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Sociologia do Esporte
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Leandro Thomazini
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Gênese do Esporte
• Do Jogo ao Esporte;
• Chegando ao Esporte;
• Aspectos Históricos do Fenômeno Esportivo Moderno;
• Jogos Gregos;
• Esporte Moderno.
 · Apresentar os caminhos do fenômeno esportivo e as relações sociais 
envolvidas com o conceito de jogo, o caráter competitivo dos jogos da 
antiguidade até chegar às relações demarcadas do esporte moderno 
após a revolução industrial.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Gênese do Esporte
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Gênese do Esporte
Contextualização
O conteúdo da presente disciplina é a Sociologia do Esporte. Com base nisso, 
na Unidade anterior estudamos o papel da Sociologia, ou melhor, a sua contribuição 
para o campo científico vinculado às Ciências Sociais, seus principais pensadores e 
as influências das correntes de pensamento sociológico.
Neste momento, buscaremos compreender o surgimento do fenômeno denomi-
nado Esporte. 
Para isso, será retratada a gênese do fenômeno esportivo, iniciado na relação 
imbricada entre os termos jogo e esporte. Analisaremos os aspectos históricos que 
antecederam os chamados esportes modernos desde a Grécia antiga aos Jogos Olím-
picos da atualidade. 
Tais relações sobre o fenômeno esportivo, como suas implicações para a socie-
dade moderna, são importantes para avançarmos nas discussões que irão ocorrer 
nas próximas unidades, sobretudo ao que se refere aos pensadores da Sociologia 
do Esporte.
8
9
Do Jogo ao Esporte
Para entender a origem do esporte, é fundamental vinculá-lo ao jogo. A história 
do esporte será invariavelmente a história dos jogos. As próprias definições de 
esporte passam pelo jogo, o que demonstra de forma inequívoca que é o jogo 
que faz o vínculo entre a cultura e o esporte. Alguns autores chegam a definir o 
esporte como a antítese do jogo, enquanto outros defendem que o esporte é o jogo 
institucionalizado.
Uma obra clássica que aborda a temática do jogo é Homo Ludens do holan-
dês Johan Huizinga, publicada nas primeiras décadas desse século XX. Para esse 
autor, a definição de jogo seria: 
[...] o jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida dentro de cer-
tos e determinados limites de tempo e de espaço, segundo regras livremen-
te consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si 
mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e de alegria e de uma 
consciência de ser diferente da “vida cotidiana” (HUIZINGA, 2001, p. 33). 
De acordo com Huizinga, o jogo pode ser caracterizado como: livre, uma evasão 
da vida real, desinteressado, possuindo limitação tanto de tempo como de espaço, 
regrado e envolto pelo caráter de mistério.
Outro autor que contribuiu para o estudo sobre o Jogo foi Roger Caillois que, a 
partir da crítica às proposições de Huizinga, ampliou a definição do conceito de jogo 
como sendo uma atividade livre (no sentido de não obrigatória), delimitada (em ter-
mos de espaço e tempo), incerta (já que o seu desenvolvimento e seu resultado não 
podem ser previamente definidos), improdutiva (porque não gera bens nem rique-
za nem elementos novos), regulamentada (porque instaura momentaneamente uma 
nova ordem em termos de regras) e fictícia (porque pressupõe consciência de outra 
realidade) (CAILLOIS, 1990).
Outra contribuição do autor para a análise do jogo foi a delimitação de algumas ca-
tegorias fundamentais e predominantes nas atividades lúdicas: agôn (jogos de competi-
ção), alea (jogos de sorte), mimicry (jogos de simulacro) e ilinx (jogos de vertigem). Se-
gundo o autor, embora possa haver num determinado jogo mais de uma característica 
envolvida, há predominância de apenas uma delas. Vejamos o detalhamento a seguir: 
• Agôn: reúnem-se aqui os jogos na forma de competição, como um combate em 
que se procura a igualdade de oportunidades dos participantes, embora o autor 
destaque que ela nunca será plenamente alcançada. Nessa categoria estão clara-
mente os esportes, por priorizarem a eleição do vencedor a partir de um embate. 
Ela é composta por jogos que valorizam o esforço, o treinamento, a persistência 
e a disciplina.
9
UNIDADE Gênese do Esporte
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
• Alea: contrário aos jogos da categoria agôn, esses são definidos pela sorte, ou seja, 
em condições que não dependem de o praticante vencer o adversário diretamente, 
mas pelo destino. Fazem parte dessa categoria os jogos de roleta, sorteio, loteria, 
dados. Segundo o autor, a arbitrariedade do acaso constitui o interesse do jogo.
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
• Mimicry: compreende os jogos com características de simulação, ilusão, mímica, 
ficção, imaginação, disfarce, faz de conta. As crianças, quando jogam, muitas ve-
zes simulam que são adultos. A intenção nesse tipo de jogo é fazer de conta que 
se é outra pessoa, num prazeroso jogo de representação.
10
11
• Ilinx: incluem os jogos de velocidade, quedas, impactos, movimentações bruscas, 
giros contínuos, etc., estimulando a vertigem, a embriaguez, o pânico, sensações 
que associam prazer e medo. Essa característica parece estar presente nos esportes 
de aventura e chamados de radicais, que se desenvolveram tanto nos últimos anos. 
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Caillois (1990) desenvolve reflexões sobre o terreno do jogo, suspeitando que os 
princípios (que parecem universais e constantes) marquem os tipos de sociedade. Daí 
o entendimento de que as sociedades primitivas, que chamou de “sociedades de confu-
são”, seriam caracterizadas pela máscara e possessão (mimicry e ilinx) e, contrariamen-
te, as ditas “sociedades ordenadas”, com códigos, profissões, privilégios limitados e 
hierarquizados, teriam o agôn e a alea como elementos primordiais e complementares 
do jogo social.
Essa analise histórica realizada pelo autor demonstra que nas sociedades pri-
mitivas a máscara assumia um papel de destaquenas relações sociais, denotando 
o poder e a ira dos deuses. Porém, com a ascensão da ciência, começa-se a dar 
atenção para outros valores que não os místicos, já que a construção de uma socie-
dade em si necessita a formação de rígidos aparelhos burocráticos e estatizantes, 
os quais só podem se estruturar através dos princípios competitivos, e não mais em 
recursos sobrenaturais. 
De modo geral, o estudo de Caillois busca demonstrar os derivativos dos valores co-
letivos, seja pela camuflagem da vertigem, confusão e transe, saliência da competição e 
da sorte nas “sociedades ordenadas”, o jogo pode constituir-se num interessante tema 
de revelação das contradições e paradoxos do ser humano e suas relações nas diferentes 
sociedades ao longo do tempo.
Dentro dessa perspectiva, podemos pensar que os jogos de competição são um 
excelente meio para a inserção das crianças em sociedades competitivas e capitalis-
tas, pois permite que elas se constituam na mesma lógica histórica que a sociedade 
necessita, ou seja, são potentes instrumentos de aprendizagem (dependendo da pers-
pectiva, pensadas positivamente ou negativamente). 
11
UNIDADE Gênese do Esporte
Num mundo regido pelos princípios do mérito e da sorte, formas degradadas e diluí-
das da mimicry buscam espaços para prosperar. A delegação é uma delas que, segundo 
Caillois, consiste em atribuir a outrem a possibilidade do triunfo. Os cultos ao campeão 
e à estrela geram imagens de êxito veiculadas em distintas classes sociais, constituindo-
-se em uma das reservas de compensação essenciais da sociedade democrática.
Consequentemente, a competição é a grande mola propulsora das sociedades mo-
dernas. Atualmente, as máscaras passaram de principais elementos nas relações de 
poder exercidas pelos seres humanos para simples objetos de venda, ou seja, foram 
englobadas pelo mercado capitalista, transformando-se em bens de consumo e não 
de adoração a alguma divindade. 
Sendo assim, a partir da ordenação e concepção de um universo mais estável, a 
mimicry entra em plena decadência, já que agora passa-se a dar mais valor ao número 
em detrimento de outros elementos. A modernidade e a Revolução industrial desta-
cam ao número um papel significativo na ordenação da sociedade capitalista, sendo 
que sua presença pode ser notada na expansão do mercado e da vida administrativa; 
além disso, juntamente com a competição, dá-se origem à burocracia, a qual tende a 
colocar o agôn como recurso imprescindível a qualquer carreira. 
Ou seja, o jogo de competição está plenamente de acordo com os ideais propala-
dos pela democracia, pois, como diria Caillois (1990), ele se baseia na: concorrência 
honesta da igualdade de direitos e, em seguida, da igualdade relativa de oportuni-
dades, permitindo revelar-se ao nível dos fatos, do real, uma igualdade jurídica que 
frequentemente se revela mais abstrata do que eficaz.
Chegando ao Esporte
A noção de jogo é muito ligada à ideia de ludicidade; já o conceito de seriedade 
relaciona-se ao de trabalho. Atualmente, o esporte começa a ligar-se diretamente 
ao trabalho e, através da realidade esportiva profissional, alarga-se a conjunção de 
trabalho com jogo/esporte. 
Veremos a seguir que o domínio das competições e concursos, de tão grande 
importância para cultura grega, foi agnóstica, quase tudo ali era feito para competir 
– e competir, se preciso, até a morte. A cultura grega era construída sobre formas 
de luta, de competição. Veremos nesse sentido que há uma relação entre os jogos 
olímpicos da antiguidade (na Grécia), pelo fator da competição, aos Jogos Olímpi-
cos modernos.
À medida que uma civilização vai se tornando mais complexa, vai se ampliando 
e revestindo-se de formas mais variadas; e que as técnicas de produção e a própria 
vida social vão se organizando de maneira mais perfeita, o velho solo cultural vai 
sendo gradualmente coberto por uma nova camada de ideias, sistemas de pensa-
mento e conhecimento; doutrinas, regras e regulamento; normas morais e conven-
ções que perderam já toda e qualquer relação direta com o jogo (HUIZINGA, 2001).
12
13
Portanto, ocorreria um ocultamento do homem lúdico no cotidiano de nossas 
vidas, revestido por novas camadas e, assim, restando num segundo plano, encober-
to por fenômenos culturais. Nesse pensamento de Huizinga, o fenômeno esportivo 
uma forma de competição sujeita a um sistema de regras – também estaria, no final 
do século XIX, afastando-se dos elementos do jogo, apesar de ainda carregar uma 
forte influência da esfera lúdica. 
Esse afastamento se daria a partir da sistematização e regulamentação do esporte 
(o jogo vira negócio – “a negação do ócio”) com regras mais rigorosas e complexas, 
visando à espetacularização e ao lucro, ocasionando a perda das características lúdi-
cas puras. 
Esse processo se daria principalmente no esporte profissional, no qual estariam 
ausentes a espontaneidade e despreocupação, porém, influenciaria também o espor-
te amador, ou seja, não há um efeito imediato, pois até no esporte de alto rendimen-
to a ludicidade pode “aparecer”; contudo, vislumbramos uma relação de que, quanto 
mais uma prática for espetacularizada (ligado ao esporte de rendimento), maior seria 
sua seriedade e o afastamento dos aspectos lúdicos.
Outro autor, mais contemporâneo, Ronaldo Helal (1990), em seu livro O que é 
sociologia do esporte, destaca uma análise dos efeitos da racionalização do esporte 
moderno, ou seja, na quantificação cada vez maior dos feitos atléticos, a busca pela 
maior especialização dos papéis a serem executados pelos atletas, estratégias e táti-
cas de jogo cada vez mais formais, rígidas e calculistas, que visariam, em suma, ao 
melhor desenvolvimento das equipes e dos atletas nas competições. 
Para ilustrar a situação, ele traz à tona um exemplo peculiar ocorrido na Copa do 
Mundo de Futebol em 1958, na véspera da partida que ocorreu entre Brasil e União 
Soviética, na qual a veiculação midiática nacional dizia que a seleção brasileira tinha 
menores chances de vencer a partida devido aos soviéticos praticarem o denominado 
“futebol científico”, o qual era muito bem estudado, calculado e racional, privilegiando 
a disciplina tática dos jogadores. 
Complementado pelo momento histórico, a União Soviética tinha saído à frente 
dos Estados Unidos na corrida espacial lançando o Sputnik para a órbita terrestre, 
o que colaborava com esse pensamento do povo brasileiro, de que o Brasil não 
teria a menor chance no duelo – haja visto que o futebol brasileiro não tinha tanto 
apreço pelo estudo tático por parte dos técnicos de nosso país, além de que os 
jogadores brasileiros não possuíam o mesmo porte físico que os soviéticos.
No entanto, o Brasil venceria por 2x0 aquela partida, surpreendendo a todos, em 
que se evidenciaram os dribles desconcertantes de Garrincha, em que a “arte” do futebol 
brasileiro venceu a “ciência” dos soviéticos. Esses “dois estilos” distintos de jogar fute-
bol permeiam a imaginação e o debate até os dias atuais, em que pese também certo 
saudosismo desse futebol arte, da improvisação e da criatividade que acabou perdendo 
espaço para o modelo mais técnico.
13
UNIDADE Gênese do Esporte
O sociólogo Gilberto Freyre, inclusive, já afirmou sobre essa relação no futebol 
brasileiro em 1945, que sua essência se parecia com “uma dança cheia de surpresas 
irracionais e variações dionisíacas”. Ou seja, ao relacionarmos a situação do jogo, 
que tinha um desenvolvimento mais calcado pelo caráter lúdico, da brincadeira, per-
cebemos que ele vai perdendo seu espaço para uma prática cada vez mais séria, do 
mundo moderno, que “vale milhões de reais”.
Quando um esportista de alto rendimento foge à regra da lógica da seriedade da competição, 
tornando-se criativo e sendo lúdico, ganha a atenção da mídia e cativa os torcedores. Nessa re-
portagem, você conhecerá ogoleiro Higuita, figura folclórica do futebol, conhecido como “El loco”, 
que protagonizou um dos momentos ilustres do futebol com a “defesa escorpião” no jogo entre In-
glaterra e Colômbia, em 1995. Segundo o goleiro, o futebol foi feito para diversão, confira.
https://youtu.be/Tr24rAprQAg
Ex
pl
or
O oposto pode ocorrer também em uma situação de jogo qualquer, de o caráter lúdi-
co não estar “presente”, por aquele determinado jogo não causar o apreço necessário 
no jogador, ou por estar monótono, ou pelo jogador estar na atividade apenas para 
completar o time/jogo. Por outro lado, se o jogador imerge no jogo, entra na atividade 
lúdica, e essa pode lhe proporcionar sensações diversas, desde tensão, medo, alegria, 
entre outros sentimentos, fazendo com que se escape por um momento da consciência 
da vida cotidiana. 
Há também a possibilidade de enxergar o outro extremo em situações de jogo – 
por exemplo, os participantes encararem a atividade com extrema seriedade, aquelas 
pessoas que se “transformam” no jogo/esporte e não aceitam perder nem no par 
ou ímpar.
Aspectos Históricos do Fenômeno 
Esportivo Moderno
Cronologicamente, distingue-se primeiro o esporte da Antiguidade, observado 
desde a Pré-História, e cujo destaque foram os Jogos Gregos, a maior manifestação 
esportiva daquela época. Depois, veio o esporte moderno, que surgiu na Inglaterra 
no século XIX (TUBINO, 1993).
É importante destacar aqui que existem algumas interpretações distintas quanto à ori-
gem do esporte, ao qual vincula seu surgimento pelos fins educacionais desde os tempos 
primitivos, ou entendendo o esporte como um fenômeno biológico e não histórico. En-
tretanto, o consenso nas abordagens é que o fenômeno esportivo carece essencialmen-
te da competição. Nesse sentido, para que haja esporte, é preciso haver competição.
Portanto, iremos apresentar dois períodos que se relacionam à perspectiva pensa-
da, inicialmente os Jogos Gregos e posteriormente o Esporte Moderno.
14
15
Jogos Gregos 
Ao analisar o fenômeno ligado à atividade física no desenvolvimento histórico, 
antes da primeira demarcação essencialmente esportiva, que são os Jogos Gregos, 
verificava-se atividades físicas de caráter utilitário, ou seja, para determinados fins, 
seja para a guerra, higiênicas (aprimoramento da saúde), rituais e educativas. 
Na Pré-história, os homens primitivos praticavam exercícios físicos somente para 
a sobrevivência; já os japoneses, chineses e hindus praticavam atividades físicas em-
prestando-lhes um caráter higiênico. Depois, foram os gregos de Atenas que deram 
uma finalidade educativa aos exercícios físicos, embora os de Esparta continuassem 
se exercitando com o objetivo de preparação para a guerra. 
Foi nesse período das ginásticas gregas que se iniciaram os Jogos Gregos, even-
to que registrou pela primeira vez a ocorrência de uma organização para a compe-
tição. Esses jogos homenageavam a chefes gregos e muitas vezes faziam parte de 
rituais religiosos ou até mesmo de cerimônias fúnebres. Na Grécia antiga, existiam 
os Jogos Pan-Helênicos, que era um termo coletivo utilizado para designar quatro 
festivais separados com uma periodicidade, no qual disputavam-se os Jogos Ne-
meus, Píticos, ístibros e Olímpicos.
Quadro 1
Jogos Deus Homenageado Localização Prêmio Frequência
Jogos Olímpicos Zeus Olímpia Coroa de Oliveira Quadrienal
Jogos Píticos Apolo Delfos Coroa de Louro
Quadrienal 
(2 anos após os
Jogos Olímpicos)
Jogos Nemaícos Zeus Nemeia, Corinto Coroa de Aipo Bienal
Jogos Ístmicos Poseidon Istmia, Sicião Coroa de Pinheiro Bienal
Fonte: Yalouris, 2004 e Lessa, 2010 
Desses Jogos na Grécia, a principal manifestação do esporte, sem dúvida, foram 
os Jogos Olímpicos. Realizavam-se em Olímpia, na Elida, a cada quatro anos, dis-
putados 293 vezes em doze séculos (776 a.C. a 394 d.C.) e deveriam elevar Zeus, o 
rei dos deuses. Os escravos podiam assistir aos jogos, mas as mulheres não tinham 
esse direito. 
Os vencedores recebiam uma coroa de ramos de oliveira e vários prêmios, como 
isenção de impostos, escravos, pensões vitalícias etc. Foram suspensos pelo impe-
rador romano Teodósio em 394 d.C. Além das disputas empolgantes dos Jogos 
Olímpicos, era notável o quadro de preparação dos atletas gregos para essas com-
petições, que incluía aquecimento, uso de cargas para musculação, dietas, ciclos de 
treinamento, massagens e treinadores especializados (TUBINO, 1993).
Interessante notar que esse tipo de preparação dos atletas gregos, num período 
anterior ao cristianismo, já era muito semelhante aos treinamentos do esporte de 
alto rendimento da atualidade, e não se pode deixar de admirar a civilização grega e 
seu legado histórico pelos seus jogos. Importante demarcar que não eram todos que 
15
UNIDADE Gênese do Esporte
podiam participar, mulheres, escravos e não-gregos não tinham permissão para os 
jogos. Além disso, os atletas teriam de ter razoavelmente condições para poderem 
pagar pelos treinos, transporte, alojamento e outras despesas.
Para aprofundar o conhecimento sobre esse importante legado da antiga Grécia dos jogos 
olímpicos, confira esse vídeo:
https://youtu.be/V2XYVI4A3bA
Ex
pl
or
Esporte Moderno
O termo esporte tem o seu primeiro relato no século XIV, quando os marinheiros 
usavam as expressões “fazer esporte” ou “desporto”, “desportar-se” ou “sair do porto” 
para explicar seus passatempos que envolviam habilidades físicas. Atualmente existem 
vários termos que compreendem o esporte e também várias interpretações do signi-
ficado da palavra esporte, com distintas interpretações de alguns países de palavras 
similares ao significado de Educação Física, entendida como atividade eminentemente 
desenvolvida no ambiente escolar, e o Esporte desenvolvido em clubes e associações. 
No Brasil, persiste a divergência sobre a utilização dos termos desporto ou espor-
te. Como os portugueses usavam desporto, o Brasil, em 1941, optou também por 
desporto. Essa opção teve a influência de João Lyra Filho, que redigiu o Decreto-Lei 
n.º 3199, de 1941, a primeira lei do esporte no país, que institucionalizou o esporte 
nacional. João Lyra Filho escolheu o termo desporto após consultar Antenor Nas-
centes, e desde então essa palavra vem se mantendo nos textos legais, inclusive na 
Constituição de 1988 (artigo 217), em que o desporto apareceu pela primeira vez 
como matéria constitucional (TUBINO, 1993).
Para efeitos de nosso estudo, não fazemos distinção entre os termos esporte e 
desporto, possuindo o mesmo significado para efeitos da disciplina. Alguns autores 
da sociologia do esporte utilizam a terminologia desporto em seus estudos, mas fare-
mos aqui referência ao termo esporte ao longo do material.
Importante!
Uma definição precisa de esporte é impossível devido à grande variedade de significa-
dos. Quase tudo que é entendido sob o termo esporte é menos determinado por análises 
científicas em seus domínios do que pelo uso diário e pelo desenvolvimento histórico e 
transmitido pelas estruturas sociais, econômicas, políticas e judiciais. Para os sociólogos do 
esporte, uma definição bastante aceita diz: 
É uma atividade competitiva, institucionalizada, que envolve esforço físico vigoroso ou o 
uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos cuja participação é 
motivada pela combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. O objetivo no esporte é 
comparar rendimentos (BARBANTI, 2011, p. 171).
Importante!
16
17
O esporte moderno resultou de um processo de modificação, poderíamos dizer, de 
esportivização de elementos da cultural corporal das classes populares inglesas, como 
os jogos populares, cujos exemplos mais citados são os inúmeros jogos com bola, e 
também de elementos da cultura corporal da nobreza inglesa. Esse processo inicia-se 
em meados do século XVIII e se intensifica no finaldo século XIX e início do XX.
Com isso, os jogos tradicionais foram esvaziados de suas funções iniciais, que 
estavam ligadas às festas (da colheita, religiosas etc.). No caso da Inglaterra, foi 
principalmente nas escolas públicas (Public Schools) que esses jogos sobreviverão, 
pois lá eles não eram percebidos como ameaça à propriedade e à ordem pública. 
Vai ser nas escolas públicas que aqueles jogos (o caso clássico é o futebol) vão ser 
regulamentados e aos poucos assumirão as características (formas) do esporte mo-
derno (BRACHT, 2005).
Thomas Arnold foi diretor do Colégio de Rugby na Inglaterra, no período entre 
1828 e 1842, no qual incorporou as atividades físicas praticadas pela burguesia e pela 
aristocracia inglesas ao processo educativo, deixando que os alunos dirigissem os jogos 
e criassem regras e códigos próprios, numa atmosfera de fair-play (termo que significa 
a atitude ética na disputa esportiva), respeitando as regras, os códigos, os adversários 
e os árbitros. 
Essas regras, que surgiram naturalmente da incorporação dos jogos às aulas do 
Colégio de Rugby, logo ultrapassaram os muros dessa instituição e foram ampla-
mente difundidas para o povo inglês. Posteriormente, surgiriam federações e clu-
bes, incluindo tais componentes afetivos e éticos do movimento esportivo.
No final do século XIX, inspirado nos ideais do inglês Thomas Arnold, o francês 
Pierre de Coubertin, percebendo as dificuldades de preservação da paz mundial, 
achou que o esporte seria uma poderosa vacina contra os conflitos internacionais. 
Outro colaborador para o ressurgimento das Olimpíadas por Coubertin foi a expe-
riência visualizada de William Penny Brookes, que em 1850 criou a Olympian Class 
na pequena cidade de Much Wenlock, Shropshire, na Inglaterra, para melhorar a 
aptidão e o desenvolvimento de atitudes dos estudantes. Em 1859, tornou-se Jogos 
Anuais da Sociedade Olímpica de Wenlock e esses jogos anuais continuam até hoje.
A Sociedade Olímpica de Wenlock foi fundada por Brookes em 15 de novembro 
de 1860. Em 1880, William Penny Brookes chegou a propor um Festival Olímpi-
co Internacional em Atenas, que o governo grego não levou em conta. Em 1892, 
Coubertin iniciou o movimento de restauração dos Jogos Olímpicos, com base nas 
Olimpíadas da Antiguidade na Grécia (SESI, 2012).
Em 1896, em Atenas, aconteceram aos l Jogos Olímpicos modernos, com a 
participação de apenas 285 atletas, mas já com todo o ritual olímpico. Junto com 
o ideário do movimento olímpico, consolidaram-se também o fair-play e a solida-
riedade como pilares da ética do esporte. 
17
UNIDADE Gênese do Esporte
Outra contribuição importante para o desenvolvimento esportivo moderno, que 
até o final do século XIX compreendia praticamente apenas o atletismo, o remo, 
o futebol e com muita timidez a natação, foi a ação da ACM (Associação Cristã de 
Moços), que introduziu nos Estados Unidos os principais esportes coletivos, como 
o basquete e o vôlei.
Importante!
Com base no exposto, os princípios para o surgimento do esporte moderno são:
• O esporte moderno surge na Inglaterra a partir do século XVIII;
• Tem nos jogos populares seu antecessor (surgem a partir deles);
• As public schools têm um papel fundamental nesse processo; e 
• Da Inglaterra, o esporte se espalha por todo o mundo, tornando-se a principal 
expressão da cultura corporal e das ocupações de lazer (ASSIS, 2010).
Em Síntese
Desde a consolidação das olimpíadas e o desenvolvimento do esporte moderno 
como visualizamos na sociedade atual, verifica-se a íntima ligação de seu surgimento 
com a pedagogia moderna, do nacionalismo, da problemática do lazer e do trabalho. 
O desenvolvimento do esporte é influenciado pela racionalização e orientação para 
o rendimento, como na crença do crescimento e do progresso ilimitado pregados 
pela sociedade moderna. Além desses, outros fatores que contribuem para seu 
desenvolvimento são:
• A proliferação do esporte em outras camadas sociais, em função do surgimento 
de escolas para as classes médias da sociedade e a redução da jornada de 
trabalho das classes trabalhadoras;
• A formação de clubes esportivos por pessoas interessadas como executantes 
ou espectadoras;
• A uniformização de regras, necessidade de regulamentação para além do nível 
local, gerada pelo relacionamento esportivo entre as instituições escolares, 
regiões, clubes, entre outros;
• A eficiência do esporte do direcionamento da violência, funcionando com um 
meio extremamente econômico para a mobilização, a ocupação e o controle 
dos adolescentes;
• A ideia da igualdade de possibilidade de vitória na rivalidade entre indivíduos, 
princípio fundamental do liberalismo;
• A universalização da instituição esportiva, por meio dos jogos olímpicos, 
veiculando a ideia do esporte como promotor do internacionalismo e da paz 
(ASSIS, 2010).
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Ao fazermos um paralelo entre a construção do fenômeno esportivo, vislumbramos 
que nas sociedades tradicionais as práticas corporais estavam relacionadas às perspec-
tivas de instituições militares ou religiosas. Atualmente, na sociedade moderna, o es-
porte apresenta relações mais autônomas em relação às instituições citadas, por outro 
lado, mantém interdependência com diversas outras instituições (BRACHT, 2005).
Complementarmente, o esporte, campo onde o educador físico exerce suas prá-
ticas, reveste-se de grande importância no mundo moderno, pois está inserido no 
cotidiano da vida das pessoas. Constitui-se como um gigantesco mercado de bens, 
produtos e serviços. Para alguns, é fonte de renda (técnicos, atletas, dirigentes, pro-
fessores, gestores, preparadores físicos, entre outros profissionais); para outros, di-
vertimento, lazer e entretenimento; para terceiros, é fonte e manutenção de saúde 
(ASSUMPÇÃO et al., 2010).
Essa polissemia de variantes e a importância dada na atualidade ao fenômeno 
esportivo ofereceram um terreno fértil de possibilidades de análise e reflexões para 
a Sociologia do Esporte, aspectos esses que serão discutidos nas próximas unidades. 
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UNIDADE Gênese do Esporte
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
Origem dos Jogos Olímpicos da Era Moderna - 2011
Nesta reportagem, você vai descobrir maiores detalhes da contribuição do Dr. William Penny 
Brookes para o retorno das Olimpíadas Modernas em 1896.
https://youtu.be/Y3CNEA-6sQc
Atletas atuais reconstituem os Jogos Olímpicos da Grécia Antiga
No documentário Os Campeões de Olímpia, modernos atletas experimentam as modalidades 
esportivas dos antigos jogos olímpicos, demonstrando dificuldades e emoções da preparação e 
execução dos antigos jogos.
https://youtu.be/L4ZBsCVcsJE
 Leitura
A Invenção do País do Futebol: Mídia, Raça e Idolatria
HELAL, Ronaldo. A Invenção do País do Futebol: Mídia, Raça e Idolatria. Rio de Janeiro: 
Mauad, 2001.
Se você quiser se aprofundar nas questões que envolvem o artigo acima, a obra A Invenção do país 
do futebol: mídia, raça e idolatria, do mesmo autor, Ronaldo Helal (2001), traça um perfil histórico 
sobre a invenção das tradições do futebol no Brasil.
As Novas Fronteiras do “País do Futebol”
O autor Ronaldo Helal discute nesse interessante artigo aspectos do fenomêno esportivo, que 
é uma paixão brasileira, questionando se esse representa uma identidade nacional.
https://goo.gl/tQBUZk
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Referências
ASSIS OLIVIERA, S. Reinventando o Esporte: possibilidades da prática pedagógi-
ca. 3. ed. Campinas: Autores Associados, Chancela CBCE, 2010.
ASSUMPÇÃO, L., SAMPAIO, T., CAETANO, J., CAETANO JÚNIOR, M., SILVA, 
J. Temas e questões fundamentais na Sociologia do esporte. Revista Brasileira de 
Ciência e Movimento, Brasília, v. 8, n. 2, p. 92-99. 2010.
BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 3. ed. São Paulo: 
Manole, 2011. [Está disponívelna Biblioteca virtual Cruzeiro do Sul].
BRACHT, V. Sociologia Crítica do Esporte: uma introdução. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2005.
CAILLOIS, R. Os jogos e os Homens: a máscara e a vertigem. Lisboa: Edições 
Cotovia, 1990. 
HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2001.
LESSA, F. S. O herói atleta: mito e religião nos jogos helênicos. In: TOBÍA, Ana 
María González de (Org.). Mito y performance. De Grecia a la modernidad. La 
Plata: Universidad Nacional de La Plata, 2010. p. 339-360.
SESI (SÃO PAULO). A Evolução do Esporte Olímpico. São Paulo: Sesi-SP 
Editora, 2012.
TUBINO, M. J. G. O que é esporte? Brasília: Brasiliense, 1993.
YALOURIS, N. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga. São Paulo: Odysseus, 2004.
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