Buscar

Educacao Positiva no Ambiente Escolar 11

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

13
1 EDUCAÇÃO POSITIVA NO AMBIENTE ESCOLAR
Este capítulo tem por objetivo efetuar uma reflexão acerca do conceito de Educação Positiva, da importância do papel da família na aplicabilidade da Educação Positiva bem como selecionou a sugestão da obra de Jane Nelsen (2008), sobre a Reunião de Classe para análise, visando perceber da relevância desta ação para a prática da educação Positiva no ambiente escolar.
1.1 Análise panorâmica sobre a Educação Positiva
O termo Educação Positiva surgiu no ano de 2008, na Austrália, em um encontro entre Seligman, Reivich e o conselho da Escola Secundária de Geelong (ESG). O conselho da ESG tinha como objetivo promover o bem-estar de todos os jovens que estudavam na unidade escolar, com o objetivo em mente, questionaram a Seligman e Reivich como ambos impregnariam a psicologia positiva[footnoteRef:1] na escola. Seligman sugeriu que convocassem todos os “bambambãs” da psicologia positiva para que promovessem um mês de palestras para o corpo docente, alunos e comunidade que fizessem parte da escola, e orientá-los sobre o programa. (SELIGMAN, 2011, p. 41) Foi realizado um curso de nove dias, no qual os professores foram ensinados a usarem as competências da psicologia positiva em suas vidas, pessoais e profissionais, em seguida tiveram exemplos de como ensinar às crianças. [1: A Psicologia Positiva é a área da psicologia que estuda os fundamentos psicológicos do bem-estar e da felicidade, bem como os pontos fortes e virtudes humanas. Para um estudo mais aprofundado sobre o assunto ver: SELIGMAN, M. E. P. O que é bem-estar? In Seligman, M. E. P. Florescer. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. É composta por três pilares essenciais, que se referem aos três níveis de atuação da psicologia positiva: 1) o nível básico ou subjetivo, que diz respeito ao estudo dos elementos da felicidade, bem-estar e outros construtos relacionados; 2) o nível individual, que diz respeito a traços e características individuais positivas; e 3) o nível grupal, que se refere a virtudes cívicas e instituições com características e traços de funcionamento positivos, que induzem os indivíduos à felicidade. Para um estudo mais aprofundado ver: RODRIGUES, S. Y. C. Forças de Carácter em Jovens Voluntários do Projecto Solsal. Mestrado Integrado em Psicologia, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2010; SELIGMAN, M. E. P. (2004) Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva; Seligman, M. E. P & CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive psychology: An introduction. American Psychologist, 2000, v.55, p. 5-14. 
] 
Seligman cita em seu livro que de primeira impressão o diretor da escola passou uma impressão de pessoa rígida, contudo, após as sessões que foram ensinados os princípios e as habilidades, por meio de exercícios e aplicações, ele notou uma transformação emblemática no diretor. Ao finalizar o projeto, o diretor responsável pela ESG, discursou e disse que o curso foi um dos grandes acontecimentos na história da escola, e o denominou como “Educação Positiva”. (SELIGMAN, 2011, p.41)
Dessa forma, Norrish (apud CINTRA; GUERRA, 2017. p. 2,) podemos definir a Educação Positiva de maneira geral como a aplicação dos princípios da Psicologia Positiva ao contexto educacional, defendendo que as habilidades relacionadas ao bem-estar devem ser integradas ao currículo escolar, juntamente com as habilidades tradicionais necessárias para o desenvolvimento profissional. Portanto, além de promover o bem-estar, a resiliência e o florescimento, a Educação Positiva também oferece um caminho fundamental para um dos aspectos mais significativos do aprendizado – o autoconhecimento.
Compreendemos então que a Educação Positiva se correlaciona com o termo “Disciplina Positiva” descrito por Janel Nelsen. Segundo Nelsen, a Disciplina Positiva ajuda os adultos a encontrar um meio-termo respeitoso, que não seja positivo nem permissivo. A disciplina Positiva defende ferramentas que são ao mesmo tempo gentis e firmes e que ensinam valiosas habilidades sociais e de vida. (NELSEN, 2006, p. 22)
Nessa educação, os professores trabalham com práticas que promovem um ensino que leva em consideração as necessidades dos estudantes, sejam elas emocionais, sociais ou acadêmicas, preservando e incentivando sempre a autonomia e responsabilidade, para assim promover a motivação em seus processos de aprendizagem.
Seligman (2011, p. 43) salienta que “A educação positiva, em si mesma, é uma forma de lenta e gradual de espalhar o bem-estar por todo o planeta. Está limitada pelo número de professores treinados e pelo número de escolas dispostas a adotá-la.” Pode-se dizer que apesar da educação positiva promover o bem-estar, o alcance é limitado pelas razões de não haver educadores com conhecimentos necessários para colocar em prática e escolas que não fornecem formações para adotar essa abordagem. Nessa direção, Seligman ressalta:
[...] Um bem-estar maior melhora a aprendizagem, o objetivo tradicional da educação. Um estado de humor positivo produz maior atenção e um pensamento mais criativo e holístico. Isso contrasta com o humor negativo, que produz uma atenção diminuída e um pensamento mais crítico e analítico. (SELIGMAN, 2011, p.38)
Notamos a correlação que existe entre o bem-estar emocional e o processo de ensino-aprendizagem. Seligman salienta que o estado de humor positivo está relacionado a uma melhor capacidade de aprendizado, promovendo maior atenção, criatividade e o pensamento integral. No entanto, um estado de humor negativo pode causar desinteresse e favorecer um pensamento crítico e analítico. Ressaltamos a importância do bem-estar emocional dos estudantes, visto que ele desempenha um papel significativo. 
Acreditamos que, por tratar-se de uma abordagem com pouca notoriedade, nos deparamos com profissionais que não fazem uso da Educação Positiva, por acharem que a mesma significa dar liberdade para que os estudantes faltem com respeito e decidam por si mesmos, indo contra professores que se sentem a figura autoritária, também por não terem paciência para compreende-los e serem gentis quando os estudantes causam um aborrecimento.
A falha dos educadores se inicia quando eles não reconhecem que para um estudante estar apresentando um mau comportamento em sala, se dá ao fato de que o mesmo pode não estar conseguindo se adaptar no ambiente.
Wallon (2007, p. 38) afirma que é necessário a desconstrução do olhar adultocêntrico presente na observação e nas metodologias de investigação do desenvolvimento infantil. Com isso, ele alerta para o fato de que algumas manifestações interpretadas pelo olhar do adulto tendem a gerar posturas e a construir sentimentos muitas vezes equivocados daquilo que a criança demonstra. Esses equívocos fazem com que professores reduzam atitudes e formem opiniões erradas sobre comportamentos apresentados pelos estudantes, tratando-os com desrespeito, focando apenas nos erros e conflitos gerados. A partir disso não favorecem metodologias condizentes com as especificidades de cada criança.
Nessa direção, segundo Jane Nelsen no que se refere aos conflitos e mau comportamento que são frequentes em sala de aula, elucida a autora. 
Olhando de perto, você verá que mau comportamento nada mais é que falta de conhecimento (ou consciência), uma ausência de habilidades eficazes e comportamentos adequados do ponto de vista do desenvolvimento, desencorajamento – ou, frequentemente, uma questão que nos convida a utilizar nosso cérebro primitivo, para o qual a única opção é disputa por poder, desistência e comunicação eficaz. (NELSEN, 2006, p. 97)
Visto isso, devemos refletir sobre como a Educação Positiva, se implementada em sala de aula, ajudaria a evitar situações em que os estudantes apresentam um desencorajamento, como o não interesse em participar de dinâmicas, antes de apresentarem o mau comportamento. Compreendemos que há educadores que não conhecem sobre o desenvolvimento humano para assim melhor atender e compreender os seus estudantes e por essa razão ressaltamos de como seria importante que a Educação Positiva fosse imposta emcurrículos ou formações, visto que a mesma preza pelo desenvolvimento pessoal e profissional.
Não estamos querendo dizer que cometer situações difíceis no ambiente escolar devem ser aceitas e toleradas, no entanto, devemos entender a razão pela qual o estudante está causando discordâncias. Há ocasiões em que eles apenas querem ser os protagonistas de seus conhecimentos, ter atenção, serem compreendidos e encorajados. “Encorajamento não é recompensar o mau comportamento, como muitos acreditam. O encorajamento elimina a necessidade do mau comportamento.” (NELSEN, 2006, p.107)
Ao fornecer incentivos e suporte aos estudantes, o educador estará criando um ambiente onde o mau comportamento poderá se tornar menos frequente. O encorajamento não incentivará situações difíceis e sim irá promover comportamentos positivos e um ambiente saudável. 
1.2 O papel da família na aplicação da Educação Positiva
A família é uma peça fundamental no processo de aplicação da Educação Positiva, pois é nela que se inicia a identificação por parte da criança sobre o respeito, responsabilidade e resoluções de problemas. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (p.27)
Cabe à família incluir seus filhos sobre limites que serão estabelecidos em diferentes questões, discutindo e abordando sempre a gentileza e firmeza, para que assim eles possam cumprir o que foi proposto em conjunto, sendo capazes de desenvolver a responsabilidade e criar autonomia. Todavia, há pais que assumem a responsabilidade de estabelecer os limites com rigidez, sem dar a chance de escolha aos filhos, gerando ressentimento, retaliação e rebeldia, visto que, muitas vezes se os limites não são respeitados, é aplicada uma punição. Nesse sentido, Nelsen ressalta: [...] Quando os adultos estabelecem os limites e depois os aplicam por meio de castigos, sermões e controle, frequentemente revolta e lutas por poder são geradas. (NELSEN, 2008, p. 46)
A família necessita aplicar uma abordagem leve e gentil, explorando práticas que sejam comunicativas, nas quais os adultos ouvem as crianças, suas opiniões e preocupações para buscarem soluções juntos e que tragam benefícios para ambas às partes, criando um vínculo afetivo e formando indivíduos com menor prejuízo emocional. Todas as questões sugeridas poderão contribuir para um ambiente mais harmonioso e construtivo, onde as crianças são incentivadas a desenvolver responsabilidade e autocontrole em vez de simplesmente obedecer por medo de punições.
É de suma importância que as práticas familiares sejam em focar no protagonismo da criança, expressando opiniões e desenvolvendo o poder de escolha, e que a forma de educar não seja pautada na agressividade. É indispensável que a criança tenha orientação, aplicada de forma gentil que a faça entender que cometeu um erro; partindo por este pressuposto ela será liderada na hora de manter a disciplina, sendo acolhida e aconselhada. Salientamos que educar de forma gentil e instrutiva gera benefícios no âmbito familiar, promove tempo de qualidade e encorajam que as crianças conjuntamente sejam afetuosas.
Ressaltando também que, de acordo com o parágrafo 3º, visto no artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente, (Lei nº8.069 de 13 de Julho de 1990): 
É dever do estado assegurar à criança e ao adolescente: compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. (BRASIL, 1990, p.45)
Logo, vinculando isso a Educação Positiva, veremos que com o ambiente agradável que se cria e a amizade entre professor-estudante, torna-se mais fácil manter a frequência da criança na escola por gosto próprio, e não por obrigação, propiciando a elas um ensino satisfatório. Acompanhar o desempenho escolar da criança se faz essencial para identificar eventuais dificuldades e problemas enfrentados por eles. Para isso, os pais devem manter uma comunicação constante, participando de reuniões e procurando saber sobre o processo de ensino do filho, além de manter uma boa relação com seus educadores. Esse envolvimento dos pais auxilia no desenvolvimento integral da criança.
 Consideramos que, crianças que tenham familiaridade com a Educação Positiva, poderão ter responsabilidade maior em seus aprendizados escolares, cooperando e auxiliando com um ambiente escolar que desenvolva as suas habilidades, o professor será o melhor exemplo para encorajá-las a desenvolverem tudo o que será proposto.
1.3 Reuniões de Classe
Em seu livro Disciplina Positiva, a autora Jane Nelsen faz sugestões de reuniões de classes a serem realizadas com os estudantes. Essas reuniões terão como objetivo fazer com que todos possam refletir, discutir e achar soluções para os acontecidos vividos.
Com o nível de envolvimento das crianças em resolver os problemas que são importantes pra elas, elas desenvolvem as habilidades de escuta, linguagem, memória, pensamentos objetivos, ampliam o pensamento e reconhecem as consequências lógicas das suas escolhas. Elas aprendem e praticam a resolução de problemas relacionados à saúde e segurança, tanto preventiva quanto imediata. O importante dessa reunião é envolver todos os alunos, e não selecionar apenas alguns. Assim, as crianças também passam a apreciar o valor e a mecânica da aprendizagem. (NELSEN, 2006, p. 205)
Nelsen (2006) sugere em seu livro algumas atitudes que devem ser evitadas para que as reuniões venham a ser positivas e bem-sucedidas:
Atitudes e Orientações para Reuniões de Classe Bem-sucedidas
Algumas atitudes e ações a serem evitadas em reuniões de classe são:
1. Não use as reuniões de classe como mais um fórum para fazer sermões ou moralizar. É essencial que os professores sejam objetivos e não expressem julgamentos. Isso não significa que você não pode ter voz durante as reuniões. Você ainda pode colocar itens na pauta e dar sua opinião.
2. Não use as reuniões de classe como uma forma de continuar o controle excessivo. Crianças enxergam essa abordagem e não vão cooperar.
Fonte: NELSEN; (2006, p. 206)
Um dos motivos pelo qual acreditamos que os objetivos das reuniões não devem ser para moralizar ou repreender, se dá pela razão de que muitos estudantes já se sentem desestimulados no ambiente escolar. Se o momento em questão for utilizado para corrigí-los, se sentirão desanimados e não contribuirão para a sua construção pedagógica. A melhor escolha no momento seria utilizar o acolhimento para com os estudantes, visto que se faz necessário também que haja a cooperação deles. 
O professor, sendo o mediador, pode combinar com a classe dias e horários para que as reuniões sejam realizadas, podendo até ter em algumas ocasiões “reuniões de emergência”, visto que não é em dias determinados que problemas ocorrem. Nessa direção, Zabala ressalta que: Para que tudo isso possa se realizar, os professores devem acreditar sinceramente nas capacidades dos alunos, ganhando a confiança deles a partir do respeito mútuo. (ZABALA, 1998, p. 124)
Ou seja, é importante que os professores acreditem no potencial dos estudantes para assim estabelecerem uma relação de respeito mútuo, criando um ambiente de aprendizado positivo e eficaz, onde os estudantes são incentivados. Essa abordagem promove não apenas o sucesso acadêmico, mas também o desenvolvimento pessoal e a autoestima dos estudantes.
Destacamos alguns propósitos das reuniões de classe:
Propósitos das Reuniões de Classe
1. Fazer reconhecimentos.
2. Ajudar uns aos outros.
3. Resolver Problemas 
4. Planejar eventos.
Fonte: NELSEN (2006, p. 208)
Os propósitos citados farão com que o respeito mútuo seja utilizado no ambiente escolar, em momentos em que poderão resolver questões de todos os envolvidos. Entendemos que é necessário fazer reconhecimentos,como abraçar as decisões das crianças, pois assim elas estão exercendo sua liberdade, sua autonomia e sua competência em lidar com conflitos, e isso é importante para a maturação da criança. Ajudar uns aos outros segue no preceito de que as crianças aprendem com seus pares; é considerável apresentar para os estudantes que em nossa vida a colaboração em grupo é fundamental a cerca de todo momento, além desse campo contemplar o autoconhecimento, a construção de relações, criação de vínculos sociais, o sentimento de pertencimento e o de coletividade, além da diversidade cultural e o respeito as diferentes formas de agir e pensar do outro. 
Nesta perspectiva, a resolução de problemas nas reuniões se correlaciona com todos os tópicos que foram citados. As crianças devem participar ativamente nas mediações de conflitos, sendo assim capazes de desenvolver a capacidade de encontrar soluções para diversas situações, das mais comuns até as mais complexas. O planejamento de eventos está atrelado ao sentimento do estudante pertencer a organização da classe e a capacidade de construção de opinião e composição. No desenvolvimento do planejamento todos os tópicos são explorados; o trabalho em grupo, novas formas de conhecimento, realizações, autoconhecimento, desenvolvimento e liderança e a resolução de problemas, além de ensiná-los a compreender as frustrações presentes quando nem tudo sai de acordo com o que queremos.
Embora a situação aparente ser difícil de colocar em prática, frisamos o propósito da Educação Positiva, que é ser gentil e firme, buscando sempre soluções em diferentes situações sem punir e desencorajar os estudantes.
1.4 Punições
A Educação Positiva quando utilizada, preza pelo respeito, e geralmente punições não são utilizadas. Uma das razões pela qual a punição não é utilizada é porque ela não é efetiva a longo prazo. Ela interrompe o mau comportamento naquele instante. Porém, em longo prazo, se torna mais complicado, pois a criança não entende a punição como algo útil ou que vá ajudá-la a resolver suas questões, mas sim enxerga-las como um “obstáculo” onde pode se rebelar ou se conformar que não pode ter seu senso de individualidade.
Deste modo cabe ressaltar o que orienta Martin Seligman (2011):
Se você quiser produzir um mundo melhor, deve aliviar as circunstâncias que produzem más ações em vez de desperdiçar seu tempo tentando mudar o caráter ou punindo o mau comportamento e recompensando o bom. (SELIGMAN, 2011, p. 47)
Refletindo sobre a citação, é importante pensarmos em prevenções que evitem o uso da punição no ambiente escolar, devemos focar na circunstância em que levou a criança em cometer o erro e achar a melhor solução sem o uso de punições. Uma abordagem preventiva ajudará a melhorar o ambiente, ao invés de uma abordagem reativa que possivelmente só causará aborrecimentos. Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê:
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014). (p.21
Compreendemos que a Lei estabelece o direito das crianças e adolescentes de serem educados sem o uso de punições, sejam elas físicas ou de tratamentos cruéis, e também reconhece que a correção, disciplina, educação ou qualquer forma de cuidado não devem ser de caráter punitivos. A Lei visa proteger os jovens de práticas violentas, garantindo o desenvolvimento saudável, físico e psicológico e reforça a responsabilidade dos envolvidos no cuidado e proteção das crianças e adolescentes.
Confrontando a maneira punitiva, abordamos a firmeza. Diferente de como a maioria dos adultos pensam, não significa repreender, ou ter de alguma forma controle sobre o outro. Respeitar e ser firme é o primeiro passo para que todos os limites propostos em conjunto sejam seguidos. Limites aplicados por meio de punições não surtem resultados positivos, apenas revoltam e causam desinteresse no ambiente escolar. O desinteresse decorrente das punições se dará exclusivamente ao aprendizado.
A abordagem positiva enfatiza a importância do relacionamento entre professor-aluno e família, para que possa ser promovido no ambiente escolar práticas que fortaleçam as necessidades emocionais, sociais e acadêmicas dos estudantes. Assim, a Educação Positiva, em diferentes etapas do aprendizado, preza pelo respeito, conhecimento e evolução do desenvolvimento individual dos envolvidos, promovendo sempre um ensino e ambiente escolar saudável.
Por fim, acreditamos que a Educação Positiva no Ambiente Escolar é uma abordagem que visa promover um ambiente educacional que desenvolva integralmente os estudantes, o respeito e uma comunicação aberta em que todos tenham a oportunidade de cooperarem, se desenvolverem e se sentirem encorajados. Além disso, a Educação Positiva busca criar um ambiente em que punições não são utilizadas e sim soluções que ajude a promover um local de ensino encorajador onde o bem-estar fará parte do ensino-aprendizado e os estudantes poderão ter responsabilidade em seus aprendizados.
No próximo capitulo vai ser apresentado uma abordagem sobre a Educação Positiva, os princípios fundamentais, as práticas e seu impacto no contexto familiar e educacional. Utilizaremos referências da Base Comum Curricular (BNCC), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
2. A EDUCAÇÃO POSITIVA E A LEGISLAÇÃO
O presente capítulo busca aprofundar as práticas da Educação Positiva, no âmbito escolar e familiar, uma abordagem inovadora que tem ganhado reconhecimento e destaque nas últimas décadas. Para tanto utilizou-se como fonte os documentos oficiais como: Base Comum Curricular (BNCC), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
A Educação Positiva nos representa um desvio considerável das metodologias tradicionais de ensino, concentrando-se no bem-estar dos estudantes, na promoção de relações saudáveis e na construção de um ambiente de aprendizagem positivo. Ao longo deste capitulo, exploraremos os princípios fundamentais e as práticas que norteiam a Educação Positiva e seu impacto no contexto familiar e educacional.
As práticas pedagógicas que norteiam a Educação Positiva são fundamentais para criar um ambiente de aprendizagem que busca desenvolver habilidades socioemocionais e incentiva uma aprendizagem significativa, isso condiz com os documentos norteadores da Educação, e uma das competências a BNCC diz que:
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (Base Comum Curricular, 2017, p.10).
Sendo assim é destacada a importância de promover valores que são essenciais para a educação, como a empatia, o diálogo, resolver conflitos e a cooperação, tudo isso com base no respeito e valorização da diversidade de pessoas e grupos sociais, incluindo suas identidades, culturas e habilidades, sem nenhum tipo de preconceito. Como abordado no capítulo anterior, também temos em ênfase a necessidade de tratar as crianças com respeito e compreensão, prezando por acatar suas escolhas e contextos sociais e culturais. Portanto ao incorporar esses valores na educação, estamos criando um ambiente onde os estudantes aprendem não só conceitos acadêmicos, mas também as habilidades sociais éticas e necessárias para se tornarem cidadãos respeitosos em uma sociedade diversificada. Isso contribui para uma formação que vise não apenas o seu desenvolvimento pessoal, mastambém para uma construção de um mundo mais inclusivo e justo. 
Neste cenário, é notório os benefícios que a Educação Positiva proporciona aos estudantes. Visto que, do contrário ao método tradicional, neste o estudante tem muito mais oportunidades de desenvolver seu caráter, mostrar seus objetivos, expor suas opiniões e ser aceito, independente do erro. Profissionais que aplicam essa abordagem em sala de aula, também tem muito mais desenvoltura no decorrer da aula, além da amizade e parceria que dividem com seus estudantes. Um ambiente agradável e amigável é muito mais propício a desenvoltura, e ao crescimento do saber, onde todos podem expressar suas opiniões sem ter alguém apontando ou repreendendo. Com isso, aprendem a ouvir, a falar, a se comunicar e a manter suas relações saudáveis. Nessa direção, a BNCC sugere objetivos de aprendizagens que têm em vista: Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. (BNCC, 2017, p. 54).
Dessa forma, é necessário fazer com que os estudantes pratiquem ações que promovam um ambiente propício para o bem-estar. Ao oportunizar um espaço educacional em que os estudantes possam expressarem suas opiniões e debaterem sobre as diversidades, estaremos criando um local em que todos se sintam inclusos. O incentivo e as práticas possibilitarão um ambiente educacional mais benéfico no desenvolvimento pessoal e educacional dos estudantes e a todos que os cercam.
Nessa direção, Libâneo ressalta:
O incentivo à aprendizagem é o conjunto de estímulos que despertam nos alunos a sua motivação para aprender, de forma que as suas necessidades, interesses, desejos, sejam canalizados para as tarefas de estudo. (LIBÂNEO, 1990, p.110).
Ou seja, Libâneo destaca a importância da motivação, que se dá através do incentivo para os estudantes no ambiente escolar. Para que haja o incentivo na aprendizagem, é necessário identificar as necessidades e desejos dos estudantes para transformá-las em ferramentas para motivá-los a aprender. A criação de um ambiente educacional que preze pelo bem-estar dos estudantes fará com que os mesmos se sintam empenhados em seus aprendizados, unindo seus interesses pessoais com as tarefas educacionais.
Acreditamos que para uma aprendizagem se tornar significativa é preciso proporcionar práticas pedagógicas que tenham o objetivo de possibilitar experiências e interações entre os estudantes, para que possam participar ativamente, refletir e aplicar em suas vidas o que foi descoberto enquanto estavam vivenciando a aula. Como descrito pelo Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação Infantil:
[...] é importante que elas tenham a oportunidade de viver experiências permeadas por interações de qualidade, em contextos ambientais ricos, plurais e estimulantes para suas descobertas e aprendizagens. (Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação Infantil, 2018, p.15)
Diante disso, para alcançar um ensino que tenha interações e experiências de qualidade, cabe ao educador fazer um planejamento onde descreva as atividades e projetos nos quais os estudantes poderão realizar debates para que compartilhem suas experiências e exponham suas opiniões.
2.1 MEDIAÇÕES PARA ADMINISTRAR CONFLITOS, NA EDUCAÇÃO POSITIVA.
A conciliação e administração de conflitos na educação positiva é uma abordagem, que promove uma resolução construtiva de embates, especialmente em ambientes educacionais, se tornando assim uma potente e indispensável ferramenta pedagógica, que prepara as crianças para resolver seus problemas com autonomia, o Guia Prático para Educadores do Conselho Nacional do Ministério Público “Diálogos e Mediações de Conflitos nas Escolas” elucida que: 
 Os conflitos fazem parte da natureza humana e, simples ou graves, devem ser vistos como oportunidades de mudanças e de crescimento. Os conflitos estão muito presentes nas escolas, que são espaços privilegiados para a disseminação de valores e construção da cidadania. Por isso, a comunidade escolar precisa conhecer ferramentas, estratégias e habilidades que possibilitem o seu gerenciamento pacífico. (Conselho Nacional do Ministério Público, p. 09 2014).
Assim é destacado a importância de se reconhecer que os conflitos são intrínsecos a natureza humana e que independentemente de sua gravidade, podem ser encarados como oportunidades para a transformação e crescimento, a escola e a família desenvolvem um papel fundamental na disseminação de valores e na formação da cidadania, e, portanto, é essencial que se tenha ferramentas, estratégias e habilidades para gerenciar conflitos de maneira pacifica. Essa abordagem enfatiza a importância de não evitar ou reprimir conflitos, mas sim encará-los como momentos em que se pode aprender a crescer. Ao colocar em prática a forma positiva e pacifica de conflitos nas escolas, os estudantes têm a oportunidade de desenvolver habilidades sociais e emocionais, aprender a resolver disputas de forma construtivas e contribuir para a construção de um ambiente escolar mais harmonioso, formando cidadãos conscientes e participativos, que possam contribuir para uma sociedade mais justa e pacifica.
Com base na resolução desses conflitos colocamos em foco a comunicação, para mediar embates, o incentivo a comunicação aberta e eficaz entre as partes envolvidas no conflito, isso ajuda os indivíduos a expressar suas preocupações, sentimentos e necessidades de uma maneira respeitosa, a BNCC esclarece na competência “9” que:
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. (BNCC, 2017, p.10).
O dialogo como principal ferramenta para mediações de conflitos, constrói princípios fundamentais para uma sociedade mais justa, inclusiva e respeitosa, exercita a empatia colocando-se no lugar do outro em busca de compreender seus sentimentos e perspectivas, buscando entender frustrações e emoções. Esses meios são utilizados para lidar com diferenças e desentendimentos de maneira construtiva, promovendo a compreensão mútua. A cooperação é essencial para alcançar objetivos comuns, e o respeito pelo outro e pelos direitos humanos. O reconhecimento das diversidades trás riqueza de experiências e visões de cada criança , isso adiciona respeitar identidades, culturas e potencialidades, sem permitir preconceitos. Para isso a BNCC enfatiza também que:
[...] os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes. (BNCC, 2017, p 15).
Essas situações que colocadas na perspectiva da educação positiva para mediações de conflitos, trazem a importância do dialogo como uma forma de construir uma sociedade baseada na empatia, diálogo, respeito, cooperação e valorização da diversidade, rejeitando conexões voltadas ao preconceito e viabilizando a formação de um mundo equitativo.
Em um segundo momento dessas mediações de conflitos, a educação positiva busca, destacar a capacitação de estudantes para tomarem decisões responsáveis e a desenvolverem habilidades de autorregularão emocional. A mediação apoia esse objetivo, permitindo que de forma empoderada os estudantes desempenhem um papel ativo na resolução de seus próprios conflitos. Para isso estabelecer uma disciplina voltada em cuidados, empoderamento e limites, cria um ambiente seguro e afetivo para a criança, ao mesmo tempo em que estabelece regras claras e limites necessários. Indo de encontro com os preceitos da forma positiva de lidar com conflitos, os documentos nos norteiam sobre a disciplina restaurativa[footnoteRef:2], que se concentra na reparação de danos e na busca da construção de relacionamentos saudáveis após um conflito ou comportamento inadequado. Em vez de simplesmente impor punições,a disciplina restaurativa busca promover a compreensão, a responsabilidade e o crescimento pessoal. [2: A Disciplina Restaurativa são formas de gerenciamento de conflitos, através das quais um facilitador auxilia as partes direta e indiretamente envolvidas num conflito, a realizar um processo dialógico visando transformar uma relação de resistência e de oposição em relação de cooperação. Nesse processo, através de técnicas de comunicação não violenta, os envolvidos decidem coletivamente como lidar com circunstâncias decorrentes do ato danoso e suas implicações para o futuro, com vistas a alcançar uma boa reflexão, a restauração e a responsabilização, permitindo o fortalecimento das relações e dos laços comunitários. Para um estudo aprofundado ver: “Diálogos e Mediações de Conflitos “Guia Práticos para Educadores, Conselho Nacional do Ministério Público, 2014, Brasília- Distrito Federal p.21-23.] 
A disciplina restaurativa exige flexibilidade e criatividade. Exige pensar sobre os comportamentos que as regras pretendem regular, mais do que sobre as regras em si. Exige, ainda, consciência das consequências imprevistas dessas mesmas regras. Significa prestar atenção ao modo como aprendemos a conviver e trabalhar em conjunto (Amstutz e Mullet, 2012, p.37). 
Elucidando desta forma a maneira restaurativa visa, prevenir a repetição de comportamentos inadequados, ajudando as crianças a aprenderem com suas ações e tomar decisões sobre o futuro, essa abordagem é frequentemente usada em escolas, comunidades e sistemas judiciais para lidar com questões como bullying e conflitos interpessoais. Ela se concentra na construção de conexões mais fortes e na promoção do crescimento pessoal, em vez de aplicar punições tradicionais. A cartilha “A justiça restaurativa no ambiente escolar” nos explica que: 
O sistema punitivo é pautado em regras e exerce o controle por meio da punição, enquanto o restaurativo se pauta pela responsabilidade social e a interação. (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, 2016 p.23).
Desta forma, essa abordagem de forma holística e centrada nas pessoas, busca criar um ambiente de respeito, compreensão de ambas as partes e crescimento pessoal, em oposição a abordagem tradicional e punitiva, destacando a mudança de paradigma da punição para a restauração e importância da responsabilidade social e interação para promover a resolução de conflitos de maneira construtiva.
Nesse contexto de viabilizar soluções de facilitar acordos, a educação positiva incentiva as partes envolvida a trabalharem juntas para encontrar soluções que reciprocamente seja aceitável, visando a formação de boas relações, o educador tem um papel de liderança que motivará os estudantes para descobrirem soluções de forma autônoma, cultivando a habilidade de colaborar em equipe, bem como se conscientizar sobre responsabilidades e respeito pelos outros. Segundo Vygotsky:
O ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas transformando a si mesmo. Um educador não poderá se valer apenas do uso automático das técnicas pedagógicas. Tem que haver uma integração da técnica na cultura, criando uma aprendizagem significativa (Vygotsky ,1999, p. 41).
O educador não deve estabelecer com essa liderança uma imposição, mas incluir ferramentas que serão essenciais para melhorar a qualidade das relações e o bem-estar dos estudantes, os estudantes também estão em constantes mudanças tanto de forma social e cultural, que também afetam no desenvolvimento pessoal e intelectual de um indivíduo. O professor deve ir além de simples práticas pedagógicas, deve incorporar estas práticas de forma positiva, e incorporar essas técnicas no contexto cultural em que os estudantes estão inseridos. Isso compreende as necessidades culturais, sociais e individuais dos estudantes para criar um ambiente de aprendizado significativo. 
Os conflitos, quando resolvidos de forma construtiva e positiva, podem ser grandes oportunidades para aprendizagem e crescimento, é importante que as crianças saibam e tenham responsabilidades seus erros, de formas que promovam valores importantes, como a honestidade e a empatia, mas também de forma que ajude a construir uma base sólida ara seu desenvolvimento. Segundo a BNCC, é extremamente importante que as crianças saibam se expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens. (BNCC, 2017, p.38).
Além da resolução de conflitos a educação positiva, também se concentra na prevenção deles, com habilidades sociais, emocionais que buscam resolver conflitos desde de cedo. Ensinar os estudantes a ter uma postura positiva, diante de situações difíceis do cotidiano, seja um dos princípios mais importantes do contexto escolar. Uma estratégia muito eficaz é os investimentos de vínculos afetivos e respeito ao próximo, além de promover a escuta ativa e que eles se coloquem no lugar do seu colega, sendo assim inserindo valores que possibilitem a formação integral dos estudantes, que possibilita uma melhoria de autoestima dos educadores e promove um ambiente acolhedor onde todos se sintam igualmente valorizados.
A mediação na educação positiva promove um ambiente escolar mais harmonioso, no qual os estudantes são incentivados a se comunicar de maneira respeitosa, resolver conflitos de forma construtiva e desenvolver habilidades importantes para a vida. Isso contribui para um clima escolar mais positivo e para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais essenciais. 
 
3 A EMEF PROFESSOR CARLOS PASQUALE E A APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO POSITIVA: UM ESTUDO DE CASO
O presente capítulo ocupou-se em abordar as práticas da Educação Positiva, apresentadas no primeiro capítulo, no âmbito escolar, para tanto foi selecionada a EMEF Professor Carlos Pasquale pelo fato ser uma escola localizada próxima a residência e trabalho das integrantes do grupo, o que possibilitaria um melhor desenvolvimento para a pesquisa, sendo assim permitiu uma análise abrangente das práticas pedagógicas, bem como a interação com os educadores, alunos e suas famílias, com o foco no desenvolvimento socioemocional, resolução de conflitos e de maneira construtiva e estímulo ao bem- estar no ambiente escolar. A metodologia utilizada nessa etapa da pesquisa foi o estudo de caso, de acordo Robert Yin (2005), em sua obra Estudo de caso: planejamento e métodos, “[...] um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2005, p. 32). Ainda segundo o autor, a utilização do estudo de caso torna-se adequada quando se pretende investigar o como e o porquê de um conjunto de eventos contemporâneos. (YIN, 2005, p. 28).
Nesse contexto em Antônio Carlos Gil (2009), em seu clássico Como elaborar Projeto de Pesquisa, elucida que o estudo de caso deve: 
1) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; 2) preservar o caráter unitário do objeto estudado; 3) descrever a situação do contexto em que está sendo feita uma determinada investigação; 4) formular hipóteses ou desenvolver teorias e 5) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos. 
Analisar a aplicabilidade da Educação Positiva em estudantes de um segmento escolar é possível, pelo estudo de caso, na medida em que, segundo Gil (2009) o conceito de estudo caso se estendeu tanto, de tal modo que é possível efetuar um estudo de caso numa família ou qualquer outro grupo social ainda que pequeno, isto é: uma organização, um conjunto de relações, um papel social, um processo social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura. 
Convergindo com essa premissa Yin (2005) diz que o estudo de caso utilizado na pesquisa pode ser analisado em casoúnico como em casos múltiplos, ou seja, ambos são variantes dessa técnica de pesquisa. O autor considera que o estudo de caso único é eminentemente justificável quando representa: “(a) um teste crucial da teoria existente; (b) uma circunstância rara ou exclusiva, ou (c) um caso típico ou representativo, ou quando o caso serve a um propósito (d) revelador ou (e) longitudinal” (YIN, 2005, p.33).
3.1 A constituição do procedimento metodológico
No primeiro momento foi realizado uma visita na escola para solicitar a direção a possibilidade da realização do estudo de caso, na unidade escolar, durante a reunião com a direção da escola explicamos os objetivos da pesquisa, a metodologia a ser usada e o impacto esperado na escola, tivemos ótimas recomendações por parte da equipe gestora das turmas dos anos fundamentais, anos iniciais e dos projetos notáveis que são realizados com as crianças.
No segundo momento, dando início ao nosso estudo de caso, atuamos como observador participante[footnoteRef:3] e analisamos a atuação de duas educadoras notáveis, que desempenharam papéis cruciais no processo de ensino-aprendizagem. As abordagens utilizadas pelas educadoras diferem ligeiramente, mas ambas demonstram um compromisso admirável com o bem-estar e o desenvolvimento das crianças. [3: A técnica de observação participante se realiza através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios contextos. O observador, enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, pode modificar e ser modificado pelo contexto. A importância dessa técnica reside no fato de podermos captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que, observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de mais imponderável e evasivo na vida real. A inserção do pesquisador no campo está relacionada com as diferentes situações da observação participante por ele desejada. Para um estudo mais aprofundado ver: MINAYO, M.C.S. Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis. Editora Vozes, 2002.
] 
A educadora “M” representa uma abordagem serena e centrava: sua presença tranquila e seu tom de voz suave oferecem uma sensação de conforto às crianças. Ela firmemente na inclusão e na importância do respeito mútuo. “M” é conhecida por tratar todas as crianças com igualdade, independentemente de suas origens ou habilidades. Ela valoriza o diálogo como ferramenta educacional, mantendo sempre um canal aberto com seus estudantes, mesmo quando precisa estabelecer limites com firmeza. Sua organização e paciência a tornam uma educadora confiável e eficaz, capaz de criar um ambiente de aprendizado acolhedor.
A educadora “J” representa uma abordagem compreensiva e dinâmica: a educadora irradia compreensão e alegria. Suas interações com as crianças são sempre lúdicas, o que cria um ambiente de aprendizado divertido e estimulante. Ela é notável por sua capacidade de cativar a atenção dos alunos, tornando a aprendizagem uma experiência envolvente. “J” apresenta propostas dinâmicas e sua didática clara torna o processo de aprendizado mais acessível. Sua paciência é uma virtude, mas, quando necessário, ela consegue ser firme sem perder o carinho. A educadora domina a arte de manter uma turma respeitosa e colaborativa, criando uma atmosfera propícia para o crescimento e a exploração.
Com a atuação de observador participante das turmas das educadoras, podemos afirmar que ambas são exemplos brilhantes do que é ser uma profissional que faz uso da Educação Positiva. A educadora “M” oferece um ambiente seguro e estável para os estudantes, e sua abordagem centrada na inclusão nos passou confiança de que os estudantes estão sendo preparados para enfrentar um mundo diversificado. Por outro lado, a educadora “J” traz uma alegria contagiante para a sala de aula, tornando a aprendizagem emocionante. Os estudantes frequentemente compartilhavam conosco histórias empolgantes sobre as atividades que a educadora passava e como ela os inspiravam a aprender. Ambas são profissionais exemplares, e tiveram uma participação significativa no desenvolvimento de nossa pesquisa. 
As educadoras demonstraram que a educação pode ser enriquecedora e bem-sucedida por meio de abordagens diferentes do que estamos acostumados a ver, de forma positiva e respeitosa mas igualmente eficazes. Suas qualidades de compreensão, dinamismo e habilidade de estabelecer limites tornam-nas figuras inspiradoras na formação de futuras gerações. 
3.2 A EMEF Professor Carlos Pasquale e sua caracterização
A localidade onde foi construído o estudo de caso foi na unidade escolar E.M.E.F. Professor Carlos Pasquale, estabelecida na região central do bairro Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo Capital, escolhemos a unidade escolar em questão por seus projetos notáveis com a comunidade, sendo um deles o “Perma Paquale” que se compromete com a sustentabilidade implantando programas de reciclagem, coleta e reuso de folhas nas compostagens, coletas de materiais tóxicos e danosos ao meio ambiente, arborização, pauta ecológicas, a escola segue as premissas das “ Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS ONU)” que tem como propósito acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que a pessoas, em todos os lugares possam desfrutar de paz de prosperidade, e com relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Projeto Político Pedagógico (2023) da unidade prevê:
A apropriação pelos estudantes ganhou muita qualidade após se tornarem parte da arquitetura, pintados em cada uma das portas como numeração das mesmas (ODS 1 indica a sala 1 e assim por diante). De maneira geral, independente do ano escolar, os estudantes ao menos já ouviram falar das respectivas propostas, afinal, sua sala está numerada com 1 dos 17 ODS. (Projeto Político Pedagógico EMEF Professor Carlos Pasquale p. 68).
A intenção do corpo estudantil é criar uma conexão visual e concreta entre os estudantes e as metas de desenvolvimento sustentável, tornando realmente possível que eles tenham conhecimentos sobre essas metas. A abordagem criativa da escola, pintando as ODS nas portas, pode ajudar a conscientizar os estudantes sobre questões globais importantes e incentivá-los a se envolverem ativamente em ações que promovam esses objetivos.
Conhecemos também as pautas do grêmio estudantil “Marielle Franco” que organizam paradas quinzenais reflexivas abordando temas como “Cyberbullyng”, “Aporofobia”, “Homofobia”, Capacitismo etc.
Segundo o Projeto Político Pedagógico da unidade (2023) as paradas têm a finalidade de responder à necessidade de levar aos estudantes reflexões sobre temas que interferem diretamente nas relações pessoais, geralmente contextualizados no âmbito dos preconceitos e das violências.
Os temas são antecipadamente tratados nos espaços formativos com docentes e funcionários, firmando-se um contrato coletivo sobre como serão feitas as abordagens, evitando que prevaleçam valores pessoais sobre os conhecimentos filosóficos e científicos que se relacionam ao assunto em pauta. Os professores possuem cronogramas com temas e dias para que se dedicam a tratar com os estudantes. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO EMEF PROFESSOR CARLOS PASQUALE, 2023, p.69).
O planejamento dessas paradas quinzenais segue as premissas das reuniões que são essenciais na abordagem da educação positiva, é demostrado um compromisso sério em proporcionar aos estudantes oportunidades de reflexão e discussão sobre questões importantes para o desenvolvimento pessoal e social. Estas práticas podem contribuir para uma educação mais inclusiva e consciente, permitindo que os estudantes enfrentem desafios sociais com uma compreensão mais profunda e uma atitude mais crítica. 
A escola é composta por dezenove salas de aulas divididas por alas, laboratório de Ciências, biblioteca, sala de música, brinquedoteca, amplo refeitório com capacidadepara comportar trezentos alunos, parque com pomar, sala de JEIF (Jornada Especial Integral de Formação), sala dos professores, auditório, três quadras esportivas, secretaria e salas administrativas de direção e coordenação. Observamos e concebemos informações das turmas 5º B e 5º C do período matutino das professoras polivalentes que serão denominadas nesse estudo como “J” e “M”.
As educadoras nos receberam de forma cordial e se mostraram dispostas em participar no esclarecimento de dúvidas referente ao estudo de caso e a disponibilizarem seus conhecimentos e efetuar trocas de experiências. Foi feita uma breve apresentação das turmas e dos recursos que são utilizados nas aulas, como por exemplos apostilas, projetor, computadores e caixa de som. Apesar da diferença de idade e metodologias utilizadas em sala de aula, ambas profissionais se conectam na forma positiva de trabalhar, prezando sempre pelo bem estar dos estudantes e da eficácia do aprendizado.
Em um primeiro momento, acompanhamos a recepção da professora “J”, da turma 5º C, em uma breve entrevista de apresentação a professora nos informou tem 37 anos é muito conectada com as redes sociais e acredita que elas podem ser um recurso excepcional para trabalhar com as crianças. A educadora recebia os estudantes de forma afetuosa, respeitando as características deles e a idade, o que a difere de uma professora da educação infantil, que normalmente recebe os estudantes de forma serena, dando abraços e até mesmo fazendo elogios, estudantes, a sua grande maioria no ciclo de 10 à 11 anos de idade, trazem seus conflitos para a educadora, que antes de começar a aula, reserva alguns minutos para ouvir os seus educandos, tempo que ela carinhosamente intitula como ‘momento da fofoca’, o que faz com que as crianças tenham confiança para abrir suas angústias e também êxitos. O momento é extremamente prazeroso, descontraído e faz com que os educandos se aproximem da educadora. 
No segundo momento a professora faz alguns “contratos pedagógicos” com os estudantes. A docente estipula um tempo para os estudantes se instalarem e organizarem o material, e é acordado que eles vão ter alguns minutos de conversas cotidianas. Em dado momento do estudo, a professora até utilizou esse momento de forma didática, orientou os estudantes a colocarem as suas “fofocas” em um bilhete e a depositarem em uma urna; a educadora então pega os bilhetes, realiza a leitura e corrige os erros gramaticais. Percebeu-se que a turma tem um vínculo confortável e harmonioso com a professora; a relação é de tamanha confiança que os estudantes demonstram se sentirem à vontade para se confidenciarem. Deste modo cabe ressaltar o que orienta Nelsen: O principal objetivo da Disciplina Positiva é permitir que os adultos e crianças experimentem mais alegria, harmonia, cooperação, responsabilidade compartilhada, respeito mútuo e amor em suas vidas e relações. (NELSEN, p. 328, 2006).
Observamos que no momento dos combinados, os objetivos da Disciplina Positiva estavam presentes, havia por parte dos estudantes a cooperação em escreverem os bilhetes e a participarem da dinâmica proposta pela educadora, o momento trouxe alegria para os jovens que puderam desfrutar de diálogos com seus colegas e também com a educadora.
A reflexão entre a educadora e os estudantes tem o seguimento aos combinados, com o estabelecimento de regras com os horários de saídas da classe para as necessidades fisiológicas. Em relação as atividades, a professora utiliza os recursos midiáticos disponíveis na escola. É feita a revisão das atividades da aula anterior e o espaço está sempre aberto para que os estudantes possam sanar suas dúvidas. Para que haja a participação ativa e completa do grupo, a docente utiliza um recurso de mídia nomeado “roleta de nomes”, onde os estudantes giram a roleta e o nome sorteado é escolhido para realizar a leitura da atividade ou responder o enunciado. Foi observado que os estudantes estavam bastante familiarizados com o recurso e participavam de forma ativa e competitiva, se engajavam a aprender para participar por diversas vezes da roleta dos nomes.
Presenciamos como os combinados feitos tornaram as aulas dinâmicas e prazerosas, o que proporcionou a interação e participação ativa do grupo. A turma observada aparentava ser vibrante, eles têm um entrosamento significativo com a educadora, o que proporciona uma troca expressiva de afeto e respeito. Na ocasião, foi admirável acompanhar o trabalho da docente com os estudantes público alvo da educação especial, os estudantes com espectro autista da turma, são inseridos de forma sensibilizada visando um apoio individualizado para criar um ambiente inclusivo onde os estudantes desenvolvem suas potencialidades. A docente sugere também que um dos estudantes possa ler e explicar a atividade para o estudante com síndrome de down, visto que a relação do mesmo com o restante do grupo é harmoniosa. A sugestão feita foi aceita de maneira positiva pela classe. A estudante, que se solidarizou foi gentil e paciente com o colega, e nos momentos que não sabia como continuar a docente a orientou a maneira de como prosseguir. Diferente de como estamos acostumados a ver, essa relação saudável que os estudantes da sala demonstraram ter uns com os outros torna admirável de presenciar, visto que inúmeras vezes os estudantes que possuem alguma deficiência, seja física ou intelectual, são segregados e designados ao cuidado individual de uma auxiliar de sala, para que possam realizar suas lições, sem estar de fato sendo inclusos. A educadora em questão posiciona estes discentes para que possam aprender com seus pares, assim fazendo a inclusão de maneira correta. 
Ademais, no grupo há alguns estudantes que possuem dificuldades de aprendizado e que não dispõe do saber da leitura e interpretação, os deficientes intelectuais que possuem o agravo de aprendizagem segundo a professora “J”, nutriram de defasagem no período pandêmico, por questões sociais e de grande vulnerabilidade. Um outro fator a agregar é o sistêmico. No Estado de São Paulo, a rede pública de ensino adota o sistema de Progressão Continuada.
O Regime de Progressão Continuada é considerado uma proposta pedagógica inovadora e avançada por sugerir o redimensionamento do espaço, tempo e da organização do trabalho escolar, com o objetivo de construir uma nova lógica capaz de garantir, não apenas a universalização do acesso à Educação Básica, mas também a permanência do aluno na escola e principalmente, o direito a uma aprendizagem efetiva (BARRETO, SOUZA, 2004, p. 31-50). Conversando com essa premissa proposta por Alexandre Barreto de Souza:
O sistema de Ensino do Estado de São Paulo adota em sua rede de escolas no Ensino Fundamental o regime de progressão continuada. Organizada em dois ciclos, garantindo aos alunos progressão em seus estudos e recuperação para aqueles que apresentam defasagem de aprendizagem (Lei federal N°9.394/1996; Deliberação CEE N°09/1997, Lei Estadual N°13.068/2008.) 
Entretanto, embora o ideário da proposta seja promissor, a crítica reside no sentido de que se corre o risco de mudança apenas na nomenclatura, permanecendo nas mesmas práticas tradicionais que consolidaram o quadro de repetência e de evasão registrados nas estatísticas educacionais do país. É necessária a mudança de concepção de práticas. Além disso, corre-se o risco de promoção do aluno e de suas “dificuldades” para os ciclos, etapas e níveis seguintes, gerando assim, um novo foco da problemática escolar dos alunos; não mais no quesito universalização, acesso e permanência, mas sim na formação e conclusão de uma etapa da educação sem garantia efetiva de aprendizagem (JULIANA, M. E. SILVA, 2010, p. 4). 
É feito um plano de ensino pelos professores para os estudantes que possuem deficiência, esse plano de ensino antes de ser colocado em prática é encaminhado para Secretaria Municipal de Educação para que haja uma avalição e aprovação. Em contrapartida, os estudantes citados anteriormente que possuem agravos em suas aprendizagensficam reféns do currículo que é imposto para o restante da turma. Não possuindo um laudo, a educadora é impossibilitada de desviar-se do currículo para suprir as necessidades dos mesmos. A escola oferece um projeto, fora do horário de aula, denominado de Projeto de Apoio Pedagógico (PAP); o PAP tem como objetivo atender aos estudantes por meio de roteiros didáticos, que considerem a individualidade dos processos de aprendizagem, tencionando à garantia de seus direitos de aprendizagem. 
Os estudantes que são encaminhados são avaliados pela professora no início do ano letivo, a avaliação é feita através de uma sondagem diagnóstica que expõe as suas dificuldades. Realizada a sondagem, é feito o encaminhamento (figura 1) para a coordenação pedagógica, que comunica os professores do PAP, responsáveis por emitirem uma autorização aos pais que permite os estudantes de participarem do projeto. 
FICHA 1: Encaminhamento para o Projeto de Apoio Pedagógico.
FONTE: Acervo digital, Prefeitura de São Paulo, Secretária Municipal de Educação (2022, p. 17).
Apesar da rica experiência de aprendizado que o estudante pode adquirir através do projeto, por se tratar de um projeto fora do horário de aula, muitos estudantes não permanecem nas dependências da escola, alguns por questões de logística, outros por falta de interesse, tanto dos estudantes quanto das famílias. 
Horários do projeto disponibilizado pela escola, figura 2:
FIGURA 2: Horários do projeto
FONTE: Projeto Político Pedagógico EMEF Professor Carlos Pasquale (2023, p. 09).
Em um dos conselhos de classe que presenciamos, houve o questionamento por parte de alguns professores sobre os alunos que não frequentam o PAP e continuam apresentando dificuldades em sala, se era possível uma intervenção, para ajudar esses estudantes, pois essa defasagem chega a níveis críticos e muitas vezes os estudantes se sentem constrangidos por não conseguirem acompanhar os colegas nas atividades propostas. Em primeira instancia o PAP é o projeto mais adequado para essa mediação do estudante com a sua defasagem escolar, porém quando citada toda as problemática em volta da aderência do reforço, foi proposta pela coordenação pedagógica que os educadores utilizassem de recursos para atingir essas crianças, proporcionando ações adaptadas, bem como a equipe de estágio da unidade ampare o educador e estudante durante as aulas, para que as atividades sejam concluídas de forma que o estudante obtenha cultivo e aprendizado.
Em seguimento ao estudo, acompanhamos a turma da educadora “M” 5ºB, a professora tem 42 anos de idade, está atualmente finalizando o curso de psicologia. A primeira aula do dia foi com um professor especialista, que vamos chamar e professor “R” de 38 anos de idade, o contato do educador com os estudantes foi sucinto. Tivemos uma notável percepção que o professor foi menos afetivo que as professoras, e alguns motivos que viabilização este comportamento é a questão das normas de gênero tradicionais que influenciam nas expectativas de como homens e mulheres devem se comportar, isso pode levar a ideia de que os professores homens devem ser mais contidos em relação ao afeto. Por ser a primeira aula os estudantes se encontravam eufóricos. Para poder dar início o professor solicitou que os estudantes rapidamente se instalassem e fizessem silêncio, e assim deu seguimento ao conteúdo. Em apresentação do nosso projeto de pesquisa para o professor especialista, ele nos apresentou às dificuldades de trabalhar de forma lúdica e positiva com os estudantes; o professor relata que um dos maiores desafios de se colocar em prática a educação positiva, ou a forma mais afetiva de trabalhar com os estudantes é o comportamento dos mesmos. Ele faz uma crítica que o professor que não impõe limites tem como consequência uma turma indisciplinada. Ele também alega que a transição da infância para adolescência nesse caso é um fato, e que a iniciação para o ensino fundamental é “a morte do lúdico” (SIC). Sobre esse assunto, Tizuko Morchida Kishimoto (1996) explica:
A ludicidade possibilita a quem vivencia momentos de fantasia e de realidade, de autoconhecimento e conhecimento do outro, estende-se, não apenas ao produto da atividade, ou o que dela resulta, mas a própria ação. O lúdico permite um desenvolvimento global e uma visão de mundo mais real. (KISHIMOTO, 1996, p. 32).
Fazendo uma reflexão sobre a fala do educador e a citação de Kishimoto, acreditamos que o lúdico é uma peça chave para o ensino, sendo no infantil ou fundamental. A fala do educador em questão foi equivocada, visto que muitos educadores ainda fazem uso do lúdico para melhor propiciarem um ensino para os estudantes, ensino esse que promove o desenvolvimento, envolvendo aspectos cognitivos, emocionais e sociais. O autor enfatiza que a ludicidade não se limite apenas ao resultado das atividades, mas a ação de brincar e se envolver no processo, assim o lúdico quando utilizado promove além do desenvolvimento, a interação no processo entre estudantes e educadores. 
No momento que a professora “M”, polivalente, chegava para dar início a sua aula, os estudantes demonstravam certa alegria; muitos deles chegavam a se levantarem da sua carteira para abraçar e cumprimentar a professora, que prontamente retribuía todos os carinhos das crianças de forma muito afetuosa e atenciosa. A educadora se instalava na sala, acessava seus recursos midiáticos para iniciar a aula e solicitava que os estudantes alterassem as posições das suas carteiras para um círculo. Logo após, a professora perguntava para a sala de quem era a vez de ser o ajudante do dia, os estudantes estavam a par do combinado e apontavam o colega que estava responsável pelas tarefas do dia. Identificou-se que os estudantes que ficavam encarregados das ocupações diárias, se sentiam importantes e aplicados, como se fossem o braço direito da professora, além do senso de maior cooperação nas atividades, trabalho em equipe e organização. Em relação ao trabalho em equipe, Antoni Zabala (1998) elucida que: 
Defende-se o trabalho em equipe como meio para promover a socialização e a cooperação, para poder atender aos diferentes níveis e ritmos de aprendizagem, para resolver problemas de dinâmica grupal, para tornar possível a aprendizagem entre iguais, etc. (ZABALA, 1998, p. 147).
Ou seja, para Antoni Zabala o trabalho em equipe pode ser eficaz para contribuir com o desenvolvimento pessoal e social, facilitando a interação humana, a aprendizagem contínua e a resolução de desafios, contribuindo assim para a formação de indivíduos mais bem preparados para enfrentar os desafios da vida em sociedade. 
Diferente de como se iniciou a aula com o professor especialista, com a professora “M” polivalente em sala, participamos de uma atividade dinâmica, que no dia em questão era uma revisão para uma avaliativa de Língua Portuguesa. Os estudantes repassaram a significação de adjetivos biformes e uniformes. Posteriormente, o ajudante do dia lhes entregou uma ficha em branco e a educadora pediu para cada estudante escrever um adjetivo positivo em sua ficha. Pós escrita, os estudantes deveriam escolher um colega e lhe prestigiar com o adjetivo, e também deveriam responder se o adjetivo era biforme ou uniforme. Os estudantes não poderiam escolher o colega que já havia participado, oferecendo assim a chance de todos os estudantes participarem da dinâmica e se sentirem presenteados com um adjetivo.
Em uma reunião bimestral, a professora “M” nos solicitou uma participação em um projeto contra o capacistimo, a intenção era mostrar aos pais como essa discriminação e preconceito marginalizam e oprimem pessoas que possuem deficiência, e é manifestada de várias formas, às vezes por expressões que utilizamos como, por exemplo, “você está cego?” ou também “você está surdo?”, ou até mesmo a falta de acessibilidade em espaços públicos e tecnologia.
A atividade que desenvolvemos com a professora para mostrar as famílias, teve o objetivo de fazer com que as crianças se colocassem nolugar de um colega com deficiência visual, colocamos uma venda em metade das crianças da turma e pedimos para que as outras crianças auxiliassem seus colegas em uma caminhada pelas dependências da escola, a atividade promoveu nas crianças o senso de empatia e a inclusão, além de ajuda-los a entender as dificuldades e desafios que eles enfrentam diariamente, assim também reconhecendo as habilidades perspectivas e únicas. Fizemos registros da atividade e apresentamos na reunião bimestral, houve grande comoção por parte das famílias, muitos ficaram surpresos por leigamente utilizarem termos capacitistas, como por exemplo, “fingir demência, dar uma de João sem braço, está cego ou surdo, mais perdido que cego em tiroteio, para de ser retardado”, etc, os pais se proporão a abandonar os termos para criar um ambiente mais acolhedor para seus filhos. 
Acreditamos por fim que as educadoras que utilizavam a metodologia positiva conseguiram promover um ambiente mais harmonioso, contando com a colaboração dos estudantes, é ilustrada a forma dinâmica em que as professoras trabalham, e destacou-se a relação afetuosa e empática com a turma. 
Através da nossa experiência com o estudo de caso, concluímos que a Educação Positiva está presente no desenvolvimento emocional e comportamental dos estudantes, visando melhorar as relações familiares e o ambiente escolar, trazendo benefícios para pais e professores envolvidos na vida dos estudantes. 
REFERÊNCIAS
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 2006
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 21º. Ed. Petrópolis: Editora Vorazes, 2002.
SELIGMAN, Martin E. P. Florescer. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
ZABALA, Antoni. A prática Educativa: como ensinar. São Paulo: Artmed, 
image3.jpeg
image1.jpeg
image2.jpeg

Mais conteúdos dessa disciplina