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Comunicação nas Organizações APRESENTAÇÃO Você já parou para pensar que, assim como as pessoas têm necessidades de se comunicar, as org anizações também a têm? A importância e a necessidade de comunicação nas organizações não estão relacionadas somente com o público atendido, mas também com uma comunicação entre a organização. Ou seja, a equipe em geral deve se comunicar para a fluidez no trabalho, a orientaç ão sobre os objetivos e as metas que se deseja alcançar Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os conceitos da comunicação nas organizaçõ es. Você evidenciará algumas situações que demonstram a importância da comunicação eficaz e efetiva para as organizações. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer ações adequadas em situações da comunicação nas organizações.• Identificar os níveis de comunicação nas organizações.• Explicar os diferentes tipos de comunicação nas organizações.• DESAFIO A empresa educacional Caminhos do Saber está com problema de comunicação interna. A probl emática foi constatada a partir de pesquisas de clima organizacional que apontaram queda na av aliação da comunicação, baixa adesão dos colaboradores aos veículos de comunicação interna e descrença dos colaboradores com relação ao discurso da organização. Diante disso, a instituição deverá adotar diversas medidas para solucionar o problema, as quais envolverão diferentes profi ssionais da empresa. Sendo pedagogo dessa instituição, como você poderá contribuir? Crie um plano de ação para tra balhar a comunicação com sua equipe. Faça-o em modo de apresentação para que seja validado j unto ao seu gestor. INFOGRÁFICO Veja no infográfico as etapas do processo de comunicação nas organizações. CONTEÚDO DO LIVRO A comunicação para uma organização expressiva começa não pela fala, mas pela escuta. Confor me descobriu Carl R. Rogers em sua experiência como psicoterapeuta, o principal obstáculo par a a comunicação é a tendência das pessoas de avaliar. Esse fenômeno pode ser superado a partir do fortalecimento de outra habilidade: o ouvir. Para dar prosseguimento ao estudo da comunicação nas organizações, leia o capítulo selecionad o: Boa leitura! PEDAGOGIA EMPRESARIAL Fernanda Lery Pereira Constante Comunicação nas organizações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer ações adequadas em situações da comunicação nas organizações. Identificar os níveis de comunicação nas organizações. Explicar os diferentes tipos de comunicação nas organizações. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a importância e o poder da comunicação nas organizações, analisando alguns exemplos de ações recomendadas para que se consiga realizar uma comunicação organizacional eficaz. Além disso, você vai verificar quais são os níveis de comunicação dentro de uma organização e entender cada um desses conceitos, que são muito importantes no dia a dia de uma empresa. Por fim, você vai analisar diversos conceitos que abrangem a comunicação organizacional como um todo, para, então, identificar os diferentes tipos de comunicação que podem ser realizados por uma empresa. Ações da comunicação nas organizações Quando tratamos da comunicação nas organizações, o que precisamos ali- nhar, em primeiro lugar, é o conceito de organização. Vamos então citar Kunsch (2016a, p. 23), que afi rma que “[...] organização é a expressão de um agrupamento planejado de pessoas que desempenham funções e trabalham conjuntamente para atingir objetivos comuns”. Pensando agora em comunicação, podemos dizer que esta abrange os seguintes elementos: fonte, codificador, canal, mensagem, decodificador e receptor. Esses são os elementos que, segundo Torquato (2015), dão vida ao processo comunicacional. O autor leciona ainda que uma empresa se organiza, desenvolve-se e sobrevive graças ao sistema comunicacional que ela cria e mantém, que é responsável pelo envio e recebimento de mensagens em três grandes sistemas: 1. Sistema sociopolítico, em que estão inseridos valores globais e as po- líticas do meio ambiente. 2. Sistema econômico-industrial, em que estão inseridos os padrões de competição e as leis de mercado, de oferta e de procura. 3. Sistema inerente ao microclima interno das organizações, em que estão estabelecidas as normas e políticas necessárias para todas as operações da organização. Ainda conforme Torquato (2015, p. 24): Trazendo informações desses três sistemas ou enviando-as para eles, o processo comunicacional estrutura as convenientes ligações entre o micros- sistema interno e o macrossistema social, estuda a concorrência e analisa as pressões do meio ambiente, gerando as condições para o aperfeiçoamento organizacional. Kunsch (2016a, p. 69) afirma que o sistema comunicacional é fundamental para o processamento das funções administrativas internas e do relaciona- mento das organizações com o meio externo, já que “[...] a dinâmica segundo a qual se coordenam recursos humanos, materiais e financeiros para atingir objetivos definidos, desenvolve-se por meio da interligação de todos os ele- mentos integrantes de uma organização, que são informados e informam ininterruptamente, para a própria sobrevivência da organização”. Flatley, Rentz e Lentz (2015, p. 4) afirmam que: [...] toda empresa, mesmo aquela com uma só pessoa, é um sistema econômico e social. Para produzir e vender produtos e serviços, ela necessita coordenar as atividades de muitos grupos de pessoas: funcionários, fornecedores, clientes, consultores jurídicos, líderes de comunidades e agências governamentais que possam estar envolvidos. A ponte que faz essas conexões? A comunicação. Comunicação nas organizações2 Ferrari (apud KUNSCHa, 2008, p. 78) complementa: A comunicação, como campo de conhecimento, é um processo contínuo e permanente que permeia as interações humanas atuando como sistema dialó- gico com o objetivo de informar, persuadir, motivar e alcançar a compreensão mútua. Sendo a comunicação essencialmente uma dimensão social, podemos considerá-la como uma célula indispensável aos sistemas sociais, ou seja, se não há comunicação, não há sistema social. Desta forma, também, as organizações são sistemas que, como todo sistema social, estão constituídas por comunicações. Analisando todas essas afirmações feitas pelos autores, podemos, então, reconhecer o poder exercido pela comunicação nas organizações. Torquato (2015, p. 25), em relação a esse poder, afirma o seguinte: A comunicação que, como processo, transfere simbolicamente ideias entre interlocutores é capaz de, pelo simples fato de existir, gerar influências. E mais: exerce, em sua plenitude, um poder que preferimos designar de poder expressivo, legitimando outros poderes existentes na organização, como o poder remunerativo, o poder normativo e o poder coercitivo. Há, portanto, um poder formidável nas organizações capaz de alterar as rotinas e o clima ambiental. Você conhece o significado de poder? Segundo o site Significados (SIGNIFICADO..., 2015, documento on-line), “[...] poder é o direito de deliberar, agir, mandar e, dependendo do contexto, exercer a sua autoridade, soberania, a posse de um domínio, da influência ou da força”. O termo vem do latim possum, que significa “ser capaz de”, e é uma palavra que pode ser aplicada em diversas definições e áreas. Segundo a sociologia, trata-se da habilidade de impor a vontade sobre os outros. Existem diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, etc. Não podemos deixar de considerar a mudança de paradigma em que vive- mos com a passagem da comunicação analógica para a comunicação digital, que, como aponta Kunsch (2016b), inverteu a tradicional forma de emitir a informação e de se comunicar. Anteriormente, trabalhava-se com um fluxo unilateral e com um receptor passivo, passando, hoje, paraum processo bas- tante interativo, com um receptor que assume, também, o papel de emissor. A autora relaciona, então, o que, para ela, seria uma prática bastante adequada em relação à comunicação, nesse seu formato atual de existir e operar: 3Comunicação nas organizações [...] fazer um monitoramento constante e auditorias sociais, para avaliar os cenários, ouvir a opinião pública e acolher as demandas e expectativas do público. Em outras palavras, há que se chamar o público para o diálogo e ficar atento ao que está acontecendo e, sobretudo, ter como metas a ética e a transparência das ações comunicativas (KUNSCH, 2016b, p. 45). A transparência citada por Kunsch (2016b) é uma das grandes exigências dos dias atuais em relação à comunicação das organizações para com seus stakeholders. O público espera mais que discurso — espera prática; espera coerência entre o dizer e o fazer, entre o comunicar e o agir. Espera ações sociais, atitudes socialmente corretas e ecologicamente responsáveis, além da valorização das pessoas, de suas diferenças, especificidades e culturas. A valorização das pessoas nas organizações deve ser um parâmetro deter- minante para a produção da comunicação organizacional. As organizações saudáveis, que levam em conta a qualidade de vida do trabalhador e se pre- ocupam de forma responsável com as consequências de sua comunicação, certamente são mais criativas, produtivas e admiradas por seus públicos (KUNSCH, 2016b, p. 52). Corrêa (apud KUNSCH, 2016b, p. 61) salienta que “[...] os desafios atuais das organizações passam por flexibilidade e adaptabilidade estratégicas, proximidade com os públicos, adequação narrativa e multiplicidade de vozes”. A autora salienta também que um sistema de gestão de comunicação exige um envolvimento de todas as áreas da empresa, ou seja, pessoas, estratégia, estrutura, conteúdo e tecnologia. Torquato (2015) afirma que o objetivo final de uma comunicação, em toda e qualquer organização, é gerar consentimento, ou seja, gerar permissão, aprovação. Segundo o autor, são três as ações mais adequadas para que se consiga realizar um processo de comunicação eficaz dentro de uma organi- zação. Todas essas ações, citadas pelo autor, estão direcionadas e vinculadas a aproximar as diferenças entre: as comunicações técnicas, que apresentam características pouco atra- tivas para o receptor; as comunicações cognitivas, que são aquelas intrínsecas aos compor- tamentos de todos os indivíduos; as comunicações orientadas para a divulgação de normas e valores, que devem ser desempenhadas nas mais variadas situações funcionais e organizacionais. Comunicação nas organizações4 Corrêa (apud KUNSCH, 2016b) relaciona algumas características que, para a autora, são o ponto de partida para que haja evolução nos processos de comunicação organizacional, dentro de uma realidade digital. Veja-as a seguir. Aceitar a realidade da hiperconexão, ou seja, da presença e do uso cotidiano da Web nas mais diversificadas atividades diárias e rotineiras dos indivíduos e das organizações. A certeza de que a digitalização da sociedade e dos processos econô- micos é irreversível e evolui em modo contínuo, o que exige uma maior atenção por parte das organizações. A percepção de que o atual patamar de uso que a sociedade, como um todo, faz da Web reconfigura completamente o tradicional processo de comunicação, exigindo maior colaboração, participação e espaço para múltiplas e simultâneas vozes. Analisando todo esse cenário, vemos que a comunicação, dentro das or- ganizações, possui uma importância vital, provoca diversas ações e reações, contribui para mudanças de cenários e proporciona múltiplas consequências nas suas estruturas e em seu funcionamento. Não existe, portanto, uma fórmula que seja aplicável a todo e qualquer tipo de organização. Cada organização deve trabalhar sua comunicação e criar ações adequadas à sua realidade e sua cultura, sem deixar de levar em consideração cada um dos seus públicos de interesse, tanto internos quanto externos. Níveis de comunicação nas organizações Os níveis de análise da comunicação nas organizações dependem, direta- mente, da sua tipologia e dos seus objetivos. Eles ainda podem se referir ao indivíduo como receptor de informações, às organizações e suas formas de arquitetura funcional, ao ambiente em que a organização está inserida e, ainda, aos meios técnicos que estão presentes no ato comunicativo. Sendo assim, podemos ter quatro níveis distintos de comunicação nas organizações; são eles: o intrapessoal, o interpessoal, o organizacional (que pode ser, por sua vez, interdepartamental, interunidades ou ambiental) e o tecnológico. 5Comunicação nas organizações Segundo Kunsch (2016b), os principais estudiosos desse tema foram K. H. Hoberts e Lee Thayer. Ainda sobre esse tema, a autora afirma que as comunicações assumem diversas formas nas organizações: algumas delas são totalmente interpessoais; outras dizem respeito a assuntos internos da organização; há ainda aquelas que se voltam para vínculos entre a organização e seus ambientes. Vejamos, então, o conceito de cada um desses níveis. Nível intrapessoal Torquato (2015) sintetiza esse nível como sendo aquele que estuda, basi- camente, o comportamento do indivíduo, suas atitudes e suas habilidades. Kunsch (2016b) já é mais específi ca e afi rma que a maior preocupação nesse nível é com o estudo do que se passa dentro do indivíduo, no momento em que este adquire, processa e consome informações. Segundo a autora, esse nível de comunicação vai depender bastante da capacidade de cada um, da suscetibilidade e do universo cognitivo de cada indivíduo. Segundo Hesketh e Almeida (1980, documento on-line): No nível intrapessoal a análise trataria do metabolismo da comunicação, isto é, veria o indivíduo como um sistema de informação-decisão mais ou menos complexo, dinâmico, aberto e intencional, cujas operações básicas consistem em converter dados em informações como a base de um comportamento de certa espécie. Nível interpessoal Nesse nível, a análise da comunicação é realizada entre os indivíduos, ou seja, estuda-se como as pessoas se afetam mutuamente, como elas se regulam e como afetam uns aos outros. A exposição da vida pessoal e profi ssional dos indivíduos, por meio das redes sociais, deu uma nova dimensão ao estudo desse nível comunicacional. Torquato (2015, p. 58) o classifi ca da seguinte forma: O nível interpessoal, estuda, além das variáveis internas de cada comunicador, as relações existentes entre as pessoas envolvidas, suas intenções e expec- tativas diante das outras, as regras dos jogos interpessoais em que poderão estar empenhadas na ocasião. Isso é, nessa faixa, a preocupação seria com a maneira como determinados indivíduos se afetam mutuamente, por meio de intercomunicação e, desse modo, regulam-se e controlam-se uns aos outros. Comunicação nas organizações6 Nível organizacional Hesketh e Almeida (1980, documento on-line) lecionam o seguinte: No nível organizacional, a análise comunicacional cuidará, primordialmente, das organizações planejadas e suborganizações (planejadas ou fortuitas) nelas existentes, concebidas como um sistema complexo e aberto de informação- -decisão, da mesma forma como ocorre com o organismo humano. Dentro dessa perspectiva, as funções essenciais de uma organização planejada seriam as de suas cadeias de comunicação (sistemas de fluxo de informação) e centros de conversão (pontos de processamento ou decisão). Em suma, o que estaria organizado em uma organização planejada não seriam pessoas ou cargos, mas as relações dos sistemas de fluxo informativo e centros de conversão. Kunsch (2016b), de uma forma bem mais simplificada, explica que o nível organizacional consiste nas redes de sistemas de dados e nos fluxos que ligam entre si os membros da organização, e esta, por sua vez, com o meio ambiente. Já Torquato (2015) prefere denominar esse nívelde grupal. Para o autor, nesse nível, é possível levantar variados tipos de situações envolvendo os grupos nas organizações, com base em características como frequências de contato, dimensão dos grupos, tempo de conhecimento e de trabalho, coesão, participa- ção em decisões, clareza das normas de cada um dos grupos, homogeneidade, entre outras. Para o autor, nesse nível estão também incluídas as relações entre os sistemas organizacionais e os grupos sociais, bem como a possibilidade de a organização, como sistema, comunicar-se com outros sistemas. Nível tecnológico No nível tecnológico, a atenção recai para os equipamentos mecânicos e ele- trônicos e sua relação de produzir, armazenar, processar, traduzir e distribuir informações. Segundo Torquato (2015, p. 68): Nesse caso, a preocupação dirige-se ao equipamento, ao aparelhamento e aos programas formais que geram, armazenam, processam, traduzem, dis- tribuem e exibem dados. As questões referentes às linguagens dos canais, à sua especificidade técnica devem ser devidamente estudadas dentro desse nível. Principalmente agora, com o armazenamento de dados na nuvem (em servidores remotamente acessados via internet), o que confere celeridade ao processo, ao mesmo tempo que o manuseio de programas de edição de texto, 7Comunicação nas organizações áudio e imagem está disponível a qualquer integrante da rede informacional, independentemente do ponto que se encontra. Por isso se diz, hoje, que o re- ceptor é muito mais que um consumidor de informação e dados. Ele próprio é um produtor e tem acesso fácil aos recursos tecnológicos necessários a essa interação-intervenção. Kunsch (2016b) nos apresenta outra teoria, em que Grary L. Kreep apresenta quatro diferentes níveis de comunicação nas organizações: 1. intrapessoal; 2. interpessoal; 3. de grupos pequenos; 4. de multigrupos. Para o autor, a comunicação intrapessoal é a forma mais extensa e básica da comunicação humana. Em nível intrapessoal, pensamos e processamos a informação. A comunicação interpessoal se constrói sobre o nível in- trapessoal, somando outra pessoa à situação comunicativa e introduzindo a dupla relação. A comunicação de grupos pequenos, por sua vez, se constrói sobre a interação interpessoal, utilizando vários comunicadores e somando as dimensões das dinâmicas grupais e relações interpessoais múltiplas para a situação da comunicação. A comunicação de multigrupos existe por meio da combinação dos outros três níveis de comunicação, ao se coordenar muitas pessoas para cumprir os objetivos complexos compartidos, conforme estabelece Kreep (apud KUNSCH, 2016b). É importante salientar, a partir do entendimento desses conceitos, que toda e qualquer organização que tenha um sistema de comunicação não deve jamais, em qualquer momento, deixar de considerar esses níveis. Os tipos de comunicação nas organizações Para entendermos os tipos de comunicação existentes nas organizações, vamos começar falando a respeito de duas redes de comunicação existentes: a rede formal de comunicação e a rede informal. Seus conceitos não são nada difíceis de serem entendidos, pois os próprios nomes já nos dizem muito. A rede formal é aquela formada pelo conjunto de canais ou meios de comunicação que são estabelecidos e formados de forma consciente e deli- berada. Torquato (2015, p. 70) leciona que “[...] a rede formal comporta todas as manifestações oficialmente enquadradas na estrutura da organização e Comunicação nas organizações8 legitimadas pelo poder burocrático”. São exemplos: veículos impressos, au- diovisuais, pronunciamentos, comunicados, veículos eletrônicos, entre outros. Já a rede informal surge das relações sociais entre as pessoas. Conforme aponta Torquato (2015, p. 70): “A rede informal abriga as manifestações espon- tâneas da coletividade, incluindo-se aí a famosa rede de boatos, estruturada a partir da chamada cadeia sociológica dos grupinhos”. A conversa, a livre expressão do pensamento e todo tipo de manifestação dos colaboradores que não tenha o controle da administração são alguns exemplos da rede informal de comunicação e que, muitas vezes, ocorrem por ansiedade, insegurança, falta de uma informação concreta, ou mesmo por maldade. Torquato (2015) denomina “cadeia sociológica dos grupinhos” o fato de alguém, após uma determinada conversa, encontrar algumas pessoas e passar a elas a informação recebida. Dessas pessoas que receberam a informação, uma delas passa a informação adiante a outro grupo de pessoas, e assim sucessivamente. Entre a informação final e a inicial existe um processo de deterioração, que, certamente, altera e deturpa dados da informação passada na primeira interlocução. É importante entendermos também que existem alguns tipos de fluxos de comunicação dentro de uma organização. A comunicação pode ser des- cendente, ascendente, lateral ou horizontal, transversal ou longitudinal, ou, ainda, circular. Uma comunicação descendente é aquela que vem de cima para baixo, ou seja, da administração para o corpo da organização. Essa comunicação se caracteriza como uma comunicação administrativa oficial. A comunicação ascendente faz o movimento contrário, ou seja, leva informações do corpo da organização para a administração. É muito realizada por meio de caixas de sugestões ou pesquisas. Existe também o fluxo lateral ou horizontal, que nos é muito bem explicado por Kunsch (2016b, p. 55): “[...] a comunicação ocorre no mesmo nível. É a comunicação entre os pares e as pessoas situadas em posições hierárquicas semelhantes”. É a comunicação entre departamentos, seções, unidades de negócio, por exemplo, e que contribui para o aperfeiçoa- mento da coordenação. A comunicação de fluxo transversal ou longitudinal é aquela que se dá em todas as direções, passando por todas as instâncias e 9Comunicação nas organizações as mais diversas unidades setoriais. Por fim, temos a comunicação de fluxo circular, que não segue direções tradicionais. Esse fluxo de comunicação, segundo Kunsch (2016b), desenvolve-se mais em organizações informais e contribui para a efetividade no trabalho. Com o entendimento desses conceitos, vamos agora tratar explicitamente a respeito dos tipos de comunicação nas organizações, tipos esses que abrangem tanto as redes formais quanto as informais e podem seguir os diversos tipos de fluxos aqui citados. É importante deixar claro que, independentemente da terminologia ou nomenclatura utilizada, existem diversas formas de uma orga- nização se comunicar: seu comportamento institucional é uma dessas formas; sua arquitetura e sua identidade visual também são formas de comunicação e expressão. Há quem separe os tipos de comunicação em apenas dois grupos: comunicação interna e externa. Mas nós vamos tratar aqui, de uma forma mais ampla, dos tipos mais tradicionais de comunicação organizacional, que estão divididos em: comunicação administrativa; comunicação interna; comunicação mercadológica; comunicação institucional. Comunicação administrativa Esse é o tipo de comunicação que está relacionado com os procedimentos administrativos em si. Segundo Lemos (apud FARIAS, 2011), a comunicação administrativa apoia o funcionamento e a estrutura de uma organização. Kunsch (2016b, p. 152) conceitua a comunicação administrativa como “[...] aquela que se processa dentro da organização, no âmbito das funções administrativas; é a que permite viabilizar todo o sistema organizacional, por meio de uma confluência de fluxos e redes”. Para Andrade (1996, p. 34), “[...] ela pode ser definida como o intercâmbio de informações dentro de uma empresa ou repartição, tendo em vista sua maior eficiência e melhor atendimento ao público”. Comunicação nas organizações10 Comunicação interna Esse é aquele tipo de comunicação que se dirige a um público essencial da organização: os seus colaboradores. Ela não deve ser confundida com a comuni- cação administrativa, pois é mais ampla e deve ser planejadade forma dirigida. Lemos (apud FARIAS, 2011, p. 156) alerta sobre a complexidade e abran- gência da comunicação interna contemporânea: Na revolução dinâmica que se vem experimentando dia-a-dia, a comunicação interna deve considerar três grandes fundamentos: orientar-se para o cidadão nas organizações, estando atenta à ambiência em que se dá, quer interna, quer externa; promover o conhecimento sobre a cultura organizacional e o envolvimento das lideranças com o planejamento e a disseminação das mensagens; ser ágil, verdadeira e parte de um sistema de comunicação integrada. Só assim ajudará as organizações a alcançar seus objetivos e, ao mesmo tempo, oferecerá ao público interno a possibilidade de também alcançar seus próprios objetivos. A mesma autora salienta a importância de se conhecer quem é o público interno, seus interesses e objetivos, além de se estabelecer que tipo de relacio- namento pretende-se estabelecer com ele. Tudo isso para que se construa uma comunicação interna adequada e que respeite as diferenças dos indivíduos, mas também cultive as semelhanças. É preciso levar em consideração que o público interno é um público multi- plicador, sendo esse mais um motivo da importância desse tipo de comunicação nas organizações, não esquecendo, também, que esta deve compatibilizar os interesses tanto do público interno quanto da organização. Para Kunsch (2016b, p. 156), a comunicação interna deve ser considerada: [...] como uma área estratégica, incorporada no conjunto da definição de políticas, estratégias e objetivos funcionais da organização. Deve existir total assimilação da ideia por parte da cúpula diretiva, dos profissionais responsáveis pela implantação e dos agentes internos envolvidos. Caso contrário, os programas a serem levados a efeito correrão o risco de ser parciais e paliativos. 11Comunicação nas organizações Comunicação mercadológica A comunicação mercadológica, como o próprio nome diz, é a comunicação com o mercado. É aquela destinada à divulgação de produtos e serviços de diversos segmentos, objetivando reforçar sua imagem no mercado, realizar a venda e, consequentemente, aumentar os lucros de uma organização. Segundo Kunsch (2016b, p. 162), “[...] a comunicação mercadológica é responsável por toda a produção comunicativa em torno dos objetos mercadológicos, tendo em vista a divulgação publicitária dos produtos ou serviços de uma empresa”. Esse tipo de comunicação conta com ações de merchandising, promoções, propagandas e, ainda, com a exposição estratégica de produtos nos pontos de venda, além da presença digital das marcas. Segundo Galindo (1986, p. 37): A comunicação mercadológica compreende toda e qualquer manifestação comunicativa gerada a partir de um objetivo mercadológico, portanto, a comunicação mercadológica seria a produção simbólica resultante do plano mercadológico de uma empresa, constituindo-se uma mensagem persuasiva elaborada a partir do quadro sociocultural do consumidor-alvo e dos canais que lhe servem de acesso, utilizando-se das mais variadas formas para atingir os objetivos sistematizados no plano. Uma comunicação mercadológica ética e que apresente uma atitude so- cialmente responsável, ou mesmo uma preocupação com o meio ambiente, por parte da organização, é bastante valorizada nos dias atuais. Comunicação institucional Para Souza (2006, documento on-line), “[...] compete à Comunicação Insti- tucional empreender esforços para a valorização da Identidade Corporativa de modo a suscitar nos públicos a percepção de imagens que resultem fortes e positivas acerca da organização”. Kunsch (2016b, p.165) ainda acrescenta que “[...] a comunicação institucional enfatiza os aspectos relacionados com a missão, a visão, os valores e a fi losofi a da organização e contribui para o desenvolvimento do subsistema institucional, compreendido pela junção desses atributos”. As relações públicas, o jornalismo empresarial, a assessoria de imprensa, a publicidade e propaganda institucional, a imagem e a identidade corporativa, o marketing social e o cultural são exemplos de ferramentas de comunicação institucional. Comunicação nas organizações12 Acesse o link abaixo e assista a um vídeo com uma explicação bastante simples sobre a diferença entre comunicação institucional e comunicação de varejo/mercadológica, bem como as melhores formas de aplicá-las. https://qrgo.page.link/3ywsc Para que se tenha um sistema comunicacional eficaz, é preciso que se saiba trabalhar todo esse mix (comunicações administrativa, interna, merca- dológica e institucional), de forma que ele atenda às necessidades tanto da organização quanto de cada um dos públicos que vamos comunicar. Para isso, é importante conhecer a fundo cada um desses pontos de contato, para que se consiga construir um planejamento e um sistema de comunicação estruturado e pensado para o atingimento dos objetivos predeterminados. E então, você está preparado para esse desafio? ANDRADE, C. T. S. Dicionário profissional de relações públicas e comunicação e glossário de termos anglo-americanos. 29. ed. rev. e ampl. São Paulo: Summus Editorial, 1996. FARIAS, L. A. (org.). Relações públicas estratégicas: técnicas, conceitos e instrumentos. 2. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2011. FLATLEY, M.; RENTZ, K.; LENTZ, P. Comunicação empresarial. 2. ed. Porto Alegre: McGraw- -Hill, 2015. GALINDO, D. Comunicação mercadológica em tempos de incertezas. São Paulo: Ícone Editora, 1986. HESKETH, J. L.; ALMEIDA, M. A. Comunicação organizacional: teoria e pesquisa. Revista de Administração de Empresas, Rio de Janeiro, v. 20, nº. 4, p. 13-25, out./dez. 1980. Disponível em: https://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S0034-75901980000400003. pdf. Acesso em: 17 maio 2019. KUNSCH, M. M. K. (org.). Comunicação organizacional estratégica: aportes conceituais e aplicados. São Paulo: Summus Editorial, 2016b. 13Comunicação nas organizações KUNSCH, M. M. K. (org.). Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas. São Caetano do Sul: Difusão, 2008. KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 6. ed. rev. São Paulo: Summus Editorial, 2016a. SIGNIFICADO de poder. Significados, [s. l.], 18 ago. 2015. Disponível em: https://www. significados.com.br/poder/. Acesso em: 17 maio 2019. SOUSA, G. M. S. F. Comunicação institucional, imagem corporativa e identidade corpo- rativa: a inter-relação das categorias. Revista Cambiassu, São Luis, v. 16, nº. 2, p. 177-191, jan./dez. 2006. Disponível em: http://www.cambiassu.ufma.br/cambi_2006/gisela. pdf. Acesso em: 17 maio 2019. TORQUATO, G. Comunicação nas organizações: conceitos, estratégias, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus Editorial, 2015. Comunicação nas organizações14 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir aborda os meios de comunicação nas organizações, a má comunicação e os cui dados que se deve ter na hora de comunicar-se. Assista! Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. EXERCÍCIOS 1) Kunsch (2016a, p. 23) afirma que “[...] organização é a expressão de um agrupamento planejado de pessoas que desempenham funções e trabalham conjuntamente para ati ngir objetivos comuns”. E, para os processos relacionais nas organizações é necessári o conhecer o sistema comunicacional, assim, analise as assertivas abaixo: I – Por meio de seu sistema de comunicação a empresa se desenvolve e se organiza, co ntudo não sobrevive. II – As relações internas nas organizações têm as normas e políticas necessárias estab elecidas por meio de seu sistema de comunicação. III – É possível constante aperfeiçoamento organizacional por meio de estudos sobre a concorrência e análise das pressões do meio ambiente. IV – A comunicação é uma célula dispensávelnas organizações, principalmente no qu e se refere aos sistemas sociais. V - Estabelece conexões entre toda cadeia de pessoas como funcionários, consultores, líderes comunitários e agências governamentais. São corretas as assertivas: A) I, II e IV B) II, III, IV e V https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/26d7bdf91b1900bab26259c8f6a0c29e C) I, II, III e V D) II, III e V E) I, II, III, IV e V 2) O poder exercido pela comunicação nas organizações legitima outros poderes existent es. Para Torquato (2015) esse poder denomina-se: A) Expressivo B) Coercitivo C) Normativo D) Remunerativo E) Deliberativo 3) A mudança do paradigma comunicacional digital inverte a lógica tradicional na form a de emitir as informações. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir e assinale a correta. A) A mudança da comunicação analógica para a digital possibilitou ao receptor passivo o pap el de emissor. B) O paradigma comunicacional promoveu uma relação interativa entre emissor e receptor. C) O processo comunicacional digital promoveu a interação unilateral inexistente na comunic ação analógica. D) O fluxo comunicativo modificou as relações de recepção e emissão passando a ocorrer sim ultaneamente. E) A comunicação analógica refere-se ao paradigma de emissão de informações interativas. A partir de uma certa tipologia e objetivos específicos, a comunicação nas organizaçõ es é analisada em diferentes níveis. Relacione o nível ao seu conceito preenchendo os e 4) spaços de forma correta. I – Nível intrapessoal II – Nível Interpessoal III- Nível Organizacional IV – Nível Tecnológico ( ) Com a função de produzir, armazenar, processar, traduzir e distribuir a informaç ão ligando-se ao aparelhamento e programas formais. ( ) Se constrói somando outra pessoa à situação comunicativa e introduzindo a dupla relação. ( ) Está centrado nos sistemas de fluxo de informação e centros de conversão. ( ) Forma mais extensa e básica da comunicação humana, onde pensamos os processo s de informação. Assinale a alternativa na qual os níveis aparecem na ordem correta: A) I, IV, III, II B) II, I, III, IV C) III, I, II, IV D) IV, II, III, I E) IV, III, I, II Quanto aos fluxos de comunicação dentro das organizações é possível encontrar difer enças. Leia atentamente o texto a seguir e escolha a alternativa que traz o nome dos respecti vos níveis na ordem em que aparecem no texto: Os níveis de análise da comunicação nas organizações podem se referir ao indivíduo c omo receptor de informações, às organizações e suas formas de arquitetura funciona l, ao ambiente em que a organização está inserida e, ainda, aos meios técnicos que est ão presentes no ato comunicativo. Sendo assim, podemos ter quatro níveis distintos d 5) e comunicação nas organizações. No nível_______as relações de comunicação possibilitam ao receptor a condição de pr odutor com acesso fácil aos recursos necessários à interação e intervenção. As inform ações circulam por nuvens onde são armazenadas e, podem surgir por meio de difere ntes linguagens como escrita, áudio e vídeo. No nível_________, a análise comunicacional cuidará, primordialmente, das organiza ções planejadas e suborganizações (planejadas ou fortuitas) nelas existentes, concebid as como um sistema complexo e aberto de informação da mesma forma como ocorre com o organismo humano. Para Torquato (2015) o nível __________ estuda, basicamente, o comportamento do i ndivíduo, suas atitudes e suas habilidades e, para Kunsch (2016b) a maior preocupaç ão nesse nível é com o estudo do que se passa dentro do indivíduo, no momento em qu e este adquire, processa e consome informações. Por fim, no Nível ___________a análise da comunicação é realizada entre os indivídu os, ou seja, estuda-se como as pessoas se afetam mutuamente, como elas se regulam e como afetam uns aos outros. A exposição da vida pessoal e profissional dos indivíduo s, por meio das redes sociais, deu uma nova dimensão ao estudo desse nível comunica cional. Os níveis aparecem na ordem correta em: A) Intrapessoal; interpessoal; organizacional; tecnológico. B) Tecnológico; organizacional; intrapessoal; interpessoal. C) Interpessoal; organizacional; interpessoal; tecnológico. D) Organizacional, intrapessoal; tecnológico; interpessoal. E) Tecnológico; intrapessoal; organizacional; interpessoal. NA PRÁTICA Na prática, a comunicação nas organizações pode gerar alguns ruídos e a famosa "notícia de corr edor", que pode afetar toda uma equipe. Veja como acontece isso e qual deve ser a postura de u m pedagogo empresarial neste contexto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: O cometa Halley e as pérolas da comunicação. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. O papel da comunicação nas organizações Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/YL8tYYy7xew https://docplayer.com.br/865292-O-papel-da-comunicacao-nas-organizacoes-1-luciana-jacomini-faculdade-de-agudos-faag.html
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