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WBA0137_v2.0 Práxis da Gestão Social: Instrumentos de Gestão, Monitoramento e Avaliação e Lógica de Financiamento Eixos estruturantes para a gestão e o controle social no SUAS Bloco 1 Adriana Ferreira Conteúdo – Parâmetros Conhecer os principais eixos estruturantes do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e suas funcionalidades. Entender o processo de gestão da assistência social. Conhecer os avanços da política de assistência social por meio da implementação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS). Entender a função das equipes de referência atuantes no SUAS. Conceituação do SUAS Compreendemos o SUAS como um sistema: Um conjunto de partes coordenadas entre si, por leis e princípios comuns, que regulam certa ordem de fenômeno. O Sistema de Assistência Social, para que seja único, supõe um pacto federativo entre as esferas de governo, definindo as competências de cada um. Sustentação ética e política. “Unir para garantir”, conforme destaca Sposati (2004). Desafios da efetivação do SUAS A múltipla fragmentação programática existente. A fragmentação das esferas de governo e o paralelismo de gestão. A fragmentação das ações por categorias ou segmentos sociais sem compromisso com a cobertura universal e a qualidade dos resultados. Trabalho em rede Amplia as possibilidades de ação, facilita a articulação entre as políticas setoriais e organizações e faz com que o objetivo de prevenir situações de risco social seja alcançado com êxito, um avanço trazido pela NOB/SUAS (BRASIL, 2012), a instituição do Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social (Rede SUAS). Trabalho em rede Vigilância social Proteção social Defesa social e institucional Os serviços socioassistenciais estão organizados com base em três referências: Sistema de Vigilância Social O Sistema de Vigilância Social, como afirma Sposati (2004): Pauta-se na assistência social como política social responsável que deve detectar as situações de vulnerabilidade e de risco dos cidadãos e de suas famílias, bem como informar as dimensões e características dessas situações. Atua na prevenção! Proteção Social A proteção social se organiza por meio dos serviços relacionados à segurança de sobrevivência. O objetivo é assegurar e restabelecer o convívio e o vínculo familiares. Aqui já está estabelecido o conflito, mas atua na prevenção a fim de estabelecer a qualidade de vida dessas famílias. Defesa social e institucional Cabe à defesa social e institucional a proteção social básica e a especial, as quais devem ser organizadas de forma a garantir aos seus usuários o acesso aos direitos socioassistenciais e sua defesa. CRAS – Centro de Referência Assistência Social. CREAS – Centro de Referência Especializada Assistência Social. Desafio nessa efetivação – É a sua leitura É preciso concordar com Aldaíza Sposati (2004, p. 111) quando afirma que o “SUAS não é um programa, mas uma nova ordenação da gestão da assistência social como política pública”. Sua organização em dimensão da cidade/população É com base na descentralização político-administrativa e na territorialização da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que vamos realizar a definição de municípios. O financiamento com base no território considera o porte do município e a complexidade dos serviços, pensando de maneira hierárquica e complementar. Dentro do SUAS, não deve ocorrer a exigibilidade da Certidão Negativa de Débitos (CND) pelo INSS como condição para os repasses nem a não descontinuidade do financiamento a cada início de exercício financeiro. Sua organização em dimensão da cidade/população Pequeno porte I: população até 20.000 habitantes (5.000 famílias). Pequeno porte II: população de 20.001 a 50.000 habitantes (5.000 a 10.000 famílias). Médio porte: população de 50.001 a 100.000 habitantes (10.000 a 25.000 famílias). Grande porte: população a partir de 100.001 habitantes. Eixos estruturantes para a gestão e o controle social no SUAS Bloco 2 Adriana Ferreira Participação dos usuários no controle social A relevância do SUAS está na participação dos usuários no controle social. Objetivo é melhorar a qualidade dos serviços e construir a cidadania. É romper com a natureza da assistência social, que historicamente reproduz o conceito de pessoas dependentes, frágeis, vitimizadas e tuteladas por entidades e organizações. É a visão de direitos, e não de ajuda! É a participação dos sujeitos de direitos Tem um papel fundamental a desempenhar na dissolução de traços de ambiguidade e coerção presentes nos denominados programas de combate à exclusão social – é permitir um olhar de dentro. A efetiva distribuição e gestão dos bens e serviços sociais, no âmbito das políticas públicas, são vistas e entendidas como prioridade no processo de elaboração de medidas socioassistenciais contra a pobreza e a desigualdade sociocultural. É um grande desafio! No entanto, ainda não são suficientes para atender a toda a demanda de usuários dessa política. Eixos estruturantes para a gestão e o controle social no SUAS Bloco 3 Adriana Ferreira SUAS – Precisa desenvolver um projeto político novo A assistência social no âmbito do SUAS precisa desenvolver um projeto político novo e deve se voltar para um campo distinto das políticas sociais programadas, em vez de simplesmente executar políticas governamentais (no nosso caso, o Bolsa Família). Precisa trazer de forma clara o protagonismo das pessoas atendidas pela assistência. Com programas e projetos coletivos de enfrentamento à pobreza, com o objetivo de: 1) Emancipação. 2) Autonomia das pessoas atendidas. SUAS – Definição de diretrizes e regras Criação de redes de comunicação e informação e sua relação com um comando único. Nova legislação – filantropia, utilidade pública e registro das organizações. Envolvimento das organizações e dos usuários como sujeitos políticos. Alguns desafios encontrados no SUAS estão na definição de diretrizes e regras para as relações do Estado com as entidades e organizações sociais: Seu conceito precisa ser reforçado O direito de seguridade social foi conquistado no Brasil em 1988 com a Constituição Federal (BRASIL, 1988), documento que está assentado sobre o tripé: 1) Previdência. 2) Saúde. 3) Assistência social. O objetivo é a segurança enquanto bem público, devendo ser um direito de todos e um dever do Estado para a proteção da família, da maternidade, da infância, da adolescência e da pessoa idosa. Desafio que precisa ser enfrentado A importância da construção de “estratégias de resistência” a serem adotadas pelos órgãos gestores do SUAS, a fim de enfrentar o conservadorismo prevalente que resiste ao reconhecimento do direito socioassistencial. A necessidade de construção estratégica para a incorporação e a gestão das mudanças que a implantação do SUAS traz à gestão institucional da assistência social nas três esferas do poder. Outros pontos de reflexão apresentados por Sposati (2004) são: Outro desafio importante A precarização orçamentária: causa a redução de direitos em virtude das opções políticas a respeito da distribuição do fundo público. Entender a assistência social como política social é essencial para compreender os benefícios, os serviços e os programas socioassistenciais e os projetos de enfrentamento à pobreza. Entender os direitos criados para atender às necessidades humanas básicas e especiais como direitos socioassistenciais para desmistificar o gasto social como favor, como improdutivo. Atuar no SUAS requer É preciso ter clareza para não misturar a proteção social pública que o SUAS coloca como demandas com as orientações ideológicas e políticas que estas comportam. É necessário ter compreensão paranão executar na prática uma política pública compensatória e minimalista, voltada para os mais pobres e que está relacionada aos fatores negativos produzidos pelo sistema capitalista. Olhar ultrapassado As demandas sociais não devem ser vistas como o retorno dos elementos neoconservadores na prática profissional. Não podem ser entendidas como atitudes embasadas em teorias positivistas, mas sim com base em questões teórico-metodológicas críticas que se negam a tutelar a pessoa atendida pelo sistema e buscam na luta pelas conquistas dos direitos sociais o combate das desigualdades sociais. Olhar ultrapassado Como você vê hoje a pessoa que utiliza o SUAS? A reflexão é fundamental para a compreensão do SUAS e para o seu fortalecimento na sociedade e na garantia da participação da população, do protagonismo e da ética ligada ao conceito da humanização; não do “ter”, e sim do “ser”. Teoria em Prática Bloco 4 Adriana Ferreira SUAS e o assistencialismo O assistencialismo é uma prática nefasta ainda praticada em nosso País. É uma política clientelista, na maioria das vezes balizada pela troca de favores, que estimula a manutenção da dominação de quem pratica sobre as pessoas que são envolvidas nessa situação. É importante reforçar: 1) O sistema facilita essa obediência. 2) A desigualdade social alimenta o assistencialismo. 3) A impunidade alimenta o assistencialismo. 4) A proteção aos mais ricos em detrimento dos mais pobres, sem condições e informações, alimenta o assistencialismo. Reflita sobre a seguinte situação Diante dessa possibilidade – prática do assistencialismo –, como o gestor social deve agir na sua conduta profissional para evitar sua existência? Norte para a resolução... Primeiro é direta – papel do gestor: • Conhecimento da legislação por parte do gestor. • Atualização e aprendizado constantes com um enfoque humanizado. • Monitoramento e avaliação constantes dos programas pelas pessoas atendidas – dar voz à população. Segundo – como atuar diante do cenário de uma prática assistencialista: • Orientar, argumentar e ter um envolvimento crítico. • Negar a prática assistencialista pura, a que traz o começo, o meio e o fim. • Criar estratégias dentro do que foi apresentado para mudanças, utilizando os indicadores e todos os instrumentos de gestão. Dica da Professora Bloco 5 Adriana Ferreira Dica da Professora Indicamos o filme Lixo extraordinário (2011). • Esse filme é uma produção do renomado artista brasileiro Vik Muniz. • Ele teve como objetivo narrar o cotidiano dos catadores de lixo do aterro sanitário de Gramacho, no Rio de Janeiro, por meio de um projeto que busca transformar lixo em arte. • Essa arte é desenvolvida pelos próprios catadores que se concentram no local. • Dessa forma, transformam lixo em arte, em obras de arte, utilizando os materiais encontrados no lixão para formar imagens incríveis dos trabalhadores locais, o que transforma suas vidas. • Além da criatividade e da beleza das obras, o documentário apresenta a realidade de pessoas que vivem em condições críticas de pobreza e saneamento, além do problema ambiental com a disposição de resíduos sólidos. Dica da Professora O filme mostra muitos detalhes que podem ser analisados com o objetivo de pressionar as autoridades e conseguir mudanças positivas em Gramacho. A abordagem geral do documentário traz resultados positivos na temática socioambiental e o assunto da geração excessiva de resíduos e da reciclagem, além de refletir sobre a desigualdade social e as condições absurdas de vida causadas pela urbanização. Traz um projeto que tem um começo, um meio e uma finalidade de mudar vidas, de trazer mais qualidade de vida para as pessoas, colocando-as como protagonistas – sem assistencialismo, mas com potencial de desenvolvimento em uma educação que fomenta a busca por direitos sociais, econômicos e humanos. Dica da Professora Temas de destaque para o Serviço Social: meio ambiente, desenvolvimento da comunidade, associação de moradores, rompimento com o assistencialismo. Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 25 set. 2020. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica do SUAS – NOB/SUAS. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf. Acesso em: 25 set. 2020. COUTO, Berenice Rojas (org.). O Sistema Único de Assistência Social no Brasil: uma realidade em movimento. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1997. LIXO EXTRAORDINÁRIO. Direção de João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley et al. Rio de Janeiro: Almega Projects; O2 Filmes, 2010. RAICHELIS, Raquel. Esfera pública e conselhos de assistência social: caminhos da construção democrática. São Paulo: Cortez, 1998. SPOSATI, Aldaísa. O primeiro ano do Sistema único de Assistência Social. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 87, 2004. http://www.mds.gov.br/webarquivos/public/NOBSUAS_2012.pdf Bons estudos!