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TCC Autismo

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UNIVERSIDADE DE ARARAQUARA - UNIARA
BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL
RITA DE CÁSSIA COSTA CARLI 
AUTISMO: UM OLHAR DIFERENTE PARA O MUNDO 
ARARAQUARA – SÃO PAULO
2022
RITA DE CÁSSIA COSTA CARLI
AUTISMO: UM OLHAR DIFERENTE PARA O MUNDO 
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social pela Universidade de Araraquara – UNIARA.
Orientador(a): Profª. Natália Ferrari Vendroni
ARARAQUARA – SÃO PAULO
2022
DECLARAÇÃO 
Eu, Rita de Cássia Costa Carli, declaro ser autora do texto apresentado como monografia de Bacharelado com o título AUTISMO: UM OLHAR DIFERENTE PARA O MUNDO. Afirmo também ter seguido as normas da ABNT referente às citações textuais que utilizei e das quais eu não sou autora, dessa forma, creditando a autoria a seus verdadeiros autores.
Através dessa declaração dou ciência de minha responsabilidade sobre o texto apresentado e assumo qualquer responsabilidade por eventuais problemas legais no tocante aos direitos autorais e originalidade do texto. 
Rita de Cássia Costa Carli, 30 de Março de 2022
FOLHA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia foi examinada, nesta data, pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:
__________________________________
Profª. Natália Ferrari Vendroni
Prof.(a) Orientador(a)
___________________________________
1º Examinador(a)
___________________________________
2º Examinador(a)
Média: Data____/____/______
Dedico esta monografia à...
agradecimentos
Sumário
INTRODUÇÃO	10
1.	O que é violência doméstica contra a mulher?	12
1.1	Uma visão geral sobre violência doméstica contra a mulher	12
1.2	Tipos de Violência Doméstica contra a mulher	12
1.3	Violência contra a mulher no Brasil	14
1.3.1	Dados Oficiais de violência doméstica no Brasil durante a pandemia do COVID-19	14
2.	VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER	18
2.1	Relatos de vítimas da violência psicológica	19
2.2	Características dos agressores	21
3.	O PAPEL DO Serviço Social frente à violência doméstica psicológica	25
3.1	Rede de Atendimento a mulheres em situação de violência doméstica	27
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS	29
REFERÊNCIAS	30
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar a realidade vivenciada por mulheres que sofrem violência psicológica e suas consequências. Sabemos que a violência contra a mulher se expressa sob várias formas na vida social. Há diferentes entendimentos sobre a questão da violência contra a mulher: violência conjugal, que ocorre entre o casal; a violência doméstica que ocorre no ambiente doméstico da convivência familiar; e a violência de gênero reforçada por valores patriarcais.
A violência assume outras dimensões onde o medo, a vergonha, os traumas psíquicos dentre outros sentimentos que são resultados de espancamentos ou mesmo de violência verbal, sendo a última a situação mais difícil de ser medida. 
Pretende-se neste trabalho realizar uma análise sociológica sobre a violência contra a mulher. O estudo deste tema justifica-se pela necessidade de conscientização da sociedade em geral, para romper preconceitos enraizados culturalmente na ideologia patriarcal alimentada por estereótipos. Respaldado ideologicamente pela sociedade, o homem tem permissão para agredir sua esposa, namorada ou companheira. 
A violência sofrida pela mulher é tema de interesse da sociologia, por afetar todo o desenvolvimento nas relações pessoais na sociedade, assim, causa prejuízo à sociedade, às futuras gerações, deixando traços de violência. Assim, reconhecer que a violência contra a mulher constitui uma violação aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, que limita total ou parcialmente o reconhecimento, gozo e exercício de tais direitos e liberdades.
O trabalho está dividido em três partes. No primeiro capítulo, intitulado “O que é violência doméstica?”, procuramos apresentar o significado da violência doméstica e os tipos de violência doméstica com base na Lei Maria da Penha Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V. 
No segundo capítulo, abordaremos sobre a violência doméstica psicológica contra a mulher, com base em alguns autores do tema. Iremos apresentar relatos de vítimas e a caracterização do agressor e os fatores que desencadeiam o ato da violência. 
No último capítulo, apresentaremos sobre o papel do Serviço Social frente à violência doméstica psicológica e a proposta do mesmo no combate e prevenção contra esse tipo de agressão bem como no apoio às vitimas. 
31
O que é violência doméstica contra a mulher?
Uma visão geral sobre violência doméstica contra a mulher
A violência doméstica existe desde os primórdios da humanidade. No entanto, a violência doméstica contra a mulher, apesar de sua intensificação com o decorrer dos anos, ela tem ganhado respaldo jurídico onde a mulher tem direitos garantidos quanto a sua segurança. 
Entretanto, quando falamos ou ouvimos sobre violência doméstica a relacionamos exclusivamente com agressão física. A violência doméstica contra a mulher vai muito além da agressão física, ela possui vários âmbitos onde a vítima sofre abuso mesmo sem ser agredida fisicamente, levando a mesma a obter traumas psicológicos muitas vezes grave, necessitando de ajuda profissional das áreas de Serviço Social e Psicologia. No entanto, sabemos que muitas vítimas se calam diante de tal situação, fazendo com que o quadro se intensifique e se agrave. 
Tipos de Violência Doméstica contra a mulher
Com base na Lei Maria da Penha - Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V, existem cinco tipos de violência doméstica: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. De acordo com a Lei Maria da Penha, essas formas de agressão tem consequências graves para a mulher e esse ato viola os direitos humanos, devendo assim ser denunciado. 
Definição dos cinco tipos de violência doméstica, com base na Lei Maria da Penha à cima citado:
1. Violência Física: comportamento agressivo que fere a integridade física ou corporal da mulher. 
Características: espancamento, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, estrangulamento ou sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo e tortura.
2. Violência Psicológica: é qualquer comportamento que cause dano emocional e diminuição da autoestima da vítima.
Características: ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento (proibições), vigilância constante, perseguição, insultos, chantagem, exploração, limite do direito de ir e vir, ridicularização, tirar a liberdade de crença, distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvidas sobre sua memória e sanidade. 
3. Violência Sexual: é considerada qualquer conduta constranja a manter, presenciar ou participar de relação sexual onde não há desejo por parte da mulher, mediante o uso da força ou ameaça.
Características: estupro, obrigar a mulher a atos sexuais, impedir métodos contraceptivos ou obrigar a mulher a abortar, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de manipulação ou ameaças.
4. Violência Patrimonial: qualquer conduta que configure a retenção, subtração, destruição dos objetos, bens, documentos, instrumentos de trabalho, direitos e recursos econômicos, incluindo a vítima a satisfazer suas necessidades.
Características: controlar o dinheiro, não pagar pensão alimentícia, destruição dos documentos pessoais, furto, dano, extorsão, estelionato, causar danos a objetos pessoais da mulher ou dos quais ela tem apego, privar de bens, valores ou recursos econômicos.
5. Violência Moral: entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
Características: acusar a mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta dela, fazer críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir. 
A Lei Maria da Penha, art. 5ºda Lei 11.340 de 07 de agosto de 2006, evidencia claramente sobre os cinco tipos de violência doméstica contra a mulher e em síntese a violência doméstica é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
Todas elas levam a vítima a transtornos psicológicos, porém, neste artigo daremos prioridade à violência psicológica e moral. 
Violência contra a mulher no Brasil
De acordo com a ACNUDH (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos), o Brasil está em 5º lugar no feminicídio, perdendo assim apenas para os países: El Salvador, Rússia, Guatemala e Colômbia. Os dados mostram que entre 2015 a 2020 o número de homicídios dolosos contra a mulher tem crescido; em 2015 foram registradas 445 mortes e esse número foi crescendo significativamente em 2019, sendo um número de 1.314 mortes, em 2020 logo no primeiro semestre do ano houve 1.890 homicídios dolosos em mulheres sendo 648 feminicídios. 
Com o surgimento da pandemia que se iniciou em 2020, o aumento da violência doméstica contra a mulher aumentou 44,9%, o país registrou 105.821 denúncias de violência contra a mulher. O relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) informou que o total de socorros prestados passou de 6.775 para 9.817. 
Dados Oficiais de violência doméstica no Brasil durante a pandemia do COVID-19
O isolamento social devido à pandemia do COVID-19 teve um impacto significativo na vida de muitas mulheres. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) coletou dados de seis Estados do país, sendo: SÃO PAULO, PARÁ, RIO GRANDE DO SUL, RIO GRANDE NO NORTE, MATO GROSSO E ACRE.
Os dados registrados seguem abaixo:
 (
Tabela 
1
 
- Medidas Protetivas de Urgência
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
2
 - Ocorrências de violência doméstica - 190
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
3
 - Boletins de Ocorrência
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
4
 - Ameaça
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
5
 - Estupro e estupro de vulnerável
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
6
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
 (
Tabela 
7
 - Denúncias registradas no Ligue 180
)
 (
Fonte: 
https
://pt.wikipedia.org/wiki/Violência_doméstica_no_Brasil
)
Como mencionado anteriormente, o Brasil é o 5º país do mundo onde é demasiada a violência doméstica contra a mulher, no entanto, o Brasil possui leis de proteção à mulher e canais de apoio em funcionamento. 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER 
1 
Segundo o Instituto Maria da Penha, a violência psicológica é o ato do agressor insultar, humilhar, ameaçar, intimidar, causar medo na vítima, fazer críticas constantes, desvalorizar a mulher em público ou em privado, e exercer qualquer tipo de manipulação emocional.
A Lei Maria da Penha - Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006 - artigo 7º - parágrafo II diz:
 a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
A violência psicológica por não ser um ato onde a vítima não apresente ferimentos, hematomas tal como a violência física, a violência psicológica para muitos é entendida como uma violência leve ou de menos importância, entretanto, nenhuma agressão deve ser considerada leve, todas são graves e de alguma forma irá fomentar danos à vítima.
A agressão psicológica traz dados significativos, a mulher sente-se culpada, inferiorizada, intimidada, envergonhada e consequentemente é afeta pela depressão, portanto, a violência psicológica é tão grave como qualquer outra forma de violência. É importante salientar que a violência psicológica traz impactos não somente à vítima, mas também a todos de seu convívio familiar e social. A violência psicológica por estar na categoria de violência negligenciada muitas das vítimas não divulgam o fato ocorrido e por muitas vezes esconde-se por trás do alcoolismo, das drogas, da depressão e até do mesmo pode levá-las ao suicídio. Mediante ao silêncio da vítima, ela pode sofrer julgamentos por parte das pessoas de seu ciclo social por não obterem conhecimento da situação que a vítima vem enfrentando ao longo do tempo. 
Segundo Langley e Levy (1980), sempre há motivos para que as essas mulheres venham ocultar o ato de violência sofrida, os quais são esses os fatores principais:
· esperança que o agressor mude suas ações para melhores;
· dificuldades econômicas/dependência financeira; 
· autoimagem de fragilidade;
· a necessidade de apoio com os filhos;
· medo de ficar sozinha.
Esses são apenas alguns dos fatores, porém, há diversos fatores que impedem a mulher de tomar providências a respeito da situação, e desta forma, acabam por se tornarem submissas aos atos violentos do marido.
 
Relatos de vítimas da violência psicológica
Em uma campanha feita no Twitter pela escritora e artista americana Zahira Kelly e publicado no site “Agência Patrícia Galvão”, a fim de compartilhar sua experiência e debater o assunto sobre violência psicológica e abuso emocional, a escritora usou a hashtag #MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater), onde teve grande repercussão com relatos sofridos pelas mulheres.
Abaixo segue alguns dos tuítes com a hashtag #MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater):
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas não te deixa ir para casa ou encontrar seus amigos. (Akilah Hughes)
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas te compara com outras mulheres, critica seu corpo e diz constantemente que você não faz o suficiente por ele.(Iman A.)
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas diz que você deveria ser grata porque ele não te bate. (Audrey Honeydrone)
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas se certifica de que você saiba que é muito problemática/cheia de defeitos para ser desejada por outra pessoa.(Just Juanita)
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas em vez disso te isola e destroi todas suas relações platônicas, de modo que ele é tudo que te resta. (Nneka M. Okona)
#MaybeHeDoesntHitYou (ele pode não te bater)... mas grita com você mesmo que você não tenha feito nada de errado. (Rebekah-Lynn)
Por meio da convivência, Luciana Teodoro Fernandes, autora deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), presenciou desde sua infância a violência psicológica, onde o agressor era seu progenitor (pai) e a vítima sua progenitora (mãe). Através de seu relato sobre sua progenitora Maria Aparecida Teodoro, percebe-se o quanto a violência psicológica traz dor e sofrimento para a vítima e aos filhos, mesmo que a vítima nunca tenha apresentado marcas visíveis no corpo, no entanto, em seu interior ficam cicatrizes para o resto da vida. Abaixo segue a história da Maria.
 Uma dor invisível 
Maria Aparecida Teodoro, mãe de quatro filhos (três meninas e um menino), mulher dedicada, amorosa, trabalhadora e guerreira, ela merecia o tratamento de rainha, porém, sofreu injustamente a violência doméstica no âmbito psicológico, no entanto, ela sofreu calada por anos a fio, talvez por medo, por dependência financeira, já que ela não possuía estudos e nem uma profissão, suportou um casamento falido por amor aos filhos. 
Maria sofreu traições, humilhações e foi rechaçada pelo seu cônjuge. Fora proibida de trabalhar, cuidar dabeleza física, mesmo os cuidados básicos como fazer as unhas, cuidar dos cabelos, no uso de maquiagem, entre outras necessidades femininas. Maria viveu um casamento abusivo com um marido opressor e alcoólatra, ela teve de suportar seus os vícios calada, pois se resolvesse reclamar era confrontada pelo marido. 
Hoje, Maria com 62 anos sofre de fibromialgia e outros problemas emocionais por decorrência de seu passado conturbado, porém, muitas coisas mudaram, ela possui um laço emocional e de dependência com seu marido e já não sofre mais privações e humilhações. Vivem uma vida nova, porém, com sequelas ainda do passado. 
 
Características dos agressores
A violência doméstica ocorre em maior porcentagem contra mulheres, a mulher está mais suscetível a esta fatalidade, portanto, tem atingido milhares de mulheres, seja de qualquer raça, etnia, classe social e idade, porém, todo agressor tem um “motivo” para cometer tal agressão e as causas que os levam a cometer esse ato são múltiplas. 
Uma das causas normalmente vem do histórico familiar do agressor, exemplos adquiridos de machismo. Essa característica, o agressor presenciou na infância o pai a agir com severidade com a mãe e com o decorrer dos anos o exemplo de figura masculina foi associada à agressão, para mostrar autoridade, poder e dominação sobre a mulher. 
O ciúme é um dos fatores que levam a agressão. O homem ciumento e possessivo tem a necessidade de controlar a mulher em todas áreas: amizades, trabalho, dinheiro, locais para passeio; e quando encontram-se em uma situação onde o gatilho do ciúme foi ativado, ele age com agressão. No caso da violência psicológica o agressor não irá cometer agressão física, mas sim a agressão verbal e nesse tipo de agressão ele usa todas as armas disponíveis do seu léxico gramatical para humilhar a mulher, rebaixá-la, oprimi-la, inferiorizá-la no auge para ela venha a se sentir culpada.
Para Langley e Levy (1980), homens inseguros e com autoimagem vulnerável, tendem a serem ciumentos. O ciúme possessivo não é saudável, mas um destruidor de relacionamentos e com isso traz consequências sérias para a vítima.
Em qualquer tipo de violência doméstica contra a mulher, o alcoolismo também é um dos motivos mais pertinentes. Na violência psicológica o agressor alcoólatra ele agride com palavras de baixo calão e humilhações. Abaixo segue os dados da violência doméstica relacionada ao alcoolismo no Brasil:
 (
Figura 
1 – Dados da violência doméstica associada ao uso de álcool no Brasil
)
 (
Fonte: 
http://reporterunesp.jor.br/2017/06/28/o-vinculo-entre-o-uso-de-alcool-e-a-violencia-domestica/
)
As características dos agressores são múltiplas, porém, as citadas são as mais comuns, mas também temos outras como problemas mentais, idade, desemprego, personalidade e outras características. 
De acordo com a psicóloga norte-americana Lenore Walker, o agressor não está a todo momento agredindo, a violência possui um ciclo repetitivo de três fases, as quais são: 
· FASE 1: AUMENTO DA TENSÃO
· FASE 2: ATO DE VIOLÊNCIA
· FASE 3: ARREPENDIMENTO
 (
Figura 2- Ciclo da violência
 doméstica
)
 
Em síntese, na primeira fase o agressor está tenso e irritado, a vítima tenta acalmar o agressor e contornar a situação, no entanto, muito provavelmente esse transtorno seguirá para a fase 2. Na segunda fase o agressor perde o controle e toda tensão acumulada na fase 1 solidifica-se no ato da violência. Na fase 3, conhecida também como “lua de mel”, é caracterizada pelo arrependimento do agressor. Ele mostra-se calmo, amável e tenta a reconciliação, a mulher sente-se confusa, impotente, mas com esperança de mudanças, entretanto, esse ciclo é repetitivo na maioria dos casos. 
O PAPEL DO Serviço Social frente à violência doméstica psicológica
A profissão do Assistente Social é altruísta e humanitária, o bem-estar físico, psicológico e social do próximo é a essência dessa profissão. Sua função é acolher, ajudar a população com sensibilidade, responsabilidade e profissionalismo. 
IAMAMOTO, (1997, p. 14), define o objeto do Serviço Social da seguinte forma:
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. [...] ... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social”.
O Serviço Social intervém nas questões sociais que fazem parte da população que trabalha, e essa intervenção está associada com a economia, educação, saúde e a vários outros fatores.
A concepção da questão social no Serviço Social para CARVALHO e IAMAMOTO, (1983, p.77):
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”.
Segundo FALEIROS, (1997, P. 37):
“... a expressão questão social é tomada de forma muito genérica, embora seja usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, através de estratégias institucionais/relacionais próprias do próprio desenvolvimento das práticas do Serviço Social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto profissional, é preciso também qualificá-las para não colocar em pauta toda a heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o Serviço Social”.
O Serviço Social é essencial na prevenção, combate e apoio em situação de violência doméstica contra a mulher. O Assistente Social deve levar apoio a essas mulheres e realizar seu trabalho de modo que elas se sentirão seguras para confidenciar a esses profissionais sobre sua situação, destarte, o assistente social deverá encaminhar a vítima para atendimento psicológico e outros atendimentos onde a vítima sentir-se-á acolhida. Pormenorizando a questão social nos casos de violência doméstica psicológica, a intervenção feita pelo Assistente Social é realizada dentro de uma rede de atendimento. A rede de atendimento compõe-se de quatro setores: Saúde, Justiça, Segurança Pública e Assistência Social; essas redes são instituídas pela junção entre serviços e instituições para o estabelecimento das Leis e política nacional no enfrentamento à violência contra a mulher e no combate à violação dos direitos das mulheres.
A Lei Maria da Penha testifica em seu artigo 9º:
A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso (Brasil/Lei Maria da Penha11.340/2006). 
 
O Assistente Social é um profissional comprometido com a igualdade e justiça social, portanto, um dos papéis fundamentais desse profissional é orientar e informar a mulher, vítima de violência doméstica psicológica ou qualquer outro tipo de violência doméstica sobre seus direitos e estimular a vítima a denunciar sobre os abusos sofridos e motivaras vítimas a participarem de reuniões em grupos, para que as mesmas compartilhem de experiências e resgatem a autoestima junto ao papel social.
Segundo o previsto na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, a rede de atendimento às mulheres em situação de violência é parte da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres:
(...) garantir o atendimento humanizado e qualificado às mulheres em situação de violência por meio da formação continuada de agentes públicos e comunitários; da criação de serviços especializados (Casas-Abrigo/Serviços de Abrigamento, Centros de Referência de Atendimento à Mulher, Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor, Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Defensorias da Mulher, Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher); e da constituição/fortalecimento da Rede de Atendimento (articulação dos governos – Federal, Estadual, Municipal, Distrital- e da sociedade civil para o estabelecimento de uma rede de parcerias para o enfrentamento da violência contra as mulheres, no sentido de garantir a integralidade do atendimento (SPM, 2007, p. 8).
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Assistente Social realiza o trabalho de prevenção e fortalecimentos de vínculos através de grupos e atendimento especializados, é no CRAS que a mulher em situação de violência doméstica pode ser encorajada a buscar autonomia e estar prepara para reagir em casos de outros episódios de agressão.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) é oferecido um serviço especializado e contínuo às vítimas ou as famílias que estão em situação de violação de direitos. Essa unidade deve assegurar a proteção social por meio de uma equipe multiprofissional. Através do CREAS a rede de atendimento à vítima de violência doméstica tem maior junção, entre os setores/serviços pela urgência dos casos.
2 
Rede de Atendimento a mulheres em situação de violência doméstica
A Rede de Atendimento é composta por serviços e instituições especializados como o CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher) Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), e não-especializados, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
As instituições e serviços cadastrados são:
· Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) 
· Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAMs)
· Casas Abrigo 
· Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) 
· Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher 
· Órgãos da Defensoria Pública
· Serviços de Saúde Especializados para o Atendimento dos Casos de Violência Contra a Mulher 
· Varas Adaptadas de Violência Doméstica e Familiar; 
· Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério Público; 
· Serviços de Abrigamento e outros.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a violência doméstica psicológica contra a mulher é um problema de saúde pública e universal, pode provocar depressão, transtornos mentais e consequências sérias em seu meio social. Lidar com esse tipo de violência é um desafio, o tratamento com a mulher que foi vítima de violência psicológica requer paciência, apoio e acolhimento por parte de todos os envolvidos para que ela sinta-se segura e procure ajuda.
Com as Leis Maria da Penha, políticas públicas no enfrentamento/combate na violência doméstica e redes de atendimento, é importante salientar que ainda não são suficientes para diminuir os números elevados de violência doméstica no Brasil, contudo, o profissional de Serviço Social está qualificado para atuar nas diversas áreas que estão conectadas com as políticas públicas com ênfase na questão de violência doméstica de todos os tipos e esse profissional está em uma constante batalha na intervenção das demandas. 
REFERÊNCIAS
Brasil. Lei Maria da Penha: Lei N.º 11.340, de 7 de Agosto de 2006. Brasília, 2012. 
Brasil. Presidência da República. Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2007a. Mimeografado. 
Brasil. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher – Agenda Social – 15 de agosto de 2007. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2007b. Mimeografado.
FALEIROS, Vicente de Paula. Estratégias em Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1997.
HATCH, Jenavieve. 17 Relatos impactantes que mostram como a violência psicológica pode machucar. Agência Patrícia Galvão, 17 de maio de 2016. Disponível em: < https://agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/17-relatos-impactantes-que-mostram-como-a-violencia-psicologica-pode-machucar/>. Acesso em 01 de Julho de 2021.
IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo, Cortez, 1983.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. O Serviço Social na contemporaneidade: dimensões históricas, teóricas e ético-políticas. Fortaleza, CRESS –CE, Debate n. 6, 1997.
LANGLEY, Roger, LEVY, Richard. C. Mulheres espancadas: fenômeno invisível. 2 ed. São Paulo: HUCITEC, 1980.
	
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