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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVERSO BELO HORIZONTE Curso de Direito VT RESUMO: Relações de Parentesco Art. 1.591 ao 1.638 Código Civil Wenderson Christian Silva Leonardo Matricula: 600841144 Turma: N1 Turno: Noite Matéria: Direito de Família e Sucessões Professor (a): Paula De Oliveira Cesarino Muzzi Belo Horizonte 2022 Parentesco O parentesco poderá se: 1. Natural; 2. Por afinidade; 3. Civil. O parentesco natural é definido pelo vínculo de sangue. Em paralelo, o parentesco por afinidade decorre da relação de parentesco que se tem com os parentes do cônjuge ou companheiro. Aqui, tem-se a sogra/ sogro, cunhado/cunhada, enteado/ enteada. Para ser mais didático, elaborei um vídeo em que, literalmente, desenho o assunto. Por fim, no parentesco civil tem-se o parentesco: 1. por adoção; 2. da multiparentalidade (socioafetiva). Na linha reta, temos ascendentes e descendentes. Na linha colateral (ou transversal), até o quarto grau, temos pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra (art. 1.592 do CC/02). Por afinidade, há apenas: • 1° grau em linha reta (sogro/sogra e enteado/ enteada); • 2° grau em linha colateral (cunhado/ cunhada). O fim do casamento ou união estável não extingue a afinidade em linha reta (art. 1.595, § 2°, CC/02). Para direito sucessório, é considerado herdeiro na linha colateral até o quarto grau. Os alimentos serão prestados entre ascendentes e descendentes, bem como entre colaterais até o 2° grau. https://direitodesenhado.com.br/dissolucao-da-sociedade-conjugal/ https://direitodesenhado.com.br/uniao-estavel/ https://direitodesenhado.com.br/alimentos-direito-de-familia/ Paternidade Há três espécies de paternidade: 1. Jurídica: Por exemplo adoção, decorrente de inseminação heteróloga, etc. 2. Biológica: comprovada por meio do DNA (exame hematológico); 3. Socioafetiva: diferencia genitor (quem cede o material genético) do pai (aquele que estabeleceu um vínculo afetivo). Em relação a paternidade socioafetiva, é preciso comprovar a “posse de estado de filho”. É o que disciplina o enunciado 519 da V jornada de direito civil, senão vejamos: “O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de socio afetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.” (grifei) Para existir a “posse do estado de filho”, o pai deve: 1. Dar nome; 2. Proporcionar tratamento de filho; 3. Apresentar fama/ reputação de filho. O art. 1.597 (presunção relativa de paternidade – “pater is est”) é de suma importância para Concursos Públicos, motivo pelo qual será explicado de forma pormenorizada: Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I – nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; https://direitodesenhado.com.br/direito-civil-desenhado-curso/ https://direitodesenhado.com.br/casamento/ II – nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; III – havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV – havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V – havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. O inciso I dispõe que se presume filho aquele que nasceu cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a sociedade conjugal. O legislador pressupõe que a criança que nasce prematuramente, nascerá, no mínimo, em 180 dias. Por esse motivo, há este prazo. O inciso II, por sua vez, dispõe que, também é filho, aquele que nascer nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal. Mais uma vez, há o legislador presume que há um prazo (desta vez máximo…) para nascimento. O legislador pressupõe que caso a criança não venha nascer em 9 meses, nascerá, no máximo, em 300 dias (10 meses). Também é filho aquele que nascer por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido (inciso III). Na fecundação artificial homóloga, o sêmen é do próprio marido, razão pela qual não será necessária qualquer autorização deste. O mesmo ocorre em relação ao inciso IV Por fim, presume-se filho aquele que nasce por meio da inseminação artificial heteróloga, desde que com prévia autorização do marido. O sêmen, neste caso, é de terceiro, motivo pelo qual se faz necessária a autorização do marido. Sobre o tema, o enunciado 570 da VI jornada de direito civil enuncia o seguinte: ” O reconhecimento de filho havido em união estável fruto de técnica de reprodução assistida heteróloga “a patre” consentida expressamente pelo companheiro representa a formalização do vínculo jurídico de paternidade-filiação, cuja constituição se deu no momento do início da gravidez da companheira.” É muito importante observar que essas presunções são para o casamento e não podem ser aplicadas à união estável. Neste cenário, não pode o cartório, por exemplo, reconhecer filho a pedido da companheira, sem a presença do companheiro. Também é importante observar o art. 1.798 do CC, vale citar: Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão. Quanto a interpretação do supramencionado dispositivo, há 3 correntes importantes. São elas: • 1° corrente: tem que ser concebido até o momento da morte, caso contrário não terá direito ao acervo; • 2° corrente: O nascituro não terá direito ao acervo hereditário, embora o sistema lhe garanta o direito de saber sua origem; • 3° corrente: Em razão do Princípio da Igualdade de Tratamento entre filhos, o nascituro terá seu direito ao acervo hereditário resguardado. É importante observar, ainda que os filhos, ainda não concebidos, podem ser sucessores em testamento, desde que vivas ao abrir a sucessão (art. 1.799, I, CC/02). Falamos bastante sobre o tema quando explicamos o início da personalidade jurídica. https://direitodesenhado.com.br/inicio-da-personalidade-juridica/ https://direitodesenhado.com.br/inicio-da-personalidade-juridica/ Filiação O primeiro ponto a ser observado aqui é que não pode haver discriminação entre filhos (art. 1.596 do CC/02). Trata-se do princípio da igualdade entre os filhos. O estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível. Por isso, inclusive, dispõe o art. 1.602 que “não basta a confissão materna para excluir a paternidade”. Por ser imprescritível o “estado de filiação”, também será a ação de investigação de paternidade. Contudo, mas não o é a de petição de herança, já que guarda relação com direito patrimonial (súmula 149 do STF). Provando-se a impotência para ter filhos (impotência generandi), afasta-se a presunção de paternidade (art. 1.599 do CC/02). Cabe ao marido a legitimidade para impugnar a paternidade (ação declaratória), sendo tal ação imprescritível (art. 1.601 do CC/02). É importante destacar que, “em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade” (Súmula 301 do STJ). Além disso, segundo o art. 1.604, “ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. A prova da filiação se faz por meio da certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil (art. 1.603 do CC/02). Para impugnar essa prova, será preciso ajuizar ação negatória de paternidade/ maternidade. Trata-se de ação também imprescritível que deve comprovar: 1. Erro ou falsidade do registro; 2. Não formação do vínculo socioafetivo. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I– no registro do nascimento; II – por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III – por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV – por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. O reconhecimento do filho é um ato jurídico em sentido estrito e irrevogável (art. 1.610 do CC/02). Aliás, são ineficazes a condição e o termo opostos ao ato de reconhecimento do filho (art. 1.613 do CC/02) O filho reconhecido, enquanto menor, ficará sob a guarda do genitor que o reconheceu, e, se ambos o reconheceram e não houver acordo, sob a de quem melhor atender aos interesses do menor. (art. 1.612 do CC/02) Além disso, é importante observar que o reconhecimento do filho pode ser impugnado pelo próprio filho nos seguintes casos: 1. Se maior, o reconhecimento depende do consentimento do filho; 2. Se menor, o reconhecimento poderá ser impugnado nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou emancipação. https://direitodesenhado.com.br/fato-juridico-ato-juridico-e-negocio-juridico/ https://direitodesenhado.com.br/fato-juridico-ato-juridico-e-negocio-juridico/ https://direitodesenhado.com.br/emancipacao/ O art. 1.615 do CC/02 esclarece que qualquer pessoa, com justo interesse, pode contestar a ação de investigação de paternidade ou maternidade (art. 1.615 do CC/02). O poder familiar pode ser compreendido como um conjunto de direitos e deveres dos pais em relação aos filhos menores (art. 1.630 do CC/02). O poder familiar, então, incide enquanto o filho não atingir 18 anos de idade. Tal poder será exercido por ambos os pais e, na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade (art. 1.631 do CC/02). Em caso de divergência dos pais, podem recorrer ao juiz. É importante lembrar que o direito presume a capacidade de fato daquele que atinge 18 anos de idade. Também é importante destacar que, com a emancipação, o direito antecipa a capacidade de fato, motivo pelo qual afasta-se, também nesse caso, o poder familiar. O poder familiar, então, incide em face do: 1. menor de 18 anos; 2. não emancipado. Em paralelo, é preciso lembrar que a ação de interdição visa, justamente, afastar a presunção de capacidade de fato que ocorre aos 18 anos. Ocorre que a ação de interdição não tem aptidão para restabelecer o poder familiar. Nesse caso, em verdade, o juiz nomeia curador que poderão ser os pais, porém, sem poder familiar. Além disso, o poder familiar é: https://direitodesenhado.com.br/emancipacao/ 1. irrenunciável; 2. intransferível; 3. inalienável; 4. imprescritível. Por isso, o exercício do poder familiar é personalíssimo. É importante observar que a guarda não retira do outro o poder familiar. Em relação aos filhos menores, o poder familiar consiste em: I – dirigir-lhes a criação e a educação; II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro Município; VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar; VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. Observe que o inciso VI fala que faz parte do poder familiar a nomeação de tutor por: 1. testamento; 2. documento autentico. Os menores serão representados ou assistidos pelos genitores, conforme a espécie de incapacidade (absoluta ou relativa). https://direitodesenhado.com.br/guarda-direito-de-familia/ Em paralelo, o menor que não está submetido ao poder familiar, será tutelado. A tutela, então, é um instituto específico de proteção do menor que nasce em caso de inexistência do poder familiar. O ordenamento jurídico esclarece que o poder familiar poderá ser suspenso ou extinto. Segundo o art. 1.635 do CC/02, extingue-se o poder familiar: I – pela morte dos pais ou do filho; II – pela emancipação, nos termos do art. 5°, parágrafo único; III – pela maioridade; IV – pela adoção; V – por decisão judicial, na forma do art. 1.638. Fala-se em extinção jurídica do poder familiar no caso de adoção, emancipação ou destituição (decisão judicial). Nos termos do art. 1.638 do Código Civil, a destituição ocorre decisão judicial na hipótese do pai ou da mãe: I – castigar imoderadamente o filho; II – deixar o filho em abandono; III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (lei 13.715/18) a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; https://direitodesenhado.com.br/tutela-direito-civil/ https://direitodesenhado.com.br/homicidio/ b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (lei 13.715/18) II – praticar contra filho, filha ou outro descendente: (lei 13.715/18) a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (lei 13.715/18) b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão. (lei 13.715/18) A lei 13.715/18 introduziu os incisos I e II do parágrafo único do dispositivo. A mesma lei também deu nova redação ao art. 92, II, do Código Penal. O juiz, a pedido de parente ou Ministério Público, poderá suspender o poder familiar no caso de abuso do poder familiar: 1. faltando os deveres a eles inerentes ou… 2. arruinando o bem dos filhos Observe que o poder familiar é suspenso: 1. de forma excepcional; 2. como medida de proteção do menor. O Código Civil, ainda, esclarece que se suspende o poder familiar quando o pai ou a mãe forem condenados, por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda dois anos de prisão. Contudo, nos termos do art. 92, II, do Código Penal, é efeito da condenação a declaração de incapacidade para o exercício do poder familiar quando o crime é praticado: 1. contra outrem igualmente titular do poder familiar; 2. contra filho, filha ou outro descendente; 3. contra tutelado ou curatelado. Repise-se, por oportuno, que o art. 92, II, do Código Penal também teve a redação alterada pela lei 13.715/18. https://direitodesenhado.com.br/curatela-direito-civil/ Administração dos bens dos filhos menores Os pais exercem o poder familiar. Durante o exercício do poder familiar, os pais são: 1. usufrutuários dos bens dos filhos; 2. tem a administração dos bens dos filhos. Em caso de divergência, devem as partes recorrer ao juiz. Sem autorização judicial, os pais não podem: 1. alienar ou gravar de ônus real os imóveis ou 2. contrair obrigações em nome dos filhos que ultrapassem atos de mera administração, Podem pleitear a declaração de nulidade: • I – os filhos; • II – os herdeiros; • III – o representante legal.No caso do exercício do poder familiar colidir com interesse do filho, o juiz, a pedido deste ou Ministério Público, nomeará curador especial (art. 1.692 do CC/02). https://direitodesenhado.com.br/obrigacoes/