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o papeld enfermeiro frente aviolencia obstetrica

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48 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE À VIOLÊNCIA 
OBSTÉTRICA 
 
Leonardo Magela Lopes Matoso * 
 
RESUMO 
 
Violência obstétrica é considerada como 
qualquer ato ou intervenção desnecessária 
para com a mãe ou bebê realizado pelos 
profissionais da área da saúde. A 
enfermagem pode evitar os números de 
abuso contra a mulher, evitando 
intervenções desnecessárias como: dieta 
zero, ocitocina durante o trabalho de parto, 
uso de fórcipe dentre outros. O presente 
estudo realizado através de revisão 
integrativa tem por objetivo o 
aprofundamento do conhecimento acerca 
do papel do enfermeiro frente à violência 
obstétrica. Para tanto, foi realizado uma 
busca nas bases de dados da Literatura 
Latino Americana e do Caribe em Ciências 
da Saúde; Cumulative Index to Nursing and 
Allied Health; Scopus; PubMed; Web of 
Science e Science Direct. Os resultados 
apontaram que ao buscar compreender os 
fatores preponderantes que tem ocasionado 
às violências obstétricas e quais medidas a 
enfermagem vem adotando para prevenir 
e/ou amenizar essa problemática, verificou-
se que o parto normal é o tipo de parto 
escolhido pela grande maioria das 
mulheres, no entanto, sua autonomia 
quanto à escolha é negligenciada, dando 
abertura para uma gama de condutas 
desnecessárias que decaem sobre violência 
verbal e física. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Mestrando do Programa de Pós-
Graduação Interdisciplinar em 
Cognição, Tecnologia e Instituição 
da Universidade Federal Rural do 
Semiárido (Ufersa). Especialista em 
Saúde e Segurança do Trabalho. 
Enfermeiro e Radiologista.
 
 
Palavras-chaves: Violência contra a mulher; Cuidados de enfermagem; Trabalho de 
parto. 
 
 
 
 
A
rt
ig
o
 d
e
 r
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v
is
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o
 
49 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
1 INTRODUÇÃO 
 
A maternidade é um marco 
diferencial na vida de uma mulher. É um 
período de grandes expectativas. Ter 
um filho é considerado de um modo 
diferente, uma experiência arriscada, 
interessante, e dolorosa quando se é 
acometida a uma violência muitas 
vezes sem necessidade (GALLO et al., 
2011). 
Estudos apontam que uma em 
cada quatro mulheres sofrem algum 
tipo de violência obstétrica durante o 
parto, e por mais que sejam alarmantes 
os casos, as mulheres não recebem 
nenhum tipo de assistência, seja ela 
psicológica ou legal. São casos 
tratados como invisíveis aos olhos das 
autoridades, cuja escassez nas 
investigações negligência a conduta 
humanizada e equânime que as 
gestantes deveriam ter. Diante disso, 
as punições não acontecem, pois, parte 
das violências ocorridas não é apurada, 
seja por subnotificação da instituição 
hospitalar ou pela falta de informação 
das mulheres que sofreram algum tipo 
de violência obstétrica (FUNDAÇÃO 
PERSEU ABRAMO, 2010). 
 Sendo assim, considera-se 
como violência obstétrica, qualquer ato 
de invasão ou intervenções 
desnecessárias realizadas por 
profissionais da saúde direcionadas a 
grávida, parturiente ou até mesmo ao 
recém-nascido, se praticado sem o 
consentimento, com tratamento 
abusivo, desrespeito físico, psicológico 
e moral e principalmente quando se 
altera o processo fisiológico da mulher 
(JUAREZ et al., 2012). 
Pontifica-se, na ótica da 
Organização Mundial da Saúde (OMS) 
que a realização de procedimentos 
desnecessários também pode ser 
considerada uma forma de violência 
obstétrica, pois ao submeter à 
parturiente a uma cessaria 
desnecessária estará aumentando os 
riscos de complicações. Assim, podem-
se classificar como procedimentos 
desnecessários as seguintes ações 
assistenciais, a saber: dieta zero, 
prescrição de tricotomia, realização de 
enteróclise, soro parenteral durante o 
trabalho de parto, soro parenteral 
durante a expulsão fetal, ocitocina 
durante o trabalho de parto, ocitocina 
durante a expulsão fetal, uso profilático 
de antibiótico no pós-parto, pressão no 
fundo do útero no período expulsivo, 
uso de fórcipe, realização de 
episiotomia, analgesia durante o 
trabalho de parto (peridural ou 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
50 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
raquianestesia) (CHALMERS; 
PORTER, 2001). 
Diante do exposto, percebe-se 
a necessidade no que tange os 
cuidados obstétricos. Estes não podem 
ser negligenciados e devem decorrer 
antes, durante e após o parto. Toda 
mulher tem o direito de receber as 
prevenções quaternárias e cuidados 
adequados como: tratamento livre de 
danos e mãos tratos, obter 
informações, direitos a escolhas e 
preferencias, inserindo acompanhante 
durante a internação, sendo tratada 
com respeito por toda a equipe, receber 
todos os cuidados necessários, 
tratamento igualitário, e ser livre de 
descriminações. 
Chalmers e Porter (2001) 
defendem que a atuação do enfermeiro 
no parto pode diminuir os números de 
abuso contra a mulher, evitando as 
intervenções desnecessárias na 
incorporação de práticas como: 
presença de familiar durante o trabalho 
de parto, parto em posição não supina, 
presença de partograma, uso de 
ocitócicos no pós-parto, contato pele a 
pele da mãe com o recém-nascido por 
≥ 30 minutos, ações essas que 
reduzem o desconforto emocional, 
físico e os agravos nos casos 
vivenciados, buscando devolver à 
mulher sua autoconfiança para viver a 
gestação, o parto e o puerpério. 
Brasil (2001) corrobora com os 
autores supracitados ao inferirem que 
os profissionais de saúde são 
coadjuvantes dessas experiências e 
nela desempenham importante papel, 
colocando seu conhecimento a serviço 
do bem-estar da mulher e do bebê; 
ajudando-os no processo de parturição 
e nascimento de forma saudável 
sempre levando em consideração os 
princípios da humanização e da 
medicina baseada em evidências. 
Cabe destacar que são muitas 
as campanhas realizadas sobre a 
humanização na hora do parto, visando 
sempre o amparo absoluto, a não 
realização de práticas sem 
necessidade onde restrinjam suas 
escolhas e que alterem o processo 
fisiológico do parto, aumentando assim 
seu sofrimento causando desconforto 
emocional, acarretando um trauma 
psicológico (GONÇALVES et al., 2011). 
De modo geral, o parto é um 
momento único na vida de uma mulher, 
e os cuidados dos profissionais da 
saúde deve ser pautado no 
protagonismo da humanização, onde, a 
mulher deve se a protagonista, 
tornando o momento mais natural e 
fisiológico possível, necessitando 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
51 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
apenas de apoio, atenção, 
conhecimento e acima de tudo 
humanização. 
Com base nesse cenário 
ressalta-se que na obstetrícia, 
atualmente, o modelo tecnocrata 
vigente não oferece a qualidade de 
atendimento à saúde que as mulheres 
necessitam e merecem enquanto 
cidadãs de direito (BRASIL, 2001), uma 
vez que há décadas estudiosos na área 
da saúde vêm problematizando as 
condições da atenção à saúde 
reprodutiva no Brasil. Na assistência ao 
parto, uma das questões mais 
preocupantes é a sua crescente 
medicalização e “cirurgificação”, tendo 
o Brasil como uma das mais altas taxas 
de cesárea do mundo, que segundo 
Tedesco et al. (2004), é de (36,4%) 
quando comparado a vários países do 
mundo como os EUA (24,7%), Canadá 
(19,5%), Dinamarca (13,1%) e Austrália 
(7,5%). 
Em Mossoró, segundo 
Relatório Anual da Secretária Municipal 
de Saúde, no ano de 2012, dos 3.715 
partos ocorridos, 78,2% foram do tipo 
cesáreo (2.904), ficando o do tipo 
normal com 21,7% (805) e 0,2% (06) 
tipo de parto não confirmado. 
Nesse interim, esse estudo 
justifica-se pela relevânciasocial e 
profissional que a temática consegue 
transcorrer. Além disso, justifica-se 
também pelo interesse que surgiu da 
observância dos estágios, vivencia e da 
necessidade, como profissional da área 
de enfermagem, de buscar apreender 
um pouco mais sobre o assunto, ousou-
se materializar a referida produção. 
Espera-se que, com a 
realização do presente estudo, seja 
possível incentivar reflexões sobre a 
importância de construção de novas 
estratégias de enfrentamento da 
violência obstétrica pelos profissionais 
de enfermagem. Espera-se também 
incitar reflexões sobre a importância da 
educação continuada em enfermagem 
e sobre a construção de novas 
abordagens diante da violência 
obstétrica. Uma vez que se apreende 
que é a construção teórica, uma 
ferramenta capaz de atuar como 
mobilizadora e transformadora da 
realidade assistencial. 
Diante do exposto, a finalidade 
maior deste estudo é caracterizar e 
elencar por meio da literatura cientifica 
atual os fatores preponderantes que 
tem ocasionado às violências 
obstétricas e quais medidas a 
enfermagem vêm adotando para 
prevenir e/ou amenizar essa 
problemática. 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
52 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
2 MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Trata-se de uma pesquisa 
bibliográfica, na modalidade de revisão 
integrativa que permitiu reunir e 
sintetizar resultados de pesquisas 
anteriores sobre um delimitado tema ou 
questão, de maneira sistematizada, 
contribuindo assim, para o 
aprofundamento do conhecimento 
acerca de uma área particular 
(WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Esta 
foi realizada em cinco etapas: 
identificação da pergunta norteadora da 
pesquisa (1), busca das literaturas nas 
bases de dados (2), avaliação dos 
documentos quanto ao rigor 
metodológico (3), análise dos dados (4) 
e apresentação dos resultados (5). Em 
suma, a revisão integrativa permitiu a 
síntese de múltiplos estudos 
publicados, tornando viável a 
compreensão do estado da arte da 
temática investigada, enriquecendo 
assim, os conhecimentos pré-
existentes (MENDES et al., 2008). 
Com intuito de direcionar a 
busca e a análise dos resultados da 
literatura investigada lançou-se a 
seguinte indagação: quais os cuidados 
de enfermagem para prevenir e 
amenizar a violência obstétrica? 
A busca das literaturas nas 
bases de dados aconteceu nos meses 
de novembro a dezembro de 2017, 
onde foram utilizadas seis bases de 
dados, a saber: Literatura Latino 
Americana e do Caribe em Ciências da 
Saúde (LILACS); Cumulative Index to 
Nursing and Allied Health (CINAHL); 
Scopus; PubMed; Web of Science e 
Science Direct. 
Os descritores foram escolhidos 
a partir da consulta aos Descritores em 
Ciências da Saúde (DECS) por 
intermédio da Biblioteca Virtual em 
Saúde (BVS) e foram estes: Violence 
against women (1#); Work of childbirth 
(2#); e Nursing care (3#). Foram 
realizados três cruzamentos distintos 
utilizando os descritores controlados e 
o operador booleano and. 
Sendo assim, esse estudo foi 
altercado com os seguintes critérios de 
inclusão: artigos completos disponíveis 
nas bases de dados supracitadas, que 
respondessem à questão norteadora 
do estudo, sem recorte temporal, 
podendo o artigo ter sido publicado em 
qualquer ano e em qualquer idioma. 
Como critérios de exclusão elegeram-
se os textos resumo, editoriais, cartas 
ao editor e artigos que não respondiam 
à questão norteadora que compôs esse 
estudo. 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
53 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
Os estudos foram selecionados 
a partir de três vertentes: análise de 
título, análise de resumo e análise 
minuciosa do artigo completo. Os 
artigos que não continham títulos 
relacionados ao tema foram excluídos 
da segunda parte de análise, e os que 
não continham resumos que se 
adequassem ao objetivo deste estudo 
foi excluída da terceira parte da análise, 
esta última selecionou ou não o artigo 
para desenvolver esta produção. 
Salienta-se que a análise dos 
dados foi realizada de forma descritiva, 
na ótica da literatura pertinente a qual 
permitiu classificar as evidências, bem 
como identificar a necessidade de 
investigações futuras acerca da 
temática (WHITTEMORE; KNAFL, 
2005). 
Cabe inferir que os preceitos 
éticos quanto a estruturação, 
referências e normativas foram 
mantidas, ou seja, as autenticidades 
das ideias, conceitos e definições dos 
autores trabalhados seguiram à risca 
os pressupostos das normas da 
Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT). 
 
3 RESULTADOS 
 
Durante a pesquisa e adotando 
o seguinte cruzamento: “1#” and “2#” 
and “3#”, foram encontrados 35 artigos. 
Com relação ao cruzamento “1#” and 
“3#”, encontrou-se 157 artigos. Por fim, 
com o cruzamento “2#” and “3#”, 
obteve-se 202 artigos. De posse dos 
com 394 artigos partiu-se para leitura 
flutuante, para analisar a pertinência do 
material. Os artigos podem ser 
visualizados No quadro 1. 
 
 
Quadro 1. Resultado das buscas em cada base de dados. 
Base de dados 
Artigos 
encontrados “1#” 
and “2#” and “3# 
Artigos 
encontrados “1# 
and “3# 
Artigos 
encontrados “2# 
and “3# 
LILACS 0 2 0 
CINAHAL 0 3 2 
SCOPUS 20 19 7 
PUBMED 0 92 80 
WEB OF 
SCIENCE 
1 17 38 
SCIENCE 
DIRECT 
13 7 37 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
54 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
PORTAL BVS 1 17 38 
TOTAL 35 157 202 
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017 
 
Salienta-se que de pose dos 
394 artigos, procedeu-se com a leitura 
dos títulos e resumos, aplicando os 
critérios de inclusão e exclusão. Os 
estudos foram selecionados a partir da 
análise de título, análise de resumo e 
análise minuciosa do artigo completo. 
Após a utilização dos critérios de 
 
 
elegibilidade foram excluídos 384 
artigos. Ademais, partiu-se para leitura 
na integra de 10 artigos, onde foram 
excluídos cinco. Assim, o corpus que 
compõem essa revisão integrativa são 
cinco artigos. O quadro 2 apresenta o 
resultado de seleção dos estudos, por 
base de dados, a partir dos 
cruzamentos descritos. 
 
Quadro 2. Artigos inclusos neste estudo. 
Base de dados 
Artigos 
encontrados 
“1#” and “2#” 
and “3# 
Artigos 
encontrados 
“1# and “3# 
Artigos 
encontrados 
“2# and “3# 
LILACS 0 0 0 
CINAHAL 0 0 0 
SCOPUS 0 0 0 
PUBMED 0 1 0 
WEB OF SCIENCE 0 0 1 
SCIENCE DIRECT 0 0 1 
PORTAL BVS 1 1 0 
TOTAL 1 2 2 
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. 
 
Os artigos selecionados foram 
organizados em forma de tabela 
composta pelas seguintes variáveis 
categóricas: identificação do artigo (ID); 
 
autores; título do artigo; ano de 
publicação; delineamento 
metodológico; e local do estudo. 
 
 
 
 
 
 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
55 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
Quadro 3. Artigos que compõem a revisão integrativa. 
ID AUTOR TÍTULO ANO MÉTODO 
LOCAL DO 
ESTUDO 
A SILVA et al. 
Violência obstétrica na 
visão de enfermeiras 
obstetras 
2014 
Relato de 
experiências 
Brasil 
B OCTAVIO et al. 
Non-invasive nursing 
technologies for pain 
relief during 
childbirth—The 
Brazilian nurse 
midwives’ view 
2012 
Revisão 
sistemática 
da literatura 
 
Brasil 
C 
ALTAWELI et 
al. 
Childbirth care 
practices in public 
sector facilities in 
Jeddah, Saudi Arabia: 
A descriptive study 
2014 
Estudo 
descritivo 
 
Arábia 
Saudita 
 
D 
CARVALHO et 
al. 
Como os 
trabalhadores de um 
Centro Obstétrico 
justificam a utilização 
de 
práticas prejudiciais ao 
parto normal 
2011 
Abordagem 
qualitativa, 
pesquisa 
exploratória-
descritiva. 
Brasil 
E SADLER, M.Moving beyond 
disrespect and abuse: 
addressing 
the structural 
dimensions of obstetric 
violence 
2016 
Estudo 
Multicêntrico 
Todos os 
países dos 
autores 
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. 
 
Diante dos resultados 
apresentados e buscando responder à 
questão norteadora que impulsionou 
este estudo, foi elaborado um quadro 
contendo os sentimentos e 
 
 
percepções. Foco do estudo através do 
questionamento traçado. Assim, optou-
se por dividir os achados em 
categorias, para melhor organizar a 
discussão.
 
Quadro 4. Artigos que compõem a revisão integrativa. 
CATEGORIAS 
VIOLÊNCIAS OBSTÉTRICAS/ CUIDADOS 
PARA PREVENÇÃO 
ARTIGO 
PROCEDIMENTOS 
DESNECESSÁRIOS 
Episotomia A, C, D 
Uso de fórceps A 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
56 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
Indicações de cesariana que não são reais. A, C 
Realização de tricotomia A 
Não permitir o direito ao acompanhante A 
Manobra de Kristeller A 
Posição litotomica D 
Uso de hormônios sintéticos A, C, D 
Enema C, D 
VERBALIZAÇÕES 
VIOLENTAS 
 
Na hora de fazer não gritou! A 
Na hora de fazer foi bom né? Agora aguenta. A 
Se não fizer força seu bebê vai morrer e a culpa 
será sua. 
A 
Fica quieta se não vai doer mais! A 
 
CUIDADOS DE 
ENFERMAGEM 
PARA PREVENIR E 
AMENIZAR A 
VIOLÊNCIA 
OBSTÉTRICA 
 
Estimulação da respiração e relaxamento 
 
B 
Uso de massagens e óleos B 
Posicionamento vertical B 
Uso de chuveiros e banhos B 
Uso de bola de nascimento B 
Apoio A 
Manejo do controle emocional A 
Direito a integralidade A 
Contato mãe e bebê nas primeiras horas C 
Respeito D 
Participação nas decisões D 
Carinho e paciência A 
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. 
 
4 DISCUSSÃO 
 
Ao discutir violência obstétrica 
e os cuidados para prevenção desses 
casos, faz-se necessário conceituar 
que as violências acontecem antes, 
durante e após o parto, sendo 
necessário um cuidado especial para 
mulheres vítimas de abusos. O cuidado 
obstétrico baseado em evidências é 
aquele que oferece assistência, apoio e 
proteção, com o mínimo de 
intervenções desnecessárias. 
Diante do exposto, as 
discussões serão apresentadas em 
categorias identificadas a partir da 
análise dos artigos selecionados para o 
estudo. Essa categorização é 
necessária para melhor compreensão 
deste estudo e pela didática 
apresentada. 
 
4.1 Procedimentos desnecessários 
 
Os autores que estudaram o 
tema da violência obstétrica, observada 
em nosso estudo, demonstram o 
interesse dos principais profissionais 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
57 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
envolvidos com a saúde da mulher em 
conhecer a opinião das mulheres. Os 
estudos foram realizados no Brasil e no 
exterior, mesclando diferentes fatores 
culturais, sociais e econômicos 
embutidos na formação de opinião. 
Das discussões que 
permearam os estudos elencados para 
essa revisão integrativa, percebeu-se 
que no que diz respeito aos aspectos 
assistenciais, percebeu-se que os 
procedimentos desnecessários foram 
identificados em algumas pesquisas 
(SILVA et al., 2014; ALTAWELI, et al., 
2014; CARVALHO et al., 2012) que 
apontaram violência obstétrica antes 
durante e após os partos. Alguns 
procedimentos foram episotomia, uso 
de fórceps, indicações de cesariana 
que não eram necessárias, realização 
de tricotomia, há não permissão do 
acompanhante, manobra de Kristeller, 
posição litotômica, uso de hormônios 
sintéticos e enema. 
Os achados dos estudos de 
(SADLER et al., 2017; SILVA et al., 
2014; ALTAWELI et al., 2014; 
CARVALHO et al., 2012) indicam a 
preferência das mulheres pelo parto 
normal, fato que ratifica o que dizem 
vários autores como Bittencourt et al. 
(2013) e Gama et al. (2009). E coincide 
com a preferência pelo parto normal de 
mulheres de outros países. Contudo 
confronta com a ideia de que a “cultura 
da cesárea” está enraizada em nossa 
sociedade, como relatado em 
Mandarino et al. (2010) que indicam 
que, na opinião dos médicos, a maioria 
das mulheres deseja o parto cesáreo. 
Sadler et al. (2017) e Silva et al. (2014) 
revelaram que geralmente a cesárea 
não é pedida pelas mulheres e que 
quando o fazem, esse pedido está 
associado a antecedentes obstétricos 
mórbidos ou a declarações errôneas do 
médico. 
Sendo assim, pode-se 
perceber que a escolha do tipo de parto 
realizado pelas mulheres, muitas vezes 
é sonegada pela manipulação das 
informações prestadas pelos 
profissionais de saúde que 
acompanham o período gestacional 
através do pré-natal. A escolha em 
relação ao tipo de parto é um direito, 
porém a gestante necessita receber 
informações precisas a respeito das 
vias de parto para que possa tomar 
decisões com autonomia e de forma 
segura. Nesse sentido, o diálogo entre 
o profissional de saúde e a mulher 
permite a negociação e a troca de 
informações como forma de garantir 
benefícios na assistência ao parto e o 
favorecimento da liberdade de 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
58 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
expressão da gestante (SILVA et al., 
2014). 
No que concerne os 
procedimentos como episiotomia, uso 
de fórceps, realização de tricotomia, 
manobra de Kristeller, posição 
litotômica, uso de hormônios sintéticos 
e enema; Carvalho et al. (2012) 
advogam que estes não são 
procedimentos baseado em evidências 
e causam malefícios ao binômio mãe-
filho. 
Com esses procedimentos, o 
parto passou a ser vivenciado como um 
momento de intenso sofrimento físico e 
psicológico. O medo, a tensão e a dor 
das parturientes nesse modelo de 
assistência impedem o processo 
fisiológico do parto normal, o que pode 
culmina com práticas intervencionistas 
que, na maioria das vezes, poderiam 
ser evitadas (SILVA et al., 2014). 
Diante desse cenário, ao 
direcionarmos nossos cuidados 
obstétricos antes, durante e após o 
parto, devemos conhecer que toda 
mulher tem o direito legal de receber 
um parto humanizado e livre de maus 
tratos e principalmente livre de 
procedimentos desnecessários 
(VARGENS et al., 2013). 
Segundo o Ministério da 
Saúde, os únicos procedimentos que 
devem ser feitos na parturiente são 
aqueles cuja finalidade é diminuir seu 
sofrimento na hora do parto como: 
medidas não farmacológicas e não 
invasivas para minimizar o estresse e 
aliviar a dor, tais como promover 
ambiente tranquilo e exercícios 
respiratórios, de relaxamento e 
deambulação, além de banhos mornos 
e massagens, que podem ser 
realizadas por familiares e/ou 
profissionais (BRASIL, 2001). 
Destarte, a fim de reverter à 
situação da indicação da cesárea 
desnecessária no Brasil, é necessário o 
desenvolvimento de políticas públicas, 
reflexão dos profissionais envolvidos no 
cenário do parto permitindo e 
respeitando a fisiologia de cada mulher, 
seguindo o seu próprio ritmo, evitando 
intervenções indevidas e fazendo 
cumprir as legislações vigentes, como 
por exemplo, a lei 11.108 de 2005 que 
versa sobre a garantia das parturientes 
o direito à presença de acompanhante 
durante o trabalho de parto, parto e 
pós-parto imediato, no âmbito do 
Sistema Único de Saúde (SUS). 
Nesse interim, nos serviços de 
saúde, independentemente de ser 
privado ou público faz-se necessário 
uma discussão das indicações precisas 
do parto cesáreo, à luz das evidências 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
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científicas propiciando aos profissionais 
a segurança necessária para 
abandonar práticas hoje reconhecidas 
como prejudiciais à saúde da mulher e 
dos recém-nascidos.4.2 Verbalizações violentas 
 
No que se refere a esta 
categoria, estudos apontaram que 
muitos profissionais, principalmente 
médicos e técnicos de enfermagem 
utilizaram uma gama de verbalizações 
violentas no momento mais importante 
na vida das mulheres: o parto. 
Violências verbais como “na hora de 
fazer não gritou!”, “a hora de fazer foi 
bom né”? “Agora “aguenta” se não fizer 
força seu bebê vai morrer e a culpa será 
sua” e “fica quieta se não vai doer 
mais!” foram alguns dos discursos 
utilizados pelos profissionais da saúde 
diante destas condutas errôneas e 
negligentes. 
De encontro com as frases 
violentas e desrespeitosas elencadas 
nesta pesquisa, nos deparamos com 
estudos que apontaram que durante o 
trabalho de parto uma das coisas mais 
complicadas vivenciadas pelas 
mulheres é o manejo do controle 
emocional (SILVA et al., 2014). Na ótica 
de Vargens et al. (2013) a obstetrícia 
baseada em evidencias apontam que 
ser cordial, humanizado e empático 
diante desse momento tão singular na 
vida da mulher são fatores 
determinantes para uma experiência de 
parto positiva. 
No entanto, mais uma vez 
percebe-se uma dicotomia entre 
obstetrícia baseada em evidências e o 
modelo assistencial tradicional, onde 
este último ainda é imperativo no 
campo de atuação obstétrica. 
Nesse sentido, pontifica-se que 
uma assistência obstétrica sem 
respaldo científico, agressiva e que em 
muitas vezes viola os direitos humanos 
básicos das mulheres está atrelada ao 
modelo de parto vigente, como 
demonstram uma gama de estudos 
(SADLER et al., 2017; SILVA et al., 
2014; ALTAWELI et al., 2014; 
CARVALHO et al., 2012; MANDARINO 
et al., 2010). Este modelo é alimentado 
por um sistema de formação e de saúde 
falhos, que não realiza adequada 
fiscalização das instituições de 
formação e de saúde, mesmo quando 
todos os indicadores de saúde materna 
e neonatal divergem dos 
recomendados pela ciência e órgãos de 
regulamentação. 
 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
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4.3 Cuidados de enfermagem para 
prevenir e amenizar a violência 
obstétrica 
 
Os estudos elencados para 
esta revisão integrativa defendem que 
os cuidados inerentes a enfermagem 
diante da prevenção e assistência 
amenizadora da violência obstétrica é 
dever fundamental que assiste o 
enfermeiro e demais profissionais da 
equipe. Alguns cuidados que podem 
ser desenvolvidos antes, durante e 
depois do parto são: estimulação da 
respiração e relaxamento, uso de 
massagens e óleos, posicionamento 
vertical, uso de chuveiros e banhos, 
uso de bola de nascimento, apoio 
emocional, manejo do controle da dor, 
direito a integralidade, contato mãe e 
bebê nas primeiras horas, respeito, 
participação nas decisões, carinho e 
paciência. 
Sadler et al. (2017) discorrem 
que são vastos os efeitos positivos que 
o parto tem no corpo da mãe e do 
recém-nascido. Esses efeitos positivos 
recaem sobre a recuperação da 
mulher, sobre os riscos reduzidos de 
adquirir infecção hospitalar, até uma 
incidência menor de desconforto 
respiratório para o bebê. Mas tal efeito 
só serão presentes caso a assistência 
materno-infantil seja humanizada, 
acolhedora e digna de intercorrências. 
Autores como Altaweli et al. 
(2014) e Carvalho et al. (2012) apontam 
que uma das formas de amenizar a 
violência obstétrica é respeitando o 
direito da mulher e a escolha para via 
de parto. Vargens et al. (2013) 
defendem que o parto normal favorece 
a mãe uma recuperação no pós-parto 
bem mais rápida do que uma 
cesariana, onde a mesma pode 
retornar as suas atividades da vida 
diária, de modo bem mais rápido e sem 
as intercorrências do processo 
anestésico e das dores da incisão 
cirúrgica que são feitas na cesariana. 
Segundo o Ministério da Saúde 
(2010) o objetivo da assistência ao 
parto é cuidar das mulheres e de seus 
recém-nascidos, mantendo-os 
saudáveis, com o mínimo de 
intercorrências, garantindo assim a 
segurança de ambos. Com isso, é 
importante que as intervenções no 
nascimento de uma criança sejam 
realizadas apenas quando 
recomendado e quando for pertinente. 
Todavia, a incidência do parto cesáreo 
tem crescido em diversos países, 
manifestando o interesse de muitos 
pesquisadores internacionais e 
nacionais. 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
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C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
No que concerne algumas 
condutas assistenciais da enfermagem 
para redução da violência obstétrica, 
manejo do controle da dor, direito a 
integralidade, contato mãe e bebê nas 
primeiras horas alguns autores 
advogam que existem inúmeros 
métodos de alívio da dor tanto 
farmacológicos como naturais. 
Portanto, cabe ressaltar a importância 
da informação durante o pré-natal para 
o preparo da mulher para esse 
momento (BITTENCOURT et al., 
2013). 
Além disso, o direito a 
integralidade, autonomia e o contato 
materno-infantil nas primeiras horas 
depois do parto é direito legal que 
assiste a mulher e este deve ser 
cumprido. Para tanto, é interessante, a 
realização da educação continuada na 
saúde e o reforço desta prática nos 
cursos de graduação, uma vez que a 
educação é princípio basilar para 
mudança de comportamento e quebra 
de paradigmas. 
Cabe ressaltar a importância 
da tranquilidade da mulher no processo 
de nascimento, uma vez que o medo e 
o estresse podem atrapalhar na 
liberação do hormônio ocitocina, 
importante na contração uterina e que 
o momento oportuno para se preparar a 
mulher é durante o pré-natal com 
informações claras e discussões sobre 
o processo da gravidez e do 
nascimento e principalmente sobre 
dúvidas e anseios da mulher e de sua 
família (PATAH; MALIK, 2011). 
Destarte, é papel da equipe de 
saúde orientar e esclarecer acerca 
destas questões, tornando as mulheres 
ativas no processo de autocuidado 
durante a gestação e fazendo com que 
as mesmas se sintam segurasse 
autônomas no que concerne o 
processo gestacional, parto e puerpério 
(BITTENCOURT et al., 2013). 
Destaca-se ainda que a prática 
assistencial do profissional, em 
especial da equipe de enfermagem, é 
um fator determinante no grau de 
potencialidade para acolher e 
humanizar a gestante no processo 
parir/nascer (ALTAWELI et al., 2014). 
Assim, compreende-se que a atenção 
obstétrica e neonatal, realizada pelos 
serviços de saúde, deve ter como 
características essenciais à qualidade e 
a humanização. 
Carvalho et al. (2012) deixa 
claro que a proposição da humanização 
no pré-natal e parto é, acima de tudo, o 
reconhecimento da autonomia da 
mulher, enquanto ser humano, e da 
óbvia necessidade de tratar este 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
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C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
momento com práticas que, de fato, 
tenham evidências e permitam 
aumentar a segurança e o bem-estar 
da mulher e do recém-nascido, 
respeitando, sobretudo as suas 
escolhas. 
Diante desse contexto 
complexo que envolve inúmeros 
protagonistas nota-se que o 
enfermeiro, em especial, possui uma 
grande potencialidade no processo de 
humanização e acolhimento, onde 
acima de tudo é primordial que a 
sociedade passe a ter consciência no 
que dizem respeito às práticas 
obstétricas e a importância dos tipos de 
parto, ao ponto das próprias mulheres 
escolherem por qual via irá parir. Essa 
autonomia poderá modificar as práticas 
errôneas da cesariana e priorizar o 
bem-estar da mãe e do seu filho. 
Destarte, no que tange a 
melhoria da assistência obstétrica e 
prevenção da violência é de suma 
importância que os profissionais de 
saúde passem por processos de 
educação continuada e que pautem 
suasabordagens em condutas 
humanizadas, éticas e com ênfase na 
medicina baseada em evidencias. Além 
disso, em casos de qualquer incidência 
de violência obstétrica, se faz 
necessário denunciar por meio dos 
serviços de Atendimento à Mulher, 
como o disque 180 ou o disque 136. As 
denúncias são de suma importância 
para que o SUS e os órgãos judiciais 
apurem os fatos e possam, por meios 
destas denúncias, mudar a realidade 
brasileira, garantindo assim uma 
assistência obstétrica equânime, 
resolutiva e humana. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante deste estudo, percebeu-
se que o processo do parto é um 
fenômeno circunvalado de condutas 
errôneas, que levam a violência 
obstétrica, tendo esta, forte influência 
na vida da mulher, podendo acarretar 
traumas físicos e psicológicos. 
Sendo assim, ao buscar 
compreender os fatores 
preponderantes que tem ocasionado às 
violências obstétricas e quais medidas 
a enfermagem vem adotando para 
prevenir e/ou amenizar essa 
problemática, pode-se verificar que o 
parto normal é o tipo de parto escolhido 
pela grande maioria das mulheres, no 
entanto, sua autonomia quanto à 
escolha é negligenciada, dando 
abertura para uma gama de condutas 
desnecessárias e violência verbal e 
física. 
O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 
 
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No que tange a conduta da 
enfermagem para dirimir a violência 
obstétrica, estas recaem sob a ótica da 
humanização e da assistência integral, 
colocando a mulher como protagonista 
no processo de gestação. Portanto, 
parece que tais condutas não dão conta 
da realidade apresentada, sendo 
necessária a adoção de medidas 
complementares. 
Ressalta-se que a informação 
durante o pré-natal se mostra 
importante fator para que a 
representação da mulher sobre a 
vivência do parto possa ter uma 
conotação positiva a fim de favorecer o 
entendimento do parto como processo 
fisiológico favorecendo assim a 
desmedicalização desse momento que 
pertence à mulher. 
Diante do exposto, pôde-se 
inferir que o impacto deste estudo recai 
na necessidade de aglutinar uma gama 
de estudos dando-lhe inferências 
acerca de uma única temática, 
contribuindo assim para o campo 
científico. Além disso, a percepção de 
que as discussões concatenadas 
ratificam o conhecimento contido na 
literatura de enfermagem no que 
concerne ao assunto, possibilitará a 
revisão e aperfeiçoamento de 
programas de atendimento às 
gestantes. É necessário, então, 
capacitar os profissionais que as 
acompanham no pré-natal, visto que foi 
evidenciada a falta de participação da 
equipe multidisciplinar de saúde de 
forma intensa no período gestacional, a 
partir da realização de consultas pré-
natais humanizadas, incluindo 
orientações e atendimentos dignos 
neste período simbólico que é a 
gestação para a vida das mulheres e de 
suas famílias. 
Destaca-se que este estudo 
suscitou reflexões profundas enquanto 
profissional de enfermagem e ser 
humano, uma vez que estimulou na 
ampliação dos conhecimentos 
obstétricos, fortalecendo uma visão 
crítica sobre a temática. É importante 
destacar que este estudo apresenta 
algumas limitações metodológicas, 
como, por exemplo, o fato de compor 
apenas cinco bases de dados e não 
trabalhar estudos em outros idiomas. 
Neste interim, espera-se que 
esse estudo possa contribuir com 
novas pesquisas referentes a esta 
temática, principalmente estudos 
empíricos e experimentais, devidos 
estes, se configuraram como estudo de 
maior impacto na ciência e que 
fundamenta as práticas cientificas 
baseadas em evidencias. 
64 
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 
THE ROLE OF THE NURSE AGAINST OBSTETRIC VIOLENCE 
 
ABSTRACT 
Obstetric violence is considered as any unnecessary act or intervention to the 
mother or baby performed by health professionals. Nursing can avoid the 
numbers of abuse against women, avoiding unnecessary interventions such as: 
zero diet, oxytocin during labor, use of forceps among others. The present study 
carried out through an integrative review aims to deepen the knowledge about 
the role of the nurse in the face of obstetric violence. For that, a search was 
made in the databases of Latin American and Caribbean Literature in Health 
Sciences; Cumulative Index to Nursing and Allied Health; Scopus; PubMed; 
Web of Science and Science Direct. The results pointed out that in seeking to 
understand the preponderant factors that have led to obstetric violence and 
what measures nursing has been adopting to prevent and / or ameliorate this 
problem, it has been observed that normal delivery is the type of delivery chosen 
by the vast majority of women , however, their autonomy over choice is 
neglected, opening up to a range of unnecessary conduct that decays over 
verbal and physical violence. 
 
Keywords: Violence against women; Nursing care; Labor. 
 
Artigo recebido em 12/12/2017 e aceito para publicação em 09/02/2018. 
 
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