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1 Capitulo 22- Dalgalarrondo ( só um resuminho) Personalidade: conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais em sua relação com o meio, incluindo os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência. Ele é estático e dinâmico pode ser mutável sem ser instável. A- Esquicitice/Desconfiança: Paranoide, Esquizoide, Esquizotipica (paciente de difícil acesso) B- Impulsividade /manipulação: Borderlaine, (relações e humor instáveis, Impulsivo), Socipatica, Histrionica C- Ansiedade/ Controle: Anisioso, Anancastica/obcessiva, Dependente. A ESQUIZOFRENIA É uma síndrome psicótica crônica, aparentando ter um conjunto de doenças que se assemelham e se sobrepõem. A doença está relacionada com a deterioração do funcionamento do pensamento e da emoção do paciente, que acaba gerando uma quebra no desenvolvimento do indivíduo, porque ele perde o contato com a realidade e também tem prejuízos na capacidade intelectual. A sua origem é multifatorial onde os fatores genéticos e ambientais podem estar associados no aumento para seu desenvolvimento. Os sintomas mais característicos temos como: Delírios, Alucinações, Discurso e comportamentos desorganizados, embotamento afetivo, déficits cognitivos e disfunção ocupacional e social. Os prejuízos causados pela esquizofrenia são bastantes significativos a ponto de o indivíduo estagnar sua vida em todas as áreas. Os sintomas negativos diminuem as funções normais que o indivíduo possuía antes, trazendo várias condições que resultam em consequências como: Embotamento afetivo onde sua face parece imóvel, falta expressividade, a anedonia que seria a falta da capacidade de sentir prazer nas coisas, deixando o paciente isolado de participar das atividades do dia a dia, aparece a abulia que seria a incapacidade de tomar decisões, o sujeito perde a capacidade de iniciativa, além do mais, ele acaba tendo um empobrecimento na fala, sua expressão verbal é diminuída pela alogia, e se tornam indivíduos sem nenhum interesse em relacionar com os outros, pois se tem a associabilidade causada por esse desencadeamento. Os impactos são muitos tanto no relacionamento social como na relação familiar 2 Caracteriza-se por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas), delírios (crenças falsas), discurso e comportamento desorganizados, embotamento afetivo (variação emocional restrita), déficits cognitivos (comprometimento do raciocínio e da solução de problemas) e disfunção ocupacional e social. A causa é desconhecida, porém, há fortes evidências de algum componente genético e ambiental. Os sintomas geralmente começam na adolescência ou no início da idade adulta. Um ou mais episódios de sintomas devem durar, no ≥ 6 meses antes que o diagnóstico seja feito. O tratamento é feito com fármacos, terapia cognitiva e reabilitação psicossocial. A detecção e o diagnóstico precoces melhoram o funcionamento em longo prazo. Psicose refere-se a sintomas como delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados, e comportamento motor bizarro e inapropriado (incluindo catatonia) que indicam perda de contato com a realidade. Mundialmente, a prevalência da esquizofrenia é de 1%. A prevalência é comparável entre homens e mulheres e relativamente constante entre culturas. Vida urbana, pobreza, trauma na infância, negligência e infecções pré-natais são fatores de risco, e existe uma predisposição genética. A doença começa no final da adolescência e dura a vida toda, geralmente com função psicossocial prejudicada durante todo o tempo. Sinais e sintoma da esquizofrenia - Comprometem a capacidade de executar funções cognitivas e motoras complexas, - Interferem nos relacionamentos profissionais, sociais e na capacidade de cuidar de si mesmo. - Desemprego, isolamento , deterioração dos relacionamento e diminuição da qualidade de vida são desfechos comuns. Categorias dos sintomas na esquizofrenia Geralmente, os sintomas são classificados como • Positivo: alucinações e delírios • Negativos: diminuição ou perda das funções normais e de afeto, embotamento. • Desorganizados: transtornos de pensamento e comportamento bizarro • Cognitivos: deficits de memória, no processamento de informações e na resolução de problemas Pacientes podem ter sintomas de uma ou de todas as categorias. Os sintomas positivos podem ser classificados adicionalmente como • Delírios • Alucinações Delírios são convicções errôneas que são mantidas apesar de evidências contraditórias claras. Há vários tipos de delírios: 3 • Delírios persecutórios: pacientes acreditam que estão sendo atormentados, seguidos, enganados ou espionados. • Delírios de referência: pacientes acreditam que passagens de livros, jornais, letras de música ou outras evidências ambientais são direcionadas a eles. • Delírios de retirada ou inserção de pensamento: pacientes acreditam que outras pessoas conseguem ler sua mente e que seus pensamentos são transmitidos para outras pessoas ou que forças externas estão impondo pensamentos e impulsos a eles. Delírios na esquizofrenia tendem a ser bizarros—isto é, claramente implausíveis e não derivados de experiências comuns de vida (p. ex., acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz). Alucinações são percepções sensoriais que não são percebidas por ninguém mais. Elas podem ser auditivas, visuais, olfatórias, gustativas ou táteis, mas as alucinações auditivas são as mais comuns. Os pacientes podem ouvir vozes comentando sobre seus comportamentos, conversando com outra voz ou fazendo comentários críticos e abusivos. Os delírios e as alucinações podem ser extremamente vergonhosos para os pacientes. Sintomas negativos (deficitários) incluem: • Afeto embotado: a face do paciente parece imóvel, com contato visual precário e falta de expressividade. • Pobreza da fala: o paciente fala pouco e dá respostas concisas a perguntas, criando a impressão de vazio interno. • Anedonia: há falta de interesse nas atividades e aumento de atividades sem propósito. • Associabilidade: há falta de interesse em relacionamentos. Os sintomas negativos frequentemente levam a perda de motivação e diminuição no sentido de propósito e de objetivos. Sintomas desorganizados, que podem ser considerados um tipo de sintoma positivo, envolvem • Transtornos do pensamento • Comportamentos bizarros O pensamento é desorganizado, com discurso errático, não orientado a um objetivo e que se desvia de um tópico para outro. O discurso pode variar de levemente desorganizado até incoerente e incompreensível. O comportamento bizarro pode incluir puerilidades, agitação e aparência, higiene ou conduta inapropriada. A catatonia é um exemplo extremo do comportamento bizarro, que compreende manter postura rígida e esforços para resistir a serem movimentados ou engajamento em atividade motora sem propósito e sem que ela tenha sido estimulada. Deficits cognitivos incluem deficiência nos seguintes: • Atenção 4 • Velocidade de processamento • Memória de trabalho e declarativa • Pensamento abstrato • Resolução de problemas • Compreensão das interações sociais O pensamento do paciente pode ser inflexível e a capacidade de resolver problemas, entender os pontos de vista das outras pessoas e aprender com as experiências pode estar diminuída. A gravidade do comprometimento cognitivo é o determinante principal da incapacitação geral. • Sintomas positivos: tudo aquilo que aparece de novo desde que se tenha a doença, distorções ou exageros de funções normais. Entre eles, podemos encontrar alucinações, ideias delirantes, discurso desorganizado e comportamento estranho. • Sintomas negativos: a diminuição de funções normais, isto é, tudo o que a pessoa perdeudesde a aparição da doença. Podemos encontrar falta de propósito, achatamento afetivo, abulia ou apatia e anedonia. Outros autores classificam os sintomas em 3 dimensões: • Sintomas psicóticos: ideias delirantes e alucinações. • Sintomas desorganizados: linguagem desregrada, comportamentos desorganizados e afetividade imprópria. • Sintomas negativos: pobreza de linguagem, abulia, anedonia, achatamento afetivo. Subtipos da esquizofrenia Alguns especialistas classificam a esquizofrenia em subtipos com deficits e sem deficits, com base na presença e na gravidade dos sintomas negativos, tais como afeto embotado, perda da motivação e redução do sentido de propósito. Os pacientes do subtipo com deficit têm sintomas negativos proeminentes, os quais não são explicados por outros fatores (p. ex., depressão, ansiedade, ambiente sem estimulação, efeitos adversos de fármacos). Aqueles com subtipo sem deficit podem ter delírios, alucinações e distúrbios do pensamento, mas são indivíduos relativamente sem sintomas negativos. Os subtipos anteriormente reconhecidos da esquizofrenia (paranoide, desorganizado, catatônico, residual, indiferenciado) não provaram ser válidos ou confiáveis e não são mais usados. Suicídio Cerca de 5 a 6% dos pacientes com esquizofrenia cometem suicídio, e cerca de 20% tentam cometê-lo; muitos mais têm ideação suicida significativa. O suicídio é uma das principais causas de morte prematura em pacientes com esquizofrenia e explica, em parte, porque esse transtorno reduz a expectativa de vida dos afetados em 10 anos, em média. O risco pode ser especialmente alto para homens jovens com esquizofrenia e transtorno por abuso de drogas. O risco também é maior em pacientes que apresentam sintomas depressivos ou sentimentos de desesperança, que estão desempregados ou que tiveram um episódio psicótico ou recebido alta do hospital. 5 Pacientes com início tardio e bom funcionamento pré-mórbido — pacientes com melhor prognóstico para recuperação — também são os que têm maior risco de suicídio. Como tais pacientes mantêm a capacidade de se entristecer e se angustiar, eles podem ser mais suscetíveis a atuar com base no desespero do reconhecimento realista dos efeitos de seu transtorno. Violência A esquizofrenia é um fator de risco surpreendentemente modesto para comportamento violento. Ameaças de violência e acessos de agressividade são mais comuns do que comportamentos realmente perigosos. De fato, os esquizofrênicos costumam ser menos violentas do que pessoas sem esquizofrenia. Os pacientes com mais chances de se engajarem em violência significativa incluem aqueles com abuso de substâncias, delírios persecutórios ou alucinações de comando e também aqueles que não tomam as medicações prescritas. Muito raramente, pacientes gravemente deprimidos, isolados e paranoides atacam ou matam alguém que percebem como fonte única de suas dificuldades (p. ex., uma autoridade, uma celebridade, seu cônjuge). Diagnóstico da esquizofrenia • Critérios Clínicos. • Combinação de história, sinais e sintomas Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, melhor o resultado. Não existe nenhum teste definitivo para detecção de esquizofrenia. O diagnóstico se baseia na avaliação abrangente de história clínica, sinais e sintomas. Informações oriundas de fontes auxiliares, tais como família, amigos, professores e colegas de trabalho, são muitas vezes importantes. De acordo com o DSM-5, o diagnóstico da esquizofrenia requer ambos do seguinte: • ≥ 2 sintomas característicos (delírios, alucinações, fala desorganizada, comportamento desorganizado, sintomas negativos) por uma porção significativa de um período de 6 meses (os sintomas devem incluir pelo menos um dos 3 primeiros) • Sinais prodrômicos ou atenuados da enfermidade com prejuízos sociais, ocupacionais ou de cuidados pessoais devem ficar evidentes por período de 6 meses, incluindo 1 mês de sintomas ativos Diagnóstico diferencial Psicose decorrente de outros distúrbios médicos ou por abuso de substâncias deve ser descartada por história e exames, os quais incluem exames laboratoriais e estudos de neuroimagem (Avaliação médica do paciente com sintomas mentais). Embora alguns pacientes com esquizofrenia tenham anormalidades da estrutura cerebral nos exames de imagem, elas não são suficientemente específicas para ter valor diagnóstico. Outros transtornos mentais com sintomas similares incluem os diversos transtornos relacionados à esquizofrenia: • Transtorno psicótico breve • Transtorno delirante • Transtorno esquizoafetivo • Transtorno esquizofreniforme • Transtorno de personalidade esquizotípica 6 Além disso, transtornos do humor podem produzir psicose em algumas pessoas. Testes neuropsicológicos, imagens do cérebro, eletroencefalograma (EEG) e outros testes de função cerebral (p. ex., acompanhamento ocular) não ajudam a distinguir entre os principais transtornos psicóticos. No entanto, pesquisas preliminares (1) sugerem que os resultados desses testes podem ser usados para agrupar os pacientes em 3 biotipos distintos de psicose que não correspondem às categorias vigentes de diagnóstico clínico. Certos transtornos de personalidade (especialmente esquizotípico) ocasionam sintomas similares aos da esquizofrenia, ainda que eles sejam geralmente mais leves e não envolvam psicose. O transtorno Esquizoafetivo já envolve psicose, porém fora dos episódios de humor. Prognóstico da Esquizofrenia Estudos provenientes da iniciativa RAISE (Recovery After an Initial Schizophrenia Episode) mostraram que quanto antes o tratamento for iniciado e quanto mais forte, melhor o resultado. Durante os primeiros 5 anos após a instalação dos sintomas, o funcionamento pode deteriorar e as habilidades sociais e de trabalho podem declinar, com negligenciamento progressivo do autocuidado. Os sintomas negativos podem aumentar em gravidade e o funcionamento cognitivo pode declinar. Posteriormente, o nível de incapacitação tende a atingir um platô. Algumas evidências sugerem que a gravidade da doença pode reduzir mais tarde na vida, em particular entre mulheres. Transtornos de movimentos espontâneos podem se desenvolver em pacientes que tenham graves sintomas negativos e disfunção cognitiva, mesmo quando antipsicóticos não são usados. A esquizofrenia pode ocorrer com outros transtornos mentais. Quando associada a sintomas obsessivo-compulsivos significativos, tem prognóstico particularmente ruim; com sintomas de transtorno de personalidade borderline, possui prognóstico melhor. Cerca de 80% das pessoas com esquizofrenia experimentarão um ou mais episódios de depressão maior em algum momento de suas vidas. No primeiro ano após o diagnóstico, o prognóstico se relaciona estreitamente com a adesão aos fármacos psicoativos prescritos e evitação do uso de drogas ilícitas. Em geral, um terço dos pacientes obtém melhora significativa e duradoura; um terço melhora um pouco, mas apresenta recidivas intermitentes e incapacidade residual; e um terço fica grave incapacitado. Apenas em torno de 15% de todos os pacientes retornam plenamente ao seu nível pré-mórbido de funcionamento. Fatores associados a um bom prognóstico incluem • Bom funcionamento pré-mórbido (p. ex., bom estudante, história de trabalho intenso) • Início de enfermidade tardio e/ou repentino • História familiar de transtornos de humor, em vez de esquizofrenia • Prejuízo cognitivo mínimo • Poucos sintomas negativos • Menor duração da psicose não tratada 7 Fatores associados a prognóstico reservado incluem • Idade de início precoce • Funcionamento pré-mórbido deficiente • História familiar de esquizofrenia • Muitos sintomas negativos • Duração mais longa da psicose não tratada Os homens apresentam desfechos piores do que as mulheres; as mulheres respondem melhor ao tratamento com antipsicóticos. O uso de substâncias químicas constitui um problema significativo para muitosesquizofrênicos. Há evidências de que o uso da maconha ou alucinógenos é muito perturbador para os pacientes esquizofrênicos, e deve ser fortemente desencorajado e tratado de modo proativo se presente. O abuso de substâncias comórbido é um preditor significante de desfecho ruim, podendo provocar não adesão à medicação, recaídas repetidas, hospitalizações frequentes, declínio no funcionamento e perda do suporte social, incluindo morar na rua. Tratamento da esquizofrenia • Fármacos antipsicóticos • Reabilitação, incluindo retificação cognitiva, treinamento na comunidade e serviços de suporte • Psicoterapia, orientada para o treinamento de resiliência O período entre o início dos sintomas psicóticos e o primeiro tratamento se correlaciona à rapidez da resposta do tratamento inicial e à qualidade da resposta ao tratamento. Quando tratados precocemente, os pacientes respondem de maneira mais rápida e completa. Sem o uso de fármacos antipsicóticas, após episódio inicial, 70 a 80% dos pacientes apresentam episódio subsequente durante os 12 meses seguintes. O uso continuado dos antipsicóticos pode reduzir a recidiva em 1 ano para cerca de 30% ou menos com os fármacos de ação prolongada. O tratamento é mantido por pelo menos 1 a 2 anos após o primeiro episódio. Se os pacientes estiveram enfermos por mais tempo, é administrado por muitos anos. A detecção precoce e o tratamento multifacetado transformaram o tratamento de pacientes com transtornos psicóticos como esquizofrenia. Cuidados especializados coordenados - que incluem treinamento de resiliência, terapia pessoal e familiar abordando a disfunção cognitiva e apoio ao emprego - são uma contribuição importante para a recuperação psicossocial. Os objetivos gerais para o tratamento da esquizofrenia são • Reduzir a gravidade dos sintomas psicóticos • Preservar a função psicossocial • Prevenir recorrências dos episódios sintomáticos e da deterioração associada do funcionamento 8 • Reduzir o uso de drogas ilícitas Antipsicóticos, reabilitação com serviços de apoio comunitários e psicoterapia constituem os componentes principais do tratamento. Como a esquizofrenia é uma doença de longa duração e recorrente, ensinar aos pacientes habilidades de automanejo da doença é uma meta geral significativa. Fornecer informações sobre o transtorno (psicoeducação) para os pais dos pacientes mais jovens pode diminuir a recidiva (1, 2). (Ver também the American Psychiatric Association’s Practice Guideline for the Treatment of Patients With Schizophrenia, 3rd Edition.) Dividem-se os antipsicóticos em antipsicóticos de primeira geração (APGs) e antipsicóticos de segunda geração (ASGs) com base em sua atividade e afinidade com os receptores de neurotransmissores específicos. ASG podem oferecer algumas vantagens, tanto em termos de eficácia ligeiramente maior (embora evidências recentes coloquem em dúvida a vantagem dos ASG como classe) quanto em termos de menor probabilidade de distúrbios de movimentos involuntários e efeitos adversos relacionados. Contudo, o risco de síndrome metabólica (excesso de gordura abdominal, resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão) é maior com os ASG do que com os antipsicóticos convencionais. Vários antipsicóticos de ambas as classes podem causar a síndrome do QT longo e essencialmente aumentam o risco de arritmias fatais; esses fármacos incluem tioridazina, haloperidol, olanzapina, risperidona e ziprasidona. Reabilitação e serviços de apoio comunitário Treinamento de habilidade psicossocial e programas de reabilitação vocacional ajudam muitos pacientes a trabalhar, fazer compras e cuidar de si mesmos; administrar um lar; relacionar-se bem com outras pessoas; e trabalhar com profissionais de saúde mental. Emprego com suporte, no qual os pacientes são colocados em situação de trabalho competitivo e recebem instrutor profissional local para promover a adaptação ao trabalho, pode ser particularmente valioso. Com o tempo, o instrutor profissional atua somente como apoio para a solução de problemas ou comunicação com os empregadores. Os serviços de suporte permitem que muitos pacientes com esquizofrenia morem na comunidade. Embora muitos possam viver de maneira independente, alguns precisam de apartamentos supervisionados, nos quais esteja um membro da equipe para assegurar a adesão aos fármacos. Os programas proporcionam um nível de supervisão gradual em diferentes situações residenciais, variando de um suporte de 24 h a visitas domésticas periódicas. Esses programas ajudam a promover a autonomia do paciente, ao mesmo tempo em que proporcionam cuidados suficientes para minimizar a probabilidade de recidiva e reduzir a necessidade de internação. Os programas comunitários assertivos prestam serviços no lar do paciente ou em outra moradia, baseando-se em proporções altas de membros da equipe por paciente; as equipes de tratamento prestam diretamente todos ou quase todos os serviços de tratamento exigidos. Durante recidivas graves, internação ou cuidados de crise em alternativa ao hospital podem ser necessários, assim como pode se tornar necessária internação involuntária se o paciente representar risco de si mesmo ou para outras pessoas. Apesar da melhor reabilitação e dos melhores serviços de apoio comunitário, uma pequena porcentagem de pacientes, sobretudo os pacientes com deficiências cognitivas graves e os resistentes à terapia com fármacos, requer cuidados institucionais ou outros cuidados de suporte prolongados. A terapia cognitiva de remediação ajuda alguns pacientes. Essa terapia é projetada para melhorar a função cognitiva (p. ex., atenção, memória de trabalho, funcionamento 9 executivo) e ajuda os pacientes a aprenderem ou reaprenderem a fazer tarefas. A terapia também permite que os pacientes funcionem melhor. Psicoterapia O objetivo da psicoterapia na esquizofrenia é desenvolver relação colaborativa entre paciente, família e médico, de forma que o paciente consiga aprender a tratar sua enfermidade, tomar os fármacos conforme o prescrito e controlar o estresse mais efetivamente. Ainda que a psicoterapia individual em combinação com a terapia medicamentosa constitua abordagem comum, poucas diretrizes empíricas estão disponíveis. A psicoterapia que começa direcionada às necessidades básicas de serviços sociais do paciente, que proporciona suporte e educação a respeito da natureza da enfermidade, que promove atividades adaptativas e que se baseia na empatia e na compreensão dinâmica sadia da esquizofrenia é provavelmente mais efetiva. Muitos pacientes precisam de apoio psicológico empático para se adaptarem ao que constitui frequentemente uma enfermidade vitalícia, podendo limitar, de forma substancial, seu funcionamento. Além da psicoterapia individual, houve avanços significativos na terapia cognitivo- comportamental para a esquizofrenia. Por exemplo, essa terapia, aplicada em um cenário individual ou em grupo, pode focalizar maneiras de diminuir os pensamentos delirantes. Para pacientes que vivem com suas famílias, intervenções familiares psicoeducacionais podem reduzir a frequência de recaída. Grupos de suporte e defesa, como o National Alliance on Mental Illness, são muitas vezes úteis aos familiares. PONTO CHAVES. • A esquizofrenia é caracterizada por psicose, alucinações, delírios, fala e comportamento desorganizados, afeto aplainado, deficits cognitivos e disfunção ocupacional e social. • Suicídio é a causa mais comum de morte prematura. • Ameaças de violência e crises de agressividade menores são muito mais comuns do que os comportamentos realmente perigosos, mas esse comportamento pode ser mais comum nas pessoas com psicose paranoide que usam fármacos. • Tratar com fármaco antipsicótico precocemente selecionado com base principalmente no perfil dos efeitos colaterais, via de administração necessária e resposta prévia do paciente ao fármaco. • A psicoterapia ajuda os pacientesa entender e tratar suas enfermidades, tomar os fármacos como prescrito e controlar o estresse de modo mais eficaz. • Com tratamento, um terço dos pacientes obtém melhora significativa e duradoura; um terço melhora um pouco, mas apresenta recidivas intermitentes e incapacidade residual; e um terço fica grave incapacitado. 10 INTRODUÇÃO A ESQUIZOFRENIA E TRANSTORNO RELACIONAADOS. Esquizofrenia e transtornos psicóticos relacionados — transtorno psicótico breve, transtorno delirante, transtorno esquizoafetivo, transtorno esquizofreniforme e transtorno de personalidade esquizotípica — são caracterizados principalmente por sintomas psicóticos e frequentemente por sintomas negativos e/ou disfunção cognitiva. Os sintomas psicóticos incluem delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados, além de comportamento motor bizarro e inapropriado (incluindo catatonia). Sintomas negativos referem-se a uma diminuição ou falta de emoções e comportamentos normais, como ter afeto nivelado e falta de motivação. Disfunção cognitiva nesses transtornos compromete principalmente a atenção, a função executiva e a memória. O diagnóstico baseia-se nos sintomas e na duração da doença; marcadores biológicos da doença ainda não foram identificados, mas são amplamente procurados. TRANSTORNO PSICÓTICO BREVE Consiste em delírios, alucinações ou outros sintomas psicóticos por, no mínimo, 1 dia, mas < 1 mês, com retorno, ao final, para o funcionamento pré-mórbido. O transtorno psicótico breve é incomum. Transtornos de personalidade preexistentes (p. ex., paranoide, histriônico, narcisista, esquizotípico ou limítrofe), bem como certas doenças clínicas (p. ex., lúpus sistêmico, ingestão de esteroide), predispõem ao seu desenvolvimento. Um estressor importante (tal como a perda de um ente querido) pode precipitar o distúrbio. Pacientes com o transtorno manifestam pelo menos um sintoma psicótico para < 1 mês: • Delírios • Alucinações • Fala desorganizada • Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico Transtorno psicótico breve não é diagnosticado se um transtorno de humor psicótico, transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, distúrbio físico ou efeito adverso de um fármaco (terapêutico ou recreativo) explicar melhor os sintomas. A diferenciação entre transtorno psicótico breve e esquizofrenia em paciente sem quaisquer sintomas psicóticos prévios se baseia na duração dos sintomas; se a duração exceder 1 mês, o paciente não preencherá mais os critérios diagnósticos necessários para transtorno psicótico breve. 11 O tratamento do transtorno psicótico breve é semelhante ao tratamento de agudização da esquizofrenia; supervisão e tratamento de curto prazo com antipsicóticos podem ser necessários. Recaída é comum, mas os pacientes geralmente funcionam bem entre os episódios e têm poucos ou nenhum sintoma. TRANSTORNO DELIRANTE O transtorno delirante caracteriza-se por convicções falsas firmemente mantidas (delírios) que persistem por no mínimo 1 mês, sem outros sintomas da psicose. Delírios são distinguidos de crenças equivocadas em que as crenças delirantes permanecem inalteradas em face de evidências claras e razoáveis do contrário; essa distinção às vezes é difícil de ser feita quando as crenças são mais plausíveis (p. ex., que um cônjuge é infiel). O transtorno delirante se diferencia da esquizofrenia pela existência de delírios sem nenhum outro sintoma de psicose (p. ex., alucinações, desorganização da fala e do comportamento e/ou sintomas negativos). Os delírios podem ser • Não bizarros: envolvem situações que poderiam acontecer, tais como ser seguido, envenenado, infectado, amado a distância ou enganado pelo cônjuge ou amante. • Bizarro: envolvem situações implausíveis como acreditar que alguém removeu os órgãos internos sem deixar cicatriz. Em contraste com a esquizofrenia, o transtorno delirante é relativamente incomum. O início geralmente é involucional, ocorrendo na metade ou no final da vida adulta. O funcionamento psicossocial não é tão prejudicado, como no caso da esquizofrenia, e os prejuízos surgem, geralmente, diretamente da crença delirante. Quando o transtorno delirante acontece em pacientes com mais idade, é algumas vezes chamado de parafrenia. Pode coexistir com demência leve. O médico deve ser cuidadoso para distinguir delírios de abusos de idoso anteriores relatados por paciente idoso levemente demenciado. Sinais e sintomas do Transtorno Delirante O transtorno delirante pode surgir no contexto de um transtorno de personalidade paranoide preexistente. Em tais pessoas, a desconfiança disseminada e a suspeita de outras pessoas e de suas motivações começam no início da idade adulta e se estendem por toda a vida. Os sintomas iniciais podem incluir sensação de estar sendo explorado, preocupação com a lealdade ou a fidedignidade de amigos, tendência a ler significados ameaçadores em observações ou eventos benignos, propensão persistente a ressentimentos e facilidade de responder a descortesias percebidas. Vários subtipos de transtorno delirante são reconhecidos: • Erotomaníaco: pacientes acreditam que outra pessoa está apaixonada por eles. Esforços para contatar o objeto do delírio por meio de telefonemas, cartas, espionagem ou perseguição são comuns. As pessoas com esse subtipo podem ter conflitos com a lei relacionados ao seu comportamento. • Grandiosidade: os pacientes acreditam que possuem grande talento ou fizeram descoberta importante. 12 • Ciúmes: os pacientes acreditam que seu cônjuge ou amante é infiel. Essa crença se baseia em conclusões incorretas, sustentadas por evidências dúbias. Eles podem recorrer à agressão física. • Persecutório: os pacientes acreditam que estão sendo vítimas de uma trama, que estão sendo espionados, difamados ou importunados. Eles podem tentar obter justiça repetidamente por meio de apelos a juízes ou entidades governamentais e recorrer à violência em retaliação à perseguição imaginada. • Somático: O delírio se relaciona a uma função corporal; p. ex., os pacientes acreditam que possuem uma deformidade física, um determinado odor ou um parasita. O comportamento dos pacientes não é obviamente bizarro ou estranho, e além das possíveis consequências dos seus delírios (p. ex., isolamento ou estigmatização social, dificuldades conjugais ou de trabalho), a capacidade de funcionamento dos pacientes não é acentuadamente prejudicada. DIAGNÓTICO DO TRANSTORNO DELIRANTE • Avaliação clínica O diagnóstico depende predominantemente da avaliação clínica, obtenção da anamnese completa e exclusão de outras doenças específicas associadas a deliriums (p. ex., abuso de substâncias químicas, doença de Alzheimer, epilepsia, transtorno obsessivo- compulsivo, delirium ou outros transtornos do espectro da esquizofrenia). A avaliação da potencial periculosidade, especialmente da extensão em que o paciente está disposto a agir com base em seu delírio, é muito importante. PROGNÓSTICO PARA TRANSTORNO DELIRANTE O transtorno delirante não ocasiona geralmente prejuízos ou mudanças graves na personalidade, mas as preocupações delirantes podem progredir gradualmente. A maioria dos pacientes pode continuar trabalhando desde que sua função não envolva nada relacionado com seus delírios. TRATAMENTO DO TRANSTORNO DELIRANTE • Estabelecimento de um relacionamento médico-paciente eficaz. • Tratamento das complicações • Antipsicóticos às vezes Visa estabelecer relação médico-paciente efetiva e controlar as complicações. Falta substancial de crítica é um desafio ao tratamento. Caso se avalie os pacientes como perigosos, pode ser necessária internação. Dados insuficientes estão disponíveis para sustentar o uso de qualquer fármaco em particular, embora as fármacos antipsicóticos possam, algumas vezes, suprimir os sintomas. Um objetivo de tratamento de longo prazo de mudar a principal área de preocupação do paciente para longedo foco delirante e para uma área mais construtiva e gratificante é difícil, porém razoável. TRANSTORO ESQUIZOAFETIVO 13 Caracteriza-se o transtorno esquizoafetivo por psicose, outros sintomas da esquizofrenia e sintomas do humor significativos. É diferenciado da esquizofrenia pela ocorrência de ≥ 1 episódio de depressão ou mania ao longo da vida de uma pessoa Psicose refere-se a sintomas como delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados, e comportamento motor bizarro e inapropriado (incluindo catatonia) que indicam perda de contato com a realidade. Considera-se o transtorno esquizoafetivo quando os sintomas de psicose e de humor coexistem. O diagnóstico requer que existam sintomas de humor significativos (depressivos ou maníacos) por > 50% da duração total da enfermidade, simultaneamente com ≥ 2 sintomas de esquizofrenia (delírios, alucinações, desorganização da fala, comportamento catatônico ou excessivamente desorganizado e/ou sintomas negativos). A diferenciação do transtorno esquizoafetivo da esquizofrenia e dos transtornos de humor pode exigir avaliação longitudinal dos sintomas e da progressão dos sintomas. TRATAMENTO DO TRASNTORNO ESQUIZOAFETIVO • Frequentemente, uma combinação de fármacos, psicoterapia e suporte comunitário Como o transtorno esquizoafetivo se associa, muitas vezes, à incapacitação de longo prazo, com frequência é necessário tratamento abrangente (incluindo fármacos, psicoterapia e apoio comunitário). Para o tratamento do tipo maníaco, um antipsicótico de 2ª geração pode ser suficiente, mas se não for, adicionar lítio, carbamazepina ou valproato pode ajudar. Para o tratamento do tipo depressivo, um antipsicótico de 2ª geração é dado primeiro. Assim, depois que os sintomas psicóticos positivos se estabilizarem, deve-se introduzir um antidepressivo se a depressão tiver indicação de tratamento; inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) são preferidos pelo seu perfil de segurança. TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME Caracteriza-se por sintomas idênticos aos da esquizofrenia, mas dura 1 mês ou mais, porém menor que 6 meses. Psicose refere-se a sintomas como delírios, alucinações, pensamento e fala desorganizados, e comportamento motor bizarro e inapropriado (incluindo catatonia) que indicam perda de contato com a realidade. (Ver também Introdução à esquizofrenia e transtornos relacionados.) Na apresentação, provavelmente se suspeitará de esquizofrenia. Psicose secundária ao abuso de substâncias ou a distúrbio físico também deve ser descartada. A diferenciação entre transtorno esquizofreniforme e esquizofrenia em paciente sem sintomas psicóticos prévios se baseia na duração dos sintomas. Se a duração dos sintomas ou da incapacitação exceder 6 meses, o paciente não preencherá mais critérios para transtorno esquizofreniforme e o diagnóstico provavelmente será de esquizofrenia, embora a psicose aguda também possa evoluir para transtorno de humor psicótico, como transtorno bipolar ou transtorno esquizoafetivo. A observação longitudinal é muitas vezes necessária para estabelecer diagnóstico e tratamento apropriados. Indica-se tratamento com antipsicóticos e cuidados psicossociais de apoio. Após a resolução dos sintomas, o tratamento medicamentoso é mantido por 12 meses e, então, deve ser descontinuado gradualmente, com acompanhamento próximo para monitorar o retorno dos sintomas psicóticos. 14 TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA O transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado por um padrão generalizado de desconforto intenso com relacionamentos íntimos e com capacidade reduzida para tal, por cognição e percepções distorcidas e por comportamento excêntrico. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é com fármacos antipsicóticos, antidepressivos e terapia cognitivo-comportamental. No transtorno de personalidade esquizotípica, experiências cognitivas refletem um distanciamento mais florido da realidade (p. ex., ideias de referência, ideias paranoides, ilusões corporais, pensamento mágico) e uma maior desorganização do pensamento e da fala do que aqueles que ocorrem em outros transtornos de personalidade. A prevalência descrita do transtorno da personalidade esquizotípica varia, mas a prevalência estimada é 3,9% da população norte-americana em geral. Esse transtorno pode ser ligeiramente mais comum entre homens. Comorbidades são comuns. Mais da metade dos pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica tiveram ≥ 1 episódio de transtorno depressivo maior, e 30 a 50% deles têm transtorno depressivo maior quando o transtorno de personalidade esquizotípica é diagnosticado. Esses pacientes muitas vezes também têm transtorno de dependência química. ETIOLOGIA DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTIPICA Considera-se que a etiologia do transtorno de personalidade esquizotípica seja essencialmente biológica porque ele compartilha muitas das anormalidades cerebrais características da esquizofrenia. É mais comum em parentes de 1º grau de pessoas com esquizofrenia ou outro transtorno psicótico. SINAIS E SINTOMAS DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA Pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica não têm amigos ou confidentes, exceto parentes de 1º grau. Eles não se sentem à vontade em se relacionar com as pessoas. Eles interagem com as pessoas como se fosse uma obrigação, mas preferem não interagir porque acham que são diferentes e não são bem-vindos. Mas eles podem dizer que a falta de relacionamentos torna-os infelizes. Eles ficam muito ansiosos em situações sociais, especialmente aquelas desconhecidas. Passar mais tempo em uma situação não alivia a ansiedade. Esses pacientes muitas vezes interpretam incorretamente ocorrências comuns como tendo um significado especial para eles (ideias de referência). Eles podem ser supersticiosos ou achar que têm poderes paranormais especiais que lhes permitem detectar eventos antes que aconteçam ou ler a mente das outras pessoas. Eles podem achar que têm controle mágico sobre os outros, achando que podem levar outras pessoas a fazer coisas comuns (p. ex., alimentar o cão), ou que a realização de rituais mágicos pode impedir danos (p. ex., lavar as mãos 3 vezes pode prevenir doenças). A fala pode ser estranha. Pode ser excessivamente abstrata ou concreta ou conter frases estranhas ou usar frases ou palavras de formas bizarras. Os pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica costumam se vestir de maneira estranha ou descuidada (p. ex., usando roupas de tamanho errado ou sujas) e têm maneirismos estranhos. Eles podem ignorar convenções sociais comuns (p. ex., não fazer contato visual) e, como não 15 entendem as dicas sociais habituais, eles podem interagir com os outros de forma inadequada ou rígida. Pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica muitas vezes têm suspeitas e podem achar que os outros estão tentando interferir em suas vidas. DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTIPICA • Critério Clinico Para o diagnóstico do transtorno da personalidade esquizotípica, os pacientes devem ter • Padrão persistente de desconforto intenso e capacidade reduzida de estabelecer relacionamentos íntimos • Distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades comportamentais Esse padrão se caracteriza por ≥ 5 dos seguintes: • Ideias de referência (noções de que ocorrências diárias têm um significado especial ou significado pessoalmente intencional ou direcionado para eles mesmos), mas não delírios de referência (que são semelhantes, mas mantidos com maior convicção) • Crenças estranhas ou pensamento mágico (p. ex., acreditar em clarividência, telepatia ou sexto sentido; estar preocupado com fenômenos paranormais) • Experiências de percepção incomuns (p. ex., ouvir uma voz sussurrando seus nomes) • Pensamento e fala estranhos (p. ex., que é vago, metafórico, excessivamente complexo ou estereotipado)• Suspeitas ou pensamentos paranoicos • Afeto incongruente ou limitado • Comportamento e/ou aparência estranho, excêntrico ou peculiar • Falta de amigos íntimos ou confidentes, exceto para parentes de 1º grau • Ansiedade social excessiva que não diminui com a familiaridade e está relacionada principalmente com medos paranoicos Além disso, os sintomas devem ter ocorrido no início da idade adulta. Diagnóstico diferencial O principal desafio do diagnóstico é diferenciar o transtorno da personalidade esquizotípica de • Transtornos de pensamento maior: esses transtornos (p. ex., esquizofrenia, transtorno bipolar ou transtorno depressivo com características psicóticas) tipicamente têm manifestações mais graves e são acompanhados de delírios e alucinações. O diagnóstico diferencial também compreende: 16 • Transtorno de personalidade paranoicae transtorno de personalidade esquizoide: o transtorno de personalidade esquizotípica pode ser diferenciando dos transtornos de personalidade paranoide e esquizoide porque os pacientes com esses transtornos de personalidade não têm pensamentos e comportamentos estranhos e desorganizados. TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA • Antipsicóticos atípicos (de 2ª geração) e antidepressivos • Terapia cognitivo-comportamental O tratamento geral do transtorno de personalidade esquizotípica é o mesmo que para todos os transtornos de personalidade. Transtorno de personalidade esquizotípica é comumente tratado com fármacos. Antipsicóticos atípicos diminuem a ansiedade e os sintomas psicóticos; os antidepressivos também podem ajudar a diminuir a ansiedade nos pacientes com transtorno de personalidade esquizotípica. Terapia cognitivo-comportamental que focaliza a aquisição de habilidades sociais e o tratamento da ansiedade pode ajudar. Essa terapia também pode aumentar a conscientização dos pacientes de como seus próprios comportamentos podem ser percebidos. Psicoterapia de suporte também é útil. O objetivo é estabelecer um relacionamento emocional, encorajador e solidário com o paciente e, assim, ajudá-lo a desenvolver mecanismos de defesa saudáveis, especialmente nos relacionamentos interpessoais. VISÃO GERAL DOS TRANSTORNOS DE HUMOR Os transtornos de humor são distúrbios emocionais que consistem em períodos prolongados de tristeza e/ou felicidade excessiva. Transtornos do humor podem ocorrer em crianças e adolescentes (ver Transtornos depressivos em crianças e adolescentes e Transtorno bipolar em crianças e adolescentes). Transtornos do humor são classificados como • Bipolar • Depressivo Ansiedade e transtornos relacionados, embora não sejam classificados como transtornos de humor, frequentemente precedem ou coexistem com eles. Tristeza e alegria (elação) são parte da vida cotidiana. A tristeza é uma resposta universal à derrota, aos desapontamentos e a outras situações adversas. A alegria é uma resposta universal ao sucesso, à realização e a outras situações encorajadoras. O desolamento, uma forma de tristeza, é considerado reação normal à perda. O luto refere-se especificamente à resposta emocional à morte de uma pessoa amada. Mas em alguns casos, a resposta à perda é mais persistente e incapacitante e inclui sintomas que se sobrepõem um pouco àqueles do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno depressivo maior (TDM) e duram mais de 12 meses, preenchendo assim os critérios para o transtorno por luto prolongado descrito recentemente (1). Diagnostica-se um transtorno de humor quando tristeza ou euforia são • Excessivamente intensos e persistentes 17 • Acompanhado por uma quantidade exigida de outros sintomas do transtorno de humor • Prejudica significativamente a capacidade funcional da pessoa Em tais casos, a tristeza intensa é chamada depressão e a elação intensa é chamada mania. Os transtornos depressivos são caracterizados por depressão; transtornos bipolares são caracterizados por combinações variáveis de depressão e mania. Suicídio nos transtornos do humor O risco de suicídio ao longo da vida para pessoas com transtorno depressivo é de 2 a 15%, dependendo da gravidade do transtorno. O risco é ainda maior nos seguintes casos: • No início do tratamento, quando a atividade psicomotora está retornando ao normal, mas o humor ainda é sombrio • Durante estados bipolares mistos • Em aniversários pessoalmente significativos • Por ansiedade ou agitação psicomotora grave • Uso de álcool ou substâncias • Nas semanas a meses após uma tentativa de suicídio, particularmente com métodos violentos Outras complicações dos transtornos do humor Outras complicações dos transtornos de humor incluem • Incapacitação que varia de perda leve a completa do funcionamento, manutenção das interações sociais e participação em atividades de rotina. • Ingestão prejudicada de alimentos • Ansiedade grave • Alcoolismo • Outros transtornos por uso abusivo de substâncias TRANSTORNOS BIPOLARES Caracterizam-se por episódios de mania e depressão que podem se alternar, embora a maioria dos pacientes tenha predominância de um ou do outro. A causa exata é desconhecida, mas hereditariedade, mudanças nos níveis cerebrais de neurotransmissores e fatores psicossociais podem estar envolvidos. O diagnóstico baseia-se na história. O tratamento consiste em fármacos estabilizadores do humor, algumas vezes, com psicoterapia. Os transtornos bipolares geralmente começam entre 10 e 40 anos de idade (ver também Bipolar Disorder in Children and Adolescents). A prevalência ao longo da vida é de cerca de 4%. Os transtornos bipolares são classificados como • Transtorno bipolar I: definido como a presença de pelo menos um episódio maniáco completo (isto é, comprometendo a função ocupacional e social normal) e, quase sempre, episódios depressivos A incidência é praticamente igual em homens e mulheres. 18 • Transtorno bipolar II: definido pela presença de episódios depressivos maiores com pelo menos um episódio hipomaníaco, mas sem episódios maníacos evidentes A incidência é relativamente mais alta em mulheres. • Transtorno bipolar inespecífico: transtornos com características bipolares claras, porém que não preenchem os critérios específicos para outros transtornos bipolares No transtorno ciclotímico, os pacientes têm períodos prolongados (> 2 anos) que incluem tanto episódios hipomaníacos como depressivos; contudo, esses episódios não atendem aos critérios específicos para transtorno bipolar ou transtorno depressivo maior. ETIOLOGIA DOS TRANSTORNOS BIPOLARES A causa exata do transtorno bipolar é desconhecida. A hereditariedade tem papel significativo. Há também evidências de desregulação de neurotransmissores serotoninérgicos, noradrenérgicos e dopaminérgicos. Fatores psicossociais também podem estar envolvidos. Eventos de vida estressantes estão muitas vezes associados ao desenvolvimento inicial dos sintomas e exacerbações posteriores, ainda que causa e efeito não tenham sido estabelecidos. Alguns fármacos podem desencadear exacerbações em alguns pacientes com transtorno bipolar; esses fármacos incluem • Simpatomiméticos (p. ex., cocaína, anfetaminas) • Álcool • Alguns antidepressivos (p. ex., tricíclicos, inibidores da recaptação noradrenérgica) SINAIS E SINTOMAS DOS TRANSTORNOS BIPOLARES Os transtornos bipolares se iniciam com uma fase aguda de sintomas a que se segue um curso de recaídas e remissões repetidas. Remissões são frequentemente completas, mas muitos pacientes têm sintomas residuais e, para alguns, a capacidade de funcionar no trabalho é gravemente prejudicada. As recaídas são episódios marcantes de sintomas mais intensos que são maníacos, depressivos, hipomaníacos ou uma mistura de características depressivas e maníacas. Os episódios duram de algumas semanas até 3 a 6 meses; episódios depressivos têm maior duração do que aqueles maníacos ou hipomaníacos. Os ciclos — otempo a partir do início de um episódio até o início do próximo — variam em duração entre os pacientes. Alguns pacientes apresentam episódios infrequentes, talvez, apenas alguns ao longo de toda a vida, enquanto outros manifestam formas de ciclagem rápida (geralmente definida como ≥ 4 episódios/ano). Apenas uma minoria alterna entre mania e depressão em cada ciclo; na maioria, um ou outro predomina. Pacientes podem tentar ou cometer suicídio. Estima-se que a incidência ao longo da vida do suicídio em pacientes com transtorno bipolar seja pelo menos 15 vezes maior do que na população em geral. Mania Define-se um episódio maníaco como ≥ 1 semana de humor persistentemente elevado, expansivo ou irritável e atividade direcionada a um objetivo persistentemente aumentada ou aumento perceptível da energia mais ≥ 3 sintomas adicionais: • Autoestima inflada ou grandiosidade 19 • Diminuição da necessidade de sono • Falar mais do que o habitual • Fuga de ideias ou pensamentos acelerados • Facilidade em se distrair • Aumento das atividades direcionadas a objetivos • Envolvimento excessivo em atividades com alto potencial para consequências negativas (p. ex., gastar em festanças, investimentos financeiros tolos) Os pacientes maníacos podem ficar incansáveis, excessiva e impulsivamente envolvidos em diversas atividades prazerosas com alto risco (p. ex., jogos, esportes perigosos, atividade sexual promíscua) sem crítica sobre o possível risco. Os sintomas são tão graves que os pacientes não podem desempenhar seus papéis primários (ocupação, escola, tarefas domésticas). Investimentos insensatos, farras caras e outras escolhas pessoais podem ter consequências irreparáveis. Pacientes em episódios maníacos podem usar roupas exuberantes, extravagantes ou coloridas e frequentemente têm posturas autoritárias com fluxo de fala rápido e sem interrupções. Os pacientes podem fazer associações pela sonoridade (novos pensamentos são desencadeados pelo som das palavras e não pelo significado). Distraídos com facilidade, os pacientes podem constantemente mudar de um tema para outro ou de uma empreitada para outra. Entretanto, eles tendem a acreditar que estão em seu melhor estado mental. Perda da crítica e aumento na capacidade de atividade, muitas vezes, acarretam comportamentos intrusivos, podendo ser uma combinação perigosa. Disso resultam atritos interpessoais que podem levar os pacientes a sentir que estão sendo tratados injustamente ou perseguidos. Como resultado, os pacientes podem se tornar um perigo para si mesmos e para as outras pessoas. A atividade mental acelerada é experimentada como uma corrida de pensamentos pelos pacientes e é observada como fuga de ideias pelo médico. Mania psicótica é a manifestação mais extrema, com sintomas psicóticos que podem ser difíceis de distinguir da esquizofrenia. Os pacientes podem ter delírios extremamente grandiosos ou persecutórios (p. ex., de ser Jesus, de ser perseguido pelo Federal Bureau of Investigation FBI]), às vezes, com alucinações. O nível de atividade aumenta marcadamente; os pacientes podem correr e gritar, xingar ou cantar. A labilidade de humor aumenta, com frequência, com irritabilidade crescente. Delirium completo (mania delirante) pode surgir, com perda completa do pensamento e comportamento coerentes. Hipomania Um episódio hipomaníaco é uma variante menos extrema de mania representado por um episódio evidente que dura ≥ 4 dias com um comportamento claramente diferente do comportamento habitual do paciente quando não está deprimido com ≥ 3 dos sinais e sintomas adicionais listados acima na rubrica mania. Durante o período hipomaníaco, o humor melhora, a necessidade de sono diminui à medida que a energia aumenta visivelmente e a atividade psicomotora acelera. Para alguns pacientes, períodos hipomaníacos são adaptativos, pois produzem alta energia, criatividade, confiança e funcionamento social supernormal. Muitos não desejam deixar o estado eufórico prazeroso. Alguns funcionam muito bem e o funcionamento não está notavelmente comprometido. No entanto, em alguns pacientes, a hipomania se 20 manifesta como distrair-se facilmente, irritabilidade e humor lábil, que o paciente e os outros acham menos atraente. Depressão Um episódio depressivo tem características típicas de depressão maior; o episódio deve incluir ≥ 5 dos seguintes durante o mesmo período de 2 semanas, e um deles deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer e, com exceção de pensamentos ou tentativas de suicídio, todos os sintomas devem estar presentes praticamente todos os dias: • Humor deprimido durante a maior parte do dia • Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia • Ganho ou perda ponderal significativo (> 5%) ou diminuição ou aumento do apetite • Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia • Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado) • Fadiga ou perda de energia • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada • Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou plano específico para o suicídio As características psicóticas são mais comuns na depressão bipolar do que na depressão unipolar. Características mistas Um episódio de mania ou hipomania é designado como tendo características mistas se ≥ 3 sintomas depressivos estão presentes quase em todos os dias do episódio. Essa condição é muitas vezes difícil de diagnosticar e pode se ocultar em um estado cíclico contínuo; o prognóstico é pior do que em um estado puro de mania ou hipomania. O risco de suicídio durante episódios mistos é particularmente alto. DIAGNÓSTICO DOS DISTÚRBIOS BIPOLARES • Clinical criteria (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition) • Níveis de tiroxina (T4) e TSH (thyroid-stimulating hormone) para excluir hipertireoidismo • Exclusão de uso de fármacos estimulantes clinicamente ou por teste de sangue ou urina O diagnóstico do transtorno bipolar baseia-se na identificação de sintomas de mania e hipomania como descritos anteriormente e em história de remissões e recaídas. O diagnóstico do transtorno bipolar I exige sintomas maníacos graves o suficiente para 21 prejudicar de modo acentuado o aspecto social ou ocupacional de modo que exige hospitalização para prevenir danos a si mesmo ou a outros. Alguns pacientes que se apresentam com sintomas depressivos podem ter manifestado previamente hipomania ou mania, mas não relatarem isso a menos que sejam questionados especificamente. O questionamento habilidoso pode revelar sinais mórbidos (p. ex., gastos excessivos, envolvimentos sexuais impulsivos, abuso de drogas estimulantes), embora tais informações mais provavelmente sejam fornecidas por familiares. Um inventário estruturado como o Mood Disorder Questionnaire pode ser útil. Todos os pacientes devem ser perguntados gentilmente, porém diretamente, sobre ideação, planos ou atividades suicidas. Sintomas maníacos ou hipomaníacos agudos semelhantes podem resultar do abuso de estimulantes ou distúrbios físicos como hipertireoidismo ou feocromocitoma. Pacientes com hipertireoidismo normalmente apresentam outros sinais e sintomas físicos, mas testes de função tireoidiana (níveis de T4 e TSH) são um rastreio razoável para novos pacientes. Pacientes com feocromocitoma têm importante hipertensão intermitente ou sustentada; se não houver hipertensão, o teste para feocromocitoma não é indicado. Outros distúrbios menos comuns causam sintomas de mania, mas os sintomas depressivos podem ocorrer em alguns transtornos (ver tabela Algumas causas dos sintomas de depressão e mania). Revisão do uso de substâncias químicas (sobretudo anfetaminas e cocaína) e testes toxicológicos no sangue ou na urina podem ajudar a identificaras causas relacionadas com fármacos. Todavia, como o uso de fármaco pode ter simplesmente desencadeado um episódio em paciente com transtorno bipolar, procurar evidências de sintomas (maníacos ou depressivos) não relacionados ao uso de fármacos é importante. Alguns pacientes com transtorno esquizoafetivo têm sintomas maníacos, mas esses pacientes têm características psicóticas que podem persistir além dos episódios de humor anormal. Os pacientes com transtorno bipolar também podem ter transtornos de ansiedade (p. ex., fobia social, ataques de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo), possivelmente confundindo o diagnóstico. TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS BIPOLARES (Ver também Tratamento farmacológico do transtorno bipolar.) • Estabilizadores de humor (p. ex., lítio, alguns anticonvulsivantes), um antipsicótico de 2ª geração ou ambos • Suporte e psicoterapia O tratamento do transtorno bipolar geralmente tem 3 fases: • Aguda: para estabilizar e controlar as manifestações iniciais algumas vezes graves • Continuação: para alcançar a remissão completa • Manutenção ou prevenção: para manter os pacientes em remissão Embora muitos pacientes com hipomania possam ser tratados ambulatorialmente, a mania ou a depressão grave geralmente requer internação. Tratamento medicamentoso do transtorno bipolar Os fármacos para transtorno bipolar incluem 22 • Estabilizadores do humor: lítio e certos anticonvulsivantes, especialmente valproato, carbamazepina e lamotrigina. • Os antipsicóticos de 2ª geração incluem aripiprazol, lurasidona, olanzapina, quetiapina, ziprasidona e cariprazina. Esses fármacos são usadas isoladamente ou em combinação em todas as fases do tratamento, ainda que em dosagens diferentes. A escolha do fármaco para o tratamento do transtorno bipolar pode ser difícil, pois todos os fármacos possuem efeitos adversos significantes, interações medicamentosas são comuns e nenhum fármaco é universalmente eficaz. A seleção deve se basear no que foi eficaz e bem tolerado previamente para determinado paciente. Se o paciente não tiver recebido fármacos para tratar o transtorno bipolar (ou a história de uso de fármacos não for conhecida), a escolha se baseia na anamnese do paciente (em relação aos efeitos adversos do estabilizador específico de humor) e na gravidade dos sintomas. Algumas vezes, adicionam-se antidepressivos específicos [p. ex., inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRSs)] para a depressão grave, mas sua eficácia é controversa; estes medicamentos não são recomendados como terapia única para episódios depressivos. Infusão de cetamina também mostrou ser eficaz no tratamento de depressão bipolar grave. Outros tratamentos A ECT é usada algumas vezes para depressão refratária ao tratamento e também é eficaz na mania. A fototerapia pode ser útil no tratamento dos sintomas depressivos do transtorno bipolar tipo I sazonal (com depressão no outono-inverno e hipomania na primavera- verão) ou não sazonal ou transtorno bipolar tipo II. Ela é provavelmente mais útil como tratamento de potencialização. A estimulação magnética transcraniana, que às vezes é utilizada para tratar a depressão grave e resistente, também mostrou ser eficaz na depressão bipolar. Educação e psicoterapia Angariar o apoio dos entes queridos é crucial para prevenir episódios maiores. Terapia em grupo é frequentemente recomendada para os pacientes e seus parceiros; nela, eles podem aprender sobre o transtorno bipolar, suas sequelas sociais e sobre o papel central dos estabilizadores de humor no tratamento. Psicoterapia individual pode ajudar os pacientes a lidarem melhor com problemas da vida cotidiana e ajustar-se a uma nova maneira de identificar a si mesmos. Os pacientes, principalmente aqueles com transtorno bipolar II, podem não aderir aos esquemas com estabilizadores de humor, pois eles acreditam que esses fármacos os deixam menos alertas e criativos. O médico deve explicar que a diminuição na criatividade é relativamente incomum, pois os estabilizadores do humor costumam fornecer a oportunidade de um desempenho mais preciso nas atividades interpessoais, acadêmicas, profissionais e artísticas. Os pacientes devem ser aconselhados a evitar fármacos estimulantes e álcool, minimizar a privação do sono e a reconhecer sinais precoces de recaída. Se os pacientes tenderem a ser financeiramente extravagantes, as finanças devem ser direcionadas para um familiar de confiança. Pacientes com tendência a excessos sexuais devem receber informações sobre as consequências conjugais (p. ex., divórcio) e os riscos infecciosos da promiscuidade, sobretudo aids. 23 Grupos de suporte (p. ex., a Depression and Bipolar Support Alliance [DBSA] ) podem ajudar os pacientes fornecendo um fórum para compartilhar suas experiências e sentimentos comuns. PONTOS-CHAVE O transtorno bipolar é uma condição cíclica que envolve episódios de mania com ou sem depressão (bipolar 1) ou hipomania mais depressão (bipolar 2). O transtorno bipolar prejudica marcadamente a capacidade de funcionar no trabalho e interagir socialmente e o risco de suicídio é significativo; entretanto, estados maníacos leves (hipomania) são às vezes adaptativos porque eles podem produzir funcionamento de alta energia, criativo, confiante e social supernormal. A duração e frequência dos ciclos variam entre os pacientes; alguns pacientes têm apenas alguns ao longo da vida, ao passo que outros têm ≥ 4 episódios/ano (formas de ciclagem rápida). Apenas alguns pacientes alternam entre mania e depressão durante cada ciclo; na maioria dos ciclos, um ou outro predomina. O diagnóstico baseia-se em critérios clínicos, mas o transtorno por uso de estimulantes e doenças físicas (como hipertiroidismo ou feocromocitoma) devem ser descartados por exames e testes. O tratamento depende das manifestações e sua gravidade, mas envolve tipicamente estabilizadores do humor (p. ex., lítio, valproato, carbamazepina, lamotrigina) e/ou antipsicóticos de 2ª geração (p. ex., aripiprazol, lurasidona, olanzapina, quetiapina, risperidona, ziprasidona, cariprazina). TRANSTORNOS DEPRESSIVOS Caracterizam-se por tristeza suficientemente grave ou persistente para interferir no funcionamento e, muitas vezes, para diminuir o interesse ou o prazer nas atividades. A causa exata é desconhecida, mas provavelmente envolve hereditariedade, alterações nos níveis de neurotransmissores, alteração da função neuroendócrina e fatores psicossociais. O diagnóstico baseia-se na história. O tratamento geralmente consiste em medicamentos, psicoterapia ou ambos e, algumas vezes, eletroconvulsoterapia ou estimulação magnética transcraniana rápida (EMTr). O termo depressão é utilizado com frequência para se referir a qualquer um dos vários transtornos depressivos. Alguns estão classificados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5) por sintomas específicos: • Transtorno depressivo maior (muitas vezes chamado depressão maior) • Transtorno depressivo persistente (distimia) • Outro transtorno depressivo específico ou inespecífico Outros são classificados pela etiologia: • Transtorno disfórico pré-menstrual • Transtorno depressivo decorrente de outra condição médica • Transtorno depressivo induzido por substância/medicação 24 Os transtornos depressivos ocorrem em qualquer idade, mas normalmente se desenvolvem em meados da adolescência, terceira ou quarta década de vida (ver também Transtornos depressivos em crianças e adolescentes). Em contextos de atenção primária, até 30% dos pacientes relatam sintomas depressivos, porém < 10% têm depressão maior. Desmoralização e desolamento O termo depressão é usado muitas vezes para descrever o humor para baixo ou desencorajado que resulta de desapontamentos (p. ex., calamidade financeira, desastre natural, doença grave) ou perdas (p. ex., morte de uma pessoa querida) Entretanto,termos melhores para esse tipo de humor são desmoralização e desolamento. Os sentimentos negativos de desmoralização e tristeza, contrariamente aos da depressão, fazem o seguinte: • Ocorrem em ondas que tendem a estar vinculadas a pensamentos ou lembranças do evento deflagrador • Desaparecem quando as circunstâncias ou os eventos melhoram • Podem ser intercalados por períodos de emoção e humor positivos • Não são acompanhados de sentimentos generalizados de inutilidade e autodepreciação O humor para baixo geralmente dura dias, ao contrário de semanas ou meses; pensamentos de suicídio e perda funcional prolongada são muito menos prováveis. Mas eventos e estressores que causam desmoralização e pesar também podem precipitar um episódio depressivo maior, particularmente em pessoas vulneráveis (p. ex., aqueles com história passada ou história familiar de depressão maior). Em um número pequeno, mas substancial de pacientes, o luto pode se tornar persistente e incapacitante. Esse transtorno chama-se transtorno por luto prolongado e pode exigir tratamento especificamente direcionado. ETIOLOGIA DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS A causa exata dos transtornos depressivos é desconhecida, mas fatores genéticos e ambientais contribuem. A hereditariedade explica cerca de metade da etiologia (menos na depressão de início tardio). Dessa forma, a depressão é mais comum entre parentes de 1º grau de pacientes deprimidos, e a concordância entre gêmeos idênticos é alta. Além disso, os fatores genéticos provavelmente influenciam o desenvolvimento de respostas depressivas a eventos adversos. Outras teorias se concentram nas alterações dos níveis dos neurotransmissores, como desregulação dos neurotransmissores colinérgicos, catecolaminérgicos (noradrenérgicos e dopaminérgicos) glutamatérgicos e serotoninérgicos (5- hidroxitriptamina) (1). A desregulação neuroendócrina pode ser um fator, com ênfase particular em 3 eixos: hipotálamo-hipófise-suprarrenal, hipotálamo-hipófise-tireoide e hipotálamo-hipófise-hormônio do crescimento. Fatores psicossociais também parecem estar envolvidos. Estressores vitais importantes, em especial separações e perdas, comumente precedem episódios de depressão maior; 25 entretanto, tais eventos não causam, geralmente, depressão grave e duradoura, exceto em pessoas predispostas a um transtorno do humor. Pessoas que tiveram um episódio de depressão maior têm risco maior de episódios subsequentes. Pessoas que são menos resilientes e/ou que têm tendências ansiosas podem ter mais chance de desenvolver transtorno depressivo. Muitas vezes, tais pessoas não desenvolveram as habilidades sociais para se ajustar às pressões da vida. A presença de outros transtornos mentais aumenta os riscos de transtorno depressivo maior. As mulheres têm risco maior, mas nenhuma teoria explica o motivo. Possíveis fatores incluem: • Maior exposição ou resposta aumentada a estresses cotidianos • Níveis mais elevados de monoamino-oxidase (a enzima que degrada neurotransmissores considerados importantes para o humor) • Taxas mais altas de disfunção tireoidiana • Alterações endócrinas que ocorrem com a menstruação e na menopausa Na depressão de início n peri-parto, os sintomas se desenvolvem durante a gestação ou em 4 semanas após o parto (depressão pós parto); alterações endócrinas foram implicadas, mas a causa específica é desconhecida. Nos transtornos afetivos sazonais, os sintomas se desenvolvem em um padrão sazonal, normalmente durante outono ou inverno; o transtorno tende a ocorrer em climas com invernos longos ou intensos. Sintomas ou transtornos depressivos podem acompanhar vários distúrbios físicos, incluindo doenças da tireoide doenças da glândula adrenal, tumores cerebrais benignos e malignos, acidente vascular encefálico, aids, doença de Parkinson e esclerose múltipla (ver tabela Algumas causas dos sintomas de depressão e mania). Certos fármacos, como corticoides, alguns betabloqueadores, interferona e reserpina, também podem resultar em transtornos depressivos. O abuso de algumas drogas recreativas (p. ex., álcool, anfetaminas) pode levar a ou acompanhar a depressão. Efeitos tóxicos ou abstinência de drogas podem causar sintomas depressivos transitórios. SINAIS E SINTOMAS DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS A depressão provoca disfunções cognitivas, psicomotoras e de outros tipos (p. ex., dificuldade de concentração, fadiga, perda do desejo sexual, perda de interesse ou prazer em praticamente todas as atividades que anteriormente eram apreciadas, distúrbios do sono), bem como humor depressivo. Pessoas com transtorno depressivo frequentemente têm pensamentos suicidas e podem tentar o suicídio. Outros sintomas ou transtornos mentais (p. ex., ansiedade e ataques de pânico) comumente coexistem, algumas vezes complicando diagnóstico e tratamento. Os pacientes com todas as formas de depressão têm maior probabilidade de fazer uso abusivo de álcool ou de outras drogas ilícitas na tentativa de automedicar distúrbios do sono ou sintomas de ansiedade; entretanto, a depressão é uma causa menos comum de transtorno por uso de álcool e transtorno por uso de outras substâncias do que já se pensou. Os pacientes também têm mais chance de se tornarem fumantes pesados e de 26 negligenciar sua saúde, aumentando o risco de desenvolvimento ou progressão de outras enfermidades (p. ex., DPOC [ doença pulmonar obstrutiva crônica]). A depressão pode reduzir as respostas imunitárias protetoras. A depressão eleva o risco de doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico, talvez porque na depressão citocinas e fatores que aumentam a coagulação sanguínea estão elevados e a variabilidade da frequência cardíaca está reduzida — todos fatores de risco de doenças cardiovasculares. Depressão maior (depressão unipolar) Os pacientes podem parecer infelizes, com olhos lacrimejantes, testa enrugada, cantos da boca voltados para baixo, postura retraída, pouco contato visual, perda da expressão facial, pouco movimento corporal e mudanças no discurso (p. ex., voz suave, perda da prosódia, uso de palavras monossilábicas). A aparência pode ser confundida com doença de Parkinson. Em alguns pacientes, o humor deprimido é tão profundo que as lágrimas secam; eles relatam que ficam incapazes de sentir as emoções habituais e sentem que o mundo se tornou sem cor ou sem vida. A nutrição pode estar gravemente comprometida, exigindo intervenção imediata. Alguns pacientes depressivos negligenciam a higiene pessoal ou mesmo seus filhos, entes queridos ou animais de estimação. Para o diagnóstico da depressão maior ≥ 5 dos seguintes devem estar presentes quase todos os dias durante o mesmo período de 2 semanas, e um deles deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer: • Humor deprimido durante a maior parte do dia • Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia • Ganho ou perda ponderal significativo (> 5%) ou diminuição ou aumento do apetite • Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia • Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado) • Fadiga ou perda de energia • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada • Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão • Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio Transtorno depressivo persistente Sintomas depressivos que persistem por ≥ 2 anos sem remissão são classificados como transtorno depressivo persistente (TDP), uma categoria que consolida os transtornos anteriormente denominados transtorno depressivo maior crônico e transtorno distímico. Os sintomas tipicamente começam insidiosamente durante a adolescência e podem persistir por muito anos ou décadas. O número de sintomas muitas vezes oscila acima e abaixo do limiar paraepisódio depressivo maior. 27 Os pacientes afetados podem estar habitualmente melancólicos, pessimistas, sem senso de humor, passivos, letárgicos, introvertidos, hipercríticos de si mesmos e dos outros e queixosos. Pacientes com TDP também têm maior probabilidade de apresentar transtornos de ansiedade, transtorno por uso abusivo de substâncias ou transtornos de personalidade subjacentes (isto é, personalidade borderline). Para o diagnóstico do transtorno depressivo persistente, os pacientes devem ter tido humor deprimido na maior parte do dia por um número maior de dias do que os dias sem sintomas durante ≥ 2 anos, e ≥ 2 dos seguintes: • Baixo apetite ou comer em excesso • Insônia ou hipersonia • Baixa energia ou fadiga • Baixa autoestima • Falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões • Sentimentos de desespero Transtorno disfórico pré-menstrual O transtorno disfórico pré-menstrual envolve sintomas de humor e ansiedade claramente relacionadas ao ciclo menstrual, com início durante a fase pré-menstrual e um intervalo livre de sintomas após a menstruação. Os sintomas devem estar presentes durante a maioria dos ciclos menstruais por todo o último ano. Manifestações são semelhantes àquelas da síndrome pré-menstrual, mas são mais graves, causando sofrimento clinicamente significativo e/ou prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional. O transtorno pode começar a qualquer momento após a menarca; pode piorar com a aproximação da menopausa, mas cessa depois da menopausa. Estima-se que a prevalência seja 2 a 6% em mulheres que menstruam em um dado intervalo de 12 meses. Para o diagnóstico, as pacientes devem ter ≥ 5 sintomas na semana antes da menstruação. Os sintomas devem começar a diminuir em alguns dias após o início da menstruação e tornam-se mínimos ou inexistentes na semana após a menstruação. Sintomas devem incluir ≥ 1 dos seguintes: • Oscilações de humor acentuadas (p. ex., sentir-se de repente triste ou chorosa) • Irritabilidade ou raiva acentuada ou conflitos interpessoais intensificados • Depressão acentuada, sensação de desesperança ou pensamentos de autodepreciação • Ansiedade acentuada, tensão ou sensação de nervos à flor da pele Além disso, ≥ 1 dos seguintes deve estar presente: • Interesse diminuído em atividades habituais • Dificuldade de concentração • Baixa energia ou fadiga 28 • Alteração significativa no apetite, comer em excesso ou desejos por alimentos específicos • Hipersonia ou insônia • Sensação de opressão ou de falta de controle • Sintomas físicos como dor à palpação ou edma de mamas, artralgia ou mialgia, sensação de estar empanturrado e ganho de peso Transtorno por luto prolongado O luto prolongado consiste na tristeza persistente seguinte à perda de um ente querido. Difere da depressão pelo fato de que a tristeza está relacionada com a perda específica, em vez dos sentimentos mais gerais de falha associados à depressão. Em contraposição ao luto normal, esse transtorno pode ser altamente incapacitante e requer terapia especificamente projetada para o transtorno por luto prolongado. Considera-se que o luto prolongado está presente quando a resposta ao luto (tipificada por saudade ou anseio persistente e/ou preocupação com o falecido) dura um ano ou mais e é persistente, generalizado e excede as normas culturais. Também deve ser acompanhado por ≥ 3 dos seguintes no último mês, em um grau que causa sofrimento ou inaptidão: • Descrença • Dor emocional intensa • Sensação de confusão de identidade • Evitar coisas que o fazem lembrar da perda • Sensações de entorpecimento • Solidão intensa • Sensações de falta de importância • Dificuldade de se envolver em aspectos da vida diária Algumas ferramentas de triagem úteis incluem o Inventory of Complicated Grief e o Brief Grief Questionnaire. Outros transtornos depressivos Grupos de sintomas com características de transtorno depressivo que não atendem todos os critérios para outros transtornos depressivos, mas que causam sofrimento ou prejuízo do funcionamento clinicamente significativo são classificados como outros transtornos depressivos (especificados ou não especificados). Estão incluídos períodos recorrentes de disforia com ≥ 4 outros sintomas depressivos que duram < 2 semanas em pessoas que nunca atenderam os critérios para outro transtorno de humor (p. ex., depressão breve recorrente) e os períodos de depressão que duram mais tempo, mas que incluem sintomas insuficientes para o diagnóstico de outro transtorno depressivo. 29 Especificadores Depressão maior e transtorno depressivo persistente podem incluir um ou mais especificadores que descrevem manifestações adicionais durante um episódio depressivo: • Sofrimento ansioso: pacientes se sentem tensos e extraordinariamente inquietos; eles têm dificuldade de concentração porque se preocupam ou temem que algo terrível pode acontecer, ou eles sentem que podem perder o controle deles mesmos. • Características mistas: pacientes também têm ≥ 3 sintomas de mania ou hipomaníacos (p. ex., humor elevado, grandiosidade, maior loquacidade do que o habitual, fuga de ideias, diminuição do sono). Pacientes com esse tipo de depressão têm maior risco de desenvolver transtorno bipolar. • Melancólico: pacientes perderam o prazer em quase todas as atividades ou não respondem a estímulos geralmente agradáveis. Eles podem estar desanimados ou desesperados, sentir culpa excessiva ou inapropriada, ter despertar matutino precoce, agitação ou retardo psicomotor marcantes e anorexia ou perda ponderal significante. • Atípico: o humor dos pacientes melhora temporariamente em resposta a eventos positivos (p. ex., visita de filhos). Eles também têm ≥ 2 dos seguintes: reação exagerada a críticas ou rejeição percebida, sentimentos de paralisia de chumbo (sensação pesada ou de peso, geralmente nas extremidades), ganho de peso ou aumento de apetite e hipersonia. • Psicótico: pacientes têm delírios e/ou alucinações. Delírios muitas vezes envolvendo ter cometido pecados ou crimes imperdoáveis, de portar transtornos incuráveis ou vergonhosos ou de ser perseguido. Alucinações podem ser auditivas (p. ex., ouvir vozes acusatórias ou condenatórias) ou visuais. Se apenas vozes forem descritas, deve-se ter consideração especial se as vozes representam alucinações verdadeiras. • Catatônico: pacientes têm retardo psicomotor grave, envolvem-se em atividade excessiva sem propósito e/ou se isolam; alguns pacientes fazem caretas e imitam fala (ecolalia) ou movimento (ecopraxia). • Início no peri-parto: o início ocorre durante a gestação ou até a 4ª semana após o parto. Características psicóticas podem estar presentes; infanticídio é frequentemente associado a episódios psicóticos envolvendo alucinações de comando para matar o lactente ou delírios de que o recém-nascido está possuído. • Padrão sazonal: os episódios ocorrem em um determinado momento do ano, na maioria das vezes no outono ou inverno. DIAGNÓSTICO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS • Critérios clínicos (DSM-5) • Hemograma completo, eletrólitos, níveis de hormônio tireoestimulante (thyroid- stimulating hormone, TSH), vitamina B12 e folato para descartar enfermidades físicas que provocam depressão O diagnóstico dos transtornos depressivos baseia-se na identificação dos sinais e sintomas e nos critérios clínicos descritos acima. Questões fechadas específicas ajudam a determinar se os pacientes têm os sintomas exigidos pelos critérios do DSM-5 para o diagnóstico de depressão maior. Para ajudar a diferenciar transtornos depressivos de variações comuns no humor, deve existir sofrimento significativo ou comprometimento do funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas importantes. 30 A gravidade é determinada por grau de sofrimento e incapacitação (física, social e ocupacional) e duração dos sintomas. O médico deve gentilmente, porém de forma direta, perguntar
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