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e-Tec Brasil29 Aula 4 – Principais enfermidades na piscicultura II Nesta aula continuaremos a falar das enfermidades que podem afetar a piscicultura. Estar atento aos sinais clínicos é fundamen- tal para mantermos a qualidade de nossos cultivos. 4.1 Enfermidades causadas por parasitas Os peixes são passíveis de serem infectados por numerosas espécies de parasitas que podem estar presentes tanto na superfície corporal (ectoparasitas) como nos órgãos internas (endoparasitas). Podem ter ou não especificidade parasitaria. Algumas características do cultivo como altas densidades populacionais, tipo de alimentação, degradação da qualidade da água, manuseio dos exemplares, provocam o estresse dos animais cultivados tornando-os mais susceptíveis a infestações e infecções parasitárias. 4.1.1 Parasitose por protozoário Ichthyophthirius multifiliis Ichthyophthirius multifiliis é um importante ectoparasita do grupo dos cilióforos e se localiza na pele e nas brânquias dos peixes. Trata-se de um protozoário ou parasita responsável pelos maiores prejuízos mundiais no que se refere ao manejo nas pisciculturas de água doce. Causa uma doença chamada de ictiofitiríase ou “doença dos pontos brancos”, são chamados comumente de íctio. O corpo do parasita, quando adulto, é arredondado e envolvido por cílios, apresentando no seu interior um grande macronúcleo em forma de ferradura. O ciclo de vida pode ser dividido em quatro fases, sendo duas delas livre no ambiente, nas fases parasitárias alojam-se entre a epiderme e a derme, causando a doença. Como reconhecer esta doença? A presença do parasita é caracterizada pela formação de pequenos pontos brancos na superfície da pele e brânquias dos peixes infestados. Os animais reagem à irritação provocada pelo parasita, esfregando-se nas paredes e no fundo dos viveiros (flushing) que é um comportamento bastante característico. Permanecer próximo à superfície como se estivessem em busca de ar, anorexia e emagrecimento, também são sinais da doença. Figura 4.1: Caracterização visual da enfermidade “doença dos pontos brancos”, agente causador Ichthyophthirius multifiliis Fonte: http://www.bio-peixe.com 4.1.2 Parasitose por protozoário Piscinoodinium pillulare É um parasita obrigatório e não tem especificidade parasitária, invade o tegumento e brânquias dos hospedeiros. Fixam-se às células epiteliais do hospedeiro através de prolongamentos em forma de raiz, os rizocistos e provocam alterações estruturais e morte dessas células. A ocorrência dessa parasitose tem coincidido com superpopulação, excesso de matéria orgânica e alterações na temperatura. Podendo ou não vir associado a outros parasitos. O ciclo de vida é bastante parecido com I. multifilis. Após atingir a maturação, o protozoário se destaca do hospedeiro e se transforma num cisto esférico oval. Segue-se um conjunto de divisões que originam um número de células filhas, flageladas, móveis, muito menores que a célula mãe, e que constituem o estado infeccioso, deslocando-se ativamente à procura de um hospedeiro. Como reconhecer esta doença? Não há sinais clínicos específicos, os hospedeiros podem revelar sinais de desconforto, movimentos operculares intensos, sinais clínicos de asfixia e perda de peso. 4.1.3 Parasitose por protozoário Tricodinídeo São protozoários ciliados encontrados frequentemente na superfície dos peixes. A face que fica em contato com o hospedeiro apresenta uma formação em disco, formado por estruturas esqueléticas dispostas em círculo, os dentículos. Ao microscópio podem-se visualizar facilmente os dentículos e seu movimento rotatório. São organismos que podem estar normalmente presentes no tanque de cultivo, mas proliferam em águas com excesso de material em decomposição. Manejo e Sanidade no Cultivoe-Tec Brasil 30 Os peixes parasitados apresentam-se debilitados, nadam na superfície da água e podem apresentar hemorragias. Ocorre excessiva produção de muco, que tende a formar um delgado filme esbranquiçado sobre o corpo do peixe. As lesões provocadas são alguns pontos hemorrágicos e desintegração do epitélio, frequentemente dando margem a infecções secundárias por fungos e bactérias. Figura 4.2: Tricodina sp Fonte: Acervo Laboratório AQUOS, Sanidade de Organismos Aquáticos, UFSC. Resumo Nesta aula aprendemos mais um pouco sobre principais doenças que acometem os peixes. Verificamos também que os peixes podem ser afetados por protozoários. Os principais causadores de problemas nas pisciculturas são: Ichthyophthirius multifiliis, tricodinídeos e Piscinoodinium pillulare. Alguns sinais clínicos são observados como hemorragia, natação na superfície, emagrecimento, estando os peixes sujeitos às infecções secundárias por bactérias. Atividades de aprendizagem • Pesquise sobre mais alguns protozoários e fungos que podem atacar os animais de cultivo e descreva-os aqui. e-Tec BrasilAula 4 – Principais enfermidades na piscicultura II 31