Instituto: assim
que você chega em frente ao Instituto, há algumas mesas e cadeiras nas quais os clientes
podem sentar e lanchar, pois há um comércio no qual vendem comidas e lanches.
Atrás do comércio, tem um corredor onde eram realizados os encontros e, atrás
do corredor, há a sala de costura. Em resumo: comércio - corredor - sala de costura.
Em relação aos participantes, o convite para fazer parte do projeto foi feito
“boca a boca” (uma participante chama a outra) ou por redes sociais - meio utilizado
para divulgação do projeto.
Encontro 1
No dia 12 de março de 2022, foi realizada a primeira visita à instituição Instituto
X localizada em Planaltina – DF. Nesse primeiro momento, a visita foi apenas para
conhecermos o projeto e realizarmos o convite de participação ao nosso público alvo
que são mulheres em situação de vulnerabilidade. Feito o convite, os encontros foram
marcados para acontecerem aos sábados.
Encontro 2
No dia 19 de março de 2022, foi realizada, então, a primeira intervenção. Neste
dia, estiveram presentes duas mulheres e os alunos estagiários da UDF. No primeiro
momento, nos apresentamos novamente a elas e pedimos para que se apresentassem.
Ambas são mulheres que vivem em Planaltina – DF e tentam retirar renda a partir do
projeto de costura oferecido pelo Instituto X. A fim de não identificar as participantes e
manter sigilo profissional, cito apenas a inicial de seus nomes. A paciente T é uma
senhora casada no papel, mas vive separada do ex-cônjuge há alguns anos, vive com sua
filha e netas, perdeu pessoas significativas da família que foram vítimas do COVID-19
e viveu um luto complicado, alegando ainda se sentir triste pela perda dos parentes,
entretanto tem se acostumado após dois anos do falecimento deles, alega também que o
Instituto foi uma rede de apoio para ela, uma vez que o convívio com outras pessoas e
as tarefas do Instituto a ajudam a ocupar a mente e a não focar no sofrimento. A rede
social é de fato uma das estratégias de enfrentamento do luto1. A paciente C é uma
mulher de meia idade, mora junto com seu parceiro, porém nunca casou, tem 4 filhos e
todos ainda moram com ela, tem netos que também vivem com ela – não relatou
nenhuma demanda específica.
Encontro 3
No dia 26 de março foi realizado o terceiro encontro com o tema Saúde Mental e
estiveram presentes 8 mulheres. Inicialmente, foi realizada uma roda de conversa para
que as pessoas pudessem se apresentar, pois tinham pessoas que não estiveram nos
encontros anteriores - nós nos apresentamos também. Demos início ao encontro,
explicamos qual seria o tema e iniciamos a dinâmica: com plaquinhas de papel nas
quais estavam escritas situações que ajudavam na saúde mental e situações que
pioravam a saúde mental, pedimos para cada uma pegar uma plaquinha vermelha (com
situações que não ajudavam) e uma plaquinha verde (com situações que ajudavam),
então pedíamos para que elas falassem o que entendiam sobre e realizamos a
psicoeducação dessa forma. Tendo em vista que por meio da psicoeducação2, o paciente
aprende as consequências dos seus comportamentos, sejam elas boas ou ruins para sua
saúde mental, nosso objetivo era ensiná-las boas práticas de saúde mental.
2 Beck JS. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2013.
1 Zunzunegui, M. V., Koné, A., Johri, M., Béland, F., Wolfson, C., & Bergman, H. (2004). Social
networks and self-rated health in two French-speaking Canadian community dwelling populations over
65. Social science & medicine (1982), 58(10), 2069–2081.
https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2003.08.005
Encontro 4
No dia 2 de abril foi realizado o quarto encontro com o tema Autoconhecimento.
Estiveram presentes 4 participantes: O, T, MC e M. Apresentou-se o tema e foi feita a
pergunta: “reflitam um pouco e digam ‘quem é você?”. A senhora M se identificou
como uma pessoa calma, que criou seus filhos e tem a sensação de missão cumprida, diz
ter uma boa relação com os netos e gostar muito de andar de bicicleta. A senhora T
falou bastante sobre o quanto estava feliz porque conseguiu dizer “não” para o filho,
disse que se vê como uma pessoa solitária, sem amigos e que sempre foi muito limitada
e pouco reconhecida pelo que faz pelos outros, mesmo se colocando em segundo lugar
em função dos outros. A senhora MC falou sobre a decepção que teve ao fazer a
cirurgia bariátrica, esperava ficar com uma estética bonita (com bonita, ela se referia a
ficar sem pele sobrando); relatou ter tido depressão por isso e teve uma história de vida
sofrida (na infância, foi dada pela mãe à avó, porém reconhece que se tivesse ficado
com a mãe, não teria uma “boa” vida hoje - com “boa” se refere a uma vida
financeiramente estável). A senhora O disse ser uma pessoa com a vida financeiramente
estável, mas que teve uma vida de muito sofrimento; sofreu abuso sexual por parte do
irmão mais velho durante muitos anos de sua vida, sendo estuprada recorrentemente
desde sua infância. Ao relatar isso, a senhora T que estava ouvindo, começou a chorar e
precisou de um acolhimento, então abrimos espaço de fala para ela, entretanto, ela se
recusou a falar, alegando que seria um sofrimento para nós (estagiários e participantes)
escutarmos a história de sua vida; assim, ela apenas continuou chorando.
Observa-se que durante os temas mais delicados apresentados pelas próprias
participantes, elas mesmas ofereceram apoio umas para as outras, proporcionando um
encerramento com o acolhimento, segurando a mão uma da outra enquanto a colega
relatava o seu momento difícil de vida, como era esperado que acontecesse - em grupos
operativos3, espera-se que os membros tenham papeis ativos compartilhando
experiências e incentivando os outros membros a participarem do processo.
No dia 06 de abril, durante a supervisão de quarta-feira, junto à professora
supervisora, foi decidido que alguns alunos seriam remanejados de campo de estágio,
pois o campo do Instituto X estava muito cheio, sendo que não havia tanta demanda
para tantos estagiários e tendo em vista também a dificuldade de acesso para a maioria
dos alunos se locomoverem até Planaltina. Haja vista isto, digo aqui que eu fui incluída
nesse grupo e fui remanejadapara o campo da Instituição Escolar, localizado na Asa Sul
de Brasília.
Encontro 1
No dia 12 de abril, realizei a visita à escola para conhecer o campo. A seguir
apresento algumas das pessoas com as quais tínhamos contato:
● Diretora: M.
● Vice-Diretora: D.
● Pedagoga: M.
● Porteiro.
● Pessoal da limpeza (estavam sempre no pátio).
3 Bastos, Alice Beatriz B. Izique. (2010). A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri
Wallon. Psicologo informacao, 14(14), 160-169. Recuperado em 16 de junho de 2022, de
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-88092010000100010&lng=pt&tlng=pt.
● Professoras.
● Monitoras.
Para contextualizar, explicarei também o ambiente físico da instituição: na entrada
fica o porteiro que destranca o portão para quem chega; ao lado da entrada a secretária
na qual há apenas uma secretaria; ao lado da secretaria, a sala da diretora e
vice-diretora. No corredor atrás dessas salas, há a coordenação na qual se encontram a
pedagoga e a sala das professoras. À frente da coordenação, há a cantina e na frente da
cantina o pátio no qual as crianças lancham e brincam. Ao lado do pátio, há as salas que
são divididas por cores: sala azul, vermelha, amarela e verde. Ao lado dessas salas, há a
sala de recursos da pedagoga.
Encontro 2
No dia 20 de abril, voltei à instituição. Fui designada para a sala azul pela diretora
na qual as crianças têm entre 3 e 4 anos de idade com a professora G. A pedagoga me
apresentou o caso de J.C.:
● Caso J.C. é uma criança de 4 anos. Continua sem diagnóstico. Entretanto, é uma
criança com comportamentos agressivos que acontecem desde que estava na
creche. Esses comportamentos agressivos reduziram de frequência, entretanto
ainda acontecem e os pais das outras crianças se incomodam com isso ao ponto
de não querer que seus filhos estudem na mesma turma que ele. Já realizou
acompanhamento psicológico e realizou uma investigação para saber se havia
algum transtorno, entretanto, a mãe diz que não houve qualquer diagnóstico.
Dediquei essa primeira prática a realizar o vínculo - me sentei na mesa das
crianças na qual J.C. estava sentado. Estávamos todos sentados numa mesa com outras
crianças e J.C. começou a conversar comigo, me contou sobre sua família, me chamou
para brincar com ele de comidinha (utilizando massinha e brinquedos) e permaneceu a
maior parte do tempo ao meu lado. Entretanto, J.C. quis a massinha da cor que o colega
L. estava brincando. O colega L. se recusou a entregar e J.C. começou a dar murros
nele. Logo a professora os separou. Foi observado que os comportamentos agressivos
de J.C. são quando é contrariado. Após a professora ter separado eles, ele retornou para
a mesa na qual estávamos e chorou até ganhar a massinha que queria. Depois, a
professora o fez pedir desculpas para L. e J.C. se sentou mais calmo, voltou a brincar e
me chamou para brincar com ele.
Por fim, comuniquei à professora que acompanharia J.C., porque percebi que os
comportamentos de J.C. eram bastante agressivos e que ele tem dificuldade de interagir
assertivamente com os colegas, tendo em vista que o comportamento assertivo envolve
ser capaz de expressar seus direitos causando o mínimo de prejuízo possível a si e aos
outros4. Além disso, conversei sobre o termo de consentimento livre esclarecido que
precisava ser assinado. Assim, entreguei uma cópia para a professora e ela entrou em
contato com a mãe da criança.
Encontro 3
No dia 27 de abril, compareci à instituição para realizar a primeira intervenção.
O objetivo desta intervenção era o ensino de formas de fazer um “mando”, pois na
sessão de observação tinha percebido que ele não pedia, ele exigia - se não consegue o
que quer, ele logo parte para agressão ou para o choro. Tal comportamento se mantém,
4 Lange, A.J., & Jakuboviski, P. (1978). Responsible assertive behavior Illinois: Research Press.
pois ao bater e ao chorar, J.C. consegue o que quer5. Mostrei a ele um vídeo chamado
Palavrinhas Mágicas6 do canal do YouTube Diário da Mika - durante o vídeo, conversei
com ele sobre o modo que Mika (personagem do vídeo) pedia as coisas que era sempre
pedindo “por favor”. Após isso, dei a ele uma folha com 3 desenhos na qual ele deveria
pintar apenas 2 desenhos que representavam situações nas quais a criança deveria dizer
“por favor” para pedir o brinquedo ao colega - ele pintou os 3 desenhos.
Apesar da professora reclamar de seu comportamento, J.C. se comportou
durante a sessão de forma colaborativa porque queria ganhar as cartelas de figurinhas
que eu daria a ele ao final, se ele realizasse toda a atividade da sessão. J.C. demonstrou
compreender na teoria como deveria fazer pedidos, entretanto, tendo em vista seus
comportamentos agressivos em relação aos colegas quando eles não fazem o que ele
quer, percebi que seria válido continuar com esse tema na outra semana, porém de uma
forma mais prática. Por fim, a professora me devolveu o termo que a mãe de J.C. havia
assinado - entretanto, a diretora da escola pediu para ficar com o original nos arquivos
da escola, de modo que só tenho a cópia.
Encontro 3
No dia 04 de maio, retornei à escola para realizar o encontro 3. Visto que na
semana anterior J.C. havia demonstrado compreender em teoria como fazer pedidos,
mas não na prática, decidi permanecer com o mesmo tema da semana anterior. Logo,
criei um ambiente no qual ele precisasse me fazer pedidos. Para isso, utilizei brinquedos
e um banco bem mais alto que ele. Coloquei alguns brinquedos no chão, mas deixei a
maioria em cima do banco e fiquei sentada ao lado da caixa de brinquedos. Enquanto
isso, conversava com J.C. propondo algo para criarmos com os brinquedos, de modo
que ele precisasse me pedir a peça que estava faltando para fazer seu cenário. Sempre
que ele pedia, eu dava a ele uma ordem para pedir o brinquedo de forma educada,
utilizando “por favor”, após ele refazer o pedido, entregava a ele o brinquedo.
Encontro 4
No dia 11 de maio, retornei à escola e realizei mais uma intervenção. Levei um
vídeo do YouTube do Canal Minha Vida com Alice - não bater: história animada7. A
partir desse vídeo, que abordava sobre não bater nos colegas porque isso magoa as
pessoas, conversei um pouco com ele, questionando se ele ainda batia nos colegas de
sala, se ele entendeu o que o vídeo queria dizer. Assim, passei então para o livro O
Grande Urso Esfomeado da autoria de Don e Audrey Wood - conversamos sobre dividir
as coisas, o ratinho dividiu o morango com o urso e assim ninguém ficou sem morango.
Trouxe esse assunto para a vida de J.C., perguntei com quem ele dividia os brinquedos,
se ele achava legal e que essa era uma forma de todos brincarem com o brinquedo sem
brigar. Após isso, dei uma cartela de figurinhas para ele e disse que ele estava ganhando
por ter se comportado sem bater nos coleguinhas e conversei com ele sobre o fim dos
atendimentos. Conversei com a professora para saber como andava o comportamento de
J.C., ela disse que ele continua uma criança agitada, mas que seu comportamento de
7 Não Bater: histórias sociais animadas! Disponível em: https://youtu.be/cqH63eNdh-s. Acesso em 16 de
jun. 2022.
6 Palavrinhas Mágicas. Disponível em: https://youtu.be/dX2N6eCenuw. Acesso em 16 de jun. 2022.
5 Bolsoni-Silva, A. T., Paiva, M. M. D., & Barbosa, C. G. (2009). Problemas de comportamento de
crianças/adolescentes e dificuldades de pais/cuidadores: um estudo de caracterização. Psicologia clínica,
21, 169-184.
https://youtu.be/cqH63eNdh-s
https://youtu.be/dX2N6eCenuw
bater nos colegas havia diminuído - fato que eu também observei durante meu tempo
em sala de aula e no recreio.
Encontro 5
No dia 18 de maio, retornei à escola e realizei outra intervenção. Levei o livro o
patinho feio e realizei uma contação de histórias, algumas vezes, J.C. interrompia para
falar algo a respeito das ilustrações. Usei o exemplo do patinho feio para conversar
sobre bullying e agressão com J.C. Por meio da técnica Leitura Dialógica8 - a qual
preconiza que o interesse da criança sobre a narrativae ilustrações seja levado em
consideração para realizar perguntas abertas - questionei se ele achava que tinha sido
legal os outros patos excluírem o patinho feio das brincadeiras - ele respondeu que não.
Trouxe isso para a vida real, falando que não é legal tratar mal o coleguinha só porque
ele é diferente. Depois perguntei se ele achava certo os outros patos baterem no patinho
feio, após isso, questionei se ele tinha achado legal bater no colega (porque ele tinha
batido no colega durante o intervalo quando o colega acidentalmente caiu em cima
dele), J.C. respondeu que não e disse que iria pedir desculpas ao colega (não pude ir
com ele até o colega para que pedisse desculpas, pois a professora estava preparando os
alunos para o passeio no parque de areia). Informei que na próxima semana seria meu
último atendimento para ele e para a professora.
Encontro 6
No dia 25 de maio, retornei à escola. Realizei uma sessão mais livre, pois queria
concluir o processo com ele. Deixei que ele ficasse brincando com os brinquedos de
montar (blocos de madeira) enquanto eu conversava com ele sobre o fim do processo.
Disse que era meu último dia, perguntei se ele entendeu - ele disse que sim. Verifiquei
como ele estava, se havia pedido desculpas ao colega e ele disse que sim. Reforcei que
seria meu último atendimento, entreguei figurinhas de carros para ele como forma de
lembrancinha. Informei à professora que eu não voltaria mais lá, pois o período de
estágio no semestre havia acabado. E comuniquei à diretora que eu havia terminado
meu estágio.
5. Conclusão
Considerando o processo psicoterapêutico, o paciente demonstrou ser uma
criança agitada e com baixa tolerância à frustração e poucas habilidades sociais. Em sua
família, segundo relato da professora e pedagoga, J.C. é reforçado a ter esse
comportamento, sua mãe não aceita que ele age de forma agressiva na escola quando a
professora lhe comunica, alegando que ele não se comporta de tal forma com ela. Em
consequência, J.C. é ensinado a evitar comportamentos agressivos apenas na escola,
seria necessário que isso se expandisse para os outros meios em que ele convive.
J.C. é um menino muito inteligente, que precisa ser ensinado a ter mais
habilidades sociais. Seriam necessários mais encontros além dos que foram realizados
no período de estágio, tendo em vista que seria necessário também um trabalho que
envolvesse a família. Como aponta a literatura, o trabalho com crianças não pode
8 Caldas (2019). Efeitos da leitura dialógica sobre atenção conjunta em crianças com transtorno do
espectro autista. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/35068/1/2019_RaphaellaChristineSouzaCaldas.pdf. Acesso em
16 de jun. 2022.
envolver apenas a criança9 e a escola - é preciso o envolvimento da família para que os
resultados sejam generalizados10.
Assim, pode-se afirmar que o principal objetivo: diminuir a frequência dos
comportamentos agressivos - foi atingido. Entretanto, para maiores resultados seria
preciso o envolvimento da família e nenhum dos estagiários teve acesso à família das
crianças. Por fim, percebe-se que a criança precisa de um acompanhamento
multidisciplinar para desenvolver suas habilidades sociais.
10 Gonçalves, E. S., & Murta, S. G. (2008). Avaliação dos efeitos de uma modalidade de treinamento de
habilidades sociais para crianças. Psicologia: reflexão e crítica, 21, 430-436.
9 Souza, M. A. D., & Castro, R. E. F. D. (2008). Agressividade infantil no ambiente escolar: concepções e
atitudes do professor. Psicologia em Estudo, 13(4), 837-845.