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NJ Pneumologia Tuberculose Introdução - Problema social - Doença infectocontagiosa, causada pelo mycobacterium tuberculosis • Bacilo de Koch (BK) • Preferencialmente nos pulmões - Brasil: • Elevada taxa de morbimortalidade • Populações vulneráveis • HIV/AIDS (PVAH) - TB pulmonar: • Forma mais frequente 85,5% - Disseminação do microorganismo é mais raro -> acometimento extra pulmonar • Associada a forma pulmonar ( TB mista) • Imunocomprometidos e crianças • Locais mais frequentes: linfonodos, pleura, trato geniturinário, ossos e articulações, meninges, olhos, laringe, peritônio e pericárdio - TB ganglionar: • Extrapulmonar mais comum em crianças e imunodeprimidos ( HIV/ AIDS) - TB pleural: • Extrapulmonar mais comum em imunocompetentes, principalmente adultos jovens • Associado a forma pulmonar em 20% dos casos - TB miliar: • Forma mais grave da doença • Disseminação hematogenica do bacilo pelo parênquima pulmonar • Mais comum em PVHA em fase avançada de imunossupressão Etiologia e transmi!ão Mycobacterium Tuberculosis - Bacilo imóvel que não esporula - Capsula lipídica - Micobactéria aeróbica, intracelular - Álcool-ácido-resistente (BAAR) - Multiplicação lenta - Parasita celular facultativo - Crescimento lento - Dormência por longo tempo - Resistente a agentes quimicos - Sensível aos físicos - Transmissão: • Inalação de aerossóis produzidos pela tosse, espirro ou fala de bacilíferos (baciloscopia de escarro positiva- principal fonte de infecção) • Ocorre enquanto o indivíduo permanece como bacilífero - Período de transmissibilidade: • Inicia-se com o surgimento dos sintomas respiratórios • Termino após 15 dias de tratamento • Recomenda-se a negativação da baciloscopia para suspensão das precauções respiratórias Contagio na tuberculose - Foco: • Forma pulmonar/laringea • Bacilífera (BAAR+) • Vigor da tosse: quanto mais intensa, mais bacilos 1 NJ Pneumologia - Contato: • Proximidade: quem mora na casa • Continuidade: mais de 200 horas em contato com o foco • Ambiente: mal ventilado, aglomerado e com pouca luz solar Infecção por tuberculose - Toda tuberculose se inicia no pulmão - Contato com o mycobacterium, porém não desenvolveu a doença - Infectado, mas não doente - Bacilo chega ao alvéolo e sofre ação pelas células de defesa, fazendo com que o bacilo entre na corrente sanguínea e seja espalhado pelo organismo - Raio x e escarro negativos - Diagnóstico: PPD Tuberculose primária - Primeiro contato com a tuberculose causa a doença - Desenvolvimento da doença - Ligação com deficiência no sistema imune Tuberculose secundária - Primeiro contato com a tuberculose - Formação de granuloma (bacilos + células de defesa) • Bacilos não estão mortos, estão dormentes - Multiplicação lenta - Imunossupressão importante causa diminuição das células de defesa e multiplicação dos bacilos dormentes Fisiopatologia - A maioria dos infectados não desenvolve a doença • Resposta imune efetiva • Evoluindo para TB latente (ILTB) que é detectada pela prova tuberculínica - 5% dos expostos adoecem logo após a primo-infecção - 5% adoecem mais tardiamente à primo- infecção por reativação de infecção latente -> infecção secundária - A infecção não confere imunidade permanente Fatores de risco - Indígenas - Privados de liberdade - Imunossupressão - Pessoas em situação de rua - Precárias condições socioeconômicas Quadro clínico - Período de incubação: 4 a 12 semanas - Principal sintoma: • Tosse persistente por 3 semanas ou mais • Seca ou produtiva, com ou sem escarros hemoptoicos - Sintomas associados: • Febre vespertina • Sudorese noturna • Perda ponderal • Hiporexia • Astenia • Mal-estar geral • Prostação • Mialgia 2 NJ Pneumologia • Dispneia • Fáscies de doença crônica Diagnóstico - Mais pedidos: 1. Baciloscopia escarro 2. Cultura de escarro para B.K> + sensibilidade das drogas 3. Rx tórax 4. TRM-Tb Clínico epidemiológico - Tosse por 3 semanas ou mais ( sintomático respiratório) e/ou outros sinais e sintomas, como febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e inapetência Radiológico - Indicado em todas as suspeitas clinicas - Ajuda a excluir doença pulmonar associada, avaliar extensão do acometimento e resposta terapêutica - Achados sugestivos: • Lesões predominantes em ápices pulmonares, principalmente lobo direito • Opacidade, infiltrados, nódulos, cavitações • Fibroses, retrações, calcificações, adenomegalia • Aspecto miliar, aspecto de “arvore em brotamento” Baciloscopia direta do esca#o - Pesquisa de BAR pelo método Ziehl- Nielsen - Quanto mais bacilos tiver, mais infectante o paciente é - Mínimo 2 amostras: • Primeira consulta • Manhã do dia seguinte - Indicações: • Sintomáticos respiratórios • Suspeita clínica ou radiológica de TB • Suspeita clínica de TB extrapulmonar • Controle terapêutico: avaliar resposta ao tratamento ( ao final do 2o mês e após termino do tto) - O tratamento não se altera de acordo com a quantidade de bacilos - Diagnóstico e acompanhamento - Realizado mensalmente - Falência: • Começa com o escarro positivo e no 4o mês continua positivo • Final do 1o mês escarro + com tosse, 2o e 3o mês escarro - sem tosse, 4o mês positivo com sintomas • Critério clínico -> não fica bom • Por resistência ou má adesão Cultura para micobactéria e teste de sensibilidade-TS - Pedida quando há retratamento ou final do 2o mês positivo - Demora a sair de 2 a 3 meses - Alta sensibilidade e especificidade - Tempo de crescimento bacteriano: • 14 a 30 dias ( pode se estender até 60 dias) 3 NJ Pneumologia - Indicações: • Suspeita clínica ou radiológica com baciloscopia negativa • Suspeita com baixa quantidade de bacilo (paubacilar) • Suspeita de TB extrapulmonar • Contato com infectados por TB multirresistente • Antecedência de tratamento prévio • Imunodeprimidos • Falência ao tratamento • Baciloscopia positiva no final do segundo mês de tratamento • Indicação para retardamento ( recidiva ou retorno após abandono) Teste rápido molecular para TB (TRM-TB) - A base do escarro, LCR e algumas biópsias - Amplificação da cadeia de polimerase - Detecta DNA bacteriano e identifica cepas resistentes à rifampicina - Mais sensível que a baciloscopia - Indicado no diagnóstico de TB pulmonar em adultos e crianças - Amostras: • Pulmonares e extrapulmonares - Serve para quem esta doente, e não para quem está só infectado Dosagem de adenosina deaminase - ADA - Níveis elevados nos líquidos pleural, pericardico, sinovial, ascítico e no liquor: critério diagnóstico • Principalmente TB pleural - Importante na TB extrapulmonar Exame histopatológico - Compatível: • Presença de processo inflamatório granulomatoso ‣ Granuloma com necrose de caseificação Prova tuberculínica (PT) - Indicações: • Contatos assintomáticos com pessoas com tuberculose ativa para investigação de ILTB • Diagnóstico de TB ativa em crianças - A leitura deve ser feita após 48 a 72 horas da aplicação Teste IGRA - Interferon Release A!ay - Ensaios de detecção de interferon gama em amostras de sangue - Excelente ferramenta para diagnóstico de TB latente - Medida dos níveis in vitro do interferon gama produzidos pelas cel T que tenham sido estimuladas por antígenos purificados ou sintetizados - Custo elevado - Não permite diferenciar doença ativa e infecção latente - Não apresenta reação cruzada com vacinação de BCG - Interpretação é qualitativa - Utilizado no auxilio do diagnóstico das infecções por M. Tuberculosis - Teste positivo sugere provável infecção e Teste negativo indica improbabilidade - Indicações: • Investigação de contactantes 4 NJ Pneumologia •Avaliação de imigrantes com historio de vacinação por BGC • Rastreamento de TB em profissionais da saúde • Auxilia no diagnóstico da tuberculose latente e ativa • Pacientes imunossuprimidos Teste para diagnóstico de HIV - Rápido ou sorológico ( preferencialmente o rápido) - Indicação: • Todos com suspeita ou diagnósticos confirmados de TB ativa Exames confirmatórios de TB ativa - Baciloscopia direta, cultura e TRM-TB PPD - Para a doença, normalmente não se pede PPD - Menos sensível que o IGRA - Feito no posto de saúde Conduta familiar Tuberculose latente: - Quimioprofilaxia - Sem sintomasAchada no PPD e IGRA - PPD += >10mm ou >5mm em HIV - Tratamento: • Isoniazida 5-10 mg/dia = 300mg por 6 meses ou • Rifampicina 10 mg/dia = 600mg por 4 meses Tratamento Fatores a considerar - Esquema básico: importância da rifampicina/isoniazida • Indicações, doses e duração - Gravidez, morador de rua, tabagista, etilista, HIV + - Falha no tratamento ( mono/TBMR/XDR resistência extensiva) - Atenção básica ( tratamento diretamente observado - TDO: • Observação diária por um profissional de saúde Esquema preconizado - Rifampicina(R), Isoniazida(I), Pirazinamida(Z) e Etambutol(E) - Doses fixas combinadas (RHZE e RH) Esquema básico para adultos e adolescentes (2 RHZE/ 4 RH) - indicações - Casos novos em maiores de 10 anos: • TB pulmonar e extrapulmonar ( exceto forma meningoencefálica), • Infectados ou não por HIV - Retardamento, exceto forma meningoencefálica - Indicações: 1. Casos novos de todas as formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar ( exceto meningoencefalite) infectados ou não pelo HIC ‣ Meningoencefalite: passagem pela BHE é mais difícil, mais longo fica o tratamento 5 NJ Pneumologia 2. Retardamento por recidiva (independente do tempo decorrido do primeiro episódio) ou retorno após abandono com doença ativa ‣ Abandono no 1 mês de tratamento • Preconiza-se a realização de cultura com teste de sensibilidade em todo retardamento • Recomenda-se solicitação de cultura + teste de sensibilidade para todos os casos com baciloscopia + ao final do segundo mês de tratamento - Cura: • Pelo menos 2 baciloscopias negativas, uma durante o tratamento (final do 2o mês) e outra no final do tratamento Crescimento geométrico - Pulmão - Rifampicina - Estreptomicina - Isoniazida - Etambutol Crescimento lento - macrófago - Rifampicina - Pirazinamida - Isoniazida - Etambutol Crescimento intermitente - granuloma - Rifampicina - Isoniazida - (Pirazinamida) Crescimento Bacilar/ fases do tratamento - Crescimento geométrico: • 1o e 2o mês -> fase de ataque ‣ Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol • Objetivo: reduzir a transmissibilidade, a morbidade e a resistência adquirida pela redução da população bacilifera - Fase de manutenção: • Crescimento lento: 3o, 4o, 5o e 6o mês -> fase de manutenção ‣ Rifampicina e Isoniazida • Objetivo: eliminar os bacilos persistentes proporcionando uma cura efetiva e duradoura da doença • Tratamento prolongado e bifásico Forma meningoencefálica em adultos - Fases novas ou retardamento - Fase intensiva 2 RHZE/fase manutenção 7RH - Associar corticosteroides: • Prednisona oral (1-2mg/kg/dia) ou dexametasona IV em casos graves • Por 4-8 semanas Retratamento - Solicitar baciloscopia, TRM-TB, cultura e TS, iniciar o esquema básico até resultados de exames 6 NJ Pneumologia Resistência ao Mycobacterium tuberculosis - Resistência natural: • Resultado de mutação genética natural • A associação das 4 drogas vence a resistência natural - Resistência adquirida: • Seleção por problemas no tratamento ( potencia baixa- abandono-irregularidade) - Resistência primária: • Transmissão para paciente sem tratamento anterior • Pegou de outra pessoa com tuberculose resistente - Multi-ressistência: • Rifampicina e Isoniazida (obrigatoriamente) Tratamento TBMR ( 18 meses) - Confirmação: • Baciloscopia positiva no final do tratamento • Baciloscopia fortemente positiva no início do tratamento • Sem resposta até o 4o mês, baciloscopia inicial positiva seguida de negativa e nova positiva por 2 meses consecutivos - Fase intensiva (8 meses): • Capreomicina (03/07 dias Ev ou Im) • Etambutol (7/7 dias) • Pirazinamida (7/7 dias) • Levofloxacina (7/7 dias) • Terizidona (7/7 dias) • OBS: adultos pesando cerca de 56-70kg - 11 comprimidos dia/ esquema supervisionado - Fase manutenção (10 meses): • Etambutol • Levofloxacina • Terizidona • Doses/ horários são semelhantes a fase intensiva Indicações de hospitalização - Meningoencefalite tuberculosa. - Intolerância aos medicamentos anti-TB incontrolável ambulatorialmente. - Estado geral que impossibilita tratamento ambulatorial. - Intercorrências clínicas ou cirúrgicas. - Vulnerabilidade social ou alto risco de abandono do tratamento Reações adversas Menores ( suspensão desnece!ária) - Rifampicina: náuseas, vômitos, dor abdominal, urina avermelhada, exantema - Isoniazida: náuseas, vômitos, dor abdominal, exantema, artralgia, neuropatia periférica (co- mum), sintomas neurológicos (cefaleia, insônia, ansiedade) - Pirazinamida: náuseas, vômitos, dor abdominal, artralgia, hiperuricemia - Etambutol: náuseas, vômitos, dor abdominal, neuropatia periférica, hiperuricemia. 7 NJ Pneumologia Maiores ( inte#omper o tratamento) - Quando o evento for resolvido, considerar reintroduzir o esquema básico ou especial (alternativo) • Rifampicina: hipersensibilidade de moderada a grave, hepatotoxicidade, nefrite intersticial, anemia hemolítica, plaquetopenia, leucopenia • Isoniazida: psicose, crise convulsiva, encefalopatia ou coma, hepatotoxicidade, hipersensibilidade de moderada a grave • Pirazinamida: hipersensibilidade de moderada a grave, hepatotoxicidade, rabdomiolise com mioglobinúria e insuficiência renal. • Etambutol: hipersensibilidade de moderada a grave, neurite óptica. Tratamento ILTB - Isoniazida: • 5-10 mg/kg/dia (dose máxima de 300 mg/dia) para 270 doses tomadas em • 9 a 12 meses. • Indicações ( depois do descarte de TB ativa pela radiologia e clínica) • PT ≥ 5 mm: contatos adultos e adolescentes maiores de 10 anos; pessoas com imagem radio- lógica sugestiva de sequela de tuberculose; transplantados em terapia imunossupressora; uso de corticosteroides. • PT ≥ 10 mm: silicose; neoplasia de cabeça e pescoço; neoplasias hematológicas; insuficiência renal em diálise; diabetes mellitus • Pessoa vivendo com HIV/aids, contato de doente bacilífero ou com cicatriz radiológica em tratamento prévio, independentemente da PT • Conversão tuberculínica (2a PT com aumento de 10 mm em relação à 1a com intervalo míni- mo de 8 semanas): contatos de tuberculose bacilífera; profissionais de saúde; profissionais de laboratório de micobactéria; trabalhadores do sistema prisional; trabalhadores de instituições fechadas, de longa permanência • Todas as pessoas vivendo com HIV/ aids, assintomáticas, devem realizar a PT anualmente. (Contagem de LTCD4 + maior que 350 células/mm3 e PT ≥ 5 mm: tratar ILTB. Contagem LTCD4 + menor ou igual a 350 células/mm3: tratar ILTB independentemente da PT.) Investigação de contatos - Indicação: • Todos que entraram em contato com tuberculose ativa ( convivem no mesmo ambiente: casa, trabalho, escola…) - Contatos assintomáticos: iniciar tratamento para ILB • dPT ≥ 5 mm: Rx tórax. – Rx tórax normal: iniciar tratamento para ILTB. • PT < 5 mm: repetir em 8 semanas. – Se conversão tuberculínica e Rx 8 NJ Pneumologia tórax normal: iniciar tratamento para ILTB. • Sem conversão: alta e orientação - Contatos sintomáticos: • Pesquisar TB ativa: baciloscopia do escarro,TX tórax • Exames compatíveis com TB ativa: iniciar esquema básico (RHZE) Tuberculose e HIV - TB é a infecção mais comum em PVHA e a principal causa de óbito entre as doenças infecciosas nesse grupo - Necessidade de investigação na presença de: • Tosse, febre, sudorese noturna ou emagrecimento • Indicam a possibilidade de tuberculose ativa - Apresentação pulmonar é atípica e variável: • Infiltrados em segmento inferior • Linfadenomegalias peri-hilares - Maior risco de acometimento extrapulmonar - Tratamento segue o mesmo para os não infectados - Virgens de tratamento: • TARV (terapia antiviral) de 8 semanas após o início do tratamento anti TB em pacientes com TCD 4+ > 200 células/mm3 • E duas semanas após em pacientes com LTCD 4+ < 200 células/mm3 -> risco da síndrome de reconstituição imune ‣ Reconstituição e exacerbação da resposta imune, com intensificação e piora do quadro clinico ‣ TTO: Tenofovir/Lamivudina/ Efavirenz Prevenção - Busca ativa de sintomático respiratório • Por todos os serviços de saúde para identificação precoce dos bacilíferos - Acompanhamento dos casos confirmados - Investigação de contatos: • Permite a identificação dos casos de ILTB, o que permite a prevenção do desenvolvimento da tuberculose ativa. - Monitoramento do tratamento: • Visita domiciliar, busca de faltosos. - Tratamento da ILTB. - Vacina BCG (bacilo de Calmette-Guërin): • Composta por bacilos vivos atenuados, não previne o adoecimento, mas evita o desenvolvimento das formas mais graves da doença (tuberculo- se miliar e meníngea) em menores de 5 anos de idade. - Medidas de precaução para aerossóis em serviços de saúde: • Uso de equipamento de proteção individual (máscara N95) pelos profissionais de saúde ao entrar no quarto do paciente; quarto privativo, mantendo sempre com a porta fechada. 9 Tuberculose