Prévia do material em texto
1 UniAGES Centro Universitário Bacharelado em Nutrição ISLAINE DE JESUS PIMENTEL A DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS HOSPITALIZADOS Paripiranga 2022 2 ISLAINE DE JESUS PIMENTEL A DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS HOSPITALIZADOS Monografia apresentada no curso de graduação do Centro Universitário AGES como um dos pré- requisitos para obtenção do título de bacharel em Nutrição. Orientador: Prof. Me. Fabio Luiz Oliveira de Carvalho Paripiranga 2022 ISLAINE DE JESUS PIMENTEL A DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS HOSPITALIZADOS Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de bacharel em Nutrição à Comissão Julgadora designada pela Coordenação de Trabalhos de Conclusão de Curso do UniAGES. Paripiranga, de de 2022. BANCA EXAMINADORA Prof. Fabio Luiz Oliveira de Carvalho UniAGES UniAGES ___________________________ UniAGES 4 AGRADECIMENTOS A Deus, primeiramente, digno de toda honra e glória, por me proporcionar alcançar essa vitória e realização desse sonho. A meu pai, José Alcivando, e minha mãe, Osvaldina, por todo apoio durante essa trajetória. Sem medirem esforços para me proporcionarem as melhores coisas. Ao Centro Universitário AGES, que proporcionou a realização de um sonho, o Bacharel em Nutrição, tornando-me uma profissional de excelência a partir dos ensinamentos de professores exemplares. Ao meu orientador Fabio Luiz, exemplo de profissional e ser humano, com grande competência profissional. Aos meus professores, em especial, Igor Brandão, que esteve me apoiando e incentivando desde o início do curso; a Jamile, exemplo de bondade e ser humano; Roas, profissionais brilhantes que contribuíram de forma significativa para meu aprendizado em minha formação acadêmica e por compartilharem experiências de vida que irei levar comigo durante toda minha trajetória como nutricionista. Muito obrigada! O prazer de comer é um dos mais essenciais da vida, e compartilhar a comida, uma das felicidades do ser humano. Sophie Deram 6 RESUMO O câncer é atualmente considerado uma patologia que vem avançando cada vez mais na população. Esse número vem crescendo de maneira significativa. Do grego karkínos, inicia-se a partir do crescimento rápido e desordenado das células, podendo esse processo ser controlada ou não. Ele leva nosso organismo a desordens no crescimento de algumas células, o que pode resultar no crescimento para diversos tecidos e órgãos, definida como a metástase. Isso causa a generalização para variadas partes do corpo, resultando em diversas complicações, disseminando-se até a fase terminal. No crescimento controlado, as células surgem após incentivos patológicos ou fisiológicos que alteram forma e função da célula normal, como a hiperplasia, metaplasia e displasia, sendo esses, reversíveis. O presente trabalho tem como tem como objetivo geral discutir sobre a intervenção do nutricionista na recuperação do paciente hospitalizado com câncer utilizando estratégias que impeçam a desnutrição energético-proteica venha, pois é natural que o paciente hospitalizado venha a ter uma perca cada vez mais significativa de massa magra e, como objetivos específicos, descrever a importância de uma boa alimentação para auxiliar na recuperação do paciente; compreender de que modo o câncer acaba contribuindo para que ocorram alterações do paladar com recusas alimentares; discutir sobre como minimizar a perca de massa muscular durante o período de internação desses pacientes. A monografia foi realizada entre os meses de março e junho de 2022 quando, durante esse período, foi feita uma pesquisa sistemática de acordo com o tema do trabalho. Os limitadores temporais, relacionados aos períodos de publicação, foram de estudos publicados entre os anos de 2012 a 2022, sendo esses materiais consultados em bases de dados como: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Após diagnosticado o câncer, o tratamento deve ser iniciado de imediato com diversas estratégias, podendo ocorrer em conjunto ou de forma separada e as formar mais comuns são a quimioterapia, cirurgia de medula óssea e radioterapia. Assim como a doença, o tratamento também resulta em efeitos agressivos para o paciente como o organismo ficar debilitado e vulnerável, o que contribui para o prejuízo nutricional. Desse modo, quando desnutrido, o estado do paciente, torna-se ainda mais grave, o que atrapalha a resposta terapêutica ao tratamento, sendo necessária uma intervenção nutricional. Diante disso, o nutricionista poderá intervir através de inúmeras técnicas utilizando estratégias nutricionais baseadas em conhecimentos teóricos, que são eficazes na saúde nutricional do paciente, evitando que a desnutrição aconteça, pois retarda ainda mais os resultados do tratamento quimioterápico e radioterápico. PALAVRAS-CHAVE: Câncer. Quimioterapia. Radioterapia. Desnutrição. Nutricionista. ABSTRACT The cancer is currently considered a pathology that is advancing more and more in the population. This number is growing significantly. From Greek karkínos, it begins a quick and disordered growth of cells, might be a controlled process or not. It takes our organism to disorder in the growth of some cells which can result in the growth for several tissues and organs, defined as metastasis. This causes a generalization to several body parts, resulting in many complications, disseminating it until terminal phase. In controlled growth, the cells emerge after pathological or physiological incentive that changes the form and function of normal cell, as well as hyperplasia, metaplasia, and dysplasia these being reversible. The present work has as general goal to discuss about the intervention of nutritionist in the recovery of hospitalized patient with cancer using strategies that prevent protein-energy malnutrition from coming, because it is natural that the hospitalized patient may have a loss each time more significative of lean mass and, as specific goals, describe the importance of a good nutrition to help in the patient’s recovery; understand how cancer ends up contributing to taste changes with food refusals; discuss how to minimize muscle loss during the time of these patient’s hospitalization. The monography was carried out between the months of March and June of 2022 while, during this period, systematic research was made according to the work’s theme. The time limiters, regarding the publication period, were from studies published between years of 2012 to 2022, these materials being consulted in the database of: Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed) and Scientific Electronic Library Online (SciELO). After diagnosed with cancer, the treatment must be started immediately with several strategies, may occur together or separately and the most common forms are chemotherapy, bone marrow transplant and radiotherapy. As the disease, the treatment also results in aggressive effects for the patient as the organism gets debilitated and vulnerable, which contributes for the nutritional loss. Thus, when malnourished the patient's status becomes even more serious, which hinders the therapeutic response to treatment, requiring nutritional intervention. Therefore, the nutritionist may intervene thru numberlesstechniques using nutritional strategies based in theorical knowledge that are effective in the patient’s nutritional health, avoiding malnutrition to happen, because it slows even more the results of chemotherapy and radiotherapy treatment. KEYWORDS: Cancer. Chemotherapy. Radiotherapy. Malnutrition. Nutritionist. 8 LISTAS LISTA DE SIGLAS ASG Avaliação Subjetiva Global ASG-PPP Avaliação Subjetiva Global Produzida Pelo Paciente CA Câncer CASQ Questionário de Apetite e Sintomas para Pacientes com Câncer CP Circunferência da Panturrilha HPV Papilomavírus Humano IMC Índice de Massa Corporal INCA Instituto Nacional de Câncer OMS Organização Mundial da Saúde PSA Antígeno Prostático Específico TGI Trato Gastrointestinal TNE Terapia Nutricional Enteral UTI Unidade de Terapia Intensiva LISTA DE TABELAS 1. Esquematização do processo de aquisição do corpus............................................38 2. Analítica para amostragem dos 17 estudos selecionados para os resultados e discussões.........................................................................................................39 – 47. 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 2. DESENVOLVIMENTO ....................................................................................... 16 2.1 O câncer ...................................................................................................... 16 2.2 Epidemiologia do Câncer ............................................................................. 18 2.3 Prevenção e Tratamento .............................................................................. 20 2.4 Alguns Tipos Mais Comuns de Câncer ............................................................. 22 2.4.1 Câncer de Mama ....................................................................................... 22 4.1.2 Câncer de Próstata ................................................................................... 23 2.4.3 Câncer de Esôfago.................................................................................... 25 2.4.4 Câncer do Colo do Útero ........................................................................... 26 2.4.5 Aceitação das Dietas Hospitalares em Pacientes com Câncer .................. 27 2.4.6 Desnutrição Energético-Proteica ............................................................... 31 2.5 Contribuição do Nutricionista para Melhora da Qualidade de Vida dos Pacientes Oncológicos em Cuidados Paliativos ........................................... 32 2.6 Suplementação para Pacientes Oncológicos ................................................... 34 3 METODOLOGIA ................................................................................................. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 39 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 53 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 55 ANEXOS ................................................................................................................ 60 ANEXO 01: Termo de Responsabilidade – Língua Portuguesa ......................... 61 Anexo 02: Termo de Responsabilidade – Normas Técnicas .............................. 63 Anexo 03: Termo de Responsabilidade – Língua Estrangeira ............................ 65 10 1. INTRODUÇÃO O câncer é atualmente considerado uma patologia que vem avançando cada vez mais na população. Esse número vem crescendo de maneira significativa, o que implica dizer que, de acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que no ano de 2040, no Brasil, em média, 998 mil brasileiros deverão serem diagnosticados com câncer, um dado bastante preocupante em se tratando da saúde pública. Isso devido à alta taxa de mortalidade dessa doença (VALENTIN, et al., 2021). Do grego karkínos, inicia-se a partir do crescimento rápido e desordenado das células, podendo esse processo ser controlada ou não. Ele leva nosso organismo a desordens no crescimento de algumas células, o que pode resultar no crescimento para diversos tecidos e órgãos, definida como a metástase, que causa generalização para variadas partes do corpo, resultando em diversas complicações, disseminando- se até a fase terminal. No crescimento controlado, as células surgem após incentivos patológicos ou fisiológicos que alteram forma e função da célula normal, como a hiperplasia, metaplasia e displasia. Esses são reversíveis. O crescimento celular não controlado é conhecido como neoplasia ou tumores, na qual podem ser classificadas como câncer in situ e câncer invasivo (MAGALHÃES, et al., 2018). Nos últimos anos, o câncer tornou-se um grande problema de saúde pública, principalmente em países subdesenvolvidos. Estigmatizado pela sociedade como uma doença dolorosa e incurável, desencadeando não apenas problemas biológicos, mas também, conflitos emocionais, visto que o tratamento é complexo e inquietante por incluir várias fases e mudanças de hábitos, além de incertezas na rotina do indivíduo diagnosticado com câncer (OLIVEIRA, et al., 2013). Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças. Caracteriza-se pelo crescimento desordenado de células com capacidade de invadir novos tecidos e até mesmo órgãos. Essa não é uma doença nova, havendo relatos de detecção em múmias egípcias, comprovando sua existência há mais de 3 mil anos antes de Cristo (INCA, 2020). Atualmente, é o principal problema de saúde pública em todo o mundo. A incidência e a mortalidade dela vêm aumentando ao longo dos anos. Isso se dá pelo envelhecimento e crescimento populacional, além da prevalência de fatores de risco 11 associadas ao desenvolvimento socioeconômico (PACHECO et al., 2021). Com exceção ao de pele não melanoma, os tipos mais frequentes em homens são: câncer de próstata (29,2%), câncer de cólon e reto (9,1%), câncer de pulmão (7,9%), câncer de estômago (5,9%) e câncer na cavidade oral (5,0%); e nas mulheres: câncer de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), câncer de colo do útero (7,4%), câncer de pulmão (5,6%) e câncer da tireoide (5,4%). A estimativa mundial realizada em 2018 afirmou que ocorreram cerca de 18 milhões de novos casos de câncer, em âmbito mundial, e 9,6 milhões de mortes. No Brasil, a pesquisa aponta que entre 2020-2022 ocorrerão 625 mil novos casos de câncer (INCA, 2020). Ele é compreendido como uma doença multifatorial. Seu surgimento pode estar associado a inúmeras alterações internas e externas como os fatores hereditários, metabólicos e funcionais. Esses classificados como os internos; já os fatores externos, são aqueles que, ao fazermos uso, estamos colocando nossa saúde em risco, exemplos, o uso do tabaco, químicas, radiações (CARVALHO et al, 2018). De acordo com Ferreira et al., (2019), a quimioterapia é considerada como uma forma de tratamento para o paciente com câncer possibilitando curar alguns tumores, permitindo, desse modo, o tratamento precoce da metástase, que não é detectável. Esse tipo de tratamento gera muitos efeitos colaterais, afetando não somete as células tumorais, sendo comum o surgimento de vômitos e diarreias. Ademais, afirma-se ser natural que, após passar por uma série de tratamentos para o câncer, como a radioterapia e a quimioterapia, quando hospitalizado, esse paciente irá se desnutrir cada vez mais e de forma rápida. Assim, torna-se importante o acompanhamentonutricional para evita-la forma ainda mais rápida, pois a recusa alimentar torna-se muito presente nesse momento da vida do paciente, sendo comum, falta de apetite, náuseas e vômitos, assim como, a dificuldade para deglutir os alimentos. Para pacientes oncológicos internados, seja no próprio leito hospitalar ou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), é necessária uma avaliação nutricional para analisar como anda a composição corporal, desse modo, o nutricionista da unidade deverá intervir, pois são várias as consequências relacionadas aos aspectos nutricionais, o que torna ainda menos eficaz o tratamento aplicado a doença. Isso ocorre pelo fato de que, devido a não aceitação alimentar, ocorre uma ingestão inadequada de nutrientes, o que contribui para o surgimento do déficit nutricional resultando na desnutrição, sendo um contribuinte para que o paciente venha a óbito, 12 por interferir nas desordens metabólicas que ocorrem no organismo desse paciente (LOTICI et al., 2014). De acordo com Ferreira et al., (2019), é importante avaliar o perfil nutricional dos pacientes com câncer, por meio da aplicação da avaliação nutricional, para que seja possível implementar ações que busquem prevenir ou interromper a evolução da desnutrição e dos sintomas que a levam, visando, desse modo, uma melhor adequação energético proteica, por meio da intervenção nutricional. Ademais, esclarece que o déficit relacionado ao estado nutricional encontra-se ligado à resposta ao tratamento específico e a qualidade de vida. É comum esse paciente apresentar maiores riscos de complicações no pós-operatório, havendo um aumento significativo da morbimortalidade, bem como, do tempo em que o paciente permanecerá em internação. Campos et al., (2020), afirma que os pacientes oncológicos precisam serem avaliados pela equipe multidisciplinar com o intuito de evitar a deficiência energética proteica desse paciente e evitar que ocorra a perca de massa magra. É necessário um ajuste nutricional, pois há diminuição da ingestão de nutrientes. Desse modo, uma das formas de evitar a desnutrição é o uso da suplementação alimentar, considerado como uma alternativa viável para repor os nutrientes não ingeridos na alimentação. O câncer e a desnutrição andam juntos e se tornam um motivo de bastante preocupação. É necessário que o nutricionista venha intervir de forma precoce com a terapia nutricional para o paciente ter uma alimentação adequada durante todo o tratamento e, se necessário, seja realizado o uso de suplementos alimentares, hiperproteícos e hipercalóricos, para que tenha forças para passar por todas as fases do tratamento. O cuidado nutricional deve ser indicado antes mesmo do processo quimioterápico e radioterápico para que ao iniciá-lo o paciente possa ter melhores condições de vida. O INCA (2019) relata que os suplementos alimentares, quando usados em pessoas com câncer, contribuem para uma melhoria na qualidade de vida, pois os nutrientes nele presentes, essenciais para o combate a perda de peso, fortalecem a imunidade, dando mais energia, melhorando ainda a saúde intestinal, diminuindo desse modo a toxicidade gastrointestinal, que ocorre em decorrência dos tratamentos realizados, auxiliando na melhora do paciente. É, assim, essencial no processo de recuperação. Ainda, segundo o INCA (2019), a dosagem dessa suplementação e o seu 13 fracionamento diário será definido de acordo com as necessidades do paciente, pois cada um deles terá os seus principais objetivos buscando, desse modo, trazer melhores resultados com a alimentação, essencial no tratamento. Dentre os suplementos utilizados pelos pacientes oncológicos, em alguns casos, faz-se necessário suplementar a proteína, essencial no estresse patológico cirúrgico, que torna favorável a degradação proteica, resultando na fadiga e no desgaste do músculo esquelético (FERREIRA, et al., 2019). A terapia nutricional tem papel fundamental na recuperação do estado clínico do paciente, pois mesmo não reduzindo as alterações metabólicas que estão relacionadas ao estresse, a oferta nutricional adequada pode contribuir de forma significativa para a redução do catabolismo, o que irá contribuir para a evolução clínica, sendo em alguns casos, indicado a Terapia Nutricional Enteral (TNE), que é compreendida como uma junção de variados procedimentos terapêuticos que possuem como finalidade tanto a manutenção como a recuperação do estado nutricional e como objetivo principal o fornecimento nutricional (TREVISAN, 2022). Segundo Pinto e Campos (2020), em casos de pacientes oncológicos hospitalizados com incapacidade de se alimentar por via oral, a primeira escolha de via alimentar deve ser a nutrição enteral, pelo fato de ser considerada como uma via mais fisiológica relacionada a nutrição parenteral buscando, desse modo, atender às necessidades energético-proteicas do paciente, contribuindo para que ocorra uma melhora e evolução clínica, diminuindo, dessa forma, as complicações metabólicas desses pacientes. Ademais, afirma que, em casos em que a TNE não é aceita, ocorrendo diarreias e vômitos, esse fator contribui para a piora clínica e nutricional dos pacientes, contribuindo para que ocorra a desnutrição calórico-proteica. Assim, é necessário que haja o monitoramento da terapia nutricional na prevenção de desfechos clínicos considerados desfavoráveis, fazendo com que haja um aumento de morbimortalidade e até mesmo o aumento de tempo de internação. Souza et al., (2021), relata que a desnutrição contribui negativamente para a imunidade do paciente, podendo comprometer a anestesia e os procedimentos cirúrgicos, podendo ainda resultar em complicações no pós-operatório. É necessário que em casos onde a nutrição oral não é suficiente para que as necessidades nutricionais do sujeito sejam supridas, é necessário a estação da sonda, sendo a via de administração da dieta, devendo ser escolhida de acordo com o quadro clínico do 14 paciente e a localização que se encontra o tumor. De acordo com Tiezerin et al., (2021), os tratamentos que são usados no combate ao câncer, bem como a radioterapia e quimioterapia, podem trazer inúmeros efeitos colaterais, como as alterações no paladar e olfato, náuseas, vômitos, mucosite, diarreia, dor e fadiga. Diante disso, acabam influenciando de forma direta na alimentação dos pacientes oncológicos contribuindo para o surgimento da rejeição alimentar, o que contribui para a desnutrição. Ademais, a desnutrição é bastante comum em pacientes oncológicos por apresentarem baixa ingestão alimentar, alterações metabólicas, morfológicas e funcionais que o câncer acaba gerando, lembrando-se de que o paciente oncológico necessita de um maior aporte calórico em decorrência do avanço da patologia. De acordo com Marques et al., (2021), os estudos nos possibilitam entender que, a recusa alimentar presente na vida dos pacientes oncológicos mostra que sentem medo de ingerir alimentos por temer as consequências que podem surgir como a diarreia e o vômito. Porém, a alimentação é essencial para o processo de recuperação do paciente, mesmo sendo comum que o estado nutricional passar por várias alterações no decorrer da doença com os efeitos adversos que se encontram ligados ao trato gastrointestinal no tratamento oncológico, sendo importante avaliar o estado nutricional e a presença dos sintomas gastrointestinais dos mesmos. Conforme Pinto e Campos (2020), a mudança na composição corporal e no peso dos pacientes encontram-se ligados aos tratamentos quimioterápicos, bem como a duração desse tratamento, sendo comum que ocorra uma perca significativa da massa magra e o aumento de gordura corporal. Mesmo com os avanços relacionados à quimioterapia, é muito comum que passem por riscos nutricionais porque os quimioterápicos agem contra as células com rápida proliferaçãodo epitélio gastrointestinal, o que o torna vulnerável à sua toxicidade, manifestada como sintomas, podendo agravar o estado nutricional do paciente. Considerando o exposto, de que forma o nutricionista poderá intervir na desnutrição nos pacientes oncológicos hospitalizados? Assim, esta pesquisa tem como objetivo geral: discutir sobre a intervenção do nutricionista na recuperação do paciente hospitalizado com câncer utilizando estratégias que impeçam a desnutrição energético-proteica, pois é natural que o paciente hospitalizado venha a ter uma perca cada vez mais significativa de massa magra. Apresenta como objetivos específicos: descrever a importância de uma boa 15 alimentação como auxiliar na recuperação do paciente com câncer; compreender de que modo o câncer acaba contribuindo para que ocorra alterações do paladar com recusa alimentar e discutir sobre como minimizar a perca de massa muscular durante o período de internação desses pacientes. Trata-se de uma pesquisa com revisão integrativa da literatura, tendo extrema relevância acadêmica, científica e social, por trazer questões do cenário atual do câncer, relatando a importância nutricional durante a fase de tratamento e hospitalização, bem como, a atuação do nutricionista frente a essas alterações relacionadas a desnutrição. 16 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 O câncer O câncer é um problema de saúde pública tanto no Brasil como no mundo. Essa doença causa um grande impacto socioeconômico, sendo uma das maiores causas de morte. No ano de 2020, existia em média 10 a 15 milhões de pessoas com câncer. Esse número aumenta a cada ano. A etiologia é multifatorial, sendo causado por diversos fatores, como os fatores internos: os hormonais, as condições imunológicas e as mutações metabólicas e hereditárias. Pode também ser causado por fatores externos como a radiação, o uso do tabaco e substâncias químicas. Pode- se, ainda, esses fatores agirem juntos, o que promoverá o surgimento do câncer (HOLANDA et al., 2020). Para Magalhães et al., (2018), é caracterizado como uma moléstia com um crescimento exagerado das células, podendo espalhar-se para vários órgãos e tecidos vindo a resultar em transtornos funcionais ou em metástase. Desse modo, o tratamento objetiva a remissão da doença e a cura, buscando a melhora da dor, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, podendo ocorrer de maneira individualizada ou combinada. Assim, as modalidades terapêuticas consistem em cirurgias, transplantes de medula óssea, radioterapias ou quimioterapias. Outra modalidade usada para o tratamento é o cuidado paliativo. Tem sido considerado como uma doença avassaladora com um número crescente cada vez mais no mundo e o responsável por causar debilidades de estrutura física e mental do sujeito, levando muitos desses indivíduos a óbito. Em relação ao tratamento, a radioterapia e quimioterapia são os mais realizados. A quimioterapia caracteriza-se como um método bastante agressivo e com efeitos colaterais. Já os medicamentos são usados na forma oral e endovenosa. Já a radioterapia, é caracterizada pela exposição do indivíduo à radiação ionizante, podendo ser bastante nociva ao paciente. Para Pinho et al., (2018), a maioria dos casos estão situados nos países de média e baixa renda. Esses países apresentam índices de desnutrição, sendo o tempo necessário para diagnóstico da doença, uma média de 255 dias, característico do surgimento e crescimento desordenado das células, o que pode resultar na disseminação dos tecidos e órgãos, resultando no surgimento da metástase, o que 17 contribui para disseminar-se para diversas partes do corpo, resultando em complicações severas e fase terminal. A Organização Mundial de Saúde afirma que o câncer se encontra entre as patologias e agravos considerados como não transmissível e ocupa o segundo lugar de causas de morte. Os maiores casos estão em pessoas acima de 65 anos de idade, chegando a um número de 70% de casos de morte nos pacientes idosos, pois é nessa faixa etária, que ocorre mudanças fisiológicas, sendo comum a alteração do paladar, a diminuição da massa magra, contribuindo para que ocorra desnutrição (MARQUES et al., 2021). Souza et al. (2021), após diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado de imediato com diversas estratégias podendo ocorrer em conjunto ou de forma separada e a forma mais comum é a quimioterapia, cirurgia de medula óssea e radioterapia. Assim como a doença, o tratamento também resulta em efeitos agressivos porque o organismo fica debilitado e vulnerável, o que contribui para o prejuízo nutricional. Desse modo, quando desnutrido, o estado do paciente torna-se ainda mais grave, o que atrapalha a resposta terapêutica ao tratamento. Os pacientes em estado oncológico grave desenvolvem uma resposta a uma diversidade de estímulos sistêmicos e locais, o que resulta em alterações imunológicas, metabólicas e endócrinas, resultando num estado de estresse, assim, ocorre a liberação de citocinas com uma resposta inflamatória no organismo. Souza et al. (2021), relata que a maioria dos pacientes com câncer evoluem para a desnutrição energético proteica, o que torna necessário que haja a intervenção do nutricionista de forma imediata porque a desnutrição resulta na falta de apetite, dificuldade de mastigação e deglutição dos alimentos. Desse modo, a inapetência e a ingestão inadequada de nutrientes contribuem para o déficit nutricional, resultando nas desordens metabólicas e na desnutrição, assim, o seu grau depende de diversos fatores, como o estágio em que o câncer (CA) se encontra e a idade. Em estado de desnutrição faz-se importante a suplementação alimentar, o que auxiliará na reposição de nutrientes que deixarão de ser consumidos por meio da alimentação oral, no entanto, vale lembrar-se de que, para saber se o paciente oncológico se encontra em desnutrição, é necessário que passe por uma avaliação nutricional, sendo esse considerado o primeiro passo da assistência nutricional. Por tratar-se de uma doença crônica, traz aos pacientes e seus familiares sentimentos de muita dor e sofrimento desde o seu diagnóstico. É segunda principal 18 causa de morte nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Após o diagnóstico da doença, ocorrem várias mudanças na vida do indivíduo por fatores distintos, como por exemplo: rotina, muitos exames, consultas e até mesmo constantes pensamentos desanimadores, sendo uma doença que sofre estigmas e estereótipos negativos até os dias atuais (JÚNIOR, 2021). A Organização Mundial da Saúde (OMS) projeta para até 2040 aproximadamente 30 milhões de novos casos de câncer, em ambos os sexos e em todas as faixas etárias. Diante disso, é notório o aumento da sobrecarga psicossocial e econômica, não só do paciente, como também dos familiares, da equipe multiprofissional de saúde e das unidades oncológicas, que fazem parte da rede de apoio da pessoa diagnosticada com câncer (JUNIOR; LIMA, 2019). No que diz respeito às unidades oncológicas, os profissionais de saúde devem promover formas humanizadas para lidar com esse perfil de paciente. Desde então, novas práticas utilizando a humanização vem sendo realizadas em várias áreas hospitalares, inclusive no setor oncológico (PERIN et al., 2021). Essa forma de cuidar pode trazer aos pacientes benefícios significativos no tratamento, sendo fundamental o planejamento de ações da equipe de enfermagem, como por exemplo: entendendo que o paciente vivencia sentimentos de angústia por não conseguir partilhar os medos que lhe causam. À medida que isto ocorre, torna-se propício a relação de confiança entre profissional, família e paciente, vínculo relevante para a evoluçãodo tratamento (PACHECO et al., 2021). 2.2 Epidemiologia do Câncer Nos últimos anos, o câncer tornou-se um grande problema de saúde pública, principalmente em países subdesenvolvidos. Estigmatizado pela sociedade como uma doença dolorosa e incurável, desencadeando não apenas problemas biológicos, mas também, conflitos emocionais, visto que o tratamento é complexo e inquietante por incluir várias fases e mudanças de hábitos, além de incertezas na rotina do indivíduo diagnosticado com câncer (INCA, 2020). Oliveira (2020), esclarece que recentemente, em média, 8,8 milhões de pessoas morrem por câncer por ano, principalmente, nos países que estão em 19 desenvolvimento. É considerado hoje a segunda maior causa de morte no mundo, perdendo apenas para as doenças que envolvem o sistema circulatório. O número de morte por câncer, ao longo dos anos, tem aumentado cera de 31%, desde o ano de 2000, chegando a uma média de 223,4 mil pessoas atingidas pela doença no final do ano de 2015. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 indica uma grande alerta para o Brasil, com o surgimento de 625 mil novos casos de câncer, sendo o mais incidente o câncer de pele não melanoma, com 177 mil casos, seguido pelo câncer de mama e próstata, com 66 mil cada, colón e reto, pulmão e posteriormente o câncer de estômago (INCA, 2020). Levando em consideração a complexidade do tratamento, a evolução e o prognóstico da doença, muitos pacientes poderão precisar de cuidados oncológicos. Diante disso, a qualificação da equipe que os auxiliam devem garantir-lhes qualidade de vida desde o diagnóstico e no decorrer da doença, minimizando a preocupação e o sofrimento, contribuindo com uma assistência efetiva e humanizada (ALECRIM; MIRANDA; RIBEIRO, 2020). Estima-se que, para o ano de 2025, é esperado em média um surgimento de cerca de 20 milhões de novos casos, assim, as novas diretrizes que foram anunciadas pela OMS, esperam aumentar a expectativa de vida, garantindo uma melhora nos serviços de saúde, tendo como objetivo o diagnóstico e tratamento da doença de forma precoce, assim, nota-se que, esse elevado número de casos, significa que é necessária que haja novas formas de cuidados e prevenção das neoplasias. O INCA (2019) afirma que as causas de câncer variam de acordo com as diversas regiões do país, sendo grande parte delas advindas de determinadas características regionais, como alimentação, descendência familiar, exposição ambiental a agentes químicos. A formação do câncer decorre da carcinogênese, ocorrendo de forma lenta, sendo necessário muitos anos para que uma célula cancerosa venha se proliferar, originando um tumor visível. Assim, é necessário que o indivíduo tenha predisposição genética para que o câncer venha se desenvolver, mesmo estando o seu desenvolvimento associado a inúmeras causas como o tabaco, o álcool, a má alimentação, o excesso de peso, a exposição solar e a produtos químicos. Logo, com o aumento da industrialização e da urbanização, um número maior de casos vem surgindo. 20 2.3 Prevenção e Tratamento A prevenção é baseada em um estilo de vida saudável, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas, evitar o consumo de alimentos industrializado, praticar atividade física, dormir bem. É correto afirmar que, no Brasil, é considerado como um problema de saúde pública, devendo a prevenção e o controle serem priorizados em todas as regiões, devendo haver orientações para o enfrentamento do problema, devendo haver ações educativas para toda sociedade, devendo haver um foco especial nas ações preventivas (PINHO et al., 2018). Tonon e Silva (2020), esclarece que, após diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado de imediato com diversas estratégias, podendo ocorrer em conjunto ou de forma separada. A forma mais comum para o tratamento é a quimioterapia, cirurgia de medula óssea e radioterapia. Assim como a doença, o tratamento também resulta em efeitos agressivos para o paciente, sendo comum que o organismo fique debilitado e vulnerável, o que contribui para o prejuízo nutricional. Desse modo, quando desnutrido, o estado do paciente torna-se ainda mais grave, o que atrapalha a resposta terapêutica ao tratamento, sendo necessária uma intervenção nutricional. Para Pinho et al., (2018), a maioria dos casos estão situados nos países de média e baixa renda. Esses países apresentam índices de desnutrição. Neles, o tempo necessário para diagnóstico da doença é, em média, de 255 dias, sendo característico do câncer o surgimento do crescimento desordenado das células, o que pode resultar na disseminação dos tecidos e órgãos, resultando no surgimento da metástase, o que contribui para disseminar-se para diversas partes do corpo, resultando em complicações severas, vindo a se complicar até levar o paciente para a fase terminal. Sousa et al., (2019), afirma que o câncer pode contribuir para que o paciente chegue à desnutrição, afetando negativamente a sua qualidade de vida e seu prognóstico. Desse modo, faz-se necessário que a terapia nutricional seja iniciada após o diagnóstico, devendo ser considerada como tratamento adjuvante no período de tratamento oncológico buscando, desse modo, reduzir os efeitos colaterais da terapia medicamentosa. Tonon e Silva (2020), esclarece que a etiologia para a neoplasia maligna é decorrente de inúmeros agentes causadores, incluindo a exposição do paciente a 21 variadas causas externas e internas. As externas estão ligadas ao meio ambiente e as internas relacionadas aos hormônios, às condições imunológicas e às mutações genéticas e a junção dessas duas causas são consideradas fatores desencadeantes para o surgimento do câncer. Entre os principais causadores a alimentação, o álcool e o fumo, assim como a má alimentação e o sedentarismo. No caso da alimentação, é considerada como um dos fatores externos que mais contribuem para o aparecimento dessa patologia, devendo o paciente realizar consultas periódicas, fazendo um checkup de exames, para que seja possível detectar se possui algum tipo de câncer, que em caso positivo, o tratamento deva ser iniciado de forma precoce. Pinho et al., (2018), afirma que para diagnóstico, é necessário a realização de exames: o físico, o de imagem e a biopsia. O último é necessário para saber se o tumor é benigno ou maligno, caso seja benigno, o paciente não precisará passar por procedimentos invasivos. Caso seja caracterizado como maligno, o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível, sendo o rastreamento necessário para se detectar sinais de câncer, sendo necessário que o paciente realize exames de rotina frequentemente e outros específicos. Caso venha sentir algum tipo de desconforto em alguma região do corpo e exista alguma alteração, o paciente deverá ser encaminhado pelo médico para um especialista para que seja realizado uma investigação diagnóstica. Para um tratamento eficaz, faz-se necessária a realização da anamnese, como exame físico e embasamento em exames clínicos detalhados, tais como: endoscópicos, tomografia, ressonância, colposcopia, retossigmoidoscopia e outros meios de diagnósticos além da confirmação histopatológica, no qual ajudará o médico oncologista a avaliar a extensão do acometimento da doença no organismo e, assim, propor um planejamento terapêutico mais adequado para o tratamento do paciente oncológico (INCA, 2019). Dentre as principais formas de tratamento oncológicos estão: quimioterapia (tratamento sistêmico com uso de medicamentos), radioterapia (é um tratamento no qual se utilizam radiações ionizantes) e cirurgia. São, na verdade, um conjunto entre si para o tratamento das neoplasias malignas e poucas são as tratadas com apenas um destes procedimentos (BRASIL, 2021). A radiação é uma forma de tratamento oncológico como intuito de impedir que o tumor aumente de tamanho buscando destrui-lo. Durante a aplicação, o paciente não sente absolutamente nada, pode ser utilizada em conjunto com a quimioterapia, 22 lembrando-se de que cada paciente reage de uma forma diferente e, a depender da intensidade e dosagem do tratamento, bem como da área irradiada, as células saudáveis que se encontram próximas ao tumor também são atingidas no tratamento radioterápico, resultando em inúmeros efeitos adversos, sendo os efeitos mais frequentes a perda de apetite e o cansaço constante. Esses sintomas geralmente surgem na terceira semana de tratamento, desaparecem semanas depois de finalizar o tratamento (MARQUES, et al., 2021). Para Pinho et al. (2018), pacientes em situação oncológica grave são prejudicados devido às alterações que ocorrem no metabolismo das proteínas, dos lipídeos e dos carboidratos. Em função dessas alterações, ocorre um aumento das necessidades energéticas, resultando no catabolismo proteico, o que contribui para que haja alterações tanto no trato intestinal como no sistema imunológico. Tonon e Silva (2020), afirma que é natural, após passar por uma série de tratamentos para o câncer, como a radioterapia e a quimioterapia, quando hospitalizado, desnutrir-se cada vez mais e de forma rápida, sendo importante o acompanhamento nutricional para evitá-la ocorrer de forma ainda mais rápida. 2.4 Alguns Tipos Mais Comuns de Câncer 2.4.1 Câncer de Mama O câncer de mama é caracterizado como um tumor maligno sendo muito frequente nas mulheres e apenas uma pequena porcentagem nos homens. Rodrigues et al. (2022), esclarece que o câncer de mama é considerado como um tipo de neoplasia que mais atinge as mulheres no mundo inteiro, tanto nos países desenvolvidos como em países que estão em desenvolvimento, havendo uma estimativa de que para o ano de 20152 venha surgir, em média, 57.120 novos casos de câncer de mama. Dentre os fatores de risco para o câncer de mama estão a idade, etnia, raça, a variação geográfica, a menarca precoce, a menopausa tardia, a ausência de filhos, o primeiro parto em idade avançada e predisposição genética, assim como a exposição à radiação ionizante, o sobrepeso, também, acaba influenciando no aparecimento do 23 câncer de mama, assim como, a ingestão de álcool e uso de contraceptivos. Para Santos et al. (2022), torna-se possível afirmar de maneira clara que existem atualmente variados tipos de câncer de mama. Alguns deles tem desenvolvimento de forma rápida, outros crescem de forma lenta, sendo comum que quando diagnosticados e tratados de forma precoce, o câncer de mama apresenta um excelente prognóstico. Em média até 30% dos casos podem ser evitados com a adoção de alguns hábitos diários como a prática de atividade física, uma alimentação equilibrada, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e a prática de amamentação, pois, quanto maior o tempo de amamentação, menores as chances do aparecimento do câncer de mama, um outro fator que deve ser evitado, também como forma de prevenção, é evitar o uso do tabagismo. Com relação aos sinais e sintomas, pode ser facilmente notado em fase inicial, com o surgimento de nódulos fixos e indolor, a pele da mama avermelhada, com aspecto de casca de laranja, mudanças no mamilo e pequenos nódulos presentes nas axilas e no pescoço, assim como, a saída de líquidos dos mamilos de forma anormal, sendo necessário que esses sintomas venham ser investigados pelo médico, para que esse possa avaliar o risco de câncer (HORTA; VAREJO, 2021). Quando diagnosticado em fase inicial, pode ser tratado de forma menos agressiva, com altas taxas de sucesso, sendo necessário que as mulheres além de realizarem o autoexame, busquem, também, realizar a mamografia a cada dois anos, caracterizada como uma radiografia das mamas, que é realizada por meio do raio X, podendo identificar alterações e suspeitas de câncer (RODRIGUES et al., 2022). Com relação ao tratamento, esse depende do estágio em que se encontra, existindo hoje diversos tratamentos terapêuticos disponíveis, a depender do tipo de tumor, podendo ser feito por meio de cirurgias, quimioterapia e radioterapia (SANTOS, et al., 2022). 4.1.2 Câncer de Próstata No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (Atrás apenas da (pele) não-melanoma). A próstata é uma glândula que só o homem 24 possui e que se localiza na parte baixa do abdômen, é um órgão pequeno, que tem a forma de uma maçã que se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso). Envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada e produz parte do sêmen, liquido espesso que contém os espermatozoides, liberando durante o ato sexual (INCA, 2021). Segundo os dados do Instituto Nacional do Câncer, 65.840 novos casos foram confirmados no ano de 2020, correspondendo a 29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino; 15.983 casos de morte indicado pela Atlas da Mortalidade por câncer (SIM) em 2019. O diagnóstico precoce é realizado com o exame de toque retal, um dos mais utilizados mesmo com o desconforto gerado, devendo este ser realizado por um especialista, contudo, quando associado com o exame de Antígeno Prostático Específico (PSA) há um aumento na eficácia do diagnóstico, sendo uma sensibilidade em torno de 95% (BRASIL, 2021). A prevenção e o diagnóstico tornam-se comprometidos pela baixa procura e os aspectos culturais da masculinidade como medo, o machismo e adiar a prevenção e o diagnóstico precoce. Como foi visto, a saúde do homem é um problema de grande relevância para a saúde pública, por isso, é necessário um olhar mais atento para o grupo masculino em estudo (INCA, 2018). Além disso, adotar práticas saudáveis diminui o risco de várias doenças, inclusive o câncer. Fazer exames de rotina, ter uma alimentação saudável, não fumar, praticar atividade física, manter o peso corporal adequado e não consumir bebidas alcoólicas. A única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce, mesmo na ausência de sintomas em homens a partir dos 45 a 50 anos de idade (BRASIL, 2021). Só o novembro azul não ajuda a alertar sobre o câncer de próstata, a única forma de garantir a cura do câncer de próstata é o diagnóstico precoce, mesmo com ausência de sintomas homens a partir dos 45 anos com fatores de risco, ou 50 anos sem fatores, devem ir ao urologista para conversar sobre um meio te tratamento (BRASIL, 2021). Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2021). Cerca de 28,6% da população masculina desenvolvem neoplasias malignas no Brasil. A cada 38 minutos um homem morre devido ao câncer de próstata. No ano de 2020, 65.840 novos casos foram estimativas pelo Instituto Nacional de Câncer. 25 Apesar de a população masculina ter o conhecimento sobre o câncer de próstata, ainda existe resistência para a adesão às consultas e exames, por haver uma masculinidade como produto de interações sociais entre homens, gerando medo e constrangimento que os impedem de participar de etapas fundamentais para a detecção precoce, como o caso de exame de toque retal, que é mais rejeitado (LYRA et al., 2020). De acordo com Lyra et al. (2020), pode-se dizer que a necessidade de acesso à manutenção da população masculina nas unidades básicas de saúde tornou-se um desafio para os profissionais da saúde, diante da resistência dos homens em cuidar da sua saúde. A informação é um importante aliado à promoção e prevenção à saúde da população masculina, sendo necessária para a adesão dos homens ao tratamento, mostrando como a detecção precoce é fundamental pra a expectativa e qualidade de vida. Pacientes em tratamento oncológico de próstata necessitam de um cuidado e planejamento personalizado,levando sempre em consideração a individualidade de cada doente, como o estadiamento da neoplasia, idade, existência de doenças crônica, saúde mental e recursos disponíveis na unidade de atendimento; bem como a opinião do paciente diante das condutas terapêuticas que serão realizadas, proporcionando-lhe maior autonomia (CARVALHO et al., 2018). 2.4.3 Câncer de Esôfago De acordo com Araújo et al. (2019), pode-se dizer que o câncer de esôfago é caracterizado como uma neoplasia bem agressiva, sendo considerado como o sexto lugar de câncer que mais mata no mundo inteiro, sendo bastante comum o aparecimento da desnutrição proteico-calórica nesses pacientes, estando a desnutrição associada a dificuldades de deglutição, assim como a obstrução do trato gastrointestinal, anorexia, dores intensas, outro fator que contribui para o surgimento da desnutrição é a localização e extensão do tumor, sendo comum surgirem náuseas e vômitos. 26 O diagnóstico tardio do câncer de esôfago, em associação com a disfagia, resulta na perda de peso de maneira demasiada, tornando difícil o controle clínico. Nesse tipo de câncer, a desnutrição considerada como um fator extremamente preocupante, sendo necessário oferecer suporte nutricional para esses pacientes com o intuito de melhorar os desfechos clínicos, buscando desse modo diminuir as complicações e os custos hospitalares. Para França et al. (2021), o câncer de esôfago é visto como uma neoplasia com alta incidência, tendo altas taxas de mortalidade. Sua etiologia é associada ao tipo da patologia com o carcinoma de células escamosas o mais comum e bastante relacionado ao tabagismo e etilismo; o adenocarcinoma associado ao esôfago de Barrett, estando ainda o risco de desenvolver esse tipo de câncer ligado a ingestão de bebidas quentes, assim como, as pessoas que possuem predisposição genética e baixa quantidade de vitaminas A, C e E em seu organismo. Geralmente o diagnóstico do câncer de esôfago costuma aparecer de forma tardia. O seu principal sintoma é a disfagia, que acontece de forma consecutiva até que o tumor venha crescer, causando sintomas obstrutivos, passando o paciente a ter grandes dificuldades de deglutição. Ocorre a mudança alimentar para alimentos líquidos e com o aumento dessa progressão da obstrução começam a aparecerem dores e salivação de forma excessiva de forma habitual. Sendo comum, sangramentos e dores torácica, assim como vômitos frequentes. De acordo com Rodrigues et al. (2022), a detecção precoce do câncer de esôfago, é considerado como uma estratégia para que o tumor possa ser encontrado em fase inicial, possibilitando desse modo, maiores chances de tratamento, sua detecção pode ser feita por meio da realização de exames clínicos e laboratoriais, por meio de endoscopia, principalmente, em casos onde as pessoas apresentem sintomas, embora esses exames devam ser realizados em pessoas que não possuem sintoma algum, pois, em muitos casos, as pessoas só começam a apresentarem sintomas da doença quando ela já se encontra em estágio avançado. 2.4.4 Câncer do Colo do Útero De acordo com Guimarães (2019), pode-se dizer que o câncer do colo uterino 27 pode ser caracterizado como uma neoplasia maligna, que acontece no epitélio da cérvice uterina, sendo sua origem proveniente de alterações celulares que acabam evoluindo de maneira insignificante, terminando no surgimento do carcinoma cervical invasor. O principal fator de risco para o câncer do colo do útero é a presença do Papilomavírus Humano (HPV), tendo outros fatores relacionados com o desenvolvimento do câncer de útero que é a prática de atividade sexual de forma precoce, com menos de 16 anos, assim como uma grande quantidade de parceiros sexuais ao longo da vida e históricos de verrugas genitais. Pinho et al. (2018), esclarece que, com relação a prevenção do câncer do colo de útero, essa deve ser feita por meio de medidas educativas, devendo vacinar-se na adolescência contra o HPV, sendo comum que o câncer se inicie em torno dos trinta anos de idade, havendo um aumento em sua incidência aos 50 anos de idade. O tratamento das lesões do câncer do colo do útero é individualizado e varia de mulher para mulher, sendo comum a adoção de cirurgias para retirada do tumor, ou mesmo do órgão. Em alguns casos, as mulheres são submetidas a algumas técnicas como a crioterapia e a biópsia com laser, a histerectomia, quimioterapia e radioterapia. De acordo com o INCA (2019), a ausência da detecção precoce do câncer do colo do útero, encontra-se ligada ao medo, a ansiedade e a vergonha, bem como a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, na busca para a realização do exame preventivo, contribuindo para que o diagnóstico venha ocorrer de modo tardio. A patologia atinge os grupos em maiores vulnerabilidade social, onde existem as maiores barreiras de acesso aos serviços de saúde. 2.4.5 Aceitação das Dietas Hospitalares em Pacientes com Câncer Para Souza (2021), a Avaliação Subjetiva Global (ASG), é um meio bastante eficaz para avaliar a aceitação alimentar do paciente oncológico, é muito utilizada para avaliar também o estado nutricional do paciente, sendo possível observar se houve alteração no seu peso nas últimas semanas, é questionado, também, sobre os sintomas que acabam impactando nos aspectos nutricionais, como se houve, 28 náuseas, vômitos, diarreia, inapetência e constipação, sendo possível que o nutricionista detecte se o paciente é classificado como bem nutrido, modernamente desnutrido ou com possibilidade de desnutrição ou até mesmo como gravemente desnutrido. Uma das formas de avaliar se o paciente está tolerando a dieta ofertada é através do resto-ingestão, onde é estabelecido a relação existente entre a quantidade de alimento ofertada e a quantidade rejeitada, assim, as quantidades de alimentos não ingeridas em uma determinada refeição deve ser registrada e quantificada em gramas, através da pesagem dos resíduos que ficaram no prato. É interessante que seja aplicado um questionário com os pacientes a respeito do porquê da não aceitação alimentar. Essas perguntas devem ser fechadas, questionando com relação a cor, aparência, odor, quantidade, temperatura e sabor do alimento. Deve ser indagado, também, se a causa da não aceitação da refeição está ligada a falta de apetite e distúrbios gastrointestinais (CARVALHO et al., 2018). Silva et al. (2020), acreditam que o Índice de Massa Corporal (IMC), também é considerado como um auxiliar na avaliação do paciente, identificando se esse está ou não em desnutrição, podendo relacionar com a aceitação alimentar. embora o cálculo de IMC acabe limitando a discriminação entre a massa gorda e a massa magra. Assim, a antropometria se mostra bastante eficaz para avaliação da desnutrição e perca de massa magra durante o período de internamento. Existem vários instrumentos eficazes no estado de avaliação nutricional do paciente oncológico hospitalizado como a própria antropometria, a dosagem de proteína sérica, avaliação da imunidade celular e avaliação da composição corporal, podendo auxiliar a fechar diagnóstico na ASG. É bastante comum que os pacientes com câncer apresentem redução em seu consumo alimentar no período de hospitalização, sendo comum que a ingestão alimentar chegue apenas a 50% da recomendação diária de sua necessidade nutricional, onde até os pacientes que chegaram ao hospital bem nutridos acabam tendo essa rejeição, sendo um dos motivos, a pouca variedade de alimentos disponíveis nas refeições, assim como os efeitos advindos da terapia medicamentosa no decorrer do tratamento, que contribui para o aumento dos sintomas como náuseas e inapetência, sendo a recusa de determinados alimentos ligada a terapia antineoplásica. Alguns pacientes apresentam recusa a alimentos específicos,por considerarem as refeições como não apetitosas (LOTICI et al., 2014). 29 Diante disso, Abbade (2020), esclarece a importância da avaliação nutricional e do acompanhamento na prática clínica hospitalar, realizando diariamente um monitoramento da ingestão alimentar do paciente com câncer, por serem esses indivíduos considerados como bastante vulneráveis a desnutrição, assim, a gastronomia hospitalar, a técnica e dietética são de extrema importância para que haja a construção de cardápios nutritivos que estimulem o apetite do paciente, sendo necessário, em alguns casos, que haja uma intervenção nutricional precoce com o intuito de evitar que haja uma evolução rápida para a desnutrição, o que acaba piorando o estado do paciente, pois uma boa nutrição é essencial no processo de recuperação do paciente com câncer. O câncer pode contribuir para que o paciente chegue à desnutrição afetando negativamente a sua qualidade de vida e seu prognóstico. Desse modo, faz-se necessário que a terapia nutricional seja iniciada após o diagnóstico do câncer, devendo ser considerada como tratamento adjuvante no período de tratamento oncológico, buscando, desse modo, reduzir os efeitos colaterais da terapia medicamentosa, prevenindo que a desnutrição ocorra, pois, a terapia nutricional acaba englobando os procedimentos voltados para que o quadro metabólico do paciente seja mantido, ou que seu quadro nutricional seja recuperado, devendo a conduta nutricional avaliar o estágio da doença e os efeitos do tratamento no metabolismo do paciente. A redução da ingestão alimentar encontra-se associada ao tipo de tumor e o lugar onde se encontra gerando sintomas e impactos nutricionais como a disfagia, falta de apetite, mucosite, alteração do paladar, náuseas e jejuns prolongados que são recomendados para processos cirúrgicos ou realização de exames específicos, sendo as condições socioeconômicas influentes na alimentação do paciente oncológico, assim como a inadequação dos hábitos alimentares (PINHO et al., 2018). A inadequação alimentar é classificada quando o indivíduo não consome o recomendado nutricionalmente, por mais de uma semana, ou quando sua ingestão calórica se encontra 60% abaixo de suas necessidades nutricionais individualizada, para que suas necessidades energéticas sejam atendidas, sendo, muitas vezes, necessária a prescrição de um suplemento com o intuito de evitar o agravo de seu quadro (SILVA; OLIVEIRA, 2020). Independentemente do estado nutricional do paciente, aquele que irá passar por procedimentos cirúrgicos, necessitam do consumo de fórmulas que tenham 30 função imunomoduladora, contendo ômega 3, nucleotídeos, arginina e antioxidantes, devendo o seu consumo ser de cinco a sete dias, que antecede o processo cirúrgico, sendo esse suporte nutricional eficaz, por fornecer nutrientes capazes de modular a resposta inflamatória e imunológica que ocorreu em decorrência da patologia (ABBADE, 2020). Para Marques et al., (2021), a localização do tumor acaba impactando de forma significativa no estado nutricional do paciente, assim, os que estão localizados no trato gastrointestinal - TGI, acabam impactando diretamente no processo que envolve a digestão, ingestão e a absorção dos nutrientes, sendo comum a presença de tumores obstrutivos, sendo comum a disfagia, vômitos e odinofagias que são responsáveis pelo comprometimento da ingestão alimentar e do estado nutricional do paciente. A diminuição do consumo alimentar é bastante observada em pacientes oncológico estando associado a diversas alterações metabólicas originadas em decorrência do tumor por diversos fatores que contribuem para a modulação dos receptores e dos neurônios presentes no sistema nervoso central, destacando-se as citocinas que são liberadas pelo tumor e pelo próprio sistema imunológico. Os indivíduos com câncer apresentam grande prevalência de desordens no apetite, que pode impactar de forma significativa em seu estado nutricional e na sua qualidade de vida, podendo esse comprometimento nutricional ainda mais grave em pessoas idosas, que já apresentam alteração do apetite em decorrência do envelhecimento, sendo comum a presença de caquexia. A caquexia é caracterizada como uma síndrome de origem multifatorial, caracterizada pela perca de peso e de massa magra de forma involuntária, podendo haver ou não a perca de massa gorda, podendo levar ao comprometimento funcional de maneira progressiva (MARQUES et al., 2021). Holanda et al. (2020), relata que existe um questionário bastante eficaz para avaliar o estado nutricional do paciente com câncer, que é o Questionário de Apetite e Sintomas para Pacientes com Câncer (CASQ) que permite avaliar os sintomas relacionados ao apetite, avaliando a alteração do paladar, a saciedade precoce, ausência de apetite, prazer em se alimentar, alteração do sabor, alteração do humor e da disposição de exercer as atividades diárias, presença de dor e de enjoo. Esses questionamentos permitem gerar um escore global, sendo possível classificar o comprometimento do apetite em três categorias, como baixo, moderado e grave. 31 2.4.6 Desnutrição Energético-Proteica Carvalho et al. (2018), relata que a desnutrição é considerada como uma das complicações mais frequentes em paciente oncológicos e acaba resultando na diminuição da resposta dos tratamentos antineoplásticos específicos, reduzindo a qualidade de vida do paciente, tornando o suscetível a maiores riscos de infecções, inclusive no aumento de tempo de hospitalização. São inúmeros os fatores relacionados com a gênese da desnutrição nos pacientes oncológicos. De forma frequente, os sujeitos em tratamento radioterápico e quimioterápico relatam queixas gastrointestinais, sendo comum a presença de vômitos, náuseas, mudanças no paladar, constipação ou diarreia, o que pode levar a diminuição da aceitação da dieta, o que consequentemente contribui para o comprometimento do estado nutricional do paciente, sendo ideal que haja uma investigação precoce desses sintomas em paciente hospitalizados, para que haja uma intervenção nutricional de forma precoce e os indivíduos hospitalizados sejam orientados nutricionalmente de forma imediata. Os maiores riscos nutricionais estão associados aos tumores sólidos. Em casos de doenças avançadas, principalmente, os que já apresentam algum grau de desnutrição no início do tratamento, sendo comum a desnutrição energético-proteica. Nessa fase, quando a quimioterapia encontra-se aliada, com a radioterapia, as chances de desnutrição são ainda maiores, principalmente se essa forma de origem pélvica ou abdominal, havendo uma perca de peso significativa, estando esse peso muito abaixo do ideal, gerando uma perda nutricional importante em decorrência da toxicidade renal e gastrointestinal, assim como devido a vômitos que ocorrem de forma frequente (FRANÇA et al., 2021). Para Pinho et al. (2018), pacientes em situação oncológica grave são prejudicados devido as alterações que ocorrem no metabolismo das proteínas, dos lipídeos e dos carboidratos, devido a essas alterações, ocorre um aumento das necessidades energéticas, resultando no catabolismo proteico, o que contribui para que haja alterações tanto no trato intestinal como no sistema imunológico. É frequente os quadros de desnutrição em paciente oncológicos internados, a desnutrição pode comprometer a sua função imunológica, gerando uma deficiência na 32 movimentação ventilatória, enfraquecendo os músculos responsáveis pela respiração, tornando o paciente dependente de ventiladores pulmonares, o que contribui para maior risco de infecção e de mortalidade. Souza et al. (2021), afirma que a ingestão proteica e energética no início do tratamento, gera enormes benefícios para o paciente, reduzindo os riscos de complicações nutricionais durante o decorrerda internação, pois a desnutrição é considerada como um estado patológico, resultado da baixa ou ausência ingestão de nutrientes que são necessários para suprir as demandas metabólicas e fisiológicas, gerando a perca de peso, resultando no catabolismo do tecido muscular e adiposo. Assim, durante esse processo de perca de peso, o sistema imunológico torna-se fragilizado, devido a diminuição do número de linfócitos, comprometendo os neutrófilos, contribuindo para o aumento das infecções. Ademais, afirma que, a desnutrição associada ao CA, está ligada a uma média de 80% dos pacientes, sendo mais prevalente nos idosos e nos adultos, assim, uma média de 20% desses pacientes acabam indo a óbito devido aos agravos advindos da desnutrição, sendo necessária a qualidade de vida e oferta de um aporte energético adequado para o paciente de forma individualizada, buscando melhorar a perca da massa magra e a deficiência energética. 2.5 Contribuição do Nutricionista para Melhora da Qualidade de Vida dos Pacientes Oncológicos em Cuidados Paliativos Magalhães et al. (2018), afirma que, de acordo com a organização mundial de saúde, o cuidado paliativo pode ser entendido como um método de promoção da qualidade de vida tanto do paciente como de seus familiares, buscando, desse modo, a prevenção e o alívio do sofrimento, contribuindo para a melhora da dor. O cuidado paliativo torna-se eficaz quando o tratamento normalmente se torna ineficaz. O cuidado paliativo deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar com a presença de médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos, farmacêuticos, buscando confortar tanto o paciente como seus familiares, devendo esses profissionais fazer uso de uma abordagem humanizada, 33 devendo ocorrer de forma continua e integral, promovendo uma melhora no quadro de dor, conforto físico e emocional, pois, o sofrimento quando não controlado acaba influenciando de forma negativa na qualidade de vida do paciente. Quando os sintomas e dores não são controlados, acaba influenciando na qualidade de vida do paciente com câncer, modificando assim, as suas atividades diárias, influenciando na ingestão alimentar e no estado nutricional do paciente. Em se tratando das desordens nutricionais, faz-se necessário recorrer a meios que previnam as manifestações nutricionais, sendo causada pela própria doença e pelos efeitos colaterais advindos dos medicamentos, sendo comum o surgimento de diarreia, inapetência, náuseas, vômitos e constipação (ABBADE, 2020). Holanda et al. (2020), relata que os pacientes com câncer em cuidados paliativos, em sua grande maioria, apresentam um déficit nutricional, que não pode ser recuperado somente por meio da terapia nutricional, pois sua conduta nutricional não consegue atingir as necessidades nutricionais recomendadas. Desse modo, suas necessidades nutricionais, hídricas, proteicas e calóricas, precisam serem definidas de acordo com a expectativa de vida do paciente, garantindo desse modo, um certo conforto e melhoria da qualidade de vida. Seguindo a mesma linha de raciocínio, o autor mencionado relata ser natural que os pacientes que se encontram em cuidado paliativo acabam enfrentando alterações relacionadas a alimentação, sendo comum o surgimento de diminuição ou perda do apetite, havendo ainda uma má absorção dos nutrientes, desinteresse e recusa ao alimento, sendo nesse período, a orientação nutricional essencial, contribuindo para a melhora dos sintomas, buscando fazer com que o paciente venha ingerir uma maior variedade e quantidade de alimentos, por meio de uma dieta adequada, buscando por meio da dietoterapia respeitar a vontade, sendo essencial que essas condutas dietoterápicas ocorram de maneira individualizada, resultando em inúmeros benefícios, como o aumento do consumo alimentar. O nutricionista tem papel essencial nos cuidados paliativos ao paciente oncológico, pois, por meio da dietoterapia, promove uma alimentação individualizada e de qualidade para atender às necessidades nutricionais do paciente, isso porque a alimentação exerce um importante papel na vida do ser humano, atingindo o papel fisiológico e o âmbito emocional, sendo a alimentação para pacientes em Circunferência da Panturrilha (CP) influenciada por diversos fatores, sendo comum que seus familiares estejam preocupados em ofertar alimentos ao paciente para que 34 permaneça vivo por mais tempo, embora seja comum no decorrer do tratamento que o paciente apresente anorexia e alteração na sua imagem corporal, levando o paciente a perca de debilidade tanto física como mental, assim, quando o paciente não consegue mais se alimentar, representa uma piora de seu quadro (MAGALHÃES et al., 2018). O nutricionista facilita a execução e a variedade de rotinas alimentares nos hospitais, trazendo melhoria no quadro alimentar do paciente oncológico por meio de conselhos e orientações, assim, nota-se que, também é papel do nutricionista avaliar o paciente, prescrever planos de cuidados, oferecer ao paciente apoio psicológico e a seus familiares, contribuindo, desse modo, para a evolução favorável do paciente, assim, é possível por meio da alimentação contribuir para a melhora do paciente e de suas condições físicas e psicológicas (MARQUES et al., 2021). 2.6 Suplementação para Pacientes Oncológicos Sendo a desnutrição um problema bastante presente na vida dos pacientes oncológico, uma das alternativas que o nutricionista pode utilizar é o fracionamento da dieta, buscando, desse modo, ofertar alimentos com alta densidade calórica, em que casos esses pacientes apresentem uma ingestão alimentar reduzida em até 75% de suas necessidade energéticas diária, será necessária a intervenção nutricional por meio de suplementos alimentares, para que o paciente venha a atingir a sua necessidade diária de kcal (DELGADO, 2019). Existe, no mercado nos dias atuais, uma grande quantidade de suplementos disponíveis como forma de auxílio alimentar em casos de desnutrição, sendo bastante recomendado atualmente o uso de hipercalórico e hiperproteico na forma líquida com sabor neutro, que pode ser utilizado tanto em preparações doces, como salgadas, buscando desse modo contribuir para o aumento do valor nutricional da refeição sem que essa junção venha alterar seu sabor e consistência (FRANÇA, et al., 2021). De acordo com a visão de Delgado (2019), faz-se necessário lembrar-se de que o melhor tipo de suplementação a ser ofertada ao paciente é aquele que tolera bem em seu organismo. Além dos suplementos sem sabor, existe uma diversidade 35 muito grande de suplementos com sabores variados, sendo necessário que o paciente entenda a importância de seu consumo, o que facilitará sua melhor adesão. A suplementação alimentar em pacientes oncológicos tem por objetivo a melhora e manutenção do aporte energético e nutricional devendo ser considerado todos os macronutrientes como as proteínas, os carboidratos e os lipídios, assim como os micronutrientes, que são essenciais para o tratamento quimioterápico, como as vitaminas e os minerais, contribuindo assim para uma melhora significativa no seu tratamento. A suplementação nutricional de modo oral é considerada como uma das maneiras do nutricionista intervir nutricionalmente, podendo ela ser utilizada como complemento da ingestão alimentar oral, dos pacientes que não possuem suas necessidades nutricionais atingidas por meio da alimentação, ou somente como alimentação convencional (FRANÇA, et al., 2021). Os pacientes oncológicos, receberão a suplementação alimentar de forma bastante especifica, a depender da localização que se encontra o tumor, tendo como objetivo principal evitar a desnutrição, o que significa também uma redução na taxa de mortalidade dos pacientes oncológicos, de forma precoce,visando a diminuição das complicações no decorrer do tratamento, buscando, dessa forma, garantir uma melhoria na qualidade de vida desse paciente (DELGADO; SILVA, 2018). A terapia nutricional pode ser considerada como um instrumento indispensável, assim como a suplementação de nutrientes nos pacientes oncológicos em estágio avançado, buscando proporcionar a ele uma sobrevida, buscando prevenir a desnutrição (FRANÇA, et al., 2021). A suplementação alimentar no paciente deve ocorrer por via oral, sendo essa a primeira opção, estando a terapia nutricional por via enteral, indicada somente em casos onde o paciente por algum motivo não consiga atingir suas necessidades diárias por meio da alimentação convencional, sendo a alimentação convencional considerada como uma forma de manter a integridade da mucosa intestinal, buscando desse modo evitar que haja uma translocação bacteriana (INCA, 2019). Delgado e Silva (2018), afirmam que é importante considerar que a vida de administração da dieta precisa respeitar as limitações do paciente e após haver uma estabilização hemodinâmica, a via oral precisa sempre ser escolhida como primeira opção por ser caracterizada como mais fisiológica, porém em casos onde os pacientes tenham sua ingestão oral atual insuficiente, mesmo que tenha havido anteriormente 36 tentativas de suplementação, é recomendado que essa suplementação seja ofertada pela via enteral, menos em casos que existam contraindicações, como íleo dinâmico, e casos de sangramento digestivo ativo e choque, sendo assim, com relação a dieta parenteral esta encontra-se somente indicada em casos de impossibilidade da utilização da via enteral ou como suporte calórico, até que ocorra uma progressão da dieta enteral. Os suplementos orais quando inseridos na terapia nutricional do paciente contribuem para melhoria da ingestão dietética que, na grande maioria das vezes, encontra-se bastante comprometida devido à baixa ingestão de nutrientes e calorias, os suplementos alimentares são responsáveis por ofertarem diversos nutrientes, proteínas e energia, sendo uma estratégia bastante eficaz para os pacientes oncológicos que se encontram com suas necessidades nutricionais comprometidas. O suporte nutricional é bastante recomendado em casos de pacientes oncológicos hospitalizados, pois a desnutrição pode trazer inúmeras complicações negativas para o paciente, podendo interferir de forma direta para que a doença possa evoluir, prejudicando assim o seu tratamento, por esse motivo, faz-se necessário a suplementação, com o intuito de diminuir complicações que possam aparecer durante o decorrer do tratamento, podendo essa suplementação ser ou não completa, pois, dependerá da necessidade do paciente e de sua carência nutricional, podendo muitas das vezes serem ingeridos entre as principais refeições (FRANÇA, et al., 2021). De acordo com Delgado e Silva (2018), a suplementação nutricional de forma oral é considerada como de fundamental importância no tratamento do paciente com câncer, pois com o seu estado fisiológico, não consegue atingir todas as necessidades nutricionais apenas com a alimentação, sendo necessário que essas necessidades nutricionais sejam complementadas com nutrientes específicos, devendo o nutricionista avaliar cada paciente de forma individual, com o intuito de manter seu peso e melhorar sua qualidade de vida, buscando, dessa forma, proporcionar uma melhora significativa no quadro clínico do paciente, sendo uma forma de promover uma sobrevida. 37 3 METODOLOGIA Para alcançar o objetivo proposto, utilizou-se uma revisão integrativa da literatura que é um tipo de pesquisa fundamentada na prática baseada em evidência, proporcionando a síntese do conhecimento do tema investigado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2019). Estudos dessa natureza são importantes, pois, a partir da síntese de vários estudos, permite a identificação do estado do conhecimento de um determinado assunto e das lacunas que precisam ser preenchidas com a realização de novas pesquisas, possibilitando, dessa maneira, o alcance de conclusões mais gerais a respeito de uma particular área do saber (SANTOS et al., 2022). O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura e de natureza qualitativa, realizada no Centro Universitário AGES, na cidade de Paripiranga-Bahia, fazendo uso de uma metodologia capaz de proporcionar a síntese do conhecimento junto da incorporação da aplicabilidade de resultados dos estudos analisados. A revisão integrativa é definida como um método que associa as evidências de estudos, com o objetivo de aumentar a veracidade dos achados (SOUSA et al., 2021). Para a realização deste estudo, foram utilizados os seguintes descritores: “desnutrição energético-proteica, câncer, paciente hospitalizado” em idiomas como português e inglês, a partir de textos na íntegra e temas compatíveis ao pesquisado neste trabalho. A monografia foi realizada entre os meses de março e junho de 2022, quando, durante esse período, foi feita uma pesquisa sistemática de acordo com o tema do trabalho. Os limitadores temporais, relacionado ao período de publicação, foram de estudos publicados entre os anos de 2012 a 2022, sendo esses materiais consultados em bases de dados como: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Ao realizar a primeira busca foram encontrados 132 estudos e, mediante a exclusão de duplicidades nas bases de dados, restaram 90 documentos. Em seguida, ocorreu a apreciação dos títulos, o que resultou na seleção de 82 publicações. Essas que, logo após passarem por uma triagem de leituras dos seus resumos, acarretaram a exclusão de 46 publicações que não versavam sobre o tema compatível ao 38 pesquisado. Restaram, então, 36 estudos que foram analisados por meio da leitura na íntegra e, logo depois, foram eliminados os artigos que não atendiam aos objetivos propostos nesta monografia. O trabalho finalizou com a inclusão de 17 estudos que foram destinados para a elaboração dos resultados e das discussões (tabela 1). Tabela 01: Esquematização do processo de aquisição do corpus. Fonte: Dados da autora (elaborada em 2022). ESQUEMATIZAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DO CORPUS IDENTIFICAÇÃO 132 estudos - Base de dados: LILACS, MEDLINE/PubMed e SciELO. TRIAGEM 90 publicações após eliminação de duplicidade. 82 publicações identificadas pelos títulos. ELEGIBILIDADE 60 publicações não versavam sobre o tema compatível ao pesquisado após leituras dos resumos. INCLUSÃO 48 estudos analisados com a leitura na íntegra e exclusão daqueles que não atendiam aos objetivos 12 estudos que foram destinados, exclusivamente, para os resultados e as discussões. 39 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela a seguir busca expor a demonstração de dados analíticos com títulos, autores/anos, assim como métodos e conclusões dos estudos realizados (tabela 2), com a finalidade de abordar as principais propriedades metodológicas e conclusivas dos estudos considerados elegíveis. TÍTULOS DOS ESTUDOS AUTORES/ ANOS MÉTODOS CONCLUSÕES Comprometimento do apetite e fatores associados em pessoas idosas hospitalizadas com câncer (MARQUES, et al., 2021) Foi pesquisado os bancos de dados PubMed, Google acadêmico e Scciello. Selecionamos estudos publicados entre janeiro de 2012 e abril de 2022 para que fosse possível garantir resultados relevantes em relação ao tema abordado. As pessoas com câncer, idosas hospitalizadas, demonstraram uma grande prevalência de desnutrição, caquexia, sendo bastante comum o comprometimento do apetite, sendo