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Teste_ Atividade 3_ argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica

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05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 1/12
Atividade 3: argumentação e posicionamento
autoral na escrita acadêmica
Iniciado: 5 out em 23:39
Instruções do teste
1,5 ptsPergunta 1
Leia o seguinte excerto, extraído de um artigo acadêmico publicado em periódico
da área de Letras:
EXCERTO 1
 O trabalho com a produção textual, em especial em escolas
públicas, é frequentemente inócuo, uma vez que o professor tem dificuldade de
dar o retorno apropriado às produções dos alunos, em grande parte dos casos
pelo excessivo número de estudantes numa sala. Na maioria das vezes,
descontente com as anotações em vermelho, que apontam seus erros, mas não
a maneira de corrigi-los, o estudante observará apenas a nota e guardará a folha
de papel. Nesse ponto, surge a angústia da constatação de que não é suficiente
sublinhar as falhas, pois, na maioria das vezes, o mais importante é o que não foi
dito e deveria tê-lo sido; ou foi dito de modo insuficiente e confuso, ou
desordenado.
 Da mesma forma, Therezo (2001) afirma que
 
não basta contentar-se em sublinhar as inadequações, apontá-las
com códigos nem sempre bem entendidos pelo aluno, colocar 
pontos de interrogação ou exclamação diante de expressões mal
empregadas, deixando a cargo deste verificar o que está incorreto. 
Apenas verificar, pois não vai ser dada a ele a oportunidade de buscar
outros recursos de forma e de conteúdo que lhe permitam melhorar o
texto por meio de uma reescritura, substituir as frases mal formadas,
acrescentar ou modificar conteúdo e ser reavaliado. (p. 7).
 
 Antunes (2005) acredita que muito do trabalho de correção de texto,
especialmente o escolar, seja ineficiente por não ser claro a muitos profissionais o
que é coesão e o que é coerência. Mesmo assim, há em muitas anotações de
professores, recados como: “trecho sem coesão”. Entretanto, se isso pode não
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 2/12
introdução pelo conectivo “mesmo assim”.
inserção do substantivo “recado”.
uso de um vocativo, após os dois pontos.
uso das aspas duplas.
ser claro para professores, imagina-se que seja inteligível para grande parte dos
alunos.
 
No último parágrafo do excerto, percebe-se a inserção de outra voz à
argumentação, diferente da voz dos autores do artigo, por meio de:
1,5 ptsPergunta 2
Leia o trecho abaixo, retirado de artigo acadêmico publicado em periódico
da área de Letras:
 
 Portanto, é fundamental considerar o texto “como evento
comunicativo em que convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais, e não
apenas como a sequência de palavras que são faladas ou escritas”.
(BEAUGRANDE, 1997, p. 10). E, mais ainda,
 
a textualidade é a qualidade essencial de todos os textos, mas é
também uma realização humana sempre que um texto é textualizado,
isto é, sempre que um “artefato” de marcas sonoras ou escritas é
produzido ou que recebe o nome de texto (...). Um texto não existe,
como texto, a não ser que alguém o esteja processando.
(BEAUGRANDE, 1997, p. 13).
 
 Por sua vez, Costa Val (2007) define textualidade como o conjunto
de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma
sequência de frases.
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 3/12
a) Com o uso do conectivo “portanto”, os autores sinalizam que apresentarão uma
consequência do que discutiram antes.
b) Os autores do artigo optaram por trazer mais duas vozes (Costa Val e Marcuschi),
realizando uma paráfrase (reformulação) do que ambos teriam afirmado.
c) Em "é fundamental", os autores estão trazendo o ponto de vista de Beaugrande.
d) A voz dos autores não aparece em nenhum momento do texto.
 O que faz com que uma sequência de palavras ou frases possa ser
percebida por aquele que a recebe como uma unidade significativa global é a
textura ou textualidade. Esta envolve sua organização linear (tratamento
linguístico abordado no aspecto da coesão) e sua organização reticulada ou
tentacular (MARCUSCHI, 1983), não linear, que é o tratamento dos níveis de
sentido e intenções que realizam a coerência no aspecto semântico e pragmático.
 [Texto adaptado.]
Sobre o trecho transcrito, é CORRETO afirmar que:
1,5 ptsPergunta 3
Leia, novamente, os dois excertos trazidos nas questões anteriores:
EXCERTO 1
 O trabalho com a produção textual, em especial em escolas
públicas, é frequentemente inócuo, uma vez que o professor tem dificuldade de
dar o retorno apropriado às produções dos alunos, em grande parte dos casos
pelo excessivo número de estudantes numa sala. Na maioria das vezes,
descontente com as anotações em vermelho, que apontam seus erros, mas não
a maneira de corrigi-los, o estudante observará apenas a nota e guardará a folha
de papel. Nesse ponto, surge a angústia da constatação de que não é suficiente
sublinhar as falhas, pois, na maioria das vezes, o mais importante é o que não foi
dito e deveria tê-lo sido; ou foi dito de modo insuficiente e confuso, ou
desordenado.
 Da mesma forma, Therezo (2001) afirma que,
 
não basta contentar-se em sublinhar as inadequações, apontá-las com 
códigos nem sempre bem entendidos pelo aluno, colocar pontos de
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 4/12
interrogação ou exclamação diante de expressões mal empregadas, deixando
a cargo deste verificar o que está incorreto. Apenas verificar, pois não vai ser
dada a ele a oportunidade de buscar outros recursos de forma e de conteúdo
que lhe permitam melhorar o texto por meio de uma reescritura, substituir as
frases mal formadas, acrescentar ou modificar conteúdo e ser reavaliado. (p.
7).
 
 Antunes (2005) acredita que muito do trabalho de correção de
texto, especialmente o escolar, seja ineficiente por não ser claro a muitos
profissionais o que é coesão e o que é coerência. Mesmo assim, há em muitas
anotações de professores, recados como: “trecho sem coesão”. Entretanto, se
isso pode não ser claro para professores, imagina-se que seja inteligível para
grande parte dos alunos.
 
EXCERTO 2
 Portanto, é fundamental considerar o texto “como evento
comunicativo em que convergem ações linguísticas, cognitivas e sociais, e não
apenas como a sequência de palavras que são faladas ou escritas”.
(BEAUGRANDE, 1997, p. 10). E, mais ainda,
 
a textualidade é a qualidade essencial de todos os textos, mas é também
uma realização humana sempre que um texto é textualizado, isto é, sempre
que um “artefato” de marcas sonoras ou escritas é produzido ou que recebe o
nome de texto (...). Um texto não existe, como texto, a não ser que alguém o
esteja processando. (BEAUGRANDE, 1997, p. 13).
 
 Por sua vez, Costa Val (2007) define textualidade como o conjunto
de características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma
sequência de frases.
 O que faz com que uma sequência de palavras ou frases possa ser
percebida por aquele que a recebe como uma unidade significativa global é a
textura ou textualidade. Esta envolve sua organização linear (tratamento
linguístico abordado no aspecto da coesão) e sua organização reticulada ou
tentacular (MARCUSCHI, 1983), não linear, que é o tratamento dos níveis de
sentido e intenções que realizam a coerência no aspecto semântico e pragmático.
 [Texto adaptado.]
 Observando os dois excertos,é CORRETO afirmar que:
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 5/12
a) A argumentação construída pelo(s) autor(es) mostra-se como um enunciado frágil e
pouco consistente, já que se constrói sempre mencionando ou remetendo a voz(es)
alheia(s).
b) No texto científico, o uso de citações extensas indica que os autores leram muitos
textos.
c) O recurso a vozes presentes em outros textos científicos é estratégia textual e
discursiva comum a gêneros como o artigo acadêmico-científico.
d) O objetivo do uso de citações, num texto acadêmico-científico, liga-se exclusivamente
a conferir-lhe credibilidade.
1,5 ptsPergunta 4
Leia o excerto a seguir, retirado de artigo da área de Linguística.
 
 É na enunciação – ou seja, no discurso – que a subjetividade se
manifesta. O locutor converte a língua em discurso, colocando-se nele como
sujeito e instituindo um outro, implícito ou explícito, ao qual se dirige. Diz
Benveniste (2005, p. 286), no texto Da subjetividade da linguagem:
 
A consciência de si mesmo só é possível se experimentada por contraste. Eu
não emprego eu a não ser dirigindo-me a alguém, que será na minha
alocução um tu. Essa condição de diálogo é que é constitutiva da pessoa,
pois implica em reciprocidade – que eu me torne tu na alocução daquele que
por sua vez se designa eu. (Benveniste: p. 286, destaques do autor).
 
 É nessa alternância entre o eu e o tu, sempre únicos e que podem
ter intercambiadas suas posições, que se instaura a intersubjetividade da/na
enunciação, proposta por Benveniste (2005). O eu fora da linguagem é
inatingível. É o exercício da língua que faz o homem subjetivar-se, colocando-se
como sujeito do discurso. E é a consciência do outro que desvela a
intersubjetividade, dada a impossibilidade de dizer senão para uma instância
diferente: o tu. O eu só pode ser eu na premência de um tu. Há um jogo de
relações complementares nisso, sendo que um não existe na ausência do outro:
eu se propõe como eu a um tu que, por seu turno, passa a ser eu e instaura o
outro como tu.
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 6/12
a) F – V – V – V
b) V – V – F – F
c) F – F – F – V
d) V – F – F – F
 [Texto adaptado.]
Considere o uso que os autores fazem de uma outra voz, a de Benveniste,
em sua argumentação. Coloque V (verdadeiro) ou F (falso) nas assertivas:
( ) As informações relativas à fonte da citação recuada estão corretas, em
consonância com a ABNT.
( ) O uso do itálico na indicação do título da obra, conforme orientações de
normalização da PUC Minas, é inadequado.
( ) Após a citação de Benveniste, observa-se um movimento de diálogo dos
autores do artigo com o que nela se expõe.
( ) A expressão "destaques do autor" remete aos itálicos da citação e
deveria ter vindo sem o negrito.
2 ptsPergunta 5
Leia o excerto a seguir, retirado de um artigo da área de Linguística.
Introdução
A questão da autoria tornou-se para mim um problema real quando assumi a
coordenação de uma banca de correção de vestibulares. Herdei corretores
experientes que falavam, a propósito de certas redações, em traços de autoria.
Analisando com eles casos concretos, para decidir notas, fui me dando conta,
pela prática, de que tipo de questões se tratava. O que chamava atenção, e
caracterizava “autoria”, eram, simplificando um pouco, alguns traços de estilo e
certas marcas (aspas, ironia, citações singulares, jogos com o leitor).
Definitivamente, muitas não eram simples redações, textos para evitar riscos. Foi
a partir desta experiência que escrevi “Indícios de autoria” (POSSENTI, 2002).
Mas, é claro, conhecia textos sobre a questão, porque ela é velha.
Autoria e análise do discurso
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 7/12
O tema entrou na análise do discurso (doravante AD) em consequência de
leituras da famosa conferência de Foucault (1969). Mas não foi uma questão para
Pêcheux, por exemplo, nem para outros analistas do discurso franceses, como
Courtine, Marandin, Robin, Mazière ou Maldidier. Creio que a passagem de
Foucault à AD começou em Orlandi (19881). Talvez a ideia se tenha popularizado
um pouco mais com uma dissertação, transformada em livro (GALLO, 1992), pois
tratava de uma pesquisa sobre escrita na escola. Depois, parece que a carreira
da autoria, em AD, não mais foi estancada.
Parece ser um tema brasileiro. Maingueneau (2010, 25), por exemplo, diz que,
embora a questão seja clássica na teoria literária, “a maior parte dos analistas do
discurso (...) evitam a famosa questão posta por Michel Foucault nos fins dos
anos 1960: ‘O que é um autor?’”. Ele certamente desconhece a pletora de textos
que versam sobre a questão no Brasil.
Uma leitura talvez superficial da vasta produção brasileira sobre o tema revela
que há uma diferença nítida entre as teses de Foucault (e mesmo as de
Maingueneau e de Chartier, por exemplo) e as nativas. De fato, textos sobre
autoria produzidos no Brasil (LAGAZZI, 2006; TFOUNI (org., 2008); OLIVEIRA,
2004, por exemplo), revelam um movimento peculiar. A diferença crucial reside
na exigência foucaultiana (que acompanha a tradição, seja literária, seja
filosófica, seja a das artes plásticas ou do cinema) de que a autoria corresponda
a uma obra, enquanto que a deriva brasileira define a autoria por uma certa
relação de quem escreve (ou fala...) com textos que, por enquanto, qualificarei
como comuns (no trabalho de Gallo, por exemplo, trata-se de produções
escolares).
Em Foucault, autor é um correlato de obra: não há autor sem obra, não há obra
sem autor. Para a maioria dos brasileiros, talvez simplificando, mas não falseando
a tese, são autores os que escrevem um texto adequado.
Esta orientação pode ter resultado da leitura de Orlandi (1987), especialmente da
seguinte passagem:
Assim, do autor se exige: coerência; respeito aos padrões estabelecidos,
tanto quanto à forma do discurso como às regras gramaticais; explicitação;
clareza; conhecimento das regras textuais; originalidade; relevância e, entre
outras coisas, “unidade”, “não contradição”, “progressão” e “duração” de seu
discurso. É, entre outras coisas, nesse “jogo” que o aluno entra quando
começa a escrever”. (p. 78).
Como se pode ver, trata-se da relação entre sujeito (o autor é uma de suas
facetas, aquela em que ele mais se apaga) e texto.
E, embora o parágrafo não trate de texto escolar, ele é mencionado em seguida,
como se vê acima. Leitores costumam agarrar-se mais ou menos “livremente” a
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estes ganchos. Para Foucault, a divisão entre texto com e textos sem autoria,
como se sabe, é bastante nítida:
... poder-se-ia dizer que há, em uma civilização como a nossa, um certo
número de discursos que são providos da função “autor”, enquanto que
outros são dela desprovidos. Uma carta particular pode ter um signatário, ela
não tem autor; um contrato pode ter um fiador, ele não tem autor. Um texto
anônimo que se lê na rua em uma parede terá um redator, não terá um autor.
A função autor é, portanto, característica do modo de existência, de
circulação e de funcionamento de certos discursos no interior de uma
sociedade. (p. 274) (grifo meu).
Minha aposta é que não ocorreria a Foucault que redações e outros textos do
mesmo naipe tenham autor, já que ele dissera, logo antes, que o nome de autor
está na “ruptura que instaura um certo grupo de discursos e seu modo singular de
ser” (ibidem) – redações não são singulares, neste sentido. Dissera também que
um discursoassociado a um nome de autor não é uma “palavra quotidiana,
indiferente (...), que passa, imediatamente consumível”, mas uma palavra que
“deve ser recebida de uma certa maneira e que deve, em uma certa cultura,
receber um certo status” (ibidem), sem contar que o autor exerce uma função
classificatória, permite reagrupar certos textos, relacionar textos entre si,
estabelecer uma relação de homogeneidade ou de filiação, de explicação
recíproca etc. (p. 273).
O resumo das quatro características da função autor que Foucault (1969) formula
ao final da primeira parte de sua conferência é ainda mais contundente:
Eu os resumirei assim: a função autor está ligada ao sistema jurídico e
institucional que contém, determina, articula o universo dos discursos; ela não
se exerce uniformemente e da mesma maneira sobre todos os discursos, em
todas as épocas e em todas as formas de civilização; ela não é definida pela
atribuição espontânea de um discurso a seu produtor, mas por uma série de
operações específicas e complexas; ela não remete pura e simplesmente a
um indivíduo real, ela pode dar lugar simultaneamente a vários egos, a várias
posições-sujeito que classes diferentes de indivíduos podem vir a ocupar (p.
279-80).
 
Nada disso, evidentemente, se aplica a narrativas quotidianas ou a textos
escolares, nem mesmo à maioria dos textos jornalísticos como os que são
assinados, sejam reportagens ou colunas de opinião (que, no entanto,
selecionadas e agrupadas, podem ser uma das vias da constituição de um autor).
 
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 9/12
Nada disso, evidentemente, se aplica a narrativas quotidianas ou a textos escolares [...].
Minha aposta é que não ocorreria a Foucault que redações e outros textos do mesmo
naipe tenham autor [...].
Uma carta particular pode ter um signatário, ela não tem autor [...]
Definitivamente, muitas não eram simples redações, textos para evitar riscos.
POSSENTI, Sírio. Notas sobre a questão da autoria. Matraga, Rio de Janeiro, v.
20, n. 32, p. 239-250, jan./jun. 2013.
 
Em todos os excertos a seguir, manifestam-se marcas da voz de Sírio
Possenti, em que emerge seu ponto de vista, EXCETO em:
2 ptsPergunta 6
Leia o excerto a seguir, retirado de um artigo da área de Linguística.
Introdução
A questão da autoria tornou-se para mim um problema real quando assumi a
coordenação de uma banca de correção de vestibulares. Herdei corretores
experientes que falavam, a propósito de certas redações, em traços de autoria.
Analisando com eles casos concretos, para decidir notas, fui me dando conta,
pela prática, de que tipo de questões se tratava. O que chamava atenção, e
caracterizava “autoria”, eram, simplificando um pouco, alguns traços de estilo e
certas marcas (aspas, ironia, citações singulares, jogos com o leitor).
Definitivamente, muitas não eram simples redações, textos para evitar riscos. Foi
a partir desta experiência que escrevi “Indícios de autoria” (POSSENTI, 2002).
Mas, é claro, conhecia textos sobre a questão, porque ela é velha.
Autoria e análise do discurso
O tema entrou na análise do discurso (doravante AD) em consequência de
leituras da famosa conferência de Foucault (1969). Mas não foi uma questão para
Pêcheux, por exemplo, nem para outros analistas do discurso franceses, como
Courtine, Marandin, Robin, Mazière ou Maldidier. Creio que a passagem de
Foucault à AD começou em Orlandi (19881). Talvez a ideia se tenha popularizado
um pouco mais com uma dissertação, transformada em livro (GALLO, 1992), pois
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
https://pucminas.instructure.com/courses/112900/quizzes/328801/take 10/12
tratava de uma pesquisa sobre escrita na escola. Depois, parece que a carreira
da autoria, em AD, não mais foi estancada.
Parece ser um tema brasileiro. Maingueneau (2010, 25), por exemplo, diz que,
embora a questão seja clássica na teoria literária, “a maior parte dos analistas do
discurso (...) evitam a famosa questão posta por Michel Foucault nos fins dos
anos 1960: ‘O que é um autor?’”. Ele certamente desconhece a pletora de textos
que versam sobre a questão no Brasil.
Uma leitura talvez superficial da vasta produção brasileira sobre o tema revela
que há uma diferença nítida entre as teses de Foucault (e mesmo as de
Maingueneau e de Chartier, por exemplo) e as nativas. De fato, textos sobre
autoria produzidos no Brasil (LAGAZZI, 2006; TFOUNI (org., 2008); OLIVEIRA,
2004, por exemplo), revelam um movimento peculiar. A diferença crucial reside
na exigência foucaultiana (que acompanha a tradição, seja literária, seja
filosófica, seja a das artes plásticas ou do cinema) de que a autoria corresponda
a uma obra, enquanto que a deriva brasileira define a autoria por uma certa
relação de quem escreve (ou fala...) com textos que, por enquanto, qualificarei
como comuns (no trabalho de Gallo, por exemplo, trata-se de produções
escolares).
Em Foucault, autor é um correlato de obra: não há autor sem obra, não há obra
sem autor. Para a maioria dos brasileiros, talvez simplificando, mas não falseando
a tese, são autores os que escrevem um texto adequado.
Esta orientação pode ter resultado da leitura de Orlandi (1987), especialmente da
seguinte passagem:
Assim, do autor se exige: coerência; respeito aos padrões
estabelecidos, tanto quanto à forma do discurso como às
regras gramaticais; explicitação; clareza; conhecimento
das regras textuais; originalidade; relevância e, entre
outras coisas, “unidade”, “não contradição”, “progressão” e
“duração” de seu discurso. É, entre outras coisas, nesse
“jogo” que o aluno entra quando começa a escrever”. (p.
78).
Como se pode ver, trata-se da relação entre sujeito (o autor é uma de suas
facetas, aquela em que ele mais se apaga) e texto.
E, embora o parágrafo não trate de texto escolar, ele é mencionado em seguida,
como se vê acima. Leitores costumam agarrar-se mais ou menos “livremente” a
estes ganchos. Para Foucault, a divisão entre texto com e textos sem autoria,
como se sabe, é bastante nítida:
... poder-se-ia dizer que há, em uma civilização como a
nossa, um certo número de discursos que são providos da
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
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função “autor”, enquanto que outros são dela desprovidos.
Uma carta particular pode ter um signatário, ela não tem
autor; um contrato pode ter um fiador, ele não tem autor.
Um texto anônimo que se lê na rua em uma parede terá
um redator, não terá um autor. A função autor é, portanto,
característica do modo de existência, de circulação e de
funcionamento de certos discursos no interior de uma
sociedade. (p. 274) (grifo meu).
Minha aposta é que não ocorreria a Foucault que redações e outros textos do
mesmo naipe tenham autor, já que ele dissera, logo antes, que o nome de autor
está na “ruptura que instaura um certo grupo de discursos e seu modo singular de
ser” (ibidem) – redações não são singulares, neste sentido. Dissera também que
um discurso associado a um nome de autor não é uma “palavra quotidiana,
indiferente (...), que passa, imediatamente consumível”, mas uma palavra que
“deve ser recebida de uma certa maneira e que deve, em uma certa cultura,
receber um certo status” (ibidem), sem contar que o autor exerce uma função
classificatória, permite reagrupar certos textos, relacionar textos entre si,
estabelecer uma relação de homogeneidade ou de filiação, de explicação
recíproca etc. (p. 273).
O resumo das quatro características da função autor que Foucault (1969) formula
ao final da primeira parte de sua conferência é ainda mais contundente:
Eu os resumirei assim: a função autor está ligada ao
sistema jurídico e institucional que contém, determina,
articula o universo dos discursos; ela não se exerce
uniformemente e da mesma maneirasobre todos os
discursos, em todas as épocas e em todas as formas de
civilização; ela não é definida pela atribuição espontânea
de um discurso a seu produtor, mas por uma série de
operações específicas e complexas; ela não remete pura e
simplesmente a um indivíduo real, ela pode dar lugar
simultaneamente a vários egos, a várias posições-sujeito
que classes diferentes de indivíduos podem vir a ocupar (p.
279-80).
 
Nada disso, evidentemente, se aplica a narrativas quotidianas ou a textos
escolares, nem mesmo à maioria dos textos jornalísticos como os que são
assinados, sejam reportagens ou colunas de opinião (que, no entanto,
selecionadas e agrupadas, podem ser uma das vias da constituição de um autor).
 
05/10/2022 23:41 Teste: Atividade 3: argumentação e posicionamento autoral na escrita acadêmica
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Salvo em 23:41 
Para Foucault, a divisão entre texto com e textos sem autoria, como se sabe, é bastante
nítida.
Como se pode ver, trata-se da relação entre sujeito (o autor é uma de suas facetas,
aquela em que ele mais se apaga) e texto.
Ele certamente desconhece a pletora de textos que versam sobre a questão no Brasil.
A questão da autoria tornou-se para mim um problema real quando assumi a
coordenação de uma banca de correção de vestibulares.
POSSENTI, Sírio. Notas sobre a questão da autoria. Matraga, Rio de Janeiro, v.
20, n. 32, p. 239-250, jan./jun. 2013.
 
Em todos os excertos a seguir, o autor do artigo dialoga com a voz de outro
autor convocado, EXCETO em:
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