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22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 1/64 O IHGB e o projeto de uma história nacional Prof. Rodrigo Perez Descrição O propósito da construção de um discurso de história nacional durante o período pós-independência. Propósito O conhecimento produzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) ao longo do século XIX é baseado em uma retórica da nacionalidade que traduzia interesses específicos nas disputas políticas pelo controle do Estado nacional brasileiro. Objetivos Módulo 1 Relatos de conquistadores e colonizadores Analisar o processo histórico de fundação do IHGB, com destaque para os interesses políticos envolvidos. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 2/64 Módulo 2 As primeiras escolhas político- historiográ�cas do IHGB Interpretar os textos produzidos nos primeiros anos de atuação do IHGB para a compreensão das primeiras escolhas do instituto. Módulo 3 A trajetória político-intelectual de Visconde de Porto Seguro Analisar a trajetória do Visconde de Porto Seguro, o mais emblemático entre os historiadores vinculados ao IHGB. Módulo 4 Os impactos da Proclamação da República no IHGB Identificar os impactos da Proclamação da República no IHGB. Introdução A história das nações é marcada pelos esforços políticos de invenção das identidades nacionais. Isso mesmo: “invenção”, pois o termo é exatamente esse. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 3/64 As identidades não nascem naturalmente por geração espontânea. Isso é sempre resultado de esforços articulados por aqueles que detêm poder para produzir símbolos e narrativas públicas que tentam convencer pessoas de que existe algo em comum entre elas. Nenhum Estado-nação consegue afirmar sua soberania em determinado território sem ser aceito simbolicamente pela população que ali reside. É nesse sentido que a identidade nacional é estratégica para todo e qualquer aparelho institucional de poder que pretenda ser tratado pelo mundo como um Estado nacional. Neste conteúdo, abordaremos especificamente os esforços empreendidos ao longo do século XIX para a produção de uma história oficial para a jovem nação brasileira com o objetivo direto de inventar um passado em comum capaz de convencer os “brasileiros” de que eles eram “brasileiros” – ou que deveriam sê- lo. Fundado em 1838, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) foi o órgão de Estado responsável por produzir essa retórica da nacionalidade, quando a nação brasileira era jovem e ainda tropeçava em guerras civis, o que colocava a própria existência do Estado nacional em risco. Nosso objetivo aqui é estudar a história do IHGB ao longo do século XIX, delineando seus conceitos norteadores e sua colaboração para a formação de uma imaginação histórica nacional. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 4/64 1 - Relatos de conquistadores e colonizadores Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar o processo histórico de fundação do IHGB, com destaque para os interesses políticos envolvidos. O início Em março de 1839, Januário da Cunha Barbosa, importante liderança política brasileira da época, discursou na inauguração do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Fundado oficialmente em outubro de 1838 a partir da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (SAIN), o IHGB se inspirava em institutos históricos que existiam em diversos países do mundo, e o instituto de Paris era a principal referência. A fundação do IHGB precisa ser inserida no contexto da independência política e institucional do Brasil. No imaginário nacional, já está consolidada a memória que define o 7 de setembro de 1822 como o momento da independência do Brasil. Porém, se tratarmos o assunto com maior rigor analítico, perceberemos que a realidade foi bem mais complexa. No ano de 1808, em virtude das guerras europeias provocadas pela expansão do império napoleônico, o Estado português se transferiu para a sua colônia americana. Isso provocou transformações estruturais no equilíbrio de forças interno ao Império Português. Uma série de transformações jurídicas conferiu maior autonomia à colônia, que, em, 1815 foi elevada à posição de Reino Unido. Legalmente, foi nesse momento que o Brasil deixou de ser colônia. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 5/64 Embarque da família real portuguesa. A total independência, entretanto, ainda não era possibilidade consistente. As elites coloniais mais poderosas (de Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais) preferiam manter as relações com Portugal, reivindicando o legado europeu e usando os vínculos com a metrópole como garantia de estabilidade política, administrativa e institucional. A condição da harmonia era a manutenção da autonomia conquistada com a chegada da corte. Ilustração da Revolução do Porto. Em 1820, a Revolução do Porto colocou em risco o projeto do Reino Unido. As elites portuguesas se rebelaram e passaram a demandar o retorno imediato do aparato administrativo metropolitano para a Europa. O rei d. João VI retornou a Portugal no início de 1821, deixando Pedro, seu filho mais velho, como regente do Brasil. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 6/64 A partir de então, radicalizaram-se os conflitos entre as “elites brasileiras” (as que tinham origem no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais) e as portuguesas. O príncipe Pedro se tornou objeto de disputas, e o Dia do Fico, em 7 de janeiro de 1822, sinalizava seu alinhamento com os brasileiros. A independência definitiva já era agenda política possível, o que foi alegorizado por uma certa modalidade de escrita da história que começava a se formar no período. Intelectuais e lideranças políticas, como José Bonifácio de Andrada e Silva e Visconde de Cairu, começaram a escrever a história do Brasil fora da ideia de continuidade com o Império Português, configurando aquilo que podemos chamar de uma “historiografia insubmissa”. Em setembro de 1822, aconteceu, sob a liderança simbólica de Pedro e o apoio político das elites fluminense, mineira e paulista, a ruptura formal entre Brasil e Portugal. A independência, contudo, não significou a estabilização dos conflitos. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 7/64 Caricatura de José Bonifácio, por Angelo Agostini. Ainda era bastante forte a influência portuguesa no Brasil, o que fez com que o risco da recolonização continuasse a existir, colocando as elites brasileiras em constante estado de alerta. Rapidamente, formavam-se ao redor do imperador dois grupos políticos rivais, que passaram a ser chamados de: “Partido Português” “Patido Brasileiro” Os conflitos entre brasileiros e portugueses assumiram diversos formatos, desde verdadeiras batalhas campais, como a famosa “noite das garrafadas”, em 15 de março de 1831, até vigorosas disputas político-institucionais, como aquelas que envolveram o projeto constituinte de 1823 e a Constituição outorgada de 1824. Com o tempo, 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 8/64 D. Pedro I foi se inclinando para o lado dos seus conterrâneos, o que provocou seu divórcio político com as mesmas elites que tinham lhe apoiado nos conflitoscom as cortes portuguesas. Enquanto isso, eclodiam nas províncias do Norte e do Sul rebeliões que contestavam a autoridade do imperador. Diante de uma grave crise política, D. Pedro I abdicou ao trono em 7 de abril de 1831. Como seu filho era criança, a Constituição determinava a organização de regências (governos eleitos e provisórios) para administrar o país até a maioridade do herdeiro do trono. D. Pedro I entrega sua carta de abdicação ao Major Frias. Começava, assim, o período das regências, um dos mais conflituosos de toda a história do Brasil e marcado por constante movimentação militar. Entre 1835 e 1838, várias províncias se rebelaram, algumas com intenções separatistas, reivindicando independência em relação à monarquia centralizada no Rio de Janeiro. Nessa conjuntura, a própria existência do Estado nacional brasileiro estava em perigo. Foi aí que passou a ganhar força dentro da SAIN, fundada em 1827, a ideia de criar um instituto destinado aos estudos históricos e vinculado institucionalmente ao Estado monárquico. A própria SAIN era uma organização considerada estratégica para a consolidação da independência do Brasil, já que pretendia fortalecer a economia nacional por meio da industrialização e da urbanização. O IHGB Como já sabemos, no final de 1838, a criação do IHGB foi formalizada. O instituto foi inaugurado no início do ano seguinte. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 9/64 Segundo o historiador Manoel Salgado, o IHGB marcou o início da produção historiográfica sistematizada institucionalmente no Brasil. No entanto, isso não significa que, antes de 1838, não se escrevesse a história do país, e sim que o instituto conferia ao ato certo um grau de organização institucional até então inédito. Ao tratar o IHGB como o berço institucional da historiografia brasileira, verificam-se certas particularidades que chamam a atenção na comparação entre o instituto e as universidades europeias. [...] deste lado do Atlântico outro será o espaço de produção historiográfica. Não o espaço sujeito à competição acadêmica própria das universidades europeias, mas o espaço da academia de escolhidos e eleitos a partir de relações sociais, nos moldes das academias ilustradas que conheceram seu auge na Europa nos fins do século XVII e no século XVIII. O lugar privilegiado da produção historiográfica no Brasil permanecerá até um período bastante avançado do século XIX vincado por uma profunda marca elitista, herdeira muito próxima de uma tradição iluminista. (GUIMARÃES, 1988, p. 5) No modelo moderno criado na Europa na transição do século XVIII para o XIX, a universidade surge como espaço marcado pela ideia de conhecimento especializado. Ao menos em tese, isso significa que as relações estabelecidas no espaço acadêmico são estritamente profissionais e reguladas pelo critério da competência técnica. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 10/64 O ingresso na comunidade acadêmica, assim, se daria pela seleção, com base na comprovação de experiência em estudos especializados. O funcionamento institucional do IHGB, porém, se dava por valores e normas completamente distintas. Como mostra a pesquisa de Manoel Salgado, os sócios do IHGB não precisavam comprovar produção intelectual especializada nas áreas de interesse do instituto. Tampouco se esperava deles algum coeficiente de produtividade para que eles continuassem como membros da associação. Todo o processo de recrutamento dos novos sócios seguia a lógica dos vínculos sociais característicos de uma sociedade de corte. O ingresso no IHGB, assim, se dava mais pela dimensão simbólica da posição e pelos valores da nobreza brasileira do que pelo eventual apreço dos letrados pelos estudos históricos e geográficos. Atenção! Esse processo não significa que os sócios do IHGB não levavam a sério o empreendimento adotado como missão, ou seja, a escrita de uma história nacional e a produção cartográfica capaz de definir dos limites fronteiriços do país. Nesse sentido, podemos inventariar da seguinte forma os propósitos do IHGB ao longo do século XIX: Primeiro propósito Reunir e organizar as fontes de interesses para a história do Brasil. Nos primeiros textos, os membros do instituto afirmavam que essa era a primeira missão, sendo a efetiva escrita da “história l d B il” l j t d f t A 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 11/64 Nas palavras de Manoel Salgado: geral do Brasil” algo projetado para o futuro. A operação historiográfica, portanto, estava condicionada ao trabalho de pesquisa nas fontes, o que sugere que os valores metodológicos que inspiravam a fundação da ciência histórica na Europa também serviam de inspiração para os letrados reunidos no IHGB. Segundo propósito O fato de a história ser escrita deveria trazer à luz o processo de formação da nação, que, tendo uma gênese longeva, chegaria até o presente. As elites deveriam ser educadas nas lições aprendidas com o estudo dessa história a fim de que pudessem traduzi-las ao “povo”. Tratava-se, portanto, de primeiramente educar as elites na imagem de um passado nacional homogêneo, algo politicamente importante no momento que parte delas se rebelava contra a estrutura de poder centralizada no Rio de Janeiro. Terceiro propósito A “história geral do Brasil” a ser escrita deveria, de alguma forma, reivindicar o legado português. Ao IHGB, então, colocava-se a sensível tarefa de encontrar o equilíbrio entre a ruptura política e a herança simbólica. Ao mesmo tempo que pretendiam fazer do Brasil uma nação independente e um Estado soberano, as elites dirigentes reivindicavam a filiação com Portugal e a posição de “civilização tropical”. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 12/64 Num processo muito próprio ao caso brasileiro, a construção da ideia de nação não se assenta sobre uma oposição à antiga metrópole portuguesa; muito ao contrário, a nova nação brasileira se reconhece enquanto continuadora de uma certa tarefa civilizadora iniciada pela colonização portuguesa. (GUIMARÃES, 1988, p. 6) Todos esses objetivos inspiravam o trabalho de vários letrados, os quais, na posição de sócios do IHGB, se dedicavam aos estudos históricos. Alguns viajaram o Brasil e o mundo na busca de documentos e informações. Não raro, eles eram financiados pelo Estado monárquico. Como demonstra o historiador Temístocles Cezar, a combinação entre valores antigos e modernos orientava o trabalho desses homens. Eles estavam convencidos de que precisavam fundamentar suas pesquisas em fontes, aderindo, desse modo, a valores metodológicos, que, na época, eram definidos como o fundamento da ciência histórica. Porém, ao mesmo tempo, esses letrados afirmavam que o conhecimento histórico tinha a função de inspirar atos virtuosos à luz de bons exemplos passados. Trata-se de um valor muito antigo que nos remete ao filósofo romano Cícero, que, no século 1 d.C., disse que a “história é mestra da vida”. Comentário No próximo módulo, nos dedicaremos à análise das fontes primárias produzidas pelo IHGB em seus primeiros anos de atuação. Atividade discursiva 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 13/64 O período compreendido entre 1820 e 1822 marcou a formação de uma nova forma de escrever a história da América Portuguesa. Discuta essa afirmação. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Você precisa saber que foi nesse período que a ruptura definitiva entre Brasil e Portugal se tornou uma possibilidademais concreta, o que deu origem a uma historiografia que passou a narrar a história de nosso país como algo independente da história portuguesa. O nascimento do IHGB Neste vídeo, o professor Rodrigo Perez recupera as principais ideias discutidas até aqui. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 14/64 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A fundação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) precisa ser inserida na história da independência política e 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 15/64 institucional do Brasil. Assinale a alternativa que complementa essa afirmação da melhor forma. Parabéns! A alternativa C está correta. O IHGB fez parte dos esforços de construção da identidade nacional que marcaram a história brasileira ao longo do século XIX. Questão 2 Diferentemente do que aconteceu na Europa, no Brasil, a organização institucional da produção historiográfica não se deu nas universidades, e sim no IHGB. Aponte a alternativa que complementa essa afirmação da melhor maneira. A A fundação do IHGB precisa ser inserida na independência política e institucional do Brasil, já que o instituto defendeu a organização do país no formato republicano. B A fundação do IHGB precisa ser inserida na independência política e institucional do Brasil, pois o instituto defendeu a abolição do trabalho escravo. C A fundação do IHGB precisa ser inserida na independência política e institucional do país, porque o instituto tomou como objetivo a produção da identidade nacional. D A fundação do IHGB precisa ser inserida na independência política e institucional do Brasil, uma vez que o instituto defendeu fragmentação político- administrativa do país. E A fundação do IHGB precisa ser inserida na independência política e institucional do país, já que o instituto defendeu o alinhamento diplomático do Brasil com os EUA. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 16/64 Parabéns! A alternativa B está correta. No IHGB, a produção historiográfica não atendia aos critérios metodológicos e impessoais que então regiam as universidades, e sim às necessidades da sociabilidade de corte. A Nas universidades, a produção historiografia é regida pelos valores aristocráticos do Antigo Regime, enquanto no IHGB os valores modernos e científicos já eram vigentes. B Nas universidades, a produção historiografia é regida por valores modernos e científicos, enquanto no IHGB os valores aristocráticos ainda eram vigentes. C Tanto no IHGB quanto nas universidades, eram vigentes os valores aristocráticos, o que fazia com que as práticas de recrutamento fossem reguladas pelos vínculos de sociabilidade típicos de uma sociedade de Antigo Regime. D Tanto no IHGB como nas universidades, eram vigentes os valores científicos, o que fazia com que as práticas de recrutamento fossem reguladas pelo critério da competência técnica. E No IHGB e nas universidades, observava-se a combinação dos dois valores, com o recrutamento sendo feito tanto com base no critério da competência técnica como no da sociabilidade aristocrática. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 17/64 2 - As primeiras escolhas político- historiográ�cas do IHGB Ao �nal deste módulo, você será capaz de interpretar os textos produzidos nos primeiros anos de atuação do IHGB para a compreensão das primeiras escolhas do instituto. Aquecendo Vamos começar com uma reflexão? Faça a atividade discursiva a seguir. Atividade discursiva Os letrados que se empenharam nos trabalhos empreendidos pelo IHGB eram orientados tanto por valores modernos como por valores antigos. Discuta essa afirmação. Digite sua resposta aqui Chave de resposta 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 18/64 Você tem de saber que os letrados associados ao IHGB tomavam a pesquisa nas fontes como premissa indispensável para a produção do conhecimento histórico. Eles também afirmavam a história como “mestra da vida”, evocando, assim, a máxima ciceroneana. Agora que estamos devidamente provocados, vamos pensar sobre o momento e as escolhas. Não se compadecia, já com o gênio brasileiro, sempre zeloso da glória da pátria, deixar por mais tempo em esquecimento os factos notáveis da sua história, acontecidos em diversos pontos do Império, sem dúvida ainda não bem designados. Eis o motivo, senhores, porque dois membros do conselho da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, e também sócios do Instituto Histórico de Paris, participando dos generosos sentimentos dos nossos literatos, se animaram a propor a fundação de um Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que, sob os auspícios de tão útil quanto responsável sociedade curasse de reunir e organizar os elementos para a história e geografia do Brasil, espalhados por suas províncias, e por isso mesmo difíceis de se colher por qualquer patriota que tentasse escrever exatamente tão desejada história. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 19/64 (BARBOSA, 2010, p. 21-22) Com essas palavras, Januário da Cunha Barbosa iniciou seu discurso na cerimônia de inauguração do IHGB. O primeiro secretário-geral do instituto considerava a escrita da “história geral do Brasil” não apenas um empreendimento intelectual como se ela fosse uma questão meramente científica. Tratava-se, antes de qualquer coisa, de ato patriótico em defesa da nacionalidade brasileira. A tarefa tornava-se ainda mais urgente devido a “erros e inexatidões” que marcariam os esforços anteriores de escrita da história nacional. Até então, segundo Barbosa, os brasileiros não teriam dado a devida atenção para o ato de historicizar o Brasil; por isso, fazia-se necessária a coordenação institucional desses trabalhos. As escolhas Chama atenção também no discurso de Barbosa a necessidade de reunir os “elementos para a história do Brasil” que estariam “dispersos” pelo território nacional. Fica claro como o centralismo monárquico não se resumia ao aspecto administrativo, com a concentração dos aparelhos de poder do Estado nacional no Rio de Janeiro, mas também ao aspecto historiográfico, com a reunião na corte das condições objetivas para a escrita da história nacional. Mas qual seria a mais importante função dessa história que deveria ser escrita nos quadros do IHGB? O próprio Januário da Cunha Barbosa diz algo a esse respeito. Basta atendermos ao que diz Cícero sobre a história, para conheceremos logo as vantagens que se devem esperar de um instituto que dela particularmente se ocupe, e composto de homens os mais conspícuos por suas letras e por 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 20/64 suas virtudes. – A historia (escreve aquele filósofo romano) he a testemunha dos tempos, a luz da verdade e a escola da vida. – Por esta judiciosa doutrina bem facilmente se conhece quão profícua deve ser a nossa associação, encarregada, como em outras nações, de eternizar pela história os factos memoráveis da pátria, salvando-os da voragem dos tempos, e desembaraçando-os das expressas nuvens que não poucas vezes lhes aglomeram a parcialidade, o espírito de partidos, e até mesmo a ignorância. (BARBOSA, 2010, p. 22) O secretário-geral do instituto evoca a autoridade do orador romano Cícero, um dos principais nomes dasletras ocidentais, formulador do mais importante topos da cultura historiográfica pré-moderna: aquele que define a história como “mestra da vida”, sugerindo que os estudos históricos possuem utilidade prática no presente. Estudar história seria fundamental, porque ofereceria aos contemporâneos exemplos virtuosos a serem imitados. Para Barbosa, qual seria a função do IHGB? A função do IHGB seria coordenar institucionalmente a produção dessa história “útil”, sendo capaz de apresentar aos brasileiros o inventário de grandiosos feitos da pátria a fim de criar a tão necessária homogeneidade em tempos nos quais o país estava atravessado por conflitos armados. Os primeiros que deveriam ser formados nessa “história pragmática” seriam as elites do país, especialmente aquelas que estavam conflagradas em armas contra a monarquia centralizada no Rio de Janeiro. Resposta 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 21/64 Já sabemos que, em seus primeiros anos de existência, o IHGB projetou para o futuro a produção da “história geral da civilização brasileira” por considerar que as condições ainda não eram favoráveis, especialmente no que se referia à devida organização e à disponibilização das fontes. Isso não significa, porém, que o instituto tenha deixado de delinear as diretrizes que deveriam orientar essa operação historiográfica. Para isso, o IHGB lançou um edital de concurso em 1841 com o objetivo de escolher um projeto de escrita para a história do Brasil. Houve dois candidatos: Karl von Martius Um botânico alemão, que apresentou o projeto Como se deve escrever a história do Brasil. Ele se sagrou vencedor. Henrique Julio de Wallenstein Um aristocrata paulista, que apresentou o projeto Memória sobre o melhor plano de se escrever a história antiga e moderna do Brasil. Foi derrotado. É importante analisar os dois textos e o parecer final do concurso para entender melhor os valores que orientavam o IHGB nos seus primeiros anos de existência. O tom prescritivo marca o texto de Martius. Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que tanto promete, jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorrerão para o desenvolvimento do homem. São porém estes elementos de natureza muito diversa, tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber: a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 22/64 e enfim a preta ou ethiopica. Do encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular. (MARTIUS, 2010, p. 63-64) O autor formulou o que julgava ser o princípio filosófico elementar e intrínseco à história do Brasil: a vocação para a mistura harmônica entre as raças que constituem a nação, brancos, negros e indígenas. Os termos usados pelo autor para definir a dinâmica dessa “mescla” são bem sintomáticos dos interesses políticos que pautavam o IHGB. “Encontro” e “relações mútuas” são palavras que sugeriam que a formação do Brasil teria se dado de modo pací�co, isto é, sem violências. O projeto O interesse de Karl von Martius, como já sabemos, era pintar o quadro de um passado em comum capaz de pacificar o país por meio da invenção de uma identidade nacional homogênea. A “mescla”, entretanto, pressupunha a existência de uma hierarquia entre as raças constitutivas da nacionalidade brasileira. Ao tratar disso, Martius utilizou a metáfora do rio e de seus afluentes. A raça “branca ou caucasiana” seria o “caudaloso rio”; as raças “ameríndias” e “ethiopicas” (indígena e negra, respectivamente), os confluentes a desaguar no tronco principal do rio. A defesa da miscigenação significava o projeto de embranquecer o país sob a tutela da herança branca e europeia, sendo capaz, assim, de diluir os efeitos deletérios das “raças inferiores”. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 23/64 O autor discutiu cada uma dessas três raças, propondo como elas deveriam ser tratadas por aqueles que se dedicassem à escrita da história brasileira. Os portugueses são mobilizados como a matriz da história nacional, pois, nas palavras de Martius, o historiador do Brasil teria de “mostrar como aí se estabeleceram e desenvolveram as ciências e as artes como o reflexo da vida europeia” (MARTIUS, 2010, p. 78). Como já vimos na seção anterior, a partir da análise desenvolvida por Manoel Salgado, verifica-se que o IHGB não pretendia estabelecer uma ruptura simbólica e cultura com Portugal. Muito pelo contrário: o interesse do instituto era reivindicar para o Brasil a condição de herdeiro do empreendimento colonial português nos trópicos. Por conta disso, o tom usado para definir o colonizador era o mais apologético possível. Com essa observação quero indicar que o período de descoberta e colonização primitiva do Brasil não pode ser compreendido senão em seu nexo com as façanhas marítimas, comerciais e guerreiras dos portugueses, que de modo algum pode ser considerado como fato isolado na história desse povo ativo, e que sua importância e relações com o resto da Europa está na mesma linha com as empresas dos portugueses. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 24/64 (MARTIUS, 2010, p. 74) Na origem do Brasil, estariam a grandeza portuguesa e o empreendimento da antiga metrópole na expansão marítima e comercial. Na prescrição que Martius elabora para o “futuro historiador pragmático do Brasil”, tal metrópole se via representada como portadora de um espírito aventureiro e desbravador que deveria inspirar a nacionalidade brasileira. Para o indígena, chamado por ele de “autóctone”, o autor também reservava um lugar grandioso na genealogia da pátria. Que povos eram aqueles que os portugueses acharam na terra de Santa Cruz, quando estes aproveitaram e estenderam a descoberta de Cabral? D’onde vieram eles? Quais as causas que os reduziram a esta dissolução moral e civil, que neles não reconhecemos senão ruinas de povos? A resposta a esta e outras muitas perguntas semelhantes deve indubitavelmente preceder ao desenvolvimento de relações posteriores. Só depois de haver estabelecido um juízo certo sobre a natureza primitiva dos autóctones brasileiros, poder-se-á continua a mostrar, como se formou o seu estado moral e físico por suas relações com os emigrantes; em que estes influíram por leis e comércio, e comunicação, sobre os índios; e qual a parte que toca aos boçais filhos da terra no desenvolvimento das relações sociais dos portugueses emigrados. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 25/64 (MARTIUS, 2010, p. 67, grifos do autor) Mirando o caso dos impérios indígenas pré-colombianos (maia, asteca e inca), Martius projetava para o passado a exigência de uma sociedade complexa e desenvolvida – segundo os padrões europeus de desenvolvimento associados à centralização político-administrativa e à existência de grandes cidades – no território que viria a ser o Brasil. Apesar de reconhecer a inexistência de vestígios arqueológicos que sugerissem essa realidade, o autor insistia que “as circunstâncias, porém, de não se terem achado ainda semelhantes construções no Brasil certamente não basta para duvidar que também nesse país reinara em tempos muito remotos uma civilização superior” (MARTIUS, 2010, p. 71). Veja a seguir a opinião de Martius sobre a relevância dos indígenas e africanos para a história: Os indígenas A formulaçãodessa teoria tem um certo tom quixotesco, deixando claro como também era importante justificar a grandeza do Brasil a partir de uma ancestralidade indígena considerada grandiosa. Por conta disso, o perfil de comunidades nativas com organização tribal não atendia a tal desejo, o que fez com que o autor as considerasse como povos decaídos no momento da chegada dos portugueses. Os africanos Sobre os africanos (os “ethiopes”, nas palavras de Martius), podemos perceber o grande constrangimento do projeto. O autor dedicou pouco espaço ao grupo e, diferentemente do que fez em relação aos portugueses e aos indígenas, não pressupôs uma contribuição positiva dos negros para a formação da nacionalidade brasileira. Segundo, Martius (2010): Não há dúvida [de] que o Brasil teria tido um desenvolvimento muito diferente sem a introdução dos escravos negros. Se para o melhor 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 26/64 ou para o pior, este problema se resolverá para o historiador, depois de ter tido ocasião de ponderar todas as influências que tiveram os escravos africanos no desenvolvimento civil, moral e político da presente população. (MARTIUS, 2010, p. 80) Com certo tom conformista, o autor reconhecia que a importância dos escravos negros para o desenvolvimento do Brasil era inegável, mas deixou claro que o mérito dessa participação deveria ser definido pelos “futuros historiadores” do país. A escravidão era o grande dilema para aqueles que tentavam construir o Brasil como herdeiro da civilização europeia na América. Dica O incômodo se dava não exatamente pela preocupação com o bem- estar das pessoas escravizadas, e sim com a impossibilidade de se combinar o regime escravocrata com os ideais de civilização e modernidade que se tornavam predominantes na Europa. O projeto de Henrique Wallenstein é muito menos complexo que o de Martius. Limitando-se a duas páginas de texto, Wallenstein propôs que a história do Brasil deveria ser escrita à luz das recomendações de Tito Lívio: dividida em décadas, nas quais o historiador narraria os eventos mais relevantes de cada período. O parecer final do concurso revelou como a proposta de Wallenstein não atendida aos interesses anunciados pelo IHGB desde sua fundação: produzir uma “história filosófica” do Brasil capaz de formular a imagem 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 27/64 da nação homogênea em sua pluralidade e reivindicar a herança cultural portuguesa. Parece à comissão que o autor desta memória (Henrique Wallenstein) não compreendeu bem o pensamento do vosso programa, porquanto às vistas desse instituto, não se podiam contentar com a simples distribuição das matérias, e isto por um método puramente fictício ou artificial, que poderá ser cômodo para o historiador, mas de modo algum apto a produzir uma história no gênero filosófico, como se deve exigir atualmente. (INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, 1847, p. 279) Fica claro no documento de 1847 como a proposta de Martius era adequada aos propósitos historiográficos e políticos do instituto. Os contornos gerais da tal “história filosófica” proposta pelo botânico alemão e referendadas pelo IHGB seriam colocados em prática na História geral do Brasil, escrita por Francisco Adolfo de Varnhagen e publicada no final da década de 1850. Saiba mais O texto de História geral do Brasil ficaria conhecido como a principal obra produzida nos quadros do IHGB, assim como seu autor, Francisco Adolfo de Varnhagen, entraria para a memória nacional como o “principal historiador da pátria”. Varnhagen, aliás, é o tema de estudo da próxima seção. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 28/64 Atividade discursiva Ao analisar os textos de fundação do IHGB, percebemos com o centralismo também fazia parte da agenda político-institucional do instituto. Desenvolva essa afirmação. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Você tem de saber que, fazendo parte da estrutura institucional do Estado nacional, o IHGB pressupunha a centralização das condições necessárias para a escrita da história nacional no Rio de Janeiro, então uma corte imperial. Isso ia ao encontro da centralização administrativa do poder do Estado, também sediado no Rio de Janeiro. As bases do pensamento O professor Rodrigo Perez recupera neste vídeo um pouco do que discutimos até aqui. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 29/64 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 30/64 Questão 1 No discurso de inauguração do IHGB, Januário da Cunha Barbosa definiu uma função prática para o conhecimento histórico. Assinale a alternativa que melhor define essa função. Parabéns! A alternativa D está correta. O IHGB foi criado em um momento de intensa instabilidade político- institucional do país no qual frações das elites estavam se A Para Januário da Cunha Barbosa, a função do conhecimento histórico era convencer os brasileiros de que a República se tratava da melhor forma de governo. B Para Januário da Cunha Barbosa, a função do conhecimento histórico era convencer os brasileiros de que a abolição da escravidão era a medida mais urgente a ser feita para reparar a situação dos negros escravizados. C Para Januário da Cunha Barbosa, a função do conhecimento histórico era educar a massa populacional no sentido da inclusão de setores subalternizados. D Para Januário da Cunha Barbosa, a função do conhecimento histórico era educar as elites no conhecimento de um passado em comum a fim de garantir sua fidelidade à monarquia centralizada no Rio de Janeiro. E Para Januário da Cunha Barbosa, a função do conhecimento histórico era educar as elites no conhecimento das rebeliões populares protagonizadas por negros e indígenas para garantir os direitos sociais desses grupos. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 31/64 rebelando contra o centro do poder monárquico. Com isso, o ensino de história era visto como uma forma de educar essas elites em uma gramática da nacionalidade. Questão 2 Em seu projeto para a escrita da história do Brasil, o botânico Karl von Martius estabeleceu a premissa filosófica que deveria ser seguida pelos futuros historiadores do Brasil. Qual alternativa a seguir define essa premissa filosófica da melhor maneira? Parabéns! A alternativa C está correta. A Para Martius, os futuros historiadores do Brasil deveriam adotar como premissa filosófica a vocação do país para a organização político- institucional republicana. B Para Martius, os futuros historiadores do Brasil deveriam adotar como premissa filosófica a vocação do país para a democracia social, com a abolição imediata da escravidão e a reparação dos crimes cometidos contra a população africana. C Para Martius, os futuros historiadores do Brasil deveriam adotar como premissa filosófica a vocação do país para a mescla pacífica entre as raças que constituem a nacionalidade brasileira. D Para Martius, os futuros historiadores do Brasil deveriam adotar como premissa filosófica a guerra racial que marcou a formação do país. E Para Martius, os futuros historiadores do Brasil deveriam adotar como premissa filosófica a vocação do país para a organização político- institucional comunista. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio#32/64 Segundo Martius, o Brasil era um caso único no mundo de combinação racial pacífica. Para o autor, isso deveria ser a premissa para qualquer exercício de escrita da história do país. 3 - A trajetória político-intelectual de Visconde de Porto Seguro Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a trajetória do Visconde de Porto Seguro, o mais emblemático entre os historiadores vinculados ao IHGB. A criação do cânone nacional Francisco Adolfo de Varnhagen nasceu no interior de São Paulo em 1816. Militar e diplomata, ele viveu e participou ativamente do processo de fundação do Estado Nacional brasileiro. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 33/64 Francisco Adolfo de Varnhagen. Varnhagen defendeu como poucos a monarquia brasileira, fazendo jus ao papel de “historiador monarquista”, sendo, para Martius, o mais adequado para escrever a “história geral do Brasil”. A trajetória dele no IHGB (no qual foi denominado sócio em 1840) demonstra como os critérios especificamente intelectuais e técnicos não estiveram completamente ausentes do funcionamento do instituto. O historiador foi laureado pelo IHGB em diversas ocasiões, sendo condecorado com medalhas de honra ao mérito. Varnhagen chegou a ser agraciado com um título de nobreza em 1874, ocasião na qual foi nomeado “Visconde de Porto Seguro”. Varnhagen dedicou a vida à causa da consolidação do Estado nacional brasileiro, sobretudo no que se refere à organização de arquivos estratégicos para conflitos envolvendo a delimitação das fronteiras do Estado-nação. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 34/64 Um homem de Estado e um homem dos arquivos Francisco Adolfo de Varnhagen foi um dos mais importantes diplomatas em atuação no Brasil ao longo do século XIX. Além disso, passou por outras tantas cidades na Espanha e em Portugal em missão diplomática. Atenção! É importante destacar que a visita aos arquivos não era algo que Varnhagen fazia apenas em momentos de ócio. Sua atuação como servidor público era centrada nessas práticas de pesquisa, o que mostra como a coleta e a organização de tais arquivos eram consideradas estratégicas para o Estado nacional brasileiro. O historiador era um leitor atento dos textos do historiador alemão Leopold Ranke, responsável por definir as regras básicas do método histórico. Não seria exagero defender, portanto, que foi Varnhagen quem introduziu no debate historiográfico brasileiro os princípios do método histórico científico. Método histórico Tal método era baseado na seguinte ideia: o que conferia caráter científico ao estudo da história era justamente a pesquisa nos arquivo. Vanhargem Em 1847, Francisco Adolfo de Varnhagen publicou na revista do IHGB um trabalho que lhe rendeu uma medalha conferida pelo instituto, a qual, segundo Temístocles Cezar, foi demandada pelo próprio Varnhagen. Tratava-se da monografia O Caramuru perante a história, texto no qual o diplomata analisava a atuação de Diogo Alvares, que, desde o século XVIII, era um personagem recorrentemente evocado nas narrativas históricas sobre a colonização portuguesa na América. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 35/64 A monografia começa com uma introdução sobre os “contos maravilhosos” de que “quase todas as nações oferecem exemplos”. Classificando tais contos como próprios dos “primeiros tempos da história” de uma civilização, o autor aponta uma época em que “os povos [...] não tinham de si muito a dizer”, afirmando haver nesse tipo de narrativa “quase sempre um fundo verdadeiro” (VARNHAGEN, 1848, p. 129). À medida, porém, que tais contos eram divulgados às novas gerações, seu “fundo verdadeiro” desfigurava-se no “caos” e na “Babel de línguas díspares”, o que ocorria por efeito principalmente da poesia e da imaginação, ambas ao gosto sobretudo das mulheres, o “sexo que recolhe mais íntimas essas sensações e que depois no-las transmite com o leite” (VARNHAGEN, 1848, p. 130). Por conta exatamente de seu aspecto cada vez mais fantasioso, as histórias deteriam o enorme poder de emocionar (“tocar os corações”) e de “ferir a imaginação”. Como podemos perceber, Varnhagen afirmava a necessidade de se abordar os documentos relativos ao Caramuru fora das “emoções” que seriam típicas dos povos que “desconhecem a devida crítica histórica” (VARNHAGEN, 1848, p. 130). 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 36/64 O historiador entendia “crítica histórica” como o devido tratamento das fontes com rigor de análise nos quadros de uma pesquisa racionalmente conduzida. Nas palavras do próprio autor: É esta convicção em que estamos de que nenhum mal pode já a crítica desapaixonada produzir para arrefecer o entusiasmo pela nossa epopeia brasileira e o muito desejo de tratar um assunto em que o instituto mostrou empenho [...] que nos dá força para entrar nele; o que faremos expondo primeiro o que de documentos autênticos constar, deixando à natural e singela expressão deles e à luz da crítica guiar o resto. [...] Desembaracemo- nos pois de quaisquer prejuízos que nos tenham deixado as leituras de nossos historiadores a tal respeito [...] e ponhamos também de parte, ainda com mais razão, as imagens e invenções do poema, e vamos desprevenidos perscrutar documentos. (VARNHAGEN, 1848, p. 132) O propósito da monografia escrita por Varnhagen, portanto, era disponibilizar documentos devidamente organizados para o exercício da análise e da “perscrutação” de todos aqueles que fizessem jus ao ofício do historiador, ou seja, que se interessassem pelo estudo do passado brasileiro. Com isso, o autor acreditava ser possível desmitificar as “tradições”, retirando delas aquilo que fosse de fato “útil” para o país. Em 1851, Varnhagen publicou Florilégio da poesia brasileira, texto iniciado com uma introdução intitulada “Ensaio histórico sobre as letras no Brasil”, a qual, para muitos estudiosos, é um tratado de fundação da historiografia literária brasileira. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 37/64 Nesse trabalho, o historiador estabelece aquilo que deveria ser considerado como as “letras nacionais”. A ideia a estruturar tal reflexão é a de que algumas manifestações letradas, desde os primeiros tempos da colonização, poderiam (e deveriam) ser consideradas representantes da “nacionalidade”. Não são claros os critérios adotados pelo autor para definir o que distinguia as manifestações seminais das “letras nacionais” daquilo que não deveria ser considerado como parte da “literatura brasileira”. Contudo, chama a atenção como o cânone estabelecido por Varnhagen foi capaz de influenciar outras taxonomias do tipo e como o autor reivindica a herança literária portuguesa, o que, como sabemos, era compatível com a orientação político-ideológica do IHGB. No começo de 1851, Varnhagen voltou ao Brasil, atendendo à convocação de Paulino José Soares de Sousa, então chefe de governo. O diplomata foi chamado na condição de especialista em história e geografia, já que o país via diversos litígios fronteiriços, sobretudo com as repúblicas hispano-americanas com as Guianas europeias. O historiador deixou Madri carregando quase 1.000 páginas copiadas a mão de variados arquivos europeus. Durante o período em que esteve na corte imperial, ele participou ativamente das reuniões do IHGB, sendo eleito primeiro-secretário do instituto em maio de 1851. No cargo, Varnhagen organizou a biblioteca, os arquivos e o museu do instituto, além de ter catalogado, em ordem alfabética,a revista do IHGB. Sua administração coincidiu com a reforma dos estatutos no sentido de que ambas “profissionalizaram” o instituto, valorizando mais 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 38/64 a produção especializada dos sócios do que seus vínculos sociais e políticos. No final de 1851, Varnhagen retornou a Madri, cidade onde permaneceria até 1858, ano em que foi transferido para ser ministro- residente (o que hoje chamamos de embaixador) no Paraguai. Começava assim sua trajetória pelos arquivos latino-americanos. A construção de um monumento historiográ�co Entre 1854 e 1857, Francisco Adolfo de Varnhagen publicou na revista do IHGB aquela que se tornaria sua principal obra e um dos monumentos da historiografia brasileira: a História Geral do Brasil. No texto, o autor mobiliza vários dos valores definidos como prioritários pelo IHGB desde a fundação do instituto e que inspiraram o projeto de Martius. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 39/64 A recepção da obra dentro do IHGB foi variada, tendo sido alvo de críticas e objeto de elogios. Ao que parece, os elogios pesaram mais, a ponto de Varnhagen ter sido laureado, em 1859, com a mais alta comenda do instituto: a elevação, como já apontamos, à categoria de sócio honorário “em reconhecimento de sua ilustração e dos valiosos serviços prestados ao instituto” (GUIMARÃES, 1988, p. 5). Ao longo do tempo, a obra de Varnhagen foi recebida de diferentes formas, indo desde sua conversão em cânone durante muitos anos e reproduzida no ensino escolar de História até as críticas que denunciavam o teor elitista de sua perspectiva historiográfica. O que nem mesmo os mais incisivos detratores negam é o monumental trabalho de arquivo feito pelo historiador. História Geral do Brasil reúne documentos até então desconhecidos e identifica suas localizações, abrindo caminho para historiadores interessados na colonização portuguesa na América. O próprio Varnhagen demonstrava ter perfeita consciência da grandiosidade de seu trabalho de arquivo. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 40/64 Pelo brilho e ornato do estilo não levamos, pois, a menor pretensão de campear. Irão os períodos muitas vezes como foram de primeiro jato concebidos, em presença dos documentos estudados [...] todos sabem como é difícil, ainda aos mais exercitados, o desapegar-se dos travos e ressaibos que por algum tempo deixam no gosto das fontes de que se bebe. A linguagem, porém, procuramos sempre que saísse puritana e de boa lei. (VARNHARGEN, 1975, p. 152) Ao definir o próprio estilo como “puritano e de boa lei”, Varnhagen sugere que a função do seu texto era basicamente deixar as fontes falarem. Há aqui a convicção epistemológica de que as fontes guardam, em si, o sentido histórico, sendo o trabalho do historiador elaborar um tipo de curadoria, organizando e expondo esses materiais. Isso não quer dizer, contudo, que o Visconde de Porto Seguro não reservasse nenhum lugar ao que poderíamos chamar de autoria historiográfica. Mesmo que partisse da premissa de que o protagonismo da narrativa historiográfica cabia aos documentos, Varnhagen também dedicava alguma importância à perspectiva autoral, entendida como jeito de contar a história de determinada maneira. Longe de nos limitarmos à narração dos sucessos políticos, ou a estéreis biografias dos mandões, cujas listas ordenadas aliás julgamos da maior importância para a cronologia, procuramos ocupar- 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 41/64 nos principalmente dos fatos mais em relação com o verdadeiro desenvolvimento e civilização do país: comprazendo-se até de não deixar em esquecimento os modestos obreiros que prestaram algum serviço nas letras ou na indústria. (VARNHARGEN, 1987, p. 20) Fica claro como Varnhagen desejava se afastar da crônica factual. O interesse do historiador não era tão somente narrar a atuação política ou as “estéreis biografias” das elites, e sim contar a história da constrição de uma “civilização no Brasil”. Crônica factual Gênero que, durante séculos, foi dominante na historiografia ocidental, tendo inclusive inspirado o projeto derrotado de Wallenstein no concurso promovido pelo IHGB. Reside aqui o tópico fundamental do IHGB, aquele que definia o Brasil como um caso único de construção de uma civilização nos trópicos e herdeiro da colonização portuguesa. Nesse elogio, o autor se distanciava de um dos elementos presentes no projeto de Martius. Se o botânico tratou a natureza brasileira na chave do elogio edênico, Varnhagen preferiu pintar a imagem da natureza tropical como hostil e desafiadora à sobrevivência humana. Apesar de tanta vida e variedade de matas virgens, apresentam elas aspectos sombrios, ante a qual o homem se contrista, sentindo que o coração se lhe aperta, como no mio dos mares, ante a imensidão do 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 42/64 oceano. Tais matas, em que apenas penetra o sol, parecem oferecer mais natural guarida aos tigres e aos animais trepadores do que aos homens, o qual só chega a habitá- las satisfatoriamente depois de abrir nelas extensas clareiras, em que posso cultivar [...] Ainda assim, o braço do homem, com auxílio do machado, mal pode vencer os obstáculos que de contínuo encontra na energia selvagem da vegetação. (VARNHARGEN apud WHELING, 1999, p. 159) A imagem da natureza hostil, perigosa e violenta servia bem ao propósito da apologia da ação colonial portuguesa, confirmando a ideia já veiculada por Martius de que Portugal era uma nação empreendedora e corajosa, como teria demonstrado na expansão marítima e comercial. Em carta enviada ao imperador D. Pedro II em julho de 1857, Varnhagen deixava claro o lugar que a nação europeia ocupava na sua retórica da nacionalidade. Em geral, busquei inspirações de patriotismo sem ser no ódio a portugueses ou à estrangeira Europa, que nos beneficia com ilustração; tratei de pôr um dique a tanta reclamação e servilismo à democracia; procurei ir disciplinando produtivamente certas ideias soltas de nacionalidade. (VARNHARGEN apud CEZAR, 2018, p. 207) 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 43/64 Varnhagen endossou algumas das teses formuladas pelos fundadores do IHGB; outras, porém, nem tanto. A definição do Brasil como experiência única de miscigenação, por exemplo, ganhou uma dimensão empírica no texto varnhageniano, que definiu a Batalha dos Guararapes (1688) como o momento de fundação da história da nacionalidade brasileira justamente pela união das “três raças” com o objetivo de expulsar o “invasor” holandês. A ideia de que a miscigenação deveria ser estimulada pelo Estado no sentido do branqueamento da população também aproxima o historiador das primeiras escolhas do IHGB. A crítica aos regionalismos e a defesa do poder unitário, centralizado no Rio de Janeiro, também foram endossadas pelo Visconde de Porto Seguro. Já em relação aos índios, Varnhagen abandonava a expectativa inicial de encontrar monumentos que comprovassem a existência de “grandes civilizações” nativas para adotar uma postura hobbesiana que denuncia a selvageria indígena, o que não o impediu de elogiar os índios, especialmente com os signos da “brandura” e da “mansidão”, frutos da educação jesuítica. O autor também criticou a ordem religiosa por suas “ambições políticas e econômicas”, o que é coerente com o lugar que o Estado ocupa emsua reflexão histórica. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 44/64 A Primeira Missa no Brasil, de Vítor Meireles, 1860. Fato é que, mesmo com alguns afastamentos, o texto de Varnhagen está muito próximo do projeto de Martius e dos valores que orientaram a fundação do IHGB. Por isso, é perfeitamente possível dizer que, mais do que qualquer outro, o historiador encarnou a imagem do “historiador monarquista”, que, para Martius, seria o único legitimo para escrever a história do Brasil. As relações entre o IHGB e a monarquia eram mesmo orgânicas, o que fez com que o instituto fosse profundamente afetado com a Proclamação da República em 1889. É disso que trataremos no próximo módulo. Atividade discursiva Apesar de, em vários aspectos, ter dado seguimento às propostas de Marius, a História geral do Brasil, escrita por Varnhagen, também se afastou do projeto do botânico alemão. Reflita e discorra sobre isso. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Você precisa mostrar em sua resposta que Francisco Adolfo de Varnhagen, diferentemente de Karl von Martius, pintou a natureza brasileira como hostil, o que daria ainda mais motivos para elogiar a colonização brasileira. A questão indígena também foi tratada de modo distinto por Varnhagen. Enquanto Martius defendia a ideia de que os índios brasileiros eram descendentes de um grande império nativo, o historiador tratava os indígenas na chave da brandura e da mansidão. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 45/64 Vanhargem e o cânone Neste vídeo, o professor Rodrigo Perez recupera as principais ideias discutidas até aqui. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 46/64 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Não seria exagero afirmar que Francisco Adolfo de Varnhagen introduziu no debate intelectual brasileiro as regras do método histórico científico. Aponte a alternativa que melhor complementa essa afirmação. A Varnhagen introduziu no Brasil o método histórico científico, pois defendeu que o estudo da história deveria ser centrado na análise de fontes orais por meio da metodologia de análise de testemunhos. B Varnhagen introduziu no Brasil o método histórico científico, uma vez que defendeu que o estudo da história deveria ser regulado institucionalmente pela Igreja Católica. C Varnhagen introduziu no Brasil o método histórico científico, já que defendeu que o estudo da história deveria ser baseado na análise de documentos escritos. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 47/64 Parabéns! A alternativa C está correta. Leitor de Ranke, Varnhagen se inspirou nas discussões metodológicas desenvolvidas pelo historiador alemão para defender a organização de arquivos que pudessem fundamentar o estudo da história. Questão 2 A biografia de Varnhagen foi marcada pelas suas relações com o Estado nacional brasileiro. Qual das alternativas abaixo tem a melhor definição sobre tal afirmação? D Varnhagen introduziu no Brasil o método histórico científico, porque defendeu que o estudo da história deveria ser restrito aos temas religiosos. E Varnhagen introduziu no Brasil o método histórico científico, pois defendeu que o estudo da história deveria ser restrito às rebeliões protagonizadas por pessoas escravizadas e indígenas. A Varnhagen se notabilizou como emissário do Estado brasileiro junto a vizinhos da América Latina com o objetivo de consolidar acordos econômicos. B Varnhagen se notabilizou como Senador do Império, sendo o responsável por importantes atos legislativos, como as leis abolicionistas. C Varnhagen se notabilizou como presidente da província de São Paulo, tendo tido destacada atuação na industrialização da região. D Varnhagen foi uma das mais importantes lideranças militares do Império brasileiro, tendo tido destacada atuação na Guerra do Paraguai. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 48/64 Parabéns! A alternativa E está correta. Varnhagen foi um importante diplomata que pesquisou arquivos de interesse para a história do Brasil em diversos países do mundo. 4 - Os impactos da Proclamação da República no IHGB Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os impactos da Proclamação da República no IHGB. E para onde ir? A essa altura, já sabemos bem como eram umbilicais os vínculos entre o IHGB e o Estado monárquico, o que torna um tanto óbvia a afirmação de que a mudança no sistema político provocada pela Proclamação da República impactou diretamente no instituto. A República, afinal, não veio do nada, e já era consenso no país que a monarquia não sobreviveria à morte do imperador. E Varnhagen foi um diplomata que tomou como principal serviço a organização de documentos históricos considerados estratégicos pelo Estado nacional brasileiro. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 49/64 O Partido Republicano foi fundado no início da década de 1870. Influente, ele tinha em seus quadros lideranças importantes entre as oligarquias, como Quintino Bocaiúva, e uma capacidade de mobilização popular, como era o caso de Silva Jardim. A própria fundação do Partido Republicano indica que, entre os mais poderosos homens do país, havia aqueles que defendiam a mudança do regime político. A monarquia, assim, não era mais um consenso entre a elite política. Os anos 1870 e 1880 foram marcados pelo constante enfraquecimento da monarquia. O imperador era cada vez mais satirizado, sendo representado na imprensa como um homem senil, de hábitos pitorescos, numa alegoria do que seria o caráter anacrônico do próprio regime. Caricatura de D. Pedro II “O juramento de todos os Principes - A garantia de todos os Povos” de 1876. A crise com o Exército foi a pá de cal, e a República veio a reboque de um golpe militar. E o IHGB? Como ficou? 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 50/64 Os olhares dos sócios do IHGB para a República Em 16 de dezembro de 1889, Joaquim Norberto, então presidente do IHGB, abriu a primeira sessão do instituto após a Proclamação da República. O discurso de Norberto indica qual foi a primeira recepção da mudança do regime dentro do IHGB. Senhores! Imperioso dever do meu cargo me força a anunciar-vos que jamais nessa cadeira se assentará aquele que durante quarenta anos desempenhou verdadeiramente o título de protetor de nossa associação [...]. Das atas das sessões de nossos trabalhos e das nossas sessões magnas, celebradas na sua casa com todo esplendor e solenidade, consta, e constará sempre, o que foi o imperador D. Pedro II para com o Instituto Histórico, que lhe retribui numerosos favores com a maior gratidão, por considerá-lo como seu primeiro aluno e por tê-lo sempre como seu desvelado protetor. (SILVA, 1889, p. 534) Como podemos perceber, o sentimento que modulou a forma predominante por meio da qual o IHGB experimentou a Proclamação da República foi o da ausência, entendida, nesse contexto, como saudade. A gratidão, afinal, não era direcionada exatamente para a monarquia como um modo de organizar o Estado, e sim ao imperador D. Pedro II, entusiasta e protetor do funcionamento do IHGB. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio#51/64 Comentário A presença do monarca nas reuniões do instituto era constante, o que rendeu algumas críticas daqueles que acreditavam que o governante deveria dedicar seu tempo a questões consideradas mais urgentes. Como demonstra o historiador Francisco Gouveia, até mesmo quando o IHGB já tinha normalizado suas relações com o governo republicano, a cadeira do imperador permanecia vazia. Em 1894, Prudente Morais, então presidente da República, compareceu ao instituto e não se sentou na referida cadeira. É nesse sentido que podemos dizer que a primeira recepção da Proclamação da República pelo IHGB foi marcada pelo signo da ausência. Ausência nem tanto da monarquia, e sim do monarca, reconhecido como um protetor das letras. O respeito pela imagem de D. Pedro II indica que, na reaproximação do IHGB com a vida do governo ao longo dos governos civis republicanos, o Império era respeitado como um passado nacional. Por ele, letrados e conselheiros se aproximavam da República. Via de regra, portanto, os sócios do IHGB não se envolveram em nenhuma movimentação política que questionasse a existência no novo regime. A obediência, contudo, não significou um desprezo pela memória da monarquia. Por um lado... O comprometimento do instituto com os estudos históricos foi o que garantiu a conciliação entre as duas coisas. Transformada em passado a ser homenageado, a monarquia não era representada como possibilidade política no tempo presente, não sendo, dessa forma, uma ameaça para a República. Por outro lado... A recepção na chave da ausência não foi a única forma por meio da qual os sócios do instituto receberam a República. Houve também quem tratasse o novo regime com bastante entusiasmo, levando-nos a problematizar a ideia de que, em fins do século XIX, o instituto ainda continuasse a ser homogeneamente monarquista. Os tempos eram outros, e o IHGB não era uma ilha dentro do país. Era de se esperar que o desgaste social e político da monarquia chegasse também aos membros do instituto, sendo capaz até mesmo de levar alguns deles à adesão ao movimento republicano. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 52/64 Para esses sócios, o 15 de novembro foi representado como um acontecimento previsto e irresistível, como se fosse o desfecho imperativo da história. É o que demonstra Francisco Gouveia: A revista do instituto de 1890 já trazia, em uma biografia (SILVEIRA, 1890), a imagem de um passado para a proclamação por meio de seus “dignos precursores”, no caso Libero Badaró e Tiradentes, personagem que passava por ampla disputa até mesmo antes da República (SIMAS, 1994). Se Joaquim Norberto não estava sozinho em seu constrangimento frente à República, Argemiro Silveira foi um dos sócios que reconheceu prontamente que a República teve “precursores”. (SOUSA, 2015, p. 214-215) Joaquim Norberto e Argemiro da Silveira representam diferentes formas de recepção do evento “Proclamação da República” dentro do IHGB: Joaquim Norberto Presidente do instituto, Norberto colaborou na formulação dessa perspectiva hegemônica que obedecia ao novo regime sem abnegar do respeito ao passado monárquico, marcado pelo simbolismo da cadeira vazia onde o Argemiro da Silveira Já Argemiro da Silveira identificou prontamente a importância do instituto em continuar atuando como órgão de Estado. Para isso, era necessário seguir na sua vocação de produzir, por meio de 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 53/64 imperador costumava se sentar. imagens do passado, a simbologia do poder. Desse modo, mostrava-se fundamental produzir uma escrita da história que reinventasse parte dos símbolos nacionais, criando outras mitologias, como aquelas vinculadas aos “heróis republicanos”, dos quais Tiradentes, aliás, é o exemplo mais paradigmático. Modalidade de escrita da história para nova situação política Desde os primeiros momentos da República, o IHGB se tornou palco de disputas entre diferentes formas de usar o passado na nacional na conjuntura do nascimento e da consolidação do regime republicano. A maioria dos sócios trouxe outros elementos para a “memória nacional”, como aqueles associados a uma nova forma de tratar as rebeliões republicanas do período regencial. No entanto, os valores que orientavam a operação ainda eram os mesmos a pautar o instituto desde sua fundação. A perspectiva “filosófica” da história do Brasil continuava ser a que definia o país como uma “civilização nos trópicos”, como uma nação estável e próspera, contrastando com a instabilidade institucional crônica dos vizinhos hispano-americanos, que se viam constantemente abalados por golpes e pronunciamentos militares. Comentário O desafio passou a ser este: combinar tal identidade com a nova realidade política. A República, afinal, havia sido instituída por um pronunciamento militar. Os dois primeiros governos republicanos eram militares, sendo o de Floriano Peixoto, que governou entre 1891 e 1894, uma ditadura no sentido literal do termo. Os anos iniciais da República foram marcados por conflitos civis. As constantes agitações provocadas pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, pela Revolução Federalista no sul do país e, principalmente, pela Guerra de Canudos, na Bahia. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 54/64 A contingência desses conflitos colocava os sócios do IHGB diante do desafio de adaptar a memória politicamente desejada à realidade presente e nem tão desejada assim. A Guerra de Canudos, por exemplo, era um tema constante nas reuniões do instituto. Guerra de Canudos. A grande questão consistia em explicar as causas do conflito. A culpa seria da “instabilidade republicana”? Tratando do assunto em 1900, período no qual a situação do país estava relativamente pacificada, o sócio Aristides Milton disse que: A mesma tendência revolucionária que, desde 1822 até 1848, trouxeram [sic] pendente da sorte das armas o futuro do Império e, predominando ora aqui, ora acolá, celebrizara esse quarto de século por uma agitação constante e lutas fratricidas de pungitiva lembrança, havia ressurgido na plenitude de sua 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 55/64 funesta energia para perturbar o regime, que, em 1889, tinha sido inaugurado. (MILTON, 1900, p. 5) Milton se destacava por ser um defensor da República nos quadros do IHGB. É interessante notar como ele tentava reconciliar a memória da monarquia com a realidade republicana. Os dois regimes, a seu tempo, teriam sido importantes para consolidar a “civilização brasileira”, tendo inclusive enfrentado os mesmos percalços. Não é à toa que vemos o autor usar o termo “lutas fratricidas” para definir a Guerra de Canudos, a mesma terminologia utilizada por Januário da Cunha Barbosa e Martius nos textos de fundação do IHGB para referir-se às rebeliões regenciais. Tanto a monarquia como a República tiveram de lidar com “sentimentos dos partidos” e “interesses particulares” que colocavam em risco a unidade da pátria. A culpa pela instabilidade, portanto, não seria da República, e sim do retorno dessa “tendência revolucionária”. Caberia ao instituto fazer sob a égide da República o mesmo que tinha feito nos anos de fundação da monarquia: colaborar para a pacificação do país por meio da escrita da história nacional. Em reunião realizada no início de 1890, ainda no calor do golpe militar republicano, José Alexandre de Teixeira Melo fez o seguinte discurso: Senhores. - Achamo-nos em um campo neutro, em que não entra a política com as suas tergiversações e sutilezas. Lá fora esbravejade noite e de dia o ruído dos interesses desencontrados e antagonistas; [...] o patriotismo, que é santo e nobre, encarado por prismas diversos. Aqui o silêncio de que medito; a paz e a 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 56/64 serenidade de ânimo do que se afadiga por honrar o renome nacional, zelando o renome de seus filhos ilustres e arquivando os fatos memoráveis da história pátria. (MELLO, 1890, p. 561) Não caberia ao instituto, em suma, tomar parte nos conflitos políticos. A neutralidade era a postura que o IHGB deveria assumir como órgão de Estado, sendo um espaço de pacificação e serenidade, duas condições consideradas indispensáveis para “arquivar os fatos memoráveis da história pátria”. Ainda que essa posição mais contida tenha sido a dominante, também houve sócios que defendiam a República de forma explícita, atacando a monarquia. O caso mais emblemático foi o de Tristão de Alencar, que se dedicou a narrar um passado para a República. Sabemos que os ânimos aferrados a ideias monárquicas inculcam a crença de que a República de 15 de novembro de 1889 foi um ato de surpresa para o espírito público, e de violência para a maioria da nação. Semelhante opinião, porém, só poderia originar-se de falsa apreciação dos fatos da nossa história, ou da ignorância deles, no propósito de desacreditar a causa democrática recentemente triunfante. [...] Basta, porém, ligeiro exame retrospectivo dos acontecimentos da nossa história para reconhecer nessa revolução a consagração formal das aspirações nacionais, sempre reveladas e proclamadas desde os tempos 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 57/64 coloniais. Éramos colônias e cedo começamos a lutar pela independência da pátria e pela República. (ARARIPE, 1897, p. 399) Na historicidade republicana produzida por Araripe, o 15 de novembro não era tratado como um “acidente da história” nem como um pronunciamento militar. Segundo o autor (que ocupou cargos no governo republicano), tratava-se da reconciliação do Brasil com sua “vocação americana”. No Brasil, a monarquia era criticada, sendo chamada de “planta exótica” ou “regime de privilégios”, o que fez com que não raro Araripe tenha sido confrontado por seus colegas nas reuniões de instituto. Tais conflitos e disputas demonstram como a Proclamação da República abriu outro horizonte para o instituto histórico fundado pela monarquia. Atividade discursiva É possível dizer que o evento “Proclamação da República” foi recebido dentro do IHGB de diferentes formas, ainda que uma delas tenha sido dominante. Escreva sobre isso. Digite sua resposta aqui Chave de resposta Sua resposta precisa indicar que a recepção hegemônica da Proclamação da República dentro do IHGB se deu na perspectiva da ausência e da saudade, ambas simbolizadas pela cadeira vazia onde o imperador costumava se sentar. No entanto, houve 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 58/64 também uma recepção entusiasmada, que tratou a República como um fato consumado e legitimado por uma série de processos históricos que remetiam ao século XVIII e à figura de Tiradentes. A República e o IHGB O professor Rodrigo Perez finaliza sua análise sobre os principais pontos vistos neste estudo. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 59/64 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A Proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro de 1889, impôs desafios institucionais ao IHGB. Qual das alternativas abaixo justifica essa afirmação? A Como a Proclamação da República aboliu a escravidão e realizou a reforma agrária, ela contrariou os interesses dos sócios do IHGB, quase todos proprietários de terras e escravos. B Como a Proclamação da República fragmentou o território nacional, isso contrariou os interesses do IHGB, que defendia a unidade territorial. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 60/64 Parabéns! A alternativa D está correta. Desde a sua fundação, o IHGB era um órgão do Estado monárquico. Por isso, a Proclamação da República obviamente comprometeu esse alinhamento do ideológico do instituto. Questão 2 Assinale a alternativa que define da melhor forma o primeiro impacto da Proclamação da República entre os sócios do IHGB. C Como a Proclamação da República aboliu o capitalismo e instituiu o comunismo no Brasil, ela contrariou os interesses dos sócios do IHGB, quase todos membros da alta burguesia brasileira. D Como a Proclamação da República aboliu a monarquia, isso criou constrangimentos para o IHGB, que, desde a sua fundação, tinha vínculos umbilicais com o regime derrubado em novembro de 1889. E Como a Proclamação da República instituiu as universidades no Brasil, isso contrariou os interesses do IHGB, que era um grêmio letrado com socialização de Antigo Regime. A O primeiro impacto da Proclamação da República no IHGB foi marcado pela proposta da restauração monárquica, já que os membros do instituto se engajaram na lutar armada restauradora. B O primeiro impacto da Proclamação da República no IHGB foi marcado pelo signo da ausência, não exatamente da monarquia, e sim do imperador, reconhecido como protetor das letras. C O primeiro impacto da Proclamação da República no IHGB foi marcado pela defesa da instituição de 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 61/64 Parabéns! A alternativa B está correta. O signo da ausência marcou a primeira recepção do IHGB em relação à Proclamação da República. Ausência não diretamente da monarquia, e sim do monarca. Considerações �nais Neste conteúdo, nos dedicamos a estudar a história do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), uma das mais importantes associações da história intelectual brasileira. Vinculado institucionalmente à monarquia durante grande parte do século XIX, o IHGB funcionou como um órgão de Estado. Seus trabalhos, nesse sentido, tinham dimensão de missão oficial. No momento em que sequer seria possível falar em “Brasil” tal como hoje entendemos o termo, o IHGB mostrou-se estratégico, o que revela como as suas duas áreas de interesse eram fundamentais para a consolidar a existência do Estado nacional como aparelho de poder soberano. No estudo da história, buscava-se desenhar um passado único capaz de legitimar a nação como uma comunidade única e indivisa, algo muito importante em meio às revoltas regenciais. Já no estudo da geografia, o interesse era delimitar as fronteiras, isto é, o território sob a jurisdição do Estado-nação. uma República popular comprometida com a causa da reforma agrária. D O primeiro impacto da Proclamação da República no IHGB foi marcado pela defesa do alinhamento com a Argentina, então a mais importante República do mundo. E O primeiro impacto da Proclamação da República no IHGB foi marcado pela defesa da retomada dos vínculos coloniais com Portugal. 22/04/2024, 14:48 O IHGB e o projeto de uma história nacional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04407/index.html?brand=estacio# 62/64 Vimos também que o tempo passou e que o próprio IHGB foi se transformando à luz das mudanças na sociedade e na política brasileira. Afinal, quando a monarquia caiu, já havia no instituto vozes dispostas a acolher a República, desenvolvendo uma historicidade adequada àquela nova situação política. Permanecia, contudo, a tentativa de continuar sendo um órgão
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