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Direito da Propriedade Industrial: Material 01 
A propriedade intelectual é um ramo do Direito 
cuja finalidade é a proteção dos bens imateriais 
oriundos da criação humana, sejam eles de 
cunho artístico, literário, cientifico ou 
tecnológico, protegidos para que o detentor 
possua o reconhecimento da sua propriedade, 
além de poder fazer jus à exploração econômica 
de sua criação. 
A propriedade intelectual, gera retorno 
financeiro; assim, passa a ser considerada um 
ATIVO. Normalmente, é o resultado de um 
investimento que trará lucros e, por esse 
motivo, deve ser bem protegido para que não se 
perca ou seja utilizado indevidamente por 
alguém mal-intencionado ou por alguém que 
venha a ter a mesma ideia posteriormente. 
A propriedade intelectual possui duas divisões 
principais: 
 DIREITO AUTORAL (DA) 
 DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL (DPI) 
OU SEJA, A PROPRIEDADE INTELECTUAL É GENÊRO 
DO QUAL SÃO ESPÉCIES O DIREITO AUTORAL E A 
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. 
Os direitos autorais estão presentes também 
no Direito Civil, e a sua proteção não depende de 
registro formal e pagamento de taxas. A 
propriedade industrial, por sua vez, compõe o 
Direito Comercial e sua proteção depende da 
concessão de um título pelo Estado, perante o 
pagamento de taxas. O seu prazo de proteção é 
menor que o dos direitos autorais e a lei 
estabelece sanções para a sua não exploração. 
 A propriedade industrial está 
regulamentada na Lei nº. 9.279/1996. 
Critérios de distinção entre direito 
autoral e direito de propriedade 
industrial: 
 Quanto ao OBJETO: 
O Direito Autoral tutela as criações intelectuais 
de natureza artística, cientifica, musical, 
literária, entre outras, e reprime o plágio ou 
usurpação. 
O Direito de Propriedade Industrial protege as 
criações intelectuais voltadas às atividades 
industriais e reprime a concorrência desleal por 
meio de normas penais e não penais. 
 Quanto à ORIGEM DO DIREITO Á PROTEÇÃO E 
EXCLUSIVIDADE: 
A proteção do Direito Autoral decorre da mera 
CRIAÇÃO, seu registro é facultativo. A proteção 
do DPI, por sua vez, decorre do registro, de um 
ato administrativo: “REGISTRO OBRIGATÓRIO”. 
 Quanto a EXTENSÃO MATERIAL DA TUTELA 
JURÍDICA: 
No Direito Autoral, a proteção não alcança a 
ideia, mas a forma como ela se exterioriza (o 
texto do livro, o som, a música). No DPI, a 
proteção alcança a FORMA EXTERNA E A IDEIA 
INVENTIVA. 
O nosso estudo, se concentrará no Direito de 
Propriedade Industrial – DPI. 
DPI: 
O Direito de Propriedade Industrial atende ao 
comando da CF para garantir direito 
fundamental previsto no art. 5º, inciso XXIX: “a lei 
assegurará aos autores de inventos industriais 
privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção ás criações industriais, á 
propriedade das marcas, aos nomes de 
empresas e a outros signos distintivos, tendo 
em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País. ” 
Para tanto, o conjunto de regras de direito 
positivo é moldado pela LPI, Lei de Proteção 
Industrial, além de tratados internacionais 
subscritos pelo Brasil. 
Definições prévias inerentes ao DPI: 
Organização Mundial da Propriedade Intelectual 
– OMPI: é uma entidade de Direito Internacional 
Público, com sede em Genebra, na Suíça. Criada 
em 1967 como seção da ONU, suas principais 
funções são: estimular a proteção da 
propriedade industrial em todo o mundo além de 
estabelecer e estimular medidas para 
promover a atividade intelectual criadora e 
facilitar a transmissão de tecnologia para os 
países em desenvolvimento, com vistas a 
acelerar o desenvolvimento econômico, social e 
cultural. Atualmente, 162 Estados são membros 
da OMPI. 
Acordo TRIPs: Acordo sobre aspectos dos 
direitos de propriedade intelectual relacionados 
ao comércio: é um tratado internacional que 
dispõe sobre a propriedade intelectual no 
âmbito da OMC – Organização Mundial do 
Comércio. 
Convenção da União de Paris – CUP: Ocorreu em 
1883 e foi recepcionada no Brasil em 1994, 
ampliou a matéria de propriedade industrial 
trazendo regras de repressão à concorrência 
desleal. 
Instituto Nacional da Propriedade Industrial – 
INPI: O INPI é uma autarquia federal criada pela 
Lei nº 5.648/70, com finalidade principal 
“executar, no âmbito nacional, as normas que 
regulam a propriedade industrial, tendo em 
vista a sua função social, econômica, jurídica e 
técnica, bem como pronunciar-se quanto à 
conveniência de assinatura, ratificação e 
denúncia de convenções, tratados, convênios ou 
acordos sobre propriedade industrial” (redação 
dada pelo art. 240 da LPI). 
DPI – Conceito: 
Conjunto de normas jurídicas que disciplina a 
tutela da propriedade industrial, especialmente 
a concessão de registro e de patente de bens 
industriais, sua exploração econômica, a 
exclusividade, o licenciamento e as causas de 
extinção da propriedade industrial. 
DPI – Finalidades: 
 Assegurar ao titular da propriedade 
industrial a exploração econômica de seu 
bem com exclusividade; 
 Evitar a CONTRAFAÇÃO (o uso indevido ou 
desautorizado da propriedade industrial, 
falsificação, imitação); e 
 Incentivar e estimular o surgimento de 
novas criações que levem ao 
desenvolvimento tecnológico e econômico do 
país, tendo em vista o interesse social. 
Tutela da Propriedade Industrial: 
A tutela da propriedade recai sobre a invenção, 
o modelo de utilidade, o desenho industrial e a 
marca. A Lei nº 9.279/96 regula direitos e 
obrigações relativos à propriedade industrial, 
com o objetivo de favorecer o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do país. De outra parte, 
confere direitos exclusivos, a fim de permitir ao 
empresário identificar seus produtos, serviços 
ou empresa no mercado concorrencial. Esses 
bens são a força propulsiva do empresário na 
selva social onde atua. 
A materialização da tutela legal efetua-se 
mediante: (I) concessão de patentes de invenção 
e modelo de utilidade; (II) concessão de registro 
de desenho industrial; (III) concessão de registro 
de marca; (IV) repressão ás falsas indicações 
geográficas e (V) repressão à concorrência 
desleal. 
Os direitos de propriedade industrial são 
considerados, por ficção legal, bens móveis (LPI, 
art. 5º). São bens complementares que se 
agregam à empresa para constituir seu 
patrimônio e conferem ao seu titular o 
monopólio da exploração juridicamente 
protegido. 
Princípios do DPI: 
1) Princípio da Anterioridade ou 
Novidade: 
LPI, art. 7º Se dois ou mais autores tiverem 
realizado a mesma invenção ou modelo de 
utilidade, de forma independente, o direito de 
obter patente será assegurado àquele que 
provar o depósito mais antigo, 
independentemente das datas de invenção ou 
criação. 
Parágrafo único. A retirada de depósito anterior 
sem produção de qualquer efeito dará 
prioridade ao depósito imediatamente 
posterior. 
LPI, Art. 94. Ao autor será assegurado o direito 
de obter registro de desenho industrial que lhe 
confira a propriedade, nas condições 
estabelecidas nesta Lei. 
Parágrafo único. Aplicam-se ao registro de 
desenho industrial, no que couber, as 
disposições dos arts. 6º e 7º. 
2) Princípio da Territorialidade 
Diz respeito a EXTENSÃO GEOGRÁFICA DA 
PROTEÇÃO/TUTELA CONFERIDA PELO ESTADO AO 
TITULAR DO DIREITO. 
A proteção estatal conferida a propriedade 
industrial é limitada ao território do país no qual 
obtido o registro ou a patente. 
Exemplo: 
LPI, Art. 129. A propriedade da marca adquire-se 
pelo registro validamente expedido, conforme as 
disposições desta Lei, sendo assegurado ao 
titular seu uso exclusivo em todo o território 
nacional, observado quanto às marcas coletivas 
e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148. 
Exceções ao princípio da territorialidade: 
Primeira exceção: PRIORIDADE UNIONISTA 
OU DIREITO DE PROPRIEDADE (LPI, arts. 16, 99 
e 127): ao titular de pedido de depósito (registro) 
efetuado em qualquerpaís unionista (que 
integre a Convenção da União de Paris), 
assegura-se, por certo prazo (12 meses para 
patentes de invenção e modelo de utilidade e 06 
meses para registros de marca e desenho 
industrial), o DIREITO DE PEDIR COM PREFERENCIA 
OU PRIORIDADE, a concessão da patente ou do 
registro nos outros países signatários do 
tratado e nos quais pretende explorar o bem 
industrial. 
Direito de prioridade – prazos: 
12 meses Patente de INVENÇÃO e 
MODELO DE UTILIDADE 
06 meses Registro de MARCA E 
DESENHO INDUSTRIAL 
CUP, art. 4º: Aquele que tiver devidamente 
apresentado pedido de patente de invenção, de 
depósito de modelo de utilidade, de desenho ou 
modelo industrial, de registro de marca de 
fábrica ou de comércio num dos países da União, 
ou o seu sucessor, gozará para apresentar o 
pedido nos outros países do direito de 
prioridade durante os prazos adiante fixados. 
Definindo-se a PRIORIDADE, define-se a NOVIDADE. 
Vale lembrar que a prioridade unionista se aplica 
a PEDIDOS CONCORRENTES SOBRE O MESMO BEM 
INDUSTRIAL. 
Exemplo: Se Emma Watson apresenta pedido de 
depósito de patente de invenção (hidratante 
corporal) perante o Escritório Americano de 
Patentes e Marcas (USPTO), em 20 de junho de 
2021, e Deborah Secco faz pedido/depósito do 
“mesmo bem” no INPI após esta data, Emma 
poderá requerer prioridade aqui no Brasil, até 
20 de junho de 2022, mesmo que Debora não 
tenha agido com má-fé. Isso mesmo: Se Emma 
“pedir prioridade” aqui no Brasil, mesmo que 
posteriormente ao pedido/depósito de Debora, 
ela terá preferência se observado o prazo legal. 
Ou seja, a prioridade local não garante a 
concessão da patente ou do registro. 
Questão: 
Pietro Nóbile apresentou pedido de depósito de 
patente de invenção (máquina de produzir 
macarrão) perante o Órgão de Proteção da 
Propriedade Industrial na Itália, em 10 de 
setembro de 2022. Em dezembro do mesmo ano, 
Carmela Peperone, brasileira, apresentou pedido 
idêntico (mesmo bem industrial – máquina de 
produzir macarrão) no Brasil, perante o INPI. 
Considerando-se que Pietro pretende explorar 
economicamente a invenção no Brasil; que 
ambos países são unionistas; e que a descrição 
do bem industrial mostra que ele atende às 
condições de patenteabilidade, pergunta-se: 
Quem será considerado o(a) titular da 
propriedade industrial da “máquina de 
macarrão” no Brasil? 
RESPOSTA: Carmela. 
Qual a condição para que Pietro seja, 
eventualmente, considerado o titular da 
propriedade industrial aqui no Brasil? Explique. 
Indique os princípios aplicáveis e defina-os. 
RESPOSTA: A condição é que Pietro requeira seu 
direito de prioridade perante o INPI, no prazo de 
12 meses contados do pedido de depósito em seu 
país. Trata-se de uma exceção ao princípio da 
territorialidade, consubstanciada na prioridade 
unionista, entre os países que integram a 
Convenção Unionista de Paris. Importante 
ressaltar que, definida a prioridade, definida 
estará também a anterioridade/novidade. 
Segunda exceção: MARCA NOTORIAMENTE 
CONHECIDA: 
LPI, Art. 126. A marca notoriamente conhecida 
em seu ramo de atividade (...) goza de proteção 
especial, independentemente de estar 
previamente depositada ou registrada no Brasil. 
§ 1º A proteção de que trata este artigo aplica-
se também às marcas de serviço. 
§ 2º O INPI poderá indeferir de ofício pedido de 
registro de marca que reproduza ou imite, no 
todo ou em parte, marca notoriamente 
conhecida. 
Marca notoriamente conhecida é aquela 
notoriamente conhecida em seu ramo de 
atividade e que, por isso, conta com proteção 
especial, independentemente de estar 
depositada registrada no Brasil, proteção esta, 
no entanto, restrita a uma ou algumas classes 
de produtos ou serviços. 
3) Princípio do sistema atributivo: 
A aquisição da propriedade industrial e da 
proteção quanto á exclusividade de uso, No 
Brasil, se dá pela concessão do registro e da 
patente ao titular. 
Exemplo: LPI, art. 109. A propriedade do desenho 
industrial adquire-se pelo registro validamente 
concedido. 
O princípio do caráter atributivo do direito, 
resultante do registro, se contrapõe ao sistema 
dito declarativo de direito sobre a marca, no 
qual o direito resulta do primeiro uso e o 
registro serve apenas como uma simples 
homologação de propriedade. O sistema 
declarativo é adotado nos EUA. 
Como regra geral, àquele que primeiro 
depositar um pedido deve-se a prioridade ao 
registro. Todavia, existem exceções (existência 
do direito à proteção industrial ou ao seu uso 
mesmo SEM a concessão do registro/patente) 
em razão do que pode se falar em SISTEMA 
ATRIBUTIVO MITIGADO, são elas: 
 Usuário anterior de boa-fé: 
Ao usuário anterior de boa-fé (utente de boa-fé) 
garante-se o direito de precedência ou 
preferência ao registro/patente. 
O reconhecimento dessa preferencia tem 
soluções diferentes de acordo com a ESPÉCIE de 
bem industrial: 
- Tratando-se de patentes e de registro de 
desenho industrial: a lei assegura ao usuário de 
boa-fé o direito à continuidade da exploração 
sem a necessidade de pagamento de 
remuneração (royalties) ao titular – aquele que 
requereu e obteve o registro. Isto é, garante ao 
usuário anterior o DIREITO DE INOPONIBILIDADE 
frente ao titular da patente (LPI, arts. 45 e 110). 
-Cuidando-se de marca, observadas as 
condições legais, a titularidade/propriedade da 
marca será reconhecida apenas ao 1º utente, 
que a explorará com exclusividade (LPI, art, 129, 
§1º). 
A LPI considera usuário de boa-fé (1º utente) da 
marca a pessoa que: 
a) Já explorava a marca há pelo menos 06 
meses antes da data do depósito ou do pedido 
de prioridade feito por outra pessoa (2º utente); 
b) Que requerer o seu registro no prazo de 60 
dias destinados à impugnação ou oposição do 
pedido feito pela outra pessoa (LPI, art. 158). 
Portanto, são duas condições: exploração 
anterior e pedido de registro oportuno. 
Procedimento junto ao INPI para registro de 
marca (LPI, arts. 155 a 160): 
1º Fase: Pedido; 
2º Fase: Análise formal do pedido; 
3º Fase: Depósito; 
4º Fase: Publicação do registro da propriedade 
industrial com prazo de 60 dias para 
impugnação (é neste prazo que o usuário 
anterior de boa-fé deve fazer seu 
requerimento); 
5º Fase: Análise da registrabilidade (condições 
para a obtenção do registro); e 
6º Fase: Decissão concessiva ou não do registro 
de marca. 
 Símbolos esportivos no Brasil: 
Nesse caso, a proteção independe de registro, 
abrange nomes e símbolos (emblema, bandeira, 
mascote, etc.) de entidades de administração do 
desporto ou prática esportiva (clubes, 
federações) bem como nome ou apelido 
desportivo do atleta. 
Art, 87, Lei 9.615/98 (Lei Pelé) 
4) Princípio da função social da 
propriedade industrial: 
CF, art. 5º, XXIX: a lei assegurará aos autores de 
inventos industriais privilégio temporário para 
sua utilização, bem como proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do 
País. 
LPI, art. 2º: A proteção dos direitos relativos à 
propriedade industrial, considerado o seu 
interesse social e o desenvolvimento tecnológico 
e econômico do País, efetua-se mediante: (...) 
5) Princípio da Temporariedade da 
Proteção Patentária: 
LPI, art. 40: A patente de invenção vigorará pelo 
prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de 
utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da 
data de depósito.