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08 - Administração Pública

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Aula 08
Direito Constitucional 
 (Curso Regular)
Autor:
Equipe Materiais Carreiras
Jurídicas, Nelma Fontana
09 de Fevereiro de 2022
Bons estudos -Bons Estudos
SUMÁRIO 
1. Da Administração Pública 2 
1.1. Princípios administrativos 3 
1.2. Da Organização da Administração Pública 9 
1.3. Ingresso no serviço público 17 
1.4. Estabilidade 11 
1.5. Obrigação de licitar 28 
1.6. Improbidade Administrativa 29 
1.6. Responsabilidade Civil do Estado 31 
2. Dos Servidores Públicos 33 
2.1. Dos Direitos dos Servidores Públicos 33 
2.2. Da remuneração e do subsídio 36 
2.3. Das Vedações aos servidores Públicos 40 
2.4. Servidor Público e Mandato Eletivo 42 
2.5. Do Regime Jurídico dos Servidores Públicos 43 
2.6. Direitos dos Trabalhadores Extensíveis aos servidores públicos 44 
2.7. Da previdência dos servidores públicos 46 
3. Exercícios 52 
4. Exercícios com gabarito comentado 69 
5. Destaques da legislação 98 
6. Disposições finais 106 
7. Referenciais bibliográficos 107 
 
 
 
 
 
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Administração Pública e Servidores Públicos 
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil deu especial atenção à Administração Pública 
ao disciplinar no Título III (Organização do Estado) as normas gerais norteadores das atividades 
administrativas internas dos entes federativos. 
Não há na doutrina consenso acerca do conceito da expressão “Administração Pública”, mas o 
sentido subjetivo empregado por alguns autores parece ser o mais adequado, pois distingue o 
sujeito de seu objeto. Dito de outra forma, “Administração Pública”(com iniciais maiúsculas) é o 
conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que executam as atividades administrativas do 
Estado (sujeito). Por outro lado, “administração pública” (iniciais minúsculas) caracteriza a 
função administrativa (objeto), a gestão dos interesses públicos executada pelo Estado, por meio 
da prestação de serviços públicos, da organização interna dos entes federativos e até mesmo na 
intervenção no campo privado (poder de polícia). 
A Administração Pública não se confunde com o Poder Executivo, que exerce função 
administrativa. No ponto, convém perceber que a função administrativa em si não se confunde 
com quem a executa, até porque Legislativo e judiciário também executam internamente a 
função administrativa de seus serviços e de seus servidores. Assim, todos os órgãos e agentes 
que exercem função administrativa, independentemente do Poder em que são agrupados, 
integram a Administração Pública. 
O Estado, pessoa jurídica de direito público, manifesta sua vontade por meio de seus agentes 
(pessoas naturais que integram os seus quadros) e estes se unem ao Estado por meio de suas 
inúmeras repartições internas denominadas “órgãos públicos”. 
Otto Gierke, jurista alemão, foi quem primeiro defendeu que a vontade da pessoa jurídica (o 
Estado) deve ser atribuída aos órgãos que a compõem, sendo os órgãos compostos de agentes 
(teoria do órgão). Por essa visão, a imputação volitiva ganha relevo, de maneira que a vontade 
do órgão é imputada à pessoa jurídica a cuja estrutura pertence (no Brasil, União, Estados, 
Distrito Federal, Municípios). 
Os órgãos públicos devem ser criados e extintos por lei (artigo 48, XI, da CRFB/88). Não se 
admite a criação e nem a extinção por decreto (artigo 84, VI, da CRFB/88). Entretanto, no Poder 
Legislativo, os órgãos são criados por Resolução da Câmara (artigo 51, IV, da CF) e por 
Resolução do Senado (artigo 52, XIII, da CF), pois configuram a prerrogativa de cada Casa do 
Congresso Nacional de dispor sobre sua própria organização e funcionamento. 
O órgão público é despersonalizado, de maneira que não detém capacidade processual, isto é, 
não pode, regra geral, figurar em qualquer dos polos de uma relação processual. A capacidade 
processual é atribuída à pessoa jurídica a que faz parte o órgão. 
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Excepcionalmente, tem-se admitido personalidade judiciária a órgãos mais elevados do Poder 
Público, aqueles de envergadura constitucional, quando defendem as suas prerrogativas e 
competências. Para exemplificar, seria cabível um mandado de segurança impetrado por Câmara 
Municipal contra Prefeito (órgãos do Executivo e do Legislativo que integram a mesma pessoa 
política – o Município). De igual maneira, o Código de Defesa do Consumidor (artigo 82, III) deu 
legitimidade a órgãos da Administração Pública (Direta e Indireta) para promover a liquidação e 
execução de indenização. 
 
 
1.1. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
 
Princípios administrativos são postulados fundamentais que norteiam toda a atuação da 
Administração Pública. Há princípios expressos e princípios reconhecidos. 
 
1.1.1. Princípios administrativos expressos 
 
O artigo 37, caput, da Constituição Federal enumerou cinco princípios administrativos como 
cânones pré-normativos da Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência. 
 
A) Princípio da Legalidade 
 
O Princípio da Legalidade, contemporâneo da criação do Estado de Direito, exige que toda e 
qualquer atividade administrativa seja autorizada por lei, para que não caracterize ilicitude. O 
administrador está inteiramente subordinado à lei. 
Nota-se diferença conceitual entre o Princípio genérico da Legalidade insculpido no artigo 5º, II, 
da Constituição Federal e o Princípio da Legalidade administrativa. Em razão do primeiro, tudo o 
que a lei não proibir, será permitido aos indivíduos. Pelo segundo, o agente público só poderá 
fazer aquilo que a lei o autorizar. 
A atuação dos agentes públicos não deve estar pautada apenas nas leis, mas também nos 
princípios jurídicos e nos próprios atos da Administração (decretos, regulamentos, portarias, 
instruções normativas), sob risco de invalidade. 
Os atos administrativos ilegais são inválidos e poderão ter a declaração de sua ilegalidade pela 
própria Administração ou pelo Judiciário, mediante provocação. 
 
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“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, 
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial” (STF. Súmula 473). 
 
 
 
B) Princípio da Impessoalidade 
 
O Princípio da Impessoalidade impõe que os atos praticados pelos agentes públicos são sejam 
direcionados a uma pessoa em especial, mas sempre voltados à garantia do interesse público. 
Esse princípio tem por objetivo a promoção de igualdade de tratamento aos administrados que 
se encontrem em idêntica situação jurídica. 
Se o administrador se afastar do escopo da lei e da garantia do interesse público, para privilegiar 
determinada pessoa em detrimento de outras ou interesse privado em detrimento do interesse 
público, agirá com desvio de finalidade e o seu ato, por conseguinte, será nulo. 
A impessoalidade, então, possui dupla acepção: 1) a satisfação do interesse público como 
finalidade; 2) a vedação à promoção pessoal do administrador público. A primeira acepção é a 
que embasa a necessidade, via de regra, de concurso público para o preenchimento de cargos e 
empregos públicos (artigo 37, XXI, da CF). A segunda acepção justifica a proibição contida no 
parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição de que nomes, símbolosou imagens que caracterizam 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos constem da publicidade de atos, 
programas, obras e serviços dos órgãos públicos. 
Em atenção ao Princípio da Impessoalidade, o Supremo Tribunal Federal entendeu que, não 
obstante os empregados públicos não façam jus à estabilidade, sua dispensa de empresas 
públicas e sociedades de economia mista deve ser motivada, para que seja resguardado o 
empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente estatal 
investido do poder de demitir (RE 589.998). 
 
C) Princípio da Moralidade 
 
O princípio da moralidade administrativa é valor constitucional revestido de caráter ético-
jurídico que condiciona a legitimidade e a validade dos atos estatais. Impõe que o agente público 
distinga o honesto do desonesto, que seja bom administrador, que seja capaz de não somente 
conhecer a lei, mas também os princípios éticos regentes da função administrativa. 
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A atividade estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está 
necessariamente subordinada à observância de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na 
consagração constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado 
fundamental, que rege a atuação do poder público, confere substância e dá expressão a uma 
pauta de valores éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado. 
A não observância do Princípio da Moralidade, conforme a situação, trará implicações para os 
princípios da Legalidade e da Impessoalidade também, embora tenham conceitos diversos, como 
já pontuado. Por óbvio, a escolha imoral e deliberada de não cumprir a lei para favorecer alguém 
em detrimento de outras pessoas trará ofensa à legalidade e à impessoalidade conjuntamente. 
A imoralidade de um ato pode configurar improbidade administrativa e gerar para o agente 
sanções legais (sequestro e arresto de bens; bloqueio de valores; perda de bens). Acrescente-se 
que o ato imoral, mesmo quando não configura lesão ao erário, pode ser combatido 
judicialmente pelo cidadão, por meio da ação popular, ou pelo Ministério Público, por meio da 
ação civil pública. 
Em defesa do Princípio da Moralidade, foi criada a Súmula Vinculante 13, para proibir a horrenda 
prática de nepotismo. Veja: 
 
 
 
 
“A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da 
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, 
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o 
exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de 
função gratificada na administração pública direta e indireta, em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações 
recíprocas, viola a CF.” (Súmula Vinculante 13). 
 
 
Nepotismo é o favorecimento de parentes de agentes públicos na ocupação de cargos públicos, 
em funções de direção, chefia, assessoramento (cargo comissionado, função de confiança, 
função gratificada). 
Os Princípios da Moralidade e da Impessoalidade associados ao Princípio da Eficiência, 
justificam a vedação ao nepotismo. Os gestores públicos, ao fazerem a nomeação de pessoa 
para ocupar cargo público, devem primar sempre pelo interesse público, de maneira que 
deverão escolher a pessoa pela capacidade técnica, pela condição de contribuir para com o bem 
comum e não para dar “emprego” ou meio de sustento a parentes. 
Nessa toada, foi publicada a Súmula Vinculante 13, aplicável a toda a Administração Pública 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios), em qualquer dos Poderes (Executivo, Legislativo 
e Judiciário), para proibir, sob risco de responsabilização por improbidade administrativa, a 
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nomeação para cargos em comissão, confiança ou função gratificada, de cônjuge, companheiro 
ou parente até o terceiro grau civil da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa 
jurídica. 
A vedação ao nepotismo se estende à via obliqua, concretizada pelo favorecimento recíproco 
ou por cruzamento (o parente de uma autoridade se subordina a outra autoridade, ao passo que 
o parente desta ocupa cargo vinculado àquela). 
A Súmula Vinculante 13 erigiu critérios objetivos de conformação, segundo os quais tem-se a 
vedação de nomeação de cônjuge e parentes nos seguintes casos: a) ajuste mediante 
designações recíprocas quando inexistente a relação de parentesco entre a autoridade 
nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão ou da função comissionada; b) 
relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante; c) relação de 
parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou 
assessoramento a quem estiver subordinada e d) relação de parentesco entre a pessoa nomeada 
e a autoridade que exerce ascendência hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante. 
Evidentemente, a Súmula Vinculante 13 não se aplica aos casos em que a nomeação recai em 
cônjuge ou parente em decorrência de aprovação em concurso público para cargo efetivo. 
Os detentores de cargos políticos de livre nomeação ou exoneração são titulares de um múnus 
governamental decorrente da Constituição e seus ocupantes não estão enquadrados na 
classificação de agentes administrativos, razão pela qual a configuração de eventual nepotismo 
deverá ser analisada caso a caso, a fim de se verificar se houve "troca de favores" ou fraude a lei. 
Não é bastante a nomeação de parente ou cônjuge, quando se trata de cargo político, para 
configurar violação a Súmula Vinculante 13. 
Com efeito, não são abarcadas pela vedação ao nepotismo as nomeações de parentes para 
cargos políticos (Ministro de Estado, Secretário de Governo Estadual ou Municipal, Diplomatas). 
Assim, a nomeação de irmão de Governador para o cargo de Secretário de Estado não ofende a 
Súmula Vinculante 13. 
Para o Supremo Tribunal Federal, a proibição de nomeação de parentes para cargos 
comissionados e funções de confiança não depende de lei formal, porque tal vedação é fruto 
dos princípios constitucionais da Administração Pública contidos no caput do artigo 37 da Lei 
Maior, artigo que tem aplicabilidade imediata, direta e integral (RE 570.392). Na mesma 
decisão, ficou consignado que não é privativa do Chefe do Executivo a iniciativa para 
apresentar projetos de lei sobre nepotismo na Administração Pública. 
 
 
 
 
 (2019/VUNESP/Prefeitura de São José do Rio Preto – SP/Procurador do Município) A pauta 
jurídica mais importante dos Estados constitucionais, que elegem a democracia como corolário 
fundamental da vida em sociedade, levou o Supremo Tribunal Federal a editar Súmula 
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Vinculante n° 13 que proibiu as práticas nepotistas para a Administração Pública, em decorrência 
da obrigatoriedade de se observar os princípios constitucionais da 
A) legalidade e da publicidade administrativa. 
B) impessoalidade e da eficácia administrativa. 
C) publicidade e da moralidade administrativa. 
D) eficiência, da supremacia do interesse público e da publicidade. 
E) moralidade, da eficiência e da impessoalidade no âmbito da Administração. 
 
Gabarito: E 
Os Princípios da Moralidade, da Impessoalidade e da Eficiência justificam a vedação ao 
nepotismo. Os cargos comissionados e as funções de confiança devem ser ocupados por pessoas 
que preencham os requisitos mínimos para o seu desempenho, especialmente por capacidadetécnica. Assim, a escolha não pode ser pessoal e nem para dar vantagem a cônjuge e parentes de 
agentes públicos. 
 
 
Princípio da Publicidade 
 
Os atos da Administração devem ser amplamente divulgados aos administrados, para que 
possam ser por esses controlados, mormente quanto à legalidade e eficiência. 
Os atos administrativos devem ser publicados em órgão de imprensa, ou afixados em 
determinados locais em repartições públicas, ou divulgados por meio da Internet. Essa 
determinação de publicidade está vinculada ao direito de informação, consagrado no artigo 5º 
da Constituição Federal, que assegura a todos o recebimento de informações pessoais ou de 
interesse coletivo. 
A negativa de acesso às informações (ou o fornecimento parcial ou incorreto) é inconstitucional 
e pode ser combatida por meio de ações constitucionais: habeas data, quando se tratar de 
informação pessoal; mandado de segurança quando se tratar de informação de interesse 
coletivo. 
O Princípio da Publicidade, entretanto, deve ser harmonizado com os Princípios da Razoabilidade 
e da Proporcionalidade, a fim de que não se exija do Estado a prática excessiva e não haja 
violação ao direito de intimidade dos indivíduos e nem da segurança do próprio Estado. 
Nessa toada, O Supremo Tribunal Federal considerou legítima a publicação, inclusive em sítio 
eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos 
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correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias (ARE 652.777). Por outro lado, a 
publicidade de parcelas de natureza estritamente pessoal, como a pensão alimentícia, plano de 
saúde, prestações é inconstitucional, porque prejudica a essência do direito a intimidade. 
Em síntese, o Princípio da Publicidade tem duas acepções: 1) exigência de divulgar em órgão 
oficial, como requisito de eficácia, os atos administrativos que buscam a produção de efeitos 
externos; 2) exigência de transparência da atuação administrativa. 
 
 
Princípio da Eficiência 
 
O Princípio da Eficiência foi acrescentado à Constituição Federal pela Emenda 19/1998, para 
incluir como princípio da Administração Pública o dever de qualidade do serviço prestado. O 
núcleo do Princípio é a determinação de produtividade, economicidade, celeridade, 
desburocratização e presteza. 
O Princípio da Eficiência não apenas impõe ao agente público o dever de qualidade de suas 
ações, mas também racionalidade na própria forma de organização da Administração Pública, de 
forma que órgãos e entidades alcancem, a partir de uma estrutura funcional, excelentes 
resultados na prestação de serviços públicos. 
A EC 19/98 incluiu ao artigo 37 da Constituição Federal o § 8º, para implantar o modelo de 
administração pública denominado “administração gerencial”, a fim de reduzir a burocracia do 
setor público e garantir a eficiência. Trata-se de uma gestão que prioriza os resultados, por meio 
da ampliação da autonomia dos entes administrativos e da redução de controle de 
procedimentos. 
Os contratos de gestão firmados entre administradores e o Poder Público primam pela 
ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da 
Administração Pública. Cabe à lei dispor sobre o prazo de duração do contrato; os controles e 
critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes e a 
remuneração do pessoal. 
 
 
1.1.2. Princípios administrativos reconhecidos 
 
Além dos princípios insculpidos no caput do artigo 37 da Constituição Federal, há outros que 
servem de guia para as atividades da Administração Pública. São denominados “princípios 
reconhecidos” porque admitidos pela doutrina e pela jurisprudência como regras de proceder da 
Administração. Vejamos alguns deles, sem nenhuma pretensão de esgotamento do assunto, 
para não invadir a seara do Direito Administrativo: 
 
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Princípio da Supremacia do Interesse Público: as atividades administrativas do Estado devem 
buscar o benefício da coletividade, devem alcançar o interesse público, pois do contrário, o 
desvio de finalidade será materializado. O primado do interesse público estabelece que o 
indivíduo seja visto como parte integrante da sociedade, de modo que o seus direitos não 
podem, em regra, sobrepujar os direitos da coletividade. 
 
Princípio da Autotutela: cabe à Administração Pública, de ofício, corrigir os seus atos quando 
manifestamente equivocados ou ilegais, para restabelecer a situação de regularidade. Pode a 
Administração reexaminar atos quanto aos aspectos de mérito, a partir de conveniência e 
oportunidade de seu desfazimento. 
 
Princípio da Indisponibilidade: exige que os bens públicos só possam ser alienados nos casos e 
na forma estabelecidos por lei. 
 
Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos: o interesse público não guarda adequação com 
descontinuidade e paralisação na Administração, de maneira que os serviços públicos não 
podem ser interrompidos. 
 
Princípio da Razoabilidade: firmado nos Princípios da Legalidade e da Finalidade, o Princípio da 
Razoabilidade exige congruência lógica entre as situações postas e as decisões administrativas. 
 
Princípio da Proporcionalidade: objetiva conter atos, decisões e condutas de agentes públicos 
que ultrapassam os limites adequados. A Administração deve ter os seus atos balizados por três 
fundamentos: a) adequação do meio empregado com o fim esperado; b) exigibilidade; c) as 
vantagens do ato devem superar as desvantagens. 
 
 
1.2. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
A organização administrativa do Estado é fruto de um conjunto normativo composto de normas 
constitucionais e infraconstitucionais que regulam a as relações hierárquicas, as atribuições, a 
situação jurídica, a atuação e o controle de órgãos, agentes e pessoas jurídicas. 
Centralização, descentralização e desconcentração são as formas de atuação da Administração 
Pública. A centralização ocorre quando o Estado executa suas tarefas diretamente, isto é, por 
meio de seus agentes e órgãos. Na descentralização, o Estado atua indiretamente, por meio de 
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outras entidades. Por último, na desconcentração, o Estado desmembra órgãos para alcançar 
melhor organização estrutural. 
Com efeito, a descentralização fundamenta a organização da Administração Pública em duas 
grandes categorias: Administração Direta e Administração Indireta. 
A Administração Direta é o conjunto de órgãos que integram a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios aos quais foram atribuídas a competência para o exercício das atividades 
administrativas do Estado, de modo centralizado. Dito de outra forma, quando o Estado 
acumula a execução e a titularidade de serviço público, tem-se a Administração Direta. Isso 
acontece quando o Estado executa as suas tarefas por meio de seus órgãos internos (Ministérios, 
Secretarias, Controladorias). 
A Administração Pública, como já dito, abrange os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de 
todas as pessoas políticas. Na esfera federal, a Administração Direta da União está assim 
estruturada: 
a) Executivo: Presidência da República e Ministérios. A Presidência da República 
é órgão superior do Executivo no qual atua o Presidente da República, na 
qualidade de Chefe da Administração Pública (artigo 84, II, da CRFB/88). Na 
Presidência, outros órgãos atuam, como por exemplo, o Conselho da República, 
a Casa Civil, dentre outros. Os Ministérios são os órgãosdestinados a auxiliarem 
o Presidente da República em suas funções (saúde, justiça, educação, dentre 
outras). Sua estrutura interna é formada por vários outros órgãos (Secretarias, 
Conselhos, Departamentos). 
 
b) Legislativo: o Congresso Nacional é composto de Câmara dos Deputados e 
Senado Federal. Sua estrutura orgânica é definida em seus respectivos atos de 
organização administrativa. Tanto Câmara quanto Senado têm o poder de dispor 
sobre sua organização e funcionamento, bem como de criar o seu regimento 
interno (artigos 51, III e IV e 52, XII e XIII, todos da Constituição Federal). 
 
c) Judiciário: a organização de cada Tribunal é feita pelo próprio Judiciário, 
conforme disposto em lei de organização judiciária e no regimento interno. 
 
Nas esferas estadual e municipal, a organização administrativa é semelhante à da União, exceto 
em relação aos Municípios que não têm Poder Judiciário. Assim, há a Governadoria do Estado e 
as Secretarias; a Prefeitura e as Secretarias; a Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal; o 
Tribunal de Justiça. 
Por outro lado, a Administração Indireta do Estado é o conjunto de pessoas administrativas 
vinculadas à Administração Direta, que têm o objetivo de desempenhar as atividades 
administrativas de forma descentralizada. 
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A Administração Indireta é formada por pessoas jurídicas, denominadas pelo Decreto-lei 
200/1967, de entidades. Essas pessoas jurídicas executam tarefas de interesse das pessoas 
políticas às quais se vinculam e que lhes foram delegadas. Aqui vale um destaque: quando a 
delegação é feita por contrato administrativo, são delegatários os concessionários e os 
permissionários de serviços públicos. Entretanto, quando é a lei que cria as entidades, tem-se a 
Administração Indireta. Nesse caso, o próprio Estado executa algumas de suas funções, mas de 
modo descentralizado. 
Nos termo do artigo 4º, II, do Decreto-lei 200/1967 e da Lei 7.596/1987, a Administração Indireta 
é constituída das seguintes entidades dotadas de personalidade jurídica própria: 
 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista e 
d) Fundações Públicas. 
 
Autarquias 
 
A literalidade da palavra “autarquia” significa autogoverno. Nos termos da Constituição Federal, 
entretanto, autarquia é uma pessoa jurídica administrativa que tem capacidade para a gestão 
dos interesses a seu cargo, sem caráter econômico e sob o controle da pessoa política da qual se 
origina. Veja: os entes federativos são autônomos; as autarquias são pessoas administrativas 
criadas pelo Estado. 
A doutrina aponta a existência de dois tipos de autarquias: as institucionais e as territoriais. As 
autarquias institucionais são pessoas jurídicas criadas pelo Estado para o exercício das 
atribuições que lhes foram designadas por lei (INSS; INCRA; IBAMA). As autarquias territoriais 
correspondem a desmembramentos geográficos aos quais o poder central outorgou algumas 
atribuições administrativas, com relativa liberdade de atuação. No caso brasileiro, os Territórios 
são considerados autarquias territoriais e são criados por lei complementar (artigo 18, § 2º, da 
CRFB/88). Note que as autarquias institucionais integram a Administração Indireta, as 
territoriais, não. 
O artigo 37, XVIII, da Constituição Federal, dispõe que somente por lei específica poderá ser 
criada autarquia. A iniciativa dessa lei é privativa do Chefe do Executivo (artigo 61, § 1º, da 
CRFB/88). Conquanto a criação e a extinção de autarquias dependam de lei, sua organização 
interna é feita por ato administrativo (normalmente decreto do Executivo). 
As autarquias federais, nos termos do artigo 109, I, da Constituição Federal, nos litígios comuns, 
têm suas causas processadas e julgadas pela Justiça Federal, não importando a condição de 
autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, acidente de trabalho e as sujeitas à 
Justiça do Trabalho ou Justiça Eleitoral. Os mandados de segurança contra agentes autárquicos 
também são julgados pela Justiça Federal (artigo 109, VIII, da CRFB/88). Na mesma linha, 
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compete à Justiça Estadual o julgamento das causas em que autarquias estaduais e municipais 
forem partes. 
As autarquias gozam de imunidade tributária condicionada, uma vez que a Constituição Federal 
no artigo 150, § 2º, veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das 
autarquias, desde que vinculados a suas finalidades essenciais ou às que dela decorram. 
 
 
 
Questão bastante controversa é a classificação da OAB. Seria uma autarquia, uma autarquia 
especial, estaria sujeita ao controle da Administração? 
 
No julgamento da ADI 3026, o Supremo Tribunal Federal entendeu que: 
1. a OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União, mas um serviço público 
independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito 
brasileiro; 
2. a OAB não é uma "autarquia especial" ; 
3. a OAB não está sujeita a controle da Administração; 
4. não há ordem de relação ou dependência entre a OAB e qualquer órgão público; 
5. a OAB não está voltada exclusivamente a finalidades corporativas. Possui finalidade 
institucional; 
6. a OAB pode ter “servidores” (contratados) sob regime trabalhista; 
7. incabível a exigência de concurso público para admissão dos contratados sob o regime 
trabalhista pela OAB. 
 
A ministra Rosa Weber, no primeiro trimestre de 2019, deferiu liminar no Mandado de 
Segurança 36376, para suspender os efeitos de decisão do Tribunal de Contas da União, que 
estabelece a obrigatoriedade de a Ordem dos Advogados do Brasil prestar contas e submeter-se 
à fiscalização da corte de contas, dada a natureza “sui generis” da OAB, que a diferencia das 
demais autarquias profissionais (Conselhos). Sobre o mesmo tema, foi admitida a repercussão 
geral no RE 1.182.189, ainda pendente de julgamento. 
 
Interessante, por outro lado, a decisão do Supremo Tribunal Federal, no RE 595.332, com 
repercussão geral reconhecida, de que é a da competência da Justiça Federal o julgamento das 
ações em que a OAB (Conselho Federal ou Seccionais) figure como parte. 
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Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
 
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista são pessoas jurídicas de direito privado, 
integrantes da Administração Indireta, criadas por autorização legal. Perceba: não é a lei que as 
cria; a lei apenas autoriza a criação de pessoas jurídicas de direito privado. 
As Empresas Públicas podem assumir distintas formas jurídicas, conforme a adequação à sua 
natureza, para que o Governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou, dependendo da 
circunstância, execute a prestação de serviços públicos. São exemplos: o SERPRO; a Casa da 
Moeda; o BNDES. 
As Sociedades de Economia Mista assumem a forma de sociedades anônimas, cujo controle 
acionário pertence ao Poder Público. Têm por objetivo prioritário a exploração de atividades 
gerais de caráter econômico, embora em certas situações prestem serviços públicos. São 
exemplos: o Banco do Brasil; a Petrobras. 
Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal, cabe à lei a definição do estatuto jurídico da 
empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade 
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços. São sujeitas ao 
regime próprios das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaçõescivis, 
comerciais, trabalhistas e tributários (§ 1º). Por conseguinte, não poderão gozar de privilégios 
fiscais não extensivos às do setor privado (§ 2º). 
Empresas subsidiárias são aquelas cujo controle e gestão das atividades são atribuídos à 
empresa pública ou à sociedade de economia mista diretamente criadas pelo Estado. A criação 
de empresas subsidiárias também depende de autorização legal (a autorização não precisa ser 
dada para a criação específica de cada entidade, basta que a lei lei autorizadora da entidade 
primária também autorize a criação de subsidiárias). 
As Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista embora tenham a personalidade 
jurídica de direito privado são controladas pelo Estado, razão pela qual não estão sujeitas nem 
inteiramente ao direito privado e nem ao direito público. 
Com efeito, quando tratam do exercício de atividade econômica, predomina o direito privado. 
Entretanto, incidem as normas de direito público quando as questões predominantes estão 
ligadas ao controle administrativo oriundo da vinculação à pessoa federativa. Daí falar-se em 
concurso público para a seleção e contratação dos empregados, do controle exercido pelo 
Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, dentre outras coisas. 
No que tange ao foro das ações em que figuram como autoras, rés, assistentes ou oponentes, a 
Constituição Federal privilegiou as Empresas Públicas federais, que têm os seus litígios 
processados e julgados pela Justiça Federal (artigo 109, I). Por outro lado, as Sociedades e 
Economia Mista têm as suas ações processadas e julgadas perante a Justiça Estadual. 
Nesse sentido, tem-se a Súmula 556 do STF: 
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“É competente a Justiça Comum para julgar as causas em que é parte sociedade 
de economia mista.” 
O pessoal das Empresas Públicas e das Sociedades de Economia Mista se submete ao regime 
trabalhista comum. A relação entre os empregados e aquelas pessoas administrativas é 
contratual. Assim, os litígios entre os empregados e as entidades, decorrentes da relação de 
trabalho, serão processados e julgados na Justiça do Trabalho (artigo 114, I, da CRFB/88). 
 
 
Fundações Públicas 
 
O Código Civil classifica as fundações como categorias de pessoas jurídicas de direito privado 
caracterizadas por se atribuir a um patrimônio preordenado a um fim social uma personalidade 
jurídica (artigos 62 a 69). 
A fundação está vincula àquele que faz a sua dotação patrimonial (o instituidor). O fim social da 
entidade e a ausência de finalidade lucrativa são os seus elementos básicos definidores. Nessa 
toada, surgiram as Fundações Públicas, que têm os mesmos elementos caracterizadores, mas 
que têm por instituidor o Estado. 
A respeito da natureza jurídica das Fundações Públicas, ainda há na doutrina divergência, mas o 
posicionamento que tem se consolidado e alcançou a opção do Supremo Tribunal Federal é o de 
que há dois tipos de Fundações Públicas, uma de direito público e outra de direito privado. 
Para o STF, nem toda fundação instituída pelo Poder Público é fundação de direito privado. 
Aquelas que assumem a gestão de serviço estatal e se submetem a regime administrativo são 
fundações de direito público e, portanto, pessoas jurídicas de direito público. Por esse 
entendimento, as Fundações Públicas de direito público são semelhantes às autarquias e, por 
vezes, são chamadas de fundações autárquicas ou de autarquias fundacionais. 
Com efeito, de acordo com o Supremo Tribunal Federal (RE 215.741), o desempenho de serviço 
estatal, o regime administrativo, a finalidade e a origem dos recursos são os pontos que 
diferenciam uma fundação pública de direito público de uma de direito privado. As fundações 
públicas de direito público, por serem espécies de autarquias, estão sujeitas aos mesmos 
regramentos atribuídos àquelas entidades. 
Importa ressaltar que os fins a que se destinam as fundações públicas são sempre sociais e suas 
atividades são caracterizadas como serviço público. São destinadas à assistência social, 
assistência médico-hospitalar; educação e ensino; pesquisa, cultura. São exemplos: Fundação 
Nacional do Índio; Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Fundação Casa de Rui 
Barbosa. 
As Fundações Públicas de direito público, como espécies de autarquias, são criadas por lei. As de 
direito privado têm sua criação autorizada por lei, mas o ato constitutivo é o Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas (a lei autoriza a criação da entidade; o registro dá início à sua personalidade 
jurídica). 
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Nos termos do artigo 150, § 2º, da Constituição Federal, as fundações instituídas e mantidas 
pelo Poder Público (quer sejam de direito público ou de direito privado) gozam de imunidade 
tributária relativa aos impostos sobre renda, patrimônio e serviços. 
Quanto ao pessoal, como já dito, em relação às fundações de direito público, aplica-se o mesmo 
regime jurídico adotado aos demais servidores Públicos da Administração Direta e das 
autarquias. Ao pessoal das fundações públicas de direito privado, o regime trabalhista comum. 
Por último, quanto ao foro, as fundações de direito público da União, como espécies de 
autarquias, têm as suas causas processadas e julgadas pela Justiça Federal. As de direito privado, 
pela Justiça Estadual. 
 
 
 
1. A Constituição Federal estabelece no artigo 37, XIX, que somente por lei específica poderá ser 
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia 
mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua 
atuação. A criação de subsidiárias dessas entidades, bem como a participação em empresa 
privada, depende de autorização legislativa (XX). 
 
2. Autarquias e Fundações Públicas de direito público têm personalidade jurídica de direito 
público. Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas de Direito 
Privado têm personalidade jurídica de direito privado. 
 
3. Autarquias e Fundações têm imunidade tributária. 
 
4. O pessoal das Autarquias e Fundações Públicas de direito público se submete a regime jurídico 
estatutário dos servidores da Administração Direta. O pessoal das Empresas Públicas, Sociedades 
de Economia Mista e Fundações Públicas de Direito Privado se submete ao regime trabalhista 
comum. 
 
5. A Justiça Federal é competente para julgar as causas em que as Autarquias federais, Empresas 
Públicas federais e Fundações Públicas de direito público atuam como autoras, rés, assistentes 
ou oponentes. Nas mesmas hipóteses, compete à Justiça Estadual julgar as causas que envolvam 
Sociedades de Economia Mista e Fundações Públicas de direito privado da União. 
 
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(2019/MPE-SC/MPE-SC/Promotor de Justiça) Conforme a Constituição da República Federativa 
do Brasil, somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de 
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, 
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. 
Gabarito: C 
A assertiva repete a literalidade do artigo 37, inciso XIX, da Constituição Federal, segundo o qual 
“somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa 
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste 
último caso, definir as áreas de sua atuação.” 
 
 
Administração Fazendária 
 
A Constituição Federal deu atençãoespecial à administração fazendária e a seus agentes, ao 
disciplinar, em mais de um dispositivo, a precedência sobre os demais setores administrativos. 
Com efeito, a efetiva administração do tributo é o que assegura o abastecimento dos cofres 
públicos e o consequente cumprimento das obrigações do Estado com segurança, saúde, 
educação, transporte, moradia e demais direitos sociais. 
Os servidores fiscais, juntamente com outras carreiras de Estado, têm papel de destaque na 
Administração Pública, em razão da essencialidade de suas atribuições ao bom funcionamento 
do Estado. 
Nesse diapasão, o Inciso XVIII do artigo 37 da Constituição Federal expõe que “a administração 
fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, 
precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.” 
Depreende-se do dispositivo que lei deverá estabelecer a forma dessa precedência, como por 
exemplo, a tramitação preferencial dos feitos fiscais, a desburocratização para recebimento de 
informações de interesse fiscal, a destinação de recursos orçamentários para ampliação e 
aprimoramento da gestão e dos servidores, dentre outras medidas. 
O inciso XXII do mesmo artigo, na mesma linha, mas de modo mais específico, expõe que as 
administrações tributárias de todos os entes federativos são atividades essenciais ao 
funcionamento do Estado e devem atuar de forma integrada, inclusive com o 
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. 
Exercidas por servidores de carreiras específicas, as administrações tributárias têm o direito de 
recebimento de recursos prioritários para a realização de suas atividades. 
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O artigo 167, IV, da Lei Maior, veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou 
despesa, mas faz algumas ressalvas, sendo uma delas a destinação de recursos para realização 
de atividades da administração tributária. Vê-se clara intenção do legislador constituinte de 
garantir meios eficazes de arrecadação de recursos públicos. 
 
 
Criação e extinção de cargos, funções e empregos públicos 
 
Cargos, empregos e funções públicas devem, em regra, ser criados e extintos por meio de lei. A 
definição das atribuições de cargo público, bem como eventuais alterações dessas atribuições, 
também exigem lei formal. 
A criação, a transformação e a extinção de cargos, empregos e funções públicas, no âmbito 
federal, são competências do Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República 
(artigo 48, X, da CRFB/88), isto é, tais competências são exercidas por meio de lei. A iniciativa 
dessa lei é privativa do Presidente da República, que atua como chefe da Administração Pública 
(artigo 61, § 1º, da CF). 
Os cargos, empregos e funções públicas dos quadros da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal são criados, transformados e extintos por Resolução da Casa Legislativa (e não por lei), 
conforme disposto nos artigos 51, IV e 52, XIII, ambos da Constituição Federal. 
Os cargos, empregos e funções públicas do Poder Judiciário são efetuados por meio de lei, cuja 
iniciativa é privativa do Supremo Tribunal Federal, de Tribunal Superior ou de Tribunal de Justiça, 
conforme o caso (artigo 96, II, “b”, da CRFB/88). 
No âmbito do Executivo, os cargos públicos vagos poderão ser extintos por decreto do 
Presidente da República, sem a necessidade de lei (artigo 84, VI, da CF). 
Simetricamente, o princípio da organização legal do serviço público descrito acima se aplica aos 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 
 
1.3. INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO 
 
A Constituição Federal estabelece no artigo 37, inciso I, que “os cargos, empregos e funções 
públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim 
como aos estrangeiros, na forma da lei.” 
Brasileiros natos e naturalizados são, em regra, os titulares do direito de ocupação de cargos, 
empregos e funções públicas, bastando preencher os requisitos contidos em lei. Trata-se de 
norma constitucional de aplicabilidade imediata e direta. Não é necessária a criação de lei para 
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que brasileiros tenham acesso a cargos públicos. Entretanto, aquele que pretender fazer parte 
da Administração Pública deverá preencher os requisitos contidos em lei, pois conforme a 
complexidade do cargo ou da função, será exigida uma formação específica, um determinado 
grau de escolaridade, uma idade máxima, uma estatura mínima, dentre outras possibilidades. A 
norma constitucional é de eficácia contida, porque a lei, ao criar requisitos, acaba por restringir 
o alcance do dispositivo constitucional. 
Por outro lado, para que o estrangeiro possa ocupar cargo ou função pública, a lei primeiro deve 
regulamentar a situação e definir as hipóteses. Dito de outra forma, a norma constitucional que 
autoriza que estrangeiros façam parte da Administração é de eficácia limitada, de maneira que 
sua aplicabilidade é mediata, indireta, uma vez que primeiro deverá ser criada lei 
infraconstitucional regulamentadora. 
A redação original do artigo 37, I, da Constituição, não contemplava a hipótese de estrangeiro 
ocupar cargo público. Apenas após o advento das Emendas 11/1996 e 19/1998 a possibilidade 
foi admitida, mas condicionada à existência de lei infraconstitucional regulamentadora. 
Com efeito, o princípio da legalidade rege toda a organização administrativa do Estado, de 
maneira que todo requisito para ocupação de cargos e empregos públicos deve ter previsão 
legal, não sendo suficiente constar do edital do certame. Some-se a necessidade de 
cumprimento do princípio da igualdade, consoante disposto no caput do artigo 5º da Lei Maior. 
Assim, as exigências contidas em lei devem ser razoáveis, impessoais e de acordo com o 
interesse público. Se não dessa forma, haverá inconstitucionalidade. 
Nessa toada, segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal: 
 
 
a) a exigência de experiência profissional prevista apenas em edital importa em ofensa 
constitucional (RE 558.833 AgR); 
b) editais de concurso público não podem estabelecer restrição a pessoas com tatuagem, salvo 
situações excepcionais em razão de conteúdo que viole valores constitucionais e mediante 
previsão legal (RE 898.450); 
c) só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público (SV 
44); 
d) o limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima quando pode ser 
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido (Súmula 683); 
e) não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade, inscrição em concurso 
para cargo público; 
f) o descrímen de estatura e o de gênero, quando previstos em lei e desde que compatíveis com 
a natureza do cargo, são constitucionais (RE 528.684); 
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g) é inconstitucional a fixação de segunda chamada em etapa de concurso público em razão de 
situações pessoais do candidato. Assim, caso o candidato não faça a prova porque chegou 
atrasado em razão de acidente de trânsito que congestionou a via, ou porque estava internado, 
não terá direito a segunda chamada, tendo em vista a impessoalidade e o interesse público (RE 
630.733); 
h) candidatas gestantes têm direito à remarcação de testes de aptidão física em concursos 
públicos, independentemente de haver previsão legal (RE 1058333); 
i) é inconstitucional a atribuição excessivamente valorizada de pontos na prova de títulos em 
concursopúblico pelo simples exercício anterior de cargos públicos (AI 830.011). 
j) prova de títulos só pode caráter classificatório; não pode ser eliminatória (MS 31.176/DF). 
k) é constitucional a utilização da regra de barreira em concursos públicos (RE 635739). Para o 
Supremo Tribunal Federal, critérios objetivos fundados no desempenho dos candidatos podem 
ser adotados como critérios de permanência na disputa. Por exemplo, norma de edital pode 
prever a eliminação de candidato que, mesmo tendo obtido nota mínima suficiente para 
aprovação, não conseguiu, na ordem de pontuação, ficar na posição de até o dobro do número 
l) a teoria do fato consumado, segundo o STF, não pode ser aplicada àqueles candidatos que 
tomaram posse em cargo público por força de decisão judicial de caráter provisório (liminar). Se 
quando do julgamento de mérito a decisão for revista, a pessoa já empossada por força de 
liminar não fará jus à permanência no cargo, porque não atendeu ao requisito de aprovação em 
concurso público (RE 608.482 – repercussão geral). 
 
 
 
(2019/CESPE/MPE-PI/Promotor de Justiça Substituto) Edital de concurso público para o cargo de 
policial civil de determinado estado da Federação vedou a possibilidade de remarcação de teste 
de aptidão física dos candidatos em razão de eventual problema temporário de saúde. 
De acordo com o entendimento jurisprudencial do STF, a referida cláusula editalícia 
A) ofende o princípio da isonomia. 
B) contraria o princípio da impessoalidade. 
C) trata com desigualdade os candidatos. 
D) depende de previsão legal anterior 
E) coaduna-se com a Constituição Federal de 1988. 
 
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Gabarito: E 
Na questão, a banca trabalha a decisão do STF proferida no RE 630.733, segundo a qual em razão 
da impessoalidade e do interesse público, princípios que regem a Administração Pública, é 
inconstitucional a remarcação de teste de aptidão física dos candidatos que sofrem problemas 
temporários de saúde, uma vez que a situação pessoal do candidato não tem primazia sobre o 
interesse público. 
 
 
Investidura 
A Constituição Federal de 1988, com vistas a combater os apadrinhamentos e a assegurar a 
todos quantos desejarem e possuírem os requisitos fixados em lei a igualdade de oportunidades, 
passou a estabelecer que a investidura em cargo ou emprego público depende, em regra, de 
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a 
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei (artigo 37, II). 
Ressalvas à regra do concurso público são taxativas e só se aplicam em duas situações: 1) 
nomeações para cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração e 2) 
contratação temporária de excepcional interesse público. 
Nos termos do artigo 37, V, da Constituição Federal, os cargos em comissão e as funções de 
confiança destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. As funções 
de confiança apenas podem ser ocupadas por servidores públicos ocupantes de cargos efetivos 
(concursados). Os cargos em comissão podem ser ocupados por servidores de carreira, nos casos 
e nos percentuais mínimos definidos por lei, e por terceiros não integrantes dos quadros efetivos 
da Administração (não concursados). 
O inciso IX do mesmo artigo autoriza, nos termos da lei, a contratação por tempo determinado 
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Cabe ao legislador, ao 
dispor sobre situações de relevância autorizadoras da contratação temporária de servidores 
públicos, sem concurso, demonstrar a necessidade, a adequação e a urgência. Como exemplos, 
podemos citar a contratação temporária de professor, para substituir aqueles que estão 
afastados em razão de licença médica e a contratação temporária de pesquisador do IBGE. 
Note: a regra é a admissão de servidor público mediante concurso público. A contratação de 
pessoal por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional 
interesse público é exceção e para que se coadune com a Constituição, precisa atender 
cumulativamente a quatro condições: a) previsão em lei dos cargos; b) tempo determinado; c) 
necessidade temporária de interesse público; d) interesse público excepcional. 
O Supremo Tribunal Federal, no RE 635.648, em tese de repercussão geral com julgamento de 
mérito, entendeu ser compatível com a Constituição Federal a previsão legal que exige o 
transcurso de 24 meses, contados do término do contrato, antes de nova admissão de professor 
temporário anteriormente contratado. 
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Vale dizer ainda que a regra de exigência de concurso público para a investidura em cargo foi 
excepcionada pelo constituinte originário, ao inserir no artigo 19 do ADCT, norma transitória que 
criou uma estabilidade especial para servidores não concursados da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios que, quando da promulgação da Constituição Federal, 
contavam com cinco anos ininterruptos ou mais de serviço público. Essa exceção não pode ser 
ampliada por normas estaduais ou municipais. 
Frise-se que o texto constitucional não mais admite a transferência ou o aproveitamento como 
formas de investidura que importem no ingresso de cargo ou emprego público sem a devida 
realização de concurso público de provas ou de provas e títulos. Na mesma linha, segue a 
jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal Federal: 
 
“É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor 
investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu 
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente 
investido.” (SV 43). 
Por fim, vale enfatizar a decisão do Supremo Tribunal Federal proferida no RE 596.478, que 
declarou a constitucionalidade do artigo 19-A da Lei 8.036/1990, que assegura o depósito do 
FGTS na conta de trabalhador cujo contrato com a Administração Pública foi declarado nulo 
por ausência de prévia aprovação em concurso público, quando reconhecido seu direito a salário 
pelos serviços prestados. 
 
 
Reserva de vagas para deficientes e negros 
 
A Constituição da República, no artigo 37, VIII, determinou que lei reserve percentual dos cargos 
e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência bem como defina os critérios 
de sua admissão. Ao proclamar e assegurar a reserva de vagas em concursos públicos para os 
portadores de deficiência, a Lei Maior consagrou cláusula de proteção viabilizadora de ações 
afirmativas em favor de tais pessoas, o que veio a ser materializado por meio da edição das Leis 
7.853/1989 e 8.112/1990 (art. 5º, § 2º) e pela Convenção Internacional das Nações Unidas sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada ao ordenamento jurídico com força 
constitucional. 
Cabe ao Poder Público, por meio de mecanismos compensatórios, corrigir as profundas 
desvantagens sociais que afetam as pessoas vulneráveis, em ordem a propiciar-lhes maior grau 
de inclusão e a viabilizar a sua efetiva participação, em condições equânimes e mais justas, na 
vida econômica, social e cultural do País. 
É preciso ter clareza sobre alguns pontos: 
 
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1) a reserva de vagas para deficientes, nos percentuais definidos por lei, é obrigatória, isto é, não 
depende de o Poder Público querer; 
2) não cabe ao Poder Público, em juízo prévio, negar a reserva de vaga a deficiente, a pretexto 
de o cargo não ser compatível. Por exemplo, se forem abertasvagas para agente de polícia 
federal, será preciso fazer a reserva de vagas para deficiente. Entretanto, os deficientes que se 
inscreverem deverão ser submetidos às mesmas avaliações dos outros, inclusive, teste físico, 
porque o interesse particular não pode se sobrepor ao interesse público. Caso as vagas não 
sejam todas preenchidas, as remanescentes deverão redistribuídas para a ampla concorrência 
(RE 676.335). 
3) Definido o percentual de vagas para deficientes, os arredondamentos, caso necessários, 
devem ser feitos para o primeiro número subsequente (RMS 27.710). 
 
O legislador ordinário, também com o propósito de assegurar a aplicação da igualdade material, 
reservou percentual de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de 
cargos efetivos no âmbito da Administração Pública Federal (Direta e Indireta) para negros (Lei 
12.990/2014). 
A ação afirmativa contida na lei foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, 
quando do julgamento da ADC 41. Na ocasião, o STF entendeu que a reserva de vagas é 
compatível com o princípio da igualdade material, porque fundada na superação do racismo 
estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira. 
Vale enfatizar que o Supremo Tribunal Federal validou a utilização de critérios subsidiários de 
heteroidentificação (avaliação feita por comissão do concurso) além da autodeclaração, desde 
que se respeite a dignidade da pessoa humana e sejam assegurados o contraditório e a ampla 
defesa. 
Do citado julgamento, ficou consubstanciado que a Lei 12.990/2014 deve ser aplicada a toda a 
Administração Pública Federal, quer seja no âmbito do Executivo, do Legislativo, do Judiciário, do 
Ministério Público ou das Forças Armadas. A lei não se entende a Estados, Distrito Federal e 
Municípios, salvo se optarem por sua aplicação. 
 
Validade de concurso público 
 
 O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual 
período (artigo 37, III). 
Cabe à Administração fixar discricionariamente o prazo de validade do concurso, respeitado, 
evidentemente, o limite de dois anos. De igual maneira, a decisão de prorrogar ou não o prazo 
de validade é livre do Poder Público. 
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O prazo de validade começa a ser contado a partir da homologação do certame. A prorrogação 
poderá ocorrer, mediante ato próprio, ainda dentro do prazo de validade. A prorrogação não 
pode ser feita depois de expirada a validade do concurso. 
Dentro do prazo de validade do concurso, a Administração poderá escolher o momento em que 
fará a nomeação dos aprovados, mas não poderá dispor sobre a própria nomeação, pois esta é 
um direito do concursando aprovado dentro do número de vagas e, dessa forma, um dever 
imposto ao Poder Público. 
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, quando se afirma que o Poder Público tem a 
obrigação de nomear os aprovados dentro do número de vagas previsto no edital, deve-se levar 
em consideração a possibilidade de situações excepcionalíssimas que justifiquem soluções 
diferenciadas, devidamente motivadas de acordo com o interesse público. Para justificar o não 
cumprimento do dever de nomeação por parte da Administração Pública, é necessário que a 
situação justificadora seja dotada dos seguintes requisitos: a) os fatos que geraram a situação 
excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público; 
b) a situação deve ser determinada por circunstâncias imprevisíveis; c) os acontecimentos devem 
ser extremamente graves; d) o não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente 
necessário (RE 598.099). 
Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso 
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos 
concursados para assumir cargo ou emprego na carreira (artigo 37, IV). 
Não há impedimento de que durante o prazo de validade do concurso outro certame seja feito 
para o mesmo cargo, ainda que nem todos os aprovados no primeiro concurso tenham sido 
nomeados. Entretanto, aquele que foi aprovado no primeiro certame deverá ser nomeado antes 
dos novos aprovados. 
O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o 
prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos 
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, salvo se houver preterição arbitrária e 
imotivada por parte da Administração. 
Com efeito, a Administração deverá fazer a nomeação dos candidatos aprovados em certame 
público nos seguintes casos: 
1) candidato aprovado dentro do número de vagas contidas no edital (RE 598.099); 
2) preterição na nomeação por inobservância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); 
3) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame 
anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e 
imotivada por parte da Administração (RE 837.311). 
 
 
O candidato nomeado tardiamente por força de decisão judicial não 
tem direito à contagem retroativa do tempo de serviço e aos 
demais efeitos funcionais ou previdenciários a partir da data em 
 
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que deveria ter sido nomeado. A investidura no cargo, através da 
nomeação, seguida da posse e do efetivo exercício, é que gera o 
direito às prerrogativas funcionais inerentes ao cargo público, sob 
pena de enriquecimento ilícito (RE 655.265 AgR). 
 
 
 
 
(2019/CESPE/DPE-DF/Defensor Público) Considerando as disposições da Constituição Federal de 
1988 e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito de agentes públicos, julgue 
o item a seguir. 
Segundo o STF, o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo 
cargo de certame anterior cujo prazo de validade ainda não tenha terminado, em regra, não gera 
automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados no certame anterior fora das 
vagas previstas no edital. 
Gabarito: Certo 
Salvo por preterição arbitrária e imotivada por parte da Administração, segundo o STF, o 
surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o 
prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos 
candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital (RE 837.311). 
 
 
 
(2019/FUNDEP/DPE-MG/Defensor Público) Sobre o ingresso dos servidores públicos na 
Administração Pública, é correto afirmar: 
A) É constitucional a regra inserida no edital de concurso público, denominada cláusula de 
barreira, com o intuito de selecionar apenas os candidatos mais bem classificados para 
prosseguir no certame. 
B) O servidor que tenha tomado posse no cargo em decorrência de medida liminar 
posteriormente revogada tem direito a permanecer no cargo com fundamento na “teoria do 
fato consumado” e no princípio da proteção da confiança legítima, caso decorridos mais de cinco 
anos desde a posse. 
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C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o candidato aprovado em concurso 
público dentro do número de vagas indicado no edital tem direito subjetivo a ser nomeado, 
ainda que, após a publicação do edital, aconteça um fato superveniente não previsto pela 
Administração Pública. 
D) O servidor desligado da Administração Pública em caso de nulidade na contratação 
temporária faz jus à percepção da remuneração pelo períodoefetivamente trabalhado, mas não 
a verbas de natureza trabalhista, tais como FGTS, aviso prévio e seguro desemprego. 
 
Gabarito: A 
A) Certa. A questão aborda a decisão proferida pelo STF no RE 635.739, na qual se reconheceu a 
constitucionalidade da denominada "cláusula de barreira", inserida em edital de concurso 
público, que estabelece regras objetivas de desempenho que limitam o número de candidatos 
participantes de cada fase do certame. 
B) Errada. A teoria do fato consumado não é admitida pelo Supremo Tribunal Federal, porque 
burla a necessidade de aprovação em concurso público para o preenchimento de cargos 
públicos. A posse decorrente de medida judicial precária não cria direito à manutenção em cargo 
público (RE 608.482). 
C) Errada. A superveniência de fatos ensejadores de uma situação excepcional, imprevisível, 
grave e anterior à publicação do edital do certame público relativiza o direito à nomeação de 
candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas (RE 598.099). 
D) Errada. O STF declarou a constitucionalidade do artigo 19A da Lei 8.036/1990, que reconhece 
o direito de depósito de FGTS na conta de trabalhador cujo contrato com a Administração foi 
declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso, desde que mantido o seu direito 
ao salário (RE 596.478). 
 
 
1.4. DA ESTABILIDADE 
 
O artigo 41 da Constituição Federal assegura aos servidores nomeados para cargo de 
provimento efetivo em virtude de concurso público, após três anos de efetivo exercício, a 
estabilidade. 
Dois são os requisitos constitucionais para a aquisição da estabilidade: 
 
a) Requisito temporal: três anos de efetivo exercício 
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b) Requisito qualitativo: resultado satisfatório em avaliação especial de 
desempenho feita por comissão instituída para essa finalidade (a avaliação 
especial de desempenho se tornou obrigatória após a EC19/98). 
 
Nota-se que os requisitos para a aquisição da estabilidade são cumulativos. Entretanto, algumas 
ressalvas merecem ser feitas. A primeira é a de que a exigência de três anos de efetivo exercício 
foi trazida pela Emenda Constitucional 19/98. Os servidores que já estavam passando por estágio 
probatório por ocasião da emenda mantiveram o prazo anterior, qual seja, o de dois anos. 
A segunda ressalva é a de que caso a Administração não institua a comissão especial para a 
avaliação de desempenho, a interpretação lógica do texto constitucional, a partir da ponderação 
de interesses tutelados, é a de que o servidor que cumprir o tempo de serviço (três anos) 
adquirirá a estabilidade, tendo em vista que a exigência de avaliação de desempenho foi criada 
em favor da Administração, de modo que sua omissão deve ser considerada aprovação tácita. 
Assim, a avaliação do servidor deve ser encerrada dentro do prazo trienal. Logo após, se for o 
caso, o processo de exoneração daquele que for negativado será iniciado. Com efeito, a 
jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que o ato de exoneração do servidor é 
meramente declaratório e pode ocorrer após o prazo de três anos fixados para o estágio 
probatório, desde que as avaliações de desempenho sejam efetuadas dentro do prazo 
constitucional (RE 805.491 AgR). 
O instituto da estabilidade garante ao servidor público que preencher os requisitos para a sua 
aquisição que a perda do cargo público só poderá ocorrer em quatro hipóteses (artigos 41, § 1º e 
169, § 4º, ambos da CRFB/88): 
 
1. em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
2. mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
3. mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma 
de lei complementar, assegurada ampla defesa; 
4. excesso de despesa com pessoal. 
 
Quanto ao último ponto (excesso de despesa com pessoal), o artigo 169 da Constituição Federal 
estabelece que a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar. Para 
atender aos limites definidos pela lei complementar, a ordem das providências tomadas deve ser 
a seguinte: 1º) redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de 
confiança; 2º) exoneração dos servidores não estáveis; 3º) exoneração de servidor estável, 
mediante ato motivado. Os cargos em que se recaiu a redução de servidores serão considerados 
extintos, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas 
pelo prazo de quatro anos. 
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Acerca da perda do cargo por sentença judicial transitada em julgado, caso seja invalidada a 
sentença judicial, o servidor estável será reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, 
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou 
posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço (artigo 41, § 2º, 
da CRFB/88). 
No ponto, a Constituição Federal trata de formas derivadas de provimento de cargo público: a) 
reintegração: é a volta ao cargo anteriormente ocupado em razão de a sentença que determinou 
a demissão ter sido invalidada; b) a recondução: no caso de reintegração de servidor, aquele que 
estava ocupando o cargo, se estável, deverá deixá-lo e voltar ao cargo anterior; c) 
disponibilidade: forma de provimento derivado aplicável ao servidor estável em razão de 
extinção de cargo ou de declaração de sua desnecessidade, situação em que o servidor fará jus a 
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro 
cargo. 
Os empregados públicos não fazem jus à estabilidade, salvo aqueles admitidos em período 
anterior ao advento da EC 19/1998. A estabilidade é garantia aos servidores públicos 
estatutários. Empregados de empresas públicas e de sociedades de economia mista são 
celetistas (e não estatutários) e não adquirem estabilidade no cargo, não obstante sejam 
submetidos a concursos público para admissão. Entretanto, a dispensa do empregado de 
empresas públicas e sociedades de economia mista que prestam serviços públicos deve ser 
motivada, assegurando-se, assim, que os princípios da moralidade e da impessoalidade sejam 
observados no momento da admissão. A motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar 
o empregado de uma possível quebra do postulado da impessoalidade por parte do agente 
estatal investido do poder de demitir (RE 589.998 ED). 
 
 
Estágio Probatório 
 
Diz-se estágio probatório o período em que o servidor é aferido quanto aos requisitos 
necessários ao desempenho do cargo (adequação, disciplina, assiduidade, interesse no serviço, 
dentre outros). 
A Lei Maior não cita diretamente a expressão “estágio probatório” e consequentemente não 
trata do período de sua duração. A EC19/98 aumentou de dois para três anos o tempo de efetivo 
exercício para a aquisição da estabilidade, o que gerou discussão entre tribunais e no âmbito da 
própria Administração Pública. Entretanto, segundo posicionamento do Supremo Tribunal 
Federal, a EC 19/1998 elevou para três anos o prazo para a aquisição da estabilidade no serviço 
público e, por interpretação lógica, o prazo do estágio probatório também deve ser o de três 
anos (STA 263 AgR). 
Nos termos da Súmula 21 do STF, “funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado 
nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade.” 
Assim, o desprovimento compulsório do cargo público por demissão ou exoneração depende de 
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uma prévia investigação feita em processo administrativo e não pode ocorrer sumariamente 
apenas porque o servidor não é estável. 
 
 
Vitaliciedade 
 
Não se pode confundir a estabilidade do servidor público com a vitaliciedade assegurada a 
magistrados (artigo 95, I, da CF), membros do Ministério Público (artigo 128, § 5º, I, “a”, da CF) 
e integrantes dos Tribunais de Contas (artigo 73, § 3º, da CF). 
A vitaliciedade é prerrogativa especial conferida a determinadas categorias de agentes públicos, 
dadas as especificidades das funções exercidas. Os detentores de vitaliciedade apenas se 
sujeitam à perda de seus cargos em virtude de sentença judicial transitada em julgado, 
garantidos, evidentemente, o contraditório e a ampla defesa. 
Vale ressaltar que defensores públicos, advogados públicos e delegados de polícia são 
servidores públicos submetidos ao prazo trienal para a aquisição da estabilidade no cargo. Essas 
categorias não fazem jus à vitaliciedade. 
 
 
1.5. OBRIGAÇÃO DE LICITAR 
 
A Administração Pública, por vezes, precisa vale-se de bens e serviços fornecidos por 
particulares, motivo pelo qual precisa formalizar contratos. Para assegurar a prevalência do 
interesse público e impedir a defesa de interesses escusos entre administradores públicos e o 
administrado, a Constituição Federal fixou como regra geral a necessidade de processo de 
licitação pública para a contratação de obras, serviços, compras e alienações. 
Entende-se por licitação pública o procedimento administrativo que regula a celebração de 
contrato entre a Administração e o administrado ou a forma de obtenção do melhor trabalho 
técnico, artístico ou científico. Trata-se de um conjunto ordenado de documentos e ações que 
precedem a seleção da melhor proposta dentre todas as oferecidas pelos vários interessados. 
A competência para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação é privativa da União, 
em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (artigo 22, XXVII, da CRFB/88). Estados, 
Distrito Federal e Municípios podem legislar sobre normas específicas a respeito da matéria. 
Com relação a empresas públicas e sociedades de economia mista, o artigo 173, parágrafo 1º, da 
Constituição Federal, impõe que a lei que estabelecer os seus estatutos jurídicos também 
disponha sobre licitação e contratação. 
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Atualmente, o Estatuto geral das licitações é a Lei nº 8.666/1993. A Lei nº 10.520/2002 regula a 
modalidade de licitação denominada pregão. A Lei nº 8.248/1991 dispõe sobre a aquisição de 
bens e serviços de informática e a Lei nº 12.232/2010 fixa normas gerais para licitação e 
contratação de serviços de publicidade prestados por agências de propaganda. 
O princípio da obrigatoriedade de licitação está previsto no inciso XXI do artigo 37 da 
Constituição Federal. De acordo com o dispositivo, ressalvados os casos previstos em lei, as 
obras, serviços, compras e alienações devem ser contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes. 
É de se notar que a própria Constituição flexibilizou o princípio da obrigatoriedade de licitação 
quando autorizou a lei a dispor sobre dispensa e inexigibilidade de licitação. Não é demais 
conceituar: a dispensa ocorre quando a licitação é materialmente possível, mas é inconveniente. 
A inexigibilidade se dá quando há inviabilidade de competição. 
O artigo 24 do Estatuto geral das licitações (Lei 8.666/1993) trata dos casos de dispensa e o 
artigo 25 do mesmo diploma dos casos de inexigibilidade. Essas hipóteses são excepcionais e 
taxativas. 
A licitação é um procedimento que visa à satisfação do interesse público, pautando-se pelo 
princípio da isonomia. Tem duplo propósito: 1. proporcionar à Administração a possibilidade de 
realizar o negócio mais vantajoso e 2. assegurar aos administrados a oportunidade de 
concorrerem, em igualdade de condições, à contratação pretendida pela Administração. Nessa 
esteira, segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal: 
1. a conversão automática de permissões municipais em permissões intermunicipais afronta ao 
princípio da isonomia, igualdade entre todos quantos pretendam acesso às contratações da 
administração (ADI 2.716); 
2. é inconstitucional considerar como preceito de averiguação da proposta mais vantajosa os 
valores relativos aos impostos pagos à Fazenda Pública do ente federativo, porque a 
Constituição exclui quaisquer exigências de qualificação técnica e econômica que não sejam 
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações (ADI 3.070) 
3. O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere 
automaticamente ao poder público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em 
caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993 (RE 760.931 – 
repercussão geral). 
 
 
1.6. DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
 
Atos de improbidade administrativa são atos ilegais ou contrários aos princípios da 
Administração Pública praticados por qualquer agente público (servidor ou não) em detrimento 
da própria Administração (Direta, Indireta ou Fundacional de qualquer dos Poderes). 
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Com efeito, atos de improbidade são aqueles que provocam a lesão ao patrimônio público por 
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, ou asseguram o enriquecimento 
ilícito do agente ou afetam os princípios da Administração Pública. 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, atos de improbidade administrativa são aqueles que, 
possuindo natureza civil e devidamente tipificados em lei federal, ferem direta ou indiretamente 
os princípios constitucionais e legais da Administração Pública, independentemente de 
importarem enriquecimento ilícito ou de causarem prejuízo material ao erário (AO 1.833). 
A Corte Constitucional entende que, tratando-se de ação civil por improbidade administrativa, 
mostra-se irrelevante, para efeito de definição da competência originária dos tribunais, que se 
cuide de ocupante de cargo público ou de titular de mandato eletivo ainda no exercício das 
respectivas funções, pois a ação civil em questão deverá ser ajuizada perante magistrado de 
primeiro grau (Pet. 4089 AgR). Nessas ações, não há foro por prerrogativa de função. 
Importante destacar que o Supremo Tribunal Federal mudou o entendimento quanto à 
possibilidade de o agente responder cumulativamente por crime de responsabilidade (artigo 
102, I, “c”, da DF e Lei 1.079/1950) e por improbidade administrativa (Lei 8.429/1992). No 
julgamento do Agravo Regimental na Pet. 3240, o Tribunal fixou a tese de que os agentes 
políticos, com exceção do presidente da República, encontram-se sujeitos a um duplo regime 
sancionatório, e se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade 
administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de 
responsabilidade. 
A Constituição Federal estabelece no § 4º do artigo 37 que os atos de improbidade 
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, 
sem prejuízo da ação penal cabível. 
O § 5º do mesmo artigo atribuiu à lei a fixação dos prazos de prescrição para ilícitos praticados 
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas 
ações de ressarcimento. 
A Lei nº

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