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Taxonomia e sistemas de classificação vegetal APRESENTAÇÃO Nesta Unidade de Aprendizagem você viajará pelo ramo da botânica que se ocupa em classificar as plantas de acordo com suas características genéticas, aspectos internos e externos e suas afinidades. Se trata da Sistemática Vegetal! É importante ressaltar que muitos botânicos consideram os termos sistemática e taxonomia como sinônimos; contudo, lembramos que a taxonomia é a ciência que elabora as leis da classificação e a sistemática é aquela que cuida da classificação dos seres vivos, baseada fundamentalmente na morfologia. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar sistemática e taxonomia.• Listar os caracteres taxonômicos utilizados para a classificação vegetal.• Definir nomenclatura binomial.• DESAFIO A nomenclatura científica se baseia na espécie, e esta nomenclatura é formada por um binômio que deve obedecer às regras do "Código Internacional de Nomenclatura Botânica". a) Como é a "Nomenclatura Binomial" e quem a propôs? b) Por que não devemos identificar cientificamente uma planta pelo nome popular? c) Utilize uma planta para exemplificar o tipo de confusão que poderia haver se não fosse adotada a nomenclatura binomial. INFOGRÁFICO A necessidade de identificar as espécies universalmente levou à utilização de um nome científico. Várias tentativas foram feitas, mas somente Carl Linné (1707-1778) conseguiu organizar uma nomenclatura eficiente, formada por apenas duas palavras: a Nomenclatura Binomial. A primeira palavra seria um substantivo, retirado do táxon gênero, e a segunda seria um adjetivo, que formaria a espécie. Veja algumas características da nomenclatura binomial. CONTEÚDO DO LIVRO Acompanhe o artigo que trata sobre sistemática vegetal! Leia o capítulo Taxonomia e Sistemas de Classificação Vegetal da obra Botânica Sistemática para conhecer mais sobre o assunto. BOTÂNICA SISTEMÁTICA Ronei Tiago Stein Taxonomia e sistemas de classificação vegetal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar sistemática e taxonomia. Listar os caracteres taxonômicos utilizados para a classificação vegetal. Definir nomenclatura binomial. Introdução A classificação biológica surgiu devido à necessidade de organizar a enorme variedade de espécies (tanto animais como vegetais) e, dessa forma, poder estudá-la melhor. Além de catalogar as espécies e dar nome a elas, a classificação reforçou a ideia de que todos os seres vivos descendem, por evolução, dos mesmos ancestrais, que habitaram a Terra há mais de 3,5 bilhões de anos. A ciência responsável pela classificação dos organismos recebe o nome de taxonomia. A taxonomia vegetal surgiu quando o homem despertou para a multiplicidade e diversidade dos seres da natureza, e isso foi acontecendo, empiricamente, nos estágios primitivos da civili- zação. Dá-se o nome de sistemática ao estudo científico dos tipos e da diversidade de organismos existentes e das relações entre eles. Neste capítulo, estudaremos a importância da sistemática e da taxo- nomia, bem como os princípios da classificação biológica e as diversas categorias em que os seres vivos estão organizados. Sistemática e taxonomia O homem classifi ca os seres vivos desde a antiguidade, possivelmente, por- que essa sistemática era útil à sua sobrevivência. Era preciso, por exemplo, identifi car os seres vivos que serviriam como alimento e os que deveriam ser evitados por oferecer perigo. Classifi car, de acordo com Amabis e Martho (1997), signifi ca agrupar em classes, considerando as semelhanças entre os elementos. Em supermercados, os produtos estão organizados em seções, como laticínios, acho- colatados, massas, verduras, pães, entre outros, de acordo com critérios que facilitam sua localização e identificação. Na biologia, as espécies (tanto animais como vegetais) são agrupadas de forma semelhante, em relação a diferentes critérios. Durante o Renascimento, diversos naturalistas dedicaram-se à classificação dos seres vivos, com o objetivo principal de compreender melhor a organização da natureza. Em 1735, o naturalista sueco Carl von Linné (1707–1778), mais conhecido como Lineu, publicou o livro Systema Naturae, no qual propôs um sistema de classificação coerente, que serviu de base para os sistemas modernos (AMABIS; MARTHO, 1997). Lineu inaugurou um novo campo de estudo nas ciências naturais, a ta- xonomia (do grego táxis, classificação, e nómos, regra). Desde então, os taxonomistas se dedicam à tarefa de identificar e catalogar as novas espécies que vão surgindo. Taxonomia é a ciência da classificação dos organismos. Táxon é o termo geral utilizado para qualquer uma das categorias taxonômicas, como espécie, classe, ordem ou filo. De acordo Evert e Eichhorn (2014), um aspecto importante da sistemática é a taxonomia, que envolve a identificação, denominação e classificação das espécies. Na taxonomia, grupos de organismos são descritos e nomes cientí- ficos lhes são designados. O nome de um táxon nos dá acesso às informações disponíveis sobre ele. Por isso, é de suma importância que todos os grupos de plantas tenham um nome que sirva de referencial. Isso é especialmente Taxonomia e sistemas de classificação vegetal2 importante em nível de espécie, uma hierarquia taxonômica fundamental e de grande utilidade para a humanidade (JUDD et al., 2009). A identificação envolve determinar se uma espécie desconhecida pertence a um grupo já conhecido de plantas. Em outras palavras, é comparar se um organismo assemelha-se a outro e se pode vir a pertencer ao mesmo táxon. A identificação de plantas é mais desafiadora nos trópicos, não apenas porque, nessas regiões, existem mais espécies do que em regiões temperadas, mas também porque, em geral, floras tropicais são menos estudadas. Uma enorme quantidade de espécies tropicais ainda precisa ser reconhecida, cole- tada, descrita e nomeada. Para saber mais sobre taxonomia, assista ao vídeo disponível no link a seguir (TAXO- NOMIA…, 2013). https://qrgo.page.link/wmpc O que é sistemática? A sistemática abrange a disciplina da taxonomia, logo, esse é um conceito mais amplo do que a taxonomia, adotado, principalmente, após a publicação da teoria de Darwin. Esse conceito inclui fazer a comparação entre o maior número de caracteres possível de modo a encontrar a precisa relação evolutiva entre as espécies. Assim, sistemática é a ciência da diversidade de organismos. Envolve a descoberta, a descrição e a interpretação da diversidade biológica, bem como a síntese da informação sobre a diversidade na forma de sistemas preditivos de classifi cação. 3Taxonomia e sistemas de classificação vegetal De forma simples, o propósito da sistemática é descobrir todos os ramos da árvore evolutiva da vida, documentar as modificações que ocorrem durante a evolução desses ramos e, enquanto possível, descrever todas as espécies (os ápices dos ramos da árvore da vida). Assim, a sistemática é o estudo da diversidade biológica que existe hoje na Terra e da sua história evolutiva. De acordo com Lovo et al. (2016), a sistemática consiste em quatro ele- mentos básicos: descrição, identificação, nomenclatura e classificação. A escola mais aceita da sistemática, atualmente, tem sua base no critério de que as classificações devem refletir a história evolutiva dos organismos, adicio- nando a reconstrução filogenética como um de seus elementos. A descrição é produzida em forma escrita, a partir de uma listagem detalhada de todos os atributos estruturais do organismo, iniciada, no caso das plantas, pelos órgãos vegetativos — raiz, caule e folhas —, seguidos pelos órgãos reprodutivos — flores, frutos e sementes (LOVO et al., 2016). Judd et al. (2009) mencionam que a sistemática está ligada direta e fun- damentalmente ao estudo da evolução em geral, desde o estudo de fósseisaté o estudo de modificações genéticas em populações locais. Esse tipo de informação sobre as sequências de eventos evolutivos é obtido pelos sistemas que reconstroem a filogenia, ou seja, a história evolutiva. Dessa forma, algumas bibliografias apresentam o termo sistemática filo- genética. Em biologia, filogenia é o estudo da relação evolutiva entre grupos de organismos, descoberto por meio de sequenciamento de dados moleculares e matrizes de dados morfológicos. Um grupo pode ser considerado como monofilético, parafilético e polifilético. Monofilético (também chamado clado): é aquele que inclui o ancestral comum mais recente do grupo e todos os descendentes desse ancestral. Nenhum dos seus descendentes é excluído. Um grupo monofilético pode ser removido da árvore filogenética com um único corte. Uma classificação filogenética tenta dar nomes taxonômicos formais somente a grupos que sejam monofiléticos, embora nem todo grupo monofilético precise de um nome. Parafilético: inclui o ancestral comum mais recente do grupo e alguns descendentes desse ancestral. Na classificação filogenética, os grupos parafiléticos não recebem nomes formais. Polifilético: não inclui o ancestral recente mais comum a todos os mem- bros do grupo. Essa condição impõe ao grupo em questão, pelo menos, duas origens evolutivas distintas, em geral, pela posse de caracteres similares adquiridos evolutivamente de maneira independente. Taxonomia e sistemas de classificação vegetal4 A Figura 1 mostra as diferenças entre os grupos monofiléticos, parafiléticos e polifiléticos. Figura 1. Grupos monofilético, parafilético e polifilético. Um grupo monofilético inclui o ancestral comum 1 e todos os seus descendentes (espécies A, B e C). Um grupo parafilé- tico inclui o ancestral comum 2 de alguns descendentes (espécies D, E e F — a espécie G não é incluída). Um grupo polifilético tem dois ou mais ancestrais: as espécies D, E, F e G compartilham o ancestral 2, mas a espécie C tem um ancestral diferente, o ancestral 1. Fonte: Adaptada de Evert e Eichhorn (2014). A B C D G 1 F E A B C D G F E A B C D G F E 2 Grupo parafilético Grupo polifilético Grupo monofilético 1 2 Caracteres taxonômicos utilizados O mundo natural contém uma enorme variedade de seres, desde gigantescas baleias até microscópicas bactérias. Os biólogos utilizam um sistema de clas- sifi cação coerente com essa variedade e classifi cam os seres vivos analisando suas similaridades e diferenças. Assim, eles podem inseri-los em grupos de acordo com suas características. A classificação identifica as várias espécies e mostra como elas estão relacionadas entre si através da evolução. Para classificar um ser vivo, os biólogos escolhem um nome científico constituído de duas partes. Esse nome identifica o organismo e mostra a que 5Taxonomia e sistemas de classificação vegetal grupo ele pertence. Para facilitar o entendimento, o Quadro 1 traz a classi- ficação biológica do milho com suas devidas descrições. As descrições não definem as diversas categorias, mas falam sobre suas características. Fonte: Adaptado de Evert e Eichhorn (2014). Categoria Táxon Descrição Reino Plantae Organismos, principalmente, terrestres, com clorofilas a e b contidas em cloroplastos; esporos protegidos por esporopolenina (uma resistente substância de parede); embriões multicelulares nutricionalmente dependentes. Filo Anthophyta Plantas vasculares com sementes e flores; óvulos contidos em um ovário; polinização indireta; angiospermas. Classe Monocotyledoneae Embrião com um cotilédone; partes florais, geralmente, em trios; muitos feixes vasculares dispersos no caule; monocotiledôneas. Ordem Poales Monocotiledôneas com folhas fibrosas; redução e fusão nas partes florais. Família Poaceae Monocotiledôneas com caules ocos e flores esverdeadas reduzidas; o fruto é um aquênio especializado (cariopse); gramíneas. Gênero Zea Gramíneas robustas, com cachos de flores separados, estaminados e carpelados; cariopse carnosa. Espécie Zea mays Milho. Quadro 1. Exemplo da classificação biológica do milho Em sistemas atuais de classificação, a primeira categoria, ou categoria taxionômica, é a espécie (do latim, species, tipo), definida como um conjunto de seres semelhantes capazes de cruzarem em condições naturais, produzindo descendência fértil (AMABIS; MARTHO, 1997). A partir da espécie, derivam as outras categorias taxionômicas. Por exemplo, o milho e a pipoca são espécies diferentes, porém, apresentam muitas semelhanças. Por isso, suas espécies Taxonomia e sistemas de classificação vegetal6 são reunidas em uma categoria hierarquicamente superior, o Gênero, nesse caso, denominado Zea. Gêneros que apresentam semelhanças significativas são reunidos em uma categoria hierarquicamente superior, a Família. Por exemplo, o trigo não pertence ao gênero do milho (Zea), mas são semelhantes o bastante para serem classificados juntos dentro da Família Poaceae. Famílias semelhantes, por sua vez, são reunidas em ordens. Ordens semelhantes são agrupadas em classes, e classes semelhantes são agrupadas em filos que, por sua vez, compõem os reinos. A Figura 2 mostra um esquema da ordem de classificação taxonômica. Figura 2. Ordem de classificação taxonômica. Vida Domínio Agrupa os diferentes reinos Reino Conjunto de filos Filo Conjunto de classes Classe Conjunto de ordens Ordem Conjunto de família Família Conjunto de gêneros Gênero Conjunto de espécies Espécie Conjunto de indivíduos semelhantes anatômica e funcionalmente, com acentuadas similiaridades bioquímicas, com o mesmo cariótipo e com capacida- de de reprodução entre si, gerando descendentes férteis. 7Taxonomia e sistemas de classificação vegetal A maior parte das bibliografias apresenta o reino como o nível mais elevado da classificação taxonômica. Contudo, existem dois táxons acima do reino: o domínio e a própria vida. Domínio é a categoria taxonômica que está acima do nível de reino. Nessa classificação, a categoria domínio é o segundo nível hierárquico de classificação científica dos seres vivos, depois da categoria suprema, que é a própria vida, ou seja, a existência de animais e vegetais. Existem três tipos de domínios: Domínio Eubacteria: inclui as bactérias. Domínio Archaea: inclui os procariontes que não recaem na classifi- cação anterior. Domínio Eukaria: inclui todos os eucariontes, os seres vivos com um nú- cleo celular organizado. A classificação de domínio não inclui os vírus, devido à dificuldade em integrá-los entre os seres vivos, fato explicado pela ausência de algumas características definidoras de vida. Atualmente, a maioria dos sistemas de classificação baseia-se em cinco reinos, de acordo com Amabis e Martho (1997), Burnie (1997) e Judd et al. (2009). Fungos: organismos, em geral, multicelulares, que vivem por meio de absorção de alimento. Constituem o reino dos fungos (Fungi) seres que se parecem com plantas, mas que vivem de modo bem distinto. Esses seres não usam a luz para produzir alimento e absorvem as substâncias de matéria viva ou morta. Plantas: grupo de organismos eucariotos, em sua maioria, multicelulares, que fazem seu próprio alimento por meio da fotossíntese. As plantas constituem o reino vegetal (Plantae). Elas vivem graças à fotossíntese, processo em que captam a energia da luz solar e a usam para converter substâncias simples em alimento. O reino vegetal contém tanto espécies que produzem flores e formam sementes como espécies que não as produzem. Animais: grupo de organismos multicelulares que não produzem seu próprio alimento. Os animais formam o reino animal (Animalia) e precisam Taxonomia e sistemas de classificação vegetal8 procurar seu alimento para sobreviver. Os animais podem se locomover, embora alguns passem a maior parte da vida no mesmo lugar. Os maiores animais são vertebrados, ou seja, possuem vértebras. Contudo, cerca de 96% dos animaissão invertebrados, ou seja, não apresentam coluna vertebral. Protistas: grupo de organismos intermediários parecidos, ao mesmo tempo, com plantas e animais, ou seja, reúne protozoários e algas. Protozoários são seres eucarióticos, unicelulares e com nutrição heterotrófica. Já as algas são seres eucarióticos, com nutrição autotrófica fotossintetizante, que podem ser unicelulares ou multicelulares. Moneras: organismos unicelulares sem núcleo organizado. As moneras constituem esse reino (Monera). Essas formas microscópicas de vida são procariotas, ou seja, não contêm núcleo individualizado. Esse reino inclui as bactérias e as cianofíceas. A espécie é o menor grupo completo. O gênero contém uma ou mais espécies re- lacionadas, e a família contém um ou mais gêneros. As famílias estão agrupadas em ordens que, por sua vez, estão agrupadas em classes. Um filo contém uma ou mais classes, e o maior grupo de todos, o reino, contém vários filos. No reino vegetal, o filo passa a receber a denominação de divisão. Outros níveis de agrupamentos, como superfamília ou subfilo, também são usados. Até a espécie é uma convenção humana, e apenas os indivíduos de uma espécie são entidades biológicas verdadeiras. Afinal, uma espécie pode ser diferente de todos esses grupos, dependendo de qual conceito utilizarmos para sua definição (biológico, cladístico, evolutivo, etc.); logo, só a espécie realmente existe na natureza. Os demais foram convencionados pelo homem para mostrar como as diferentes espécies estão relacionadas. Nomenclatura binomial A identifi cação das espécies pode ocorrer de duas formas, como as listadas a seguir. Nome comum/popular: consiste no nome vulgar de determinada espécie. Um nome comum, como pardal ou girassol, é o nome corriqueiro dos seres vivos. O nome comum pode diferir de um idioma para outro, ou mesmo de uma região para outra. 9Taxonomia e sistemas de classificação vegetal Nome científico: identifica uma espécie entre as milhares existentes na Terra. Essa nomenclatura é chamada de binomial, pois tem duas partes. Por exemplo, o nome científico do ipê-amarelo é Handroanthus albus. A primeira parte é o nome genérico, que identifica o gênero ao qual o ipê pertence. A segunda parte é o nome específico, que identifica a espécie articular do ipê. Os nomes científicos vêm do latim ou do grego e são universais, usados por todos os cientistas. O sistema de classificação proposto por Lineu estava associado a um sistema nomenclatural, ou seja, a um conjunto de normas destinadas a uniformizar a denominação das espécies e das outras categorias taxionômicas (AMABIS; MARTHO, 1997). De acordo com Evert e Eichhorn (2014), o sistema nomen- clatural de Lineu é binomial, o nome de cada espécie deve ser constituído por duas palavras: a primeira designa o gênero, e a segunda, a espécie. Cães e lobos, por exemplo, são denominados, respectivamente, Canis familiares e Canis lúpus. O próprio nome indica o grau de semelhança entre ambos, pois ambos pertencem ao Gênero Canis. O sistema moderno de denominação dos seres vivos iniciou com o natu- ralista sueco do século XVIII Carl von Linnaeus, cuja ambição era nomear e descrever todos os tipos conhecidos de plantas, animais e minerais. Em 1753, Linnaeus publicou um trabalho de dois volumes intitulado Species Plantarum, no qual descrevia cada espécie em latim, em uma sentença limitada a 12 palavras (EVERT; EICHHORN, 2014). Para Linnaeus, esses nomes-frases descritivos em latim, ou polinômios, eram os nomes adequados para as espécies. Contudo, ao acrescentar uma importante inovação, que fora inventada por Caspar Bauhum (1560-1624), Linnaeus tornou permanente o sistema binomial (com dois termos) de no- menclatura. Na margem do Species Plantarum, junto ao nome polinomial correto de cada espécie, Linnaeus escreveu uma única palavra. Essa palavra, quando combinada com a primeira palavra do polinômio (o gênero), era uma conveniente denominação abreviada para a espécie. Taxonomia e sistemas de classificação vegetal10 Para a erva-dos-gatos (Figura 3), formalmente denominada Nepeta floribus interrupte spicatus pedunculatis (ou seja, Nepeta com flores em espiga pedunculada ininterrupta), Carl von Linné (1707-1778) escreveu a palavra cataria, que quer dizer “associada a gatos”, na margem do texto, chamando a atenção para o atributo conhecido da planta. Linné e seus contemporâneos logo começaram a chamar essa espécie de Nepeta cataria, e esse nome científico ainda é usado para essa espécie. Figura 3. Erva-dos-gatos, cujo nome científico é Nepeta cataria. Fonte: EvaMira/Shutterstock.com. 11Taxonomia e sistemas de classificação vegetal Atualmente, de acordo com Araújo e Bossolan (2006), existem algumas regras sobre nomenclatura binomial que devem ser respeitadas. As principais são: os nomes devem ser em latim ou latinizados; o nome da espécie é sempre duplo (nomenclatura binomial); o nome deve ser escrito em itálico quando impresso e grifado quando manuscrito; deve ser uninominal para gênero, binominal para espécie e trinominal para subespécie, ou seja, o homem pertence ao Gênero Homo, à Espécie Homo sapiens, e à Subespécie Homo sapiens sapiens). o gênero deve ser grafado em maiúsculas, enquanto espécie e subespécie, em letras minúsculas; o nome do autor é colocado sem qualquer pontuação, acompanhado por uma vírgula, e o nome que foi publicado pela primeira vez (por exemplo, Canis familiares l. 1758); o sufixo idae é usado para designar a família em zoologia, e aceae, em botânica; o nome dado em primeiro lugar deve ter prioridade em relação aos outros; se o gênero de um organismo for mudado devido a erros na primeira denominação, pode-se escrever o gênero antigo entre parênteses depois do novo gênero e antes da espécie. Também pode se escrever, após a designação específica (com a nova denominação genérica), o nome do primeiro autor e a data entre parênteses, seguido do novo autor e da nova data fora do parênteses. Por exemplo: Ancylostoma (Agehylostoma) Duodenale ou Ancylostmoma Duodenale (Dublin, 1843) Creplin, 1845. Uma das principais regras da nomenclatura binomial é destacar no texto o nome científico dos seres vivos, escrevendo-o em itálico (inclinado) ou grifando-o. A primeira letra do nome do gênero deve ser sempre maiúscula, e a primeira letra do nome da espécie, minúscula. Taxonomia e sistemas de classificação vegetal12 AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1997. ARAÚJO, A. P. U. de; BOSSOLAN, N. R. S. Noções de taxonomia e classificação: introdução à zoologia. [S. l.]: Instituto de Física de São Carlos, 2006. (Biologia II). Disponível em: http:// biologia.ifsc.usp.br/bio2/apostila/bio2_apostila_zoo_01.pdf. Acesso em: 14 abr. 2019. BURNIE, D. Dicionário temático de biologia. São Paulo: Scipione, 1997. EVERT, R. F.; EICHHORN, S. E. Biologia vegetal. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. JUDD, W. S. et al. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. LOVO, J. et al. Sistemática vegetal: conceitos, estado atual e perspectivas futuras. In: PEÑA, M. et al. (ed.). Apostila do VI Botânica no Inverno 2016. [S. l.]: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, 2016. cap. 1. Disponível em: https://www.researchgate. net/publication/308873937_Sistematica_vegetal_conceitos_estado_atual_e_pers- pectivas_futuras. Acesso em: 14 abr. 2019. TAXONOMIA: sistemática, classificação dos seres vivos. [S. l.: s. n.], 2013. 1 videoaula (12min27s). Disponível em: https://qrgo.page.link/wmpc. Acesso em: 14 abr. 2019. Leitura recomendada GILBERT, S. F.; BARRESI, M. J. Biologia do desenvolvimento. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. 13Taxonomia e sistemas de classificação vegetal DICA DO PROFESSOR Veja agora uma videoaula que aborda o assunto, destacando os principais pontos acerca da taxonomia e sistemática de classificação vegetal.Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual o nome que se dá à planta herborizada e acondicionada em uma folha de papel? A) Classificação. B) Exsicata. C) Taxonomia. D) Herborização. E) Descrição. 2) A nomenclatura binária ou binominal criada por Carl Linné descreve em sua escala mais individual: A) Uma espécie. B) Um reino. C) Um gênero. D) Uma família. E) Uma classe. 3) Em se tratando do milho, assinale a alternativa que constitui uma nomenclatura binomial de uma espécie. A) Plantae. B) Monocotyledonae. C) Commelinales. D) Poaceae. E) Zea mays. 4) Qual o nível taxonômico que engloba todos os gêneros? A) Filo. B) Reino. C) Família. D) Ordem. E) Espécie. 5) Uma das grandes contribuições de Carl von Linné foi ter desenvolvido o sistema de classificação taxonômica, 101 anos antes de Charles Darwin publicar A Origem das Espécies. Na visão de Linné, a condição de ordem na natureza depende da invariabilidade das espécies. Já para Darwin, as classificações deveriam se tornar, até onde for possível adequá-las, a genealogias. No início do século, o pesquisador norte- americano Kevin de Queiroz propôs uma nova classificação. Esta se baseava em categorias taxonômicas mais amplas do que o sistema lineano (praticamente do gênero para cima) e que fosse norteado pelas relações de proximidade evolutiva entre os seres vivos. A partir do texto, pode-se dizer que: A) O sistema lineano de classificação não permite visualizar as relações de ancestralidade e descendência entre os seres vivos. B) Mesmo após a publicação do livro de Darwin, o sistema lineano foi mantido por esclarecer acerca das relações evolutivas entre as espécies. C) Para Darwin, a classificação taxonômica deveria ser readequada para que refletisse o grau de semelhança morfológica entre as espécies. D) Para o pesquisador Kevin de Queiroz, as espécies não têm importância quando da construção de um sistema de classificação taxonômica. E) Lineu antecipou, em 101 anos, os conceitos evolutivos posteriormente postulados por Darwin, conceitos estes atualmente questionados por Kevin de Queiroz. NA PRÁTICA Qualquer trabalho realizado com material vegetal deve partir do pressuposto da correta identificação da espécie e, principalmente, do número de indivíduos em questão, a fim de evitar a completa extinção da espécie. Para se ter uma classificação inequívoca, precisamos iniciar o processo pela coleta de material vegetal. Nessa etapa, o coletor deve amostrar fragmentos que demonstrem a maior riqueza possível de detalhes da planta, como por exemplo, folhas, flores, frutos, raízes e sementes, dados adicionais como o local de coleta, a época do ano em que o material foi coletado e a hora serão de extrema importância no momento da classificação. Com base nos detalhes oferecidos pela amostra é que será possível identificar corretamente a espécie em questão. SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Taxonomia - Sistemática - Classificação dos Seres Vivos Taxonomia é a área da ciência criada por Carlos Lineu e responsável pela classificação dos seres vivos. Neste vídeo explicamos o funcionamento deste sistema e suas regras. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fundamentos de taxonomia vegetal A Taxonomia é uma das áreas do conhecimento mais antigas da biologia, tendo surgido como uma necessidade de facilitar a comunicação do homem em sociedade. Mais tarde, essa comunicação foi aperfeiçoada na academia, momento este em que a taxonomia foi reconhecida como ciência de fato. Leia mais a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Taxonomia e Sistemática Entenda mais sobre Taxonomia e Sistemática lendo o artigo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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