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ENGENHARIA ECONÔMICA João Guterres de Mattos Fluxo de caixa: diagrama e período de capitalização Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar os conceitos de fluxo de caixa. � Diferenciar entradas e saídas do diagrama do fluxo de caixa. � Comparar períodos de capitalização. Introdução Todas as principais técnicas de análise de investimento se baseiam no conceito de fluxo de caixa, o que justifica a necessidade de aprendermos bem esse método. O fluxo de caixa, em linhas gerais, nada mais é do que uma projeção (estimativa) de ganhos ou perdas futuras e possui uma representação gráfica simples e objetiva. Bem, chegou o momento de começar a aprofundar esses conceitos. Neste texto, você vai estudar o conceito de fluxo de caixa, sua notação e o período de capitalização. Conceitos de fluxo de caixa O fluxo de caixa representa uma ferramenta de gestão financeira que realiza projeções futuras de toda entrada e saída de recursos ao longo de um deter- minado período, apontando, assim, como será o saldo de caixa para o período que foi projetado. É possível ter fluxo de caixa de entidades, de investimentos, de projetos, de operações financeiras e outros. Trata-se de um instrumento fácil de ser elaborado por empresas que pos- suem bons e organizados controles financeiros, devendo ser utilizado para monitorar as finanças e, também, auxiliar na tomada de decisão. O fluxo de caixa é de uma estrutura maleável, na qual a empresa vai incluir informações referentes a entradas e saídas de acordo com a sua necessidade. Por meio do fluxo de caixa, a empresa pode desenvolver a estrutura geren- cial dos resultados, a análise de sensibilidade, realizar os cálculos relativos à rentabilidade, lucratividade, o ponto de equilíbrio e os prazos referentes ao retorno de investimentos. A sua finalidade é analisar a posição financeira da empresa mediante à análise, e adquirir uma resposta transparente sobre as expectativas de êxito do investimento e da etapa atual da empresa. O Quadro 1 apresenta uma situação simples de fluxo de caixa de uma conta corrente de uma empresa. Fonte: Adaptada de Di Agustini e Zelmanovits (2008, p. 23). Data Depósitos Data Saques 01 1.000,00 - - 10 2.700,00 08 2.200,00 12 1.420,00 11 5.000,00 20 10.000,00 18 1.600,00 25 1.400,00 20 5.000,00 Quadro 1. Fluxo de caixa. Com as informações apresentadas no Quadro 1, observe a movimentação do fluxo de caixa representada graficamente na Figura 1. Figura 1. Fluxo de caixa. Fonte: Adaptada de Di Agustini e Zelmanovits(2008, p. 24). Engenharia econômica2 O gráfico apresenta o f luxo de caixa, em que o eixo horizontal repre- senta o tempo, dividido em períodos por dia, meses, bimestre, trimestre, semestre, ano, etc, apontado da esquerda para a direita. Todos os pontos se referem a itens futuros relativos ao ponto zero. Os valores auferidos mediante ao depósito representam entrada de caixa e são evidenciados por setas que apontam para cima. Os valores referentes a saques correspondem às saídas de caixa e são indicados pelas setas que apontam para baixo. Elaboração do diagrama de fluxo de caixa O diagrama do fluxo de caixa representa um instrumento didático que evidencia a movimentação de empréstimos, aplicação de recursos, investimentos, entre outros que foram efetuados em regime de caixa conforme um período de tempo. Por intermédio do diagrama de fluxo de caixa, é possível verificar as entradas e as saídas de recursos, demonstrando os eventos ocorridos, como empréstimos e investimentos, por exemplo. É uma aplicação útil para o dia- grama de fluxo de caixa a orientação referente à utilização e à resolução de dificuldades na esfera de calculadoras financeiras e também de softwares que auxiliam no processo decisório. O diagrama do fluxo de caixa apresentado na Figura 2 define uma linha de tempo em que constam os dias, meses, anos, entre outros, conforme a periodicidade de pagamentos e recebimentos em regime de caixa. As setas que apontam para cima indicam os recebimentos e as setas que apontam para baixo representam os pagamentos. Figura 2. Diagrama do fluxo de caixa. Fonte: Adaptada de Di Agustini e Zelmanovits (2008, p. 23). A Figura 3 demonstra dois diagramas de fluxo de caixa, um do tomador e outro do financiador. 3Fluxo de caixa: diagrama e período de capitalização Figura 3. Diagrama do fluxo de caixa. Fonte: Adaptada de Wakamatsu (2012, p. 59). Períodos de capitalização O período de capitalização se refere aos juros calculados no término de um determinado período.Um período de capitalização corresponde a cada um dos períodos de tempo iguais e contínuos, que podem ser divididos pelo tempo determinado de aplicação de um investimento. O pagamento de juros está disposto após cada período de capitalização. Para que você tenha um melhor entendimento, acompanhe o exemplo: Um depósito que possui prazo de 12 meses para ser aplicado e que realiza o pagamento de juros ao trimestre, tem quatro períodos de capitalização, com dura- ção de três meses cada. Dessa forma, são realizados quatro pagamentos de juros. Outro exemplo se refere a um depósito similar, porém no qual o juro é pago somente uma vez e no término da aplicação, possui um único período de capitalização, que é igual ao prazo de aplicação de 12 meses. O número de períodos de capitalização geralmente é demonstrado por meio de fórmulas financeiras e corresponde ao símbolo “n”. Engenharia econômica4 O período de capitalização corresponde ao período durante o qual é somado ao valor de um título o total referente aos seus rendimentos. Nesse espaço de tempo não ocorre nenhum pagamento de rendimentos pelo título. Em tempos de uma economia inflacionária, sugere-se o uso de capitalização composta, já que a capitalização simples gera distorções até mesmo em curto prazo. Observe o seguinte exemplo. O montante composto pode ser calculado por meio de juros simples. Para isso, aplica-se a fórmula de juros simples sobre o capital inicial no primeiro período e, nos demais períodos, aplica-se a fórmula dos juros simples sobre o montante resultante do período imediatamente anterior. No entanto, pode- mos calcular o montante composto aplicando a fórmula de juros compostos diretamente sobre o período de capitalização total. O montante é gerado por um capital de R$ 1.000,00, que foi aplicado a juros compostos de 10% a.m., sendo capitalizado ao mês pelo período de três meses. É relevante verificar a periodicidade da capitalização, que, na situação apresentada, ocorre mês a mês, já que foi apresentado que é capitalizado mensalmente. O regime de capitalização de juros compostos afirma que os juros serão somados ao capital que os originou, cumulativamente. Logo: C = 1.000,00 i = 10% a.m. = 0,1 a.m. n = 3 meses Veja, a seguir, como fica a resolução do exemplo calculando o montante por meio da fórmula dos juros simples: M = C · (1 + i). Lembre-se de que, quando calculamos uma capitalização composta por meio da fórmula de juros simples, o capital do segundo período em diante passa a ser o montante do período anterior, pois, na capitalização composta, os juros são cumulativos (juros sobre juros). Montante posterior ao primeiro período de capitalização, ou seja, no 1º mês: M1 = C · (1 + 0,1) M1 = 1.000,00 · (1 + 0,1) M1 = 1.100,00 5Fluxo de caixa: diagrama e período de capitalização Montante posterior ao segundo período de capitalização (2º mês): M2 = M1 · (1 + 0,1) M2 = 1.100,00 · (1 + 0,1), que é equivalente a 1.000 · (1 + 0,1) · (1 + 0,1) M2 = 1.210,00 Montante posterior ao terceiro período de capitalização (3º mês): M3 = M2 · (1 + 0,1) M3 = 1.210,00 · (1 + 0,1), que é equivalente a 1.000 · (1 + 0,1) · (1 + 0,1) · (1 + 0,1) M3 = 1.331,00 A partir desse exemplo, é possível analisar que o fator (1 + i) varia conforme a quantidade de período de capitalização. Assim, se tivermos “n” períodos, é possível calcular o montante por meio da fórmula de juroscompostos direta- mente, aplicando a fórmula sobre o número total de períodos de capitalização, conforme a fórmula a seguir: M = C · (1 + i)n M = 1.000,00 · (1 + 0,1)3 M = 1.331,00 Essa última é a forma mais utilizada e direta de calcular uma capitalização composta. Engenharia econômica6 DI AGUSTINI, C. A.; ZELMANOVITS, N. S. Matemática aplicada à gestão de negócios. Rio de Janeiro: FGV, 2008. WAKAMATSU, A. Matemática financeira: estudo e ensino. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. Leituras recomendadas BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. A matemática das finanças: com aplicações na Hp12c e Excel. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CASTANHEIRA, N. P. Noções básicas de matemática comercial e financeira. Curitiba: InterSaberes, 2012. CASTANHEIRA, N. P.; MACEDO, L. R. D. de. Matemática financeira aplicada. Curitiba: InterSaberes, 2012. DAL ZOT, W.; CASTRO, M. L. Matemática financeira: fundamentos e aplicações. Porto Alegre: Bookman, 2015. PUCCINI, A. L. Matemática financeira: objetiva e aplicada. 9. ed. Rio de Janeiro: Else- vier - Campus, 2011. SAMANEZ, C. P. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 2010. TOSI, A. J. Matemática financeira: com utilização da Hp-12C. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Engenharia econômica8
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