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60 Unidade II Unidade II 5 SEGURIDADE SOCIAL A Constituição Federal, em seu capítulo II, consagra os direitos sociais que pertencem a todos nós, cidadãos. Tais direitos fundamentais são: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. No momento em que falta ao indivíduo condições de prover seu sustento ou de sua família, em razão de desemprego, de doença, de invalidez ou de outra causa, ele poderá ser amparado pela seguridade social. 5.1 Definição de seguridade social Conforme dispõe o art. 194 da Constituição Federal, “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinada a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988). Do dispositivo constitucional, podemos depreender que a seguridade social é composta de previdência social, assistência social e saúde. Por garantir o mínimo necessário à sobrevivência do indivíduo, a seguridade social se traduz em instrumento de promoção do bem‑estar. Acumula, ainda, a função de reduzir as desigualdades sociais causadas pela falta de condições financeiras do indivíduo e de sua família, sendo, por esse motivo, encarada também como instrumento de justiça social. Podemos falar em direito da seguridade social, que consiste no conjunto de princípios, regras e instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência social e à previdência social. Será que o direito da seguridade social é autônomo? Para responder à questão, temos duas teorias: • Teoria monista: alega ser o direito social apenas um braço do direito do trabalho, ou seja, apenas mais um de seus tópicos. • Teoria dualista: defende ser o direito da seguridade social autônomo, uma vez que possui conceitos, institutos, princípios e regras que lhe são próprios. Defendemos a última corrente, que é a majoritária. Analisaremos, a seguir, cada um dos elementos que compõem a seguridade social. 61 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA 5.1.1 O direito à saúde A saúde é direito de todos e dever do Estado, na forma do art. 196 da Constituição Federal, e independe de filiação e de contribuição para o seu custeio. A saúde é garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A ação do Estado deve ser preventiva e curativa, ou seja, existem algumas diretrizes que devem ser seguidas pelo Estado. Vejamos: • controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias do interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos imunobiológicos e outros insumos; • executar ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como da saúde do trabalhador; • ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde; • participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico. O serviço público de saúde é acessível a todos, inclusive aos estrangeiros que não residem no país. Não importa se o indivíduo dispõe ou não de recursos financeiros para custear um tratamento de saúde ou se tenha contribuído para tal. A saúde é administrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde e formado por instituições públicas federais, estaduais e municipais. É financiado com recursos dos orçamentos da seguridade social elaborados pela União, Distrito Federal, Estados e municípios, além de outras fontes. Sobre isso, há uma questão controversa: o Estado é obrigado a dar qualquer remédio e possibilitar qualquer cirurgia ao indivíduo? Há vários argumentos a favor dessa ideia. O art. 196 da Constituição Federal afirma que a saúde é dever do Estado e direito de todos. No mais, o direito à vida, incluindo o princípio da dignidade da pessoa, fundamenta a concessão dos medicamentos ou cirurgias, não havendo por que falar em falta de recursos nessas hipóteses. Quanto à legitimação, vale destacar que a jurisprudência é pacífica, no sentido de que todos os entes federativos (União, Estados e municípios) são responsáveis em face do SUS, devendo prestar atendimento quando solicitados. Porém, há também diversos argumentos contrários. O art. 196 da Constituição Federal garante apenas a obtenção dos medicamentos previstos na lista do SUS, e vale destacar que há um precedente (decisão judicial) do STF nesse sentido. Ademais, num país pobre como o Brasil, a concessão de remédios caros fará com que faltem medicamentos a outros pacientes. Por fim, as políticas públicas são função do Poder Executivo, não cabendo ao Judiciário interferir nesses assuntos, sob pena de infração na separação de poderes. 62 Unidade II 5.1.2 Tendência jurisprudencial Com exceção feita pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, há forte tendência jurisprudencial a conceder os medicamentos, principalmente se a família não tiver condições de pagá‑los. As decisões judiciais normalmente concedem os medicamentos solicitados. Veja a decisão a seguir: CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL. SUS. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. PACIENTE COM HEPATITE C. DIREITO À VIDA E À SAÚDE. DEVER DO ESTADO. 1. Delegado de polícia que contraiu Hepatite C ao socorrer um preso que tentara suicídio. Necessidade de medicamento para cuja aquisição o servidor não dispõe de meios sem o sacrifício do seu sustento e de sua família. 2. O Sistema Único de Saúde – SUS visa à integralidade da assistência à saúde, seja individual ou coletiva, devendo atender aos que dela necessitem em qualquer grau de complexidade, de modo que, restando comprovado o acometimento do indivíduo ou de um grupo por determinada moléstia, necessitando de determinado medicamento para debelá‑la, este deve ser fornecido, de modo a atender ao princípio maior, que é a garantia à vida digna. 3. O direito à vida e à disseminação das desigualdades impõe o fornecimento pelo Estado do tratamento compatível à doença adquirida no exercício da função. Efetivação da cláusula pétrea constitucional. 4. Configurada a necessidade do recorrente de ver atendida a sua pretensão, legítima e constitucionalmente garantida, posto assegurado o direito à saúde e, em última instância, à vida, sobreleva ainda destacar que a moléstia foi transmitida no exercício de sua função, e em decorrência do nobilíssimo ato de salvaguardar a vida alheia. Representaria sumum jus summa injuria, retribuir‑se a quem salvou a vida alheia, com o desprezo pela sua sobrevivência. 5. Recurso especial provido (STJ, REsp 430526/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 1‑10‑2002, DJ, 28‑10‑2002). 5.1.3 Assistência social A assistência social é um subsistema da seguridade social de caráter não contributivo, ou seja, será prestada a todo indivíduo que dela necessitar, não importando se tal indivíduo tenha contribuído ou não à seguridade social. Terá por diretrizes a descentralização administrativa, com participação de todos os entes federativos e participação da comunidade na formulação de políticas públicas. 63 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA Os objetivos da assistência social são: • proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; • o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; • a promoção da integração ao mercado de trabalho; • a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; • a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria manutenção ou de tê‑la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Entende‑se por serviços assistenciaisas atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos na Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Na organização dos serviços sociais serão criados programas de amparo, por exemplo, às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e às pessoas que vivem na rua. A assistência social tem um importante benefício de prestação continuada, que mencionaremos de forma sucinta. O art. 20 da Lei n. 8.742/93 bem como o Decreto n. 6.214, de 26 de setembro de 2007, estabelecem que o benefício de prestação continuada é a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção nem tê‑la provida por sua família. As pessoas que demonstrarem tal situação terão direito ao benefício independentemente de terem contribuído ou não para o sistema. Esse benefício não se confunde com os benefícios da previdência social. Saiba mais Para requerer o benefício assistencial é preciso ligar para a Central de Atendimento 135 ou acessar o site: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS). Benefícios. [s.d.]. Disponível em: <http://www.inss.gov.br/beneficios>. Acesso em: 11 jul. 2019. 5.1.4 Previdência social A palavra previdência vem do latim pre videre, que significa ver com antecipação os riscos sociais e procurar compô‑los. Conforme define Martins (2009), previdência social é um conjunto de princípios, normas e instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social mediante contribuição, que tem por 64 Unidade II objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, caso ocorra uma contingência prevista em lei. A previdência social é o seguro social destinado à pessoa que contribui para ela. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. Assim, para que o indivíduo tenha direito à proteção da previdência social, é requisito que tenha contribuído para o custeio do sistema. Conforme dispõe o art. 201 da Constituição Federal, a previdência social atenderá: • cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; • proteção à maternidade, especialmente à gestante; • proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; • salário‑família e auxílio‑reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; • pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependente. Para atender a esses eventos, a Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, instituiu as seguintes prestações: • aposentadoria por invalidez, por idade, por tempo de contribuição e especial; • salário‑maternidade e salário‑família; • auxílio‑doença, auxílio‑acidente e auxílio‑reclusão; • pensão por morte; • serviço social e reabilitação profissional. Tais prestações são gerenciadas pelo Ministério da Previdência Social com apoio do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), autarquia federal responsável pela administração dos benefícios previdenciários. Em síntese, conforme consta no site do Ministério da Previdência Social, a previdência social é um seguro que garante a renda do contribuinte e de sua família, em casos de doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Oferece vários benefícios que, juntos, garantem tranquilidade quanto ao presente e em relação ao futuro, assegurando um rendimento seguro. Para ter essa proteção, é necessário se inscrever e contribuir todos os meses. Assim, pode‑se afirmar que a missão da previdência social é garantir proteção ao trabalhador e à sua família, por meio de sistema público de política previdenciária solidária, inclusiva e sustentável, com o objetivo de promover o bem‑estar social. 65 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA 5.2 Histórico brasileiro O seguro social brasileiro iniciou‑se com a organização privada. Aos poucos, o Estado foi se apropriando do sistema por meio de políticas intervencionistas. Nesse sentido, as primeiras entidades a atuar na seguridade social foram as Santas Casas de Misericórdia, como a de Santos, que em 1553 já prestava serviços no ramo da assistência social. A doutrina majoritária considera o marco da previdência social brasileira a publicação da Lei Eloy Chaves, Decreto n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923. Essa lei criou as caixas de aposentadoria e pensão (CAPs) para os empregados das empresas ferroviárias, mediante contribuição dos empregadores, dos trabalhadores e do Estado, assegurando aposentadoria aos empregados e pensão aos seus dependentes. Durante a década de 1920, o sistema das CAPs foi ampliado para diversas empresas, inclusive de outros ramos. As CAPs eram organizadas por empresas, e cada uma delas possuía sua caixa. Foi na década de 1930 que as CAPs existentes foram reunidas em institutos de aposentadoria e pensão (IAPs) organizados por categoria profissional. Isso deu mais solidez ao sistema previdenciário, já que contavam com um número de segurados superior ao das CAPs, tornando o novo sistema mais consistente. A partir daí, surgiram IAPs de diversas categorias, como IAPM (marítimos), IAPC (comerciários), IAPB (bancários), IAPI (industriários) etc. O Ministério do Trabalho e da Previdência Social foi criado em 1960, e nesse mesmo ano foi aprovada a Lei Orgânica da Previdência Social, que unificou os critérios estabelecidos para concessão de benefícios dos diversos IAPs até então existentes. A incorporação de todos os IAPs ocorreu em 1967, com a criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) pelo Decreto‑Lei n. 72, de 21 de novembro de 1966, consolidando o sistema previdenciário brasileiro. Em 1977 foi instituído o sistema nacional de previdência e assistência social (Sinpas), responsável pela integração das áreas de assistência social, previdência social, assistência médica e gestão das entidades ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. O Sinpas contava com os seguintes órgãos: • Instituto Nacional de Previdência Social (INPS): autarquia responsável pela administração dos benefícios. • Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (Iapas): autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos. • Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps): autarquia responsável pela saúde. • Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA): fundação responsável pela assistência social. 66 Unidade II • Fundação Nacional do Bem‑Estar do Menor (Funabem): fundação responsável pela promoção de política social em relação ao menor. • Central de Medicamentos (Ceme): órgão ministerial responsável pela distribuição de medicamentos. • Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev): empresa pública responsável por gerenciar os sistemas de informática previdenciários. Todas essas entidades foram posteriormente extintas, exceto a Dataprev, que existe até hoje, com a função de gerenciar os sistemas informatizados do Ministério da Previdência Social. Na Constituição de 1988 foram reunidas as três atividades da seguridade social: saúde, previdência social e assistência social. Em 1990, a Lei n. 8.029, de 12 de abril de 1990, criou o INSS, mediante a fusão do INPS com o Iapas. 5.3 Legislação previdenciária básica A legislação previdenciária vigente baseia‑se em diversos documentos: • Constituição Federal de 1988: contém um capítulo especial para a previdência social – arts. 194‑204; a assistência social, a previdência social e a saúde passaram a fazer parte do gênero seguridade social. • Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990: dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. • Lei n. 8.112, 11 de dezembro de 1990: dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos e civisda União, das autarquias e das fundações públicas federais. • Lei n. 8.212/91: dispõe sobre a organização da seguridade social, institui plano de custeio e dá outras providências (regulamentada pelo Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999). • Lei n. 8.213/91: dispõe sobre o plano de benefícios da Previdência Social e dá outras providências (regulamentada pelo Decreto n. 3.048/99). • Lei n. 8.742/93: dispõe sobre a organização da assistência social e dá outras providências. • Lei Complementar n. 108, de 29 de maio de 2001: dispõe sobre a relação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economias mistas e outras entidades públicas e suas respectivas entidades fechadas de previdência complementar e dá outras providências. 67 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA • Lei Complementar n. 109, de 29 de maio de 2001: dispõe sobre o regime de previdência social e dá outras providências. 5.4 Princípios constitucionais pertinentes à seguridade social Princípio é uma proposição que se coloca na base da ciência, informando‑a e orientando‑a. O direito da seguridade social, como já afirmamos, tem seus próprios princípios, que serão explicitados adiante. A maior parte dos princípios específicos da seguridade social é encontrada no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal, que assim dispõe: Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento; VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988). Vejamos cada um deles. 5.4.1 Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento Segundo Martins (2009), o princípio da universalidade significa que todos os residentes no país farão jus às prestações do sistema, sejam elas nacionais ou estrangeiras. Universalidade da cobertura quer dizer que o sistema cobrirá as contingências previstas em lei, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada e a morte. Já a universalidade de atendimento refere‑se às prestações das quais as pessoas necessitam, de acordo com a previsão da lei, como ocorre com relação aos serviços. Esse princípio assegura que todos devem estar cobertos pela proteção social. A saúde pública e a assistência social estão disponíveis a todos que necessitem de seus serviços, independentemente de qualquer contribuição, e a Previdência é regime contributivo de filiação obrigatória para os que exercem atividade remunerada lícita. 68 Unidade II No caso da Previdência Social, para atender a esse princípio, a legislação previdenciária facultou a filiação mesmo àqueles que não exercem atividade remunerada abrangida pelo sistema. Assim, criou‑se a categoria de segurado facultativo, que pode se filiar ao sistema se assim desejar, tendo universalidade de cobertura e atendimento. 5.4.2 Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços para as populações urbana e rural Desde a Constituição Federal de 1988, não mais se distingue o trabalhador urbano do trabalhador rural no que se refere aos seus direitos fundamentais. Ambos têm, portanto, idêntica proteção da seguridade social. Com a Lei n. 8.213/91 foram instituídos todos os benefícios aos trabalhadores urbanos e rurais, não mais havendo qualquer distinção. 5.4.3 Princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços A seletividade na prestação dos benefícios e serviços implica que tal prestação seja fornecida apenas a quem realmente necessitar dela, desde que se enquadre nas situações que a lei definir. Somente poderão usufruir do auxílio‑doença, por exemplo, os segurados que se encontrarem em situação de incapacidade temporária para o trabalho. Ainda podemos interpretar a seletividade como a escolha das prestações e serviços oferecidos aos indivíduos de acordo com a possibilidade econômica do sistema de seguridade social. Por exemplo, existe um rol de medicamentos oferecidos gratuitamente na rede pública. Porém, inúmeras são as doenças da população em geral, e, infelizmente, muitas vezes não é possível atender a todos em virtude da falta de recursos econômicos do nosso sistema público de saúde. O princípio da distributividade é melhor aplicável à previdência e à assistência social. O Poder Público vale‑se da seguridade social para distribuir renda entre a população. Isso porque as contribuições são cobradas de acordo com a capacidade econômica dos contribuintes. Assim, uma vez nos cofres previdenciários, os recursos captados são distribuídos para aqueles que precisem de proteção. 5.4.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios Conforme o art. 201, parágrafo 4º, da Constituição Federal, “é assegurado o reajustamento dos benefícios, para preservar‑lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei” (BRASIL, 1988). O princípio constitucional da irredutibilidade do valor dos benefícios da previdência e assistência social busca garantir seu reajustamento, preservando, em caráter permanente, seu valor real. Isso significa que o poder de compra do benefício originalmente recebido não pode sofrer redução. Os valores dos benefícios de prestação continuada da previdência social (aposentadorias, pensão por morte, auxílio‑reclusão etc.) têm sido reajustados uma vez por ano, mais especificamente no dia primeiro de junho. 69 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA Atualmente, o índice definido pelo RGPS é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pela Fundação Getúlio Vargas, levando‑se em conta o rendimento das famílias que possuem renda entre um e oito salários mínimos, sendo o chefe assalariado. Vejamos a decisão: PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. REVISIONAL DE BENEFÍCIO. VINCULAÇÃO À VARIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO. IMPOSSIBILIDADE. LEIS 8.212/91 E 8.213/91. INPC E SUBSTITUTOS LEGAIS. PERDA DO VALOR REAL NÃO VERIFICADA. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. FUNDAMENTOS SUFICIENTES A EMBASAR A DECISÃO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. [...] 2. A partir da entrada em vigor das Leis 8.212/91 e 8.213/91, o reajuste dos previdenciários passou a ser feito mediante a aplicação do INPC e seus substitutos legais, nos termos do art. 41, II, da Lei n. 8.213/91. Aplicação da regra estabelecida no art. 58 do ADCT. 3. O Superior Tribunal de Justiça, em consonância com precedente do Supremo Tribunal Federal, pacificou entendimento no sentido de que o índice adotado pelo art. 41, II, da Lei n. 8.213/91 não ofende as garantias da irredutibilidade do valor dos benefícios e da preservação do seu valor real. 4. Recurso especial conhecido e improvido (STJ, REsp. n. 327.487/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 20‑11‑2006). 5.4.5 Princípio da equidade na forma de participação no custeio Para definir a participação no custeio da seguridade social, será levada em consideração a capacidade de cada contribuinte. Esse princípio correlaciona‑se com o princípio da igualdade, que dispõe que, entre pessoas físicas e jurídicas obrigadas a contribuir, aquelas que se encontrarem em situação idêntica devem contribuir da mesma forma. Assim, empregado e empregador não contribuem na mesma proporção, uma vez que não se encontram em possibilidades econômicas semelhantes. Equidade, por sua vez, pode ser traduzida em linhas gerais como a justiça aplicada ao caso concreto. Assim, deve ser cobrada uma maior contribuição de quem tem maior capacidade de pagamento, para que seja possível beneficiar os que nãopossuem as mesmas condições. A legislação ordinária já prevê certa equidade, pois enquadra o trabalhador em alíquotas diferenciadas de acordo com o salário percebido. 70 Unidade II 5.4.6 Princípio da diversidade da base de financiamento A Constituição prevê diversas formas de custeio para a seguridade social, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos e dos concursos de prognósticos, conforme ficou regulamentado pelo art.195 da Constituição Federal. Vejamos: A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados pelo trabalho, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro. II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III – sobre a receita de concursos de prognósticos; IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. […] § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei (BRASIL, 1988). Vê‑se, portanto, que a seguridade social é financiada, direta ou indiretamente, pelo Estado, pelo empresário/empregador e pelo trabalhador. Esse exemplo de financiamento direto está na contribuição da empresa sobre a folha de salários de seus empregados e de financiamento indireto na destinação à seguridade social, receita de concursos e prognósticos. 71 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA A finalidade desse princípio é alertar o legislador na busca de diversas bases de financiamento ao instituir contribuições para a seguridade social, e com ele busca‑se diminuir o risco financeiro do sistema protetivo. Quanto maior o número de fontes de recursos, menor o risco de a seguridade social sofrer, inesperadamente, grande perda financeira. 5.4.7 Princípio do caráter democrático e descentralizado na gestão administrativa Prevê o art. 194, inciso VII, da Constituição Federal, o “caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados” (BRASIL, 1988). Com base no artigo citado e a fim de atender a esse princípio, foram criados diversos conselhos, como o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), o Conselho de Previdência Social (CPS) e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC). Assim, a gestão administrativa da seguridade social deve ter a participação de representantes dos três pilares que financiam o sistema: Estado, empregador e trabalhador. Deve contar, ainda, com representante dos aposentados. Trata‑se, portanto, de gestão administrativa quadripartite. 5.4.8 Princípio da tríplice forma de custeio A Constituição ordena que a seguridade social seja financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes do governo, das empresas e dos trabalhadores. Os empregadores deverão contribuir para a seguridade social sob a forma de contribuição social incidente sobre: • a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados a qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Essa contribuição, denominada contribuição previdenciária patronal, destina‑se ao custeio dos benefícios previdenciários e é arrecadada e fiscalizada pela Secretaria da Receita; • a receita ou o faturamento por meio do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins); • o lucro, que é a chamada Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Possui a mesma base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ). Os trabalhadores e demais segurados da previdência social também contribuirão para o financiamento da seguridade social. Entretanto, tal contribuição não incidirá sobre aposentadoria ou pensão concedidas pelo Regime Geral da Previdência Social. Outra fonte de financiamento da seguridade social advém da receita de concursos de prognósticos, que é todo concurso de sorteio de números ou quaisquer outros símbolos, loterias e apostas de qualquer natureza, promovidos por órgãos do Poder Público ou por sociedades comerciais e civis. Atualmente, 72 Unidade II 30% da renda líquida dos concursos de prognósticos constitui receita do Fundo de Financiamento ao Estudante de Nível Superior (Fies). 5.4.9 Princípio da preexistência de custeio em relação ao benefício ou serviço Conforme dispõe o art. 195, parágrafo 5º, da Constituição Federal, “nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total” (BRASIL, 1988). Isso significa que, para ser possível a criação ou ampliação de qualquer benefício ou serviço, deve haver, anteriormente, uma previsão da fonte dos recursos que financiará a nova prestação. Um novo benefício deve ser custeado por uma nova fonte, não bastando apenas indicar recursos já existentes, sob o risco de ser considerado inconstitucional. Simplificando, a toda nova despesa deve corresponder uma nova receita de, no mínimo, igual valor. 6 REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) O sistema previdenciário se divide em regime público e regime privado. São regimes públicos: o Regime Geral da Previdência Social (RGPS), o regime previdenciário próprio dos servidores públicos e o regime previdenciário próprio dos militares. A previdência complementar, prevista no art. 202 da Constituição Federal, caracteriza‑se como regime privado. Nosso escopo de estudo será restrito ao Regime Geral da Previdência Social. 6.1 Segurados Segurado é a pessoa física que exerce ou exerceu atividade remunerada, assim como aquele que não exerce atividade remunerada (desempregado) ou que não tem remuneração por sua atividade (dona de casa). Os segurados do Regime Geral de Previdência Social dividem‑se em dois grupos: segurados obrigatórios e segurados facultativos. São sempre pessoas físicas que contribuem para o regime previdenciário e, por isso, terão direito a prestações de natureza previdenciária. Segurados obrigatórios são os maiores de 16 anos, salvo na condição de menor aprendiz, que exercem qualquer tipo de atividade remunerada lícita que os vincule obrigatoriamente ao sistema previdenciário. A legislação previdenciária subdivide os segurados obrigatórios em cinco categorias: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial. Os segurados facultativos são aqueles que não exercem atividade remunerada que os vincule obrigatoriamente ao sistema previdenciário. Analisaremos, a seguir, cada um dos segurados obrigatórios do RGPS. 73 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA 6.1.1 Empregado O conceito de segurado empregado para a legislação previdenciária é muito mais abrangente do que aquele utilizado na disciplina de direito trabalhista. De acordo com a Lei n. 8.647, de 13 de abril de 1993, são segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: • Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado.Nota‑se que a lei abrange todos os empregados, que são aqueles caracterizados por pessoalidade, continuidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade. Ampliando o rol de empregados, ela abrange também o diretor empregado. • Aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender à necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas. • O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, ou seja, que presta serviço como empregado no exterior a empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e administração no Brasil. Exemplo: instituições financeiras brasileiras com filial no exterior. • Aquele que presta serviço no Brasil a uma missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular. • O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio. • O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, autarquias, inclusive em regime especial, e fundações públicas federais (incluído pela Lei n. 8.647/93). Observação Diretor empregado é a pessoa que, exercendo a função de diretor, continua subordinada ao empregador, participando ou não do risco do negócio. Trabalhador temporário é a pessoa física que presta serviço a uma empresa para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou por acréscimo extraordinário de serviços, conforme a Lei n. 6.019/74. Cargos em comissão são cargos de confiança, sem vínculo efetivo com a União. 74 Unidade II Saiba mais Conheça a Lei n. 8.647/93 na íntegra, no site: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 8.647, de 13 de abril de 1993. Dispõe sobre a vinculação do servidor público civil, ocupante de cargo em comissão sem vínculo efetivo com a administração pública federal, ao regime geral de previdência social e dá outras providências. Brasília: 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L8647.htm>. Acesso em: 4 jul. 2019. • O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social (incluído pela Lei n. 9.876, de 26 de novembro de 1999). Saiba mais Conheça a Lei n. 9.876/99 na íntegra em: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 9.876, de 26 de novembro de 1999. Dispõe sobre a contribuição previdenciária do contribuinte individual, o cálculo do benefício, altera dispositivos das Leis n. 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, e dá outras providências. Brasília: 1999b. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L9876.htm>. Acesso em: 4 jul. 2019. • O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social (incluído pela Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004). O mandato efetivo engloba os vereadores, deputados, senadores, Presidente da República e governadores. Saiba mais A Lei n. 10.887/2004 está na íntegra em: BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004. Dispõe sobre a aplicação de disposições da Emenda Constitucional n. 41, de 19 de dezembro de 2003, altera dispositivos das Leis n. 9.717, de 27 de novembro de 1998; 8.213, de 24 de julho de 1991; 9.532, de 10 de dezembro de 1997 e dá outras providências. Brasília: 2004. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004‑2006/2004/Lei/L10.887.htm>. Acesso em: 4 jul. 2019. 75 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA 6.1.2 Empregado doméstico O art. 11, inciso II, da Lei n. 8.213/91 define o empregado doméstico como “aquele que presta serviço de natureza contínua à pessoa ou à família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos”. Além dos tradicionais empregados domésticos, como o caseiro e a cozinheira, existem outros que são assim considerados, apesar de não trabalharem dentro da casa do patrão: o motorista particular, o marinheiro do barco da família e até mesmo o piloto de um jatinho ou helicóptero particular. É importante ressaltar que o doméstico deve trabalhar na residência do contratante em atividades sem fins lucrativos. Se a cozinheira ajuda a patroa em seu negócio de salgadinhos para festas infantis, por exemplo, será considerada empregada, e não empregada doméstica. O requisito da continuidade também é indispensável à caracterização do trabalho doméstico. Em relação aos empregados, apenas se exige a não eventualidade, não sendo necessário que o trabalho se realize de forma ininterrupta. Assim, a faxineira semanal que trabalhe até duas vezes por semana, segundo jurisprudência majoritária, não é considerada empregada doméstica, mas prestadora de serviços. 6.1.3 Contribuinte individual Considera‑se como contribuinte individual: • a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; • a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral – garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; • o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; • o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; • o titular de firma individual urbana ou rural; • o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima; • todos os sócios nas sociedades em nome coletivo e de capital e indústria; • o sócio‑gerente e o sócio‑cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho na sociedade por cotas de responsabilidade limitada, urbana e rural; 76 Unidade II • o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; • quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; • a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não. 6.1.4 Trabalhador avulso É aquele que, sindicalizado ou não, presta serviços de natureza urbana ou rural, sem vínculo empregatício, a diversas empresas, com a intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou, quando se tratar de atividade portuária, do órgão gestor de mão de obra. 6.1.5 Segurado especial É o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado, desde que exerçam suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. O conceito de regime de economia familiar é do art. 11, parágrafo 1o, repetido pelo art. 12, parágrafo 2o,da Lei n. 8.212/91, e pelo art. 9, parágrafo 5o, do Decreto n. 3.048/99: “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados”. Todos os membros enumerados no inciso VII são segurados especiais pelo fato de ser paga a contribuição para o custeio da seguridade social incidente sobre o produto da comercialização da produção, fazendo jus, portanto, aos benefícios previdenciários previstos no art. 39 da Lei n. 8.213/91, com renda mensal no valor de um salário mínimo: aposentadoria por idade, por invalidez, auxílio‑doença, auxílio‑reclusão e pensão por morte. A segurada especial também tem garantida a concessão de salário‑maternidade, com renda mensal de um salário mínimo, conforme parágrafo único do art. 39. 6.1.6 Segurado facultativo É segurado facultativo o maior de 16 anos que se filiar ao RGPS, mediante contribuição, desde que não se enquadre em nenhuma das categorias do art. 11 da Lei n. 8.213/91. É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência social, salvo na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nessa condição, contribuição ao respectivo regime próprio. 77 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA A filiação como segurado facultativo gera efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição. São exemplos de segurados que podem se filiar facultativamente: a dona de casa, o síndico de condomínio, quando não remunerado, o estudante, o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior, a pessoa que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social e o bolsista. 6.2 Os dependentes A relação jurídica entre dependentes e INSS só se instaura quando deixa de existir relação jurídica entre ele e o segurado, o que ocorre com sua morte ou recolhimento à prisão. Não existe hipótese legal de cobertura previdenciária ao dependente e ao segurado, simultaneamente. A relação dos dependentes é definida pela legislação previdenciária, que a subdivide em três classes, não cabendo ao segurado a livre indicação de seus dependentes. Os dependentes dos segurados não efetuam inscrição prévia no INSS. Devem se dirigir às agências da previdência social com essa finalidade, apenas no momento do requerimento do benefício a que tiver direito. Os dependentes listados na primeira classe terão prioridade na inscrição, seguidos pelos da segunda e, por último, pelos da terceira classe. Os dependentes da primeira classe são: • o cônjuge; • a companheira ou o companheiro que, embora não casados oficialmente, vivam juntos com a intenção de constituir família (união estável), tendo os mesmos direitos dos cônjuges, e incluindo aqui os parceiros homossexuais; • a ex‑mulher e o ex‑marido que recebam pensão alimentícia (somente serão considerados dependentes se a pensão tiver sido judicialmente definida); • o filho menor de 21 anos, desde que não emancipado, salvo se a emancipação decorreu de colação de grau em curso superior; • o filho inválido de qualquer idade, devendo a incapacidade ser comprovada por perícia médica do INSS; • o menor tutelado ou o enteado (equiparados ao filho). Não é preciso demonstrar dependência econômica, pois ela se presume. Entende‑se como dependentes de segunda classe os pais, desde que comprovem dependência econômica. 78 Unidade II Os dependentes de terceira classe configuram‑se em: • irmão menor de 21 anos, não emancipado, desde que comprove dependência econômica; • irmão inválido, de qualquer idade, devendo a incapacidade ser atestada por perícia médica do INSS, desde que comprove dependência econômica. Concorrerão os dependentes de uma mesma classe em igualdade de condições para efeitos de dependência. O que significa dizer que, havendo cônjuge e filho menor de 21 anos de segurado falecido, ambos terão direito à pensão por morte, ou seja, esse benefício será rateado entre ambos, não havendo preferência. A existência de dependente de qualquer classe mencionada exclui do direito às prestações aqueles das classes seguintes. Por exemplo, na existência tanto do companheiro como dos pais do segurado falecido, somente usufruirá do benefício o companheiro, e os pais nada receberão. Lembrete Os dependentes somente terão direito a receber os benefícios previdenciários quando os segurados desaparecerem da relação jurídica, ainda que temporariamente. 6.3 Filiação e inscrição A identificação do segurado na previdência social é feita por meio da inscrição de seu cadastro no INSS. Já a filiação ao regime previdenciário é o marco da relação jurídica entre os segurados e a previdência social. Para os segurados obrigatórios, a filiação dá‑se com o exercício de atividade remunerada, independentemente de inscrição. Isso permite que qualquer segurado obrigatório efetue recolhimentos em atraso de períodos anteriores à inscrição, desde que comprove ter exercido atividade remunerada A filiação dos segurados facultativos somente se concretiza após a inscrição e o recolhimento da primeira contribuição, não podendo as contribuições retroagirem aos períodos anteriores à sua inscrição. 6.4 Carência Carência é o número de contribuições mensais necessárias para a efetivação do direito a um benefício. É o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício. O conceito de carência não se confunde com o de tempo de contribuição, pois a carência é contada mês a mês, enquanto o tempo de contribuição admite recolhimentos em atraso. 79 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA A contribuição sobre o 13º salário não é considerada para efeito de carência. Se a carência é o número de contribuições mensais para fazer jus aos benefícios, não há sentido em considerar o recolhimento da contribuição sobre a gratificação natalina para efeito de carência, pois o ano possui somente 12 meses. Assim, os benefícios sujeitos à carência são: • Auxílio‑doença e aposentadoria por invalidez: 12 contribuições mensais, sendo dispensada nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa, doença profissional ou do trabalho e doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelo Ministério da Saúde e da previdência social, a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade e mereçam tratamento particularizado. Tais doenças devem ter sido contraídas pelo segurado após filiar‑se ao RGPS. • Aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e especial: 180 contribuições mensais. • Salário‑maternidade para as seguradas, classificadas como contribuinte individual, especial ou facultativa: dez contribuições mensais. Em caso de parto antecipado, o período de carência será reduzido ao número de contribuições equivalente ao número de meses em que o parto for antecipado. Somente as seguradas contribuintes individuais, especiais ou facultativas necessitam cumprir carência para ter direito ao salário‑maternidade. Para as empregadas, empregadas domésticas e avulsas, não é exigida nenhuma carência. Observação Os demais benefícios previdenciários independem de carência. 6.5 Salário de contribuição A contribuição dos trabalhadores e dos tomadores de serviço para o RGPS incide sobre uma base denominada salário de contribuição. Essa mesma base é utilizada, também, no cálculo do valor da maioria dos benefícios. Para compreender o conceito de salário de contribuição, é necessário compreender o que é remuneração, que pode ser definida como todo ganho decorrente do trabalho, englobando salário, gorjetas e complementos salariais. O salário é a parte fixa paga diretamente pelo patrão ao trabalhador como forma de retribuição por seu serviço.A gorjeta é parte variável paga por terceiros a quem se destinou o serviço. Já os complementos salariais são as vantagens obtidas pelos trabalhadores em decorrência de suas reivindicações atendidas por lei ou por norma coletiva, como férias, 13º salário e adicionais. As parcelas indenizatórias são excluídas da remuneração por não serem pagas como fruto do trabalho. Trata‑se de espécies de compensação por ações que tenham gerado algum prejuízo para o 80 Unidade II trabalhador. Os reembolsos de pagamentos que o funcionário antecipou para executar alguma atividade de interesse do patrão também não fazem parte da remuneração. O conceito de salário de contribuição é muito mais abrangente que o de remuneração, possuindo particularidades próprias à legislação previdenciária. Conforme dispõe o art. 28 da Lei n. 8.213/91, o salário de contribuição constitui a base de cálculo das contribuições previdenciárias, variando de acordo com as categorias de trabalhadores: • Para o empregado e o trabalhador avulso: é a remuneração recebida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho. Este pode ser de qualquer forma, inclusive gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidade e os adiantamentos decorrentes de reajustes salariais, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviço, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. Se tiver mais de um emprego, o empregado receberá mais de uma remuneração mensal, mas contará apenas com um salário de contribuição, que corresponderá à soma das remunerações percebidas em todas as empresas, contribuindo para a previdência social sobre essa base unificada. • Para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). • Para o contribuinte individual: a remuneração recebida, durante o mês, pelo exercício de atividade por conta própria, prestada a pessoas físicas ou a empresas. • Para o segurado facultativo: o valor por ele declarado. Diferentemente da remuneração, o salário de contribuição tem limites máximo e mínimo para a incidência das contribuições mensais dos trabalhadores. Somente os segurados e o empregador doméstico usam tais limites para calcular seus recolhimentos mensais para a Previdência. As empresas e entidades a ela equiparadas não sofrem nenhuma limitação para o cálculo da base de contribuição, utilizando, então, o salário de contribuição integral. O limite mínimo corresponde ao piso salarial, legal ou normativo da categoria. Inexistindo este, corresponde ao salário mínimo, tomado em seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês. O teto do salário de contribuição é atualizado, em regra, anualmente, embora o Ministério da Previdência Social possa revisá‑lo quando julgar conveniente. A última atualização passou a vigorar em 1o de janeiro de 2019 com a Portaria n. 9, de 16 de janeiro de 2019, que fixou o valor máximo em R$ 5.839,45 (teto). Caso os segurados recebam valores superiores, deverão contribuir com uma alíquota incidente sobre o referido teto, nada incidindo sobre o excedente. O mesmo ocorre para o empregador doméstico. 81 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA Tabela 1 – Contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2019 Salário de contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento ao INSS Até R$ 1.751,81 8% De R$ 1.751,82 até R$ 2.919,72 9% De R$ 2.919,73 até R$ 5.839,45 11% Fonte: INSS (2019). Tabela 2 – Contribuição dos segurados contribuintes individual e facultativo Salário de Contribuição (R$) Alíquota Valor R$ 998,00 5% (não dá direito à aposentadoria por tempo de contribuição e certidão de tempo de contribuição) R$ 49,90 R$ 998,00 11% (não dá direito à aposentadoria por tempo de contribuição e certidão de tempo de contribuição) R$ 109,78 R$ 998,00 até R$ 5.839,45 20% Entre R$ 199,60 (salário mínimo) e R$ 1.167,89 (teto) Fonte: INSS (2019). 6.5.1 Segurados contribuinte individual e facultativo A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo é de 20% sobre o salário de contribuição, respeitados os limites mínimo (valor do salário mínimo ou da categoria) e máximo (R$ 5.839,45). Aos optantes pelo Plano Simplificado de Previdência Social, a alíquota é de 11%, observados os critérios a seguir. Observando que a contribuição paga pelo contribuinte individual ou segurado facultativo não pode ser inferior ao salário mínimo. Veja um exemplo: Oswaldo prestou serviço para uma empresa durante dois dias e auferiu R$ 160,00, valor inferior ao salário mínimo. Essa foi sua única remuneração no mês. Se recolheu por conta própria R$ 160,00 x 20% = 32,00. Deverá complementar o pagamento via GPS: 20% x (R$ 622,00 – R$ 160,00) = R$ 462,00 x 20% = R$ 92,40. Total da contribuição: R$ 124,40. 82 Unidade II Quanto às contribuições dos tomadores de serviços, quais sejam os empregadores domésticos e as empresas e suas equiparadas, há que se considerar o seguinte: • Contribuição dos empregadores domésticos: a alíquota de contribuição é de 12% sobre o salário de contribuição de seu empregado doméstico (valor declarado na CTPS). Portanto, o limite máximo da base de cálculo para a contribuição será de R$ 5.839,45, o que deverá ser respeitado. O empregador doméstico é obrigado a arrecadar a contribuição do segurado empregado doméstico e recolhê‑la, assim como a parcela a seu cargo, até o dia 15 do mês subsequente à prestação do serviço. • Contribuição da empresa e equiparadas: — Contribuição básica: as empresas e equiparadas devem contribuir com 20% sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados e avulsos que lhes prestem serviço durante o mês. A empresa recolhe 20% sobre toda remuneração paga ao segurado, mesmo que esteja acima do teto. Por exemplo, se pagou remuneração de R$ 5.000,00, a empresa deverá descontar 11% do empregado sobre o teto (R$ 5.839,45) e recolher sua cota de 20% x R$ 5.000,00. — Contribuição para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT): incide sobre a remuneração paga ou creditada pelas empresas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e avulsos que lhes prestem serviços, com as seguintes alíquotas: ‑ 1% para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; ‑ 2% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; ‑ 3% para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. — Contribuição para outras entidades e fundos (terceiros): a Constituição Federal, em seu art. 240, dispõe que é possível instituir a cobrança de contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários destinada às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (terceiros). Tal contribuição é incidente sobre as remunerações pagas ou creditadas aos empregados e segurados avulsos que prestem serviços à empresa. São exemplos dessas entidades o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE: salário‑educação), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Social do Comércio (Sesc). 6.6 Salário de benefício A base de cálculo dos benefícios do RGPS é o salário de benefício. A partir dessa base é que será calculado o efetivo valor da renda mensal do benefício previdenciário, por meio de aplicação de percentuais, dependendo do benefício. Para determinar o efetivo valor do recolhimento, é preciso aplicar percentuais sobre o salário de contribuição (alíquotas), de acordo com a categoria do segurado. O mesmo ocorre com o salário de benefício, 83 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA pois para determinar o exato valor do benefícioé ainda necessário valer‑se da aplicação de percentuais, dependendo do benefício a ser calculado. Dessa forma, o salário de benefício: • Para a aposentadoria por idade e tempo de contribuição: consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicado pelo fator previdenciário; o fator é obrigatório para a aposentadoria por tempo de contribuição e facultativo na aposentadoria por idade. • Para a aposentadoria especial, por invalidez, auxílio‑doença e auxílio‑acidente: consiste na média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição de todo o período aquisitivo. O salário de contribuição de alguns benefícios será calculado a partir da média dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo do segurado. Entretanto, a Lei n. 9.876/99 definiu que somente entrarão na base de cálculo as contribuições efetuadas a partir da competência de julho de 1994. As competências anteriores são, portanto, desprezadas para o cálculo dos benefícios. Vale lembrar que todos os salários de contribuição considerados para cálculo do benefício serão devidamente atualizados, conforme o art. 201, parágrafo 3º, da Constituição Federal. Lembrete O valor do salário de benefício não será inferior a um salário mínimo, nem superior ao limite máximo de salário de contribuição na data de início do benefício. Para proceder ao cálculo do valor de alguns dos benefícios previdenciários, o salário de benefício não é utilizado. Esses benefícios são: • Salário‑família: o valor desse benefício equivale a uma cota fixa por filho menor de 14 anos ou inválido de qualquer idade. • Salário‑maternidade: é calculado de forma diferenciada, sem considerar todo o período contributivo. A segurada empregada, por exemplo, recebe o valor da última remuneração recebida. • Pensão por morte e auxílio‑reclusão: a legislação previdenciária não vinculou a forma de cálculo desses benefícios diretamente ao salário de benefício. Entretanto, indiretamente, seus valores estão relacionados com esse conceito. 84 Unidade II 7 BENEFÍCIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL A Lei n. 8.213/91 dispõe sobre o Plano de Benefícios da Previdência Social (PBPS). Ela foi regulamentada pelo Decreto n. 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social [RPS]). No PBPS estão todas as normas que regem a relação jurídica entre segurados, dependentes e previdência social, sob o prisma dos benefícios e serviços que lhes são garantidos. Os benefícios previdenciários são prestações pagas, em dinheiro, aos trabalhadores ou aos seus dependentes. Alguns deles substituem a remuneração do trabalhador que ficou, por algum motivo, impedido de exercer sua atividade. Outros são oferecidos como complementação de rendimento do trabalho ou mesmo de modo independente do exercício da atividade. 7.1 Aposentadoria por invalidez Uma vez cumprida a carência exigida, quando for o caso, a aposentadoria por invalidez será devida ao segurado que – estando ou não em gozo de auxílio‑doença – for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. A aposentadoria será paga ao segurado enquanto ele permanecer nessa condição. O segurado recebe a concessão de aposentadoria por invalidez após a verificação da sua condição de incapacidade, mediante exame médico‑pericial a cargo da previdência social, podendo ainda, às suas expensas, fazer‑se acompanhar de médico de sua confiança. A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar‑se ao RGPS não lhe conferirá o direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão, conforme dispõe o art. 43, parágrafo 2º, do RPS, no Decreto n. 3.048/99. Figura 1 – Aposentadoria por invalidez: quando o cidadão está incapaz de trabalhar e não pode ser reabilitado em outra profissão A aposentadoria por invalidez será devida ao segurado empregado ou empresário a contar do: • dia imediato ao da concessão do auxílio‑doença, quando o segurado estiver em gozo desse benefício; • décimo‑sexto dia de afastamento da atividade ou a partir da data da entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada do requerimento decorrer mais de trinta dias. 85 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA Ao segurado empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso, segurado especial ou facultativo, a aposentadoria por invalidez será devida a contar da data do início da incapacidade ou da data da entrada do requerimento, se entre essas datas ocorrerem mais de trinta dias. Durante os primeiros quinze dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o salário integral ou, ao empresário, a remuneração. A concessão de aposentadoria por invalidez – inclusive mediante transformação de auxílio‑doença concedido na forma do art. 73 e seus parágrafos do RPS – está condicionada ao afastamento de todas as atividades. Observação Segundo dados do site da previdência social, quem recebe aposentadoria por invalidez tem de passar por perícia médica de dois em dois anos, caso contrário, o benefício é suspenso. A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recuperar a capacidade e voltar ao trabalho. 7.1.1 Carência Há a carência do tempo de contribuição de doze meses, no caso de doença. No caso de acidente, de segurado especial ou de doenças listadas no art. 151 da Lei n. 8.213/91, a carência não será exigida. 7.1.2 Renda mensal A renda mensal da aposentadoria é de 100% do salário de benefício, obtido pela sua média salarial, calculada com os 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994. O valor da aposentadoria por invalidez do segurado será acrescido de 25% se o assegurado necessitar de assistência permanente de outra pessoa. Esses 25% serão extintos com a morte do aposentado. 7.2 Aposentadoria por idade Conforme consta no site do Ministério da Previdência Social, têm direito à aposentadoria por idade os trabalhadores urbanos do sexo masculino a partir dos 65 anos e do sexo feminino a partir dos 60 anos de idade. Os trabalhadores rurais podem solicitar aposentadoria por idade cinco anos mais cedo: a partir dos 60 anos para os homens, e a partir dos 55 anos para as mulheres. Para a solicitação do benefício, os trabalhadores urbanos inscritos na previdência social a partir de 25 de julho de 1991 precisam comprovar 180 contribuições mensais. Já os trabalhadores rurais têm de provar, com documentos, 180 meses de trabalho no campo. 86 Unidade II Os segurados urbanos filiados até 24 de julho de 1991 devem comprovar o número de contribuições exigidas de acordo com o ano em que implementaram as condições para requerer o benefício. Figura 2 – Aposentadoria por idade urbana: devida ao cidadão que comprovar o mínimo de 180 contribuições, além da idade mínima de 65 anos, se homem, ou 60 anos, se mulher Para os trabalhadores rurais, filiados até 24 de julho de 1991, será exigida a comprovação de trabalho no campo no mesmo número de meses constantes no quadro. Além disso, o segurado deverá exercer a atividade rural na data de entrada do requerimento ou na data em que implementou todas as condições exigidas para o benefício, ou seja, idade mínima e carência. O trabalhador rural (empregado e contribuinte individual), enquadrado como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, até 31 de dezembro de 2010, desde que comprove o efetivo exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, em número de meses igual à carência exigida. Para o segurado especial não há limite de data. Segundo a Lei n. 10.666, de 8 de maio de 2003, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de aposentadoria por idade, desde que o trabalhador tenha cumprido o tempo mínimode contribuição exigido, no ano em que completou a idade. Nesse caso, o valor do benefício será de um salário mínimo, se não houver contribuições após julho de 1994. É importante ressaltar que a aposentadoria por idade é irreversível e irrenunciável: depois que receber o primeiro pagamento ou sacar o PIS e/ou FGTS (o que ocorrer primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício. O trabalhador não precisa sair do emprego para requerer a aposentadoria. A renda mensal do aposentado por idade é de 70% do salário de benefício, mais 1% deste por grupo de 12 contribuições mensais, até o máximo de 100%. 7.3 Aposentadoria por tempo de contribuição A aposentadoria por tempo de contribuição é assegurada no regime geral de previdência social. Para a obtenção do benefício há atualmente duas regras: pelo fator previdenciário ou pela fórmula 86/96. O fator previdenciário foi criado em 1999 e consiste no resultado de uma fórmula, usada para evitar que a pessoa se aposente muito cedo. Se parar de trabalhar mais jovem, ganha menos aposentadoria. 87 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA A fórmula usada para chegar ao fator leva em conta o tempo de contribuição até o momento da aposentadoria, a idade do trabalhador na hora da aposentadoria e a expectativa de anos que ele ainda tem de vida, além da alíquota, que é fixa e atualmente é de 0,31. Por exemplo, o fator previdenciário de um homem de 55 anos, com 35 anos de contribuição, é de 0,687. Se a média salarial desse homem é R$ 3.000, o valor da aposentadoria vai ser R$ 2.061 (0,687 x 3.000 = 2061). Se esse mesmo homem se aposentar aos 65 anos, com 45 de contribuição, o fator previdenciário vai ser 1,349. Assim, a aposentadoria dele seria de R$ 4.047, maior do que sua média salarial, de R$ 3.000. Pela aplicação do fator previdenciário, portanto, não há idade mínima, porém, a mulher deve comprovar 30 anos de contribuição, enquanto que o homem, 35 anos de contribuição. Figura 3 – Aposentadoria por tempo de contribuição: devida ao cidadão que comprovar o tempo total de 35 anos de contribuição, se homem, ou 30 anos de contribuição, se mulher Já pela regra 86/96, o cálculo do benefício levará em conta os pontos provenientes da soma da idade com a quantidade de contribuições. Se homem, deve ter ao menos 35 anos de contribuição, e mulher, pelo menos 30 anos de contribuição. Atualmente a regra 86/96 é progressiva e será aumentada um ponto a cada dois anos até o ano de 2026, quando a mulher chegar a 90 pontos e o homem a 100 pontos. 7.4 Aposentadoria especial Benefício concedido ao segurado que tenha trabalhado em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15, 20 ou 25 anos). A comprovação será feita em formulário do perfil profissiográfico previdenciário (PPP), preenchido pela empresa com base em laudo técnico de condições ambientais de trabalho (LTCA), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. 88 Unidade II Figura 4 – Aposentadoria especial por tempo de contribuição: benefício para o cidadão que trabalha exposto a agentes nocivos à saúde O tempo mínimo de contribuição varia entre 15, 20 ou 25 anos, dependendo da atividade profissional. O aposentado recebe 100% da média salarial, dos 80% maiores salários de contribuição desde julho de 1994. Além disso, para ter direito ao benefício, o trabalhador inscrito a partir de 25 de julho de 1991 deverá comprovar no mínimo 180 contribuições mensais. 7.5 Salário‑família O salário‑família é o benefício devido ao segurado empregado e ao trabalhador avulso de baixa renda, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados, menores de 14 anos, ou inválidos de qualquer idade. Há duas faixas na quais o trabalhador será considerado de baixa renda e, dependendo do valor que receba mensalmente, o valor da cota do salário‑família varia. Caso ultrapasse o valor da faixa máxima, não terá direito ao benefício. Tabela 3 Período Faixa 1 (em R$) Faixa 2 (em R$) Normativo A partir de 1o jan. 2019 Até 907,77 cota 46,54 De 907,77 a 1.364,43 cota 32,80 Portaria MF n. 9, de 15/01/2019 A partir de 1o jan. 2018 Até 877,67 cota 45,00 De 877,67 a 1.319,18 cota 31,71 Portaria MF n. 15, de 16/01/2018 Fonte: INSS (2017a). O pagamento do salário‑família em decorrência de filho ou equiparado inválido será feito após verificação em exame médico‑pericial a cargo da previdência social. A cota do salário‑família consiste em um valor fixo pago mensalmente ao segurado, por filho, que atenda às exigências legais. Existem duas faixas salariais para a concessão desse benefício. A empresa deverá pagar o salário‑família ao empregado juntamente com sua remuneração mensal, que deverá compensar os valores despendidos com o pagamento desse benefício na guia de recolhimento da contribuição previdenciária (GPS). 89 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA Importante ressaltar que, quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos, ambos têm direito ao salário‑família, mesmo que trabalhem na mesma empresa. Figura 5 – Salário‑família: valor pago ao empregado de baixa renda, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso, de acordo com o número de filhos O pagamento do salário‑família será devido a partir da data da apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado, estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até 6 anos de idade, e de comprovação semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a partir dos 7 anos. Para efeito de concessão e manutenção do salário‑família, o segurado deve firmar termo de responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar à empresa ou ao INSS qualquer fato ou circunstância que determine a perda do direito ao benefício, como o falecimento do filho. O direito ao salário‑família cessa automaticamente: • por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito; • quando o filho ou equiparado completar 14 anos de idade (salvo se inválido), a contar do mês seguinte ao da data de aniversário; • pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; • pelo desemprego do segurado. 7.6 Salário‑maternidade As trabalhadoras que contribuem para a previdência social têm direito ao salário‑maternidade durante os 120 dias em que ficarem afastadas do emprego por causa do parto. O benefício foi estendido também para as mães adotivas e, desde 2007, para a segurada desempregada (empregada, trabalhadora avulsa e doméstica), cujas contribuições (contribuinte individual, facultativa) cessaram, e para a segurada especial, desde que mantida a qualidade de segurado. 90 Unidade II O salário‑maternidade é concedido à segurada que adotar uma criança ou ganhar a guarda judicial para fins de adoção. O tempo é definido conforme o caso: • em caso de parto, o salário‑maternidade será de 120 dias; • em caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção, independentemente da idade do adotado, que deverá ter no máximo 12 anos de idade; o salário‑maternidade será de 120 dias; • no caso de natimorto, 120 dias; • no caso de aborto espontâneo ou previsto em lei (estupro ou risco de vida para a mãe), a critério médico, 14 dias. Para a concessão do salário‑maternidade não é exigido tempo mínimo de contribuição das trabalhadoras empregadas, empregadas domésticas e trabalhadoras avulsas, desde que comprovem sua filiação nessa condição, na data do afastamento ou na data do parto, para fins de salário‑maternidade. A contribuinte facultativa e a individual devem ter pelo menos dez contribuições para receber o benefício. A segurada especial receberá o salário‑maternidade se comprovar no mínimo dez meses de trabalho rural. Seo nascimento for prematuro, a carência será reduzida no mesmo total de meses em que o parto foi antecipado. Considera‑se parto o nascimento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação, inclusive natimorto. Nos abortos espontâneos ou previstos em lei (estupro ou risco de morte para a mãe), será pago o salário‑maternidade por duas semanas. Figura 6 – Salário‑maternidade: pago no caso de nascimento de filho ou de adoção de criança A trabalhadora que exerce atividades ou tem empregos simultâneos tem direito a um salário‑maternidade para cada emprego/atividade, desde que contribua para a previdência nas duas funções. 91 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA O salário‑maternidade é devido a partir do oitavo mês de gestação (comprovado por atestado médico) ou da data do parto (comprovado pela certidão de nascimento). A partir de setembro de 2003, o pagamento do salário‑maternidade das gestantes empregadas passará a ser feito diretamente pelas empresas, que serão ressarcidas pela previdência social. As mães adotivas, contribuintes individuais, facultativas e empregadas domésticas terão de pedir o benefício nas agências da previdência social. Em casos comprovados por atestado médico, o período de repouso poderá ser prorrogado por duas semanas antes do parto e ao final dos 120 dias de licença. Cabe à empresa pagar o salário‑maternidade devido à empregada gestante, efetivando‑se a compensação, de acordo com o disposto no art. 248, da Constituição Federal, à época do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. A empresa deverá conservar durante dez anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes. 7.7 Auxílio‑doença O auxílio‑doença é o benefício devido ao segurado que ficar incapacitado para seu trabalho ou para a atividade habitual por mais de 15 dias (corridos ou intercalados e desde que este último ocorra no prazo de 60 dias). Da mesma forma que ocorre com a aposentadoria por invalidez, o auxílio‑doença não será devido ao segurado que se filiar ao RGPS já sendo portador de doença ou lesão invocada como causa da concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier, por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, exceto o doméstico, os primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a previdência social paga a partir do décimo sexto dia de afastamento do trabalho. No caso do contribuinte individual (empresário, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros) e do doméstico, a previdência paga todo o período da doença ou do acidente (desde que o trabalhador tenha requerido o benefício). Figura 7 – Auxílio‑doença: devido ao segurado que comprove estar temporariamente incapaz para o trabalho 92 Unidade II Para ter direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a previdência social por, no mínimo, 12 meses. Esse prazo não será exigido em caso de acidente de nenhuma natureza (por acidente de trabalho ou fora do trabalho). Para concessão de auxílio‑doença é necessária a comprovação da incapacidade em exame realizado pela perícia médica da previdência social. O trabalhador que recebe auxílio‑doença é obrigado a realizar exame médico periódico e a participar do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado pela previdência social, sob pena de ter o benefício suspenso. O auxílio‑doença deixa de ser pago quando o segurado recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o benefício se transforma em aposentadoria por invalidez. 7.8 Auxílio‑acidente De acordo com o site da previdência social, esse beneficio é pago ao trabalhador que sofre um acidente e fica com sequelas que reduzem sua capacidade de trabalho. É concedido para segurados que recebiam auxílio‑doença. Têm direito ao auxílio‑acidente o trabalhador empregado, o trabalhador avulso e o segurador especial. O empregado doméstico, o contribuinte individual e o facultativo não recebem o benefício. As sequelas, definitivas, devem implicar um dos fatores listados a seguir: • redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido; • redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido, de modo que seja exigido maior esforço para o desempenho da mesma atividade exercida na época do acidente; • impossibilidade de desempenho da atividade exercida na época do acidente, porém com a possibilidade de desempenhar outra, após o processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do INSS. Para a concessão do auxílio‑acidente não é exigido tempo mínimo de contribuição, mas o trabalhador deve ter qualidade de segurado e comprovar a impossibilidade de continuar desempenhando suas atividades, por meio de exame da perícia médica da previdência social. Figura 8 – Auxílio‑acidente: benefício de natureza indenizatória pago em decorrência de acidente que reduza permanentemente a capacidade para o trabalho 93 DIREITO SOCIAL E TRABALHISTA O auxílio‑acidente, por ter caráter de indenização, pode ser acumulado com outros benefícios pagos pela previdência social, exceto a aposentadoria. Assim, o benefício deixa de ser pago quando o trabalhador se aposenta. 7.9 Pensão por morte A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: • do óbito, quando requerida até 30 dias depois deste; • do requerimento, quando requerida após 30 dias do óbito; • da decisão judicial, no caso de morte presumida. Para concessão de pensão por morte, não há tempo mínimo de contribuição, mas é necessário que o óbito tenha ocorrido enquanto o trabalhador tinha qualidade de segurado. Figura 9 – Pensão por morte urbana: paga aos dependentes do segurado que falecer ou, em caso de desaparecimento, tiver sua morte declarada judicialmente Se o óbito ocorrer após a perda da qualidade de segurado, os dependentes terão direito à pensão desde que o trabalhador tenha cumprido, até o dia da morte, os requisitos para obtenção de aposentadoria, concedida pela previdência social. Além disso, a duração do benefício é variável, conforme a tabela a seguir: Tabela 4 Idade do dependente na data do óbito Duração máxima do benefício ou cota Menos de 21 anos 3 anos Entre 21 e 26 anos 6 anos Entre 27 e 29 anos 10 anos Entre 30 e 40 anos 15 anos Entre 41 e 43 anos 20 anos A partir de 44 anos Vitalício Fonte: INSS (2017b). 94 Unidade II 7.10 Auxílio‑reclusão Trata‑se de uma prestação mensal que o INSS paga aos dependentes de baixa renda do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa e que não estiver em gozo de auxílio‑doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço. Não há tempo mínimo de contribuição para que a família do segurado tenha direito ao benefício, mas o trabalhador precisa ter qualidade de segurado. A seguir, a tabela com os valores de benefício no ano de 2019: Tabela 5 Período Salário de contribuição tomado em seu valor mensal (em R$) Normativo A partir de 1º jan. 2019 1.364,43 Portaria MF n. 9, de 15/01/2019 A partir de 1º jan. 2018 1.319,18 Portaria MF n. 15, de 16/01/2018 Fonte: INSS (2018). Após a concessão do benefício, os dependentes devem apresentar à previdência social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente. Esse documento pode ser a certidão de prisão preventiva, a certidão da sentença condenatória ou o atestado de recolhimento do segurado à prisão. Para os segurados, com idade entre 16 e 18 anos, serão exigidos o despacho de internação e o atestado de efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juizado da Infância e da Juventude. Figura 10 – Auxílio‑Reclusão: pago apenas aos dependentes do segurado do INSS durante o período de reclusão ou detenção O auxílio‑reclusão deixará de ser pago: • com a morte do segurado e, nesse caso,
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