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48 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 O PAPEL DO ENFERMEIRO FRENTE À VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA Leonardo Magela Lopes Matoso * RESUMO Violência obstétrica é considerada como qualquer ato ou intervenção desnecessária para com a mãe ou bebê realizado pelos profissionais da área da saúde. A enfermagem pode evitar os números de abuso contra a mulher, evitando intervenções desnecessárias como: dieta zero, ocitocina durante o trabalho de parto, uso de fórcipe dentre outros. O presente estudo realizado através de revisão integrativa tem por objetivo o aprofundamento do conhecimento acerca do papel do enfermeiro frente à violência obstétrica. Para tanto, foi realizado uma busca nas bases de dados da Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; Cumulative Index to Nursing and Allied Health; Scopus; PubMed; Web of Science e Science Direct. Os resultados apontaram que ao buscar compreender os fatores preponderantes que tem ocasionado às violências obstétricas e quais medidas a enfermagem vem adotando para prevenir e/ou amenizar essa problemática, verificou- se que o parto normal é o tipo de parto escolhido pela grande maioria das mulheres, no entanto, sua autonomia quanto à escolha é negligenciada, dando abertura para uma gama de condutas desnecessárias que decaem sobre violência verbal e física. Mestrando do Programa de Pós- Graduação Interdisciplinar em Cognição, Tecnologia e Instituição da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa). Especialista em Saúde e Segurança do Trabalho. Enfermeiro e Radiologista. Palavras-chaves: Violência contra a mulher; Cuidados de enfermagem; Trabalho de parto. A rt ig o d e r e v is ã o 49 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 1 INTRODUÇÃO A maternidade é um marco diferencial na vida de uma mulher. É um período de grandes expectativas. Ter um filho é considerado de um modo diferente, uma experiência arriscada, interessante, e dolorosa quando se é acometida a uma violência muitas vezes sem necessidade (GALLO et al., 2011). Estudos apontam que uma em cada quatro mulheres sofrem algum tipo de violência obstétrica durante o parto, e por mais que sejam alarmantes os casos, as mulheres não recebem nenhum tipo de assistência, seja ela psicológica ou legal. São casos tratados como invisíveis aos olhos das autoridades, cuja escassez nas investigações negligência a conduta humanizada e equânime que as gestantes deveriam ter. Diante disso, as punições não acontecem, pois, parte das violências ocorridas não é apurada, seja por subnotificação da instituição hospitalar ou pela falta de informação das mulheres que sofreram algum tipo de violência obstétrica (FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 2010). Sendo assim, considera-se como violência obstétrica, qualquer ato de invasão ou intervenções desnecessárias realizadas por profissionais da saúde direcionadas a grávida, parturiente ou até mesmo ao recém-nascido, se praticado sem o consentimento, com tratamento abusivo, desrespeito físico, psicológico e moral e principalmente quando se altera o processo fisiológico da mulher (JUAREZ et al., 2012). Pontifica-se, na ótica da Organização Mundial da Saúde (OMS) que a realização de procedimentos desnecessários também pode ser considerada uma forma de violência obstétrica, pois ao submeter à parturiente a uma cessaria desnecessária estará aumentando os riscos de complicações. Assim, podem- se classificar como procedimentos desnecessários as seguintes ações assistenciais, a saber: dieta zero, prescrição de tricotomia, realização de enteróclise, soro parenteral durante o trabalho de parto, soro parenteral durante a expulsão fetal, ocitocina durante o trabalho de parto, ocitocina durante a expulsão fetal, uso profilático de antibiótico no pós-parto, pressão no fundo do útero no período expulsivo, uso de fórcipe, realização de episiotomia, analgesia durante o trabalho de parto (peridural ou O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 50 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 raquianestesia) (CHALMERS; PORTER, 2001). Diante do exposto, percebe-se a necessidade no que tange os cuidados obstétricos. Estes não podem ser negligenciados e devem decorrer antes, durante e após o parto. Toda mulher tem o direito de receber as prevenções quaternárias e cuidados adequados como: tratamento livre de danos e mãos tratos, obter informações, direitos a escolhas e preferencias, inserindo acompanhante durante a internação, sendo tratada com respeito por toda a equipe, receber todos os cuidados necessários, tratamento igualitário, e ser livre de descriminações. Chalmers e Porter (2001) defendem que a atuação do enfermeiro no parto pode diminuir os números de abuso contra a mulher, evitando as intervenções desnecessárias na incorporação de práticas como: presença de familiar durante o trabalho de parto, parto em posição não supina, presença de partograma, uso de ocitócicos no pós-parto, contato pele a pele da mãe com o recém-nascido por ≥ 30 minutos, ações essas que reduzem o desconforto emocional, físico e os agravos nos casos vivenciados, buscando devolver à mulher sua autoconfiança para viver a gestação, o parto e o puerpério. Brasil (2001) corrobora com os autores supracitados ao inferirem que os profissionais de saúde são coadjuvantes dessas experiências e nela desempenham importante papel, colocando seu conhecimento a serviço do bem-estar da mulher e do bebê; ajudando-os no processo de parturição e nascimento de forma saudável sempre levando em consideração os princípios da humanização e da medicina baseada em evidências. Cabe destacar que são muitas as campanhas realizadas sobre a humanização na hora do parto, visando sempre o amparo absoluto, a não realização de práticas sem necessidade onde restrinjam suas escolhas e que alterem o processo fisiológico do parto, aumentando assim seu sofrimento causando desconforto emocional, acarretando um trauma psicológico (GONÇALVES et al., 2011). De modo geral, o parto é um momento único na vida de uma mulher, e os cuidados dos profissionais da saúde deve ser pautado no protagonismo da humanização, onde, a mulher deve se a protagonista, tornando o momento mais natural e fisiológico possível, necessitando O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 51 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 apenas de apoio, atenção, conhecimento e acima de tudo humanização. Com base nesse cenário ressalta-se que na obstetrícia, atualmente, o modelo tecnocrata vigente não oferece a qualidade de atendimento à saúde que as mulheres necessitam e merecem enquanto cidadãs de direito (BRASIL, 2001), uma vez que há décadas estudiosos na área da saúde vêm problematizando as condições da atenção à saúde reprodutiva no Brasil. Na assistência ao parto, uma das questões mais preocupantes é a sua crescente medicalização e “cirurgificação”, tendo o Brasil como uma das mais altas taxas de cesárea do mundo, que segundo Tedesco et al. (2004), é de (36,4%) quando comparado a vários países do mundo como os EUA (24,7%), Canadá (19,5%), Dinamarca (13,1%) e Austrália (7,5%). Em Mossoró, segundo Relatório Anual da Secretária Municipal de Saúde, no ano de 2012, dos 3.715 partos ocorridos, 78,2% foram do tipo cesáreo (2.904), ficando o do tipo normal com 21,7% (805) e 0,2% (06) tipo de parto não confirmado. Nesse interim, esse estudo justifica-se pela relevânciasocial e profissional que a temática consegue transcorrer. Além disso, justifica-se também pelo interesse que surgiu da observância dos estágios, vivencia e da necessidade, como profissional da área de enfermagem, de buscar apreender um pouco mais sobre o assunto, ousou- se materializar a referida produção. Espera-se que, com a realização do presente estudo, seja possível incentivar reflexões sobre a importância de construção de novas estratégias de enfrentamento da violência obstétrica pelos profissionais de enfermagem. Espera-se também incitar reflexões sobre a importância da educação continuada em enfermagem e sobre a construção de novas abordagens diante da violência obstétrica. Uma vez que se apreende que é a construção teórica, uma ferramenta capaz de atuar como mobilizadora e transformadora da realidade assistencial. Diante do exposto, a finalidade maior deste estudo é caracterizar e elencar por meio da literatura cientifica atual os fatores preponderantes que tem ocasionado às violências obstétricas e quais medidas a enfermagem vêm adotando para prevenir e/ou amenizar essa problemática. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 52 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 2 MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, na modalidade de revisão integrativa que permitiu reunir e sintetizar resultados de pesquisas anteriores sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistematizada, contribuindo assim, para o aprofundamento do conhecimento acerca de uma área particular (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Esta foi realizada em cinco etapas: identificação da pergunta norteadora da pesquisa (1), busca das literaturas nas bases de dados (2), avaliação dos documentos quanto ao rigor metodológico (3), análise dos dados (4) e apresentação dos resultados (5). Em suma, a revisão integrativa permitiu a síntese de múltiplos estudos publicados, tornando viável a compreensão do estado da arte da temática investigada, enriquecendo assim, os conhecimentos pré- existentes (MENDES et al., 2008). Com intuito de direcionar a busca e a análise dos resultados da literatura investigada lançou-se a seguinte indagação: quais os cuidados de enfermagem para prevenir e amenizar a violência obstétrica? A busca das literaturas nas bases de dados aconteceu nos meses de novembro a dezembro de 2017, onde foram utilizadas seis bases de dados, a saber: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Cumulative Index to Nursing and Allied Health (CINAHL); Scopus; PubMed; Web of Science e Science Direct. Os descritores foram escolhidos a partir da consulta aos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) por intermédio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e foram estes: Violence against women (1#); Work of childbirth (2#); e Nursing care (3#). Foram realizados três cruzamentos distintos utilizando os descritores controlados e o operador booleano and. Sendo assim, esse estudo foi altercado com os seguintes critérios de inclusão: artigos completos disponíveis nas bases de dados supracitadas, que respondessem à questão norteadora do estudo, sem recorte temporal, podendo o artigo ter sido publicado em qualquer ano e em qualquer idioma. Como critérios de exclusão elegeram- se os textos resumo, editoriais, cartas ao editor e artigos que não respondiam à questão norteadora que compôs esse estudo. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 53 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 Os estudos foram selecionados a partir de três vertentes: análise de título, análise de resumo e análise minuciosa do artigo completo. Os artigos que não continham títulos relacionados ao tema foram excluídos da segunda parte de análise, e os que não continham resumos que se adequassem ao objetivo deste estudo foi excluída da terceira parte da análise, esta última selecionou ou não o artigo para desenvolver esta produção. Salienta-se que a análise dos dados foi realizada de forma descritiva, na ótica da literatura pertinente a qual permitiu classificar as evidências, bem como identificar a necessidade de investigações futuras acerca da temática (WHITTEMORE; KNAFL, 2005). Cabe inferir que os preceitos éticos quanto a estruturação, referências e normativas foram mantidas, ou seja, as autenticidades das ideias, conceitos e definições dos autores trabalhados seguiram à risca os pressupostos das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 3 RESULTADOS Durante a pesquisa e adotando o seguinte cruzamento: “1#” and “2#” and “3#”, foram encontrados 35 artigos. Com relação ao cruzamento “1#” and “3#”, encontrou-se 157 artigos. Por fim, com o cruzamento “2#” and “3#”, obteve-se 202 artigos. De posse dos com 394 artigos partiu-se para leitura flutuante, para analisar a pertinência do material. Os artigos podem ser visualizados No quadro 1. Quadro 1. Resultado das buscas em cada base de dados. Base de dados Artigos encontrados “1#” and “2#” and “3# Artigos encontrados “1# and “3# Artigos encontrados “2# and “3# LILACS 0 2 0 CINAHAL 0 3 2 SCOPUS 20 19 7 PUBMED 0 92 80 WEB OF SCIENCE 1 17 38 SCIENCE DIRECT 13 7 37 O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 54 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 PORTAL BVS 1 17 38 TOTAL 35 157 202 Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017 Salienta-se que de pose dos 394 artigos, procedeu-se com a leitura dos títulos e resumos, aplicando os critérios de inclusão e exclusão. Os estudos foram selecionados a partir da análise de título, análise de resumo e análise minuciosa do artigo completo. Após a utilização dos critérios de elegibilidade foram excluídos 384 artigos. Ademais, partiu-se para leitura na integra de 10 artigos, onde foram excluídos cinco. Assim, o corpus que compõem essa revisão integrativa são cinco artigos. O quadro 2 apresenta o resultado de seleção dos estudos, por base de dados, a partir dos cruzamentos descritos. Quadro 2. Artigos inclusos neste estudo. Base de dados Artigos encontrados “1#” and “2#” and “3# Artigos encontrados “1# and “3# Artigos encontrados “2# and “3# LILACS 0 0 0 CINAHAL 0 0 0 SCOPUS 0 0 0 PUBMED 0 1 0 WEB OF SCIENCE 0 0 1 SCIENCE DIRECT 0 0 1 PORTAL BVS 1 1 0 TOTAL 1 2 2 Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. Os artigos selecionados foram organizados em forma de tabela composta pelas seguintes variáveis categóricas: identificação do artigo (ID); autores; título do artigo; ano de publicação; delineamento metodológico; e local do estudo. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 55 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 Quadro 3. Artigos que compõem a revisão integrativa. ID AUTOR TÍTULO ANO MÉTODO LOCAL DO ESTUDO A SILVA et al. Violência obstétrica na visão de enfermeiras obstetras 2014 Relato de experiências Brasil B OCTAVIO et al. Non-invasive nursing technologies for pain relief during childbirth—The Brazilian nurse midwives’ view 2012 Revisão sistemática da literatura Brasil C ALTAWELI et al. Childbirth care practices in public sector facilities in Jeddah, Saudi Arabia: A descriptive study 2014 Estudo descritivo Arábia Saudita D CARVALHO et al. Como os trabalhadores de um Centro Obstétrico justificam a utilização de práticas prejudiciais ao parto normal 2011 Abordagem qualitativa, pesquisa exploratória- descritiva. Brasil E SADLER, M.Moving beyond disrespect and abuse: addressing the structural dimensions of obstetric violence 2016 Estudo Multicêntrico Todos os países dos autores Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. Diante dos resultados apresentados e buscando responder à questão norteadora que impulsionou este estudo, foi elaborado um quadro contendo os sentimentos e percepções. Foco do estudo através do questionamento traçado. Assim, optou- se por dividir os achados em categorias, para melhor organizar a discussão. Quadro 4. Artigos que compõem a revisão integrativa. CATEGORIAS VIOLÊNCIAS OBSTÉTRICAS/ CUIDADOS PARA PREVENÇÃO ARTIGO PROCEDIMENTOS DESNECESSÁRIOS Episotomia A, C, D Uso de fórceps A O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 56 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 Indicações de cesariana que não são reais. A, C Realização de tricotomia A Não permitir o direito ao acompanhante A Manobra de Kristeller A Posição litotomica D Uso de hormônios sintéticos A, C, D Enema C, D VERBALIZAÇÕES VIOLENTAS Na hora de fazer não gritou! A Na hora de fazer foi bom né? Agora aguenta. A Se não fizer força seu bebê vai morrer e a culpa será sua. A Fica quieta se não vai doer mais! A CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA PREVENIR E AMENIZAR A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA Estimulação da respiração e relaxamento B Uso de massagens e óleos B Posicionamento vertical B Uso de chuveiros e banhos B Uso de bola de nascimento B Apoio A Manejo do controle emocional A Direito a integralidade A Contato mãe e bebê nas primeiras horas C Respeito D Participação nas decisões D Carinho e paciência A Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017. 4 DISCUSSÃO Ao discutir violência obstétrica e os cuidados para prevenção desses casos, faz-se necessário conceituar que as violências acontecem antes, durante e após o parto, sendo necessário um cuidado especial para mulheres vítimas de abusos. O cuidado obstétrico baseado em evidências é aquele que oferece assistência, apoio e proteção, com o mínimo de intervenções desnecessárias. Diante do exposto, as discussões serão apresentadas em categorias identificadas a partir da análise dos artigos selecionados para o estudo. Essa categorização é necessária para melhor compreensão deste estudo e pela didática apresentada. 4.1 Procedimentos desnecessários Os autores que estudaram o tema da violência obstétrica, observada em nosso estudo, demonstram o interesse dos principais profissionais O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 57 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 envolvidos com a saúde da mulher em conhecer a opinião das mulheres. Os estudos foram realizados no Brasil e no exterior, mesclando diferentes fatores culturais, sociais e econômicos embutidos na formação de opinião. Das discussões que permearam os estudos elencados para essa revisão integrativa, percebeu-se que no que diz respeito aos aspectos assistenciais, percebeu-se que os procedimentos desnecessários foram identificados em algumas pesquisas (SILVA et al., 2014; ALTAWELI, et al., 2014; CARVALHO et al., 2012) que apontaram violência obstétrica antes durante e após os partos. Alguns procedimentos foram episotomia, uso de fórceps, indicações de cesariana que não eram necessárias, realização de tricotomia, há não permissão do acompanhante, manobra de Kristeller, posição litotômica, uso de hormônios sintéticos e enema. Os achados dos estudos de (SADLER et al., 2017; SILVA et al., 2014; ALTAWELI et al., 2014; CARVALHO et al., 2012) indicam a preferência das mulheres pelo parto normal, fato que ratifica o que dizem vários autores como Bittencourt et al. (2013) e Gama et al. (2009). E coincide com a preferência pelo parto normal de mulheres de outros países. Contudo confronta com a ideia de que a “cultura da cesárea” está enraizada em nossa sociedade, como relatado em Mandarino et al. (2010) que indicam que, na opinião dos médicos, a maioria das mulheres deseja o parto cesáreo. Sadler et al. (2017) e Silva et al. (2014) revelaram que geralmente a cesárea não é pedida pelas mulheres e que quando o fazem, esse pedido está associado a antecedentes obstétricos mórbidos ou a declarações errôneas do médico. Sendo assim, pode-se perceber que a escolha do tipo de parto realizado pelas mulheres, muitas vezes é sonegada pela manipulação das informações prestadas pelos profissionais de saúde que acompanham o período gestacional através do pré-natal. A escolha em relação ao tipo de parto é um direito, porém a gestante necessita receber informações precisas a respeito das vias de parto para que possa tomar decisões com autonomia e de forma segura. Nesse sentido, o diálogo entre o profissional de saúde e a mulher permite a negociação e a troca de informações como forma de garantir benefícios na assistência ao parto e o favorecimento da liberdade de O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 58 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 expressão da gestante (SILVA et al., 2014). No que concerne os procedimentos como episiotomia, uso de fórceps, realização de tricotomia, manobra de Kristeller, posição litotômica, uso de hormônios sintéticos e enema; Carvalho et al. (2012) advogam que estes não são procedimentos baseado em evidências e causam malefícios ao binômio mãe- filho. Com esses procedimentos, o parto passou a ser vivenciado como um momento de intenso sofrimento físico e psicológico. O medo, a tensão e a dor das parturientes nesse modelo de assistência impedem o processo fisiológico do parto normal, o que pode culmina com práticas intervencionistas que, na maioria das vezes, poderiam ser evitadas (SILVA et al., 2014). Diante desse cenário, ao direcionarmos nossos cuidados obstétricos antes, durante e após o parto, devemos conhecer que toda mulher tem o direito legal de receber um parto humanizado e livre de maus tratos e principalmente livre de procedimentos desnecessários (VARGENS et al., 2013). Segundo o Ministério da Saúde, os únicos procedimentos que devem ser feitos na parturiente são aqueles cuja finalidade é diminuir seu sofrimento na hora do parto como: medidas não farmacológicas e não invasivas para minimizar o estresse e aliviar a dor, tais como promover ambiente tranquilo e exercícios respiratórios, de relaxamento e deambulação, além de banhos mornos e massagens, que podem ser realizadas por familiares e/ou profissionais (BRASIL, 2001). Destarte, a fim de reverter à situação da indicação da cesárea desnecessária no Brasil, é necessário o desenvolvimento de políticas públicas, reflexão dos profissionais envolvidos no cenário do parto permitindo e respeitando a fisiologia de cada mulher, seguindo o seu próprio ritmo, evitando intervenções indevidas e fazendo cumprir as legislações vigentes, como por exemplo, a lei 11.108 de 2005 que versa sobre a garantia das parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse interim, nos serviços de saúde, independentemente de ser privado ou público faz-se necessário uma discussão das indicações precisas do parto cesáreo, à luz das evidências O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 59 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 científicas propiciando aos profissionais a segurança necessária para abandonar práticas hoje reconhecidas como prejudiciais à saúde da mulher e dos recém-nascidos.4.2 Verbalizações violentas No que se refere a esta categoria, estudos apontaram que muitos profissionais, principalmente médicos e técnicos de enfermagem utilizaram uma gama de verbalizações violentas no momento mais importante na vida das mulheres: o parto. Violências verbais como “na hora de fazer não gritou!”, “a hora de fazer foi bom né”? “Agora “aguenta” se não fizer força seu bebê vai morrer e a culpa será sua” e “fica quieta se não vai doer mais!” foram alguns dos discursos utilizados pelos profissionais da saúde diante destas condutas errôneas e negligentes. De encontro com as frases violentas e desrespeitosas elencadas nesta pesquisa, nos deparamos com estudos que apontaram que durante o trabalho de parto uma das coisas mais complicadas vivenciadas pelas mulheres é o manejo do controle emocional (SILVA et al., 2014). Na ótica de Vargens et al. (2013) a obstetrícia baseada em evidencias apontam que ser cordial, humanizado e empático diante desse momento tão singular na vida da mulher são fatores determinantes para uma experiência de parto positiva. No entanto, mais uma vez percebe-se uma dicotomia entre obstetrícia baseada em evidências e o modelo assistencial tradicional, onde este último ainda é imperativo no campo de atuação obstétrica. Nesse sentido, pontifica-se que uma assistência obstétrica sem respaldo científico, agressiva e que em muitas vezes viola os direitos humanos básicos das mulheres está atrelada ao modelo de parto vigente, como demonstram uma gama de estudos (SADLER et al., 2017; SILVA et al., 2014; ALTAWELI et al., 2014; CARVALHO et al., 2012; MANDARINO et al., 2010). Este modelo é alimentado por um sistema de formação e de saúde falhos, que não realiza adequada fiscalização das instituições de formação e de saúde, mesmo quando todos os indicadores de saúde materna e neonatal divergem dos recomendados pela ciência e órgãos de regulamentação. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 60 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 4.3 Cuidados de enfermagem para prevenir e amenizar a violência obstétrica Os estudos elencados para esta revisão integrativa defendem que os cuidados inerentes a enfermagem diante da prevenção e assistência amenizadora da violência obstétrica é dever fundamental que assiste o enfermeiro e demais profissionais da equipe. Alguns cuidados que podem ser desenvolvidos antes, durante e depois do parto são: estimulação da respiração e relaxamento, uso de massagens e óleos, posicionamento vertical, uso de chuveiros e banhos, uso de bola de nascimento, apoio emocional, manejo do controle da dor, direito a integralidade, contato mãe e bebê nas primeiras horas, respeito, participação nas decisões, carinho e paciência. Sadler et al. (2017) discorrem que são vastos os efeitos positivos que o parto tem no corpo da mãe e do recém-nascido. Esses efeitos positivos recaem sobre a recuperação da mulher, sobre os riscos reduzidos de adquirir infecção hospitalar, até uma incidência menor de desconforto respiratório para o bebê. Mas tal efeito só serão presentes caso a assistência materno-infantil seja humanizada, acolhedora e digna de intercorrências. Autores como Altaweli et al. (2014) e Carvalho et al. (2012) apontam que uma das formas de amenizar a violência obstétrica é respeitando o direito da mulher e a escolha para via de parto. Vargens et al. (2013) defendem que o parto normal favorece a mãe uma recuperação no pós-parto bem mais rápida do que uma cesariana, onde a mesma pode retornar as suas atividades da vida diária, de modo bem mais rápido e sem as intercorrências do processo anestésico e das dores da incisão cirúrgica que são feitas na cesariana. Segundo o Ministério da Saúde (2010) o objetivo da assistência ao parto é cuidar das mulheres e de seus recém-nascidos, mantendo-os saudáveis, com o mínimo de intercorrências, garantindo assim a segurança de ambos. Com isso, é importante que as intervenções no nascimento de uma criança sejam realizadas apenas quando recomendado e quando for pertinente. Todavia, a incidência do parto cesáreo tem crescido em diversos países, manifestando o interesse de muitos pesquisadores internacionais e nacionais. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 61 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 No que concerne algumas condutas assistenciais da enfermagem para redução da violência obstétrica, manejo do controle da dor, direito a integralidade, contato mãe e bebê nas primeiras horas alguns autores advogam que existem inúmeros métodos de alívio da dor tanto farmacológicos como naturais. Portanto, cabe ressaltar a importância da informação durante o pré-natal para o preparo da mulher para esse momento (BITTENCOURT et al., 2013). Além disso, o direito a integralidade, autonomia e o contato materno-infantil nas primeiras horas depois do parto é direito legal que assiste a mulher e este deve ser cumprido. Para tanto, é interessante, a realização da educação continuada na saúde e o reforço desta prática nos cursos de graduação, uma vez que a educação é princípio basilar para mudança de comportamento e quebra de paradigmas. Cabe ressaltar a importância da tranquilidade da mulher no processo de nascimento, uma vez que o medo e o estresse podem atrapalhar na liberação do hormônio ocitocina, importante na contração uterina e que o momento oportuno para se preparar a mulher é durante o pré-natal com informações claras e discussões sobre o processo da gravidez e do nascimento e principalmente sobre dúvidas e anseios da mulher e de sua família (PATAH; MALIK, 2011). Destarte, é papel da equipe de saúde orientar e esclarecer acerca destas questões, tornando as mulheres ativas no processo de autocuidado durante a gestação e fazendo com que as mesmas se sintam segurasse autônomas no que concerne o processo gestacional, parto e puerpério (BITTENCOURT et al., 2013). Destaca-se ainda que a prática assistencial do profissional, em especial da equipe de enfermagem, é um fator determinante no grau de potencialidade para acolher e humanizar a gestante no processo parir/nascer (ALTAWELI et al., 2014). Assim, compreende-se que a atenção obstétrica e neonatal, realizada pelos serviços de saúde, deve ter como características essenciais à qualidade e a humanização. Carvalho et al. (2012) deixa claro que a proposição da humanização no pré-natal e parto é, acima de tudo, o reconhecimento da autonomia da mulher, enquanto ser humano, e da óbvia necessidade de tratar este O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 62 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 momento com práticas que, de fato, tenham evidências e permitam aumentar a segurança e o bem-estar da mulher e do recém-nascido, respeitando, sobretudo as suas escolhas. Diante desse contexto complexo que envolve inúmeros protagonistas nota-se que o enfermeiro, em especial, possui uma grande potencialidade no processo de humanização e acolhimento, onde acima de tudo é primordial que a sociedade passe a ter consciência no que dizem respeito às práticas obstétricas e a importância dos tipos de parto, ao ponto das próprias mulheres escolherem por qual via irá parir. Essa autonomia poderá modificar as práticas errôneas da cesariana e priorizar o bem-estar da mãe e do seu filho. Destarte, no que tange a melhoria da assistência obstétrica e prevenção da violência é de suma importância que os profissionais de saúde passem por processos de educação continuada e que pautem suasabordagens em condutas humanizadas, éticas e com ênfase na medicina baseada em evidencias. Além disso, em casos de qualquer incidência de violência obstétrica, se faz necessário denunciar por meio dos serviços de Atendimento à Mulher, como o disque 180 ou o disque 136. As denúncias são de suma importância para que o SUS e os órgãos judiciais apurem os fatos e possam, por meios destas denúncias, mudar a realidade brasileira, garantindo assim uma assistência obstétrica equânime, resolutiva e humana. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante deste estudo, percebeu- se que o processo do parto é um fenômeno circunvalado de condutas errôneas, que levam a violência obstétrica, tendo esta, forte influência na vida da mulher, podendo acarretar traumas físicos e psicológicos. Sendo assim, ao buscar compreender os fatores preponderantes que tem ocasionado às violências obstétricas e quais medidas a enfermagem vem adotando para prevenir e/ou amenizar essa problemática, pode-se verificar que o parto normal é o tipo de parto escolhido pela grande maioria das mulheres, no entanto, sua autonomia quanto à escolha é negligenciada, dando abertura para uma gama de condutas desnecessárias e violência verbal e física. O papel do enfermeiro frente à violência obstétrica 63 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 No que tange a conduta da enfermagem para dirimir a violência obstétrica, estas recaem sob a ótica da humanização e da assistência integral, colocando a mulher como protagonista no processo de gestação. Portanto, parece que tais condutas não dão conta da realidade apresentada, sendo necessária a adoção de medidas complementares. Ressalta-se que a informação durante o pré-natal se mostra importante fator para que a representação da mulher sobre a vivência do parto possa ter uma conotação positiva a fim de favorecer o entendimento do parto como processo fisiológico favorecendo assim a desmedicalização desse momento que pertence à mulher. Diante do exposto, pôde-se inferir que o impacto deste estudo recai na necessidade de aglutinar uma gama de estudos dando-lhe inferências acerca de uma única temática, contribuindo assim para o campo científico. Além disso, a percepção de que as discussões concatenadas ratificam o conhecimento contido na literatura de enfermagem no que concerne ao assunto, possibilitará a revisão e aperfeiçoamento de programas de atendimento às gestantes. É necessário, então, capacitar os profissionais que as acompanham no pré-natal, visto que foi evidenciada a falta de participação da equipe multidisciplinar de saúde de forma intensa no período gestacional, a partir da realização de consultas pré- natais humanizadas, incluindo orientações e atendimentos dignos neste período simbólico que é a gestação para a vida das mulheres e de suas famílias. Destaca-se que este estudo suscitou reflexões profundas enquanto profissional de enfermagem e ser humano, uma vez que estimulou na ampliação dos conhecimentos obstétricos, fortalecendo uma visão crítica sobre a temática. É importante destacar que este estudo apresenta algumas limitações metodológicas, como, por exemplo, o fato de compor apenas cinco bases de dados e não trabalhar estudos em outros idiomas. Neste interim, espera-se que esse estudo possa contribuir com novas pesquisas referentes a esta temática, principalmente estudos empíricos e experimentais, devidos estes, se configuraram como estudo de maior impacto na ciência e que fundamenta as práticas cientificas baseadas em evidencias. 64 C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.1, p. 49-65, jan/abr. 2018 THE ROLE OF THE NURSE AGAINST OBSTETRIC VIOLENCE ABSTRACT Obstetric violence is considered as any unnecessary act or intervention to the mother or baby performed by health professionals. Nursing can avoid the numbers of abuse against women, avoiding unnecessary interventions such as: zero diet, oxytocin during labor, use of forceps among others. The present study carried out through an integrative review aims to deepen the knowledge about the role of the nurse in the face of obstetric violence. For that, a search was made in the databases of Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences; Cumulative Index to Nursing and Allied Health; Scopus; PubMed; Web of Science and Science Direct. The results pointed out that in seeking to understand the preponderant factors that have led to obstetric violence and what measures nursing has been adopting to prevent and / or ameliorate this problem, it has been observed that normal delivery is the type of delivery chosen by the vast majority of women , however, their autonomy over choice is neglected, opening up to a range of unnecessary conduct that decays over verbal and physical violence. Keywords: Violence against women; Nursing care; Labor. Artigo recebido em 12/12/2017 e aceito para publicação em 09/02/2018. REFERÊNCIAS ALTAWELI, R.F. et al. Childbirth care practices in public sector facilities in jeddah, saudi arabia: a descriptive study. Midwifery, v.30, n.3, p.899-909, 2014. BITTENCOURT, F. et al. Concepção de gestantes sobre o parto cesariano. Cogitare Enferm, v.18, n.3, p.515-20, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília, DF, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v17n3/ 14. Acesso em: 06 abr. 2017. CARVALHO, V.F. et al. Como os trabalhadores de um centro obstétrico justificam a utilização de práticas prejudiciais ao parto normal. Rev Esc Enferm USP, v.46, n.1, p.30-37, 2012. CHALMERS, B.; PORTER, R. Assessing effective care in normal labor: the bologna score. Birth, v.28, n.2, p.79-83, 2001. GONCALVES, R. et al. Experiencing care in the birthing center context: the users' perspective. 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