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RESUMO 3p - FUNDAMENTOS 1

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FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, TEÓRICOS E METODOLÓGICOS DO SERVIÇO SOCIAL I
AULA 1 – “E ASSIM ERA NO PRINCÍPIO...”
· O SERVIÇO SOCIAL é uma profissão “INTERVENTIVA”, ou seja, ele intervém diretamente na realidade social buscando uma transformação social. A realidade social é o campo de atuação do Assistente Social e ele trabalha para transformar essa realidade social, trabalha pra fazer com que haja mais justiça, mais igualdade. O Serviço Social só pode ser exercido por um profissional graduado que irá se tornar um Assistente Social. Esse Assistente Social vai atuar em ESPAÇOS OCUPACIONAIS do 1º SETOR – Instituições públicas: as prefeituras, os órgãos estaduais, os municipais, os federais que absorvem Assistentes Socias em seu quadro de funcionários; do 2º SETOR – Orgãos Privados: as indústrias, as fábricas, as intuições privadas; do 3º SETOR – São as ONGs.
· O Assistente Social só pode exercer a profissão se ele tiver um “REGISTRO PROFISSIONAL” que é dado pelo conjunto CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) e CRESS (Conselho Regional de Serviço Social) que são os órgãos reguladores da profissão. Esses órgãos reguladores lançam as resoluções, os registros, toda parte legal da profissão é vista por esse conjunto. Terminado o curso de Serviço Social vai ser preciso levar a documentação no CRESS da sua cidade e eles vão liberar um número de identificação profissional, aí sim você estará habilitado e capacitado para atuar.
· Temos algumas legislações que norteiam o trabalho do Serviço Social. Temos um PROJETO ÉTICO E POLÍTICO que traz algumas legislações importantes: “Lei de Regulamentação” 8662 de 1993; o “Código de Ética” de 1993 e as “Diretrizes Curriculares” que vão nortear as universidades no curso de Serviço Social.
· ASSITENCIALISMO é aquela ajuda pontual, assistência eventual. ASSISTÊNCIA SOCIAL é uma política pública, está na Constituição Federal de 1988 no capítulo 194 da seguridade social. A Saúde, a Previdência Social e Assistência Social juntas formam o tripé da Seguridade Social. Então estamos fazendo um curso de Serviço Social e vamos nos graduar em Assistentes Sociais, nós não fazemos curso de Assistência Social, porque isto é política pública.
· CARIDADE # JUSTIÇA SOCIAL – Caridade pode ser traduzida como amor e é uma das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade). Este é um conceito histórico muito importante que mostra que desde a antiguidade o homem sente necessidade de ajudar os outros. Aristóteles e Platão já falavam que o homem tem que ser sensível ao outro, sabendo que esse outro homem também é um cidadão. Então temos vários exemplos na história de ajuda ao próximo e isso potencializou com o Cristianismo e a pessoa de Cristo que pregava a caridade, ensinava a ajudar os pobres, as viúvas e etc. Só que essa ajuda, essa caridade não tem uma característica de continuidade, ela não dá ao homem a noção de cidadania. Viver só de caridade, de ajuda, não dá cidadania a ninguém. Embora isso traga um bem muito grande não é o ideal. É uma ajuda na medida do que eu posso, do que eu quero, do que eu me disponibilizo a ajudar, então não é contínuo. O que a gente se busca é a JUSTIÇA SOCIAL que é proporcionar as pessoas as mesmas oportunidades dentro da sociedade. Proporcionar uma melhor habitação, saúde de qualidade, educação pública de qualidade, serviços públicos que funcionem e atendam a todos. Esse é um discurso mais contemporâneo de Justiça Social.
Historicamente, a realização da prática assistencial esteve bastante distanciada das relações sociais, associando-se à noção de caridade. O que se buscava nessas práticas assistenciais era perpetuar a servidão e ratificar a submissão. No decorrer da história, todas as políticas implantadas serviam para desarticular movimentos de revolta das camadas populares.
· ANTECEDENTES HISTÓRICOS:
a) FEUDALISMO – O feudalismo surge a partir da queda do Império Romano no final do século XV. Nessa época a Europa se tornou muito violenta com guerras, invasões, lutas constantes, então a população começa a sair das cidades e ir para a zona rural em busca de proteção. Surge então a figura do senhor Feudal que era um grande proprietário de terra que oferece guarita e proteção nas suas terras em troca de fidelidade e serviço. Era um sistema fechado, sem possibilidade de mobilidade social, os servos nasciam servos e morriam servos, estavam literalmente presos a terra e eram praticamente mais uma posse do senhor Feudal. Os servos ficavam na base da pirâmide, depois deles vinha o clero, os nobres e no topo da pirâmide o senhor Feudal. Esse período durou cerca de 1.000 anos e era caracterizado por relações servis de produção.
No feudalismo surgiu um grupo de pessoas que não pertenciam nem a nobreza, nem ao clero, nem aos servos, eram os antigos mercadores, gente que praticava o comércio, iam de aldeia em aldeia, de feudo em feudo vendendo suas mercadorias. Esse povo começou a enriquecer, começou a crescer e eles foram se instalando em alguns lugares da Europa que foram chamados de “burgos”. Nesses burgos viviam essas pessoas que não se caracterizavam em nenhum grupo social, eles eram chamados de BURGUESES. Ao longo do tempo os burgueses foram crescendo, foram enriquecendo, surge a moeda, a troca, com tanta riqueza eles precisavam guardar seu dinheiro em algum lugar, então surgem os bancos, e assim os burgueses ganham espaço. Marx chama de “burguês” aquele que detém o poder.
b) REVOLUÇÃO FRANCESA – Ocorre na França de 1789 a 1799. É considerado o mais importante acontecimento da história contemporânea. Inspirada pelas IDÉIAS ILUMINISTAS sob o lema "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" que acabou com regimes absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Os moradores dos burgos enriqueceram de uma tal forma que eles financiaram a revolução francesa para depor o rei, acabar com o regime absolutista e implantar uma nova sociedade, uma sociedade onde poderiam ter mais poder econômico, mais expressão política e poderiam determinar os rumos da nação francesa. Na revolução francesa é assinado um importante documento que é a “DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO”. Nesse momento a burguesia e a camada popular se unem buscando uma sociedade mais justa, onde haja liberdade, a igualdade e a fraternidade.
c) REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Teve início na Inglaterra em meados do séc. XVIII. Constituiu numa série de avanços tecnológicos que teve impacto em vários processos como o produtivo, o econômico e o social. Houve uma mudança de sociedade rural (agrícola) para sociedade urbana, uma migração para as cidades. Aquele trabalho “manufaturado” feito com as mãos, passa a ser “maquinofaturado” feito pelas máquinas. O homem já não vê mais o produto do seu trabalho materializado, pois ele passa a trabalhar numa linha de produção, sem ter noção do que ele faz ou produz. Nesse momento os burgueses já detêm os meios de produção: as fábricas, o comércio e o trabalhador precisam vender a sua força de trabalho. Martinelli (2007) pontua que: a máquina a vapor e o tear mecânico tornaram-se verdadeiros deuses dos capitalistas e a fábrica o seu templo. As transformações trazidas pela Revolução Industrial não ficavam, portanto, circunscritas aos limites da produção industrial. Era a sociedade como um todo que ganhava uma nova ordem social, polarizando radicalmente em duas grandes classes – a burguesia e o proletariado – cujas vidas se desenrolavam sob o signo da contradição e do antagonismo. Contradição e antagonismo porque burguesia e proletariado queriam coisas completamente diferentes: a burguesia queria a acumulação, o proletariado queria a justiça social uma vida mais digna onde suas necessidades sociais pudessem ser atendidas: comida, educação, saúde e etc. Contradição e antagonismo também porque a burguesia e o proletariado viviam de forma completamente diferente, o trabalhador não tinha qualquer direito, trabalhavam em condições terríveis, ocorriam muitos acidentes de trabalho, jornadas de 14 horas, trabalhavam idosos, crianças, mulheres, era um cenário caótico de terrívelexploração das pessoas. Surge o capitalismo.
d) CAPITALISMO – Economistas conceituaram a expressão no decorrer dos anos. Vejamos 2 conceitos:
- WERNER SOMBART (1863-1941) CAPITALISMO é uma forma econômica baseado na criação de um espírito capitalista, o espírito empreendedor e racional.
- A ESCOLA CLÁSSICA ALEMÃ. CAPITALISMO é uma forma de organização da produção que se move entre o mercado e o lucro.
- MARX amplia o conceito e diz que o CAPITALISMO é um Modo de Produção, marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação do processo de produção pelo capital. O que é um Modo de Produção: uma forma específica e peculiar de relações sociais entre os homens, e entre as forças produtivas, relações mediatizadas pela posse privada dos meios de produção, ou seja, a posse dos equipamentos, das fábricas, das máquinas. Então se eu tenho os meios de produção eu domino aqueles que só vendem a força de trabalho. As classes sociais aparecem aqui com a ruptura entre o capital e o trabalho, a ruptura entre os homens que passam a se diferenciar a partir da posse privada dos meios de produção. São divididos entre: burguesia e proletariado. Essas são as classes sociais fundamentais para Marx.
e) Assim, ao longo da primeira metade do século XIX o capitalismo avançou em sua marcha expansionista, instaurando concomitantemente um processo de contínua desvalorização do ser-humano. Nesse momento o trabalhador começa a se reconhecer enquanto classe social, eles percebem que estão trabalhando, trabalhando, trabalhando sem nenhum tipo de benefício, sem nenhum direito, sem nada que lhes dê condições de vida melhor e então eles começam a se aglutinar a medida que se reconhecem como classe social. Formam-se os primeiros sindicatos, as primeiras organizações de classe, organizações de categorias, eles começam a se reunir, surgem revoltas, greves e OS TRABALHADORES COMEÇAM A SE REBELAR. Entre os primeiros movimentos de revolta dos trabalhadores está o movimento Ludista que quebra as máquinas que são o símbolo da dominação capitalista. Os trabalhadores revoltavam-se contra a submissão da vida humana, contra a humilhação cotidiana que lhes eram impostos. Mostravam-se contrários a prática comum de trazer para as fábricas crianças, jovens e mulheres. Há uma crescente onda de manifestações ao longo do século XIX. Surge então a “QUESTÃO SOCIAL” que será objeto de trabalho do Serviço Social
A “QUESTÃO SOCIAL” é apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação de seus frutos se mantém privada, monopolizada por uma parte da sociedade.
f) Com a revolta dos trabalhadores e essa onda de manifestações o Estado se vê obrigado a tomar uma atitude pra conter os ânimos exaltados porque estavam sendo pressionados pelos prejuízos. Então o Estado e a Burguesia adotaram medidas que mascaravam e proporcionavam ao trabalhador a “ilusão de liberdade”. A primeira delas foi à revogação da “LEI DOS POBRES”, que na verdade tinha o caráter de instrumento de dominação de classe, essa lei protegia a burguesia e oprimia os trabalhadores. Era uma legislação de 1597, lei antiga da dinastia Tudor, que declarava indigente e retirava o direito de cidadania daqueles que fossem atendidos pelo sistema de assistência pública. 
g) A BURGUESIA, IGREJA E ESTADO unificam-se em um compacto bloco político com características reacionárias com o objetivo de coibir as manifestações dos trabalhadores, impedirem suas práticas de classe e abafar sua expressão política e social. Surge na Inglaterra a SOCIEDADE DE ORGANIZAÇÃO DA CARIDADE, em 1869 em Londres, iniciou-se a sistematização da prática social. Pode se dizer que a origem do Serviço Social como profissão tem a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes: alienação, contradição, antagonismo. Racionalizar a assistência e reorganizá-la em bases científicas, acabou constituindo numa estratégia política através do qual a burguesia procurava desenvolver seu projeto de hegemonia de classe. Surgiram os primeiros assistentes sociais, executores da prática da assistência. Esses primeiros executores têm contornos diferentes tanto na Europa como nos EUA
- SERVIÇO SOCIAL NA EUROPA (Social Service – Serviço Social): Serviço porque você é uma pessoa que está a serviço do outro, que está ali para auxiliar, para ajudar os outros e está muito ligado a igreja católica.
 Mantinha-se sob forte vínculo com a religião, identificando-se com a Igreja Católica; se apoiavam nas Encíclicas Papais: “Rerun Novarun” (“Das Coisas Novas” – Feita pelo papa Leão XIII em 15/05/1891) e “Quadragésimo Anno” (Feita pelo papa Pio XI em homenagem aos 40 anos da “Rerun Novarun” em 15/05/1931). As encíclicas falam claramente da existência do capitalismo, mas não reconhecem as desigualdades sociais. Pregava a harmonização entre as classes sociais, como se fosse possível. Segue a moral católica: ver, julgar e agir. A doutrina social da igreja.
 Fragilidade teórica;
 Prática social desenvolvida com a preocupação na pobreza, tentava ajustar o pobre à ordem social vigente;
 Vínculo com a sociologia;
- TRABALHO SOCIAL NOS EUA (Social Work – Trabalho Social): Trabalho porque queriam passar a imagem que um trabalhador social, um trabalhador como outro qualquer, está lá a serviço de você trabalhador. O nome foi escolhido como uma forma de aproximar o Assistente Social do trabalhador facilitando a penetração do Serviço Social no meio desses movimentos populares. Nos EUA o trabalho social não está tão ligado ao catolicismo, mas ao protestantismo.
 Na Europa o Serviço Social tinha vínculo com a sociologia, no EUA tinha vínculo com a psicologia, com tendo contorno terapêutico. A abordagem era diferente. Na EUA era uma abordagem mais social, com foco na pobreza, nos EUA a abordagem era individual, mas da mesma forma redirecionando para a reforma de caráter. 
 O Trabalho Social americano foi grandemente influenciado e sistematizado por Mary Ellen Richmond (1861-1928) era uma enfermeira que no início do século XX foi a primeira a escrever e pensar sobre o que é Serviço Social e de como ele deveria ser exercido. Ela começou a elaborar a teoria do Serviço Social americano. Surge o Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade. Os cursos ministrados pela Sociedade de Organização da Caridade, tanto na Europa como nos EUA, foram influenciados por Mary Richmond.
 Mary usava o INQUÉRITO como instrumento para realizar o diagnóstico social e posteriormente o tratamento. Visualizando o inquérito como um instrumento de fundamental importância para a realização do diagnóstico social, e posteriormente do tratamento, acreditava Richmond que só através do ensino especializado poder-se-ia obter necessária qualificação para realizá-lo. CASO O MEIO SOCIAL NÃO PUDESSE MUDAR, O CLIENTE MUDARIA DE MEIO. A isso ela chamou de AÇÕES. Esta proposta profissional chamava-se SERVIÇO SOCIAL DE CASOS INDIVIDUAIS.
 CASO O MEIO SOCIAL NÃO PUDESSE MUDAR, O CLIENTE MUDARIA DE MEIO. O que isso significa? É a perspectiva do ajustamento social. Você tem que se ajustar a esse meio e se esse meio não servir pra você, você tem que buscar um outro meio, uma outra realidade. O meio que ela fala é a realidade social, idéia de ajustamento do positivismo.
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AULA 2 – “A FILOSOFIA E O SERVIÇO SOCIAL:
· Sabe-se que o serviço social teve seus primeiros passos orientados através da Igreja Católica que alicerçava a visão de mundo, sob inspiração da caridade religiosa através do TOMISMO e HUMANISMO. Até 1954, não existia um currículo mínimo oficial para as escolas de serviço social. Através do Decreto nº 35.331 de 08 de abril de 1954 se estabelecem algumas bases Sociológicas e filosóficas curriculares para o Serviço Social.
· TOMÁS DE AQUINO e o TOMISMO – São Tomás de Aquino foi um personagem importantíssimo pra igreja católicaporque é quem organiza toda a doutrina da Igreja Católica. Ele era da ordem dos Franciscanos Mendicantes, era muito rico, mas largou tudo para trabalhar no mosteiro. Ele foi o grande articulador da igreja católica, é graças a ele que a igreja católica hoje tem uma teologia e uma filosofia que dá conta dos fundamentos da fé cristã e da razão humana. Ele falava, já na idade média, que todo ser humano tem o direito a ter uma vida digna, com liberdade, com saúde, com emprego e etc. A Doutrina Filosófica de Tomás de Aquino ficou conhecida como TOMISMO, mas o Serviço Social utiliza de uma variação do Tomismo chamada de NEO-TOMISMO.
· NEO-TOMISMO – Retomada e releitura dos fundamentos de São Tomás de Aquino oriundos dos princípios de dignidade da pessoa humana, do bem comum que iluminaram a teoria e a prática do assistente social desde 1936 até 1960 na Europa e no Brasil. Entre os postulados filosóficos tomistas que marcaram o emergente Serviço Social, temos a noção de dignidade da pessoa humana, sua perfectibilidade, sua capacidade de desenvolver potencialidades; a natural sociabilidade do homem, ser social e político; a compreensão da sociedade como união dos homens para realizar o bem comum (como bem de todos) e a necessidade da autoridade para cuidar da justiça geral. Na visão neo-tomista, é inaceitável privilegiar interesses de ideologias como o neoliberalismo ou comunismo, por exemplo, ou instituições como empresas e o governo, em detrimento do direito do ser humano a uma vida digna e tudo que ela acarreta: a liberdade, a saúde, o emprego e a habitação. Nesta influencia neo-tomista, o serviço social das décadas de 30 e 40 buscava:
Sociabilizar o ser humano (“o homem é um ser político” – Aristóteles);
Resgatar a pessoa humana (resgate da alma);
Resgatar a inteligibilidade da pessoa humana num processo educacional de formação moral e social.
Observe que aquilo que o neo-tomismo busca são preceitos do catolicismo e buscavam ajustar o homem a sociedade. Não se questiona a sociedade com suas exclusões e distorções, se ajusta o ser humano a viver nessa sociedade numa perspectiva moralizadora, combatendo os ditos desvios de conduta: alcoolismo, a prostituição, a homossexualidade... porque se busca a perfectibilidade da pessoa humana. Tomás de Aquino dizia que o homem é naturalmente bom e é preciso resgatar essa perfeição humana.
Dentro do neo-tomismo temos dois importantes documentos que são fundamentais para o Serviço Social europeu, são as encíclicas papais, ou seja, documentos elaborados pelos papas dentro da sua época, que davam o direcionamento para todas as ações da igreja. Orienta como a igreja vê o homem, vê a sociedade, vê as coisas do mundo. Então são documentos norteadores para a igreja do mundo todo. Duas ENCÍCLICAS são fundamentais para o Serviço Social:
 
“RERUN NOVARUN” (“Das Coisas Novas”) Foi escrita pelo papa Leão XIII em 15/05/1891, essa encíclicas fala claramente da existência do capitalismo, reconhece as desigualdades sociais, mas defende a propriedade privada e busca uma humanização do capitalismo. Não reconhece a luta de classes, pregava a harmonização entre as classes sociais.
“QUADRAGÉSIMO ANNO” Feita pelo papa Pio XI em homenagem aos 40 anos da “Rerun Novarun” em 15/05/1931. Essa encíclica fala da luta contra o paganismo, as religiões africanas, a bruxaria e etc. Fala muito também da quesão social e como ela se manifesta na sociedade. Na época a questão social era combatida não com políticas, mas com polícia. Era uma abordagem diferente onde questão social era caso de polícia. 
· POSITIVISMO – O positivismo é uma sociologia conservadora americana que consiste em observação e descrição das regularidades do conceito. Teve seu início em decorrência das novas idéias do Iluminismo, seu contexto foi o final da Idade Média e início da Idade Industrial. Precursor: AUGUST COMTE (1758-1857).
- O Positivismo é uma ciência em substituição a moral religiosa, essa ciência busca a racionalidade, busca uma nova ordem moral que seja científica e que garanta a ordem social e o progresso da sociedade. 
- Para o positivismo os fatos sociais devem ser analisados como coisas, desligada de ideologias ou juízos de valor. A prostituição, o desemprego, a violência, todos esses fatos tem uma regularidade de acontecimento e são explicados pelo positivismo na forma de estatísticas, esses dados precisam ser quantificados através de gráfico, medidos, comparados, colocados dentro de indicadores para saber qual a regularidade e assim propor uma intervenção. Considera que todos os fatos sociais acontecem da mesma maneira e natureza, não considera a subjetividade de cada sujeito.
- O positivismo prega que a sociedade é boa e suas partes têm que funcionar em equilíbrio, por isso o homem tem que se ajustar a sociedade. Comte dizia que a sociedade desde o início tem dirigentes e dirigidos, os dirigentes são os mais capazes e eles mandam, os dirigidos são os que executam, os operários.
- No positivismo, diante de um fato social, você precisa: 1º) Observar a situação; 2º) Descrever a situação; 3º) Comparar a regularidade com que está acontecendo; 4º) Estabelecer as leis gerais da situação; 5º) Propor algumas ações. Era a forma de trabalhar do Assistente Social no princípio, um olhar racional e científico.
- No Brasil o POSITIVISMO e o NEO-TOMISMO se encontraram. Enquanto que no positivismo se apagava a fé em função da razão, o neo-tomismo trazia a possibilidade de muitos intelectuais juntar fé e razão, tradição e modernidade, o que era o trilho para as expectativas de futuro das classes dominantes.
- As idéias positivistas influenciaram a vida social fortalecendo os costumes burgueses e a prática da autoridade e da submissão. Desenvolve o medo e submissão distanciando os que decidem e os que fazem.
- A Realidade Social na visão do positivismo é um aglomerado de dados, de elementos, de fatores justapostos sem uma razão inicial ou estrutural. Para o positivismo na Realidade Social não há contradição, não há oposição, existem apenas alguns devias, algumas disfunções, alguns problemas pontuais e por isso temos que buscar nessa sociedade a harmonia. 
- O homem pelo positivismo é o indivíduo menor, o elemento irredutível, ou seja, é como se fosse um átomo, um átomo não se reduz, ele é o menor fragmento, assim é o homem. Então o homem não é importante, o que é importante é a sociedade. O homem é o menos fragmento que se aproxima de outro fragmento, e outro, e outro e compõe a sociedade. O homem é um ser imparcial, ele somente descreve, ele não toma partido, ele tem que se adaptar, se ajustar a sociedade.
· FUNCIONALISMO – Analisa a sociedade de forma a percebê-la presa aos princípios da inércia e a linearidade. Inércia é aquela coisa parada, Linearidade é aquela linha reta que não desvia do seu caminho. 
- Para o funcionalismo, enquanto houver congruência de VALORES (culturais), NORMAS (sociais) e MOTIVAÇÕES (da personalidade), a sociedade se manterá sem alterações do contrário, qualquer incongruência entre aqueles três elementos (valores, normas e motivações) produziria problemas, e ao fim, desvios frente aos quais os processos de “controle social” se mostrariam incapazes. Então se eu tenho mecanismos de controle social eu tenho que manter a sociedade sobre meu controle, porque não posso ter nenhuma incongruência, a sociedade tem que se manter inerte e linear. Se alguma distorção acontecer é porque os mecanismos de controle social não deram certo. 
- O funcionalismo vem para atender exigências do ajustamento social, o homem tem que estar ajustado e adaptado dentro dessa sociedade para que essas incongruências, essas imperfeições de valores, de normas ou motivações não ocorram. 
- O pai dessa filosofia é o Person, um filósofo americano que falava: No funcionalismo a sociedade tem que funcionar bem (daí o nome). Ele compara essa sociedade ao organismo humano que é composto por vários órgãos que tem uma função, uma atribuição dentro do organismo (coração, olhos, boca)a. Assim é na sociedade, os homens desempenhampapéis e funções e mediante essas funções você se ajusta a sociedade pra que ela permaneça linear e inerte.
- O funcionalismo supõe igualdade de oportunidade a todos, nega as contradições de classe. Para ele se todos funcionarem bem dentro da sociedade haverá igualdade de oportunidades. Essa é a lógica do funcionalismo, tudo depende do funcionamento e desempenho dos indivíduos e dos grupos para manutenção do sistema.
· FENOMENOLOGIA – A fenomenologia apresenta a essência do fenômeno, ela busca entender a essência daquela situação que a pessoa está vivenciando. A fenomenologia ajuda na compreensão e intervenção do Serviço Social na medida em que transcende o dualismo do sujeito e não separa as dimensões internas e externas desse mesmo sujeito que como pessoa humana possui uma dimensão pessoal presente na dimensão social.
- Nesse caso, a fenomenologia instaura a atitude de diálogo e de acolhimento do outro em suas opiniões, idéias e sentimentos, procurando colocar-se na perspectiva do outro para compreender e ver como o outro vê, sente e pensa. Trabalha com a empatia, se coloca no lugar do outro e trata a subjetividade humana, as emoções, os sentimentos.
- A fenomenologia diz que existem muitos mundos humanos de acordo com o meu ponto de vista e com as pessoas com que eu me relaciono. Um professor vive num universo muito voltado para a parte acadêmica, se relaciona com professores que compartilham das mesmas idéias e buscam as mesmas coisas, assim também existe o mundo do advogado, do operário, etc. Enfim, existem vários mundos entrelaçados.
- A fenomenologia foi muito criticada porque com seu uso o Serviço Social passa a ter uma conotação terapêutica e o Assistente Social não faz terapia. Por isso o Serviço Social se utilizou dessa corrente filosófica por pouco tempo pois começou a entrar em outro campo que é o campo da psicologia. Ela vai querer entender os conflitos da pessoa na forma individual, enquanto pessoa, muitas vezes descolado de uma conjuntura, razão também para críticas a essa ideologia.
- A fenomenologia embasou um documento importante para o Serviço Social que é o “Método de BH”.
· MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO – Os precursores desta filosofia são Marx e Hegels, eles explicam a sociedade por meio dessa doutrina filosófica que até hoje norteia o Serviço Social.
- MATERIALISMO porque designa um conjunto de doutrinas filosóficas que rejeitam qualquer princípio espiritual liga tudo a realidade, à matéria e a sua modificação. Então o homem precisa de coisas, coisas concretas pra viver, precisa de comida, de roupa, de habitação, de trabalho, ele não precisa de nada que me tire a razão e me faça explicar a sociedade de forma mágica ou espiritual, tenho que entender tudo de forma concreta, de forma material.
- HISTÓRICO porque é um método de compreensão que analisa a história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas. O que o homem precisa hoje não é o mesmo que precisou no século passado porque estamos submetidos a um movimento histórico.
- DIALÉTICO porque trabalha com Tese, Antítese e Síntese (Método dialético). Tese: afirmação inicial; Antítese oposição à tese; Síntese resultado do conflito entre tese e antítese. Então o pensamento de Marx é dialético porque ele é cíclico, eu estou sempre elaborando tese, antítese, estou sempre contradizendo essa sociedade, então cai por terra o pensamento do positivismo que a sociedade é feita de fatos concretos e nada desvia, ou do funcionalismo que ela é linear, inerte, não para o materialismo histórico e dialético a sociedade está sempre com contradições e fatos novos. 
· ESCOLA DE FRANKFURT – A Escola de Frankfurt foi fundada por Félix Weil a partir das idéias Marxianas, durante um evento chamado “Primeira Semana de Trabalho Marxista” em 1922, em que participaram Lukács, Korsch, Pollock, Wittfogel. A base da Escola de Frankfurt é a TEORIA CRÍTICA, isto é, não focaliza apenas no marxismo ortodoxo, mas permite várias leituras da sociedade, daí até o motivo de não ficar no Instituto de Estudos Marxistas.
- Principais representantes: Horkheimer, Adorno, Walter Benjamim, Marcuse e Habermas.
- A nova perspectiva de sociedade levou a se perceber que não é transformando a “natureza humana”, ou seja, não é adaptando o homem a essa sociedade que se muda a sociedade. Há uma necessidade de intervenção na sociedade, e isso passa não só pela mudança do ser humano, mas também das estruturas sociais. Não adianta só mudar o ser humano e não mudar a sociedade, não mudar a estrutura da sociedade. Hoje o Serviço Social busca a transformação da sociedade para que o homem tenha direitos assegurados através das políticas públicas.
· SERVIÇO SOCIAL NO MODELO AMERICANO – A partir de 1930, o serviço social começa a ter uma metodologia com Mary Richmond. A METODOLOGIA TRADICIONAL ou CONSERVADORA do Serviço Social divia-se em: SERVIÇO SOCIAL DE CASO, DE GRUPO ou DE COMUNIDADE. Vejamos cada um:
a) SERVIÇO SOCIAL DE CASOS INDIVIDUAIS – Tinha o foco nas relações face-a-face, o Assistente Social conversava diretamente com a pessoa buscando a correção dos comportamentos individuais baseado em conceitos psiquiátricos de normalidade (Normal? Segundo quem?). O serviço social de caso ou Case work era orientado pelas teorias de Mary Richmond, Porter Lee e Gordon Hamilton, cuja preocupação centrava-se na personalidade do cliente. Essas teorias buscavam alcançar mudanças no individuo a partir de novas atividades e comportamentos. 
O indivíduo era visto como elemento que deveria ser trabalhado, ajustando-o ao meio social e fazê-lo cumprir bem o seu papel no sistema vigente. “O Serviço Social de Casos é o processo que desenvolve a personalidade através de um ajustamento consciente, indivíduo por indivíduo, entre os homens e seu ambiente.”
Atendimento individual do Assistente Social para com seu “cliente” (hoje falamos usuário). Desenvolvido a partir do modelo clínico de tratamento da medicina (estudo, diagnóstico e tratamento). Influência histórica da psicanálise. Valorização dos aspectos psicológicos individuais e secundarização dos aspectos sociais.
As primeiras assistentes sociais utilizavam a metodologia de casos individuais nos plantões, nas triagens, nos acompanhamentos, nos aconselhamentos, na distribuição de auxílio e etc. Hoje ainda se faz estudo de casos individuais. 
b) SERVIÇO SOCIA DE GRUPO – Trabalha aspectos psicossociais, utilizados para tratamento de problemas do individuo em grupo, era utilizado por diversas disciplinas. O principal objetivo do serviço social de grupo é a capacitação do individuo para um correto funcionamento social. Dentro desta perspectiva o trabalho social com grupos pode ter propósitos educativos, corretivos, preventivos, de promoção da saúde, promoção de lazer, de esporte.
A finalidade do grupo, é o crescimento dos indivíduos no grupo e através do grupo e o desenvolvimento desse grupo através de tarefas específicase como meio para agir sobre âmbitos sociais mais amplos.
PRINCÍPIOS GERAIS:  O homem é um ser social;  A atividades de grupo possibilitam o processo sócio educativo;  Possibilitam a interação social dinâmica, permite crescimento pessoal, mudança de comportamento e desenvolvimento de potencialidades.
INSTRUMENTO BASE: Reunião de grupo (definição de objetivo/planejamento/operacionalização e avaliação das ações). Utilização do trabalho de grupo para desenvolvimento dos indivíduos. Caráter terapêutico e preventivo. Ex.: treinamento de mão de obra (SSOC de empresa). Foco em tornar os indivíduos ajustados ao modo de produção capitalista.
Apesar da metodologia tradicional do serviço social de grupo já estar superada o serviço social faz uso de reuniões de grupo como parte de seu instrumental metodológico, só que atualmente a utilização das reuniões de grupos são utilizados com outros objetivos diferentes da metodologia tradicional. 
c) SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADE – Visava estimular as comunidades a se unirem para resolver seus próprios problemas dispensando investimento do Estado. Aqui o estado era retirado da sua responsabilidade. O serviço social de comunidade surgiu na década de 1920 nos Estados Unidos para atuar na área das relações interpessoais, inter-grupais e para atender a problemas locais e setorizados, como instrumentos de adaptação e ajustamento de setores disfuncionais do sistema social, de uma técnica para alcançar o equilíbrio entre os recursos e necessidades.
Consistia num processo de mobilização, articulação e orientação de esforços das pessoas da comunidade em questão para, segundo definição de Aguiar (1989, p. 74), “dotá-la de recursos indispensáveis ao bem-estar e progresso de seus próprios membros, mediante ação cooperadora”. É pra cooperar, ajudar, capacitar essa comunidade a resolver seus problemas.
Os Assistentes Sociais eram preparados para utilizar técnicas de envolvimento da comunidade (identificação dos lideres, visitas, convocação e reunião de grupos, promoção de cursos livres atividades de lazer, etc.).
INSTRUMENTO BASE: Realização de projetos concretos determinados pela Comunidade (asfalto, construção de centro comunitário, de creche, etc.).
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AULA 3 - O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
· O CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DO BRASIL NA DÉCADA DE 1920 E 1930. Sabemos que o serviço Social emerge enquanto profissão legitimada e regular no Brasil na década de 1930, por isso precisamos conhecer quais foram os elementos centrais que o trouxeram a tona. Nesse período o mundo vive uma efervescência política e econômica muito grande com o capitalismo, há uma crise que vai culminar no final da década de 20 num colapso da economia com a quebra da bolsa de Nova York e da economia mundial. Foi uma crise de superprodução, os países foram produzindo, produzindo, mas não tem quem consiga consumir tudo isso, o povo não tem dinheiro pra consumir, isso leva a uma quebra generalizada no capitalismo mundial o que afeta também o Brasil. Foi uma época cheia de turbulências sociais, econômicas e políticas no Brasil. Destacamos algumas marcas desse período:
a) Crise Social por conta da liberação dos escravos e da vinda de imigrantes europeus para trabalhar nas fazendas de café. A realidade do continente Europeu é distinta da brasileira. A Europa tinha um capitalismo avançado com organizações fabris, sindicatos, e etc. Essa mão de obra que vem para ocupar as lavouras de café vai questionar as relações trabalhistas e começa a ocorrer intermitentes greves e manifestações operárias na busca de direitos.
b) Crise econômica porque a economia do mundo está em crise e os países deixaram de comprar café. Como o Brasil é um país agrário baseado principalmente na cultura do café e com acordos Oligárquicos que chamamos de política do café com leite, não tem dinheiro no país e a economia não se sustenta mais. 
c) Crise política porque a quebra do pilar econômico afeta a política e nós vamos ter a revolução de 1930 com a chegada de Getúlio Vargas no poder. Mais precisamente no dia 03/10/1930 tem início a Revolução Constitucionalista que depôs Washington Luis, 21 dias depois. Uma junta militar encabeçada por Getúlio Vargas assume o poder e só vai sair do governo em 1945. Fim da República Velha e o início da era Vargas.
d) Na era Vargas a "QUESTÃO SOCIAL", como era chamado o movimento operário, era tratado sempre com repressão e leis insuficientes para resolver os problemas cruciais dos trabalhadores. Todas as suas contestações, todas as expressões do conflito entre capital e trabalho: o pauperismo, as péssimas condições de trabalho, de habitação, de alimentação, a falta de saúde, de higiene, todas essas contestações eram reprimidas com violência. 
e) Só que isso não estava resolvendo e o novo poder estava preocupado com os constantes movimentos grevistas que paralisavam a economia. Por essa razão, elaborou uma nova legislação social. Começa assim a política social ainda de forma isolada com Getúlio Vargas. Ninguém estava preocupado com o bem estar do trabalhador, o que se fez era por preocupação com o risco de parar a economia. O risco de parar a economia leva a políticas sociais. Assim vamos ter na era Vargas todo um escopo de novas legislações.
· SURGIMENTO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
- Emergiu no Brasil nas décadas de 1930 (com a ascensão de Getúlio Vargas) e 1940.
- Possuía uma característica assistencial e controladora que buscou favorecer o capitalismo e o desenvolvimento industrial. Assistencial porque buscava prover algumas necessidades, dar assistência. Controladora porque na sua origem, buscava controlar a classe trabalhadora que na busca por direitos ameaçava parar a economia.
- Sua atuação era imediatista e acrítica.
- Fruto da iniciativa particular de vários setores da burguesia, fortemente respaldados pela Igreja Católica com medo do comunismo socialista. No período da República Velha (1889 – 1930) a igreja havia perdido espaço no Estado e buscava recuperar o seu poder através das questões sociais e suas expressões. Dom Lemos, junto com a Santa Sé começa a pressionar o governo para esse novo catolicismo, para a nova força da igreja e ganha alguns postos políticos.
- Teve como referencial o Serviço Social Europeu. O Serviço Social brasileiro veio de um modelo FRANCO-BELGA onde era trabalhado o NEO-TOMISMO. O serviço social no Brasil nasce a partir desta visão e mundo, a visão de que a sociedade vivia esses problemas sociais por causa dos seus excessos, por causa dos vícios morais, dos desvios morais. O homem havia abandonado a sua fé, o comunismo se apresentava como um perigo real, e sem o credo religioso o resultado eram todos os problemas vividos. A Igreja Católica apresentava um equilíbrio, que a sociedade não se tornasse comunista, nem entrasse num capitalismo severo, buscavam um capitalismo mais humanista, onde o se humano é o centro das relações submetendo-se as leis divinas.
- Sob a influência da doutrina social da Igreja aliada ao Estado o Serviço Social onde a formação moral e técnica era requerida. Aliás, a moral era mais requisitada porque a técnica era frágil e trazia mais reflexões da prática, sem muita cientificidade. O que se pedia mesmo era a moral cristã com base na doutrina social da igreja.
- Não deixavam que a “técnica profissional” fosse maior que a “moral doutrinária”.
- Com a união do Estado com a Igreja Católica, como poderes organizados, a classe dominante procurava conceber estratégias com força disciplinadora e desmobilizadora do movimento do proletário.
- É criado o CENTRO DE ESTUDOS E AÇÃO SOCIAL (CEAS) em 1932. Objetivo: Contribuir para a divulgação dos princípios da ordem social da Igreja Católica, voltado à preparação de trabalhadores sociais. Como faziam isso? Por meio de CENTROS FORMATIVOS. Foram fundados quatro centros operários e lá eram desenvolvidos atividades de trabalhos manuais, conferências, palestras e junto se falava sobre a fé cristã e sobre o modo cristão de pensar.
- Em 1932, em visita ao Brasil,a assistente social belga ADÈLE DE LONEUX faz palestras e participa de conferências, em São Paulo e no Rio, lançando, pela primeira vez, a noção de Serviço Social. Ao regressar à Bélgica, foi acompanhada pelas brasileiras Maria Kiehl e Albertina Ramos, as primeiras a receber formação na escola de Serviço Social de Bruxelas.
- Em 1936 surge a primeira escola de serviço social do Brasil a ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO (PUC). Foi criada por iniciativa de Maria Kiehl e Albertina Ramos. O curso tinha caráter de formação técnica e recebia, ainda, enfoque moralizador e psicologizante centrado no indivíduo e na família, que terá como referenciais o pensamento social da Igreja.
- O CURRÍCULO DOS CURSOS DE SERVIÇO SOCIAL era constituído das seguintes disciplinas: Religião, Moral, Sociologia, Psicologia, Higiene, Direito, Seminários, Introdução ao Serviço Social, Serviço Social de Casos, visitas a Obras, Práticas de casos, além dos estágios. Direcionado para a formação moral e profissional do Assistente Social aliada a sua personalidade. O Serviço Social era visto como VOCAÇÃO e não PROFISSÃO, a vocação do cuidado. Geralmente se achava que o Serviço Social era para mulher porque esta tinha o espírito de cuidar.
- Em 1938 nasce o CONSELHO NACIONAL DE SERVIÇO SOCIAL (CNSS) em pleno regime do Estado Novo. Getúlio Vargas decretou a criação do Conselho Nacional de Serviço Social (Decreto Lei nº 525). Vinculado ao Ministério de Educação e Saúde, o órgão era composto por sete membros que deveriam estar ligados ao Serviço Social, com o objetivo de opinar sobre questões sociais e subvenções a obras sociais. Com a promulgação da LOAS, em 1993, o CNSS foi extinto e substituído pelo atual CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CNAS).
- A partir de 1940 no centro de uma política em que se favorecia a industrialização, o Estado cria instituições de assistência estatais, paraestatais e autárquicas com o intuito de direcionar e integrar as reivindicações operárias através de políticas sociais desenvolvidas nessas instituições as quais se necessitavam de profissionais do serviço social para executá-las. É o início da legitimação da profissão.
- A Previdência Social foi uma das primeiras áreas de atuação do Assistente Social, no setor público.
- Em 1942 surge a LBA (Legião Brasileira De Assistência); o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio); o SESC (Serviço Social do Comércio) e o SESI (Serviço Social da Indústria) conhecido com SISTEMA S são algumas das instituições gestadas nessa época.
- Nesse momento ocorre a legitimação da profissão na divisão sócio técnica do trabalho, pois foi a partir dessa necessidade social que se constituiu no mercado de trabalho para o assistente social.
· INSTITUIÇÕES CRIADAS PELO ESTADO DE ATENDIMENTO A “QUESTÃO SOCIAL”
- SENAI -Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
- SESI – Serviço Nacional da Indústria.
- Medidas assistenciais e educativas necessárias a adequação da força de trabalho as necessidades da indústria em expansão e ao modelo corporativista.
- O Estado organiza suas ações com foco no desenvolvimento do capitalismo no Brasil.
· PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DA GESTÃO DOS CONFLITOS SOCIAIS
- Aspecto ideológico da figura da primeira dama no Brasil (Dona Leopoldina – luta pela libertação do Brasil de Portugal). 
- Construção de identidade do homem e da mulher é um processo cultural educativo de cada sociedade – gênero.
· PROJETO LBA - INSTRUMENTO IDEOLÓGICO DO ESTADO – Novo modelo de dominação política pautado no Assistencialismo, ficava sob supervisão da 1ª dama DARCY VARGAS.
- OBJETIVO INICIAL: prover as necessidades das famílias cujos chefes estavam a serviço da nação (esforço de guerra). Frente ao sucesso diante da sociedade, continuidade das ações assistencialistas.
· LBA – 1º CAMPANHA ASSISTENCIALISTA
- O Estado apela para o sentimento de união e solidariedade do povo brasileiro e lança uma campanha propagandista que busca ganhar o apoio da população para o ‘esforço de guerra’
- Política paternalista – LBA é vista como um órgão que “faz o bem”e que presta ajuda aos necessitados.
- Órgão benevolente chefiado pela primeira-dama que permite ao presidente e aos governadores dos Estados estenderem as mãos sobre os pobres, traz populismo
· CÓDIGO DE ÉTICA DE 1947
- Com fortes dogmas católicos de conceitos morais, em 29 de setembro de 1947 a Associação Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS) traz o primeiro Código de Ética do assistente social. Código bem sucinto de 3 páginas que traz elementos contundentes do Neo-Tomismo. Este código só vai ser substituído por um novo código de ética em 1986.
- Como fundamento filosófico, o Código de Ética de 47 (assim que iremos chamá-lo) estava impregnado da doutrina da Igreja Católica, sobretudo princípios morais e éticos extremamente vinculados a conceitos de uma conduta profissional de se fazer o bem e evitar o mal.
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AULA 4 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE 1950
· ORIGEM DO SERVIÇO SOCIAL – Duas perspectivas distintas sobre o gênesis do Serviço Social:
1º) A PERSPECTIVA ENDOGENISTA – O Serviço Social é visto como uma evolução das formas de ajuda, caridade e filantropia praticadas anteriormente. Nessa visão o surgimento do Serviço Social é entendido como resultado do trabalho de alguns filantropos que se organizaram e profissionalizaram com o apoio da igreja e/ou do Estado. Nessa perspectiva não está em questão a análise do contexto social, econômico e político como determinante no surgimento do Serviço Social. A visão Endogenista está apoiada no positivismo, nesse sentido o homem deve ser ajustado a sociedade, e a sociedade por sua vez é imutável e sem perspectiva de mudança.
2º) A PERSPECTIVA HISTÓRICO-CRITICA – O Serviço Social surge por causa das lutas sociais e das demandas da população insatisfeita com o aumento da acumulação capitalista e da desigualdade vigente. Na visão Histórico-Crítica a “questão social” é a base para o surgimento do Serviço Social. A visão Histórico-crítica está apoiada no marxismo, nesse sentido o serviço social é fruto de uma evolução das conseqüências do modo de produção capitalista. Nesse sentido o homem é um sujeito histórico, ele está na história e tem que propor mudanças pra ele e pra sociedade, nesse sentido a sociedade é contraditória e necessita de mudanças, precisa de transformação. O serviço social hoje compreende a sociedade nessa perspectiva e trabalha pela transformação da sociedade. 
· O DESENVOLVIMENTISMO COMO POLÍTICA – Foi uma proposta de desenvolvimento econômico acelerado, continuo e auto sustentado proposto por Juscelino Kubitschek. Ele propôs um plano de metas e nesse plano ele dizia que o Brasil terá um desenvolvimento de 50 anos em 5 anos, tempo do seu mandato. Era uma euforia desenvolvimentista incrementada a partir da década de 1950. A meta era levar a nação atingir a grandeza material, soberania, paz e ordem social. Essa era a proposta. O desenvolvimentismo tinha um caráter apelativo dos discursos governamentais, mas por traz disso estava o fortalecimento capitalista. A expansão econômica vertiginosa daria a impressão de que teria solução para todos os problemas sociais. Dizia-se que o Brasil ia crescer tanto que teria dinheiro para o social, para a saúde, para educação, para habitação... mas na prática não era tão fácil assim.
· NA PRÁTICA QUAIS FORAM OS PASSOS PARA O DESENVOLVIMENTISMO BRASIL
1º) Ênfase no planejamento das ações (Plano de Metas).
2º) Investimento em infra-estrutura, grandes obras nacionais. Para isso, o Brasil precisava de financiamento e foi buscar em organismos internacionais como o FMI (Fundo Monetário Internacional). Resultado, dívida externa do Brasil, tudo inicia com a busca de recursos para realizar o que JK desejava.
3º) Reforma de Base: Sistema Educacional (o Brasil tinha um número enorme de analfabetos), Agricultura e sobretudo mudança no Sistema Industrial valorizando a ideologia capitalista norte amaricana.
4º) Valorização da ideologia capitalista norte americana:cultura, cinema, música, sinônimo de país desenvolvido.
· ACONTECIMENTOS MARCANTES DO PERÍODO DESENVOLVIMENTISTA
- 1956 - Não havia TV, o Rádio era o maior veiculo de comunicação de massa.
- 1958 - O FMI visita o Brasil e estabelece condições para novos empréstimos.
- 1960 - Rede mundial de computadores (IBM).
- 1965 - Rede Globo começa sua ascensão.
- 1969 - O homem chega à lua.
· OS PROBLEMAS COTIDIANOS DO PERÍODO DESENVOLVIMENTISTA
- Crise econômica devido ao endividamento com o FMI.
- Gastos públicos acelerados por causa do Plano de Metas que trouxe grandes obras inclusive de Brasília.
- Altas taxa de inflação: 30% anual.
- Custo de vida 10% mais caro no RJ em 1958.
- Greves tomam conta do País em 1958 por conta da crise econômica e do desemprego.
- Movimento sindical se fortalece e exerce forte pressão política sobre o governo de JK.
· O DESENVOLVIMENTISMO “CRISES”
- Declínio dos produtos de exportação. O Brasil começa a importar mais e exportar menos.
- Solicitação de novos empréstimos ao FMI que impõem medidas drásticas de controle da inflação (fim dos incentivos fiscais aos cafeicultores que já não estavam conseguindo exportar e restrição ao salário mínimo).
- Isso provoca a expansão dos movimentos sociais urbanos e rurais por causa do achatamento salarial.
· O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTISMO
- O Estado para atender as novas demandas do capital necessita aprimorar as estratégias de controle e repressão da classe trabalhadora que estava se articulando, fazendo greves, e trazendo mais impacto para economia. 
- Os profissionais de Assistência Social, tendo o Estado como grande empregador, também se articulam no contexto da ideologia desenvolvimentista.
- As idéias desenvolvimentistas (planejamento, preocupação com a modernização) influenciam a prática profissional. Nessa época o serviço social vê a necessidade de deixar de lado o amadorismo e a improvisação e propõe ações planejadas. Só que esse planejamento é com base no positivismo, aquela visão técnica, analítica, sem estabelecer nenhum canal de participação com a população atendida. Assim, baseado na minha visão de mundo vou propor intervenções de acordo com o que eu acredito, sem saber o que a população realmente necessita. Então é um planejamento de ação, mas é um planejamento tecnocrático, diferente do planejamento participativo. Havia também uma preocupação com a modernização das ações que estavam influenciando diretamente na prática social. Nessa modernização, aquela metodologia de caso, grupo e comunidade não estava atendendo as necessidades da ideologia desenvolvimentista. 
- Os primeiros cursos de especialização pós-graduação contribuem para o aprimoramento da formação dos Assistentes Sociais. Porque estes primeiros cursos foram firmados no Brasil. Muitos Assistentes Sociais foram lá para os Estados Unidos, fizeram cursos de especialização lá e trouxeram o mesmo para o Brasil, daí se começou a produção teórica, começou a se escrever sobre Assistência Social com características brasileiras. 
 - Início da produção teórica nacional voltada para as experiências do Desenvolvimento de Comunidade.
- Ampliação de campos de atuação do Serviço Social vinculados ao Estado. Estava chegando a Previdência Social e a Saúde e assim novas exigências técnicas são impostas aos profissionais. Surgiu nessa época de ampliação o Serviço Social da Indústria, ou Serviço Social do Trabalho. Esse fato foi um divisor de águas importantíssimo pois a profissão começa a se deslocar pra lugares que até então não ia, que era nas fábricas, junto do trabalhador. Quando isso acontece se pode ver com mais propriedade a realidade da classe trabalhadora.
· BASES DE LEGITIMAÇÃO SERVIÇO SOCIAL
- Os cursos de pós graduação, nesse momento histórico 1950, 1950, tornam concretos questionamentos individuais dos Assistentes Sociais a respeito da eficiência das suas ações. Aqueles questionamentos que até então eram individuais, passam a ser discussões coletivas.
- Início da politização de parcela da categoria. Muitos Assistentes Sociais fazem militância política, são politizados porque faz parte da profissão para fazer uma defesa da classe trabalhadora.
- Novas análises e questionamentos internos sobre os objetivos e o compromisso da profissão. È pra atender o capital? É pra atender o trabalhador? Qual é o compromisso da profissão? Então se buscava uma nova legitimidade. Essa fase recebe o nome de MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA. Parece contraditório, mas é uma modernização de objetivos, uma busca por nova legitimidade, mas com um pé fincado no desenvolvimentismo, atendendo as necessidades do grande capital, por isso é conservador.
- Parcela dos profissionais partem em busca de nova identidade e novas bases de legitimação para o Serviço Social. Os profissionais buscavam um Serviço Social mais crítico que o tradicional, começa a se questionar muito a metodologia de caso, grupo e comunidade, os princípios do positivismo, os princípios do neo tomismo.
- Desenvolvimento de perspectiva crítica ao serviço social tradicional.
· ENCONTROS COLETIVOS DA CATEGORIA
- 1950 - Acontecem 05 eventos Internacionais que favoreceram a reflexão sobre o Serviço Social.
- 1957 - 3º Congresso Pan-Americano de Serviço Social em Porto Rico.
- 1961 - 2º Congresso Brasileiro de Serviço Social no RJ
· ASSISTENTES SOCIAIS BUSCAM MUDANÇAS
- Ampliação de campos de atuação do Serviço Scoial vinculados ao Estado: Previdência Social e Saúde.
- O Estado e o grande capital para atender as novas demandas do capital vão aprimorando as estratégias de controle e repressão da classe trabalhadora e a profissão necessita alterar a sua prática profissional.
- Profissionais propõe modernização da instituição do serviço social: Modernização Conservadora.
· MODERNIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO S. SOCIAL
- Aperfeiçoamento do instrumental operativo:
 Metodologias de ação (a metodologia de caso, grupo e comunidade não atendia);
 Busca por padrões de eficiência (plano, programa e projeto);
 Sofisticação de modelos de análises;
 Diagnóstico e planejamento
 Enfim, dar suporte técnico a ação profissional.
- Discurso profissional se aproxima da teoria da modernização.
- Manutenção do caráter missionário de base filosófica humanista cristã. Ou seja, muda mas não muda muito.
 - Instaura forte tendência à psicologização das relações sociais (problemas de desintegração e desadaptação social e funcional tratados através do diálogo). Busca-se apoio no fenomenologia. 
- As demandas de sobrevivência tidas como secundárias com vista a superar o estigma do assistencialismo;
- Valorização dos problemas existenciais.
· TENDÊNCIA A PSICOLOGIZAÇÃO RELAÇÕES HUMANAS
- Os problemas materiais tendem a ser espiritualizados, transformados em dificuldades subjetivas de adaptação.
- Os clientes do S. Social podem apresentar problemas espirituais que precisam de orientação psicossocial;
- Permite preservar o julgamentos moral da clientela, encoberto por uma aparência científica da psicanálise. Hoje o serviço social cumpre a função social, não se faz psicanálise. Nós tratamos das questões de origem social. 
· ATUALIZAÇÃO DA ORIGEM CONSERVADORA
Dois elementos marcam o sentido da prática profissional e as percepções que os agentes têm dela.
1. Dê um lado questões de econômica política transformam-se em problemas assistenciais.
2. Direitos da utilização de conquistas social são entendidos como concessão de benefícios expressão de carências, faltas, desvios e personalidade, etc.
Dentre os desafios que se colocam para o Serviço Social contemporâneo está o desafio de romper com a prática simplesmente burocrática e rotineira dentro das instituições privadas e públicas.
· MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA
Mantém dentro dos marcos do pensamento conservador mas representa uma atualização.
O SURGIMENTO DA PROFISSÃO DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL – O Serviço Social surgiu no Brasil em 1934, período em que o capitalismo ingressava na sua fase monopólica com a industrialização de sua economia. É introduzido no país umnovo modelo de produção para o aumento da taxa de lucro. Com o surto industrial muitos foram atraídos para as cidades e abandonam as lavouras (meio de sobreviver da população até o momento). Surge um novo segmento de trabalhadores e,  junto com ele, uma série de situações de conflitos causados pela sua exposição, dentro e fora das fábricas, a condições sub-humanas. Nas fábricas, os trabalhadores eram desprovidos de qualquer política de seguridade além de serem expostos a duras jornadas de trabalho. Fora das fábricas, sua situação era igual, condições de moradia precárias, e sem assistência à saúde ou de qualquer outro tipo.
Estes trabalhadores vinham se mobilizando para que suas condições de miserabilidade fossem reconhecidas. Suas reivindicações giravam em torno de melhores condições de vida dentro e fora das fábricas. Foi através de muita pressão de suas manifestações, respondidas quase sempre com repressão, que esses trabalhadores fizeram algumas conquistas, culminando no reconhecimento da existência da "QUESTÃO SOCIAL". A questão social deixou de ser tratada como caso de polícia para ser reconhecida como uma deficiência da relação entre capital e trabalho, os capitalistas tiveram de reconhecer que não era mais possível dominar através da repressão, uma vez que este tratamento gerava conflitos, o que interferia de maneira negativa no processo de produção. Sentia-se a  necessidade de "consensos".
Surge o SERVIÇO SOCIAL como uma estratégia da Igreja Católica e do Estado burguês para conter ou amenizar o conflito entre as classes, uma vez que tais conflitos ameaçavam os valores dos dois segmentos: A IGREJA vinha tentando consolidar sua doutrina e pregava uma sociedade justa conforme o pensamento de Tomaz de Aquino, contrapondo-se aos princípios do liberalismo e do comunismo, que apareceram nesse período. O ESTADO precisava se legitimar como poder de classe e manter a ordem que era sua função. O CAPITAL necessitava eliminar os entraves a sua expansão. Os conflitos, além de atrapalhar a produção, despertavam na classe explorada o desejo de abraçar o comunismo. Sendo assim, o Estado e a Igreja fazem, através de vários mecanismos por eles institucionalizados, sindicatos, instituições assistenciais e etc. Esta então é a razão de ser do SERVIÇO SOCIAL, o qual não foi uma conquista da classe trabalhadora, apesar de ter sido institucionalizado pelo fato de haver pressões dos grupos operários reivindicando atendimento. Ele surgiu como estratégia da Igreja Católica e do Estado burguês para conter ou amenizar o conflito entre as classes. 
A chamada Era Vargas, iniciada com a Revolução de 1930, desalojou do poder a oligarquia cafeeira. Ao afastar do poder os fazendeiros do café, que o vinham controlando desde o governo de Prudente de Morais (1894), Vargas pavimentou o caminho para uma significativa reorientação da política econômica do país. Ele criou o Ministério do Trabalho, a Legislação Trabalhista e houve a garantia de alguns direitos à classe trabalhadora, como: Férias; menores jornadas de trabalho; repouso semanal remunerado e etc. Foi criado o INSTITUTO DE APOSENTADORIA E PENSÕES (IAPAS) e, em 1936, o DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. O governo de Vargas divide-se em três períodos: o GOVERNO PROVISÓRIO (1930-1934), o GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937) e o ESTADO NOVO (1937-1945). Vargas foi o mais amado pelo povo e o mais detestado pelas elites, pois obrigou o empresariado a reconhecer o direito dos trabalhadores.
Até o momento de sua institucionalização em 1936, o SERVIÇO SOCIAL era praticado por pequenos segmentos da classe dominante e pela Igreja Católica.  O seu início oficial, no Brasil, tem em seu marco o CURSO INTENSIVO DE FORMAÇÃO SOCIAL PARA MOÇAS, em 1932. Ao encerramento do curso foi feito um apelo para a organização de uma ação social, visando atender o bem estar da sociedade. Este curso foi promovido pelo CEAS (CENTRO DE AÇÃO SOCIAL DE SÃO PAULO) sob patrocínio e controle da Igreja Católica e se deu pela necessidade de tornar mais efetivas as iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes paulistas. O objetivo central do CEAS era “promover a formação de seus membros pelo estudo da doutrina social da igreja e fundamentar sua ação nessa doutrina e no conhecimento aprofundado dos problemas sociais, visando tornar mais eficiente a atuação das trabalhadoras sociais” e "adotar uma orientação definida em relação aos problemas a resolver, favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas diferentes atividades e obras de caráter social”. As participantes eram jovens formadas nos estabelecimentos religiosos de ensino, vindas das classes dominantes e setores abastados. Assim, as atividades dos CEAS se orientaram para a formação técnica especializada de quadros para a ação social e a difusão da doutrina social da igreja
	
Em 1936, a partir dos esforços desenvolvidos por esse grupo, é fundada a primeira escola de Serviço Social no Brasil - ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DE SÃO PAULO; a partir deste momento, o Estado começa a solicitar os assistentes sociais para atuarem em determinadas instituições estatais. A partir daí, o Estado ultrapassa o marco da regulamentação do mercado e da exploração da força de trabalho. Para passar à gestão da assistência social, procurará racionalizar a assistência, reforçando e centralizando sua participação própria e regulando as iniciativas particulares, dividindo áreas de atuação e dando apoio às instituições coordenadas pela Igreja, ao mesmo tempo em que adota as técnicas e formação técnica especializada desenvolvidas, a partir daquelas instituições particulares. A demanda por formação técnica especializada terá, no Estado, seu setor mais dinâmico, ao mesmo tempo em que passará a incentivá-la, institucionalizando sua progressiva transformação em profissão legitimada dentro da divisão socio-técnica do trabalho. A partir das novas demandas por assistentes sociais é multiplicado o número de escolas de Serviço Social, que, até 1948, já somava um total de 14 entidades.
A partir da fundação das três escolas pioneiras no ensino do Serviço Social: o INSTITUTO SOCIAL NO RIO DE JANEIRO, a ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL EM SÃO PAULO e o INSTITUTO SOCIAL DE SÃO PAULO, é montada, em 1946, a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL (ABESS), que teve como objetivo promover um padrão mínimo de ensino. Esta entidade foi importantíssima no desenvolvimento do Serviço Social.
TRAJETÓRIA DO OBJETO DE INTERVENÇÃO  DO SERVIÇO SOCIAL – Qualquer profissão implica uma matéria prima ou objeto sobre o qual incide a ação; meios ou instrumentos de trabalho que potenciam a ação do sujeito sobre o objeto; e a própria atividade, ou seja, o trabalho direcionado a um fim, que resulta em um produto. Assim, é o objeto que dá a especificidade à profissão, sendo a construção deste objeto um processo histórico, teórico, mas também político. O Serviço Social, por ser uma profissão que tem seu âmbito de intervenção nas relações sociais que são expressão do jogo de forças entre capital e trabalho, e cujos resultados alteram não só a sua demanda como também a consciência dos seus agentes, teve, desde seu surgimento, mudanças significativas em seu objeto. Estas mudanças estão profundamente relacionadas às alterações advindas do protagonismo dessas relações.
1º) Em um primeiro momento, o objeto do Serviço Social foi o HOMEM, sendo este um homem específico, aquele morador de favelas, o pobre, o analfabeto, o desempregado, etc. As três dimensões que articulam esse objeto do Serviço Social naquele contexto são: a moral, a higiene e a ordem. Estas três dimensões estão ligadas a filosofia NEOTOMISTA, que é uma doutrina filosófica que tem como princípio a dignidade da pessoa humana, o bem comum, entre outros, inspirados em Santo Tomaz de Aquino.   A ideologia católica fundamentava a reforma social, tendo em vista a chamada questão social, a decadência dos costumes e o desenvolvimento do liberalismo e comunismo, tendo por objetivo reconstruir a sociedade, curaras imperfeições da ordem social, para que esta não fosse receptiva a influências que ameaçassem a ordem vigente. A função do Serviço Social no âmbito da ordem vigente era ajustar o homem aos princípios cristãos, ou seja, moldá-lo de acordo com a filosofia da Igreja buscando o consenso social. A intervenção se dava por meio de atividades educativas e assistenciais, prevenindo, desta forma sua decadência e evitando  problemas sociais que afetassem a ordem. Os usuários do Serviço Social eram os órfãos, os enfermos, os sem trabalho, os viciados, as mulheres abandonadas e os menores delinquentes. Sua situação era percebida, pelos profissionais, como resultante de sua conduta amoral.
2º) Na década de 40, do século XX, a ação profissional sobre este objeto já não mais correspondia ao atendimento das demandas postas, nem das aspirações de seus agentes. Tratava-se de um contexto pós 2ª Guerra Mundial, no qual havia uma significativa mudança econômica e na política mundial, com a hegemonia norte americana no mundo e a bipolarização ideológica entre o regime capitalista e o socialista. A ONU inicia um programa visando à reconstrução dos países destruídos pela guerra e também como meio de desenvolver os países subdesenvolvidos, pois a ameaça do comunismo era maior nestes locais. A situação do Brasil, neste contexto, é de dependência em relação aos países de primeiro mundo e, impulsionado por essas políticas mundiais, o Estado desencadeia uma série de investimentos em infra-estrutura, objetivando o seu DESENVOLVIMENTISMO. Segundo a ideologia desenvolvimentista, é preciso crescer, modernizar-se, desenvolver-se economicamente, tirar as regiões atrasadas de sua situação, fazendo-as alcançar o estágio do desenvolvimento. Tinha-se que a ordem social era boa, tendo em vista nossa formação democrática e católica, mas era preciso acabar com algumas imperfeições, que seriam superadas através do desenvolvimento. Foram introduzidas novas técnicas, sob a perspectiva funcionalista, que tinha como pressuposto filosófico a integração do homem ao meio, tendo como base o equilíbrio das tensões. A atuação profissional ainda se dava sob o predomínio da orientação NEOTOMISTA, que será determinante até a década de 1960. É definido aqui, como objeto do Serviço Social a SITUAÇÃO-PROBLEMA e o eixo articulador deste objeto passa a ser a harmonia social na relação entre Estado e Sociedade, cuja melhoria das condições de vida, da comunidade deveria se dar com a participação dos grupos e líderes ativos unidos. Então, o Serviço Social, deveria remediar as deficiências dos indivíduos e das coletividades; as ações se dirigem ao ajustamento de um determinado quadro, com a finalidade de sanar as deficiências acidentais, que seriam decorrentes de certas circunstâncias e não de um defeito estrutural. Os assistentes sociais desenvolviam trabalhos de adaptação do indivíduo ao meio e do meio ao indivíduo, as ações desenvolvidas pelos profissionais não afetava os grupos sociais em sua estrutura, tendo um campo de ação bem delimitado. O nível de desenvolvimento das forças produtivas, as contradições particulares do capitalismo no Brasil, assim como a intensidade e as formas que assume o antagonismo entre as classes, não são consideradas, enquanto elementos determinantes para a análise da sociedade.
3º) Com o aprofundamento dos "problemas sociais" vividos pelo proletariado, nasce uma nova consciência. Os assistentes sociais sentem a necessidade de intervir na crise de formação moral, intelectual e social da família, tendo por objetivo REAJUSTAR OS INDIVÍDUOS ATRAVÉS DE UMA AÇÃO EDUCATIVA DE LONGO ALCANCE, PARA QUE OBTENHAM UM PADRÃO DE VIDA QUE LHES POSSIBILITE UM MÍNIMO DE BEM ESTAR MATERIAL, A PARTIR DO QUAL SE PODERÁ COMEÇAR SUA REEDUCAÇÃO MORAL. Procuram minorar estes problemas de ordem material, mas sua intervenção se dá de forma autoritária e paternalista. Dão início, há uma campanha educativa e de fiscalização sanitária. Criticam a mulher que trabalha fora sem necessidade. As creches são consideradas mal necessário, sinônimo de desajustamento. A finalidade dos assistentes sociais nesta é desenvolver um trabalho de longo alcance, chegando à FAMÍLIA. Um outro âmbito de ação é junto aos EMPREGADORES. Os assistentes sociais começam a influenciar a visão destes, explicam a falta de harmonia entre o capital e trabalho pelo aprimoramento das máquinas, o aumento progressivo dos lucros em detrimento dos investimentos no fator humano. Os assistentes sociais começam a CRITICAR A ASSISTÊNCIA PÚBLICA por seu caráter burocrático e despersonalizado, por sua frieza, e despreocupação com práticas de maior alcance. Já as OBRAS PARTICULARES SÃO MAL VISTAS por seu caráter filantrópico e paternalista, por aceitar a passividade do assistido, por remediar situações que se perpetuam. Propagam que os assistentes sociais devem ir até o proletariado, não esperar que ele venha. 
4º) Essa nova tomada de consciência leva os assistentes sociais, a partir de 1960, a almejarem uma ruptura com o conservadorismo profissional. Norteados pelo MATERIALISMO DIALÉTICO - uma minoria -, buscam estabelecer o compromisso com o povo. Tal período ficou conhecido como o movimento de reconceituação profissional.

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