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Ronds-Reparado


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O início do SUS em tempos turbulentos (1990-1992)
O artigo analisa a evolução da política de saúde no Brasil de 1990 a 2016, destacando
a importância do marco constitucional, arranjos institucionais e ação de atores setoriais
para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, limitações
estruturais e disputas de projetos resultaram em contradições, como a expansão dos
serviços públicos junto ao fortalecimento de segmentos privados, contribuindo para
desafiar a consolidação de um sistema de saúde universal e reiterar desigualdades
sociais em saúde.
O SUS em tempos de crise financeira e descentralização (1993-1994)
Durante a crise financeira e a descentralização nos anos de 1993-1994, o SUS foi
afetado pela estratégia de repactuação do Governo Itamar com as elites econômicas.
Apesar do sucesso do Plano Real, a interrupção do repasse de recursos prejudicou a
saúde, levando-a a declarar "situação de calamidade pública". Houve avanços na
descentralização e na institucionalização de programas de saúde, mas a crise
econômica paralisou os avanços institucionais na saúde.
A saúde entre agendas conflitantes (1995-2002)
O governo de Fernando Henrique Cardoso, após a estabilização econômica do Plano
Real, enfatizou a estabilidade monetária, privatizações e reformas do Estado. Houve
redução do funcionalismo público, descentralização de responsabilidades e criação de
agências reguladoras. As políticas sociais enfrentaram restrições financeiras, com
destaque para a privatização da previdência. Na saúde, houve criação de agências
reguladoras e fortalecimento da atenção básica, especialmente com o Programa de
Saúde da Família (PSF).
A saúde em segundo plano na (re)orientação da política social (2003-2010)
Luiz Inácio Lula da Silva, líder sindical e fundador do PT, tornou-se Presidente do Brasil
em 2002 após vencer uma disputa acirrada com José Serra. Em seu governo, priorizou
a estabilidade econômica e implementou políticas de desenvolvimento social e
econômico, conhecidas como "social desenvolvimentismo". Promoveu investimentos
públicos, como o PAC, e aumentou os gastos sociais, incluindo o aumento do salário
mínimo e a expansão do Bolsa Família. Enfrentou desafios políticos, como a crise com
o Congresso, mas foi reeleito em 2006. Sua política externa fortaleceu as relações com
países em desenvolvimento e reduziu a dependência dos EUA. Priorizou políticas de
combate à pobreza, destacando-se o Bolsa Família, enquanto também promoveu a
segurança alimentar e nutricional.
A saúde sob novos riscos em tempos difíceis (2011-2016)
O primeiro governo de Dilma enfrentou desafios econômicos e políticos, com
desaceleração econômica devido à crise global e mudança para medidas de
austeridade em 2014. Politicamente, houve dependência de uma ampla coalizão e
fragilidade de governabilidade, destacando-se o poder crescente do PMDB. Protestos
de 2013 influenciaram movimentos conservadores. A Operação Lava Jato expôs
corrupção generalizada, afetando políticos e empresários. Apesar das denúncias,
Dilma foi reeleita em 2014. Seu segundo mandato foi marcado por instabilidade política
e ameaças de impeachment. Reformas na previdência foram incrementais, enfrentando
pressões por mudanças mais drásticas, especialmente no segundo mandato.
Contradições e condicionantes da política de saúde
Nos últimos 26 anos, a política de saúde enfrentou três desafios principais: integração
no modelo de desenvolvimento e na Seguridade Social, financiamento adequado e
relações público-privadas. Apesar dos ganhos sociais e econômicos, como a redução
da pobreza, a concentração de renda persiste, afetando o financiamento da saúde. As
parcerias público-privadas cresceram, refletindo uma dinâmica empresarial com
influência política significativa.

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