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Fisiologia - sistema límbico, memória e emoções

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Catharina Moura Fisiologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
emoções 
As emoções estão relacionadas com áreas 
específicas do cérebro que, em conjunto, constituem o 
sistema límbico. 
Na face medial de cada hemisfério cerebral, é 
possível observar um anel cortical contínuo, 
constituído pelo giro do cíngulo, giro para-hipocampal 
e hipocampo. 
Esse anel foi considerado por Broca um lobo 
independente, o lobo límbico, ao qual foi atribuído 
função olfatória. 
Após algum tempo, Papez propôs um novo 
mecanismo para explicar as emoções, envolvendo as 
estruturas do lobo límbico, núcleos do hipotálamo e 
tálamo, unidas por um circuito que ficou conhecido 
como circuito de Papez, constiuído pelo hipocampo, 
fórnice, corpo mamilar, fascículo mamilotalâmico, 
núcleos anteriores do tálamo, cápsusla interna, giro do 
cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo 
novamente, fechando o circuito. 
 
Diante de tudo isso, o sistema límbico é 
considerado o conjunto de estruturas corticais e 
subcorticais interligadas morfologica e 
funcionalmente, relacionadas com as emoções e a 
memória. 
Anatomicamente, o sistema límbico tem como 
centro o lobo límbico e as estruturas a ele relacionadas. 
No entanto, funcionalmente, pode-se distinguir dois 
subconjuntos de estruturas, ligadas a emoção e a 
memória. 
 
componentes relacionados a emoção 
1. Amígdala (ou corpo amigdaloide): 
É o componente mais importante do sistema 
límbico, além do componente emocional, também está 
envolvida com o processamento de alguns tipos de 
memória. 
▪ Funções: 
A estimulação dos núcleos do grupo basolateral da 
amígdala causa reações de medo e fuga. A estimulação 
dos núcleos do grupo corticomedial causa reação 
defensiva e agressiva. Além disso, a estimulação da 
amígdala produz uma variedade de comportamentos 
sexuais enquanto a sua lesão gera hipersexualidade. 
A principal e mais conhecida função da amígdala é 
o processamento do medo – paciente com lesões da 
amígdala não sentem medo, mesmo em situação de 
perigo óbvio! 
 
2. Córtex cingular anterior: 
O córtex cingular anterior é ativado é episódios de 
tristeza, agressividade e está relacionado com a 
fisiopatologia da depressão. 
 
3. Córtex insular anterior: 
É ativado para a percepção das emoções e 
sentimentos, empatia, autoreconhecimento visual e 
sensação de nojo. 
 
4. Córtex pré-frontal orbitofrontal: 
Dessa estrutura, somente a área ventromedial está 
envolvida no processamento das emoções. 
É responsável pelo processamento das emoções, 
atenção, foco e pela inibição de comportamentos 
inadequados. 
 
5. Área septal: 
A área septal recebe fibras dopaminérgicas da área 
tegmentar ventral e faz parte do sistema mesolímbico 
(sistema de recompensa). 
Lesões bilaterais da área septal causam “raiva 
septal”, que se caracteriza por hiperatividade 
emocional, ferocidade e raiva diante de condições que 
normalmente não modificariam o comportamento. 
Estimulações da área septal causam alterações da 
PA e do ritmo respiratório, evidenciando seu papel na 
regulação de atividades viscerais. 
Estudos também indicam que a área septal é um 
dos centros de prazer no cérebro e a sua estimulação 
provoca euforia. 
 
6. Núcleo accumbens: 
Ele faz parte do corpo estriado ventral e recebe 
aferências dopaminérgicas, principalmente da área 
tegmentar ventral do mesencéfalo, e projeta 
eferências para a parte orbitofrontal da área pré-
frontal. 
É o mais importante componente do sistema 
mesolímbico (sistema de recompensa). 
 
sistema límbico 
Catharina Moura Fisiologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
7. Habênula: 
Possui ação inibitória sobre os neurônios 
dopaminérgicos do sistema mesolímbico. 
Além disso, também tem ação inibitória sobre o 
sistema serotoninérgico de projeção difusa, por meio 
de suas conexões com os núcleos da rafe. 
Dessa forma, a habênula participa da regulação dos 
níveis de dopamina nos neurônios do sistema 
mesolímbico, que constituem a principal área do 
sistema de recompensa (ou de prazer) do cérebro. 
A estimulação dos núcleos habenulares resulta em 
ação inibitória sobre o sistema dopaminérgico 
mesolímbico e sobre o sistema serotoninérgico de 
projeção difusa – esses processos inibitórios estão 
envolvidos na fisiopatologia dos transtornos de humor, 
como na depressão. 
A depressão é a condição em que há uma ação 
inibitória intensa do sistema mesolímbico, alguns casos 
mais graves, resistentes a medicamentos, já foram 
tratados com sucesso pela estimulação elétrica no 
núcleo lateral da habênula, o que gera uma inibição da 
sua atividade espontânea, realizando a ablação 
funcional dos seus neurônios. 
Alguns sintomas de depressão como a tristeza e a 
incapacidade de buscar o prazer podem ser explicados 
pela queda da atividade dopaminérgica na via 
mesolímbica. 
O recebimento de recompensas está relacionado a 
ativação do sistema mesolímbico. 
A habênula, por sua vez, está relacionada ao não 
recebimento e ao sentimento de frustração, situações 
em que é ativada. 
 
sistema de recompensa 
O sistema de recompensa premia com a sensação 
de prazer os comportamentos importantes para a 
sobrevivência, mas também é ativado por situações 
cotidianas que causam alegria, como quando rimos de 
uma piada, vencemos algum desafio, conquistamos 
uma vitória, tiramos uma boa nota na prova de 
fisiologia da professora Daniela (...). 
Atualmente, sabe-se que o prazer sentido após o 
uso de drogas de abuso resulta da estimulação do 
sistema mesolímbico, em especial, e do núcleo 
accumbens. 
A dependência ocorre pela estimulação exagerada 
dos neurônios desse sistema, que resulta em gradual 
diminuição da sensibilidade dos receptores e redução 
do número de receptores – em virtude disso, doses 
cada vez maiores são necessárias para obter o mesmo 
prazer! 
 
memória 
A memória é a capacidade de adquirir, armazenar 
e evocar informações. A etapa de aquisição da 
memória é a aprendizagem, enquanto a evocação é a 
etapa de lembrança. 
 
▪ Classificação das memórias: 
As memórias são classificadas quanto a: (1) função, 
(2) duração e (3) conteúdo. 
 
1. Função - memória operacional ou de trabalho: 
É a memória que não tem a função de gerar 
arquivos, e sim de gerenciar o nosso contato com a 
realidade. 
Ela se distingue das demais memórias pois não 
deixa registro, apenas permite dar continuidade aos 
nossos atos cotidianos – ou seja, possibilita memorizar 
o que acabou de ser lido para compreender a frase 
seguinte, memorizar um número de telefone por 
tempo suficiente para discá-lo... 
É processada pelo córtex pré-frontal dorsolateral e 
ventromedial – depende apenas na atividade dos 
neurônios pré-frontais e é fortemente modulada pelo 
estado de alerta, humor, motivação e nível de 
consciência... 
O córtex pré-frontal determina o conteúdo da 
memória operacional que será armazenado, conforme 
a relevância da informação. Para isso, ele tem acesso a 
diversas outras áreas do córtex cerebral, córtex 
entorrinal, amígdala, córtex parietal superior, 
cingulado e hipocampo, que são responsáveis pelas 
memórias de curta e longa duração – verifica se a 
informação que está chegando já existe e se vale a 
pena ser armazenada 
A área pré-frontal atua como gerenciadora da 
memória, definindo o que permanece e o que é 
esquecido. 
Na esquizofrenia, há comprometimento dessa 
memória e o indivíduo passa a ter dificuldade de 
compreender o mundo ao seu redor. Além disso, há 
envolvimento do hipocampo e comprometimento das 
memórias de longa duração. 
 
2. Duração – de curta e longa duração: 
Essa classificação leva em conta o tempo que a 
informação se mantém armazenada no cérebro, 
distinguindo-se a memória de curta e longa duração. 
A de trabalho, por não deixar registro, não entra 
nessa classificação! 
A formação dessas memórias, por outro lado, 
depende de uma boa memória de trabalho que é 
associada ao bom funcionamento do córtex pré-
frontal.A memória de curta duração permite a retenção de 
informações durante algumas horas até que sejam 
armazenadas de maneira mais duradoura nas áreas 
responsáveis pela memória de longa duração. 
Ela dura de minutos até 6 horas – tempo que leva 
pra se consolidar a memória de longa duração. Nesse 
Catharina Moura Fisiologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
período, ela é muito lábio e passível de interferência 
por fatores externos, outras memórias e substâncias 
(álcool). 
A de longa duração, por sua vez, depende de 
mecanismos mais complexos, que levam horas para 
serem realizados. A memória de curta duração, que 
exige mecanismos mais simples, é responsável por 
manter a memória viva enquanto a de longa duração 
está sendo definitivamente armazenada. 
Os dois tipos de memória dependem do 
hipocampo e de outras estruturas encefálicas! 
A de curta duração não é um estágio da de longa 
duração – as duas ocorrem de modo paralelo e 
independente, requerendo as mesmas estruturas 
nervosas mas com mecanismos distintos. 
As bases da memória de curta duração são 
essencialmente bioquímicas, enquanto a de longa 
duração envolve modificações sinápticas. 
 
3. Conteúdo – memórias declarativas e 
procedurais: 
As declarativas (ou memórias explícitas) são 
aquelas que registram fatos, eventos ou conhecimento 
– podemos declarar que já existem e sabemos como 
adquirimos. 
Essas memórias podem ser (1) episódicas ou 
autobiográficas, quando se referem a eventos dos 
quais participamos ou assistimos (formatura, filme, 
livro lido ou história contada) e (2) semânticas, quando 
envolvem conhecimentos gerais (idiomas, Medicina). 
Quando há falha das memórias declarativas, temos 
a amnésia! 
A não declarativa ou procedural (ou memória 
implícita) envolve a memorização implícita de 
conhecimentos, não podendo ser descritos de maneira 
consciente. 
Ou seja, são memórias de habilidades, capacidades 
motoras ou hábitos por meio dos quais as pessoas 
aprendem as sequências motoras que lhes permite 
executar tarefas, como nada e andar de bicicleta, que 
após aprendidas são realizadas de maneira automática 
e inconsciente. 
Esse tipo de memória geralmente dura a vida toda! 
Os circuitos responsáveis pela memória procedural 
são os núcleos da base e o cerebelo. 
O comprometimento dessas memórias ocorre nas 
fases avançadas do Parkinson. 
 
4. Priming – reflexos condicionados e memórias 
associativas e não associativas. 
O priming é a memória evocada por meio de dicas 
– fragmentos de imagem, primeiras palavras de uma 
música, gestos, odores e sons. 
É um fenômeno neocortical, que envolve a área 
pré-frontal e as áreas associativas. 
As memórias associativas, de acordo com Pavlov, 
ocorrem quando um estímulo novo é pareado com 
outro biologicamente relevante, prazeroso ou 
doloroso. 
Nesses casos, a resposta ao primeiro estímulo 
muda e fica condicionada ao pareamento – reflexo 
condicionado. Por exemplo: som da campainha 
associada ao alimento, induz salivação, evitar colocar o 
dedo em tomada para não levar choque, choro do bebê 
quando quer comida... 
Se o estímulo deixa de levar a resposta esperada, o 
reflexo é extinto. 
 
componentes relacionados a memória 
O encéfalo por inteiro está envolvido com as 
memórias. No entanto, a depender do tipo da memória 
– quanto a natureza e tempo, diferentes áreas são 
ativadas. 
 
1. Hipocampo: 
É o responsável pelo processamento para a 
consolidação da memória – declarativa, emocional e 
topográfica (espacial). 
 
No que se refere a memória espacial, ela possibilita 
a memorização de características do espaço ao 
entorno e depende de um tipo especial de neurônio do 
hipocampo – célula de lugar. 
 
2. Córtex entorrinal: 
É o portão de entrada para o hipocampo. A lesão 
desse córtex, mesmo com a integridade total do 
hipocampo, resulta em grande deficit de memória. 
O córtex entorrinal é, geralmente, a primeira 
região acometida pela doença de Alzheimer. 
 
Catharina Moura Fisiologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
3. Amígdala: 
Como já visto anteriormente, é o principal órgão do 
sistema límbico, relacionada, portanto, com as 
emoções. Por isso, ela é responsável por armazenar e 
processar memórias de conteúdo emocional 
ativamente. 
 
4. Giro denteado: 
É responsável pela dimensão temporal da 
memória. 
 
5. Córtex para-hipocampal: 
É o responsável pela consolidação de memória de 
cenários mais complexos – paisagem, ruas... No 
entanto, a ativação dessa estrutura só ocorre com 
cenários novos e não com os já conhecidos! 
 
 
 
 
 
 
circuitos da memória 
 
neuroplasticidade 
Consiste na capacidade do sistema nervoso de 
alterar a sua função ou estrutura em resposta às 
influencias/estímulos que o atingem. 
Ela se manifesta de três formas: 
1. Morfológica: 
Ocorre alterações nos axônios, dendritos e 
sinapses nervosas. Por exemplo: espinhas dendríticas, 
aumento do comprimento e número de ramificações 
dendríticas... 
 
2. Funcional: 
Observa-se alterações nas atividades neuronais, 
principalmente na fisiologia neuronal e sináptica. Por 
exemplo: com treinamento, é capaz de alocar maior 
área cerebral para comandar determinado grupo 
muscular – síndrome do membro fantasma. 
 
3. Comportamental: 
Observa-se mudanças no comportamento, com 
repercussões na memória, aprendizado e aquisição de 
habilidades motoras. 
Catharina Moura Fisiologia: Caso 13, 3º semestre – Medicina | UNIDOM. 
A plasticidade neuronal é a base da memória e, 
consequentemente, da capacidade cognitiva que os 
cérebros propiciam! 
 
circuitos de memória 
A formação das memórias envolve a formação de 
engramas, que consiste na transformação biofísica 
e/ou bioquímica que ocorre no circuito neural quando 
realizamos atividades mentais relacionadas com a 
memória. 
Ocorre o fortalecimento sináptico entre dois 
neurônios e consolidação de um circuito neural (= 
potencialização de longa duração – LTP), que envolve a 
sinalização pelo glutamato e seus receptores. 
A repetição do estímulo reforça as memórias, 
provavelmente recrutando cada vez mais circuitos 
nervosos para reforçar o armazenamento. 
 
 
potencial de longa duração (LTP) 
Consiste no mecanismo de consolidação da 
memória, no qual ocorre o aumento persistente da 
resposta de neurônios à breve estimulação repetitiva 
de um axônio que faz sinapse com ele. 
O LTP dura horas, semanas ou meses. 
Nos dendritos onde esse processo ocorre, são 
produzidas certas proteínas que podem passar para as 
sinapses vizinhas, o que as induz a também produzir 
um LTP ou amentá-lo. 
O LTP se inicia com a excitação repetida de células 
hipocampais, mediada pelo aumento da frequência de 
liberação de glutamato. Em consequência disso, ocorre 
ativação de receptores AMPA e NMDA que resultam no 
aumento da intensidade e na duração do potencial 
excitatório na célula pós-sináptica. 
Após isso, uma sequencia de processos 
metabólicos resulta na síntese de proteínas que 
causarão modificações estruturais em sinapses e 
formação de sinapses novas. 
A LTP induz ao aumento no numero e tamanho das 
espinhas dendríticas, aumento do número dos 
receptores de glutamato (GluR1) na superfície 
dendrítica - quanto maiores as espinhas dendríticas, 
mais fortes serão as sinapses! Favorecendo na 
memorização, sensibilização e aquisição de 
habilidades. 
 
modulação das memórias 
Vários fatores podem fortalecer ou enfraquecer o 
processo de memorização: alerta e perigo, aversão, 
prazer e recompensa, estresse, depressão e ansiedade, 
anestesia, torpor, alteração do nível de consciência, 
fármacos e drogas.