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Teoria econômica e Economia Digital 
 
Semana 1 
Introdução ao curso 
 O que é inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) 
 O que é moeda (dinheiro) e o que determina a taxa de juros 
 Quanto as firmas escolhem produzir? 
 Como consumidores decidem o que comprar? 
 Economia digital 
 
O que é economia 
Para os economistas clássicos (dos séculos 18 e 19, como Adam Smith), a economia 
é o estudo do processo de produção, distribuição, circulação e consumo dos bens e 
serviços. 
Lionel Robbins (1932): a economia trata da relação entre objetivos dados e os meios 
escassos disponíveis para atingi-los. 
Ambas as definições são importantes e abordam aspectos diferentes da disciplina. 
 
Microeconomia 
A microeconomia é o estudo de como indivíduos tomam decisões de forma a 
maximizar a sua satisfação. 
Os dois tipos mais relevantes de indivíduos para nós são: 
 Consumidores, que decidem o que comprar, e 
 Produtores (firmas), que decidem o que e quanto produzir 
 
Macroeconomia 
Já a macroeconomia é o estudo agregado da economia: quanto todas as firmas 
produzem, todos os consumidores consomem. 
Ela estuda variáveis gerais da economia: o nível de emprego, balança de pagamento. 
Também estuda os preços agregados da economia: a taxa de juros, a taxa de câmbio 
e o nível de preços geral (cujo aumento é a inflação). 
 
Por que a economia é importante para Administradores 
 Entender porque os consumidores compram determinados produtos é 
importante para desenhar estratégias 
 Economia informa sobre como e quanto as firmas deveriam produzir 
 A evolução dos agregados econômicos é informativa sobre perspectivas de 
negócios 
 
QUIZ 
A microeconomia nos ajuda a traçar estratégias corporativas 
 
Os problemas de natureza econômica 
O problema fundamental da economia 
A atividade econômica em uma sociedade é realizada com o propósito de produzir 
bens e serviços que se destinem à satisfação das necessidades individuais ou 
coletivas de seus membros. 
Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas necessidades se 
ampliam continuamente, aumentando, em consequência, as exigências do consumo. 
Um número cada vez maior de pessoas procura bens e serviços que atendam às suas 
necessidades de lazer, educação, transporte coletivos etc. mesmo para as 
necessidades puramente biológicas, surgem novos desejos. As pessoas já não se 
satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas água. Quando possível, recorrem a 
refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, de 
modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas. 
Sabemos, por outro lado, que a produção de bens e de serviços exige a organização 
e a combinação dos fatores de produção existentes À disposição da sociedade. 
Entretanto, esses fatores são limitados e escassos, pois não existem na quantidade 
que seria desejável. A área agricultável de um país é limitada, finita, e o mesmo ocorre 
com a quantidade de pessoas que pode trabalhar e em relação a máquinas, 
ferramentas e equipamentos em geral. 
Temos, então, colocado o conflito que explica e justifica a existência da teoria 
econômica. De um lado, observa-se que as necessidades das pessoas são ilimitadas 
e, de outro, que os fatores disponíveis para a produção de bens e de serviços que 
satisfaçam a essas necessidades são limitados. Esse é o problema fundamental da 
economia, que os economistas chamam de lei da escassez. 
Naturalmente, a humanidade não ficou aguardando o surgimento da teoria econômica 
e dos economistas para resolver esse problema, pois sempre foram encontradas 
soluções. Assim, a teoria econômica procura conhecer e sistematizar essas soluções 
pela análise do comportamento dos agentes econômicos envolvidos nesse problema, 
para, posteriormente, propor soluções melhores. 
O problema fundamental da economia: é a impossibilidade de se produzirem bens 
e serviços em quantidades ilimitadas para satisfazer às necessidades humanas 
permanentes ampliadas, pois os fatores da produção existem em quantidades 
limitadas. Este fato também é conhecido como lei da escassez. 
 
Quatro perguntas fundamentais 
Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em 
virtude da escassez de recursos, quatro questões são levantadas, e suas respostas 
envolvem o problema fundamental da economia, isto é, o problema da escassez. 
A primeira pergunta diz respeito à natureza das necessidades humanas: 
 
“O que produzir?” 
A resposta significa identificar as necessidades e, consequentemente, o que irá 
satisfazê-las. dessa forma, a sociedade deve saber que precisa produzir, por exemplo, 
alimentos, roupas, casas, estradas, escolas etc. 
A segunda pergunta implica determinar quantitativamente o produto necessário à 
satisfação das necessidades: 
 
“Quanto produzir?” 
Esta questão complementa a anterior e tem sua importância definida na medida em 
que, como já vimos, é impossível produzir em quantidades ilimitadas todos os bens 
necessários. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma economia 
estão sendo utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de 
bens e de serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem 
qualquer, teremos de diminuir a quantidade de produção de outro ou outros bens. 
A terceira questão envolve um problema de ordem técnica: 
 
“Como produzir?” 
Para que se obtenha um determinado bem ou serviço, é necessário empregar os 
fatores trabalho, capital e recursos naturais. Entretanto, a proporção em que esses 
recursos serão combinados vai depender da abundância ou da escassez de cada um 
deles. Portanto, é natural imaginar que, em uma economia em que o fator trabalho 
seja mais abundante que o fator capital, a produção empregue uma quantidade 
proporcionalmente maior de trabalho. 
A quarta questão está diretamente relacionada ao consumo, à satisfação das 
necessidades dos indivíduos: 
 
"Para quem produzir?" 
A resposta a essa pergunta resolve o último problema da questão da satisfação das 
necessidades humanas. Ela vai nos dizer de que forma será distribuído o produto do 
trabalho coletivo aos elementos da sociedade. 
 
Quatro perguntas fundamentais: 
O que produzir: indica que é necessário identificar a natureza das necessidades 
humanas para saber quais bens e serviços produzir. 
 
Quanto produzir? : reconhece a limitação existente na disponibilidade dos fatores 
produtivos. 
 
Como produzir?: é uma questão técnica, a qual indica que há várias maneiras de 
combinar os fatores de produção para a obtenção de bens e serviços. 
 
Para quem produzir?: envolve a questão da distribuição dos bens e dos serviços 
produzidos entre os elementos da sociedade. 
 
Curva de possibilidades de produção 
Vamos imaginar que uma economia produza apenas dois tipos de bens: alimentos e 
roupas. Se todos os fatores disponíveis fossem destinados à produção de alimentos, 
poderia ser obtida a quantidade de 10 milhões de toneladas de alimentos. 
Naturalmente, nessas circunstâncias, não seria obtida uma única peça de vestuário. 
Por outro lado, se todos os fatores disponíveis fossem alocados na produção de 
roupas, poderiam ser obtidos 20 milhões de peças de vestuário. Neste caso, 
igualmente, não seria produzida uma única tonelada de alimento. 
Esse exemplo esclarece os limites que uma economia tem para produzir o necessário 
ao atendimento das necessidades das pessoas. No entanto, sabe-se que as pessoas 
gostariam de consumir roupas e alimentos. Nesse caso, a economia iria empregar os 
recursos disponíveis na produção de dois tipos de bens e, consequentemente, seriam 
obtidas quantidades menores de alimentos e roupas que as citadas anteriormente. 
Na Figura 3.1, representamos graficamente o exemplo dado. Nela, temos um sistema 
de eixos cartesianos. No eixo das abscissas (horizontal), representamos a quantidade 
de peças de vestuário que a nossa economia hipotéticapode produzir. No eixo das 
ordenadas (vertical), representamos a quantidade de alimentos que pode ser 
produzida. 
 
A linha que une os pontos P e Q é denominada curva de possibilidades de 
produção. Essa curva indica as diferentes quantidades dos dois bens que podem ser 
produzidos em uma economia, quando todos os recursos disponíveis são utilizados. 
Imaginemos, inicialmente, que a nossa economia se encontre no ponto A. Nesse 
ponto, são produzidos 10 milhões de peças de roupas e 5 milhões de toneladas de 
alimentos, que são as quantidade disponíveis para satisfazer Às necessidades dessa 
sociedade. Se essa sociedade quisesse consumir mais alimentos, a economia 
deslocaria para a posição B, onde se produziriam 7,5 milhões de toneladas de 
alimentos. Entretanto, esses aumento na produção de alimentos. Entretanto, esse 
aumento na produção de alimentos só seria possível porque uma parte dos recursos 
que anteriormente estavam destinados à produção de peças de vestuário foi desviada 
para a produção de alimentos. Consequentemente, teria havido uma diminuição na 
produção de roupas, que cairia de 10 milhões de peças para 5 milhões de peças, 
conforme indica o ponto B. 
É importante observar que esse exemplo é bastante simplificado. Não é possível a 
existência de uma economia que produza apenas dois tipos de bens, pelo simples fato 
de que as pessoas têm mais do que dois tipos de necessidades. Por isso, o raciocínio 
desenvolvido anteriormente deve ser estendido para um grande e diversificado 
número de bens. 
É importante frisar também que a curva de possibilidades de produção pressupõe o 
pleno emprego dos fatores de produção disponíveis, ou seja, todos os fatores, em 
toda a sua extensão, devem estar empregados no processo de produção. Em razão 
disso, nenhuma quantidade pode estar indicada acima da linha que une os pontos P 
e Q, pois essa linha estabelece o limite máximo de disponibilidade e de emprego dos 
fatores de produção. 
Agora vamos introduzir o conceito de custo de oportunidade. Para uma economia 
que se encontra em pleno emprego, qual o custo de se produzir determinado bem? 
Tomemos o exemplo da economia que produz roupas e alimentos. Se as quantidades 
produzidas por essa economia encontram-se acima da curva de possibilidade de 
produção (como A ou B, na figura), o custo de oportunidade de se produzir uma 
unidade a mais é a quantidade de alimentos que devemos deixar de produzir. no caso, 
para produzir uma peça de roupa a mais, temos de reduzir nossa produção de 
alimentos em 0,5 unidade. Esse é o custo de oportunidade de uma peça de roupa. 
 
Curva de possibilidades de produção: indica as quantidades máximas de bens e 
de serviços que podem ser produzidas em uma economia quando todos os fatores de 
produção disponíveis estiverem empregados. 
 
QUIZ 
Sobre a escassez e escolhas econômicas: a sociedade estar na curva de 
possibilidades de produção significa que para produzir uma unidade a mais de 
um bem, terá que produzir menos de um produto. 
 
Os problemas econômicos 
O problema fundamental da economia 
Como vimos, a economia é o estudo de como a sociedade produz, distribui e consome 
os bens e serviços desejados pelas pessoas. Mas quanto mais as necessidades 
humanas são satisfeitas, mais as pessoas desejam! Elas são insaciáveis. 
Por outro lado, a quantidade de fatores: trabalho, terra e capital disponíveis é limitada 
– essa é a lei da escassez: não é possível satisfazer todos os desejos ao mesmo 
tempo. 
Assim, é necessário fazer escolhas, e a economia (principalmente microeconomia) é 
a ciência que estuda como fazemos essas escolhas. 
 
Quatro Questões 
 O que produzir? O sistema precisa identificar necessidades e desejos 
 Quanto produzir? Pela lei da escassez, é impossível produzir os bens 
necessários em quantidades ilimitadas: precisamos escolher 
 Como produzir? Precisamos empregar os fatores: capital, trabalho e recursos 
naturais 
 Para quem produzir? Todo esse produto social tem que ser distribuído pela 
sociedade, e será de forma mais ou menos desigual 
 
Curva de possibilidades de produção 
 
A lei da escassez implica que há um limite para quanto a sociedade pode produzir, 
então produzir mais de um bem implica produzir menos do outro. 
Isso pode ser representado graficamente por uma curva de possibilidades de 
produção. 
Ela será sempre negativamente inclinada, pois produzir mais de um bem implica 
produzir menos do outro. 
 
Custo de oportunidade 
Se temos que a todo momento fazer escolhas, então cada decisão implica deixar de 
escolher alguma outra coisa. 
É isso que chamamos de custo de oportunidade: as outras opções a que temos que 
renunciar para fazermos aquilo que queremos. 
Custos de oportunidade podem ser monetários, mas não precisam ser! Sempre 
poderíamos fazer outra coisa em vez do que escolhemos. 
 
QUIZ 
A curva de possibilidades de produção diz que para a sociedade produzir mais de 
algo, precisa produzir menos de alguma outra coisa. 
 
Sistema Econômico 
Definição do sistema econômico 
Nas sociedades modernas, em que é produzido um grande número de bens e 
serviços, podemos observar que o consumo de uma pessoa é composto por bens e 
serviços produzidos em áreas de atividade econômica diferentes daquela em que 
exerce seu trabalho. Um operário que trabalhe em uma metalúrgica, por exemplo, 
produz chapas de aço, mas necessita de alimentos, roupas, casa, transporte etc. 
Entretanto, na economia em que esse operário vive, é permitido que ele troque sua 
força de trabalho (um fator de produção que concorre para a produção das chapas de 
aço) por um salário que lhe permite adquirir os bens e serviços de que necessita. Isto 
ocorre em razão do funcionamento daquilo que chamamos de sistema econômico. 
Um sistema econômico pode ser definido como a reunião dos diversos elementos 
participantes da produção e do consumo de bens e serviços que satisfazem às 
necessidades da sociedade, organizados não apenas do ponto de vista econômico, 
mas também social, jurídico, institucional etc. observe que os elementos integrantes 
de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os fatores de 
produção: trabalho, capital e recursos naturais. 
Entretanto, para que esses fatores façam parte do processo produtivo, eles precisam 
estar organizados de tal forma que sua combinação resulte em algum bem ou serviço. 
As instituições em que são organizados os fatores de produção são denominadas 
unidades produtoras. Uma fábrica de automóveis, um banco e uma fazenda são 
exemplos de unidades produtoras, pois, em cada um desses lugares, os fatores de 
produção, trabalho, capital e recursos naturais estão organizados para a produção de 
algum bem ou serviço. 
No entanto, não devemos pensar que tudo aquilo que for obtido pelas unidades 
produtoras será destinado diretamente ao consumo. Uma fábrica de chapas de aço, 
por exemplo, não tem as pessoas, em geral, como consumidores diretos dos seus 
produtos, o que também ocorre com uma empresa de processamento de dados. As 
chapas de aço e os serviços de computação são apenas um bem e um serviço que 
entram na produção de outros bens e serviços. 
Essa complexidade da produção é uma característica fundamental dos modernos 
sistemas econômicos e explica como as pessoas que desempenham uma tarefa 
específica, como o operário que mencionamos anteriormente, podem adquirir as 
coisas necessárias à satisfação de suas necessidades. 
A produção econômica pode ser classificada em 3 categorias, de acordo com sua 
destinação: 
 Bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que satisfazem às 
necessidades das pessoas quando consumidos no estado em que se 
encontram, como alimentos, roupas, serviços médicos etc 
 bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que não atendem 
diretamente às necessidades das pessoas, pois precisam ser transformados 
para atingir sua forma definitiva. Comoexemplo, podemos citar as chapas de 
aço empregadas na produção de automóveis, os serviços de computação oque 
preparam folhas de pagamentos para as empresas etc 
 bens de capital: também não atendem diretamente às necessidades dos 
consumidores, mas destinam-se a aumentar a eficiência do trabalho humano 
no processo produtivo, como as máquinas, as estradas etc 
 
 
Sistema econômico: é a reunião dos diversos elementos (os fatores de produção) 
que participam da produção de bens e serviços para atender às necessidades da 
sociedade. 
 
Unidade produtora: é a instituição que reúne e organiza os fatores da produção com 
o objetivo de produzir um determinado bem ou serviço. 
 
Bens e serviços de consumo: são os bens e serviços que se destinam ao 
atendimento direto das necessidades das pessoas. 
 
Bens e serviços intermediários: são os bens e serviços que entram na produção de 
outros bens e serviços. 
 
Bens de capital: são os bens que aumentam a eficiência do trabalho humano. 
 
Composição do sistema econômico 
No sistema econômico de uma nação, encontramos um grande e diversificado número 
de unidades produtoras, cada qual organizando os fatores de produção para a 
obtenção de um determinado produto ou para a prestação ode um serviço. Entretanto, 
apesar da diversidade de objetivos das inúmeras unidades produtoras, podemos 
classifica-las de acordo com as características fundamentais de sua produção. 
Utilizando esse critério, veremos que as unidades produtoras podem ser agrupadas 
em 3 setores básicos que compõem o sistema econômico: 
 setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam 
intensamente os recursos naturais e não introduzem transformações 
substanciais em seus produtos. Fazem parte deste setor as unidades 
produtoras que desenvolvem atividades agrícolas, pecuárias e extrativas, 
sejam elas minerais, animais ou vegetais. 
 setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às 
atividades industriais, por meio das quais os bens são transformados. 
Caracteriza-se pela intensa utilização do fator de produção capital, sob a forma 
de máquinas e equipamentos. Indústrias de automóveis, de refrigerantes e de 
roupas são exemplos de unidades produtoras incluídas no setor secundário 
 setor terciário: este setor se diferencia dos outros pelo fato de seu produto 
não ser tangível, concreto, embora seja de grande importância no sistema 
econômico. É composto pelas unidades produtoras que prestam serviços, 
como as instituições bancárias, as escolas, as empresas de transporte, o 
comércio etc 
Podemos ter uma ideia do grau de desenvolvimento de um país se observarmos a 
importância relativa dos 3 setores em seu sistema econômico. Uma economia em que 
o setor primário tem maior peso revela, quase sempre, um bom nível de 
desenvolvimento, enquanto aquelas em que os setores secundários e terciário são 
preponderantes apresentam um maior grau de desenvolvimento. Há, entretanto, 
exceções a essa regra. Na Dinamarca, por exemplo, a agricultura (setor primário) tem 
um peso bastante elevado na economia, e esse país é desenvolvido e apresenta boa 
qualidade de vida. Por outro lado, em alguns países subdesenvolvidos, como o Brasil, 
o setor terciário apresenta uma importância significativa, decorrente da excessiva 
aglomeração urbana e do subemprego daí resultante. Sem emprego nos setores 
tradicionais, as pessoas acabam encontrando colocação precária em outras 
atividades, como no comércio informal. 
 
Setor primário: constituído pelas unidades produtoras que utilizam intensamente os 
recursos naturais, voltadas para atividades agrícolas, pecuárias e extrativa 
 
Setor secundário: constituído pelas unidades produtoras dedicadas às atividades 
industriais, por meio das quais os bens são transformados. 
 
Setor terciário: formado pelas unidades produtoras que prestam serviços, como 
instituições bancárias, empresas de transporte, hospitais, comércio etc. 
 
Os fluxos do sistema econômico 
Durante o processo de produção, em que são obtidos bens e serviços, as unidades 
produtoras remuneram os fatores de produção por elas empregados: pagam salários 
aos seus funcionários, aluguel pelas instalações que ocupam, juros pelos 
financiamentos obtidos e distribuem lucros aos seus proprietários. Essa remuneração 
é recebida pelos proprietários dos fatores de produção e permite-lhes adquirir os bens 
e os serviços de que necessitam. 
Este é um aspecto fundamental do sistema econômico e garante sua eficiência: as 
unidades produtoras, ao mesmo tempo que produzem bens e serviços, remuneram 
os fatores de produção por elas empregados, permitindo que as pessoas adquiram 
bens e serviços produzidos por toas as outras unidades produtoras. 
Uma pessoa que trabalha em uma fábrica de roupas, por exemplo, não vai adquirir 
apenas o produto de seu trabalho (roupas) com o salário que recebe. Precisa, 
também, comprar alimentos, alugar ou comprar uma casa, usar transporte coletivo 
etc. é por meio da remuneração de sua força de trabalho (fator de produção que 
concorreu para a produção das roupas) que ela poderá adquirir as coisas de que 
necessita para viver. 
Pode-se dizer, portanto, que em um sistema econômico existem 2 fluxos: fluxo do 
produto/fluxo real formado pelos bens e serviços produzidos no sistema econômico 
e fluxo de renda/fluxo monetário/fluxo nominal formado pelo pagamento que os 
fatores de produção recebem durante o processo produtivo. 
Esses dois fluxos tem um significado muito importante para a teoria econômica. O 
fluxo de produto, formado por bens e serviços produzidos, constitui a oferta da 
economia, ou seja, tudo aquilo que tiver sido produzido e estiver à disposição dos 
consumidores. O fluxo de renda, formado pelo total da remuneração dos fatores 
produtivos, constitui o montante de que as pessoas dispõem para satisfazer Às suas 
necessidades e desejos. Esse fluxo confunde-se, em geral, como a despesa que os 
agentes realizam, representando a demanda ou a procura da economia. Portanto, 
temos a seguinte igualdade: 
 
Produto = renda = despesa 
 
A oferta e a procura são as duas funções mais importantes de um sistema econômico. 
Essas duas funções formam o mercado em que as pessoas que querem vender se 
encontram com as pessoas que querem comprar. 
É importante observar que o termo mercado, na teoria econômica, não significa 
apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por 
exemplo. Seu significado é mais amplo, refere-se a todas as compras e vendas 
realizadas no sistema econômico, tanto de bens de consumo, intermediários e de 
capital como de serviços. Em suma, sintetiza a essência do sistema econômico, em 
que as necessidades são satisfeitas por meio da venda e da compra de mercadorias 
e serviços. 
Os fluxos monetário e real do sistema econômico e a formação do mercado estão 
sintetizados no esquema da Figura 4.1 
 
 
Fluxo de produto ou real: é a totalidade dos bens e serviços finais produzidos pelas 
unidades produtoras. Constitui a oferta da economia. 
 
Fluxo de renda ou nominal ou monetário: é a totalidade da remuneração dos 
fatores de produção empregados pelas unidades produtoras. Constitui a demanda ou 
a procura da economia. 
 
Mercado: é formado pelos fluxo de produto e de renda, respectivamente, a oferta e a 
demanda da economia. 
 
A circulação no sistema econômico 
No item anterior foram apresentados os elementos fundamentais do sistema 
econômico: o fluxo de produto, o fluxo de renda e o mercado para onde os fluxos se 
dirigem. Falaremos agora a respeito do funcionamento do sistema econômico, que se 
caracteriza pelo permanente transito dos fluxos de produto e de renda, tanto no 
sentido do mercado como no sentido contrário. Entretanto, para discutir melhor esse 
fenômeno, que corresponde à circulação no sistema econômico, é necessário que 
se introduzam mais alguns conceitos importantes.Inicialmente, vamos admitir que nosso sistema econômico seja fechado, ou seja, não 
mantém relações econômicas com outros sistemas. Como um sistema econômico 
corresponde a um país, o que estamos dizendo é que esse país não realiza 
transações de importação ou exportação de bens e serviços com outros países. 
Admitamos, ainda, que esse sistema econômico não possua setor público, ou seja, 
governo. Essa suposição não é de natureza política, mas econômica, pois o governo 
tem um papel importante no sistema econômico. E sua exclusão, assim como a das 
relações com outros sistemas econômicos. E sua exclusão, assim como a das 
relações com outros sistemas econômicos, tem como única finalidade tornar mais 
simples o raciocínio. Convém dizer, ainda, que nesse sistema econômico toda a renda 
recebida pelos proprietários dos fatores de produção é gasta em bens e serviços de 
consumo, e que toda a produção das empresas é vendida, não havendo formação de 
estoques. Dessa forma, nosso sistema econômico será formado pelas empresas e 
pelas famílias. 
As empresas e as famílias são entidades econômicas, formadas pelas unidades 
produtivas, no caso das empresas, e pelas pessoas que consomem bens e serviços 
possuem os fatores de produção, no caso das famílias. Normalmente, um sistema 
econômico é formado por mais duas entidades: o setor público, ou governo, e os 
outros países, ou setor externo. Entretanto, para facilitar o raciocínio, consideraremos 
apenas as empresas, cujo conjunto vamos chamar de aparelho produtivos, e as 
famílias. 
Agora, podemos recolocar a discussão do sistema econômico em termos dessas duas 
entidades econômicas. O aparelho produtivo contrata, junto às famílias, os fatores de 
produção (trabalho, capital etc), originando-se aí o fluxo de renda. Por outro lado, o 
aparelho produtivo organiza os fatores de produção de que agora dispõe e estabelece 
o fluxo de produto, que equivale À oferta de bens e de serviços produzidos. Esses 
dois fluxos se encontram no mercado, no qual as famílias trocam sua renda (ou fluxo 
de renda) pelo produto (ou fluxo de produto) para satisfazer às suas necessidades. 
Entretanto, o funcionamento do sistema econômico não termina aqui. 
Observemos que, no mercado, os fluxos trocam de mãos: o fluxo de produto passa 
para as mãos das famílias onde será consumido, pois se tratam de bens e serviços, 
enquanto o fluxo de renda passa para as mãos do aparelho produtivo, como 
pagamento pelos bens e serviços vendidos. Quando as famílias tiverem consumido 
os bens e serviços adquiridos no mercado, precisarão oferecer novamente os seus 
fatores de produção ao setor produtivo, para receber em troca a renda que lhes 
permitirá dirigir-se novamente ao mercado. Ness ínterim, as empresas podem 
contratar novamente os fatores de produção com as famílias, pois agora estão de 
posse do fluxo de renda, que foi obtido no mercado com a venda de sua produção de 
bens e de serviços. Tivemos, portanto, uma volta completa dos fluxos de renda e de 
produto, que saíram, no primeiro instante, das mãos das famílias e empresas, 
dirigiram-se ao mercado, trocaram de mãos e, novamente pela contratação dos 
fatores de produção, estão nas mãos das entidades originais, ou seja, o fluxo de renda 
com as famílias e o de produto com o aparelho produtivo. A partir daí, eles se dirigem 
novamente para o mercado, onde o processo é reiniciado. 
É importante observar que, na realidade, os fluxos de renda e de produto estão, ao 
mesmo tempo, tanto com as famílias e empresários como no mercado, não sendo 
necessário haver uma volta completa para que se reiniciem. Portanto, cumpre 
destacar o caráter dinâmico do sistema econômico, em que todos os agentes 
econômicos exercem seu papel ininterruptamente. 
Essa movimentação dos fluxos é o processo de circulação do sistema econômico, 
que é importantíssimo para que esse sistema cumpra seu papel, produzindo bens e 
serviços e fazendo-os chegar às pessoas para satisfazer às suas necessidades. 
O processo de circulação no sistema econômico está esquematizado na Figura 4.2, 
na qual os fluxos de produto são representados por linhas contínuas e os fluxos de 
renda, por linhas segmentadas. 
 
 
Circulação: é o processo pelo qual os fluxos de renda e de produto circulam entre as 
entidades do sistema econômico, possibilitando-lhes adequadamente o seu papel. 
 
Macroeconomia e microeconomia 
Agora que já temos uma ideia do que é um sistema econômico e de como nele se 
produzem e se distribuem os bens e os serviços, trataremos dos esforços dos 
economistas para entender mais profundamente, e em detalhes, o funcionamento de 
um sistema econômico. 
Atualmente, a teoria econômica é dividia em dois ramos básicos que não se excluem, 
mas, pelo contrário, complementam-se. O primeiro é a microeconomia, que se 
preocupa em estudar os elementos mais simples do sistema econômico, como o 
consumidor individual, ou seja, a pessoa que se dirige ao mercado com uma 
determinada renda para adquirir bens e serviços. Outro exemplo do objeto de estudo 
da microeconomia é a unidade produtora tomada isoladamente, que passaremos a 
chamar de empresa. 
A microeconomia estuda a maneira como o consumidor gasta sua renda, de forma a 
ter o maior grau de satisfação possível. Estuda, também, a maneira como a empresa 
emprega os fatores de produção para obter o maior lucro possível. 
O segundo ramo, a macroeconomia, preocupa-se em estudar o conjunto dos 
consumidores de uma sociedade, assim como o conjunto de empresas dessa mesma 
sociedade. Seu interesse é determinar os fatores que influenciam o nível total de renda 
e do produto do sistema econômico. 
No esquema da Figura 4.3, podem-se visualizar melhor a divisão da teoria econômica 
e o objeto de estudo de cada um de seus ramos. 
 
 
Microeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos 
individualmente, como o consumidor e a empresa. 
 
Macroeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos 
em seu conjunto. Tem como principal objetivo determinar os fatores que interferem no 
nível total da renda e do produto de uma economia. 
 
QUIZ 
Sobre o fluxo circular da renda: o capital é ofertado às firmas pelas famílias. 
 
Sistema Econômico 
O sistema econômico e seus fluxos 
O sistema econômico é a forma que a sociedade se organiza para produzir bens e 
serviços. 
Vivemos em uma economia capitalista, em que tanto o produto social quanto os 
fatores de produção são transacionados em mercado. 
Os fatores de produção são organizados em unidades produtoras, que no mundo atual 
geralmente são de propriedade privada. 
 
Composição do sistema 
O setor primário é o setor de produção que utiliza-se de recursos naturais para 
produzir bens (frequentemente intermediários): agricultura, pecuária e extrativa. 
O setor secundário é formado pelas atividades industriais. 
Já o setor terciário é o setor de serviços, que produz bens não tangíveis, como 
finanças, comércio, transporte e educação. 
 
Fluxos no sistema econômico 
A oferta e procura de bens e serviços forma o mercado, “onde” esses bens são 
transacionados. 
Há também o mercado de fatores de produção, e nele são comercializados o trabalho, 
o capital e os recursos naturais. 
Em um sistema fechado, a oferta de bens (produto) tem que ser igual à demanda 
(renda) da economia. 
 
Circulação do Sistema Econômico 
Há dois tipos de fluxos na circulação do sistema econômico: o fluxo de renda e o fluxo 
de produtos. 
Famílias ofertam fatores de produção ao sistema produtivo, que retornam com bens e 
serviços pelo mercado às famílias. 
Na mão inversa, famílias pagam por bens e serviços às firmas, que retornam esse 
dinheiro às famílias na forma de salários e lucros. 
 
 
QUIZ 
Os problemas econômicos: na sociedade atual, a maior parte das unidades 
produtoras é de propriedade privada. 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA 
1- Sobre fluxo circulareconômico: o fluxo circular da renda envolve dois 
mercados, o de fatores e o de bens finais. 
 
2- Leia este depoimento de uma aluna na reportagem da BBC Brasil “Por que 
brasileiros que sonham em ser médicos estão indo para Argentina”, publicada 
em 01/12/2022. 
“Eu estava muito longe do conteúdo do ensino médio. Não tinha uma base boa 
e teria que fazer muito tempo de cursinho. As particulares começavam em R$ 
8 mil e tinha algumas que chegavam a custar R$ 12 mil”, afirma. 
Foi então que ela começou a procurar por faculdades na Argentina e se mudou 
para o país em 2018. No início, entrou na UBA (Universidade de Buenos Aires), 
uma das principais referências em ensino público na América Latina. 
Assim como as particulares, não é necessário prestar vestibular para ingressar 
na instituição de ensino”. 
A partir da leitura do trecho e, com base no conceito de custo de oportunidade, 
já que não é um custo monetário como o custo da: cursar uma universidade, 
mesmo que gratuita, tem maior custo quanto maior é o salário do 
indivíduo no mercado de trabalho. 
 
Semana 2 
 
Contabilidade Nacional 
Renda e produto 
O objetivo fundamental da macroeconomia é determinar os fatores que influenciam o 
nível total da renda e do produto do sistema econômico. Porém, por que os 
economistas, sobretudo no século XX, preocupam-se em medir a produção realizada 
pelo sistema econômico? 
A resposta pode ser dividida em duas partes. Primeiro, devemos nos lembrar de que 
o problema fundamental da economia é a escassez de recursos. Por essa razão, eles 
devem ser empregados de forma adequada, para que se consiga a maior quantidade 
possível de bens e de serviços, o que nos remete à questão da eficiência do sistema 
produtivo. Essa eficiência, que consiste na maior produção possível a partir de uma 
certa quantidade de fatores de produção, precisa ser constantemente avaliada. Daí a 
necessidade de se ter registros da atividade econômica, considerada em seu 
conjunto, que permitam esse tipo de análise. 
A segunda parte da resposta nos remete a um fato histórico. Quase todas as pessoas 
já ouviram falar da grande crise econômica de 1929, que constitui na redução das 
atividades econômicas, ocasionando, entre outros problemas, o desemprego. 
Tivemos, também, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos 
países e tiveram ampla repercussão na economia. A partir dessa época, e com a 
presença mais acentuada do Estado como regulador das atividades econômicas, os 
economistas passaram a sentir a necessidade de criar meios que lhes permitissem 
medir e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. Surgiu, 
então, a contabilidade social ou nacional, que nos dá, em termos quantitativos, o 
desempenho global de uma economia. A contabilidade nacional se insere na moderna 
macroeconomia, que nos fornece os meios para a análise do conjunto da economia 
de uma sociedade. 
Entretanto, outra pergunta poderia ser feita: como medir a produção realizada pelo 
sistema econômico? Observe que a produção é contínua no tempo, e os bens e 
serviços são produzidos e consumidos, sendo necessário produzi-los novamente, pois 
grande parte das necessidades humanas exige um consumo contínuo, como é o caso 
da alimentação, que precisa ser satisfeita diariamente. 
Em primeiro lugar, foi preciso estabelecer um período para que se medisse o total de 
bens e de serviços produzidos. Atualmente, esse período é de um ano e corresponde 
ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro. Em seguida, foi preciso estabelecer uma 
unidade de medida comum, pois os bens e serviços tem unidades de medida 
diferentes: o petróleo é medido em barris; a carne, em arrobas; a energia elétrica, em 
quilowatts, e assim por diante. A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou 
agregar, a totalidade de bens e de serviços produzidos foi medi-los em termos 
monetários, ou seja, pelo seu preço. Isso porque todos os bens e serviços podem 
ser expressos em dinheiro, que é o preço que alcançam no mercado multiplicado pela 
quantidade produzida. 
Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a produção, bem 
como a unidade de medida em que será expressa essa grandeza, resta o último 
problema, referente à ótica segundo a qual será medida a produção econômica. 
Basicamente, há três óticas a partir das quais a atividade econômica pode ser 
examinada e medida. 
A primeira é a ótica do produto; no entanto, para ser entendida, é necessário, antes 
de mais nada, que se explore o conceito de produto. O produto de uma economia 
é a soma dos valores monetário dos bens e dos serviços voltados para o consumo 
final e produzidos em um determinado período. Assim, ao medir a atividade 
econômica a partir a ótica do produto, consideram-se o preço e a quantidade 
produzida dos bens e dos serviços, mas apenas daqueles voltados para o consumo 
final. Em um automóvel, por exemplo, são empregados inúmeros bens e serviços, 
como chapas de aço, pneus, serviços de pintura etc. entretanto, eles não são 
computados no cálculo do produto da economia, pois são bens e serviços 
intermediários. Apenas o número de automóveis produzidos multiplicado pelo seu 
preço é que vai entrar nesse cálculo, para evitar o problema da dupla contagem, pois 
o preço dos bens e serviços intermediários já está incluído no preço final do 
automóvel. 
A segunda ótica a partir da qual se pode medir a atividade econômica é a da renda. 
Conforme vimos na primeira parte, a renda de uma economia é a soma da 
remuneração paga aos fatores da produção durante o processo produtivo. Assim, para 
obter a renda de um país em um determinado período, somam-se salários, os 
aluguéis, os juros e os lucros, que são os pagamentos feitos aos fatores produtivos 
durante o período considerado. 
Finalmente, temos a ótica da despesa, que consiste na análise do uso que os 
agentes fazem de sua renda. Os agentes podem gastar sua renda na aquisição de 
bens de consumo duráveis e não duráveis, bens de capital, títulos do governo e 
moeda. 
O produto de uma economia é expresso em termos monetários, multiplicando-se a 
quantidade de bens e de serviços pelos respectivos preços. A partir daí, podemos 
considerar o produto como o total das vendas em um determinado período mais os 
estoques avaliados a preço de mercado. Ora, as vendas correspondem à receita dos 
empresários – agentes econômicos do país que organizam os fatores de produção. 
Com a receita obtida por meio da venda de seus produtos, os empresários remuneram 
os fatores da produção empregados: salários para os trabalhadores, juros para o 
capital, aluguéis para os proprietário e lucros para eles próprios, pois o lucro é a 
remuneração do empresário. Assim, podemos dizer que as receitas, ou o produto da 
economia, esgotam-se na remuneração dos fatores produtivos. Chamando o total de 
pagamentos feitos aos fatores de produção de renda, chegamos a uma identidade 
fundamental na teoria macroeconômica: a renda é igual ao produto. 
Da mesma forma, em nosso sistema simples, os agentes gastam toda a sua renda na 
aquisição de bens. Dessa forma, temos a igualdade entre renda e despesa e, portanto, 
entre produto e despesa. 
Observe-se, entretanto, que estamos considerando um sistema econômico bastante 
simples, constituído apensas de empresas e consumidores. Não existe, aqui, o setor 
público, ou seja, o governo, que recolhe impostos e taxas, nem o resto do mundo, de 
onde importamos e para onde exportamos bens e serviços. Portanto, a identidade 
“renda igual a produto” só é válida para um sistema econômico simples, constituído 
de empresas e consumidores. Além disso, há a condição de que as pessoas gastem 
toda a sua renda na aquisição de bens e de serviços, ou seja, não façam poupança. 
Vamos considerar outro sistema econômico simples, formado por empresas e 
famílias. Suponhamos que a quantidade de bens e de serviços produzidos pelas 
empresas,multiplicada pelos seus respectivos preços, seja igual a 10 bilhões de reais. 
Esse valor é o produto desse sistema econômico. Entretanto, para obter esse produto, 
os empresários gastaram 5 bilhões de reais em salários e ordenados pagos ao fator 
trabalho, 3 bilhões de reais em aluguel, 1 bilhão de reais pagos sob a forma de juros 
aos donos do capital, que o emprestaram aos empresários cobrando esses juros, e , 
finalmente, 1 bilhão de reais de lucro, que é a remuneração dos empresários, o 
pagamento pelo seu trabalho. 
Com esse exemplo simples, podemos demonstrar que o produto de uma economia – 
o valor monetário dos bens e serviços produzidos – é igual 
à remuneração dos fatores de produção, ou seja, à renda conforma a Figura 5.1. 
 
Portanto, daqui por diante, podemos empregar os dois termos (produto ou renda) para 
designar o resultado da atividade econômica de uma sociedade. 
Agora, já podemos estabelecer o conceito e o objetivo da contabilidade nacional. A 
contabilidade nacional é um método de mensuração e interpretação da atividade 
econômica que tem como objetivo medir a produção que se realiza em um sistema 
econômico em um determinado período. 
 
Contabilidade nacional: é um método de mensuração e interpretação da atividade 
econômica realizada durante um determinado período. 
Produto: é a soma dos valores monetários de todos os bens e serviços finais 
produzidos por um país em um determinado período 
 
Renda: é a soma das remunerações feitas aos fatores da produção empregados no 
processo produtivo durante um determinado período, ou seja, é o total dos salários, 
aluguéis, juros e lucros. 
 
Os principais agregados macroeconômicos 
A contabilidade nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão mais 
genérica – o produto da economia -, para, em seguida, e a partir dele, introduzir novos 
conceitos e assim observar a atividade econômica. Esses conceitos são chamados 
de agregados e recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente 
uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de 
medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços), cujo volume físico, 
conforme vimos, é expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto, 
esses bens e serviços podem ser adicionados quando são traduzidos em uma unidade 
comum de medida, ou seja, a moeda. 
Para que se possa definir convenientemente os agregados, é preciso relaxar as 
hipóteses feitas sobre o sistema econômico, pois desse modo poderemos falar de 
uma economia que tem correspondência no mundo real. Portanto, o sistema 
econômico de que trataremos mantém relações com outros sistemas, isto é, com o 
resto do mundo, por meio da exportação e da importação de bens e de serviços. Além 
disso, nesse sistema, a presença do setor público, o governo, é bastante importante. 
Com relação ás empresas e aos proprietários dos fatores de produção, não é mais 
necessário que eles gastem toda a sua renda em bens e serviços de consumo (essa 
parte da renda que não é consumida recebe o nome de poupança). 
Consequentemente, se toda a renda não é consumida, uma parte da produção das 
empresas não será vendida, o que possibilitará a formação de estoques nessa 
economia. 
Vejamos mais detalhadamente em que consiste cada um dos chamados agregados 
macroeconômicos. 
 
Produto Interno Bruto (PIB) 
O primeiro agregado é o Produto Interno Bruto (PIB), que corresponde ao conceito 
de produto da economia, ou seja, à soma dos valores monetários dos bens e dos 
serviços finais, produzidos a partir dos fatores de produção que estão dentro das 
fronteiras geográficas do país. É importante considerar, aqui, a interferência do Estado 
na economia. O Estado participa de um sistema econômico por meio dos governos 
federal, estadual e municipal, desempenhando o papel de dois agentes econômicos: 
o de consumidor e o de produtor. 
Como consumidor de bens e de serviços, o Estado adquire tudo aquilo que é 
necessário ao funcionamento das repartições públicas, como material de escritório e 
veículos, contratando empresas para construções de edifícios, estradas etc. Como 
produtor, fornece à população os chamados serviços públicos, como transporte, 
correios e telégrafos, assistência médica por meio da previdência social, educação 
etc. Para desempenhar o papel de produtor, o Estado necessita de dinheiro, que é 
obtido mediante a tributação - os impostos - que incide sobre determinadas atividades 
econômicas. 
Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos 
consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse 
tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, denomina-se 
imposto indireto. Por outro lado, o setor público muitas vezes tem interesse em que 
determinados produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e 
concede às empresas que os produzem os chamados subsídios, que são estímulos 
que visam diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço. 
Considerando a presença do Estado nas atividades econômicas, há duas maneiras 
de medir o PIB de uma economia: 
 PIB a preços de mercado (PIBpm): é a soma dos valores monetários dos 
bens e serviços produzidos, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-
se os subsídios. 
 PIB a custo de fatores (PIBcf): é a soma dos valores monetários dos bens e 
serviços produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os 
subsídios. 
Como vimos, a presença do governo em um sistema econômico tem a possibilidade 
de modifica-lo, por meio de seu efeito sobre o preço dos bens e dos serviços e sobre 
a remuneração dos fatores de produção. Portanto, os conceitos de PIBpm e de PIBcf 
são úteis na medida em que é necessário avaliar quantitativamente a presença do 
governo no sistema econômico. 
Como exemplo, imaginemos um país onde existam as quatro entidades: os 
consumidores, as empresas, o governo e o resto do mundo. Consideremos que no 
período de um ano esse país tenha apresentado um PIBpm de 250 bilhões. Os 
impostos indiretos, no mesmo período, somam 50 bilhões e os subsídios, 40 bilhões. 
A partir desses dados, podemos obter o PIBcf, que é igual a 240 bilhões. Em resumo: 
 
Distribuição da renda 
O sistema econômico, como foi visto, produz os bens e os serviços que irão satisfazer 
às necessidades das pessoas. Para que isso ocorra, essas pessoas precisam ter 
acesso ao produto ou à renda, que é a mesma coisa. Portanto, a renda precisa ser 
distribuída entre as pessoas, e o processo pelo qual isso é feito é chamado de 
distribuição de renda. Entretanto, a distribuição de renda envolve muitos problemas. 
Os fatores de produção que compõem o sistema econômico de um país estão 
dispersos pela sua superfície geográfica, e essa dispersão não se dá 
necessariamente de forma homogênea. Com isso, queremos dizer que os fatores de 
produção podem estar mais concentrados em uma ou mais regiões de um país, 
enquanto em outras regiões há escassez desses fatores. 
Essa observação se aplica a todos os fatores de produção. Os recursos naturais, 
como terra em boas condições de ser cultivada, por exemplo, não são encontrados 
com a mesma facilidade em todos os recantos de um país. O mesmo pode ser dito a 
respeito do trabalho e do capital. A população não está distribuída de maneira 
uniforme pelo território de um país. Assim, há regiões mais densamente povoadas e 
outras que carecem de habitantes. 
Quanto ao capital, uma boa maneira de observar sua distribuição é pelos grandes 
centros urbanos, onde se concentram as atividades industriais e financeiras. Mais uma 
vez, é evidente que não há grandes concentrações industriais espalhadas por todo o 
país. Pelo contrário, elas tendem a se situar em determinadas regiões, enquanto 
outras apresentam atividades mais voltadas para o setor primário. 
Essa constatação nos leva a um aspecto interessantes quanto à distribuiçãode renda. 
Como a renda é a remuneração dos fatores de produção, e esses fatores estão 
concentrados em algumas regiões do país, a renda também estará concentrada 
nessas regiões. Esse é o primeiro aspecto a ser considerado quando se trata da 
distribuição de renda: a renda não é distribuída igualmente entre as regiões do país, 
mas se concentra naquelas onde se situa a maior parte dos fatores de produção. A 
forma como a renda se distribui entre as regiões é chamada de distribuição inter-
regional de renda. 
Um segundo aspecto que pode ser considerado, ao se tratar da distribuição de renda, 
é saber como ela se distribui entre as pessoas, entre os habitantes do país. O padrão 
de distribuição da renda entre as pessoas é chamado de renda per capita, que é o 
resultado da divisão da renda nacional do país, em um determinado ano, pelo número 
de habitantes do país naquele mesmo ano. A renda per capita é um indicador de 
quanto caberia a cada pessoa do total da renda gerada pelo sistema econômico em 
um período. Como a renda é igual ao produto, a renda per capita significa a quantidade 
de bens e de serviços produzidos em um período que caberia a cada pessoa, se essa 
renda fosse distribuída igualmente entre os habitantes do país. Porém, a renda não é 
igualmente distribuída entre as pessoas. A distribuição pessoal da renda é o padrão 
de distribuição da renda entre os agentes. 
Um terceiro aspecto importante a respeito do tema distribuição de renda é verificar 
como a renda é distribuída entre os fatores de produção capital e trabalho. O fator 
de produção recursos naturais é excluído, das dadas as dificuldades em se 
estabelecer sua remuneração. A forma segundo a qual a renda é distribuída entre os 
fatores de produção capital e trabalho é chamada de distribuição funcional da 
renda. 
Como foi visto, a distribuição de renda envolve diferentes aspectos, que dificultam 
conclusões a respeito do bem-estar de um país a partir da observação do seu produto, 
de sua renda. A forma mais comum usada para tentar estabelecer esse conceito tem 
limitações que decorrem dos padrões da distribuição inter-regional e da distribuição 
funcional da renda. 
Se os fatores de produção estiverem concentrados em uma região, é de se esperar 
que a renda per capita dos habitantes dessa região seja superior à dos habitantes das 
outras regiões. Logo, a renda per capita, ao tomar a renda total do país e dividi-la pelo 
número de seus habitantes, não leva em consideração sua concentração em 
determinadas regiões, em detrimento de outras. Mais ainda, a distribuição funcional 
da renda também contribui para tornar a renda per capita um indicador pouco 
confiável. A remuneração do capital vai para o proprietário, o capitalista, que é uma 
pessoa, um habitante do país. Portanto, essa pessoa, o proprietário do capital, terá 
uma renda muito maior do que aquela que lhe seria atribuída pelo conceito de renda 
per capita. 
 
Distribuição inter-regional de renda: é a forma como a renda nacional de um país, 
em um período, é distribuída entre as regiões desse país. 
 
Renda per capita: é a renda de um país, por período de tempo, dividida pelo número 
de habitantes do país. 
 
Distribuição funcional de renda: é a forma como a renda de um país, em um período 
de tempo, é distribuída entre os fatores de produção trabalho e capital. 
 
QUIZ 
Sobre o papel do produto na contabilidade nacional: o produto sempre é igual à 
renda, pois tudo o que é produzido gera remuneração a fatores. 
 
Contabilidade Nacional 
A macroeconomia estuda os agregados macroeconômicos e a sua evolução 
A contabilidade nacional é a análise desses agregados e como medi-los. 
Essa medição é anual e em termos monetários (isto é, pelo seu preço). 
 
Ótica do produto 
Para medir o desempenho da economia, medimos quanto é o seu produto, mas há 
três formas de fazermos isso. 
A primeira é a ótica do produto, que mede o valor monetário dos bens e serviços 
produzidos para o consumo final em dado período. 
 
Ótica da renda 
Mas se um bem é produzido, então fatores de produção foram utilizados e precisam 
ser remunerados por seu uso. 
A ótica da renda mede então o desempenho da economia pela soma das 
remunerações pagas aos fatores de produção durante o processo produtivo. 
 
Ótica das despesas 
Finalmente, os agentes na economia ao receber a sua remuneração, fazem despesas. 
A ótica da despesa mede o produto da economia analisando tudo que foi despendido 
pelos habitantes do país em dado período. 
 
Renda e produto 
Tudo o que é produzido se torna remuneração para algum fator, que por sua vez é 
despendido nos bens produzidos. 
Isso nos leva à primeira identidade fundamental da macroeconomia: 
Produto = renda = despesa 
 
QUIZ 
Contabilidade nacional: a mensuração do PIB pela ótica da renda, do produto e 
do dispêndio, idealmente gera resultados idênticos. 
 
Produto Interno Bruto (PIB) 
O Produto Interno Bruto (PIB) é o valor monetário de tudo o que é produzido na 
economia em um período. 
O governo entra como produtor e consumidor: ele consome bens e serviços e oferta 
serviços públicos, como assistência médica e escolas. 
 
Cálculo do PIB 
Para atuar, o governo tributa ou estimula a produção de bens e serviços com impostos 
indiretos e subsídios. 
Isso gera duas formas de se medir o PIB: o PIB a preços de mercados, PIBpm, 
considera o “preço no supermercado”, inclusos tributos e subsídios. 
 
Custo de fatores 
Já o PIB a custo de fatores, PIBcf, mede o preço para o produtor, antes de pagar os 
impostos indiretos ou receber os subsídios. 
Isso nos dá a seguinte fórmula: 
PIBpm – impostos + subsídios = PIBcf 
 
Crescimento do PIB 
A alteração do PIB de ano a ano é como medimos o crescimento econômico. 
Um crescimento de 5% indique que a sociedade este ano consegue produzir 5% a 
mais que no ano anterior. 
O crescimento econômico é a principal forma de melhoria do bem-estar humano. 
 
Distribuição de renda 
Não é importante apenas o nível do produto, mas a sua distribuição na sociedade. 
A renda per capita mede o poder de compra da população, e é a renda total na 
sociedade dividida pela população (similar é o PIB per capita). 
 
Desigualdade 
Algumas regiões podem ter mais fatores de produção, e por isso mais renda – 
chamamos isso de desigualdade regional. 
A desigualdade de remuneração dos fatores chamamos de desigualdade funcional, e 
ambas são partes do conceito mais geral de desigualdade de renda. 
 
QUIZ 
 O produto interno bruto: o cálculo do PIB não inclui a quantidade produzida de 
bens intermediários. 
 
Consumo e poupança 
Componentes do consumo 
O último agregado macroeconômico é a renda pessoal disponível, ou seja, aquele 
montante que as pessoas têm a seu dispor para consumir ou poupar. 
Consideremos o caso de uma pessoa que recebe seu salário no final do mês, que é 
a remuneração do seu trabalho. Com esse salário, que é a sua renda pessoal 
disponível, ela precisará realizar uma série de gastos necessários para sua 
sobrevivência e satisfação de suas necessidades. Uma parte será utilizada na 
aquisição de bens e serviços de consumo, montante que denominaremos consumo. 
Esses gastos podem ser divididos em três componentes, dependendo da natureza do 
bem ou serviço adquirido. 
O primeiro componente é formado pelos bens não duráveis de consumo, como 
alimentos e roupa, cuja vida útil é curta. O segundo componente é denominado 
serviços de consumo, e compreende as despesas feitas com aluguel, médicos, 
barbeiro, cinemas, transporte etc. o que distingue os bens duráveis dos serviços de 
consumo é o fato de que, no segundo caso, a pessoa não está comprando um objeto 
com existência física própria, mas um serviço prestado por outra pessoa ou por um 
equipamento. O terceiro e último componente do consumo corresponde aos bens de 
consumo duráveis, como eletrodomésticos em geral, automóveis etc, cuja 
característicaé ter vida útil muito maior do que os bens não duráveis de consumo. 
A outra parte correspondente à poupança realizada pelos agentes. Esse montante de 
recursos pode ser repassado ao sistema financeiro, que, por sua vez, deverá repassá-
lo para as empresas financiarem seus projetos de investimentos, ou para outros 
agentes deficitários. 
 
Bens não duráveis de consumo: são os bens de consumo cuja vida útil é curta. 
 
Serviços de consumo: são as despesas feitas pelas pessoas com serviços 
prestados por outras pessoas ou equipamentos, com vistas à satisfação de suas 
necessidades. 
 
Bens de consumo duráveis: são os bens de consumo com vida útil bastante longa, 
superior à vida útil dos bens não duráveis de consumo. 
 
Poupança e investimento 
Vimos que a renda pessoal disponível das pessoas é gasta com o consumo dos bens 
não duráveis, dos serviços e dos bens duráveis. Entretanto, as pessoas podem 
realizar todas as despesas necessárias à satisfação de suas necessidades e ainda 
conservar parte de sua renda. Essa parte recebe o nome de poupança, que, definida 
formalmente, é a diferença entre a renda e o consumo das pessoas, podendo ser 
representada pela equação: 
 
Significando que a renda é composta pelo consumo e pela poupança. 
 
Surge, aqui, uma questão: o que as pessoas fazem com a sua poupança, ou seja, a 
parcela de sua renda que não é consumida? Para podermos responder a essa 
pergunta adequadamente, devemos, antes, fazer algumas considerações sobre o lado 
real do sistema econômico. 
Até agora, estávamos discutindo o fluxo de renda do sistema econômico, o lado da 
renda, que é composta pela remuneração feita aos fatores de produção no processo 
produtivo. Lembremos, ainda, que o fluxo de produto, ou lado rela da economia, 
corresponde aos bens e serviços produzidos por determinado período. Sabemos, 
também, que o lado real é igual ao lado monetário, ou seja, renda é igual a produto. 
Essa igualdade indica que o total de bens e serviços produzidos por período de tempo 
era vendido para que a receita das vendas remunerasse os fatores de produção. 
Entretanto, o que acontece se as pessoas poupam uma parte de sua renda e não a 
gastam integralmente em consumo? Naturalmente, uma parte do produto, isto é, dos 
bens e serviços produzidos, não será vendida, havendo uma variação, em um 
determinado período, nos estoques do sistema econômico. Como o estoque de uma 
economia é formado pelos bens que não tiverem sido vendidos no período em que 
foram produzidos, mais o estoque no início do período, menos a depreciação de 
estoques por período é igual À poupança no mesmo período. Do ponto e vista do lado 
real do sistema econômico, a formação de estoque significa investimento. Portanto, 
podemos dizer que a poupança é igual ao investimento, no mesmo período. Isso nos 
leva à igualdade fundamental da macroeconomia, dada por: 
 
O investimento, entretanto, não significa apenas variação nos estoques. O 
investimento também é formado pelas despesas realizadas pelos empresários para 
aumentar a capacidade produtiva de suas empresas. Esse aumento é feito não só por 
meio de aquisição de novas máquinas e equipamentos, mas também pela construção 
de novas unidades produtivas. É importante observar que, normalmente, os 
empresários já fazem despesas com máquinas e equipamentos pra compensar a 
depreciação de suas empresas, a fim de manter sua capacidade produtiva. Essas 
despesas não são investimento, e sim apenas manutenção e reparos do equipamento 
já existente. O investimento, portanto, pode ser considerado como os gastos 
realizados para aumentar a capacidade produtiva do sistema econômico. Podemos, 
então, inter-relacionar os conceitos estudados até agora no sistema econômico como 
um todo, afirmando que: 
 O consumo do sistema econômico é a soma das despesas de consumo 
realizadas por todas as pessoas, por período de tempo 
 A soma das poupanças das pessoas é igual à poupança do sistema econômico 
 A poupança da economia é igual ao investimento, que é formado pela variação 
nos estoques e pelos gastos dos empresários para aumentar a capacidade 
produtiva da economia. 
Convém lembrar que os empresários são pessoas e que os gastos em investimentos 
são feitos, em parte, com suas poupanças, sendo o restante do investimento feito com 
a poupança do sistema econômico. Mais tarde, quando estudarmos o mercado de 
capitais, veremos como a poupança das pessoas é transferida para os investimentos. 
 
Poupança: é a parte da renda das pessoas que não é gasta com aquisição de bens 
e serviços. 
 
Estoques: é a parcela da produção de bens da economia que não é vendida no 
período em que foi produzida, mais os estoques do início do período, menos a 
depreciação do estoque em operação. 
 
Investimento: é a parcela da renda destinada à compra de máquinas e equipamentos 
que visam a capacidade produtiva do sistema econômico. A variação nos estoques 
também é considerada investimento. 
 
Igualdade fundamental da macroeconomia: poupança igual a investimento (S=I). 
 
QUIZ 
Sobre a relação entre os agregados macroeconômicos, especialmente o investimento 
e a poupança: do ponto de vista da contabilidade nacional, aumentos de estoque 
são considerados investimentos. 
 
Poupança e consumo 
Componentes do consumo 
O consumo é a parte da renda utilizada para a aquisição de bens e serviços que geram 
bem-estar. 
É formado por bens de consumo não duráveis, cuja vida útil é curta, e bens duráveis, 
com via útil longa, além de serviços. 
 
Poupança e consumo 
A parte da renda que não é consumida denominamos poupança – ela é transferida 
para agentes deficitários e investimentos. 
Do ponto de vista agregado, toda a renda nacional não consumida é poupada: 
S = Y – C, ou seja, Y = C + S 
 
Poupança e investimento 
A poupança é uma forma de transferir renda no tempo, feito pelo investimento: gastos 
hoje que geram fluxo de renda no futuro. 
Esse investimento pode ser gasto em estruturas, bens de capital, como também 
elevação dos estoques. 
 
Identidade fundamental 
Isso nos traz à identidade fundamental da macroeconomia: 
Poupança = investimento (S = I) 
 
No agregado, a quantidade poupada deve ser igual à quantidade investida, já que 
qualquer produção que não seja em bens de consumo será em bens de capital. 
 
QUIZ 
Consumo e poupança: a poupança é uma forma de transferir renda no tempo. 
 
ATIVIDADE AVALIATIVA 
1- Leia o trecho abaixo da notícia, “Com volta de serviços, taxa de poupança recua 
para 1602% no terceiro trimestre”, de 01/12/2022. 
“Era um movimento já esperado. A poupança cresceu em 2020 e em 2021. Isso 
porque a população que tem mais renda estava poupando mais porque não 
poderia consumir serviços. E agora a gente vê que essa poupança está caindo 
com o crescimento do consumo dos serviços presenciais”, afirma a 
coordenadora de Conta Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. 
Considerando o que você estudou sobre poupança: o comentário faz sentido, 
pois a poupança é o produto interno bruto menos o consumo. 
 
2- Sobre a contabilidade nacional: no Brasil, a medição de agregados 
macroeconômicos é monetária e anual. 
3- Leia o trecho abaixo da notícia “Ipea eleva a 2,8% a previsão de crescimento 
do PIB em 2022”, publicada em 30/09/2022. 
“O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta sexta-feira 
(30/09), a Visão Geral da Conjuntura, que apresenta uma análise do cenário e 
das perspectivas macroeconômicas do país no curto e médio prazos. Um dos 
pontos de destaque do estudo foi a revisão das estimativas de crescimento do 
Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, que subiu de 1,8% para 2,8%, e em 2023, 
que passou de 1,3% para 1,6% (BRASIL, 2022, on-line). 
Com base no que você estudou sobre PIB: o aumento dos gastos 
governamentais pode ser responsável por esse crescimento do PIB, já 
que entra no cálculo dele. 
 
Semana 3 
Introdução a teoria monetáriaA moeda: sua história e suas modalidades 
Moeda é tudo aquilo que serve como meio de troca em um sistema econômico. 
Imaginemos as dificuldades de um sistema em que não houvesse a moeda. Um 
sapateiro, por exemplo, necessita, além de sapatos, roupas e alimentos, uma casa e 
diversos outros bens para poder viver. Se não houvesse a moeda, esse sapateiro 
precisaria encontrar outras pessoas que produzissem os bens de que ele necessita e 
propor a elas a troca dos sapatos que produz por esses bens. Esse procedimento, 
além de trabalhoso, seria incerto, pois nada garantiria que um alfaiate, por exemplo, 
estaria disposto a trocar suas roupas por sapatos. Entretanto, em um sistema 
econômico em que existe a moeda, o sapateiro vende seus sapatos e, com a quantia 
obtida, compra os bens de que necessita. 
A moeda surgiu na Antiguidade, exatamente para solucionar esses tipo de problema, 
mas não tinha a forma atual. Os mais estranhos objetos e até mesmo animais eram 
utilizados como moeda. O sal, na Roma Antiga; o bambu, na China; os fios de seda, 
na Arábia, e até mesmo o gado serviram como meio de troca. Entretanto, à medida 
que a civilização se desenvolveu, os metais preciosos tornaram-se o meio de troca 
mais comum, por uma série de razões: são facilmente reconhecíveis, tem pouco peso 
– se comparados com seu valor -, são divisíveis e tem forma limitada , isto é, são 
escassos. 
Os metais preciosos mais usados como moeda foram o ouro e a prata, cujos valores 
eram determinados pelo seu peso. Isso obrigava os comerciantes a carregar uma 
balança bastante sensível para pesar os metais e determinar seu valor. Mais tarde, 
esse problema foi resolvido com a cunhagem, que consistia em fundir peças de prata 
ou ouro com seu peso impresso. Data dessa época a moeda metálica, com o formato 
que conhecemos hoje. 
Com as rotas de comércio eram precárias e não havia a menor segurança para os 
mercadores, eles passaram a deixar seu ouro e sua prata com os cunhadores ou com 
os ourives, que tinham cofres seguros em sua oficinas. Em troca, ficavam com um 
recibo que atestava que tinham deixado uma determinada quantia de metal precioso 
em poder desses ourives. Quando os cunhadores eram famosos e de confiança, 
esses recibos passavam a ser utilizados como moeda, pois asseguravam ao portador 
a quantidade de metal precioso que nele estivesse expressa. Essa é a origem do 
papel-moeda, das cédulas como as conhecemos e dos bancos comerciais. 
Os banqueiros logo perceberam que havia sempre uma quantidade razoável de outro 
e de prata que não era retirada dos cofres e passaram a emitir recibos em um 
montante superior ao estoque de metais preciosos que tinham sob a sua guarda, 
Surgiu, então, um outro tipo de moeda: a moeda escritural, que passou a permitir 
que os banqueiros fizessem negócios lucrativos, como emprestar dinheiro a juros, 
comprar títulos etc. 
Em linhas gerais, o sistema bancário atual funciona da mesma forma, mas o Banco 
Central, que é a autoridade monetária máxima do sistema bancário do país, determina 
em lei a porcentagem dos depósitos de um banco que não pode ser emprestada ou 
empregada em nenhum negócio, devendo ficar como garantia, ou lastro. Essa 
porcentagem é chamada encaixe. 
A relação existente entre o montante de dinheiro que os bancos recebem em 
depósitos ou captam com a venda de títulos e o montante de dinheiro que os banco 
aplicam é determinada pelo multiplicador do sistema bancário, que é a relação entre 
o volume de recursos que os bancos captam e o volume de dinheiro aplicado por eles. 
Como o montante aplicado é maior que o montante captado, o multiplicador é sempre 
maior do que 1. Suponhamos que o sistema bancário capte, em um ano, 1 trilhão de 
reais. Se o multiplicador for 1,2, o montante aplicado será 1 trilhão e 200 bilhões de 
reais, a diferença, 200 bilhões, corresponderá à moeda escritural. 
Com o fortalecimento dos estados nacionais e a criação de órgãos do governo que 
cuidassem da política econômica do país, a emissão de moeda passou a ser 
exclusividade do governo. Essa moeda recebe o nome de moeda fiduciária, e é a 
que atualmente circula nas economias modernas. 
A moeda fiduciária não tem um valor próprio, decorrente do material de que é 
fabricada. Seu valor vem da garantia que o governo estabelece por meio das 
autoridades monetárias. É a moeda de curso legal e obrigatório no país, com a qual 
devem ser feitas todas as transações comerciais e financeiras. No Brasil, a moeda 
fiduciária é o real. 
Finalmente, houve o desaparecimento do padrão-ouro, que era o sistema monetário 
que vinculava a emissão do papel-moeda à existência de um estoque de outro que 
servisse de lastro, de garantia à moeda circulante no país. Atualmente, portanto, um 
país não emite moeda baseado na quantidade de outro que possui, mas na 
quantidade suficiente para o funcionamento do sistema econômico. 
 
 Moeda: é todo objeto que serve para facilitar as trocas de bens e serviços em 
uma economia. 
 Moeda metálica: moeda cunhada em metal precioso que trazia impresso o seu 
peso. Atualmente, são cunhadas em metal não precioso, trazendo impresso o 
seu valor. 
 Papel-moeda: surgiu com a emissão de recibos pelos cunhadores, e 
assegurava ao seu portador uma certa quantidade de outro expressa no 
documento. Atualmente, é a moeda emitida pelos Bancos Centrais de cada 
país. 
 Moeda escritural: criada pelo sistema bancário, ao emprestar ou aplicar uma 
quantidade de moeda superior à que era originalmente introduzida no sistema 
bancário como depósito em um dos bancos componentes do sistema. 
 Encaixe: porcentagem dos depósitos feitos em um banco que não pode ser 
emprestada. Essa porcentagem é determinada pelo Banco Central. 
 Moeda fiduciária: emitida pelos Bancos Centrais de cada país, tendo curso 
obrigatório por lei. 
 Padrão-ouro: sistema monetário em que o papel-moeda emitido pelas 
autoridades monetárias tem uma relação com a quantidade de ouro que o país 
possui. Atualmente, não é mais seguido. 
 
As funções da moeda 
A fim de cumprir de forma conveniente o seu papel no sistema econômico, a moeda 
deve desempenhar algumas funções, decorrentes de sua própria necessidade em 
uma econômica. 
A primeira função da moeda é servir como meio de instrumento de troca. 
A segunda função da moeda é servir como reserva de valor. Um individuo que possui 
uma certa soma em dinheiro e não quer trocá-la imediatamente por mercadorias 
precisa estar seguro de que esse dinheiro, ao ser gasto no futuro, terá o mesmo valor 
em termos da possibilidade de aquisição de bens e de serviços. Em outras palavras, 
a moeda precisa ter um valor estável. Essa é uma das razões pelas quais o processo 
inflacionário preocupa as autoridades, pois a inflação é, de certa forma, a perda do 
valor da moeda. 
A terceira função da moeda é servir como unidade de conta. A expressão unidade de 
conta refere-se à necessidade de pessoas e empresas registrarem suas operações 
e transações econômicas em uma medida que seja comum a todos os bens e 
serviços. Assim, uma empresa que tem despesas com matérias-primas, 
equipamentos e mão de obra registra as operações correspondentes pelo seu valor. 
Como o valor é expresso em unidade monetária, a moeda é, nesse caso, o elemento 
comum a todos os itens de despesas da empresa, que, fisicamente, são diferentes. 
Dessa forma, é possível somar tratores com galinhas e obter o produto de uma 
economia. Na contabilidade comercial, a moeda também desempenha esse papel, 
pois a vida da empresa em relação às suas despesas e receitas é retratada 
monetariamente, apesar de diferentes transações com bens e serviços que geraram 
esses valores. 
A última função da moeda é servir como padrão para pagamentos diferidos, ou seja, 
que se realizarão no futuro. Essa função está associada, inicialmente à segunda 
função (reserva de valor), pois uma pessoa só aceitará receber um pagamento nofuturo se a moeda não perder valor. Está associada, também à terceira função 
(unidade de conta), pois um pagamento a ser realizado no futuro é acertado 
anteriormente e a quantia, uma vez estabelecida, é expressa em termos monetários. 
Assim, se uma pessoa pede emprestado R$ 5.000,00 para outra e promete pagar-lhe 
em 15 dias, por exemplo, esse pagamento será feito em reais, e não em outra moeda 
ou objetos, como uma caneta ou camisa. 
 
Funções da moeda: 
1- Meio de troca 
2- Reserva de valor 
3- Unidade de conta 
4- Padrão para pagamentos diferidos 
 
Demanda por moeda 
A moeda, é a maneira mais eficaz de um indivíduo adquirir os bens e serviços de que 
necessita. Entretanto, como uma pessoa não gasta toda sua renda no momento em 
que a recebe, podemos perguntar por que esse indivíduo não aplica parte dela – a 
que não é consumida imediatamente – em títulos, que rendem juros. A resposta é 
dada a seguir sob a forma das três razões fundamentais que levam as pessoas a 
demandarem a reterem moeda em seu poder. 
A primeira razão é o fato de os pagamentos e os recebimentos não serem 
perfeitamente sincronizados. A maior parte dos trabalhadores recebe seus salários no 
início do mês, mas os gasta no decorrer do mesmo mês com as despesas comuns de 
uma família, como aluguel, transporte, alimentação etc. Portanto, essa pessoa precisa 
reter moeda, ou dinheiro em seu poder durante todo o mÊs. A essa razão, para a 
retenção de moeda, damos o nome de demanda de moeda para transações. 
A segunda razão pela qual as pessoas procuram manter dinheiro em seu poder 
chama-se demanda de moeda por precaução. Isso significa que as pessoas 
previdentes sempre tem uma certa soma em seu poder reservada para um imprevisto, 
como problemas de saúde, um acidente de automóvel etc. 
A terceira razão foi chamada por Lord Keynes de demanda de moeda para 
especulação, ou demanda especulativa. Essa razão está associada ao fato de a 
moeda funcionar como reserva de valor. Se um indivíduo já tiver separado de sua 
renda as parcelas destinadas às transações e à precaução, o procedimento mais 
razoável seria aplicar o restante em títulos, que rendem juros, pois nada acontece com 
o dinheiro que simplesmente está guardado em casa ou depositado em um banco, em 
conta corrente. Entretanto, se a taxa de juros do mercado estiver baixa, essa pessoa 
prefere esperar um aumento para aplicar seu dinheiro e obter, assim uma 
remuneração maior para ele. Nesse caso, é importante ressaltar que a moeda cumpre 
melhor seu papel de reserva de valor em economias em que não exista inflação, ou 
em que haja uma inflação bem baixa. Altos índices inflacionários corroem o poder 
aquisitivo da moeda, reduzindo seu valor com o passar do tempo. Isso nos permite 
estabelecer uma relação inversa entre a taxa de juros do mercado e a demanda 
especulativa da moeda. Realmente, quanto maior a taxa de juros, menor a quantidade 
de moeda demandada e retida para especulação e vice-versa. 
Suponhamos que o preço de um título seja R$ 100,00 e que ele possa ser resgatado, 
depois de 6 meses, por R$ 110,00. O rendimento desse títulos é 10%, valor obtido 
pela fórmula: 
 
110−100
100
 x 100 = 10% 
 
Entretanto, o investidor pode achar essa remuneração baixa e preferir manter moeda 
em seu poder, o que aumenta a demanda de moeda para especulação. 
 
Se o preço desse título baixar para R$ 90,00, a remuneração passa a ser de 22% 
Esse valor é calculado da seguinte maneira: 
110−90
90
 x 100 = 22% 
 
Agora, o investidor pode achar essa taxa de juros compensadora e comprar o título, 
diminuindo, desse modo, a demanda da moeda para especulação. 
O que foi visto nos leva a concluir que a demanda por moeda tem um componente 
influenciado pela taxa de juros – a demanda especulativa – e um componente que não 
depende de juros – a demanda para transações e por precaução. No Gráfico 8.1, 
representamos a demanda por moeda 𝑀𝐷, em função da taxa de juros, i. No eixo 
horizontal, temos a demanda por moeda, 𝑀𝐷, e no eixo vertical, a taxa de juros do 
mercado, i. O segmento OA, no eixo horizontal, é a soma da demanda por transações 
com a demanda por precaução, que não dependem da taxa de juros. A partir do ponto 
A, a demanda é influenciada pela taxa de juros, correspondendo à demanda 
especulativa. 
 
 
Para entendermos perfeitamente a demanda por moeda, basta lembrar que a taxa de 
juros é o preço da moeda, isto é, o preço do dinheiro no mercado financeiro. Assim, 
no mercado financeiro, onde se encontram a oferta e a demanda por dinheiro, o 
dinheiro se transforma em uma mercadoria, cujo preço é a taxa de juros. Por exemplo: 
se a taxa de juros no mercado for 10% ao ano e uma pessoa empregar R$ 1.000,00 
por um ano, no final desse período ela receberá R$ 1.100,00. Os R$ 100,00 
acrescentados ao dinheiro inicialmente investido representam o preço dos R$ 
1.000,00 naquele período. 
Do que foi discutido, conclui-se que a demanda de moeda pode ser analisada a partir 
de dois elementos: um, que depende da renda – a demanda para transações e por 
precaução -, e outro, que depende da taxa de juros – a demanda para especulação. 
 
 Demanda de moeda para transações: como os recebimentos e pagamentos 
não são sincronizados, as pessoas precisam reter moeda para pagar suas 
despesas 
 Demanda de moeda por precaução: refere-se aquela parte da renda das 
pessoas retida para imprevistos 
 Demanda de moeda para especulação: ocorre quando aquela parcela da 
renda das pessoas que poderia ser aplicada em títulos fica retida , pelo fato da 
taxa de juros estar baixa e as pessoas aguardarem sua elevação para comprar 
títulos. 
 
Oferta de moeda 
A emissão ou oferta de moeda é atribuição exclusiva do governo, por intermédio das 
autoridades monetárias. Não depende, portanto, da taxa de juros, mas da política 
econômica do governo, que determina a quantidade de moeda emitida por período. 
No caso do Brasil, assim como em outros países, o período corresponde ao ano civil. 
Apesar da emissão de moeda não depender da taxa de juros, existem critérios bem 
definidos que regulamentam a oferta monetária. Basicamente, a emissão de moeda é 
condicionada pelo crescimento do produto da economia. Se, em um dado período, a 
emissão de moeda for superior ao crescimento do produto, ou seja, se houver 
excesso de liquidez, podemos ter inflação. Por outro lado, caso o aumento na oferta 
de moeda seja menor que o crescimento do produto, podemos ter, entre outras 
consequências, crise na economia, porque a falta de moeda na economia, fenômeno 
que recebe o nome de crise de liquidez ou falta de liquidez, dificulta as transações 
e prejudica o sistema econômico, ocasionando queda no produto 
A oferta de moeda é mostrada no Gráfico 8.2, no qual são representadas, no eixo 
horizontal, a oferta de moeda, 𝐌𝐎, e, no eixo vertical, a taxa de juros, i. 
 
 
 
O segmento OB, no eixo horizontal, significa a quantidade de moeda emitida pelo 
governo. A oferta de moeda é vertical, demonstrando que não é alterada pelas 
variações na taxa de juros. 
 
Oferta de moeda: é a quantidade de moeda que o governo resolve emitir, em um 
determinado período, por intermédio das autoridades monetárias. 
 
Determinação da taxa de juros de equilíbrio 
A taxa de juros de equilíbrio é determinada no mercado monetário, no qual se 
encontram a oferta e a demanda de moeda. O processo é idêntico ao que determina 
o preço de uma mercadoria no mercado de bens e serviços, pois, a taxa de juros é o 
preço da moeda, isto é, do dinheiro. Portanto, a taxa de juros de equilíbrio é 
determinada no mercado pela oferta e pela demanda de moeda. Com base nessa taxa 
é que são realizadas as transações financeiras na economia. Vejamos como a taxa 
de juros é estabelecida. 
A oferta de moeda é determinada pelo governo, e é com a quantidade por ele emitida 
que o sistema econômico vai trabalhar. Assim, se houver uma procura

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