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Síntese Reflexiva 03 - PHC

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica
Disciplina: Ensino de Ciência e Matemática na EPT
Professor: Danilo Almeida Souza 
Estudante: Nelman Alves Ribeiro de Jesus
Síntese Reflexiva 03
Para abordagem do tema Pedagogia Histórico-Crítica (PHC), sua síntese deve contemplar:
1) Uma exposição geral da Pedagogia Histórico-Crítica, a partir do texto original de Dermeval Saviani, “Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações” ou da seção 1.2 do livro da Bárbara Carine, “Pedagogia Histórico-Crítica na formação de professores de Ciências”;
2) Uma discussão de como a PHC pode ser utilizada no ensino de Ciências, tomando como exemplo o artigo “A Pedagogia Histórico-Crítica e o ensino de Ciências” ou o artigo “POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA: UMA FORMA DE ENSINO DOS GASES NUMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CRÍTICA”;
3) Destacar as aproximações e contribuições do ensino de ciências com base na PHC, junto as bases teóricas que definem a EPT (de modo amplo, ou particularizado para o Ensino Médio Integrado).SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 11.ed.rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2011.
Rosella, M. L. A.; Caluzi, J. J. A pedagogia histórico-crítica e o ensino de ciências. Anais do IX Encontro de Pesquisa em Ensino em Física. Jaboticatubas-MG, 2004. Disponível em: https://www.usfx.bo/nueva/vicerrectorado/citas/SOCIALES_8/Pedagogia/96.pdf
A pedagogia histórico-crítica abordada por Demerval Saviani no final da década de 70 no Brasil, faz referências ao materialismo histórico dialético, contrapondo a expressão crítico-reprodutivista. A proposta dialética de Saviani surgiu como oposição a pedagogia dominante (pedagogia tecnicista), sendo vista como uma pedagogia revolucionária, dedicada a colocar a educação a serviço da transformação das relações de produção. 
A teoria histórico-crítica constrói uma passagem da visão mecanicista para uma visão dialética na sua compreensão sobre a educação, trazendo um destaque na relação dialética da escola com a sociedade – já que a escola cumpre um papel intencional de transmitir o conhecimento sistematizado para o sujeito, influenciando-o para cumprir dentro da sociedade a sua especificidade e função social. Ainda segundo Saviani:
Esse é o sentido básico da expressão pedagogia histórico-crítica. Seus pressupostos, portanto, são os da concepção dialética da história. Isso envolve a possibilidade de se compreender a educação escolar tal como ela se manifesta no presente, mas entendida essa manifestação presente como resultado de um longo processo de transformação histórica. (SAVIANI, 2011, p.80)
O método dialético contextualizado por Saviani se apoia nos princípios de Marx, e enxerga a educação como mediadora para prática social global, associada à teoria e prática (práxis), na qual utiliza uma metodologia ligada à realidade social, histórica e cultural do estudante, sendo a prática social extremamente importante e continua durante todo o processo educativo. A lógica do método dialético marxista corresponde ao movimento do pensamento da chamada “síncrese” para a “síntese”, cuja a mediação é a análise. A síntese corresponde o olhar bagunçado ou confuso da totalidade, já a síntese é o olhar completo dessa totalidade, sendo a análise o ponto de abstrações e reflexões dessas visões. Para Saviani essa ultrapassagem pode ser vista da seguinte maneira:
a educação é vista como mediação no interior da prática social global. A prática é o ponto de partida e o ponto de chegada. Essa mediação explicita-se por meio daqueles três momentos que no texto chamei de Problematização, instrumentação e catarse. Assina-lo também que isso corresponde, no processo pedagógico, ao movimento que se dá, no processo do conhecimento, em que se passa da síncrese à síntese pela mediação da análise, ou, dizendo de outro modo, passa-se do empírico ao concreto pela mediação do abstrato (SAVIANI, 2011, p.120-121)
Um dos principais pontos da pedagogia histórico-crítica é a prática social, tendo como ponto de partida e de chegada do processo de ensino, e intermediada pela problematização, instrumentação e catarse, momentos que podemos chamar de “análise” no método dialético de Marx. No livro “Didática da Pedagogia Histórico Crítica” de João Luiz Gasparin (2007), o autor amplia a abordagem trazida por Saviani, considerando que a teoria dialética do conhecimento, consiste na ação docente-discente com base na concepção metodológica e planejamento do ensino-aprendizagem (GASPARIN, 2007). A didática da Pedagogia Histórico Crítica segue 5 passos (GASPARIN, 2007), os quais serão apresentados a seguir:
A prática social inicial – considera-se que a construção inicial do conhecimento parte de um diálogo entre professor e estudante, com base em seus conhecimentos prévios, ou seja, a prática social inicial dos conteúdos. O docente deve contextualizar os conceitos os quais serão trabalhados, evidenciando os objetivos e verificando o domínio desses conteúdos com base principalmente na vivência cotidiana dos discentes.
Problematização – é realizada pelo docente uma contextualização dos problemas inseridos na prática social inicial, relacionados com os conteúdos que serão abordados, além de trazer justificativas os quais os conteúdos escolares devem ou precisam ser assimilados. Posteriormente transformar o conhecimento em questões problematizadoras que contemplem dimensões que podem ser: conceitual, científica, social, histórica, política, cultural, econômica, filosófica, religiosa, etc. O papel do professor nessa etapa é de extrema importância, pois ele garante a apropriação dos conteúdos pelos alunos, com o objetivo de abrir espaço para uma nova reflexão a partir das questões problematizadoras.
Instrumentalização – caracterizada pela relação de sujeitos aprendentes, ou seja, o desenvolvimento da aprendizagem é fruto do trabalho entre professor e dos estudantes. Inicialmente o professor vai apresentar o conhecimento científico com base nas dimensões escolhidas na etapa anterior e os educandos por meio de ações vão assimilar o novo conteúdo, fazendo uma relação com seu cotidiano, tudo com base na mediação pedagógica.
Catarse – compreensão de uma nova forma da teoria e a prática social na visão do estudante. O educando adota um novo comportamento, analisando o seu cotidiano com os novos conhecimentos científicos em uma nova totalidade concreta. O estudante sintetiza o que foi aprendido através de avaliações, mas levando em consideração as dimensões sob os quais o conteúdo abordado. A catarse é considerada o ponto culminante no processo de ensino e aprendizagem, pois é caracterizada pela efetividade da apropriação dos instrumentos culturais do aluno.
A prática social final – considerada o ponto de chegada, ou seja, um novo nível de desenvolvimento do estudante. Ou seja, o desenvolvimento desde a construção inicial com base nos conhecimentos prévios a consolidação dos novos conceitos. Importante ressaltar que o ponto de chegada é a própria prática social, porém corresponde uma rica totalidade, para ambos, estudante e professor. 
Destacamos que através da prática social o professor vai encontrar temas para o exercício do magistério, podendo converter os conteúdos formais em conteúdos reais, dinâmicos e concretos. O professor é fundamental nesse processo, pois sua contribuição é mais eficaz quando ele compreende os vínculos de sua prática com a prática social.
No que tange sobre a pedagogia histórico-crítica no ensino de ciências, com base no texto “A pedagogia histórico-crítica e o ensino de ciências” de Nosella e Caluzi (2004), identificamos que os autores evidenciam a pedagogia histórico-crítica como uma proposta de ensino para área de Ciências, especificamente a Física, partindo do pressuposto que os conteúdos abordados devem ser “mais significativos” para os estudantes. A problemática do texto gira em torno do caráter metodológico tradicional do ensino da Física, aulas descontextualizadas e fragmentadas, que permitem um estudantetotalmente passivo diante do processo de ensino e aprendizagem.
Visando superar essa abordagem de transmissão de conteúdos e aplicação de fórmulas no ensino de Ciências, a pedagogia histórico-crítica surge com um olhar diferente diante dos processos de ensino e aprendizagem. A teoria abordada por Saviani valoriza o estudante nas perspectivas culturais, históricas e sociais, tornando-o sujeito ativo nos processos educativos. Sendo assim, os autores consideram a prática social como um caminho de superação a descontextualização do ensino da Física. 
A parte central do texto refere-se as implicações da teoria histórico-crítica para o ensino de Termodinâmica. Os autores colocam em pauta duas vertentes para o ensino da Física: o caráter prático-transformador e o caráter teórico-universalista, sendo ambas complementares e que contribuem para superação do ensino tecnicista e formalista. A complementação pode ser entendida da seguinte maneira – o ensino da Física deve considerar que os conteúdos abordados devem estar ligados ao universo das pessoas, aplicações reais e concretas, assim como as aplicações abstratas ao conhecimento científico, garantido para a estudante significação desses estudos. Partindo dessa percepção e de outras problemáticas que interferem no ensino da Física, apresentadas no corpo do texto, os autores utilizam as etapas da didática da pedagogia histórico-crítica para o ensino da termodinâmica.
Quando visualizamos essa abordagem no panorama do Ensino Médio Integrado (EMI), destacamos como uma superação as metodologias de ensino radicadas no nosso sistema educacional. Podemos afirmar que pedagogia histórico-crítica é um modele que busca ressignificação do ensino e uma prática pedagógica integradora, por entender que ela cumpre ideia de compreensão da dialeticidade no contexto natural e social do estudante, além dos diferentes fenômenos físicos e sociais tratados em sala de aula. 
A metodologia histórico-crítica articula o processo ensino-aprendizagem num movimento de superação da sociedade excludente que historicamente vem marginalizando grandes parcelas da população. Portanto, fortalece as propostas do EMI, uma visão para uma formação emancipada e crítica do sujeito, na busca da transformação social. 
A abordagem realizada por Saviani dialoga paralelamente com Marise Ramos (2008) no sentido da proposta de integração defendida na Educação Profissional. O sentido de “integração” nos remete a uma formação omnilateral dos sujeitos, com a integração das dimensões fundamentais (o trabalho, a ciência e cultura) da vida que estruturam a prática social. (RAMOS, 2008). Sendo assim, considera-se que a prática social é fundamental na construção da formação do estudante no EMI, partindo da ideia que é uma atividade revolucionária e transformadora.
Referências Complementares
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 4.ed. Campinas: Autores Associados, 2007.
RAMOS, M. N. Concepção do ensino médio integrado. In: Seminário sobre ensino médio, 2008. Secretaria de Educação do Pará. 08-09 maio 2008. Disponível em: <https://tecnicadmiwj.files.wordpress.com/2008/09/texto-concepcao-do-ensino-medio-integrado-marise-ramos1.pdf. > Acesso em: 06 abr. 2020.
 
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