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Função consumo e renda

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Função consumo e renda
Evidências empíricas para Brasil 
Consumo e renda: como se relacionam? 
Artigo “Testando teorias para o consumo agregado no Brasil”, Sabioni Lopes (2017)
Duas correntes teóricas têm recebido bastante atenção no que concerne à explicação do comportamento do consumo: 
a que defende que os agentes econômicos consomem uma fração constante da renda corrente; 
aquela que afirma que os agentes consomem uma fração constante de sua renda permanente.
Hipótese da renda permanente
A HRP atribui-se a Friedman (1957). Ela mostra que o consumo corrente de um indivíduo, é uma média da expectativa de sua renda corrente e futura, adicionada de algum estoque inicial de riqueza, ou seja, a teoria da renda permanente. 
Os indivíduos geram seu comportamento de consumo em relação às oportunidades de consumo de longo prazo e não de acordo com o nível de renda corrente, preferindo um fluxo de consumo estável do que a fartura um dia e escassez no outro.
Nesse sentido, a renda pode ser dividida em duas partes, a saber, permanente e transitória. 
A primeira parte da renda representa o que os indivíduos esperam manter como renda no futuro,
 a renda transitória seria apenas um desvio ou uma oscilação em torno do esperado.
Hipótese da renda permanente
Os diferentes estágios do ciclo de vida do consumidor podem ser definidos da seguinte forma: 
Estágio 1 - referente à juventude do indivíduo, quando este possui renda baixa ou nula. Geralmente contraem dívidas neste estágio, prevendo uma renda futura maior; 
Estágio 2 - referente à meia idade, quando o indivíduo atinge o auge de sua renda. Neste estágio são pagas as dívidas contraídas na juventude e se poupa para a velhice; 
Estágio 3 - referente à velhice, quando o indivíduo recebe a aposentadoria e sua renda tende a zero. Neste estágio realiza-se o consumo da poupança acumulada. 
HRP: evidências para Brasil
As evidências são contrárias à hipótese da renda permanente para o caso brasileiro.
Segundo os resultados de Sabioni Lopes (2017), consumidores que detêm 90% da renda nacional se distanciam da HRP. Resultados anteriores, de Gomes (2004, 2010) encontraram valores similares, de 84%. 
Com a introdução do volume de crédito nas estimações, o percentual da renda que desvia desta hipótese se reduz para 75 ou 70%, em média, indicando que a restrição à liquidez.
Conclusão: o consumo agregado no Brasil é bem caracterizado como sendo dependente das variações previstas da renda. Consequentemente, as políticas fiscais e monetárias podem ser instrumentos eficazes de suavização dos ciclos econômicos. 
Desigualdade e propensão marginal a consumir 
Artigo “Como o grau de desigualdade afeta a propensão marginal a consumir? Distribuição de renda e consumo das famílias no Brasil a partir dos dados das POF 2002-2003 e 2008-2009”, Pitombo Leite ( 2015).
O artigo visa investigar a relação entre mudanças na distribuição de renda e a propensão marginal a consumir para a economia como um todo. 
Para tal, utiliza os dados das duas últimas pesquisas de orçamentos familiares (POF) realizadas no Brasil, 2002-2003 e 2008-2009, tomando a renda familiar total e calculando uma variável de despesa familiar total para as duas pesquisas.
Desigualdade e propensão marginal a consumir 
Primeiro dado relevante é a concentração da renda entre as pessoas mais ricas. 
Para 2002-2003, os 92% mais pobres da população se apropriavam de uma parcela da renda de 60,55%. Aos 8% mais ricos da população cabia a parcela restante de 39,45%. 
Para 2008-2009, os 92% mais pobres da população se apropriavam de uma parcela da renda de 62,73 %. Aos 8% mais ricos da população cabia a parcela restante de 37,27%. 
Que aconteceu com o índice de Gini? 
Desigualdade e propensão marginal a consumir 
O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo.
Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). 
O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. 
O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. 
Na prática, o Índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. 
Comparação internacional: Banco Mundial
Desigualdade e propensão marginal a consumir 
Na pesquisa com as POFs temos os seguintes resultados de Gini: 
O índice de Gini total diminuiu, passando de 0,5578 para 2002-2003 para 0,5377 em 2008-2009. 
Em 2002-2003, para o grupo de 92% mais pobres, o Gini foi de 0,4203 e para o grupo de 8% mais ricos de 0,2898. 
Já em 2008-2009 o Gini foi menor para os dois grupos, sendo 0,3928 para os 92% mais pobres e 0,2790 para os 8% mais ricos. 
Desigualdade e propensão marginal a consumir 
Entre as POF 2002-2003 e 2008-2009, a renda (real) média se elevou em 9,51%.
 a renda dos 92% mais pobres se elevou em 13,45% e,
 a renda dos 8% mais ricos se elevou em 3,45%. 
Esse aumento de renda real é o principal responsável pela queda da propensão marginal a consumir conforme medida para as duas pesquisas.
A melhora na distribuição da renda pode também ter repercutido nesse resultado.

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