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Saúde Coletiva 1 História da Saúde Pública no Brasil Ainda no Brasil Colônia, se tinha as Santas Casas e surgem os Hospitais Militares restritos apenas a uma determinada população. Para a grande população, constituída principalmente por escravos, a saúde era baseada na Medicina Popular. Agentes Oficiais de Cura Naquela época, haviam três principais formações em Portugal que eram direito, engenharia e medicina. O médico era chamado de Físico (com essa nomenclatura sempre tinham alguma formação que permitia que eles exercessem a medicina). Eles podiam atender qualquer um nas Santas Casas ou Hospitais Militares, porém eram empregados do Rei para atender à nobreza em sua casa. Se eles atendiam a população em geral era por caridade (1ª lógica de saúde no Brasil = Lógica da Caridade) Físico É o médico clínico formado na Universidade de Coimbra com 4 anos de estudo. Era autorizado a exercer a medicina oficial para a Coroa (fazia uma prova no final do curso para poder exercer sua função), prescrevia medicamentos internos, aplicava sangrias e purgas. Ocupava uma posição privilegiada no interior da arte médica por ser considerado “sábio” Cirurgião É aquele que recebia ensino prático junto de um físico ou outro cirurgião. Às vezes frequentava aulas de cirurgia que duravam 2 anos. Tinha licença para atuar na cirurgia e, na ausência de um físico, podia exercer a clínica. Na escala da arte médica, era indigno e servil por ser alguém que curava fratura e tumores sob prescrição médica. Mesmo que tivesse que possuir um bom raciocínio, por exercer um trabalho manual/ prático era considerado indigno ou inferior ao físico. *Profissão manual era menos nobre que uma intelectual Boticário É o profissional que manipulava os medicamentos prescritos por médicos ou cirurgiões (era quase um farmacêutico). Aprendia seu ofício acompanhando outros boticários ou em aulas na Universidade de Coimbra *Na ausência de um físico e um cirurgião, o boticário poderia receber permissão para exercer a clínica Agentes Não-oficiais de Cura Como na colônia haviam poucos médicos e cirurgiões, uma vez que eles teriam que abandonar suas famílias em Portugal para vir servir a Coroa ganhando pouco, a maioria dos agentes de cura eram os não-oficiais (os benzedeiros também se encontravam numa quantidade razoável) Barbeiro-sangrador/ Cirurgião-barbeiro É o indivíduo que aplicava ventosas, sangrias, lancetava ferimentos e aplicava bichas (sanguessugas), além de cortar o cabelo e fazer barba. Eram brancos ou negros, pobres (sem dinheiro para estudar em Coimbra) e que aprendiam o ofício por meio da observação cotidiana (eram muito curiosos) pois eram interessados na medicina. Pode ser visto como um médico prático (ou um auxiliar de cirurgia) que aprendeu observando físicos, cirurgiões e boticários. Ele não tinha um conhecimento teórico, apenas prático. Eram escolhidos pois eles tinham habilidades com navalhas (e bisturis consequentemente), habilidades manuais. Eles atendiam a população quando nenhum dos agentes oficiais estavam disponíveis Enfermeiro Era um homem livre, pobre, alforriado ou um escravo escolhido por seu dono por ser inteligente na arte do cuidado, por ser cuidadoso com os enfermos. Eles não precisavam ter noção da arte médica, deviam apenas atender as recomendações de médicos e cirurgiões Podiam atender sua família e amigos, continuavam tratamentos mais do que prescrever Curandeiro, Benzedeiro, Parteira e Curiosos São aqueles que praticavam a terapêutica popular sincrética. Usavam amuletos, poções, garrafadas e unguentos para a cura A grande massa da população contava com eles. Eram solicitados quando nenhum dos anteriores estavam disponíveis. . Brasil Imperial (1808-1889) Napoleão (França) tinha um sonho imperialista de conquistar todo o território europeu e ser a grande potência mundial. Nessa época a Inglaterra era uma potência marítima enquanto a França era uma potência terrestre. Por ser um ponto estratégico para ambas as potências, Portugal era cobiçada. Dom João (Portugal) demonstrava apoio por ambas as potências até que foram pressionados por Napoleão a demonstrar apoio somente a ele, do contrário eles invadiriam Portugal. Dom João planejou fugir para o Brasil caso Portugal fosse invadida. Quando isso aconteceu, a família real portuguesa foge para a colônia brasileira. Em 1808 se tem a chegada da família real, o que desencadeou muitos avanços na medicina no Brasil. A partir desse momento, o Brasil começa a ser melhorado. Os benefícios que a chegada da família real no Brasil trouxe para a saúde foram 3: Há a criação da Polícia Médica a fim de se combater doenças pestilenciais (tinha um viés social) há o início da organização sanitária (água, lixo e esgoto passar a ser tratados da maneira adequada) e há a fundação da 1ª Faculdade de Medicina (na Bahia) que marca o início da formação médica no Brasil (isso foi necessário pois com a chegada dos filhos dos nobre, as profissões nobres deveriam continuar a existir) República Velha (1889-1930) ●Entre 1903 e 1909, a saúde era considerada uma vergonha nacional. Era marcada por doenças pestilenciais como febre amarela, tuberculose, hanseníase, cólera, etc. Nesse momento, o mais brilhante sanitarista local na época, Oswaldo Cruz (era médico), é convocado e nomeado por Rodrigues Alves, diretor de Saúde Pública. Ele inicia, então, campanhas de cunho militar (policialesca) para o combate de doenças, principalmente a febre amarela. Tudo isso foi necessário pois a imagem do Brasil como um país pestilencioso o prejudicou economicamente *Oswaldo Cruz praticava uma Política Campanhista. Ele realizou grandes mudanças na cidade do Rio de Janeiro Como as ações não tinham um cunho educativo, geravam muita revolta na população. O auge foi em 1904. ●Em 1904 ocorreu a introdução da vacinação obrigatória contra a varíola, a qual culminou o levante popular denominado “Revolta da Vacina”. Nessa época, as vacinas deviam causar muitos efeitos colaterais e ser pouco eficazes, por isso muitos que tomavam vacinas adoeciam mais ainda ou morriam. É instalado então, no imaginário coletivo, a ideia de que vacinas eram feitas para matar a população (principalmente pobres e idosos) *Oswaldo Cruz conseguiu reduzir a incidência da febre amarela e da varíola, porém ele se desgastou tanto que resolveu abandonar seu cargo Pode se dizer, então, que a crença persistente de vários idosos de que as vacinas não são boas vem desse incidente, a campanha obrigatória de vacina contra a varíola, sem viés educativo instituída no início do século XX no Rio de Janeiro pelo médico Oswaldo Cruz. Isso gerou o levante popular chamado de “A revolta da vacina”. A população via a vacina como um meio governamental para acabar com a população pobre e idosa. ●Em 1918 Carlos Chagas é recrutado para combater a epidemia de gripe espanhola (peste negra) no Rio de Janeiro. Em 1919 assume a direção da Saúde Pública e inicia campanhas de combate a doenças COM viés educativo (começa a educação sanitária). Pelo seu viés, se mostrou mais efetivo tendo resultados melhores com menos revoltas ●Em 1880 houve um aumento muito grande da imigração europeia para o Brasil. Eles começam a ser a grande massa de trabalhadores no Brasil. O “problema” disso é que eles não querem trabalhar e receber apenas seu salário. Proteção social, saúde, aposentadoria, etc. também são solicitados Esses imigrantes chegam no Brasil com a consciência de que se pressionar o governo, suas petições acerca da proteção social poderiam ser atendidas. Começa então a ameaça de uma grande Greve Geral principalmente entre os ferroviários (eram os trabalhadores mais importantes da época) O governo se preocupa com a situação e o deputado Eloy Chaves pressiona o governo para fazer algo antes que o pior aconteça. A resposta do governo à pressão social e ao amparo de Eloy é a criação da primeira lei previdenciária do Brasil, a “Lei Eloy Chaves”em 1923 que cria as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) que, a princípio, eram somente para os ferroviários *A Lei Eloy Chaves marca o início da medicina previdenciária no Brasil CAPs Eram organizadas por instituições ou empresa, seu financiamento e gestão eram feitas pelo trabalhador e pelo empregador. Forneciam serviço funerário, socorro médico e medicamentos com preços especiais para o trabalhador e sua família. Forneciam assistência por acidentes de trabalho, assistência médica, aposentadoria e pensão para os trabalhadores
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