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CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS PESQUISAS E AVANÇOS VOL 1 ORGANIZADORES: KATARYNE ARABE RIMA DE OLIVEIRA JACKSON ANDSON DE MEDEIROS CAROLINA MADAZIO NIRO KAROLINY BRITO SAMPAIO MAIARA DA COSTA LIMA CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS PESQUISAS E AVANÇOS VOL 1 ORGANIZADORES: KATARYNE ARABE RIMA DE OLIVEIRA JACKSON ANDSON DE MEDEIROS CAROLINA MADAZIO NIRO KAROLINY BRITO SAMPAIO MAIARA DA COSTA LIMA EDITOR CHEFE Jackson Andson de Medeiros CORPO EDITORIAL Carolina Madazio Niro Jackson Andson de Medeiros Jaelyson Max Pereira de Medeiros REVISÃO FINAL Jackson Andson de Medeiros Kataryne Arabe Rima de Oliveira Carolina Madazio Niro CAPA Jackson Andson de Medeiros Agron Food Academy agronfoodacademy.com Venda proibida Open access Revisado por pares Todas as opiniões e textos presentes neste livro são de inteira responsabilidade de seus autores e coautores. Agron Food Academy agronfoodacademy.com Apresentação Com o projeto do Ebook “Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços”, pretende-se divulgar os mais recentes estudos da área, visando ajudar estudantes, pesquisadores e profissionais a terem novas perspectivas sobre as temáticas trabalhadas. Nesse contexto, o Ebook trabalhou dentro dos eixos temáticos: Controle de qualidade e segurança de alimentos; Inovação e desenvolvimento de novos produtos; Métodos analíticos aplicados em alimentos; Microbiologia e toxicologia dos alimentos; Análise sensorial e Pesquisas com o consumidor. Avaliadores Kataryne Arabe Rima de Oliveira Jackson Andson de Medeiros Carolina Madazio Niro Karoliny Brito Sampaio Maiara da Costa Lima Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 1 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 6 APROVEITAMENTO DE LEITELHO NO DESENVOLVIMENTO DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA Sarah Oliveira dos Santos; Ana Paula Stort Fernandes; Dayana Silva Batista Soares; Ellen Godinho Pinto; Wiaslan Figueiredo Martins CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................... 16 EFEITO DOS METABÓLITOS PRESENTES EM FERMENTADO ACÉTICO NA SAÚDE HUMANA Mariana de Paula Gomes; Andriely Lucas Lima e Silva; Fernanda T. de Sousa; Iva Manoela Rocha Ataides; Jeisa Farias de Sousa Santana; Josemar Gonçalves de Oliveira Filho; Mariana Buranelo Egea CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 24 AVALIAÇÃO FÍSICO – QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO TAMBACU COM ESCAMA E DESCAMADO EM DIFERENTES PERÍODOS DE ESTOCAGEM SOB CONGELAMENTO Marcelo Henrique Melo Monteiro; Ellen Godinho Pinto; Bianca Ferreira Augustinho;Dayana Silva Batista Soares; Ana Paula Stort Fernandes; CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 34 DESENVOLVIMENTO DE GELEIA DIET DE MORANGO E YACON Aline Soares de Oliveira; Eliane Vale da Silva; José Jurandir de Toledo Neto CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................... 41 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO E INTENÇÃO DE CONSUMO DE LEITE ASININO: DADOS INICIAIS NO BRASIL Catiele Silva de Oliveira; Laiza Soliely Costa Gonçalves; José Evangelista Santos Ribeiro; Amanda Marília da Silva Sant’Ana CAPÍTULO 6 ..................................................................................................................... 51 AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO JATOBÁ-DO-CERRADO Bianca Ferreira Augustinho; Ellen Godinho Pinto; Túlio Henrique Batista da Silva; Luis Gustavo Ribeiro de Melo Silva; Rody Ricardo Moreira CAPÍTULO 7 ..................................................................................................................... 56 A CADEIA PRODUTIVA E AS MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO DA PESCADA AMARELA (Cynoscions acoupa) EM BELÉM-PA Matheus Yuri de Oliveira Rosa1; Flavio Henrique Souza Lobato CAPÍTULO 8 ..................................................................................................................... 65 ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIOXIANTE DE VINHOS TINTOS ELABORADOS POR DIFERENTES TECNOLOGIAS DE VINIFICAÇÃO: REVISÃO Marianna Pozzatti Martins de Siqueira Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 2 CAPÍTULO 9 ..................................................................................................................... 75 ANÁLISE LOCACIONAL DE INDÚSTRIA DE UVA PASSA EM EMBALAGENS INDIVIDUAIS Bárbara Keiko Querino Kuboyama; Bruna Lorena Figueiredo; Marcelino Serretti Leonel; João Vinícios Wirbitzki da Silveira; Tatiana Nunes Amaral CAPÍTULO 10 ................................................................................................................... 79 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE CARNE MOÍDA BOVINA COMERCIALIZADA NO MUNÍCIPIO DE JAGUARIBE - CEARÁ Paula Dayane Diógenes Granja; Maria Michele da Costa; Mírian Rebouças Nunes; Rafael Souza Cruz; Marcos Venicius Nunes; Clarissa Maia de Aquino; Luana Maria de Lima Santos CAPÍTULO 11 ................................................................................................................... 87 ANTOCIANINAS: FONTES, APLICAÇÃO E MÉTODOS DE EXTRAÇÃO Glaciela Cristina Rodrigues Da Silva Scherer; Janine Martinazzo; Patrícia Fonseca Duarte; Suelen Paloma Piazza CAPÍTULO 12 ................................................................................................................... 97 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E POTENCIAL REDUTOR DE PESO DO SHAKE DE Psidium guajava L. (GOIABEIRA) Daiane Cristina de Assis Braga; Paula Magalhães Gomes; Rosana Gonçalves Rodrigues-das-Dôres; Leonardo Máximo Cardoso CAPÍTULO 13 ................................................................................................................. 106 LIOFILIZAÇÃO DE CAMU-CAMU: UMA ALTERNATIVA PARA O CONSUMO E MELHOR CONSERVAÇÃO Samantha Xena Nunes Quadros; Edvan Alves Chagas; Carlos Alberto Nogueira-de- Almeida; Lycia Silva Ribeiro, Ana Beatriz Pires de Souza CAPÍTULO 14 ................................................................................................................. 112 CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DAS PIRAZINAS NO AROMA DOS ALIMENTOS: UMA REVISÃO Igor Henrique de Lima Costa; Calionara Waleska Barbosa de Melo CAPÍTULO 15 ................................................................................................................. 120 COMPOSTOS BIOATIVOS DO CAMU-CAMU NO COMBATE À COMORBIDADES ASSOCIADAS À OBESIDADE Samantha Xena Nunes Quadros; Ana Beatriz Pires de Souza; Lycia Silva Ribeiro; Edvan Alves Chagas; Carlos Alberto Nogueira de Almeida CAPÍTULO 16 ................................................................................................................. 127 DETERMINAÇÃO DO GRAU DE ACIDEZ E TEOR DE PROTEÍNAS EM LEITE IN NATURA PROVENIENTE DE FAZENDAS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA-MG Sheila Santana De Mello; Eliane de Sousa Costa; Luiz Fernando Rocha Botelho; Taylan Andrade Silva; Ana Luiza Faria Mendes Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 3 CAPÍTULO 17 ................................................................................................................. 134 EFEITOS BENÉFICOS DA BIOMASSA DE BANANA VERDE EM INDIVÍDUOS PRÉ- DIABÉTICOS E DIABÉTICOS: UMA REVISÃO Jardel Alves da Costa; Lucineide de Brito Rocha; Fátima Rosane Barros; Diêgo de Oliveira Lima; Kelly Vanderlei Macedo; Rute Emanuela da Rocha; Dênaba Luyla Lago Damasceno CAPÍTULO 18 ................................................................................................................. 141 ESTUDO CINÉTICO E DESENVOLVIMENTO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS FERMENTADAS DE ABACAXI, ACEROLA, MAÇÃ E MELANCIA Edilaine Alves da Silva Santos;Diego Santos de Jesus; Luana Caliandra Freitas de Carvalho, Sueli José Pereira Corrêa, Thatiana Santana Santos, Danilo Santos Souza, Maycon Fagundes Teixeira Reis CAPÍTULO 19 ................................................................................................................. 153 ESTUDO DO PROCESSO DE DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA EM FATIAS DE ABACATE Fabrícia Santos Andrade; Pablícia Oliveira Galdino; Myrian Stefany Gomes de Araújo CAPÍTULO 20 ................................................................................................................. 164 ÓLEO ESSENCIAL DE MANJERICÃO: CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES Luanna Carneiro de Souza CAPÍTULO 21 ................................................................................................................. 173 MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE ARROZ (Oryza sativa L.): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Josiane Aimon de Freitas; Kassandra Fontoura da Silva; João Pedro da Silva Cunha; Verônica Bueno Ribas; Graciela Salete Centenaro; Valcenir Júnior Mendes Furlan. CAPÍTULO 22 ................................................................................................................. 184 MÉTODOS DE QUANTIFICAÇÃO DE γ-ORIZANOL NO ÓLEO DE ARROZ Valcenir Júnior Mendes Furlan; João Pedro da Silva Cunha; Kassandra Fontoura da Silva; Verônica Bueno Ribas; Graciela Salete Centenaro CAPÍTULO 23 ................................................................................................................. 193 MUDANÇAS NOS HÁBITOS ALIMENTARES DA POPULAÇÃO DE BELÉM (PA) DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 Matheus Yuri de Oliveira Rosa; Flavio Henrique Souza Lobato CAPÍTULO 24 ................................................................................................................. 199 OTIMIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO ENZIMÁTICA ASSISTIDA POR ULTRASSOM DE ÓLEO DE SEMENTE DE ROMÃ (Punica granatum L.) Jideane Menezes Santos; Juliete Pedreira Nogueira; Narendra Narain; Patrícia Beltrão Lessa Constant Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 4 CAPÍTULO 25 ................................................................................................................. 209 PARASITOS ZOONÓTICOS TRANSMITIDOS PELO CONSUMO INADEQUADO DE PEIXES: REVISÃO Clarissa Maia de Aquino; Gracienhe Gomes dos Santos; Maurício Laterça Martins; Vildes Maria Scussel CAPÍTULO 26 ................................................................................................................. 218 POTENCIAL ANTIBACTERIANO IN VITRO E TOXICOLÓGICO IN VIVO DAS FOLHAS DO JAMBO VERMELHO (Syzygium malaccensis, Myrtaceae) FRENTE A ZEBRAFISH (D. rerio) ADULTO Fernando Eugênio Teixeira Cunha; Maria Izabel Cerneiro Ferreira; Rafael Souza Cruz; Maria Jaina Gomes Ferreira; Clarissa Maia de Aquino; Francisco Ernani Alves Magalhães; Larissa Morais Ribeiro da Silva CAPÍTULO 27 ................................................................................................................. 230 PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS FERMENTADAS A BASE DE FRUTAS DO SEMIÁRIDO SERGIPANO Edilaine Alves da Silva Santos; Diego Santos de Jesus; Luana Caliandra Freitas de Carvalho, Rafaela Figueiredo Fontes, Raisa Soares Móes, Danilo Santos Souza, Maycon Fagundes Teixeira Reis CAPÍTULO 28 ................................................................................................................. 240 POTENCIAL BIOLÓGICO E NUTRICIONAL DA PRÓPOLIS VERMELHA PRODUZIDA NO NORDESTE BRASILEIRO: UMA REVISÃO Jardel Alves da Costa; Danielle Silva Araújo; Cleyna Maria Ferreira Leite Duarte; Danielle Gomes de Sousa; Maria Eduarda Lopes Rodrigues; Francisco Jarbson Ferreira de Sousa; Nayara Ferreira Ricardo CAPÍTULO 29 ................................................................................................................. 248 ANTOCIANINAS: ESTRUTURA QUÍMICA, ESTABILIDADE E EXTRAÇÃO Isabela de Morais Silva; Nathalia de Andrade Neves CAPÍTULO 30 ................................................................................................................. 259 PESQUISA DE HÁBITOS DE CONSUMO DE ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL PELA POPULAÇÃO DA CIDADE DE FORTALEZA – CEARÁ Kellen Miranda Sá; Rafael Souza Cruz; Luana Maria Alves de Medeiros; Sâmela Leal Barros; Wallacy Ramon Pinheiro da Rocha; Clarissa Maia de Aquino; Larissa Morais Ribeiro da Silva CAPÍTULO 31 ................................................................................................................. 268 DESENVOLVIMENTO E AVALIÇÃO CINÉTICA DE BEBIDAS ALCOÓLICAS FERMENTADAS DE GOIABA, MANGA, MELÃO E TANGERINA Edilaine Alves da Silva Santos; Diego Santos de Jesus; Luana Caliandra Freitas de Carvalho, Rafaela Figueiredo Fontes, Raisa Soares Móes, Danilo Santos Souza, Maycon Fagundes Teixeira Reis Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 5 CAPÍTULO 32 ................................................................................................................. 277 CARACTERIZAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS EM PEIXES DE ÁGUA DOCE: UMA REVISÃO Diana Carla Fernandes Oliveira; Francielly Corrêa Albergaria; Pedro Massahiro de Matos Murata; Anderson Henrique Venâncio; Jeferson Gomes Clementino; Maria Emília de Sousa Gomes; Rilke Tadeu Fonseca de Freitas Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 6 10.53934/9786599539626.1 Capítulo 1 APROVEITAMENTO DE LEITELHO NO DESENVOLVIMENTO DE BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA Sarah Oliveira dos Santos1; Ana Paula Stort Fernandes2; Dayana Silva Batista Soares3; Ellen Godinho Pinto4; Wiaslan Figueiredo Martins5 1Discente do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos – IF Goiano – Campus Morrinhos; E-mail: sarah_oliveira_santos@hotmail.com 2Docente do Departamento de Alimentos – IF Goiano – Campus Morrinhos; E-mail: ana.stort@ifgoiano.edu.br 3Docente do Departamento de Alimentos – IF Goiano – Campus Morrinhos; E-mail: dayana.soares@ifgoiano.edu.br 4Docente do Departamento de Alimentos – IF Goiano – Campus Morrinhos; E-mail: ellen.godinho@ifgoiano.edu.br 5Docente do Departamento de Alimentos – IF Goiano – Campus Morrinhos; E-mail: wiaslan.martins@ifgoiano.edu.br Resumo: O desenvolvimento e o lançamento de novos produtos alimentícios têm aumentado significativamente, devido à globalização e às maiores exigências dos consumidores. Assim, objetivou-se elaborar bebida láctea fermentada acrescida de leitelho e avaliar suas características físico-químicas. Foram elaboradas quatro formulações de bebidas lácteas fermentadas, sendo elas: F0 = 50% de leite e 50% de soro de leite (controle); F1 = 50% leite, 40% de soro de leite e 10% de leitelho; F2 = 45% leite, 30% de soro de leite e 25% de leitelho; F3 = 40% leite, 25% soro de leite e 35% de leitelho. As amostras foram submetidas às análises físico-químicas (n = 3) de gordura, acidez, pH, densidade, extrato seco total e extrato seco desengordurado. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey (p ≤ 0,05). A formulação F0 diferiu-se das demais formulações, exceto para o parâmetro pH. As formulações F1, F2 e F3 apresentaram resultados de gordura, acidez, pH e extrato seco total próximos aos relatados na literatura. O aproveitamento do leitelho na elaboração de bebidas lácteas fermentadas é uma alternativa inovadora, o qual pode ser utilizado para o desenvolvimento de novos produtos e reduz a poluição ambiental de um descarte inadequado. Palavras–chave: leitelho; novos produtos; soro de leite INTRODUÇÃO As indústrias de laticínios encontram-se em ascensão nos últimos anos, principalmente as nacionais. Diante das constantes exigências impostas pelo mercado, torna- se essencial o desenvolvimento de novos produtos e oaperfeiçoamento dos já existentes (1). As indústrias têm realizado o reaproveitamento de resíduos industriais, a exemplo do soro de leite e do leitelho. O soro de leite é um coproduto da fabricação de queijos, enquanto o leitelho é o subproduto da fabricação da manteiga. Por muitos anos, ambos eram descartados na natureza e por apresentarem alta Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), provocam grandes alterações ambientais (2). A composição do leitelho é similar à do leite desnatado, com exceção da maior quantidade de proteínas e fosfolipídios derivados da membrana do glóbulo de gordura (3). Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 7 Entre as várias formas de utilização do soro de queijo na indústria de laticínios, está a formulação de novos produtos e a sua agregação a produtos já existentes, como a bebida láctea (4). As mais comercializadas são as bebidas lácteas fermentadas de características sensoriais semelhantes ao iogurte, e as bebidas lácteas não fermentadas (5). Assim, objetivou-se elaborar bebida láctea fermentada acrescida de leitelho e avaliar suas características físico-químicas. MATERIAL E MÉTODOS MATÉRIA-PRIMA E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA Quatro formulações de bebidas lácteas fermentadas foram elaboradas e utilizados como ingredientes: leite pasteurizado integral com padronização de 3% de gordura, soro de leite obtido a partir da fabricação de queijo muçarela, leitelho obtido a partir da fabricação de manteiga de primeira qualidade e cultura láctica. O cultivo lácteo utilizado foi do tipo inoculação direta, da Sacco® Lyofast Y 450 B, constituído por cepas de Lactobacillus delbruecki subsp. bulgaricus e Streptococcus salivarius subsp. thermophilus. As embalagens utilizadas foram de polietileno tereftalato (PET) com capacidade de 1000 mL, devidamente higienizadas. As análises físico-químicas de gordura e acidez foram realizadas de acordo com a metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (6). O pH foi medido de acordo com a metodologia descrita na Instrução Normativa nº 30/2018 (7). A densidade relativa a 15 °C foi realizada de acordo com a metodologia descrita pela Instrução Normativa nº 68/2006 (8). O extrato seco total foi calculado pelo método indireto e o extrato seco desengordurado foi calculado pela diferença entre o extrato seco total e a gordura. Todas as análises físico- químicas das matérias-primas e das bebidas lácteas fermentadas foram realizadas em triplicata, conforme descritas a seguir. O teor de gordura foi determinado por meio do método de extração, utilizando butirômetro de Gerber. O pH foi medido com pHmetro portátil (Gehaka, PG1400) previamente calibrado com soluções tampões 4,01 e 6,86. A acidez foi determinada em % de ácido lático. A determinação do extrato seco total (EST) foi calculada pelo método indireto, fórmula de Fleischmann, a qual está descrita na Equação 1. % extrato seco total = 1,2 × G + 2,665 (100 × D - 100) D (Equação 1) Em que: G: gordura (%); D: densidade a 15 °C. O extrato seco desengordurado foi calculado pela diferença entre o extrato seco total e a gordura, conforme descrito na Equação 2. % extrato seco desengordurado = EST – G (Equação 2) Em que: EST: extrato seco total; G: gordura (%). Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 8 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos dados foi realizada por meio da Análise de Variância (ANOVA) e os resultados foram submetidos ao teste de Tukey, com 5% de significância, utilizando o Software Minitab versão 19.1. Na figura 1, estão representados o soro de leite e leitelho antes da realização das análises físico-químicas. Figura 1 – Soro de leite e leitelho Fonte: elaborada pelos autores (2021) FORMULAÇÃO E FABRICAÇÃO DAS BEBIDAS LÁCTEAS FERMENTADAS Para a elaboração das bebidas lácteas, foram utilizados os ingredientes base com suas respectivas porcentagens, de acordo com a Tabela 1. Tabela 1 – Porcentagem dos ingredientes base para elaboração das bebidas lácteas Ingredientes base Formulações (%) F0 F1 F2 F3 Leite 50 50 45 40 Soro 50 40 30 25 Leitelho 0 10 25 35 Fonte: elaborada pelos autores (2021) As porcentagens foram desenvolvidas para a elaboração total de 1 L para cada formulação de bebida láctea. A formulação F0 (controle) foi desenvolvida com a mesma quantidade de leite e soro, sem a adição de leitelho. Já as formulações F1, F2 e F3, foram desenvolvidas com adição de 10%, 25% e 35% de leitelho, respectivamente. As bebidas lácteas foram elaboradas de acordo com a metodologia descrita por Gajo et al. (9) com adaptações, conforme Figura 2. SORO DE LEITE LEITELHO Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 9 Figura 2 – Processo para obtenção das bebidas lácteas fermentadas Fonte: elaborada pelos autores (2021) Para o preparo das bebidas lácteas, pasteurizou-se o soro de leite em micro-ondas (Panasonic, modelo NN-ST254WRU) com potência 10 Watts (W) a 75 °C por cinco minutos, prosseguindo com arrefecimento. Em seguida, foram adicionados o leite pasteurizado integral, o soro de leite e o leitelho em béqueres de um litro de capacidade, conforme as porcentagens de cada formulação, e procedeu-se ao aquecimento a 43 °C, temperatura ótima para a adição do fermento lácteo (Sacco® Lyofast Y 450 B), de inoculação direta, com dosagem de 10 UC (unidades padrão) para 1000 L de leite. O cultivo lácteo foi dissolvido em 1,0 L de leite pasteurizado e ocorreu a adição de 1,0 mL do inóculo para cada formulação. Na Figura 3, estão representados os ingredientes base com adição da cultura láctica. Figura 3 – Ingredientes base com adição da cultura láctica Fonte: elaborada pelos autores (2021) Posteriormente, as formulações foram envasadas, manualmente, em garrafas PET e incubadas em estufa a 45 °C (Mylabor, modelo SSB) por cerca de 5 horas. Ao atingir o valor de pH 4,7, as bebidas foram resfriadas a 20 °C por meio de banho de gelo concomitante à quebra de gel e, então, foram acondicionadas sob refrigeração, sob temperatura inferior a 10 °C, até o momento da realização das análises físico-químicas. As bebidas lácteas, após a fermentação e durante as análises, estão ilustradas nas Figuras 4 e 5, respectivamente. F0 F1 F2 F3 Pasteurização do soro de leite a 75 ºC/5 minutos Arrefecimento Mistura do leite, soro de leite e leitelho Aquecimento a 43 ºC Adição do fermento lácteo Envase em garrafas Incubação a 45 ºC/5 horas Resfriamento a 20 ºC Armazenamento a 6 ºC Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 10 Figura 4 – Bebidas lácteas após período de fermentação Fonte: elaborada pelos autores (2021) Figura 5 – Bebidas lácteas fermentadas no momento das análises Fonte: elaborada pelos autores (2021) RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias dos resultados das análises físico-químicas de leite pasteurizado, soro de leite e leitelho estão descritos na Tabela 2. Tabela 2 – Caracterização físico-química do leite pasteurizado, soro de leite e leitelho (média ± desvio padrão, n = 3) Análises Produto LP SL LT Gordura (%) 3,00 ± 0,06a 0,30 ± 0,04c 1,00 ± 0,06b Acidez (% ácido lático) 0,14 ± 0,00b 0,08 ± 0,00c 0,23 ± 0,00a pH 6,76 ± 0,01a 6,58 ± 0,01b 3,84 ± 0,03c Densidade (g/mL) 1,0311 ± 0,44a 1,0269 ± 0,69b 1,0192 ± 0,35c EST (%) 11,66 ± 0,10a 7,33 ± 0,17b 5,22 ± 0,10c ESD (%) 8,62 ± 0,11a 7,03 ± 0,17b 4,22 ± 0,10c Legenda: LP – leite pasteurizado; SL – soro de leite;LT – leitelho. Médias com diferentes letras minúsculas na mesma linha diferem entre si estatisticamente a 5% de significância no teste de Tukey. Fonte: elaborada pelos autores (2021) Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 11 Os resultados de gordura, acidez, pH, densidade, EST e ESD, tanto para o leite pasteurizado, quanto para o soro de leite e leitelho, apresentaram diferença a 5% de significância. Os resultados obtidos para o leite pasteurizado e soro de leite estão de acordo com os parâmetros preconizados nas Instruções Normativas nº 76/2018 (10) e nº 94/2020 (11), do MAPA, que estabelecem os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado e de Soro de Leite, respectivamente. A legislação brasileira não prevê parâmetros físico-químicos para o leitelho, portanto, não se pode afirmar que os valores obtidos estão conformes ou desconformes. Juliano et al. (12) encontraram valores para a gordura e para o pH de 1,3% e 6,6, respectivamente. Esses valores são superiores aos encontrados neste trabalho. No entanto, Ferreira e Lunkes (13) encontraram valor de 0,5% de gordura, enquanto Teixeira et al. (14) encontraram o valor de pH de 5,16. É importante destacar que diversos fatores como a raça das vacas, a alimentação, a temperatura ambiente, o manejo, o intervalo entre as ordenhas, a produção de leite e a presença de infecção da glândula mamária podem interferir na composição do leite (15; 16; 17) e, consequentemente, na composição do leitelho. Rigueira (18) realizou um estudo de desenvolvimento de metodologia analítica para detecção de adulteração de leite em pó e leite fluido com adição de leitelho, obtido pela bateção de creme de leite padronizado, tanto com água, quanto com leite desnatado, onde encontrou resultados de EST para o leitelho obtido da padronização de creme de leite com água que variaram de 3,75% a 8,79% e do leitelho obtido da padronização de creme de leite com leite desnatado variando de 6,96% a 10,0%. Walus (19) encontrou valor de 0,15% de ácido lático para o leitelho na elaboração de sorvete com adição de leitelho e substituição parcial de gordura. Martins (20) comparou a composição do leitelho ao leite desnatado e encontrou valor de 8,6% de ESD e densidade relativa a 20 °C de 1,029 g/mL. As diferenças na composição físico-química do leitelho podem ocorrer em virtude da constituição do creme e as variáveis operacionais em que a manteiga é produzida (21; 22). As médias das análises físico-químicas das quatro formulações de bebidas lácteas fermentadas estão descritas na Tabela 3. Tabela 3 – Caracterização físico-química das bebidas lácteas fermentadas (média ± desvio padrão, n = 3) Análises Produto F0 F1 F2 F3 Gordura (%) 1,97 ± 0,06a 1,80 ± 0,10a 1,77 ± 0,06ab 1,70 ± 0,10b Acidez (% ácido lático) 0,84 ± 0,01b 0,81 ± 0,01c 0,82 ± 0,01c 0,86 ± 0,01a pH 4,66 ± 0,02a 4,64 ± 0,05a 4,57 ± 0,14a 4,70 ± 0,05a Densidade (g/mL) 1,0292 ± 0,10a 1,0275 ± 0,24b 1,0263 ± 0,15c 1,0234 ± 0,40d EST (%) 9,90 ± 0,05a 9,26 ± 0,16b 9,16 ± 0,10c 8,12 ± 0,22d ESD (%) 7,93 ± 0,02a 7,46 ± 0,07b 7,30 ± 0,16c 6,42 ± 0,12d Legenda: F0 – 50% de leite pasteurizado e 50% de soro de leite; F1 – 50% de leite pasteurizado, 40% de soro de leite e 10% de leitelho; F2 – 45% de leite pasteurizado, 30% de soro de leite e 25% de leitelho; F3 – 40% de leite pasteurizado, 25% de soro de leite e 35% de leitelho. Médias com letras iguais na mesma linha não diferem entre si estatisticamente a 5% de significância no teste de Tukey. Fonte: elaborada pelos autores (2021) A formulação F0 (controle) não diferiu das demais formulações em relação aos valores de pH, porém diferiu da formulação F3 nos parâmetros acidez e gordura. Nos demais parâmetros físico-químicos (densidade, EST e ESD) a formulação F0 apresentou valores superiores às demais formulações. Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 12 Em relação à gordura, foram encontrados valores que variam entre 1,70% e 1,97%, os quais corroboram aos encontrados por Pfrimer (2), que desenvolveu uma bebida láctea fermentada acrescida de leitelho e saborizada com polpa de cagaita, com valores de gordura que variaram de 1,18% a 2,70%. Ainda, os valores encontrados neste trabalho são superiores ao encontrado por Dias (23) no desenvolvimento de bebida fermentada simbiótica, o qual encontrou valor de 0,5%. O menor teor de gordura encontrado é devido à composição da bebida láctea, que apresenta menor teor de leite, o qual possui maior teor de gordura. Santos et al. (5), ao diminuírem a concentração de leite em bebida láctea fermentada de 80% para 20%, também obtiveram redução da gordura de 1,25% para 0,45%. As formulações F0 e F3 diferiram, estatisticamente, das demais formulações no teor de acidez. Resultados semelhantes foram encontrados por Gerhardt et al. (24), que variaram entre 0,72% e 0,91% de ácido lático em amostras de bebidas lácteas fermentadas utilizando soro de ricota e colágeno hidrolisado, porém, diferiram dos relatados por Almeida et al. (25), que variaram entre 0,48% e 0,50% de ácido lático, em bebidas lácteas fermentadas e preparadas com soro de queijo minas frescal. Essa diferença pode ser explicada pela elevada acidez do leitelho utilizado na elaboração das bebidas lácteas fermentadas deste trabalho. O pH das formulações não diferiram entre si a 5% de significância, sendo que os valores variaram entre 4,57 e 4,70, próximos ao encontrado por Dias (23), com valor de 4,73 e de acordo com Pfrimer (2), que encontrou valores entre 4,0 e 4,5. Almeida et al. (25) encontraram valores médios de 4,63, 4,56 e 4,61 na elaboração de bebidas lácteas fermentadas com 30%, 40% e 50% de soro de leite, respectivamente. Silva et al. (26) encontraram valores diferentes ao avaliar bebidas lácteas fermentadas, que variaram entre 3,91 e 4,16, porém os autores mediram o pH na última semana do prazo de validade das bebidas, enquanto no presente trabalho, o pH foi medido após o processo de fermentação. As diferenças relatadas na literatura podem estar relacionadas ao baixo pH do leitelho, uma vez que esse parâmetro influencia a atividade metabólica das bactérias utilizadas na fermentação, podendo favorecer um grupo específico de microrganismos. As formulações diferiram significativamente a 5% em relação à densidade, com valores variando entre 1,0234 g/mL e 1,0292 g/mL. Os resultados encontrados por Oselame (27), ao avaliar bebida láctea não fermentada com adição de 11,25% e 22,50% de permeado de soro de leite, foram de 1,0722 g/mL e de 1,0699 g/mL, respectivamente. De acordo com o autor, essa diferença pode ser explicada pela adição do permeado de soro de leite, que aumenta a densidade das bebidas. Os valores de extrato seco total diferiram-se em todas as formulações. Almeida et al. (25) encontraram valores que variaram entre 7,86% e 8,89%, próximos ao encontrado na formulação F3, que foi de 8,12% e menores quando comparados as formulações F0, F1 e F2. Cunha et al. (28) encontraram valor de 18,08% na avaliação de bebida láctea fermentada com 70% de leite e 30% de soro. Esse valor foi próximo ao encontrado por Barana et al. (29), que variaram entre 18,50% e 19,00% em bebida láctea fermentada feita com soro ácido de queijo quark. As diferenças podem ser explicadas pelos baixos valores de extrato seco total do soro de leite e leitelho utilizados no desenvolvimento deste trabalho. Em relação ao extrato seco desengordurado, houve diferença significativa entre todas as formulações. De acordo com Brasil (30), o extrato seco desengordurado é a junção de todos os componentes do produto com exceção da gordura. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que a formulação F0 Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 13 (controle) diferiu estatisticamente (p ≤ 0,05) das demais formulações,exceto para o parâmetro pH. As formulações F1, F2 e F3 que possuem 10%, 25% e 35% de leitelho, respectivamente, apresentaram resultados de gordura, acidez, pH, e extrato seco total próximos aos relatados na literatura. REFERÊNCIAS 1. Abreu A. 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Tese (Doutorado em Ciência Animal) - Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016. Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 16 10.53934/9786599539626.2 Capítulo 2 EFEITO DOS METABÓLITOS PRESENTES EM FERMENTADO ACÉTICO NA SAÚDE HUMANA Mariana de Paula Gomes1; Andriely Lucas Lima e Silva2; Fernanda T. de Sousa2; Iva Manoela Rocha Ataides2; Jeisa Farias de Sousa Santana2; Josemar Gonçalves de Oliveira Filho3; Mariana Buranelo Egea2 1Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos (SP) Brasil; E-mail: marianadepaulagomes@gmail.com 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Rio Verde, Rio Verde, Goiás, Brasil; E-mail: drica_llucas@hotmail.com, manuella2008rv@hotmail.com, fernanda_sousago@hotmail.com,jeisa_faria@hotmail.com, mariana.egea@ifgoiano.edu.br 3Universidade Estadual de Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Araraquara-São Paulo; E-mail: josemar.gooliver@gmail.com Resumo: A grande apreciação por parte dos consumidores tem impulsionado a produção de vinagre dos mais variados substratos, como frutas, vegetais, mel, substratos ricos em amido, melaço ou caldo de cana e aguardentes, entre outros. Diante disso, o presente capítulo objetivou reunir informações acerca dos benefícios que os vinagres balsâmicos e de arroz proporcionam a saúde humana, averiguando quais compostos bioativos estão presentes em fermentados acéticos e como estes podem atuar no organismo de acordo com os estudos já realizados. Estudos anteriores com vinagre derivado de arroz e balsâmico apresentaram propriedades anticancerígenas, promovendo a necroptose e apoptose de células cancerosas humanas, alto poder antioxidante devido a presença de compostos fenólicos, além de beneficiar a saúde humana através de atividades anti-hipertensivas, anti-inflamatórias e redução no índice glicêmico. Concluiu-se que os vinagres balsâmicos e de arroz desempenham papel importante na promoção da saúde, e informações acerca desses benefícios são importantes para os consumidores que estão em busca de estilo de vida e alimentos mais saudáveis. Palavras-chave: vinagre, ácido acético, fermentação, saúde, benefícios INTRODUÇÃO O vinagre é um produto resultante da fermentação acética do vinho, realizada por bactérias acéticas. Este produto tem sido parte da alimentação humana desde a antiguidade, como condimento e conservante de alimentos. A grande apreciação por parte dos consumidores tem impulsionado a produção de vinagre dos mais variados substratos, como frutas, vegetais, mel, substratos ricos em amido, melaço ou caldo de cana e aguardentes, entre outros (1). Na produção de um vinagre estão envolvidos, basicamente, dois processos fermentativos: a fermentação alcoólica e a fermentação acética (2). A fermentação alcoólica é um método de preservação de alimentos e bebidas. É um processo catalisado por enzimas em que ocorre a degradação anaeróbica da glicose, com a transformação de açúcares em etanol e CO2. É realizado, principalmente, por leveduras, com o objetivo de obter energia na forma de ATP (Adenosina trifosfato), a qual será utilizada Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 17 para a realização de suas atividades fisiológicas, crescimento e reprodução, sendo o etanol, então, um subproduto desse processo (3). A maioria dos processos de produção de fermentados alcoólicos utiliza cepas de Saccharomyces cerevisiae, visto que estas culturas produzem fermentações mais rápidas e confiáveis (4). Dessa forma, as leveduras são selecionadas para otimizar o processo e intensificar a qualidade da matéria-prima, tendo como consequência um produto de melhor aceitabilidade e qualidade. Além disso, S. cerevisiae é mais tolerante aos produtos da fermentação e mudanças de pH no decorrer do processo fermentativo, e é produtora superior de etanol (5). A fermentação acética pode ser entendida como a transformação do álcool em ácido acético pela ação de determinadas bactérias, conferindo o gosto característico de vinagre. São as bactérias do ácido acético (BAA) que, em condições aeróbicas, oxidam o etanol a ácido acético, dando origem ao vinagre (6,7). Alguns tipos de vinagres são classificados com base em suas matérias-primas e processo de fermentação (8,4). Como exemplo, o vinagre de arroz, é o produto envelhecido e filtrado obtido da fermentação acética de açúcares derivados do arroz. É amplamente utilizado em pratos asiáticos porque não altera significativamente a aparência do alimento (9). O vinagre balsâmico foi produzido pela primeira vez na Itália. Existem dois tipos de vinagre balsâmico, tradicional e comercial. Vinagres balsâmicos tradicionais são alimentos artesanais, semelhantes aos vinhos, com longas histórias e procedimentos desenvolvidos para a sua produção. As uvas (que são cultivadas especificamente na região norte da Itália, perto de Modena) são deixadas na videira o maior tempo possível para aumentar o teor de açúcar, já que as uvas amadurecidas contêm maiores concentrações de açúcar. O vinagre balsâmico tradicional pode envelhecer até 25 anos. O envelhecimento ocorre em uma sucessão de barris feitos de uma variedade de madeiras, como castanheiro, carvalho e cereja (10). O trabalho em questão pretende observar os benefícios que os vinagres balsâmicos e de arroz proporcionam a saúde humana, averiguando quais compostos bioativos estão presentes em fermentados acéticos e como estes podem atuar no organismo de acordo com os estudos já realizados. VINAGRES: BALSÂMICO E DE ARROZ Os vinagres balsâmicos são produtos exclusivos, produzidos a partir da fermentação alcoólica e da bioxidação acética de mosto de uva cozido e concentrado localmente, variando o período de envelhecimento e os procedimentos de produção (11). Esses produtos são ricos em compostos fenólicos, tais como: catequinas, ácidos fenólicos, flavonóis, taninos (12) e compostos sintetizados durante o cozimento de mostos, como resultado da caramelização ou da reação de Maillard, como melanoidinas (13) que lhes dão uma forte atividade antioxidante (14). Os fermentados acéticos de arroz são produzidos usando o grão e até mesmo o resíduo, que será submetido aos processos de fermentação (alcoólica e acética). Estudos realizados no Japão sobre o fermentado acético de arroz, popularmente conhecido como Kurosu, demostraram que este produto apresenta alta atividade antioxidante, relacionada ao seu conteúdo fenólico. Propriedades como efeito antitumoral e redução do risco de aterosclerose, têm sido associados à atividade antioxidante desse produto (15, 16). MÉTODOS DE PRODUÇÃO DE VINAGRE Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 18 No processo de oxidação de etanol a ácido acético pelo método tradicional (lento, Orléans ou fermentação em superfície), as BAA crescem abundantemente em contato com o oxigênio formando uma camada de células na superfície do mosto fermentado (contendo etanol) e promovem a acetificação (17). No processo rápido alemão (ou Boerhave), as BAA estão aderidas a um material sólido (carvão, madeira) dentro de um tanque (gerador de vinagre ou vinagreira) ao qual se adiciona o vinho a ser acetificado (17). Na produção industrial emprega-se a fermentação submersa, na qual culturas de BAA são inoculadas em fermentador em processo semicontínuo para a obtenção de vinagre mais rapidamente (18 7). Em inóculos com população de BAA próxima de 106 células/mL, o processo lento pode ocorrer em 30 dias (19). ATIVIDADE ANTIOXIDANTE Os compostos fenólicos são estruturas químicas que apresentam hidroxilas e anéis aromáticos na forma simples ou em polímeros, que lhes confere poder antioxidante, destacando-se dentre eles os flavonoides, ácidos fenólicos, taninos e tocoferóis, como antioxidantes fenólicos mais comuns de fonte natural (4). É possível considerar então que, além do conteúdo de polifenóis totais, outros fatores podem interferir na capacidade antioxidante de vinagres, como por exemplo, a própria constituição de polifenóis totais. Ressalta-se que o vinagre de arroz analisado não é oriundo de arroz integral (não polido), e sim de arroz polido, o que diminui o seu valor nutricional e principalmente o conteúdo de polifenóis totais (4). Na determinação do teor de polifenóis totais de extratos (à base de acetato de etila) de diferentes tipos de vinagres, observaram que o valor encontrado para o vinagre produzido a partir de arroz não polido (112 mg.100 mL–1 de extrato) foi quase duas vezes superior ao encontrado no vinagre de arroz polido (64 mg 100.mL–1de extrato) (20). O teor de polifenóis noproduto final depende da concentração e da atividade de polifenoloxidase e do teor dos seus substratos, os ácidos fenólicos, além do pH, da temperatura e da concentração de oxigênio dissolvido no suco (20). ATIVIDADE ANTI-HIPERTENSIVA A hipertensão arterial sistêmica (HAS) está vinculada há uma classe de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) com alta prevalência e ampla distribuição geográfica. Representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade, com grave problema na saúde pública. Essa patologia é reconhecida por uma disfunção endotelial – camada unicelular presente no interior dos vasos sanguíneos – decorrente de inúmeras interações que se manifestaram com a evolução do estilo de vida dos seres humanos, caracterizando uma situação clínica multifatorial determinada por níveis de pressão arterial (PA) elevada (21 22). De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial referente à 2020, a hipertensão arterial é considerada controlada quando o indivíduo/paciente está sob terapêutica de anti-hipertensivos e o mesmo permanece com a PA controlada segundo as recomendações (≤ 140 e/ou 90 mmHg), assim sendo, o principal objetivo dos anti- hipertensivos é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovascular além de reduzir a PA (23). Os polifenóis são encontrados em diferentes alimentos como frutas, vinho, sucos de uva, vinagres em diferentes concentrações e etc. Atualmente este composto é alvo de inúmeras pesquisas por exibir atividade antirradical livre e ação na inibição oxidativa, logo, Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 19 a alta concentração desses compostos nos vinagres Balsâmicos e no vinagre de arroz desempenham um papel importante na saúde humana (4). A ingestão regular de substâncias com essas propriedades regulam a permeabilidade dos capilares sanguíneos permitindo o fluxo contínuo de nutrientes essenciais, assim como oxigênio, além de atuar na prevenção da oxidação do LDL (lipoproteína de baixa densidade), através da redução de radicais livres e quelação de íons metálicos, e nas proteínas contráteis do sistema cardiovascular com ações hipotensoras (24 25 ) Em 2000, Nishidai (15) e colaboradores avaliaram o acetato de etila em diferentes extratos de vinagre no intuito de comparar suas atividades antioxidantes, e observaram que Kurôzu (tipo de vinagre de arroz) em peles de rato in vivo e in vitro obtiveram uma atividade substancial na peroxidação lipídica com maiores concentrações de: polifenóis totais, antioxidante lipofílicos, maior atividade de antioxidante além do efeito inibidor do estresse oxidativo. A disfunção endotelial é estabelecida quando há um estresse oxidativo caracterizado por desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes, em favor da geração excessiva de radicais livres ou em dano da velocidade de remoção desses radicais. Em casos de danos o estresse é ocasionado pelo declínio da atividade e disponibilidade do óxido nítrico (ON). Esse mecanismo tem sido extensamente pesquisado no intuito de elucidar as possíveis interações dos compostos bioativos, com ênfase nos polifenóis, em doenças arteriais (21 22). O ON é produzido por células endoteliais que em condições basais, são essenciais no processo de relaxamento da musculatura lisa dos capilares através de mediadores químicos como, acetilcolina, adenosina difosfato, serotonina entre outros. Essas substâncias químicas possuem atividade sobre as células desse tecido que logo interagem com receptores do tipo muscarínico, levando a ativação da enzima óxido nítrico sintase endotelial (e-NOS) e em seguida a formação de ON. Uma vez produzidos, o ON atravessa o espaço entre o endotélio e o músculo liso vascular e estimula a enzima guanilato ciclase solúvel (sGC) que posteriormente sofre ação bioquímica formando monofosfato cíclico de guanosina (cGMP) intracelular, e reduz o influxo de Ca2+ através do sarcolema resultando no relaxamento endotelial (26 21 27 22 28). O endotélio vascular, quando danificado por fatores de risco, perde sua função fisiológica de proteção progressivamente e modifica suas funções regulatórias resultando na disfunção endotelial. Entre os fatores que causam dano ao endotélio há a presença de espécies reativas de oxigênio (ERO) e as espécies reativas de nitrogênio (ERN), essas espécies são encarregadas por danificar a função endotelial celular e por sua complicação na aterogênese. O estresse oxidativo pode reagir com moléculas de ON através de ânions superóxidos e lipoproteínas de baixa densidade oxidadas (LDLs-ox), e diminuir sua atividade. Esses radicais livres atuam sobre os receptores endoteliais e os desativam impossibilitando a ligação de moléculas químicas responsáveis por estimular e-NOS e consequentemente reduzindo a produção de ON prejudicando o sistema de relaxamento muscular mediado por essas moléculas (22 28). ATIVIDADE ANTITUMORAL E ANTI-INFLAMATÓRIA A promoção da saúde baseado em propriedades do vinagre tem sido historicamente relatados em vários estudos, além dos fins medicinais e efeitos terapêuticos, pode-se citar o vinagre como um agente antimicrobiano e na prevenção de doenças associadas ao câncer, hipertensão, colesterol, etc (29). Há evidências científicas acerca do uso medicinal de vinagre, destacando as funções do mesmo como agente anti-glicêmico como relatado por (30). Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 20 Os compostos polifenólicos dispõe de uma eminente atividade bioquímica englobando aquelas que podem influenciar positivamente nos processos fisiológicos que são desregulados durante o desenvolvimento do câncer, incluindo principalmente, atividades antioxidantes, ação sobre a expressão gênica alterada bem como sobre as proteínas que controlam a progressão do ciclo celular e o efeito de eliminação em carcinógenos ativados e mutagênicos (31). Os radicais livres pertencentes ao nosso organismo é crítico na manutenção de inúmeras funções fisiológicas, pois esses radicais podem ser processados no citoplasma, na mitocôndria ou membrana celular, uma vez que, seu interesse celular está relacionado com seu sitío de formação, seu alvo poderá ser moléculas de proteínas, lípidos, carboidratos e DNA (Ácido Desoxirribonucléico). A morte ou danos em tecidos e células provocados pelo processo de oxidação está intimamente interligado com a etiologia de inúmeras doenças como cardiopatias, arterosclerose, diabetes, doenças inflamatórias, doenças neurológicas entre outras, no entanto, os danos ocasionados em DNA desempenham um papel significativo em processos de mutagêneses e carcinogênese (32). Lesões em DNA mitocondrial apresentam uma maior relevância, pois a mesma é uma das principais fontes de RLO (Radicais Livres de Oxigênio) e seu DNA exibe altos níveis de radicais livres, logo, o DNA mitocondrial é o principal alvo de agentes químicos carcinogênicos, uma vez que, esses DNA são lesionados por radical hidroxila os mesmo sofrem alterações nas bases nitrogenadas e/ou quebra de moléculas (33). Estudos realizados com vinagre derivado de arroz, o Kurôsu, e outro vinagre preto japonês derivado de arroz integral, revelaram propriedades anticancerígenas promovendo a necroptose e apoptose de células cancerosas humanas. Segundo (34), o tratamento Kurusu inibiu a proliferação de células cancerígenas (cólon adenocarcinoma, carcinoma pulmonar, adenocarcinoma de mama, carcinoma da bexiga, e células de carcinoma da próstata) (35 36 37). Em relação à indução de apoptose de Kurôsu, não houve um consenso entre os estudos publicados possivelmente devido às diferenças nos métodos de fabricação do vinagre, o que influencia muito no mecanismo de ação dos compostos de Kurôsu (38). Além de todos compostos antioxidantes que já foram estudados acerca do uso de vinagre na alimentação, foi relatado que o ácido acéticooriundo do vinagre mostrou uma sensibilidade promissora, especificidade e precisão para o exame de câncer bucal (39). CONCLUSÃO A partir de informações reunidas neste artigo, conclui-se que os vinagres balsâmicos e de arroz apresentam atividades promotoras da saúde humana das quais já foram comprovadas por meio de estudos in vitro e in vivo, como atividade anti-hipertensiva, anti- inflamatória, antitumoral além de um alto poder antioxidante. Os hábitos alimentares do consumidor estão em constante mudança e nas atuais circunstâncias do mundo de hoje, estão em busca de alimentos funcionais e terapêuticos com intuito da melhora da saúde e melhor estilo de vida. Neste sentido, o artigo proporcionou informações sobre vinagres balsâmicos e de arroz e os efeitos positivos em relação à saúde. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Fernandes ACF. Produção e caracterização de fermentado alcoólico e vinagre de físalis e pitaia como estratégia de aproveitamento tecnológico. Dissertação (Mestrado em Microbiologia Agrícola)-Universidade Federal de Lavras, Lavras, Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 21 2016, 108 p. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/10909. 2. Suman PA., Leonel M. Obtenção de vinagre a partir de mandioca e gengibre. Energia na Agricultura, 2013, v. 28, n. 1, p. 52-56. 3. Lima UA, Aquarone E, Borzani W, Schmidell W. Biotecnologia Industrial: Processos Fermentativos e Enzimáticos. São Paulo. 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E-mail: ellen.godinho@ifgoiano.edu.br 3Discente do Curso de Superior em Tecnologia de Alimentos - TAL – IF Goiano; E-mail: biafer2308@gmail.com. 4 Docente Depto de alimentos – TAL – IF Goiano. E-mail: dayana.soares@ifgoiano.edu.br 5Docente Depto de alimentos – TAL – IF Goiano. E-mail: ana.stort@ifgoiano.edu.br Resumo: O pescado desde a antiguidade é, uma importante fonte de alimentos e a aquicultura no Brasil vem crescendo a cada ano superando a taxa da pecuária. Mesmo com o crescimento gradual, o consumo nacional de pescado ainda é relativamente baixo, devido principalmente pela falta de qualidade destes. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do tempo de estocagem no tambacu armazenado com escamas e sem escamas. Os peixes foram analisados fresco e nos tempos 40 e 80 dias sob congelamento, com e sem escama. Foram realizadas análises microbiológicas de presença de coliformes fecais, Salmonella sp. e Staphylococcus aureus, os resultados estavam dentro da legislação vigente durante todo o período de estocagem. Palavras-chave: análises microbiológicas; congelamento; tambacu INTRODUÇÃO O pescado desde a antiguidade é, uma importante fonte de alimentos. Ele se destaca nutricionalmente quanto à quantidade e qualidade das suas proteínas, à presença de vitaminas e minerais e, principalmente, por ser fonte de ácidos graxos essenciais ômega- 3, eicosapentaenoico e docosaexaenoico (1). A cada dia tem aumentado o interesse do público em relação à segurança alimentar e por alimentos mais nutritivos, passando a ser fundamental a determinação das condições de higiene e a determinação das características do alimento, bem como para demonstrar seu valor nutricional perante o consumidor (2). O crescimento da aquicultura no Brasil vem crescendo a cada ano, a taxa de crescimento é superior à da pecuária, um dos peixes mais cultivados na aquicultura tem sido o tambacu que apresenta características superiores às do pacu no que se refere ao crescimento e qualidade de carne, e características superiores ao tambaqui, no que refere à resistência (3). Mesmo com o crescimento gradual, o consumo nacional de pescado ainda é relativamente baixo, devido principalmente pela falta de qualidade destes, pois é o alimento de origem animal com maior probabilidade de deterioração, principalmente por apresentar pH próximo a neutralidade, elevada atividade de água nos tecidos, alto teor de nutrientes facilmente utilizáveis pelos micro-organismos, acentuado teor de fosfolipídios e rápida ação mailto:maecelo_h6@hotmail.com mailto:ellen.godinho@ifgoiano.edu.br Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 25 destrutiva das enzimas presentes nos tecidos e nas vísceras do peixe (4). Visando os quesitos de qualidade e valor nutricional, passa a ser importante o estudo por métodos mais eficientes de armazenamentos procurando a preservação das características nutritivas com menor perda possível e com garantia de qualidade. Este trabalho tem o objetivo de avaliar o efeito do tempo de estocagem para “tambacu” armazenado com escamas em relação ao mesmo armazenado sem escamas, através de análises microbiológicas e físico-químicas. MATERIAL E MÉTODOS A matéria-prima foi obtida de um pesqueiro localizado no município de Nova Olímpia – MT, onde foram capturados 25 peixes selecionados através de sua espécie e tamanho, com o tamanho mínimo de 40 cm e máximo de 45 cm. Os peixes foram colocados imediatamente em gelo até serem levados ao Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT de Barra do Bugres, onde os peixes foram eviscerados e lavados em água corrente. Os peixes foram eviscerados e limpos, em seguida dos 20 peixes capturados, 10 foram conservados com escamas, 10 descamados para as amostras que seriam estocadas sob congelamento e 5 destinados para as amostras frescas. Os peixes foram separados em amostras frescas, e amostras estocadas sob congelamento com escama e sem escama. As amostras para o congelamento foram acondicionadas em sacos plásticos e estocadas separadamente por 40 e 80 dias, a temperatura de -18°C. As análises microbiológicas e físico-químicas foram realizadas em triplicatas, sendo que as primeiras foram realizadas nos peixes frescos acondicionados apenas em gelo durante o transporte até os laboratórios. Já as análises posteriores foram realizadas nos peixes estocados sob congelamento no intervalo de 40 e 80 dias, conforme descrito no fluxograma abaixo. Figura 1 - Fluxograma do processo de obtenção e análise dos peixes Fonte: Os autores Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 26 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICA As análises foram realizadas logo após a evisceração do peixe em tempo zero, e durante os períodos 40° e 80° dias de estocagem sob congelamento a -18°C. O acompanhamento da estabilidade do peixe foi realizado através da medida de umidade, acidez total titulável, pH e cinzas, sendo desempenhadas em triplicatas e realizadas no Laboratório de Química da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Barra do Bugres, conforme a metodologia descrita do Instituto Adolfo Lutz (2008). As análises de lipídios e proteínas foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA - LAPOA, localizada em Várzea Grande – MT. Umidade O método baseou-se na evaporação da água presente de uma amostra de 5 g, em estufa a 105°C por 24 horas, até peso constante, de acordo com o método 013/IV. Acidez total titulável A acidez total titulável foi determinada por meio de titulação com solução de hidróxido de sódio (NAOH) a 0,1N, estimada segundo o método 016/IV. pH O pH foi determinado em um pHmetro de bancada, e os resultados foram expressos em unidades de pH, de acordo com o método 017/IV. Cinzas As cinzas foram determinadas de acordo com o método 018/IV. Esse procedimento baseou-se na perda de peso do material. O material foi incinerado em forno mufla a 550°C, até peso constante, incinerando a matéria orgânica sem considerável degeneração dos constituintes do resíduo mineral ou perda por volatilização. Lipídios As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA – LAPOA/MT, segundo a Instrução Normativa I.N.25/2011 do MAPA (5). Proteínas As análises foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA – LAPOA/MT, conforme a Instrução Normativa I.N.25/2011 do MAPA (5). ANÁLISE MICROBIOLÓGICA As avaliações da carga microbiana presente no peixe foram realizadas em cada etapa de estudo, acompanhadaspela avaliação físico-química, bem como realizadas no tempo zero, 40° e 80° dia de estocagem sob congelamento. As análises microbiológicas foram realizadas conforme os Padrões Microbiológicos Sanitários para Alimentos, recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), de acordo com a Resolução – RDC n° 12, de 2 de janeiro de 2001 (6). Assim foram avaliadas a presença de coliformes fecais, Salmonella sp.e Staphylococcus aureus. As análises do Número mais Provável de Coliformes Totais e Fecais, foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Campus de Barra do Bugres, conforme a metodologia descrita por Siqueira Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 27 (1995). As análises para a determinação da presença ou ausência de Salmonella sp. e Staphylococcus aureus, foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA – LAPOA/MT, localizada em Várzea Grande – MT, conforme a metodologia descrita. Staphylococcus aureus Baseou-se na inoculação das diluições desejadas das amostras sob teste em caldo telutito manitol glicina, com posterior confirmação em ágar Baird-Parker. Foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA – LAPOA/MT, conforme a I.N. 62/2003 (7). Salmonella sp. Foram realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos LTDA – LAPOA/MT, conforme a metodologia AOAC 996.08. Coliformes fecais A análise de coliformes fecais foi desenvolvida através da técnica do número mais provável (NMP) (8). ANÁLISE ESTATÍSTICA Para análise estatística, os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) sendo, em seguida, comparadas as médias pelo teste de Tukey, com nível de significância previamente estabelecido em 5% (p<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 2 abaixo apresenta os resultados das análises do Tambacu fresco e as tabelas 1 e 2 os resultados das análises sob armazenamento. Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 28 Figura 2 – Composição do tambacu fresco Fonte: Os autores Tabela 1 – Análises físico-químicas (média ± desvio padrão) de umidade, acidez e pH do tambacu com escama e descamado em diferentes períodos de estocagem sob congelamento. Tempo de Estocagem Dias Umidade (%) Acidez (%) pH Peixe fresco 0 73,00±0,02a 3,70±0,003d 6,47±0,06a Com escama 40 75,00±0,4a 6,75±0,05ab 6,44±0,06a Com escama 80 74,80±0,8a 5,25±0,05c 6,41±0,06ab Sem escama 40 71,76±0,04a 7,30±0,0a 6,33±0,12ab Sem escama 80 70,00±0,015a 5,80±0,5bc 6,22±0,0b * As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Fonte: autores. Tabela 2 – Análises físico-químicas (média ± desvio padrão) de cinzas, umidade e proteínas do tambacu com escama e descamado em diferentes períodos de estocagem sob congelamento Tempo de Estocagem Dias Cinzas (%) Lipídios (%) Proteínas (%) Peixe fresco 0 1,17±0,31a 4,59±0,0a 19,51±0,2bc Com escama 40 1,14±0,02a 0,95±0,02b 22,47±0,06a Com escama 80 1,15±0,02a 1,92±0,04b 17,75±0,4c Sem escama 40 1,27±0,19a 1,53±0,01b 22,24±0,07ab Sem escama 80 1,15±0,05a 3,54±0,2a 20,13±0,05abc * As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Fonte: autores 73,00% 1,17% 4,59% 19,51% 1,73% Composição do peixe fresco Umidade Cinzas Lipídios Proteínas Outros Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 29 Segundo autores a umidade dos peixes pode variar de 60 a 85%, a proteína de 15 a 23%, o lipídio de 0,6 a 36%, a cinzas de 1 a 2% e o carboidrato de 0,3 a 1,0% (9). Portanto foi possível observar que os resultados encontrados de umidade, pH, cinzas, lipídios e proteínas estão dentro da composição média do pescado conforme especificado na Figura 2. Estudos da composição química de peixes de água doce frescos e estocados sob congelamento, obtiveram valores para pacu de 67,31% de umidade, 16,88% de proteína e 1,12% de cinzas, valores estes próximos, com exceção do lipídio que foi superior ao observado neste estudo (10). Demais estudos tiveram resultados de 77,13%, 1,09%, 19,36% e 2,60 %, para umidade, cinzas, proteínas e lipídios respectivamente, valores estes semelhantes ao presente estudo (11). Já ao estudar o valor nutricional do pescado do mar durante o congelamento, alcançaram resultados de 77,38% de umidade, 1,17% de cinzas, 19,75% de proteína e 1,22% de lipídios, resultados próximos aos valores encontrados neste trabalho (12). O congelamento não ocasionou uma alteração significativa no teor de umidade, porém o tambacu estocado com escama por 40 e 80 dias houve um pequeno aumento na umidade com o congelamento em relação à amostra fresca, já para o tambacu sem escama ocorreu uma leve queda na umidade em relação ao mesmo período. A diferença encontrada na umidade entre as duas amostras (com escama e sem escama), se deve a aplicação de forças externas, como corte, trituração, prensagem e congelamento (13). O peixe quando congelado e estocado, pode apresentar problemas de desidratação quando a superfície deste está exposta (13). Autores constataram que a umidade do pacu aumentou com o congelamento expressivamente tanto para o pacu com pele e sem pele (10). A perda de água nas amostras tem relação direta com o pH, onde quanto maior o valor de pH existente maior a tendência de retenção de água (13). O que foi atestado por este estudo onde, os valores de pH e umidade foram proporcionais, ou seja, quando maior o índice de pH nos peixes congelados maiores a umidade das amostras, independente da amostra com ou sem pele e do tempo de estocagem. Os valores encontrados para o pH no intervalo de 6,22 a 6,47 nos diferentes períodos de estocagem, mostram que os valores estão dentro do estabelecido pelo Regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal (RIISPOA) aprovado pelo DECRETO nº 30.691, de 29/03/1952 em seu Artigo nº 443, que estabelece para a carne externa pH inferior a 6,8 e para interna pH inferior a 6,5 nos peixes (14). Com o tempo da estocagem sob congelamento percebeu-se que o índice de pH das amostras caiu, porém quando se compara o peixe com e sem escama, este teve diferença mais acentuada na queda do pH. Autores encontram um valor de pH entre o intervalo de 6,29 a 6,57 para os peixes pacu, palmito, cachara e barbado armazenados sob congelamento, são semelhantes ao presente trabalho (13). Ocorreram flutuações na acidez do peixe em função do tempo de estocagem sob congelamento. Constatou-se que no período de armazenamento (40 e 80 dias), independentemente nas amostras com ou sem escamas houve aumento significativo ao nível de 5% para acidez, em comparação ao peixe fresco. O armazenamento sob congelamento está associado ao ranço, podendo este, ser o motivo pelo aumento da acidez após o congelamento, uma vez que, a oxidação lipídica está na origem do desenvolvimento do ranço (15,16). Com relação ao teor de cinzas, os resultados obtidos mostraram-se próximos dos resultados encontrados por demais autores (13, 17). A retirada da escama elevou o teor de cinzas no tambacu no período de estocagem de 40 dias. A composição química da carne do pescado está relacionada com a espécie, condições fisiológicas, condições ambientais, alimentação e da parte do corpo analisada (18), portanto essa diferença no teor de cinzas pode estar relacionada com a parte do corpo analisada. Ciência e Tecnologia de Alimentos: Pesquisas e Avanços 30 O peixe fresco do presente estudo, pode ser considerado semi-gordo, por apresentar teor de gordura entre 2,5% à 10% segundo classificações (18). O maior teor de lipídios foi observado na amostra fresca, que não foi submetida à estocagem sob congelamento, resultado este também encontrado por demais autores para a tilápia em diferentes